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Ano VII - Edição Nº 123 Setembro de 2009 ÍNDICE CADERNO A Opinião Entrevista Política Economia Geral 02 03 04 05 Diversão - Natação auxília no desenvolvimento dos pequenos Sopão - Praças das Araras e Ary Coelho são a sala de jantar Família - Quando o jovem não encontra solução em casa, a fuga é o caminho que agrava a situação e termina no Conselho Tutelar Conselho tutelar enfrenta dificuldade estrutural Os dez conselheiros tu- telares de Campo Grande enfrentam dificuldades para realizar o trabalho de garantir a execução do Es- tatuto da Criança e do Ado- lescente (ECA) entre a po- pulação de mais de 700 mil pessoas da Capital de Mato Grosso do Sul. Uma das barreiras enfrentadas é a da infraestrutura inadequada CARIDADE Alimento para o corpo e alma Moradores de rua e pessoas em dificuldades financeiras matam a fome nas tradicionais distri- buições de comida pro- movidas por Ongs e igre- jas nas praças de Campo Grande. Os jantares pre- parados por voluntários com alimentos doados são aguardados com ansi- edade por homens e mu- lheres que já sabem que o chamado “sopão” não irá faltar nas praças Ary Co- elho, centro de Campo Grande e das Araras, Bairro Amambaí. Inte- grantes das igrejas apro- veitam a oportunidade para tentar alimentar “a alma” dos convidados da ceia com palavras bíblicas e músicas. Página 08 do prédio onde ocorre o atendimento dos casos de violação dos diretos das cri- anças moradoras, tanto no norte da cidade quanto no sul. Há dois anos os conse- lheiros fazem pedidos à Prefeitura Municipal de Campo Grande para a solu- ção dos problemas, mas não obtêm resposta. Página 06 Jejum e abstinência sexual como reverência à Deus Bebês campo-gran- denses estão caindo nas piscinas com papais e mamães desde os seis meses de idade. A inten- ção da prática da natação é auxiliar no desenvolvi- mento do corpo das cri- anças, além de promover Estímulo para viver em grupo o estímulo social. As au- las trabalhadas de forma lúdica incentivam tam- bém a coordenação mo- Foto: Thierre Mônaco tora e o processo de identificação de objetos por parte dos bebês. Página 11 Cultura Esporte Universidade Futuridade Instantes Resenha Nosso Foco CADERNO ZOOM 11 12 13 14 15 16 09 06 Em Campo Grande, artesãs transformam lixo em arte. Pedras, folhas, garrafas plásticas, galhos, embalagens e outros ma- teriais, que teriam o ater- ro sanitário como desti- no certo, viram peças que decoram e têm utilidade. Os materiais recicláveis transmutados em arte agradam os consumido- res da Capital. A artista plástica Dirce Coim é adepta da prática da arte com sucata desde a ado- lescência. Página 09 Lixo não é problema para elas Criatividade - Nas mãos das artesãs lixo se transforma em arte Os cinco mil integran- tes da cultura muçulmana de Mato Grosso do Sul estão participando das tra- dicionais festividades do Ramadã. Segundo o livro sagrado islâmico, o Alco- rão, durante 30 dias, to- dos os mulçumanos que já passaram da puberdade devem jejuar em adoração a Deus. Entre as proibi- ções da fase de jejum es- tão: comer, beber, manter relação sexual e vomitar forçadamente da alvorada até o pôr-do-sol. Página 10 Foto: Paula Maciulevicius Religião - Mulçumanos fortalecem sua fé durante 30 dias de jejum Atenção com sua tireóide O sonho do juiz aposen- tado Aleixo Paraguassu Neto foi realizado há seis anos: ele fundou o Institu- to Luther King e conseguiu inserir no ensino superior do país diversos estudan- tes carentes, principalmen- te negros, como ele, que an- tes estavam afastados dos bancos da universidade. Hoje o Instituto oferece cur- sinho pré-vestibular para 160 jovens que, além de re- ceberem educação de qua- lidade, ganham injeções na auto-estima abalada por anos de preconceito social e econômico. Página 16 Nem hormônio demais, nem hormônio de menos. A tireóide que produz esta substância tem que funci- onar normalmente para que o corpo de homens e mulheres se mantenha saudável. Quando isso não acontece surgem doenças que causam sintomas de- sagradáveis e perigosos. Por isso é preciso se preo- cupar com o perfeito de- sempenho desta glândula. Página 07 Seis anos do legado de Luther King em CG Luta - Realização de um sonho Foto: Renata Volpe Foto: upload.wikimedia.org Foto: Caroline Maldonado Foto: Otavio Cavalcante

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Page 1: Conselho tutelar enfrenta dificuldade estrutural · O sonho do juiz aposen- ... abriu-se um perigoso prece- ... deveria passar pela ideia de ninguém, muito menos de um magistrado

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2009

Ano VII - Edição Nº 123

Setembro de 2009

Í N D I C E

CADERNO A

Opinião

Entrevista

Política

Economia

Geral

02

03

04

05

D i v e r s ã o - Natação auxília no desenvolvimento dos pequenos

S o p ã o - Praças das Araras e Ary Coelho são a sala de jantar

Fa m í l i a - Quando o jovem não encontra solução em casa, a fuga é o caminho que agrava a situação e termina no Conselho Tutelar

Conselho tutelar enfrenta

dificuldade estruturalOs dez conselheiros tu-

telares de Campo Grandeenfrentam dificuldadespara realizar o trabalho degarantir a execução do Es-tatuto da Criança e do Ado-

lescente (ECA) entre a po-pulação de mais de 700 milpessoas da Capital de MatoGrosso do Sul. Uma dasbarreiras enfrentadas é a dainfraestrutura inadequada

CARIDADE

Alimento para

o corpo e almaMoradores de rua e

pessoas em dificuldadesfinanceiras matam a fomenas tradicionais distri-buições de comida pro-movidas por Ongs e igre-jas nas praças de CampoGrande. Os jantares pre-parados por voluntárioscom alimentos doadossão aguardados com ansi-edade por homens e mu-

lheres que já sabem que ochamado “sopão” não iráfaltar nas praças Ary Co-elho, centro de CampoGrande e das Araras,Bairro Amambaí. Inte-grantes das igrejas apro-veitam a oportunidadepara tentar alimentar “aalma” dos convidados daceia com palavras bíblicase músicas.

Página 08

do prédio onde ocorre oatendimento dos casos deviolação dos diretos das cri-anças moradoras, tanto nonorte da cidade quanto nosul. Há dois anos os conse-

lheiros fazem pedidos àPrefeitura Municipal deCampo Grande para a solu-ção dos problemas, masnão obtêm resposta.

Página 06

Jejum e abstinência sexual

como reverência à Deus

Bebês campo-gran-denses estão caindo naspiscinas com papais emamães desde os seismeses de idade. A inten-ção da prática da nataçãoé auxiliar no desenvolvi-mento do corpo das cri-anças, além de promover

Estímulo

para viver

em grupo

o estímulo social. As au-las trabalhadas de formalúdica incentivam tam-bém a coordenação mo-

Foto: Thierre Mônaco

tora e o processo deidentificação de objetospor parte dos bebês.

Página 11

Cultura

Esporte

Universidade

Futuridade

Instantes

Resenha

Nosso Foco

CADERNO ZOOM

11

12

13

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09

06

Em Campo Grande,artesãs transformam lixoem arte. Pedras, folhas,garrafas plásticas, galhos,embalagens e outros ma-teriais, que teriam o ater-ro sanitário como desti-no certo, viram peças quedecoram e têm utilidade.Os materiais recicláveistransmutados em arteagradam os consumido-res da Capital. A artistaplástica Dirce Coim éadepta da prática da artecom sucata desde a ado-lescência.

