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CONSCIÊNCIA E AÇÕES NO DESCARTE CORRETO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Autor: Rosilene Sombrio Volpato Mateus1
Orientador: Maria Aparecida Sert2
Resumo
O presente projeto teve o objetivo de conscientizar os alunos matriculados no 6° ano A e B do Colégio Estadual Paiçandu, sobre a questão ambiental, a coleta seletiva, e o descarte correto dos resíduos sólidos em nosso dia a dia. Todas as ações visaram a redução do volume do lixo em nosso meio ambiente. Com atividades educativas e efetivas dentro do contexto escolar, buscou-se despertar nos alunos e na comunidade uma consciência críticas em relação ao descarte correto dos resíduos e a promoção de hábitos cotidianos de separação destes, selecionando os materiais recicláveis, orgânicos e rejeitos, bem como a destinação correta dos mesmos. A metodologia empregada buscou promover e incentivar o debate, a construção do conhecimento e a reflexão sobre as questões ambientais para a sensibilização da comunidade escolar, utilizando-se para isto de questionamentos, observações, visitas, fórum de debates, pesquisas e atividades práticas como a produção de papel reciclado e a confecção de objetos úteis a partir de material reciclável, propiciando a interação entre teoria e prática. O encerramento se deu com uma exposição, destinada à comunidade escolar, de todo o material produzido durante a realização das atividades, visando a divulgação do projeto e promoção da consciência ambiental.
Os alunos participantes mostraram entusiasmo e empenho durante o desenvolvimento dos trabalhos realizados participando de forma efetiva, sempre demonstrando compreensão e o envolvimento necessário de para uma sensibilização efetiva.
Palavras chaves: material reciclável; resíduos sólidos; sensibilização; sustentabilidade.
1 Professor concluinte do PDE 2011. Docente de ciências físicas e biológicas no Colégio Estadual
Paiçandu. SEED, Pr. 2 Doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho. Mestre em Ciências Agrárias (Fisiologia Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa. Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina Professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá.
Introdução
A geração de resíduos e seus depósitos tem sido um problema desde que o
homem passou a viver em comunidade, provocando incômodos e doenças. O
descarte inadequado destes resíduos no entorno dos vilarejos e cidades foi o
responsável pelas grandes epidemias e pestes da Idade Média (MATTOS;
GRANATO, 2007). Até o início do século passado, o lixo gerado como restos de
comida, fezes e outros materiais orgânicos, reintegravam-se aos ciclos naturais e
serviam como adubo para agricultura, o que não comprometia tão seriamente o meio
ambiente (IDEC, 2001). Entretanto, a quantidade e a composição do lixo se
modificaram acompanhando a evolução tecnológica, e com este avanço, papéis,
plásticos, metais, embalagens longa vida, isopores, pilhas, baterias e lâmpadas,
além de restos orgânicos, passaram a constituir boa parte do lixo. Este material
quando lançado no meio ambiente acaba contaminando todo ecossistema
(MATTOS; GRANATO, 2007).
Silva e Nolêto (2004) colocam que a problemática da geração e acúmulo do
lixo não se restringe aos grandes centros, mas também as pequenas cidades. As
autoras lembram ainda que a presença de lixões às margens das estradas que
cortam pequenas cidades é bastante comum. Esta produção excessiva de lixo é
uma das muitas questões que afligem a humanidade atual, necessitando
urgentemente de ações consistentes de sustentabilidade.
O setor público e privado, ONGs e a sociedade civil organizada criam
constantemente propostas e ações buscando amenizar o problema, entretanto, a
quantidade de resíduos sólidos lançados no meio ambiente continua se
multiplicando descontroladamente sem ter uma destinação correta.
Os problemas de degradação ambiental causados pelo acúmulo desse
material, têm tomado dimensões maiores do que a capacidade de regeneração e
renovação natural dos recursos disponíveis (GUIMARÃES, 1995). É clara a
necessidade de mudar o comportamento do ser humano em relação à natureza, no
sentido de promover o desenvolvimento sustentável com reflexos positivos para a
qualidade de vida de todos.
A abordagem deste assunto desponta como um meio educativo e necessário
para a solução das questões ambientais contemporâneas de forma a compreender a
degradação e problematizar a realidade. Loureiro, Layrargues e Castro (2005)
refletem e enfatizam que devemos “buscar as raízes desta crise civilizatória”.
Enquanto Nogueira (2006), propõe os caminhos da escola como forma de atingir a
todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo e permanente,
promovendo uma consciência crítica, com ações em prol de uma conscientização
ambiental de nossos alunos que as introduzirão em suas casas.
É importante que os jovens compreendam a dinâmica de relacionamento
entre o homem e o meio ambiente, e passem a agir sabiamente, desenvolvendo
suas atividades minimizando os prejuízos deste sistema (GUIMARÃES, 1995).
Entretanto, estamos longe de atingirmos os objetivos esperados, que é a mudança
de atitudes de nossos alunos quanto aos resíduos produzidos e seu destino, não só
no espaço escolar como também no seu cotidiano.
Neste contexto a escola tem uma função importante na construção dos
valores de cidadania, para que o sujeito em formação adquira esses hábitos, criando
uma consciência responsável e crítica a respeito da problemática ambiental. Durante
as atividades propostas no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) a participante Maria
do Carmo de Assis Diniz, professora da rede estadual (SEED), teve uma importante
contribuição ao comentar que a educação para a cidadania é um importante meio de
interferir e aprimorar os hábitos e atitudes de cada um de nós.
Ao que se refere as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, a educação
ambiental está intrincada à cidadania, e desta forma, o tema não é abordado
explicitamente, mas contextualizado sutilmente e, consequentemente, nos planos de
aulas produzidos pelos professores, resultando numa conscientização pouco
significativa nos alunos. Reforçando esta concepção Barbo (2009), comenta que a
Educação Ambiental vem sendo bastante discutida, no entanto, as ações realizadas
são insuficientes diante da premente necessidade da implantação efetiva deste tema
no sistema educacional brasileiro.
Para auxiliar na solução e implementação do tema em questão, a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) coloca que o ensino fundamental tem por objetivo a
formação básica do cidadão mediante a compreensão do ambiente natural e social
do sistema político, da tecnologia das artes e dos valores em que se fundamenta a
sociedade.
Ocorre que, em sua práxis pedagógica, a Educação Ambiental envolve o
entendimento de uma educação cidadã, responsável, crítica, participativa, onde
cada sujeito aprende com conhecimentos científicos e com o reconhecimento dos
saberes tradicionais, possibilitando a tomada de decisões transformadoras a partir
do meio ambiente natural ou construído, no qual as pessoas se inserem
(GUIMARÃES, 1995). A Educação Ambiental avança na construção de uma
cidadania responsável, estimulando interações mais justas entre os seres humanos
e os demais seres que habitam o planeta, para a construção de um presente e um
futuro sustentável, sadio e socialmente justo (BRASIL, 1996).
O espaço escolar também vivencia a realidade de descaso com o meio
ambiente, pois os nossos alunos são oriundos de uma sociedade consumista e mal
preparada para os paradigmas da modernidade.
Diante da problemática apresentada o projeto foi proposto para sensibilizar e
estimular a consciência ambiental da comunidade do Colégio Estadual Paiçandu,
por meio de ações práticas e teóricas, fornecendo subsídios para que estas pessoas
possam mudar suas atitudes promovendo um ambiente ecologicamente desejável,
com hábitos saudáveis de convivência pacífica e harmoniosa com o planeta que o
sustenta.
