concurso público de conceção para a elaboração do 1-5...
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Concurso Público de Conceção para a Elaboração do
Projecto da Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo de Torres Vedras1-5
UMA NOVA CENTRALIDADE
O NOVO LARGO DA BILBIOTECA E DO MUSEU DO BRINQUEDO
A área de intervenção localiza-se no centro histórico de Torres
Vedras, no terreno da antiga Fábrica da Casa Hipólito e da casa de
habitação de António Hipólito, demolidas há 20 anos e que, pela
sua ausência, transformaram o quarteirão num vazio urbano, de
con'guração irregular e descaracterizado.
A construção da Biblioteca e Museu do Brinquedo neste espaço,
actualmente devoluto e degradado, constitui-se como o instrumento
ideal para a transformação deste desa'o numa oportunidade única,
ao alavancar a criação de uma nova centralidade urbana, através
da construção, de um edifício arquitectonicamente marcante e
funcionalmente apelativo. Ao ser-lhe atribuída a função de albergar
um equipamento socio-cultural de prestígio, é-lhe conferida a
potencialidade de se transformar numa instituição única, aberta
e acessível à comunidade local, verdadeiramente pública, dada a
sua capacidade de juntar e atrair todas as gerações.
Essas premissas estiveram sempre subjacentes à concepção do
presente projecto, priorizando a de'nição da forma como resposta
adequada ao contexto urbano onde se insere, em detrimento
da imposição de um novo edifício no local ou de exigências
programáticas.
Como tal, imaginou-se um edifício único que, pelo seu
posicionamento no terreno, permitisse libertar um novo espaço
público exterior, com uma forte identidade quer pela sua proximidade
a elementos patrimoniais relevantes, como a Igreja de Santiago, e
a outros espaços públicos, como a Praça Machado Santos, quer
através da preservação da vista privilegiada para o Castelo a partir
do coração deste Largo. Para isso recuou-se o novo edifício para
junto das construções existentes, privilegiando uma implantação
ortogonal face à Igreja de Santiago, e mantendo a mesma cércea
desta. Obteve-se assim uma continuidade na escala das frentes
urbanas, que colmata todos os recortes e espaços intersticiais das
fachadas cegas que limitam a área de intervenção, a par de um
desenho claramente de'nidor de um espaço público con'gurando
um Largo.
Pretende-se que todo este espaço exterior seja pedonal, com
trânsito condicionado, como sucede na Praça Machado Santos,
reforçando uma leitura de continuidade entre os dois espaços
públicos, com a Igreja de Santiago a assumir um papel de destaque.
Planta de Implantação 1/500
Vista do novo Largo da Biblioteca
Planta de Implantação 1:500
N
Alçado Rua do Aleixo 1:200
Concurso Público de Conceção para a Elaboração do
Projecto da Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo de Torres Vedras2-5
PERMEABILIDADE E ACESSIBILIDADE:
PROGRAMA FUNCIONAL
Para além da função do novo edifício como marco urbano
identitário de uma Nova Praça Pública, pretendeu-se maximizar
a sua potencialidade como elemento indutor de uma vivência
social e comunitária. Para tal deu-se particular importância às suas
características de espaço simultaneamente permeável e recatado,
qualidades inerentes à atractividade de espaços públicos.
O edifício apresenta uma volumetria simples e de carácter robusto,
em betão com impregnante de cor branca, materializando-se
por um plano liso, vazado ao nível do piso térreo, que sugere a
continuidade do alçado lateral da Igreja de Santiago. De facto,
ao nível do piso térreo o edifício abre-se para o exterior, numa
simbiose com o espaço público que abraça a Igreja de Santiago e
se prolonga para a Praça Machado dos Santos, potenciando uma
vivência intensa e versátil, ancorada na continuidade física e visual
que o próprio edifício sugere.
A norte optou-se por uma fachada em curvatura ampla e aberta,
de forma a ampliar o corredor visual entre o Largo e a Rua do
Terreirinho e antecipando deste modo a aproximação ao espaço
livre fronteiro ao edifício. Esta curvatura é rematada por uma corpo
balançado, que se estende sobre a entrada principal e a zona de
cafetaria, permitindo ainda a existência de um espaço coberto
ideal para a tomada e largada de passageiros, nomeadamente para
grupos escolares.