Página 09

Lixo não é problema para elas

C r i a t i v i d a d e -Nas mãos das artesãs lixo se transforma em arte

Os cinco mil integran-tes da cultura muçulmanade Mato Grosso do Sulestão participando das tra-dicionais festividades doRamadã. Segundo o livrosagrado islâmico, o Alco-rão, durante 30 dias, to-dos os mulçumanos que já

passaram da puberdadedevem jejuar em adoraçãoa Deus. Entre as proibi-ções da fase de jejum es-tão: comer, beber, manterrelação sexual e vomitarforçadamente da alvoradaaté o pôr-do-sol.

Página 10

Foto: Paula Maciulevicius

R e l i g i ã o -Mulçumanos fortalecem sua fé durante 30 dias de jejum

Atenção com

sua tireóide

O sonho do juiz aposen-tado Aleixo ParaguassuNeto foi realizado há seisanos: ele fundou o Institu-to Luther King e conseguiuinserir no ensino superiordo país diversos estudan-tes carentes, principalmen-te negros, como ele, que an-tes estavam afastados dosbancos da universidade.Hoje o Instituto oferece cur-sinho pré-vestibular para160 jovens que, além de re-ceberem educação de qua-lidade, ganham injeções naauto-estima abalada poranos de preconceito sociale econômico. Página 16

Nem hormônio demais,nem hormônio de menos.A tireóide que produz estasubstância tem que funci-onar normalmente paraque o corpo de homens emulheres se mantenhasaudável. Quando isso nãoacontece surgem doençasque causam sintomas de-sagradáveis e perigosos.Por isso é preciso se preo-cupar com o perfeito de-sempenho desta glândula.

Página 07

Seis anos do legado

de Luther King em CG

L u t a -Realização de um sonho

Foto: Renata Volpe

Foto: upload.wikimedia.org

Foto: Caroline Maldonado

Foto: Otavio Cavalcante

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2009

02OPINIÃO

EditorialDefensores em

dificuldade

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Univer-sidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Ano VIII - nº 123 – Setembro de 2009 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicaçãonão representam o pensamento da Instituição e são de respon-sabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki ShinoharaReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: ConceiçãoAparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson PistoriPró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinhode AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Pe. Pedro Pereira BorgesPró-reitoria de Administração: Ir. Raffaele Lochi.

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso Zanatta

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108,

Cristina Ramos DRT-MS 158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos e Inara Silva.

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva e Jacir Alfonso Zanatta

Repórteres: Caroline Maldonado, Edeusa Centurião,Gabriela Paniago, Haryon Caetano, Laura Peres Santi,Laziney Martins, Leonardo Amorim, Leonardo Cabral,Mirian de Araújo, Otavio Cavalcante, Paula Maciulevicius,Paula Vitorino, Rebeca Arruda, Renata Volpe, TatyaneSantinoni, Teresa de Barros, Thierre Monaco, Tiéli Fer-nandes e Viviane Oliveira

Capa: Edição de títulos e legendas: Caroline Maldonado eViviane Oliveira.

Projeto Gráfico, tratamento de imagens e diagramação: Designer- Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, CampoGrande – MS. Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067)3312-3735

Em Foco On-line:www.jornalemfoco.com.br

Home Page universidade:www.ucdb.br

E-mail:[email protected]@yahoo.com.br

Agora eu quero ser

ministro do STF!Gabriela Paniago

Depois da decisão do Su-premo Tribunal Federal a fa-vor da inexigibilidade do di-ploma de jornalista para seexercer a profissão, penso queabriu-se um perigoso prece-dente para que outras profis-sões sejam exercidas por lei-gos, ou seja, sem o conheci-mento técnico acadêmico so-bre o ofício. Segundo declara-ções de alguns ministros, omotivo da aprovação do pare-cer foi que a exigência do di-ploma constitui-se num limi-tador da liberdade de expres-são, que cerceia a vontade dese expressar do cidadão. Ain-da segundo estas declarações,não há risco de se generalizara decisão atingindo outras pro-fissões porque ficou preserva-da a tese de que, quando a ati-vidade profissional oferece ris-co à saúde das pessoas, estadecisão não pode ser aplica-

da. Nesta situação a atividadefica salvaguardada a um pro-fissional com diploma de cur-so superior.

Pois bem, façamos um bre-ve exercício mental: a questãode agora em diante é estabele-cer quais atividades oferecemriscos à população: Medicinatem risco? Tem! Então, preser-ve-a. Odontologia? Sim! Idem.Farmácia? Engenharia?Enfermagem?....Direito? Opa!Não estou certa. Acho que estaúltima não oferece, uma vezque muitas divergências hu-manas podem ser decididassem a participação do advo-gado. E, mesmo quando requi-sitamos um é porque não le-mos ou estudamos anterior-mente mais amiúde algumalei, decreto, resolução ou coi-sa parecida. Basta, portanto,que façamos isto e pronto, es-taremos aptos para aplicar re-soluções tal e qual um causí-dico. E, seguindo esta linha

de raciocínio por consequên-cia, para transpor a posição deministro, basta que você estu-de autodidaticamente e leiamais leis, e mais leis e maisleis, sem que se tenha obriga-toriamente um diploma em Di-reito.

Ora, é claro que isto nãopassa de considerações e me-ditações que não devem serexecutadas. Reduzir a profis-são de advogado ao mero es-tudo técnico das leis (emboraisto seja imprescindível) é detamanha leviandade que nãodeveria passar pela ideia deninguém, muito menos de ummagistrado. E assim é tambémcom o Jornalismo. E com to-das as outras profissões. To-das elas vão muito além dasquestões técnicas e levam seusgraduados a navegar tambémpor obrigações éticas, moraise de responsabilidade social.Inclusive são legalmente cobra-dos por isto através dos seus

respectivos Conselhos Profis-sionais.

Não se pode jogar o diplo-ma de Jornalismo ao lixo.Este profissional exerce suafunção porque sua existênciaé um anseio da sociedade.Excluí-lo significa subtrairum direito da população. Aocontrário disto, valorizando-os e respeitando-os teremosum mundo mais digno etransparente. Cada profissãoacrescenta na sociedade umaimportância única que de-pende, para o bom funciona-mento, de uma base teóricaque é oferecida em uma gra-duação. Não podemos sim-plesmente reduzir o jornalis-mo como uma profissão quenão causa riscos, qualquerofício está diretamente liga-do a algum conceito de vida.Então, se abrimos essa portapara exercer uma profissãosem ofício, também queroagora ser ministro do STF.

Otavio Cavalcante

É mais um dia de ôni-bus cheio. Depois de umlongo dia de trabalho, mui-to cansado, espero em meioa filas que mais parecemaglomerações de pessoas.Enfim chega o ônibus, mui-to empurrão e trombadasde sacolas nas pequenasportas do coletivo. Entro evou logo para o fundo ondepossivelmente existe umbanco vazio, coisa rara dese encontrar em plena seisda tarde na linha Vida

Nova, do Terminal NovaBahia.

Sentado (é um milagre terconseguido um banco), meusolhos começam a percorrer emtodos os espaços do ônibus.Vejo diversas faces, que talvezcaracterizem cansaço, tristeza,solidão. Sorrisos são poucosembora temperem o ritmo ecalor das pessoas. Neste mo-mento, enquanto busco algoque me impressione, do meulado uma moça se irrita e gri-ta: “Vamos embora motorista,tá chegando mais gente”. Aca-bara de encostar mais um

crônica

Sentado

no ônibus

ônibus no terminal, o 84, etodos que desceram pareciammorar no bairro Vida Nova.

Embora irritada, a moçamuito comunicativa, começaa conversar com outra quetenta se segurar em pé nobusão.

- Você vai no show do Bru-no e Marrone?

- Não, não posso. Souevangélica.

- Ah que pena! Eu não vouperder, vou deixar meu mari-do em casa, cuidando da mi-nha filha, e vou me mandar,quero ficar rouca de tanto gri-tar. Você é casada?