A proposta primou pelo desenvolvimento de ações educativas e efetivas,
dentro do contexto escolar e na comunidade na qual os alunos estão inseridos, em
relação ao descarte correto dos resíduos sólidos, oferecendo alternativas
sustentáveis e sensibilizando-os sobre a Política ou Pedagogia dos 3 Rs da
Educação Ambiental, que é citada por Loureiro, Layrargues e Castro (2005).
O projeto em questão, intitulado Consciência e Ações no Descarte Correto
dos Resíduos Sólidos foi proposto para ser aplicado em alunos do 6° ano,
acreditando que quanto mais jovem o educando, melhor a incorporação de novos
conceitos e hábitos.
Desenvolvimento
“A vida me fez um papelão e eu fiz do papelão a minha vida” (Frase anônima escrita na parede de um viaduto em Belo Horizonte, embaixo do qual há um depósito de papelão) (SILVA; NOLETO, 2004).
A grande quantidade de lixo produzida diariamente é um dos grandes
desafios dos governantes no mundo todo. O seu acúmulo no ambiente de forma
inadequada tem servido de abrigos para inúmeros agentes causadores de doenças
e provocando um problema de saúde pública (MATTOS; GRANATO, 2007).
Segundo Silva e Nolêto (2004), esta prática ainda é bastante comum em nossas
cidades, no caso das grandes cidades isto ocorre na periferia, as cidades pequenas
também são igualmente afetadas por depósitos irregulares de lixo que surgem sem
qualquer planejamento gerando montanhas de lixo.
Estas crescem sem controle e são o resultado do consumismo exagerado
que é imposto pela sociedade capitalista em que vivemos (SILVA; NOLÊTO, 2004).
A vida urbana estimula o consumo excessivo de produtos industrializados,
produzindo uma diversidade de resíduos que exigem sistemas diferenciados de
coleta e tratamento para uma destinação ambientalmente segura (RIBEIRO, 2007).
Com base nesta problemática, a Agenda 21 propõe também mudanças nos
padrões de consumo, visando a redução na produção de resíduos, estimulando
programas de incentivo à reutilização e reciclagem, incentivando a construção de
instalações ambientalmente corretas para o depósito e tratamento dos serviços
destinados ao gerenciamento do lixo (BRASIL, 1992).
O Poder Público tem responsabilidade na preparação da sociedade para
uma melhor convivência com esse problema. De acordo com o art. 225 da
Constituição Brasileira “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defender para as
presentes e futuras gerações” (Constituição Federal do Brasil, 1988).
Em busca de um ambiente ecologicamente equilibrado, com a colaboração
da sociedade, devemos fazer a coleta seletiva e o gerenciamento correto dos
resíduos sólidos, proporcionando, desta forma a melhoria da qualidade de vida de
todos (JACOBI, 2006).
Portanto, o envolvimento de todos os setores da sociedade na busca de
soluções para a destinação correta do lixo é de extrema importância. Todos são
responsáveis por essa problemática e devem participar ativamente das tentativas de
resolução desta questão (SILVA; NOLÊTO, 2004).
Neste sentido, a reciclagem é o caminho mais curto e seguro para recobrar a
dívida social e ambiental produzida a partir da conduta capitalista de consumo que
adotamos. Não devemos menosprezar também a questão social e humanitária
envolvida neste processo, de que todo o material reciclável tem valor no comércio da
reciclagem e representa a renda de muitas famílias (SILVA; NOLÊTO, 2004).
Entretanto, ainda é comum as pessoas descartarem seu lixo sem a menor
preocupação com a separação de materiais recicláveis, dos rejeitos e seu destino
final.
Atitudes como estas demonstram claramente que muitas pessoas não têm o
comprometimento social e sua falta de consciência de que fazemos parte do
ambiente e que dependemos dele para sobreviver é nítida. Neste mesmo sentido, a
professora Devanira Miranda Zanoni (SEED), em uma contribuição ao GTR,
comenta que é importante essa colaboração com a vida no planeta e que estamos
fazendo isto quando repensarmos as nossas ações no ato de separar o material que
iria para o lixo analisando o que pode ser reaproveitado, e o mais importante, que é
destinarmos corretamente cada tipo de material descartado.
Na busca das soluções para o desafio de separar e destinar corretamente o
lixo, e com base no trabalho de Gore (1993), o projeto em questão propõe uma
discussão inicial que reforce a compreensão da relação de dependência do homem
com o planeta Terra e este momento de reflexão ofereça aos jovens uma nova
leitura sobre a natureza e suas necessidades.
Durante os trabalhos realizados no GTR, quando foram discutidos os
avanços e desafios enfrentados durante a fase de Implementação Pedagógica do
Projeto, as professoras participantes Devanira Miranda e Ana Lucia Zanin Tem Pass
(SEED) contribuíram positivamente, comentando que as atividades do presente
projeto estão dispostas em uma sequência capaz de levar os alunos a dialogar e
fazer uma reflexão efetiva durante a abordagem do tema. Ambas colocam que os
questionamentos introdutórios da atividade são uma boa estratégia de envolvimento
formal dos participantes e também propiciam um dinamismo inicial às ações a serem
desenvolvidas. A professora Devanira Miranda (SEED) complementa ainda, que ao
iniciar a proposta com questionamentos apresentamos um espaço de diálogo, que
está em sintonia com os objetivos de uma ação educativa ambiental participativa.
A implementação do projeto teve início com leituras sobre o tema,
apresentação de ‘slides’ e vídeos sobre a crise ambiental que estamos vivendo e o
acúmulo de lixo no ambiente, principalmente em regiões mais carentes, que
incomoda a todos, tanto no visual como também no aspecto salubre.
Os alunos foram também orientados a reconhecer a sua parcela de
responsabilidade na problemática apresentada, e que cabe a nós todos participar
ativamente das tentativas de resolução desse problema. Entre outras informações,
tiveram ciência de que no Brasil são produzidas cerca de 240 mil toneladas de lixo
diariamente, e 76% desse lixo não passam por qualquer gerenciamento, sendo
despejados nos aterros a céu aberto (CEMPRE, s/d) e que este material quando
lançado no solo acaba contaminando não apenas a água subterrânea, mas todo
ecossistema fica comprometido pelo depósito de lixo de forma inadequada
(MATTOS; GRANATO, 2007).
Para iniciar a atividade de observação os alunos foram organizados em
grupos de 5 ou 6, que sempre foram auxiliados e acompanhados pela professora.
Eles deveriam observar a relação das pessoas usuárias do ambiente escolar e o
descarte do lixo produzido por elas.
As turmas visitadas foram questionadas sobre suas atitudes no processo de
descarte do lixo por meio de conversas informais, no mesmo momento eles formam
recebendo orientações simples que contribuiram para melhorias no meio ambiente.
Questões abordadas nas visitas:
1- Existe lixeira para recolher o lixo na sala?
2- Você a utiliza?
3- É correto jogar o lixo escolar no chão da sala de aula?
4- Você separa material reciclável e lixo em sua residência?
5- Será possível produzir menos lixo?
A resposta à primeira questão foi sempre positiva, pois as lixeiras existem
em todos os ambientes da escola. Percebemos que há a preocupação em recolher
corretamente o lixo em todos os espaços escolares e que estes locais estão
preparados para receber estes resíduos de descarte normalmente produzido na
escola. Alguns alunos e até funcionários que receberam a visita dos participantes do
projeto, lembraram e questionaram que no ambiente escolar deveria ter lixeiras de
coleta seletiva. Realmente, para se implantar a seleção dos resíduos num
determinado ambiente é necessário que existam lixeiras apropriadas para, desta
forma, orientar e conscientizar as pessoas a utilizá-las. No entanto, o destino do lixo
produzido no ambiente escolar não era o foco do projeto realizado. Este trabalho foi
idealizado para sensibilizar a comunidade escolar na questão do consumismo,
acúmulo de lixo no ambiente e a aquisição de novos hábitos em relação à
destinação correta destes resíduos sólidos. Segundo Gumes (2005), para solucionar
as questões ambientais um dos grandes desafios é a conscientização.