A localização do edifício, num espaço limitado por duas frentes
urbanas sem ligação entre si e de características bem diversi/cadas,
poderia facilmente introduzir dois efeitos indesejáveis: um “efeito
de barreira” numa zona central, constituindo, como tal, um
elemento dissuasor da acessibilidade à Praça Pública; e um “efeito
de diferenciação qualitativa” entre as duas fachadas, sendo uma
percebida como a “principal” e outra como “as traseiras”.
Para obstar à primeira destas situações, concebeu-se o piso térreo
de forma a funcionar como um espaço de ligação, um espaço
permeável e acessível, destinado ao atravessamento pedonal
público através do interior do edifício, facilitando, deste modo, a
mobilidade dos peões entre a Praça e a envolvente urbana.
Já para evitar qualquer diferenciação entre as duas frentes
edi/cadas prestou-se particular atenção ao dimensionamento das
entradas e da passagem interna, propositadamente desenhadas
para terem uma escala de arruamento, consentânea com a escala
do tecido urbano próprio do Centro Histórico. No espaço de
atravessamento interior as circulações são controladas por um
balcão de atendimento localizado entre as duas entradas.
A possibilidade de atravessar o edifício sem ter de entrar nos
espaços funcionais que o compõem reforça o lado público do novo
equipamento, contribuindo para a sua apropriação pelos habitantes
locais como parte integrante do seu dia-a-dia, numa utilização em
tudo semelhante à de uma rua pedonal.
Contudo, este espaço vazado desempenha também um papel de
elemento organizador fulcral do programa funcional, aglutinador
das funções urbanas exteriores e interiores. De facto, a apropriação
do edifício como espaço de passagem habitual torna mais atraente
e apelativa a visita ao seu interior e a sua “vulgarização” como
espaço de utilização frequente, nomeadamente no tocante aos
serviços da Biblioteca, do auditório ou do Museu do Brinquedo.
Vista do Átrio Comum
Planta de Piso 0 1:200
N
Alçado Rua Serpa Pinto 1:200
0.2.4
depósito museu
0.1.9
i.s.
0.1.4
auditório
0.1.5
apoio auditório
0.1.8
cacifos
0.1.2
apoio
átrio
0.2.1
átrio serviço
0.2.3
cargas e descargas
0.2.2
vest.
0.2.2
vest.
+ 1.25
Rua Serpa Pinto
Rua dos Celeiros Sta. Maria
Rua do Aleixo
Rua d
o T
erre
irinho
+ 0.00
entrada
serviço
Largo da Biblioteca
0.1.1
átrio comum
0.1.7
sala polivalente
0.1.3
loja
entrada
pública
+ 0.0 0
0.1.10
cafetaria
acesso Museu
0.1.6
periódicos
entrada
pública
+ 0.00
+ 0.86
Planta de Piso 1 1:200
PROGRAMA FUNCIONAL
O vazamento do espaço interior de circulação pública permite a
penetração da luz solar, propiciando a iluminação natural do centro
do edifício.
É também em torno deste elemento central aberto ao público,
distribuídos por três pisos a ele sobrejacentes, que se organizam
os espaços constitutivos do programa funcional do equipamento.
No piso térreo, em redor deste percurso de atravessamento,
localizam-se os espaços predominantemente de uso público,
como o auditório, a loja, a cafetaria, o espaço para a consulta de
periódicos e ainda um espaço polivalente.
Este espaço está pensado para uma utilização durante todo o ano,
uma vez que as suas dimensões permitem a realização de uma série
diversi/cada de eventos, tais como Feira do Livro, que funcionam
como catalizadores de um uso colectivo mais vasto.
Optou-se pela não-segmentação destes espaços de forma
permanente, recorrendo antes a uma demarcação funcional variável
através do reposicionamento do mobiliário.
Esta decisão 0exibiliza e democratiza um espaço que, ao nível do
piso térreo, que se quer o mais acessível possível.
Os pisos superiores são alocados aos usos que requerem maior
privacidade e controle, como a Biblioteca Municipal e o Museu
do Brinquedo, e aos serviços inerentes ao funcionamento dos
equipamentos em questão.
O Museu situa-se no corpo curvo a norte do edifício e distribui-
se nos dois pisos superiores, ocupando a sala de exposições o
espaço mais encerrado e os ateliers de actividades infantis têm
acesso a um espaço exterior que também é partilhado pela Secção
Infantil da Biblioteca.
Esta complementariedade entre as duas funções reforça o carácter
pedagógico da nova instituição.