- Não, sou separada.- Eu também sou separada,

este homem que está comigoeu conheci há uns três meses,já pedi para ele ir embora,mas ele não liga, acho quequer viver nas minhas custas.

Mas desta vez não vou serboba não. Vou continuarindo nos bailes da vida. Vocêtem filhos?

- Tenho um menino dedez anos.

- Ah, a minha tem trêsanos, uma neguinha linda,olha a foto dela aqui no meucelular!

- Realmente é linda. Meuponto é o próximo, tenhoque ir.

A moça do meu ladoque no início parecia irri-tada, se despediu da ou-tra que descia do ônibus,logo se levantou, puxou acorda, e ficou em pé, naespera de seu ponto dechegada. Eu continuei sen-tado, na espera de outrashistórias que aliviassem omeu cansaço, ou quemsabe, me impressionas-sem.

É ver, pra crer

6h 30 min da manhã.Coloquei minha melhor

roupa.Já fiz a minha oração.

Lá vou eu!A Kátia pensou que não ia

voltar.A dona Nira disse que

esqueceu.A Marilda disse que,

escorregou.Eu vi na TV que é bom,Mas tem gente que nem

quer saber...Eu quero!

Não, ai... não sei,Não tenho certeza.

Minha vó disse que étranqüilo.

E ela tem experiência,foram doze!

Agora já era, entrei notáxi.

A Alice parece estar maisnervosa que eu,

Viviane Oliveira Chegamos!É só esperá-lo chegar.

A moça da recepção nãosabe que horas,

só que vem.Esperei, esperei, esperei...

Já é uma, 13 horase outra moça disse que ia

demorar mais,mandou eu parar de chorare falou que ele demora, mas

sempre vem.Minha ansiedade fazia doer

até a alma.Cada minuto era uma eterni-

dade,Não via a hora de conhecê-

lo.Não sei como vou reagir,

afinal foram meses deespera.

2:30 da tarde, enfim elechegou!

A Kátia exagerou, eu podiavoltar agora mesmo, e o que

é melhor, com ele.A dona Nira só pode teramnésia. Eu jamais vou

esquecer!

A dona Marilda, devia ser odécimo, porque para sair é

duro hein!Minha vó é louca. Com doze

eu ia morrer!Só a TV que não estava

errada. É mesmo bom, masela nem passou por isso de

fato,só juntou os depoimentos,mas isso eu também fiz...

Em nove meses.

Eles são pequenoshumanos que às vezestêm grandes problemas.Muitas crianças e ado-lescentes ao invés de re-ceberem amor ganhamnegligência. Para algu-mas, no lugar das brin-cadeiras está a explora-ção. Pais e mães, natu-rais protetores, se trans-formam em responsáveispela violência.

Histórias que relatamas agruras da infânciabrasileira estão impres-sas nas páginas de diver-sos jornais. Desta vez, oEm Foco mostra que os

dez homens e mulhe-res da Capital deMato Grosso do Sul,responsáveis por ten-

tar prevenir e amenizar a dordestes pequenos, realizam seutrabalho com dificuldades es-truturais. Mesmo assim os con-selheiros tutelares de CampoGrande continuam zelandopelo cumprimento do Estatutoda Criança e do Adolescente(ECA). A Lei 8.069 que com-pletou 19 anos no último dia13 de julho precisa ser cum-prida e vale sempre ressaltaralguns dos termos que com-põem os capítulos do ECA eque resguardam os direitos ine-rentes aos seres humanos até12 anos (crianças) e adolescen-tes (12 a 18 anos): vida, saúde,liberdade, respeito, dignidade,convivência familiar e comu-nitária, educação, cultura, es-porte, lazer, proteção e vários“etceteras”.

Haryon Caetano

Semanas atrás,quando estourou anotícia de que o“super mega popstar” Michael Jack-son havia morrido,encontrei-me comuma amiga na rua eela disse perplexa:

– Estou choca-da!! Quase chorei!

Juro que nãoentendi o porquê,afinal, ela nunca ha-via comentado sobreele antes. Seria umamor enrustido? Per-guntei se ela tinhaalgum CD dele e aresposta: Não... Ca-miseta? não... Autó-grafo? necas... Jáviu? Never... Entãocanta uma músicadele! Não sei...

O pior é que issose repetiu durantevários dias com vá-rias outras pessoas.Comecei a pensarque eu era meio frioe sem sentimentos.Recebi a notícia damorte dele com tan-ta naturalidade, nãoque eu esperava,pelo contrário, tam-bém me surpreendi.Mas nada a ponto deme deixar nem cin-qüenta por centodeprimido.

A minha opi-nião é de que ele foiuma pessoa comgrande talento emdeterminada fun-ção, que faleceu su-

Ah, morreu?bitamente. Ponto. Fatos assimacontecem todos os dias.Quantos ‘Joãos’ não morremtodos os dias que são fenôme-nos na arte de levantar pare-des, preencher todos os diascinco pratos na mesa com ar-roz, feijão e carne, pagar água,luz e gás, etc?

Vejo que a única diferençaé que um é famoso e o outronão. Os filhos dos dois osamam da mesma forma e sen-tem a mesma dor e perda.

Concordo que pelo fato doMichael Jackson ser mundial-mente conhecido, esse fato seencaixa em um dos critériosde noticiabilidade. Mas essasnotícias me servem apenascomo informação. Não alteramuma vírgula do meu dia-a-dia.

Rezei essa missa apenaspara ressaltar que as pessoastratam como tragédia coisasnaturais e demonstram a mí-nima importância para fatosrealmente inaceitáveis. Comopor exemplo os testes de bom-bas nucleares, com capacida-de para dizimar milhões depessoas em segundos, feitopelo insano ditador nortecoreano.

Quando vi isso no jornal,aí sim fiquei estupefato. É porisso que ainda acredito quesou uma pessoa normal e nãoo contrário.

Não há como comparar ospequenos protestos feitos di-ante dos testes e as multidõesmovidas pela morte deMichael Jackson.

Como se não bastasse, te-nho um amigo que jura. –Michael Jackson não morreu!

- Claro... Claro...Não se pode contrariar, cer-

to?

Foto: ageofchaos.files.wordpress.com

Foto:www.lauracarneiro.com.br

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2009

03

ENTREVISTA

Foto: Laziney Martins

R e t r a t o S o c i a l - A saída para impedir a formação da desigualdade e as consequências dela no país, é o investimento na educação e a mobilização da sociedade em promover a autonomia de renda

“O país contém

cinco camadas

sociais”

O contraste entre as classes sociais ainda é um problema

Desigualdade

Em Foco: Os dados do IBGEmostram a diferença socialentre as regiões no país. Oque leva a essas diferenças?

Neimar: No regime de tributa-ção no Brasil, a classe E (queé maior), acaba pagando maisimpostos. A mobilidade soci-al é mais lenta de 1973 a 1996,na ordem de 25%, isso querdizer melhoria na qualidade

de vida. A população das clas-ses E e D aumentou o poderde compra do salário mínimonos últimos 10 anos.

Em Foco: Como aumentou arenda?

Neimar Machado é graduado em Filosofia na Uni-versidade Católica Dom Bosco (1997), mestre emHistória Regional pela Universidade Federal de

Mato Grosso do Sul (2002) e doutorando em Educa-ção pela Universidade Federal de São Carlos desde2006. Atualmente é professor nos cursos de História,

Filosofia, Administração e pesquisador no Núcleode Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas daUniversidade Católica Dom Bosco. Nesta entrevistaele comenta sobre as diferenças de grupos sociais

no Brasil e as consequências nos setores da educa-ção e até mesmo na segurança devido à

concentração de renda nas mãos de poucos.