No segundo questionamento, sobre as lixeiras - Você a utiliza? – A resposta
foi evidentemente insegura e vaga. Os alunos sabem que as lixeiras estão na sala
de aula, e nem sempre são usadas adequadamente. Eles olham para o chão da sala
e vêem muito lixo espalhado e se dão conta de que não estão agindo corretamente
e não tem argumentos para justificar o descaso com o lixo jogado inadequadamente.
Neste momento fica escancarada esta relação de indiferença com os resíduos
lançados no ambiente. Sempre lhes fora ensinado que devemos usar as lixeiras,
mas, como alguns colegas não as usam corretamente, todos aceitam sem contestar,
e muitos até passam a agir da mesma forma, tratando o lixo com indiferença.
Para comprovarmos esta indiferença perguntamos: é correto jogar o lixo
escolar no chão da sala de aula? O objetivo deste terceiro questionamento foi levar
o aluno a perceber que esta é uma questão de responsabilidade social, devendo
avançar por todos os espaços e que pequenos gestos podem fazer a diferença.
Quando perguntado se o material reciclável, orgânicos e rejeitos são
separados em sua residência, a maioria dos alunos afirma que sim. As famílias têm
esta preocupação, mas ainda é uma resposta tímida diante da produção excessiva
de lixo na sociedade do consumismo na qual vivemos. Silva e Nolêto discutem bem
esta situação:
Chegamos a uma situação de desconforto no que se relaciona com a produção e destino final dos resíduos sólidos por nós produzidos. O homem já está se conscientizando da necessidade de uma nova mudança nas suas atitudes em relação ao lixo. A saturação dos equipamentos de depósitos destes resíduos, dentre os quais: os lixões, os aterros sanitários etc., fez surgir problemas graves que exigem soluções práticas com respostas imediatas e positivas. É indiscutível, porém, o fato de que ações isoladas da comunidade não podem originar bons resultados. A sociedade é responsável pela problemática do lixo e a ela cabe participar ativamente das tentativas para resolver tão grande problema (SILVA; NOLÊTO, 2004).
Com o objetivo de mudar esta realidade, diversos projetos de coleta seletiva
são promovidos por instituições públicas e privadas, como escolas, igrejas, mídia,
indústrias, comércio e comunidades. Entretanto, sem o apoio oficial e
regulamentação legal, e principalmente, sem o envolvimento da sociedade, estas
iniciativas desaparecem. “Somente com investimentos maciços em campanhas de
informação e conscientização da sociedade, é que teremos uma resposta positiva
para resolver este problema a médio e longo prazo” (SILVA; NOLÊTO, 2004).
No quinto questionamento: será possível produzir menos lixo? A resposta a
princípio estava bastante clara, com todos concordando que já fazem o máximo para
evitar o desperdício. Para comprovar esta resposta de que podemos combater ainda
mais este mal, separamos alguns papéis amassados e tirados da lixeira da própria
sala ou colhidos no chão, estes foram abertos e mostrados aos alunos. Muitos
destes papéis estavam em branco, sem nenhuma informação escrita ou, com
rabiscos desnecessários. Os alunos entrevistados ficaram espantados e sem
argumentação quando questionados sobre o assunto. Neste momento fica explícita
a compreensão de que atitudes isoladas podem não fazer a diferença neste instante,
mas se isto se tornar um hábito comum a todos promoverá mudanças significativas
no futuro. Segundo Duque e Ceballos (2004), “pequenas ações poderiam
representar grandes ganhos para a conservação da natureza em escala global”.
Os alunos foram orientados a realizarem o mesmo questionamento em sua
residência, com o intuito de levar as informações adquiriras na escola à sua
comunidade. Nesta atividade eles entrevistaram seus familiares e vizinhos, as
informações obtidas foram que muitas famílias colaboram no processo de
reciclagem, pois separam materiais recicláveis do ‘lixo molhado’, deixando este
primeiro separado na calçada para coletores que passam pelas ruas do bairro
levarem até as cooperativas de reciclagem existentes no município. No GTR a
professora Maria do Carmo (SEED), destaca que discutir a temática do descarte do
lixo em sala é imprescindível, pois os nossos alunos podem se transformar em
multiplicadores de ideias, colocando em prática dentro das residências o que
aprenderam e contribuem também para modificar algumas atitudes errôneas dos
familiares e até mesmo nas vizinhanças, mas, acrescenta também, que é necessário
cobrar do poder público maiores ações que estimulem a participação da
comunidade.
Com a atividade citada acima foi possível constatar que apesar de todo o
cuidado da maioria dos moradores, algumas pessoas da comunidade ainda se
queixam que existe muito lixo jogado nas ruas de seu bairro, pois alguns moradores
não embalam nenhum tipo de lixo deixando tudo jogado pelos quintais, terrenos
vazios e ruas, formando uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente
e focos de proliferação de agentes causadores de inúmeras doenças como dengue,
leptospirose e diarréias. Enfatizando esta questão, Mattos e Granato (2007) colocam
que a nossa saúde e bem estar são fundamentais e dependem dos procedimentos
corretos de coleta e da destinação dos resíduos.
A preocupação em relação à coleta seletiva vem sendo discutida em muitas
comunidades, as pessoas reclamam que o poder público tem deixado muito a
desejar em relação à coleta de lixo em bairros da periferia, desestimulando a
população a se organizar neste sentido. Desta forma, o gestor público e a iniciativa
privada deveriam se envolver na promoção de ações educativas e efetivas dentro do
contexto escolar e na comunidade em relação ao descarte correto dos resíduos.
Estas questões envolvendo as comunidades e o descaso com o lixo vem
sendo apontado pelos ambientalistas como um dos mais graves problemas
ambientais urbanos da atualidade. Jacobi (2006) afirma que é clara a necessidade
de mudar o comportamento do homem em relação à natureza e ao meio ambiente.
Segundo Almeida (2005), a reciclagem deve ser incorporada ao cotidiano,
promovendo a reestruturação do sistema em relação à consciência ecológica.
Portanto, é importante realizar ações que permitam a criação de políticas públicas
sobre legislação possíveis de serem cumpridas, visando o equilíbrio ecológico
(ALMEIDA; 2005).
A proposta seguinte foi realizar uma reunião visando discutir e debater com
os alunos envolvidos no projeto, as ações práticas necessárias que eles e seus
familiares podem aplicar em seu domicílio para destinar corretamente os resíduos. É
fato que o município não tem coleta seletiva organizada mas existem carroceiros que
passam nas ruas revolvendo os sacos de lixo em busca de recicláveis, portanto faz-
se necessário selecionar os resíduos para auxiliá-los e evitar que o lixo que estava
embalado fique exposto.
Nestes círculos de discussões, os alunos concluíram que é preciso colaborar
com o coletor de material reciclável separando os resíduos inúteis e contaminados
do material que pode ser reciclado. Os alunos concluíram que tais atitudes estão em
concordância com Santos (2010), que afirma ser “uma questão de cidadania e de
respeito ao próximo e a nós mesmos enquanto seres vivos”.
Também no GTR, a professora Maria do Carmo (SEED) comenta que o
trabalho de seleção e recolhimento, assim como a forma de destinação desses
materiais faz com que o sujeito situe-se como participante da sociedade de consumo
e co-responsáveis por ações em prol do meio ambiente.
Durante o desenvolvimento do projeto os alunos também foram orientados
que é importante ter cuidados especiais na limpeza desses materiais destinados à
reciclagem. Estes devem ser limpos e depositados em um espaço próprio nas
residências, protegido da chuva (em caixas ou sacolas) e no momento oportuno
dispostos na calçada, para ser levado pelos coletores, ou em postos de entrega
voluntária (GALBIATI, 2001). As impurezas desqualificam e desvalorizam o material
no comércio dos recicláveis e podem provocar odores desagradáveis e atrair insetos
no local onde ficam armazenados (BAEDER, 2009). Portanto, recomenda-se que a
limpeza seja feita reaproveitando a água utilizada para lavar louças ou roupas,
evitando assim o desperdício de água.
Uma outra ação proposta no projeto foi a interação entre a comunidade
escolar e os coletores de materiais recicláveis. Para a realização desta foi promovido
um encontro com alguns trabalhadores de uma cooperativa de material reciclável
situada próxima à escola.
Durante o encontro realizado na escola, os coletores interagiram e por meio
de seus depoimentos sensibilizaram os alunos, que ficaram conhecendo suas
histórias de vida e as condições que os levaram ao trabalho na reciclagem. Muitos
destes trabalhadores contaram que antes ‘garimpavam recicláveis nos lixões’, e com
a proibição da presença de pessoas nesses ambientes passaram a procurar o seu
sustento nos sacos de lixo depositados em frente às residências. Grande parte
destes trabalhadores são aposentados que se encontravam em situação de miséria
e abandono e encontraram na reciclagem uma fonte de renda adicional. De acordo
com Medeiros (2006), esta realidade é vivenciada por alguns trabalhadores, e
esclarece que são pessoas que não encontraram seu lugar no mercado formal de
trabalho por sua idade, condição social e baixa escolaridade. Todos eles têm
famílias e estas também dependem deste rendimento. Segundo dados da UNICEF
(1990) “no Brasil, mais de 40 mil pessoas vivem diretamente da coleta em lixões e
outros 30 mil da coleta nas ruas como única opção de renda”.
Em complemento a atividade citada acima foi realizada uma visita à
cooperativa de reciclagem para fortalecer mais ainda esta interação entre os alunos
e coletores. Na cooperativa os alunos presenciaram a dura rotina dos carroceiros
que chegavam ao local empurrando pesadas carroças de tração humana, lotadas de
material reciclável.
Ângela Baeder (2009), pesquisadora da atividade deste ‘novo profissional’,
expõe a condição subumana deste trabalhador comentando que a vida dos
catadores é a imagem e a expressão concreta e material da desigualdade social e
das injustiças geradas no modelo atual de produção. Em relação a esta nova
profissão, as professoras Maria do Carmo e Devanira Miranda (SEED), durante as
atividades do GTR, concluíram que está nascendo uma nova profissão, o ‘coletor de
reciclagem’, e que esta deveria ser, e possivelmente será no futuro muito valorizada.
Tendo como base a situação atual destes profissionais, elas afirmam que o poder
público deveria investir, dar incentivo, tanto financeiro, como de formação, e
estimular projetos de reciclagem, dando oportunidade para que outras pessoas
possam ingressar nesta área, acreditando realmente que esta profissão deverá ser
valorizada e necessária no futuro.
Na visita realizada à cooperativa os alunos também mantiveram contato com
o trabalho de separação e enfardamento do material reciclável. Ouviram dos
trabalhadores como é importante a colaboração das comunidades na separação de
rejeitos e dos recicláveis nas residências que, entre outros fatores, evita a
contaminação do material a ser reaproveitado, pois quando este material está sujo
ou contaminado perde em qualidade e preço, além de propiciar a proliferação de
roedores e insetos no local onde é armazenado. Os alunos vivenciaram a
insalubridade nesse ambiente de trabalho, percebendo o odor fétido característico
da podridão e vendo ratos e baratas correndo pelo chão do barracão da cooperativa.
Os responsáveis pelo local disseram que mantém cães e gatos para controle destes
animais. Os alunos questionaram também sobre o destino deste material separado
do rejeito. Em sua simplicidade e desconhecimento de informações estes
trabalhadores dão somente respostas objetivas, dizendo que este material vai para a
indústria.
Esta visita à cooperativa de reciclagem foi uma das atividades mais
enriquecedoras aos participantes do projeto, beneficiando tanto a parte prática
deste, como também seu crescimento pessoal, pois estes ficaram sensibilizados e
compreenderam que além da questão ambiental, a reciclagem doméstica é também
um fator de responsabilidade social. Reciclar é uma prática que deve ser
incorporada ao nosso cotidiano e todo cidadão pode contribuir separando seu lixo,
evitando que a matéria prima com valor comercial vá para lixões e aterros sanitários,
provocando a poluição do ambiente (ALMEIDA, 2005).
Após este contato com os coletores de recicláveis e funcionários da
cooperativa, constatamos que a interação foi valiosa, uma vez que os alunos
conheceram a vida sofrida destas pessoas e passaram a reavaliar as suas
condições de vida, refletindo sobre suas ações de insensibilidade tanto em relação
ao descaso com o lixo jogado no ambiente, como também, no desprezo com as
pessoas que trabalham para recolher este lixo.
Em relação a falta de sensibilidade em selecionar corretamente os resíduos
gerados no nosso dia a dia , algumas pessoas da comunidade entrevistadas pelos
alunos, disseram que eram desestimuladas uma vez que o poder público tem
deixado a desejar quando o assunto é a coleta de lixo.
Com o intuito de sanar várias dúvidas dos alunos em relação a situação da
coleta do lixo em Paiçandu, organizamos uma reunião com a Secretária de Meio
Ambiente do Município e técnica ambiental Aparecida Suyti para expor o assunto.
Nesta reunião a Secretária de Meio Ambiente colocou que os municípios
enfrentam dificuldades para a implementação de uma política correta de manuseio
dos resíduos sólidos devido à burocracia, atrasos na liberação de verbas e
mudanças na lei. Explicou também que os lixões não são ambientes adequados
para o depósito de lixo, pois contaminam o solo e os lençóis freáticos, e por este
motivo o do nosso município foi fechado, visando a solução para este problema. Ela
declarou que o município já adquiriu um terreno para a construção de um aterro
sanitário.
Segundo a secretária Aparecida Suyti, o gerenciamento ideal para o lixo é
destinar cerca de 20% para aterros sanitários, 20% para produção de adubo
orgânico e os 60% restante para a reciclagem. Comentou também, bastante
entusiasmada, sobre a Nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, promulgada no
dia 2 de agosto de 2010 e regulamentada em 23 de dezembro do mesmo ano, que
prevê que não existam mais lixões no Brasil até o ano de 2014. Com esta nova lei o
poder público municipal é que deverá zelar pela limpeza urbana, coleta e destinação
final dos resíduos, sendo os rejeitos depositados em aterros normatizados
ambientalmente. Suyti colocou também que a Secretaria de Meio Ambiente do
Município tem promovido diversas ações para se adequar a nova legislação como a
implantação da coleta seletiva na cidade, por meio do apoio logístico, e melhorias
físicas nas cooperativas de reciclagem e desenvolver projetos de educação
ambiental nas comunidades e em escolas. Ela enfatizou que a educação ambiental
é muito importante para que a coleta seletiva se estabeleça efetivamente, e que este
trabalho educativo desenvolvido neste projeto é o caminho ideal para esta realidade
acontecer.