C o n s e q u ê n c i a - “Classe social não é causa, mas sim efeito da divisão da sociedade”

Foto: Laziney Martins

Neimar: A renda aumentouproporcionalmente com a es-colaridade e uma melhoria naeducação. Uma das saídas é oinvestimento em educação.

Em Foco: O ensino superiorcontribui para a melhoria dadesigualdade social?Neimar: A educação contribuipara a mobilidade social ondeeles saem da classe E e vão praa classe D. Um dado impor-tante é que 9,6% que cursamo ensino superior são da clas-se A, sendo que a quantidadetotal de jovens que cursam oensino superior correspon-dem a 11,7%.

Em Foco :Qual é a diferençaentre assistencialismo etransferência de renda?Neimar: Se a transferência derenda gera dependência é as-sistencialismo, ou seja, as pes-soas se acomodam com o queganham. Se promover autono-mia é transferência de renda.

Em Foco: A economia é o úni-co elemento constitutivo da

classe social?Neimar: Não. Há elementosque interferem na formação daclasse social, por exemplo, aetnia e o gênero (masculinofeminino).

Em Foco: Quais as camadassociais no Brasil?Neimar: O país contém cincocamadas sociais. A, renda aci-ma de 10 salários mínimos; B,renda média entre 4 e 10 salá-rios mínimos; C, renda de 1a 4 salários mínimos, E, abai-xo da linha da pobreza.

Em Foco: - Acredita que a vi-olência aumenta de acordocom a classe social?Neimar: Aumenta, mas nóssabemos que a classe socialnão é causa, e sim efeito dadivisão da sociedade em gru-pos. Também as classes so-ciais podem seguir váriosmodelos, o modelo brasilei-ro é piramidal onde as ca-madas mais altas têm umagrande concentração de ren-da e as camadas mais baixas,que são maioria, têm uma pe-

Laziney Martins

quena concentração derenda. Esse modelo dedivisão da renda pro-duz violência. Por ou-tro lado a gente tem queter cuidado de não cairno determinismo, ouseja, nem toda situaçãode violência é fruto di-reto da pobreza porquehá uma tendência tam-bém de criminalizar apobreza. Ou seja, aque-le sujeito que mora emcomunidade carenteimediatamente já é as-sociado. Sobre ele pesauma representação decriminoso e nesse casocaímos em um determi-nismo social.

Edição de título elegendas:

- Gabriela Paniago- Paula Vitorino

Classe A - No modelo piramidal brasileiro as classes altas possuem maior concentração de renda

Foto: Laziney Martins

R e a l i d a d e - Classe E é maior no Brasil e paga mais imposto devido ao regime de tributação

Foto: Laziney Martins

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2009

POLÍTICA

04

Tatyane Santinoni

Grande parte da po-pulação campo-gran-dense não sabe a queme onde recorrer na horade reivindicar melhori-as na região onde mora,mas é neste aspecto queas associações de mora-dores entram em ação.A política nos bairros éum trabalho voluntárioe pouco reconhecidopela sociedade, entre-tanto o resultado quepode gerar para o bem-estar social de determi-nadas regiões é de sumaimportância.

É o que prova diari-amente a dona MariaBezerra de Lima comopresidente da Associa-ção e Clube dos IdososSanta Terezinha dosAndares, do ConjuntoAero Rancho. O proje-to social começou há 16anos na própria casa deMaria e vai muito alémde uma discussão emcomo melhorar a vidados 33 mil moradoresda região. O projeto jácapacitou mais de cin-co mil pessoas de ida-des diferentes e ofere-ce, todos os dias, cur-sos, alfabetização e pro-gramas alternativospara os moradores. Des-de a área da construçãocivil, pelo Serviço Na-cional de Aprendiza-gem Industrial (Senai),até o atendimento gra-tuito com médicos e ad-vogados.

Após três anos nacasa de Maria, a novasede da associação foiinaugurada em umaárea de dois quartei-rões, onde antes erauma favela. “Faço esse

trabalho porque gosto e sintoamor pelo que faço”, costumaafirmar Maria Bezerra, aos 64anos. Além disso, ela faz par-te do Conselho Municipal doIdoso, fundou o Estadual e,participa ainda do Conselhode Segurança, onde busca di-minuir a violência no bairro.

Manoel Albuíno dos San-tos, de 75 anos, é esposo deMaria Bezerra e responsávelpelo Clube dos Idosos, Mariacuida da Associação dos Mo-radores. Ambos trabalhamem conjunto e possuem umúnico objetivo: ajudar quemmora na região do Aero Ran-cho, inclusive os idosos. “Eugosto daqui, esse trabalho égratificante, ver as pessoas se-rem felizes”, conta Manoel. Éo que confirma a veterana daassociação, Maria Luisa dosSantos, de 73 anos, que sentediversão em ajudar os outros.Ela que entrou para estudar eagora ensina artesanato, alémde cozinhar e limpar o salãoquando necessário.

Aos sábados o lugar rece-be a ajuda do Fórum, que trazpresos que cumprem penapara participar da reforma econstrução de novos salões naárea. Duas vezes por semanao projeto “Família Solidária”toma conta do ambiente, ondese ensina o que sabe aos ou-tros, como confecção de tape-tes, toalhas e artesanatos emgeral. O INSS também partici-pa do projeto para orientar osidosos na aposentadoria. Paracompletar o trabalho social, aassociação faz mutirão em co-munidades e escolas carentesoferecendo cursos de manicu-re, cabeleireiro, artesanato eatendimento gratuito. Todocomeço de mês é realizada afeira, na própria sede, paravender o que produziram e ar-recadar dinheiro.

Na Associação de Morado-res do Maria Aparecida Pe-

Associações

Moradores trabalham por prazer

“Façoporquegosto”

drossian (Amape) também serealiza trabalho filantrópicoem prol da comunidade. E foio presidente do bairro e pro-fessor aposentado, Jânio Batis-ta de Macedo, de 49 anos, queteve a iniciativa de criar o pri-meiro boletim comunitário deCampo Grande. O informati-vo é semanário e contém in-formações da Amape para osmoradores da região, como so-licitações para melhorar a co-munidade, balancete da sema-na (prestação de contas comos moradores), informaçõessobre mutirões, cursos ofere-cidos pelo Senai, reuniões,projetos, passeios, melhoriasna região do Maria AparecidaPedrossian, entre outras infor-mações como a BIBLIOSESC,que é um caminhão com 15mil livros que vem a cada 15dias para a Amape e atendeos moradores da região.

A própria associação demoradores banca o boletimcom o aluguel de nove salõesque possui. “O interessante éa comunidade ser informadapelas coisas, sou apaixonadopela comunicação”, afirmaJânio. Atualmente a Amapepossui 1.029 pessoas matricu-ladas em atividades e cursos.

E l e i ç ã o o u P l e i t oAntes de cada comunida-

de eleger seu porta-voz é pre-ciso comunicar a União Mu-nicipal das Associações deMoradores (Umam). Em umprazo de 30 dias serão feitasas eleições e entregues o car-go para o presidente do bair-ro. Segundo a presidente da

C r e s c i m e n t o - Hoje as associações de moradores já têm projetos sociais, sede própria, programas alternativos e até boletim informativo

D e d i c a ç ã o - Com alegria, Dona Maria Luiza, de 73 anos, cozinha, limpa e ainda ensina artesanato

Umam, Sandra Maciel Alen-car, esta função em meio à so-ciedade é importante porqueauxilia nas dificuldades dosmoradores desse bairro e bus-ca recursos nos órgãos muni-cipais e federais. Esta inicia-tiva existe há 20 anos em Cam-

po Grande e possui 280 asso-ciações filiadas. O presidenteé escolhido através de votaçãosecreta em urna e o mandatopode ser de três ou quatroanos. Se o eleito escolher portrês anos ele pode participarde quantas eleições quiser,

mas se optar por quatro anossó poderá participar de duaseleições.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Leonardo Amorim

Paula Vitorino

Dois projetos levama Câmara Municipal deCampo Grande para asentidades e bairros daCapital. Com o slogan,“Mais perto de você”, acasa de leis realiza asSessões Itinerantes e aCâmara Comunitária.

As Sessões Itineran-tes vão até as entidadesde classe e realizamuma sessão solene,

Vereadores da Capital levam sessões da Câmara aos bairrosidêntica a que acontece naCâmara, mas os projetos e rei-vindicações ligados à entida-de ganham prioridade e a par-ticipação é direta dos represen-tantes. Já a Câmara Comunitá-ria leva os vereadores até osbairros e dá voz aos morado-res e líderes comunitários. Assessões seguem a formalidade,só que não são ordinárias, aprioridade é escutar a comu-nidade e encaminhar as reivin-dicações.

“Levar a casa de leis para

perto da população permiteque se conheça como funcio-na o trabalho da Câmara, osprojetos tramitados. Depoisdessas sessões as coisas me-lhoram, começa a haver umacomunicação entre as partes”,destacou o presidente da Câ-mara, vereador Paulo Siufisobre a importância dessasiniciativas, tanto para os vere-adores quanto para a comuni-dade.

Esse ano as Sessões Itine-rantes já foram até a sede do

Conselho Regional de Enge-nharia, Arquitetura. e Agrono-mia do Mato Grosso do Sul(Crea-MS), a Associação Bra-sileira de Odontologia (ABO),a Federação das Indústrias doEstado de Mato Grosso do Sul(Fiems) e a sede da Base Aé-rea. Na ocasião são assinadostermos de cooperação, quepermitem uma ação conjuntaentre as classes, participandoe acompanhando os projetosligados a área.

A Câmara Comunitária es-

teve em dois bairros esse ano:Universitário e Coophasul.Para os moradores do Coo-phasul e região a presençados vereadores foi fundamen-tal para aproximar o legislativodas reais necessidades da re-gião. “A população acaba ten-do contato com o vereador sóem época de eleição, por issoa presença dos nossos repre-sentantes aqui é tão importan-te, pois faz com que eles co-nheçam as reais necessidadesde quem vive aqui”, ressalta

o morador Jairo Silveira Ma-chado, que fez questão de es-tar presente na Câmara Comu-nitária. E não só isso, se ins-creveu para ter direito à pala-vra e representar os morado-res do bairro. “Fazer a popu-lação participar junto à Câma-ra é o caminho para melhorarnossa cidade”, completa.

A convite do presidentedo bairro Coophasul, MaiconNogueira, representantes dosbairros vizinhos também pu-deram expor suas reivindi-cações diretamente ao legis-lativo, que apresentava res-postas imediatas através dopresidente Paulo Siufi e en-caminhava as solicitações àmesa diretora.

“O papel do vereador é re-presentar o povo”, ressalta overeador Flávio Cesar. Elelembra que a população nãotem a cultura de participardas sessões na Câmara, “ape-sar do plenário aberto aopúblico e a transmissão pelaTV da Câmara”. Conforme overeador essas sessões sãoformas de fazer a populaçãoconhecer o trabalho de cadavereador junto à sua comu-nidade.

As Sessões Itinerantes e aCâmara Comunitária sãoabertas ao público e essas ini-ciativas são levadas por con-vite das lideranças das comu-nidades que têm interesse.I t i n e r a n t e - Sessões fora da sede da Câmara Municipal fazem com que moradores de Campo Grande conheçam os vereadores que eles ajudaram a eleger

Foto: Tatyane Santinoni

Foto: Tatyane Santinoni

Foto: Paula Vitorino

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Edição de títulos,legendas e fios:

- Paula Maciulevicius- Thierre Monaco

A t e n ç ã o - Consumidores acostumados a pagar contas através de boleto devem ficar atentos às taxas de emissão cobradas indevidamente pela maioria das lojas que trabalha com crediário na Capital

Foto: Leonardo Cabral

Cobrança

Boletos oferecem facilidade, mas na hora de pagar cobram taxas imperceptíveis aos olhos do consumidor

Taxas nos boletos são ilegaisLeonardo Cabral

Na hora das compras, osconsumidores escolhem amelhor maneira de efetuar opagamento e um dos critériosé a facilidade. A maioria daslojas sugere a emissão deboletos bancários, e sem pres-tar atenção, o cliente acabapagando além do que lhe érepassado.

Muitas lojas na hora deemitir os boletos, comunicamao comprador que além do

preço do produto, terá quearcar com a emissão dosboletos bancários que são co-brados pelos bancos, e vari-am entre R$3,00 e R$ 5,00. Oque a maioria dos consumi-dores não sabe, é que desdejunho de 2008, a cobrança daemissão dos boletos, é proi-bida em todo Brasil.

“A loja que for pega res-tringindo a nova lei, serámultada em mil reais, porcada boleto emitido. A co-brança é de responsabilidade

da mesma, já que foi ela quemcontratou o serviço do ban-co, e não o cliente”, explica osuperintendente do órgão deDefesa ao Consumidor, Pro-con em MS, Lamartine Ribei-ro. Ele relata também que oCódigo de Defesa do Consu-midor (CDC) já traz em seutexto a proibição dessa co-brança.

Mas no caso das pessoasque fizerem contratos diretocom o banco, a cobrança daemissão dos boletos é válida.

A dona de casa IvanildaGonçalves, de 44 anos, afir-ma que não sabia da nova lei.“Falta divulgação para a gen-te poder saber do que é e nãoé valido”. Ivanilda tem maisde dez cartões de créditos delojas, e fala que prefere fazersuas compras com eles. Elaainda diz que a sua irmã équem a alerta sobre tudo issona hora de assinar algumcontrato. “Minha irmã é mui-to brigona, presta atenção emtudo, em cada detalhe.”

O jovem Ericson Krit-kovsk também diz que nãosabia da nova lei e que a par-tir de agora também passaráa prestar mais atenção nahora das compras. “Tem em-presas que se aproveitam daignorância das pessoas, ealém disso eles apenas divul-gam o que é de interesse de-les.”

Mas Lamartine afirma quecampanhas foram feitas parapoder alertar a população as-sim que a nova lei foi implan-

tada. Além disso eledá exemplos de queum cliente que finan-cia uma moto, e a co-brança da emissão éfeita em R$ 3,00 porboleto emitido, duran-te 60 meses, o clienteterá um gasto extra deR$ 180,00.

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Edição de títulos,legendas e fios:

- Haryon Caetano- Jéssica Keli

06GERAL

Caroline Maldonado

Campo Grande tematualmente dois Conse-lhos Tutelares que deve-riam estar instalados noNorte e no Sul da cida-de, porém ficam no mes-mo prédio, no BairroAero Rancho, onde tam-bém está a Delegacia deAtendimento à Infânciae Juventude (Deaij). É oCentro Integrado de Pro-teção à Criança e ao Ado-lescente “Nelly BaísMartins”.

Segundo a Conse-lheira Tutelar Sueli Lou-reira foi feito, em 2007,o pedido à Prefeiturapara que o ConselhoNorte seja, de fato, ins-talado nesta região. Deacordo com ela a moro-sidade na devolutiva dassolicitações feitas peloConselho tem dificulta-do o trabalho dos con-selheiros. “A comunida-de, muitas vezes, pensaque o Conselho é umórgão grande e bem equi-pado. Mas, na verdadetemos 10 conselheirosnos dois Conselhos, ape-nas um assistente soci-al, um motorista e algunscomputadores e ar con-dicionados velhos, quetambém já solicitamos atroca”, contou.

De acordo com levan-tamento da Agência deNotícias dos Direitos daInfância (Andi), mais de

70% dos Estados brasileirosnão têm um Conselho Tutelarpor município. Para piorar asituação, o Brasil é o que maisviola os direitos infanto-juve-nis, segundo a Associação Na-cional dos Centros de Defesados Direitos da Criança e doAdolescente (Anced).