Os alunos participaram efetivamente na reunião com a Secretária de Meio
Ambiente por meio de perguntas e comentários sobre o tema em questão
trabalhados. A crítica mais insistente deles foi em relação à coleta de lixo que tem
ocorrido com menor frequência em determinados bairros. A Secretária de Meio
Ambiente argumentou que a produção de lixo tem crescido muito e o poder público
não tem conseguido acompanhar esta demanda, e a legislação atual está criando
mecanismos que determinam que os grandes produtores de resíduos devem se
responsabilizar pelo descarte de seus resíduos.
Neste sentido, as atuais políticas públicas já não determinam o estado como
único responsável pelo gerenciamento dos resíduos. Segundo Zaneti (2002) a meta
seria a intervenção mínima do Estado deixando o mercado ditar os rumos,
destacando que o ideal do neoliberalismo é adaptar os princípios de liberdade
econômica às condições da economia com total responsabilidade da iniciativa
privada culminando na crise ambiental e social da atualidade, isentando órgãos
públicos da responsabilidade pelo acúmulo de lixo que crescem em torno das
cidades. Para ilustrar a situação caótica do aumento na produção de lixo nas
cidades, o geógrafo Jean Gottmann define a época que estamos vivendo como 'a
Era do Lixo ou então, do Refugo' (WALDMAN, 2012). De acordo com Rodrigues e
Cavinato (2004), os hábitos de consumo da população mundial têm sofrido
constantes evoluções, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade dos
resíduos gerados nos centros urbanos. Segundo Ribeiro (2007), o consumismo
exagerado e o modo de vida urbana produzem uma diversidade cada vez maior de
produtos e de resíduos que exigem sistemas de coleta e tratamento diferenciados
após o seu uso, e uma destinação ambientalmente segura de todos os resíduos
gerados pela sociedade moderna.
No final da nossa reunião a Secretária de Meio Ambiente utilizou
argumentos similares às fundamentações citadas acima para justificar as falhas, em
relação à coleta de lixo, que vem ocorrendo em nosso município. Aparecida Suyti
afirmou que as prefeituras estão trabalhando para se adequar à nova legislação de
modo que a coleta de lixo seja satisfatória. A convidada concluiu a sua fala
enfatizando novamente que a educação ambiental é o caminho certo para
mudanças de postura em relação ao destino correto do lixo, e que é preciso mais
conscientização em todos os setores quando o tema é o consumismo exagerado, à
separação de recicláveis, a destinação correta do lixo e que as comunidades podem
contribuir muito com ações individualizadas em prol de um meio ambiente saudável.
Neste sentido, Silva e Nolêto (2004), afirmam que:
Trabalhar educação para a reciclagem é o modo de mudar conceitos, comportamentos culturais através da conscientização das implicações e dos problemas ambientais e sociais causados pelas condutas equivocadas do nosso dia-a-dia, no que se relaciona com a produção dos rejeitos sólidos.
Portanto, este é momento de repensarmos nas atitudes e hábitos individuais
e coletivos que estamos tendo, e entendermos que este planeta é nossa morada
temporária. Sendo, portanto, necessário minimizar os impactos da presença humana
nesse local, dispondo dos recursos oferecidos, sem causar prejuízo a outras
espécies e as gerações futuras (SANTOS, 2010).
Segundo Rodrigues e Cavinatto (2004), estamos vivendo a era dos
descartáveis, a mídia incentiva a substituição de produtos como relógios,
brinquedos, calçados, roupas e eletrodomésticos, uma vez que esses ficam logo
‘fora de moda’ e se transformam em lixo. A procura cada vez maior da praticidade
dos alimentos prontos e acondicionados em embalagens modernas e totalmente
descartáveis, a substituição desmedida de eletroeletrônicos ‘ultrapassados e
obsoletos’ e que possuem componentes altamente tóxicos são também hábitos
comuns na sociedade moderna. Santos (2010) afirma que se faz necessário
reavaliar nossas escolhas culturais e econômicas em relação ao consumo de
produtos industrializados e até mesmo os naturais.
O lixo não é gerado sozinho, somos nós que o produzimos, de acordo com
nossas escolhas, desta forma esta produção de lixo é responsabilidade de cada
consumidor. Para reduzir a produção de lixo devemos estar atentos aos hábitos de
consumo e ao desperdício, levando para casa somente aquilo que é necessário
(MATTOS; GRANATO, 2007). A compreensão da necessidade de rever nossos
hábitos de consumo propiciou a formulação da chamada “Política ou Pedagogia dos
3 Rs da Educação Ambiental” (LOUREIRO; LAYRARGUES; CASTRO, 2005). A
redução, reutilização e a reciclagem são importantes ações para que a quantidade
de resíduos seja minimizada aumentando tempo de vida dos aterros sanitários,
economizando matéria prima e energia. Reduzir a quantidade de resíduos gerados,
evitando os descartáveis e supérfluos, consumindo apenas o essencialmente
necessário. Reutilizar o que for possível, ou seja, dar nova utilidade a materiais que
são considerados inúteis, utilizando-os para uma nova função. Reciclar, separando
todos os materiais potencialmente recicláveis, para a coleta seletiva que
posteriormente serão transformados novamente em matéria prima e reinseridos na
cadeia produtiva (PARANÁ, 2008).
A princípio utilizavam-se 3 Rs, mas hoje já podemos acrescentar outros
como: racionalizar, rejeitar e responsabilizar-se. Racionalizar significa analisar
racionalmente as ações no consumo, não deixando se levar pela publicidade e
emoções nas compras, levando para casa somente o que é mesmo necessário e
urgente. Rejeitar os bens e serviços que são produzidos de forma irregular e danosa
ao meio ambiente, como a extração ilegal de madeira e a exploração do trabalho
infantil e escravo. Responsabilizar-se, esta é uma das virtudes que precisa ser
exercitada por todos, especialmente, na hora de consumir e eliminar os resíduos,
conscientizando-se de que somos responsáveis pelo que consumimos desde a
produção até sua destinação final. Nos preocuparmos com os Rs da educação
ambiental e colocá-los em prática é uma questão de cidadania e de respeito ao
próximo e a nós mesmos enquanto seres vivos (SANTOS, 2010).
Ao praticarmos a reciclagem do lixo, podemos ter muitas vantagens, tais
como: a contenção da exploração de recursos naturais, a diminuição na
contaminação atmosférica e proliferação de doenças, no aumento da vida útil dos
aterros sanitários, na melhoria na limpeza e no aspecto visual das cidades, geração
de emprego e renda nas cooperativas de trabalhadores, melhoria na qualidade de
vida, e a redução no consumo de energia, dentre outras (SILVA; NOLÊTO, 2004).
Isto irá acarretar declínio nos gastos com limpeza pública, viabilizando mais verbas
para outras áreas,
Dando continuidade ao projeto e objetivando incrementar o conhecimento
adquirido até então, os alunos realizaram pesquisas relacionadas ao tema
destinação dos resíduos sólidos na biblioteca e no laboratório de informática da
escola. Nestas pesquisas eles foram orientados a visitar páginas especializadas
como do CEMPRE, do IDEC e do Ministério do Meio Ambiente. Estas são ambientes
técnicos bastante informativos e permitem aos alunos buscar novos conhecimentos.