Em contrapartida, umamedida recente e pouco divul-gada dá a qualquer sul-mato-grossense, o poder de escolheros conselheiros que terão man-dato de três anos, podendo serreeleitos. Desde 2007, todaCampo Grande pode votar naeleição dos Conselheiros Tu-telares dos Conselhos Norte eSul, bastando apenas apresen-tar o título de eleitor. Porém,para muitas pessoas isso ain-da é novidade, pois até entãosomente entidades e organiza-ções envolvidas com trabalhode menores participavam dasvotações. Informar a novida-de à grande parte da popula-ção ficou por conta de quemtinha maior interesse nisso, oscandidatos a conselheiro tu-telar do ano de 2007, a únicaturma eleita sob regência danova lei.

A conselheira Meliane Higaera uma dessas candidatas efez campanha em alguns bair-ros e entre as pessoas que tra-balhavam com ela, durante acandidatura. Pode se candida-tar quem tem formação supe-rior em qualquer área, porémtenha trabalhado por no mí-nimo dois anos com adoles-centes. É o caso da psicólogaMeliane, que trabalhou na Se-

cretaria de Assistência Social(SAS), no Projeto Agente Jo-vem. Ela contou que dentre200 candidatos no início daseleção, apenas 34 passarampelas provas eliminatórias echegaram a participar das elei-ções. Além do concurso, elespassaram por uma entrevista,avaliação de conhecimento deinformática e avaliação psico-técnica.

A conselheira e socióloga,Jucylleyde Macedo, contouque a área de formação não éo mais importante para o tra-balho do conselheiro. “Nãoimporta a formação, porque oserviço do conselheiro não éde executor. Nós apenas requi-sitamos serviços em prol domenor. Nossa obrigação é fa-zer garantir a execução do Es-tatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA)”, explicou. Osserviços a que ela se refere sãofeitos por órgãos como o Cen-tro de Referência Especializa-da de Assistência Social(Creas), que faz as visitas,acompanha a família e o me-nor e envia relatórios aos con-selheiros.

No caso de menores quenão sofreram algum tipo deviolência, mas são infratores,o trabalho é da Deaij, pois oConselho não faz punição.“Não cabe ao conselheiro jul-gar ou punir. Esses casos pas-sam primeiro pela delegacia”,disse Jucylleyde. Em ambosos Conselhos, são dez conse-lheiros atuando na busca desoluções de diversos e como-ventes casos, como o do me-

Juventude

Órgão da região norte está situado fora da jurisdição

Conselho

tutelar anseia

por sede

C o n v e r s a -No Conselho Tutelar de Campo Grande, garota de 13 anos diz querer sair de casa para morar com amigos e os conselheiros fazem o diálogo com os pais para cumprir as leis de proteção

nino agredido pelo própriopai, que Meliane atendeu, de-pois que a avó registrou bole-tim de ocorrência. Foi esse umdos muitos casos que chocoua conselheira. “O delegado fi-cou assustado com as marcasde queimadura de bituca decigarro pelo corpo e as man-chas roxas que o garoto de seteanos tinha na região dos ór-gãos genitais”, contou. Segun-do Meliane o caso chamou aatenção de todo o Conselho etão grave era o estado do me-nino que ela pensou que elepoderia ficar até mesmo esté-ril. O pai foi preso e então elatrabalhou para que o menorvoltasse à vida normal sob aguarda da avó.

Buscam o serviço do Con-selho, pais que precisam re-clamar a morosidade ou inefi-ciência de serviços prestadosao menor de responsabilida-de do governo ou, até mesmo,de órgãos privados. São ques-tões como a dificuldade paraconseguir vagas ou transferiro filho de escola, conseguirremédios ou tratamentos gra-tuitos que já são asseguradospor lei, entre outros.

Segundo Meliane, as mai-ores ocorrências são de casosde abuso sexual e agressão fí-sica. Porém, em geral, quasesempre a violência se faz pre-sente e quando vem da famí-lia a situação é sempre pior.“Quando a família quer aju-dar o filho é mais fácil resol-ver, mas quando o problemaestá na família é muito com-plicado”, explicou.

Há ainda, casos em que édifícil saber quem é o gera-dor do problema, como é ocaso da família de uma garo-ta de 13 anos que esteve hápouco no Conselho, pela ter-ceira vez, por ter fugido decasa. O pai disse que a meni-na é problemática desde osnove anos de idade. “Ela nãoquer trabalhar só pensa emviver na rua, com más com-panhias”, alegou o pai, ape-sar de reconhecer que de es-tudar ela gosta. É esse o úni-co ponto em que eles concor-dam. Ela contou que sua ma-téria favorita é matemática evai parar de namorar para sededicar somente aos estudos.O pai disse ainda que ela fogepara ficar na casa de colegas

que são da “pesada”, mas elaafirma ter fugido para ir à casada mãe, mas foi encontradapela polícia, quando passou nacasa dos amigos.

Este caso ainda conta comum clássico personagem, amadrasta, que é acusada, pelamenina, de agressão. Entre asdiscordâncias e desencontrosdos depoimentos deles estáuma forte vontade de resolvera situação, tanto que eles pro-curam sempre o Conselho Tu-telar. Mas a resolução não éimediata, é um longo processoiniciado e apoiado pelos con-selheiros. Embora, segundo amenor entrevistada, o proble-ma dela esteja longe de ser re-solvido por alguém de fora dafamília. Em todo caso, os con-selheiros estarão sempre atuan-do, na medida do possível, paraque sejam assegurados os di-reitos da criança e do adoles-cente.

E s t r u t u r a - Apesar da falta de material, o atendimento é rápido para assegurar os direitos dos jovens

Foto: Caroline Maldonado Foto: Viviane Oliveira

Foto: Viviane Oliveira

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Edição de títulos,legendas e fios:

- Rebeca Arruda- Renata Volpe

Tireóide regula corpo humano

Equilíbrio

Glândula responsável pela liberação dos hormônios tem importante papel na saúde de homens e mulheres

Fotos: Viviane Oliveira

Comunicação: crescem os

sites de relacionamento

Tr a t a m e n t o - Rosimeire Ferreira, 34 anos, repõe hormônios

Foto: Teresa de Barros

Viviane Oliveira

Recentemente, uma emis-sora nacional de TV exibiu ocaso de uma doença poucoconhecida, provocada pelatireóide. Uma moça de 28 anoscom características de bebêimpressionou o Brasil. Na re-portagem um endocrinologis-ta disse que se ela tivesse re-cebido um tratamento e assis-tência pré-natal adequada,hoje seria uma mulher normal.O que houve foi uma dis-função tireoidiana.

Segundo a endocrinologis-ta Ana Maria Magalhães atireóide é uma glândula comformato de borboleta que seencontra no pescoço. Essaglândula produz hormôniosbásicos para as funções docorpo. Os hormônios tireoidi-anos promovem o crescimen-to normal e regulam a produ-ção de energia e calor. Quan-do eles não funcionam ade-quadamente podem trazer sé-rios prejuízos para saúde.

“São várias as doenças cau-sadas pela tireóide. As maiscomuns são hipotireoidismo,hipertireoidismo e nódulos”,explica a médica.

O hipotireoidismo ocor-re quando a tireóide produzmenos hormônios do quedeveria e deixa o metabolis-mo lento, aumenta o cansa-ço, sono e o peso. Tanto ho-mens quanto mulheres po-dem desenvolver hipotireoi-dismo.

Se a glândula produz hor-mônio demais o problema éhipertireoidismo. A tireóidetrabalha em excesso e acele-

ra o metabolismo. Os sinto-mas são insônia, taquicar-dia, diarréia, emagrecimen-to sem mudança de hábitoalimentar ou da atividade fí-sica, intolerância ao calor,entre outros.