Nos dias seguintes as pesquisas se intensificaram espontaneamente, pois
as novas descobertas despertaram cada vez mais a atenção dos alunos. Eles
passaram a se interessar pela logística reversa dos materiais recicláveis e
procuraram conhecer os caminhos que estes materiais fazem até voltar para as
mãos do consumidor. Um grupo pesquisou e encontrou a logística reversa das
embalagens de agrotóxicos, e que esta tem uma legislação própria, atenta para a
produção de materiais para fins específicos com a devida precaução de evitar a
contaminação das pessoas. Um segundo grupo se interessou pelo reuso das
embalagens longa vida, voltando sua pesquisa para este item, encontrando a
informação de que elas são 100% recicláveis e podem ser transformadas em telhas
ecológicas e chapas semelhantes ao compensado de madeira.
Ao final da realização das ações de conscientização iniciou-se as atividades
práticas previstas na implementação do projeto. Esta foi uma ocasião muito
aguardada pelos alunos durante toda a realização do projeto.
As atividades práticas foram separadas em etapas: o reaproveitamento de
papel, por meio da produção de papel reciclado e confecção de blocos de anotações
e a oficina lúdica de produção de artesanato com material reciclável. Após estas
atividades foi organizada uma exposição com todo material produzido durante a
execução do projeto, visando promover a criação de um ambiente de sensibilização
da comunidade escolar em relação ao descarte dos resíduos sólidos e a importância
da reciclagem.
A produção de papel reciclado aconteceu numa oficina montada no
laboratório de química da escola. Esta atividade teve por objetivo a sensibilização e
conscientização dos alunos sobre a importância da reciclagem e economia de papel
para a preservação ambiental.
A etapa seguinte foi a realização da pesquisa de uma receita de papel
reciclado. Os alunos a encontraram em seu livro didático de ciências. Era a receita
ideal para ser realizada por crianças de dez ou onze anos, pois é objetiva e simples:
Receita de papel reciclado: Você vai precisar dos seguintes materiais: Papéis variados que seriam jogados no lixo: revistas, papel de embrulho, folhas de caderno, folhetos, caixas, envelopes, sobras de cartolina, cartões, etc. Não use papel de fax, papel carbono, papel higiênico, papéis plastificados, sujos ou engordurados. Colher de pau. Liquidificador. Bacia grande. Peneira redonda de arame ou plástico que caiba na bacia. Jornais. Panos.
1. Pique os papéis e jogue na bacia com água. Misture com a colher de pau e deixe de molho por 24 horas.
2. Peça ao seu professor para bater uma xícara desse papel umedecido no liquidificador, com água até ¾. A própria água do molho pode ser aproveitada. A mistura deve ser batida pelo professor até ficar bem homogênea.
3. Coloque água até a metade da bacia e despeje o papel batido nela. Agite a mistura com a colher de pau.
4. Mergulhe a peneira pela borda da bacia, até o fundo e retire-a lentamente, recolhendo o papel batido nas malhas. Uma camada de papel se forma sobre a peneira.
5. Deixe a água escorrer.
6. Coloque a peneira sobre as folhas de jornais para terminar de escorrer a água. Troque as folhas até que o jornal não fique mais molhado. Então cubra a peneira com um pano e aperte-o bem sobre a massa de papel para secá-la mais. Repita o procedimento com outros panos até que estes não fiquem mais molhados. O papel ainda deve ficar um pouco úmido.
7. Vire a peneira sobre as folhas de jornais secas e bata várias vezes no fundo, até que a massa de papel se solte.
8. Coloque a massa (que agora já se tornou uma folha de papel) entre jornais secos e deixe-a secar até o dia seguinte (GEWANDSZNAJDER, 2009, p 101).
A produção de papel é uma técnica muito antiga. Milênios a.C. os egípcios já
buscavam um material para escrever, assim surgiu o papiro. Este tipo especial de
papel é produzido pela deposição entrelaçada e prensada de partes das folhas de
uma planta, o papiro, que era cultivada nas margens do rio Nilo. Posteriormente, por
volta do ano100 a.C., os Chineses produziam um tipo de papel utilizando uma
mistura de cascas de árvores e trapos de tecidos. Neste processo a mistura era
umedecida e batida até a obtenção de uma pasta que era depositada em peneiras
para escorrer a água e depois de seca e prensada tornava-se uma folha de papel.
Esta ‘receita’ básica evoluiu pouco desde os tempos mais remotos, inicialmente
eram utilizadas fibras vegetais como algodão e linho. Somente no começo do século
XIX se desenvolveu a técnica atual, em que se empregam as fibras de celulose
extraídas de determinados tipos de madeira como o eucalipto e pinheiro (MATTOS;
GRANATO, 2007).
O trabalho de produção de papel reciclado na oficina montada na escola
iniciou-se com o recolhimento de todo o papel guardado pelos alunos e pelos
funcionários da secretaria e da biblioteca da escola para este fim. O papel foi
primeiramente selecionado manualmente pelos alunos que tinham, a princípio, a
tarefa de identificar e separar as folhas de sulfite com uma face limpa, que seriam
destinadas à oficina de produção de blocos de anotações, que acontecia
simultaneamente. Os alunos também tinham a tarefa de retirar possíveis grampos ou
clipes para evitar pequenos acidentes durante o processo de bater o papel no
liquidificador. Após a seleção iniciamos os procedimentos de produção do papel
reciclado. A receita foi adaptada, pois dispúnhamos de três telas apropriadas para
este fim. Desta forma, uma vez que a tela fosse mergulhada na bacia contendo a
‘polpa’ de papel líquido, e retirada dali, o material era colocado para secar ao sol
durante 24 horas, para então retirar as folhas de papel já prontas, e repetir o
processo novamente. Por este motivo, vários encontros formam realizados na oficina
visando à produção de mais papel. Cada dia um grupo de alunos era escalado para
trabalhar, o que permitiu que todos os alunos pudessem participar ativamente desta
ação.
Para dar um efeito especial no papel produzido, foram adicionados durante a
ação de bater a massa no liquidificador, diferentes corantes naturais como casca de
cebola, suco de beterraba, folhas verdes. Estes produtos deram um diferencial bem
alegre no visual das folhas produzidas.
A participação maciça e o envolvimento dos alunos com a atividade foram
muito significativos. A produção de papel reciclado é fascinante e isto foi constatado
ao observarmos o brilho do olhar dos educandos. Todo o envolvimento que
obtivemos demonstrou a compreensão e a sensibilização que aconteceu em vários
aspectos relacionados ao descaso com os resíduos sólidos e a sustentabilidade.
Este fato é muito importante pois o meio ambiente necessita dessa sensibilização
para permanecer saudável e exercer seu papel de mantenedor da vida.
Enquanto aguardavam a secagem das folhas de papel por eles produzidas,
os alunos se dedicavam à oficina de montagem de blocos de anotações ‘ecológicos’
com a parte das folhas de sulfite que não foram utilizadas para a produção de papel
reciclado. Estas folhas foram reservadas para produzir blocos de anotações porque
estavam limpas e com uma face livre de impressão. O material foi cortado em
quatro partes e perfurado para passar a espiral. Os espirais eram sobras que foram
doadas pelo gerente da gráfica. Também foram cortadas e perfuradas algumas
folhas de papel reciclado para se tornarem capas dos blocos de anotações,
promovendo um diferencial ilustrativo nas mesmas. O processo de montagem dos
blocos de anotações foi simples e prazeroso, e a satisfação era explícita no rosto
das crianças. Toda esta produção resultou em quase uma centena de blocos de
anotações ‘ecologicamente corretos’. Estes blocos de anotações foram
personalizados pelos alunos para doá-las a seus professores e a outros professores
da escola.
A produção de blocos de anotações ecológicos tem um resultado
significativo na preservação ambiental, pois promove uma forma de aproveitamento
integral do papel, evitando até mesmo que o ambiente sofra o processo oneroso e
poluidor da reciclagem de papel. A matéria prima para a produção de papel é
escassa e custosa, mesmo com as políticas de reflorestamento e conscientização da
sociedade. Neste sentido, a simples ação de reciclar o papel é tão importante quanto
a fabricação do mesmo. Principalmente por estas razões a reciclagem do papel
ganha grande destaque quando se trabalha a consciência ambiental (PARANÁ,
2008).
Na sequência das atividades práticas desenvolvidas na implementação do
projeto aconteceu a realização no laboratório de química da escola a oficina lúdica
de produção de artesanato com material reciclável e que teve como objetivo a
sensibilização dos alunos sobre atitudes e valores que envolvam a preocupação
com o meio ambiente, a importância da reciclagem e seus benefícios e também
estimular a criatividade artística e o reuso de diversos tipos de materiais.
A realização desta atividade enfatizou a importância da reutilização de
resíduos recicláveis para diminuir o acúmulo de materiais no ambiente, tornando o
lixo matéria prima social e necessária, diretamente ligada a atividades realizadas em
comunidades carentes, evitando que resíduos cheguem ao lixão, permitindo a
reutilização deste material em prol da arte e igualmente, do meio ambiente
(ALMEIDA, 2005).
Mattos e Granato (2007) identificam o artesanato com recicláveis como uma
contribuição para o reaproveitamento de materiais que teriam o seu destino no lixo.
Uma grande quantidade de artesãos e artistas trabalha com matéria prima coletada
no lixo. Esses artesões produzem de tudo: bolsas, brinquedos, luminárias, quadros,
esculturas, utensílios e até roupas (MATTOS; GRANATO, 2007).
Estimular e difundir a ideia da reutilização de materiais recicláveis por meio
da arte foi o propósito da oficina lúdica oferecida aos alunos. Segundo Almeida
(2005), estimular a criatividade, despertando a consciência ambiental nos alunos,
proporcionando um novo olhar sobre os materiais separados do lixo e suas
possibilidades como matéria-prima, inclusive para a geração de renda é muito
importante no processo da educação ambiental.
Em continuidade aos trabalhos práticos os alunos foram desafiados a
envolver-se efetivamente na atividade proposta. Eles foram incentivados a criar e
confeccionar, individualmente ou em grupos, objetos úteis utilizando material
reciclável como matéria prima.
Para cumprir este objetivo eles foram atrás de inspiração e criatividade no
laboratório de informática da escola e pesquisaram diferentes e boas ideias e novos
conceitos artesanais em páginas especializadas em artesanato.
Muitos alunos comentaram que já tinham algum conhecimento sobre este
assunto, pois já haviam participado de projetos de educação ambiental que
estimulavam o reuso de materiais recicláveis por meio da arte nas escolas que
estudaram anteriormente e foi nestas experiências que eles se inspiraram.
Esta experiência anterior de envolvimento em projetos ambientais
apresentada por alguns alunos demonstra que as instituições de ensino fundamental
estão comprometidas com a causa ambiental, o que é benéfico e oportuno, pois, a
criança das séries iniciais geralmente recebe muita atenção dos mais velhos e, desta
forma consegue divulgar estas informações sensibilizadoras em seu convívio
familiar.
O Colégio Estadual Paiçandu também tem desenvolvido atividades diversas
que abordam a educação ambiental. No Projeto Político Pedagógico (PPP) do
colégio são enfatizadas ações no processo educativo, que colocam o educando
como elemento central do processo de ensino aprendizagem, envolvendo-o
efetivamente no diagnóstico dos problemas ambientais e na busca de soluções,
preparando-o como agente de transformação do meio, através de uma conduta ética
e cidadã (PPP, 2011). Neste sentido, Nogueira (2006), complementa que a
educação ambiental é uma forma abrangente de educação e atinge a todos, através
de um processo pedagógico participativo e permanente, incutindo no educando uma
consciência crítica e ativa em prol de uma conscientização ambiental. Durante as
discussões do GTR um dos temas abordados por alguns professores foi similar às
proposições do PPP do Colégio Estadual Paiçandu, proporcionando uma discussão
acerca da conduta ética nas questões ambientais.
Após as pesquisas visando o reuso para criar objetos utilizando material
reciclável, foi realizada uma oficina onde os alunos foram organizados em grupos,
idealizando um ou mais projetos que poderiam ser reproduzidos ou de criação
própria, produzidos a partir de material reciclável.
Para realizar esta atividade envolvendo todos os 66 alunos matriculados nas
5ª séries A e B do Colégio Estadual Paiçandu, estes foram divididos em três grupos,
que trabalharam em dias diferentes, uma vez que o espaço destinado para a
realização da atividade não comportava todos. No dia combinado os grupos
trouxeram sacolas cheias com o material reciclável e os materiais de apoio, como
tesoura, cola, estilete, barbante, pincéis coloridos, tintas, que necessitariam para a
execução do projeto por eles estabelecidos.
Os trabalhos na oficina de criação transcorreram de forma produtiva e
animada, os grupos de alunos estavam bastante participativos e comprometidos com
a sua criação. Segundo Jacobi (2003), percebe-se que o envolvimento efetivo em
atividades práticas promove um comprometimento e amplia a percepção de
pertencer ao meio ambiente.
Alguns alunos produziram o seu artesanato de reciclagem em sua residência
e trouxeram o trabalho já pronto. Estes alunos relataram que pais ou outros
familiares os auxiliaram na produção do objeto artesanal, esta participação é muito
importante na valorização das questões escolares. E quando este envolvimento está
relacionado às questões ambientais, mais precisamente ligados à reciclagem e ao
reuso de materiais, é seguramente benéfico perceber o envolvimento dos familiares,
uma vez que é nas residências que o lixo doméstico é produzido, e também é ali que
deve acontecer a sensibilização em relação à destinação correta do mesmo.
Silva e Noleto (2004) afirmam que toda a sociedade deve adotar medidas
como a reutilização e reciclagem para resolver os problemas advindos do acúmulo
de lixo no ambiente, buscando encaminhar novamente a matéria prima à indústria,
favorecendo a inserção social dos catadores de reciclagem e poupando a natureza
de severas agressões.
A ação de transformar um material reciclável em objetos úteis provocou uma
grande sensibilização nos alunos envolvidos, oportunizando a percepção de que a
arte pode contribuir para o reaproveitamento de materiais que teriam no lixo o seu
destino.
Iniciativas semelhantes a estas são estimuladas por diversas entidades e
tem se multiplicado por todo país e além de preservar o meio ambiente geram renda.
O lixo torna-se matéria prima social e necessária, que está diretamente ligada a
atividades realizadas em comunidades carentes, evitando que os resíduos cheguem
ao lixão, proporcionando a reutilização deste material por meio da arte (ALMEIDA,
2005).
Durante as atividades realizadas nas oficinas de criação, os materiais que
mais se destacavam na produção de artesanato foram seguramente as garrafas ‘pet’
e as embalagens ‘longa vida’. A intensificação do uso das garrafas ‘pet’ aconteceu
na década de 70, em substituição as garrafas retornáveis e representou um aumento
significativo de plástico sendo depositados no lixo (RODRIGUES; CAVINATO, 2004).