Já o nódulo da tireóide écomum principalmente nasmulheres. Os distúrbios naglândula podem aparecer emqualquer idade, mas têmuma incidência maior apósos 40 anos. A diferença é dequatro para um em relaçãoaos homens.

Na maioria dos casos adoença nodular que incluinódulo único e o bócio mul-tinodular (que são dos doislados) é muito frequente. Osnódulos podem ou não es-tar associados ao hipotireoi-dismo e hipertireoidismo. Éo caso da recepcionista,Rosimeire Ferreira Ajala, de34 anos, que faz tratamentode reposição de hormônios.“Eu descobri que tinha hi-potireoidismo há cinco anos.Não tenho sintomas, mas jáfiz duas cirurgias para reti-rada dos nódulos”, relatou.

Ana Maria Magalhães expli-ca que existem nódulos quepodem virar câncer, mas isto éextremamente raro. “Isso é umacoisa muito boa, porque é umdos tipos de câncer mais gra-ves do ser humano”, contou.

A tireóide é muito impor-tante para o funcionamentodo corpo e deve ser levada asério. Quanto mais cedo sedescobre o mal, melhor paraa saúde.

A comerciária MárciaAparecida Ferreira Borges, de

28 anos, descobriu que tinhacâncer na tiróide quando adoença ainda estava em faseinicial, fez uma cirurgia e re-tirou à tireóide. “Levo umavida normal, a única coisaque tenho que fazer é reposi-ção de hormônios e cálciopara o resto da vida”, contou.

O tratamento varia depessoa para pessoa. Nosadultos o não tratamento dohipotireoidismo pode pro-vocar sérios desconfortos ouincapacidades. Nos recém-nascidos, o tratamento ime-diato é fundamental paraprevenir o retardo mental,

atraso no crescimento e ou-tras anormalidades. Por issoé muito importante o Testedo Pezinho.

“Existe uma preocupaçãomuito grande em termo deorientação para mulheres ges-tantes da importância de es-tar com os hormônios equili-brados, se for detectada a fal-ta já começa a repor”, afirmoua médica. De acordo com AnaMaria a prevenção das doen-ças causadas da disfunção datireóide, praticamente nãoexiste porque são doençasautoimunes geradas pelo pró-prio organismo que desenvol-

ve anticorpos contra as mes-mas. “A única prevenção quefoi feita e trouxe bastante re-sultado é a adição de iodo nosal. A falta de iodo é uma dascausas do bócio endêmico po-pularmente conhecido como

C o r p o - Tireóide está localizada na região do pescoço

papo”, explicou a en-docrinologista.

Teresa de Barros

Na era da globalização ecom a tecnologia cada diamais avançada, as pessoastendem a se comunicar maispelo computador, procuran-do diversos tipos de sites derelacionamentos e chats. Ossites de relacionamentos maisusados são o Orkut, Facebooke o mais novo deles o Twitter,que nada mais é que uma redesocial que permite aos usuá-rios que enviem e leiam atua-lizações pessoais de outroscontatos, ou seja, outros usu-ários em tempo real.

No dia 17 de julho, ocor-reu em São Paulo o 11° encon-tro de profissionais de internetlocaweb, e o Twitter recebeuo prêmio do ano como melhorferramenta.

Criador do site campo-grandense Emmy, SulivanRuwer, de 26 anos, é usuáriodo Twitter há quatro meses eparticipou do evento em SãoPaulo. “O Twitter é uma óti-ma ferramenta, pois além de

você se comunicar com seusamigos, saber o que eles estãofazendo no momento, tambémpode colocar links com suaspreferências”, explica Sulivan.

O Twitter permite que vocêcoloque mensagens extrema-mente curtas, em até 140caracteres, as quais são envia-das para todos os seus “segui-dores”, nome usado para aspessoas que são seus contatosno Twitter. Além de mostrar amensagem em tempo real atodos, o pequeno texto podeser enviado à Web via SMS(mensagem de texto pelo ce-lular).

Segundo o publicitárioPedro Ivo Félix, de 23 anos,os sites de relacionamento sãomuito utilizados pela facilida-de com que as pessoas têmpara se comunicar uma comas outras. “O Orkut, por exem-plo, é uma maneira muito fá-cil e rápida de se comunicarcom amigos, pois mesmo queeles não estejam conectados àinternet no momento, vocêpode deixar recados que quan-

do o usuário puder, irá res-ponder, e o mesmo ocorrecom o Facebook e o Twitter,mas acontece que aqui no Bra-sil ainda o mais famoso é oOrkut”, explica Pedro, queusuário dos três sites de rela-cionamentos citados.

Já Estela Menchon, de 21anos, universitária do cursode Administração acha que oTwitter é uma perda de tem-po. “Ao contrário de outrossites, no Twitter a principalfunção é responder a pergun-ta: O que você está fazendo?Com isso as pessoas ficampresas ao informar sua rotina.Mas se alguém está em umafesta vai entrar na internet sópra falar, estou dançando?Acho muita perda de tempo”,conclui Estela.

Segundo Estela sites derelacionamentos são bons atécerto ponto, mas podem pre-judicar quando isso se tornaum vício, ou seja, quando ointernauta se acostuma com ovirtual e acaba perdendo anoção do mundo real.

Te c n o l o g i a - O campo-grandense Sulivan Ruwer, 26 anos, é usuário do twitter há quatro meses

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Otavio Cavalcante

Quem passa pela AryCoelho, nas segundas e

quintas, por volta dassete da noite fica im-pressionado com olouvor e o entusias-mo de quatro ho-mens que utilizam dapalavra de Deus, demúsica e de um pra-to de sopa, como fer-ramenta para alimen-tar o corpo e a almade quem necessita.

Este é um dosexemplos de projetosvoluntários de igrejase Organizações nãoG o v e r n a m e n t a i s(Ong’s) que aconte-cem em Campo Gran-de e alimentam Mo-radores de rua e pes-soas carentes em

Sopão

que mata

a fome

Projeto Social

Solidariedade na praça Ary Coelho

duas praças da cidade.Há dois anos, existe o pro-

jeto, “Almoçando com JesusGrátis”, sempre com música epalavra, na praça Ary Coelhoe das Araras. “O objetivo des-te programa é resgatar princi-palmente os moradores deruas de seus vícios”, explicao pastor Maurin Jorge, de 41anos, da igreja Deus é Fiel.

Jair Alves dos Santos de 38anos, é um dos moradores derua que passava pela praça eparou para se alimentar. “Euvenho mais é para matar afome, porque a fome dói mui-to, quanto o trabalho espiritu-al é mais difícil, exige um lon-go prazo”. Alves explica quehoje está nesta situação devi-do a uma separação de um ca-samento que não deu certo.“Minha mulher me largou, eacabei vindo para a cachaça”.

Rafael Rocha, de 41 anos,

Vo l u n t á r i o s - Integrantes de Ongs distribuem sopas, segundas e quintas-feiras por volta das 19 horas para moradores da rua

que também se alimentava nolocal, fez questão de explicarque não é morador de rua.“Eu sou assalariado, moro dealuguel aqui perto, sou sepa-rado, e tenho que pagar pen-são para uma filha”, ele con-sidera muito importante estetrabalho, principalmentepelo fato da comida, é umamaneira de sobrevivência.

Junto com o pastor temmais três membros que cola-boram no projeto, um delesé professor de culinária, Ivan

Rodrigues, de 38 anos. “Eulargo tudo para vim servir,em vez de estar em casa as-sistido TV”. Ele também temuma ONG que se chama“Maná do Céu” para os po-vos, que doou o macarrãoutilizado para o preparo dasopa desta noite.

Por volta das 9 horas danoite, o grupo segue para aPraça das Araras, chegandolá, outra igreja já se encon-trava servindo refeições.