Segundo Mattos e Granato (2007), a logística reversa deste material permite a sua
ampla reutilização. As embalagens de plástico ‘pet’ (Polietileno Tereftalato) podem
ser transformadas em fibras para a produção de cordas, fios de costura, cerdas para
a produção de vassouras e escovas e até tecido. Entretanto, a maioria dos plásticos
é um subproduto do petróleo, uma fonte não retornável e que está se esgotando
(MATTOS; GRANATO, 2007). Portanto, com a reciclagem deste material,
contribuímos com a redução de consumo de petróleo, e ainda poupamos o ambiente
da presença destes polímeros que persiste por séculos sem se decompor
(RODRIGUES; CAVINATO, 2004).
A versatilidade destes materiais é impressionante, possibilitando a criação
de uma infinidade de objetos artesanais úteis e decorativos. Existe uma infinidade
de artesões que utilizam o plástico ‘pet’ e as embalagens ‘longa vida’ em suas
criações. Inspirados nesta variedade artística, muitos alunos do projeto utilizaram
estes tipos de materiais para produzir seu trabalho.
Durante as oficinas de arte utilizando garrafas ‘pet’ foram confeccionados
vasos para plantas, mini-canteiros de cheiro verde, de plantas medicinais e
ornamentais, armadilha para mosquito, vassouras, árvore de natal, brinquedos, porta
trecos, pufes, brinquedos, entre outros.
As embalagens ‘longa vida’ ou embalagens cartonadas também oferecem
uma praticidade imensa na transformação em objetos úteis, além de serem bem
aceitas e valorizadas no comércio da reciclagem (MATTOS; GRANATO, 2007). Com
este tipo de material de descarte, os alunos produziram muitos objetos simples como
porta trecos, porta lápis e embalagens para presentes que foram encapadas com
papel colorido, tecidos e filtro de café usado. Este material também foi utilizado como
suporte para a confecção de adesivos a ser aplicados em unhas como decoração.
Um grupo pesquisou mais intensamente sobre as embalagens cartonadas e
encontrou a informação de que este material é utilizado na produção de telhas
ecológica de grande resistência e aceitação na construção civil, por ser um
excelente isolante térmico proporciona um maior conforto quando usado como
forração de residências. Eles seguiram esta linha de pesquisa e produziram uma
miniatura de casa para a exposição final, que o grupo denominou de ‘casinha de
cachorro ecológica com conforto térmico’, cuja ideia surgiu da consulta realizada em
páginas da internet e no caderno do Programa Desperdício Zero (PARANÁ, 2008).
Os alunos também encontraram no comércio local e adquiriram para expor
na mostra produtos resultantes da logística reversa das embalagens cartonadas
como telhas ecológicas e uma casinha para animais domésticos.
A etapa de encerramento das atividades consistia em uma mostra de
trabalhos desenvolvidos no projeto. Este dia foi ansiosamente aguardado por todos
os envolvidos, pois era o foco de todas as atividades durante o desenvolvimento do
projeto.
Esta atividade teve como objetivo expor ao público escolar toda a produção
cultural e artística dos alunos no decorrer da realização do projeto e provocar nos
expectadores uma consciência ambiental ampla.
De acordo com Silva e Nolêto (2004) devemos buscar meios didáticos e
criativos de sensibilização de uma comunidade para uma mudança de atitude em
relação ao lixo. Investir em divulgação sensibilizadora de educação para a
reciclagem é um meio eficaz de fazer circular conhecimentos e informações para
atingir as famílias e a comunidade (SILVA; NOLÊTO, 2004).
Os espaços da exposição foram organizados de acordo com os temas
trabalhados. Em primeiro plano, havia um espaço para os artesanatos produzidos
com reciclagem. Nessa atividade os alunos usaram muita imaginação e dedicação
nas suas variadas criações, que iam do uso das embalagens ‘longa vida’ em um
simples porta lápis, até na sofisticação de uma bolsa artesanal trabalhada em crochê
com o uso de tiras de sacolas plásticas; árvores de natal produzidas com garrafas
‘pet’ e um presépio feito de ‘papel mache’, entre muitas outras criações bem
elaborada.
Em um segundo espaço estavam dispostos os painéis contendo as
informações teóricas e ilustrativas obtidas ao longo do desenvolvimento do projeto.
Na montagem desses painéis foram utilizados o papel reciclado produzido ao longo
da realização do projeto.
Foram expostos também, diversos estandes informativos organizados pelos
alunos sobre os temas referentes à preservação ambiental explorados no decorrer
do projeto, como as lixeiras coletoras dos vários tipos de material reciclável seguindo
o padrão da cartilha Desperdício Zero (2008), onde a cor verde é destinada para
vidros, a cor amarela é destinada para metais, a cor vermelha é destinada para
coleta de plásticos, cor azul é destinada para a coleta de papel, e a forma correta de
proceder à separação dos mesmos.
Havia também estandes para o descarte correto de óleo de cozinha usado,
que estava junto ao sabão caseiro produzido com este e outras informações sobre o
descarte correto de eletrônicos, as informações sobre a nova Política Nacional de
Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010 de 02/08/2010), a adoção do uso habitual das
sacolas retornáveis, produção de adubo a partir de restos orgânicos.
Para ilustrar nosso trabalho foi exposta uma mini horta com os canteiros
feitos de garrafas ‘pet’. A oficina de produção de papel reciclado ficou montada e os
visitantes podiam manuseá-la. o processo de produção de papel artesanal. Como
todos os temas expostos foram amplamente trabalhados com os alunos, estes
estavam preparados para oferecer aos visitantes as informações que fossem
necessárias e solicitadas pelo público. Com as observações feitas durante a mostra
podemos afirmar seguramente que o objetivo proposto no projeto foi atingido.
Para o encerramento do projeto foi feita uma discussão onde os alunos
foram levados a refletir sobre as consequências dos impactos ambientais que
poderão ocorrer se não houverem mudanças de atitudes em relação ao descarte
correto dos resíduos sólidos, e como amenizar o descaso de alguns moradores em
relação a estas questões.
Conclusão
A questão da produção excessiva do lixo exige ações sérias e maior
comprometimento de toda a sociedade e uma legislação eficiente por parte do poder
público. Com a realização deste projeto percebemos que os alunos compreenderam
a importância deste comprometimento e passaram a adquirir novos hábitos em
relação ao descarte correto do lixo.
Após os estudos teóricos mostrando que a grande quantidade de lixo
produzida diariamente no mundo tem comprometido a nossa saúde e bem estar,
estes se sensibilizaram e entenderam que a sociedade em que vivemos deve refletir
e agir urgentemente no sentido de rever todo este descaso com a questão
ambiental, principalmente em relação descarte correto do lixo.
Os alunos aprenderam que para diminuir os problemas produzidos pelo
acúmulo de lixo no meio ambiente a reciclagem é um caminho curto e seguro, pois
contribui para a limpeza das cidades, auxilia na preservação dos recursos naturais e
representa a renda de muitas famílias que trabalham na coleta de material reciclável.
Esta concepção foi reforçada após a visitação dos alunos a uma cooperativa de
reciclagem, onde estes interagiram com os coletores de recicláveis, conhecendo a
dura rotina enfrentada por estes trabalhadores e compreenderam como é importante
a colaboração das famílias na seleção e destinação correta do lixo. Nesse sentido, a
educação ambiental tem papel de destaque, e cabe aos jovens como eles que tem
acesso às informações, iniciar as mudanças de atitudes em sua comunidade,
motivando e mobilizando a todos para uma reflexão sobre a importância da
preservação do espaço em que vivem, agindo por meio de ações cotidianas simples
como a destinação correta dos resíduos, o uso consciente de sacolas plásticas, de
energia elétrica, da água, entre outras, desencadeando a promoção de hábitos
saudáveis na população e melhorias na qualidade ambiental.
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