Aparentemente não havia

muitos moradores de ruasnaquele local, mas quando aequipe subiu as escadas doantigo Coreto, no centro dapraça, um odor muito fortepairava no ar, uma mistura deurina, fezes e sujeira, este erao ambiente que cerca de 30pessoas entre homens e mu-lheres, de diversas idades,amontoados uns aos outros.Compartilhavam cobertores ea ceia que acabava de chegar.

Em meio de tudo isso ejá não aguentando o odor,

Ivan desce as escadas e de-sabafa: “Você acha que al-guém gosta de viver nestascondições?” Logo ele mes-mo responde: “Claro quenão, eles precisam de nossaajuda”.

Foto: Otávio Cavalcante

Edição de títulos,legendas e fios:

- Mirian de Araújo- Nilda Fernandes

Leonardo Amorim

Conhecida peloseu alto potencial tu-

rístico a cidade de Bo-nito, que fica a 280 qui-lômetros de CampoGrande, dá exemploquando o assunto é rea-proveitamento de lixo.Os restos de comida des-cartados por restaurantese o esterco coletado empropriedades da regiãoviram insumos agrícolaspara atender a necessida-de de produtores rurais.

Uma das iniciativaspara a conservação doambiente é a composta-gem, que transforma olixo em composto orgâni-co e tem a função de mu-dar o solo. O trabalho levade volta à terra os macroe micro nutrientes quedeixam o terreno commais porosidade e segu-ra mais água. Além de re-duzir custos com adubosquímicos o processo fazcom que o solo em umtempo indefinido nãoprecise mais receber es-tes produtos, deixando oprodutor mais tranqüiloeconomicamente e co-lhendo alimento maissaudável.

A compostagem é fei-ta em leiras que reúnem

Compostagem transforma restos em adubo

uma camada grossa de serra-gem, que serve de barreira paraque a água liberada pelos res-tos de comida não cheguem aolençol freático.

O canteiro é cercado porfolhas secas, responsáveispelo arejamento do materialorgânico que ficará dentro dosalfobres por até cinco meses.Os restos de comida coletadosnos restaurantes do parque eo esterco retirado das baias são

L e i r a s - Homem cobre os produtos orgânicos com camadas de serragem para evitar contaminação

colocados na sequência, inter-calados com mais serragem edepois lacrados. Feitas demaneira manual as leira po-dem chegar até 1,80m de altu-ra, com a utilização de máqui-nas elas podem chegar a 3metros.

O Jornal Em Foco estevepresente, entre os dias 4 e 9de agosto, na 1ª ExpoBonito,exposição agropecuária reali-zada na cidade de Bonito. Du-

rante a feira a Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa) em parceria com aAgência de DesenvolvimentoAgrário e Extensão Rural(Agraer) desenvolveu o Proje-to GEF Rio Formoso.

Coordenado pela EmbrapaSolos, do Rio de janeiro, oGEF conta com a contribuiçãode todas as Embrapas do MSe tem o objetivo principal cri-ar alternativas sustentáveis

para o desenvolvimento dasatividades econômicas domunicípio. “Os trabalhos sãode pesquisa e demonstração decomo se trabalhar a parte deprodução com conservação doambiente, atuando na recupe-ração, conservação e aumentoda biodiversidade da Baciahidrográfica do Rio Formoso”,detalha o engenheiro agrôno-mo Paulo Sérgio Gimenez, res-ponsável técnico da Agraerencarregado de desenvolver oprojeto durante a exposição.

B e n e f í c i o s

Os insumos produzidosdurante a exposição atende-rão a horta da Pestallozzi deBonito e os feitos na usinaserão usados nos jardins pú-blicos e vendidos a um custobaixo para produtores da re-gião. “Eu fico muito feliz desaber que a minha cidade re-aliza um trabalho tão bom como lixo, ainda mais porque osadubos vão deixar nossa pra-ça sempre bonita. Espero quesirva de espelho para as ou-tras cidades do país”, almejaa vendedora Lidiane Carva-lho, de 18 anos, nascida e cri-ada na cidade.

Outra beneficiada com otrabalho do projeto GEF é asenhora Mariana Gonçalves,mãe de um interno da Pestal-lozzi e defensora dos traba-lhos que visam um futuro

melhor para seu filho. “Omeu filho é especial e todasas pessoas que trabalhampara que ele viva bem têm omeu apoio, esse projeto vaireduzir os custos da Pestal-lozzi e o dinheiro vai poderser usado para outros fins”,desabafa.

Pa r c e r i a

A exemplo do projetoGEF a Organização não Go-vernamental Brazil Bonito,também utiliza a composta-gem como redutor de volu-me de descarte sólido na na-tureza. Os voluntários daONG reaproveitam papel,plástico, couro, CDs, tecidoe toucas de natação para pro-duzirem blocos de anota-ções, porta cartões, bolsas,almofadas, bonecos. Além deproduzir o artesanato, aBrazil Bonito é parceira doprojeto na conscientizaçãoda população.

O monitor da ONG, Mar-cos Rocha explica como a or-ganização trabalha para melho-rar o pensamento de cada mo-rador da cidade. “Temos umgrupo de teatro que encenasobre a separação do lixo secoe molhado, a compostagem éum dos temas da nossa peça.Nós visitamos escolas e pro-priedades da região pregandoa educação ambiental e cons-cientização da população”.

Foto: Agraer

Edeusa Centurião

Pé na estrada,a liberdade che-gou, mas e agora?Bom, alguns es-tudantes que ti-veram o sonho demorar longe en-fim conquistado,não gostaram dasensação que atão sonhada liber-dade deixou, co-mo é o caso daestudante Kris-ciele Henicka, de18 anos, que há

COMPORTAMENTO Coração de estudante

dói longe de casasete meses mora longe dospais. “Ah quando eu saí decasa foi fácil, mas no cami-nho me arrependi, e como játinha dito que vinha pra cá,não desisti”, comenta.

A saudade é grande, maseles não desistem de seussonhos e dedicam-se cadavez mais aos estudos, comoo estudante Dener Macieldos Santos Vida, de 18 anose que há um ano mora semos pais. “Quando eu sentiasaudade me enterrava nosestudos, pois eu tinha quepassar no vestibular”, afir-ma.

Já para outros uma formade matar essa saudade é atra-vés de ligações, viagens einternet, como é o caso daestudante Ana Elisa Riedner,de 19 anos e que há doisanos mora sem os pais. “Vi-ajo todo final de semana, te-lefono pra eles, falo pelainternet, não é bom morarsozinha”, diz Ana.

Para os que não podemviajar todo final de semana,sempre que tem um tempovão para a casa dos pais,como Leonardo Batista deOliveira, de 20 anos, hánove meses longe dos pais.

“Eu viajo a cada duas sema-nas e quando tem feriadoprolongado também”, expli-ca.

Mais que um sonho pró-prio, realizam a vontade dospais, como o estudante Mar-co Antonio Lopes, de 17anos. “Minha mãe semprequis que eu fizesse uma fa-culdade, então eu passei novestibular e vim embora pracá”, conta.

Depois de tanto tempo lon-ge, alguns já se acostumarama morar sem os pais, comoexplica Dener. “Nos primei-ros seis meses foi difícil, masagora já me acostumei”.

A vida exige desses estu-dantes muita responsabili-dade, pois de uma maneiraou outra eles tem que se es-forçar cada vez mais paranão desist ir, “Me sintosobrecarregada, sozinha, te-nho muita responsabilida-de” afirma Krisciele.

Saudade é uma das pala-vras mais presentes na poe-sia de amor da língua por-tuguesa e também na músicapopular, “saudade”, só co-nhecida em galego-portu-

S e n t i m e n t o - Acadêmico supera saudade com dedicação

guês, descreve a misturados sentimentos de perda,distância e amor, e esse é osentimento que descobri-ram depois que se distan-ciaram da família.

Foto: Edeusa Centurião