Contudo, este espaço vazado desempenha também um papel de
elemento organizador fulcral do programa funcional, aglutinador
das funções urbanas exteriores e interiores. De facto, a apropriação
do edifício como espaço de passagem habitual torna mais atraente
e apelativa a visita ao seu interior e a sua “vulgarização” como
espaço de utilização frequente, nomeadamente no tocante aos
serviços da Biblioteca, do auditório ou do Museu do Brinquedo.
Secção Longitudinal 1:200
Vista da Sala de Leitura - Secção Adultos
Planta de Piso 1 1:200
N
3-5Concurso Público de Conceção para a Elaboração do
Projecto da Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo de Torres Vedras
1.3.1
reservados
1.1.1
empréstimos
cacifo
s
1.1.3
s. trabalho
1.2.2
arrumos
1.2.3
i.s.
1.2.1
espaço exposição
1.3.2
recepção doc.1.1.2
consulta adultos
1.1.4
auto-formação
1.3.3 depósito
1.3.3
depósito
1.1.3
s. trabalho
1.1.3
s. trabalho
+ 3.50
1.1.3
s. trabalho
+ 4.50
Rua Serpa Pinto
Rua dos Celeiros Sta. Maria
Rua d
o T
erre
irinho
Largo da Biblioteca
Vista da Sala de Exposições - Museu do Brinquedo
4-5
Planta de Implantação 1/500
Secção Transversal 1:200
Concurso Público de Conceção para a Elaboração do Projecto da Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo de Torres Vedras
CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS
Cafetaria
Espaço localizado junto à entrada do novo Largo da Biblioteca,
e que se poderá prolongar para um exterior coberto, sendo um
local privilegiado como ponto de encontro e que se poderá, nos
dias mais quentes, alargar com recurso a esplanada nos espaços
públicos exteriores.
Loja
Na proximidade do balcão do átrio, permite uma disposição informal
do mobiliário sendo por isso um espaço (exivel por natureza.
Espaço de consulta de periódicos
Local de estadia onde se poderão consultar, de um modo informal,
os periódicos
Auditório
Espaço com a capacidade para 100 pessoas, servido pelo átrio e
com a entrada junto ao balcão de atendimento.
Possui um pé direito com 4 metros de altura, permitindo a colocação
de cadeiras em degraus.
A abertura de um vão para o Novo Largo da Biblioteca sugere a
continuação do espaço público exterior para dentro do edifício.
encerramento caso seja o necessário o seu obscurecimento.
Espaço Expositivo do Museu
Espaço aberto, sendo acessível directamente do hall no piso
térreo, foi pensado para ser optimizado para um uso expositivo,
com iluminação controlada e pé direito de 4 metros de altura. A
curvatura que o de/ne confere-lhe a sua identidade.
Biblioteca Secção de Adultos
Este Piso, em conjunto com a Secção das Crianças, forma o espaço
central do edifício. Oferece uma vasta área de leitura e gabinetes
com uma luz natural /ltrada e controlada, sendo um espaço propicio
á concentração.
Biblioteca Secção Infantil
A sua localização no último piso da Biblioteca, assegura grande
privacidade e ainda acesso ao pátio exterior para actividades ao
ar livre.
Pátio exterior das crianças
Situado no mesmo piso que a Secção Infantil da Biblioteca, funciona
como um prolongamento deste espaço em complementariedade
com os ateliers do Museu do Brinquedo.
Tem a particularidade de ter uma vista privilegiada para o Castelo.
Cenário ideal para um imaginário infantil.
Planta de Piso 1 1:200
N
2.1.1
empréstimos
2.2.4
i.s.
2.3.2
s. reuniões
2.3.10
arrumos
2.3.9
i.s.
2.1.3
atelier expressão
2.3.3.
g. bibliotecário
2.1.4
área animação
2.3.7
g. direcção
2.1.7
i.s.
2.2.1
espaço projecção
2.1.6
s. trabalho
cacifo
s
2.1.4
pátio
2.3.6
s. reuniões
2.1.6
s. trabalho
2.1.2
espaço jogo
2.1.2
consulta infanto-juvenil
2.3.8
copa
2.3.5
s. trabalho
2.3.1
s. trabalho
2.3.4.
reprografia+ 8.00
2.1.4
espaço bébés
+ 8.00
Rua Serpa Pinto
Rua dos Celeiros Sta. Maria
Rua d
o T
erre
irinho
Largo da Biblioteca
Vista Aérea da Proposta
Planta Estacionamento Piso -1 1:500
5-5Concurso Público de Conceção para a Elaboração do Projecto da Biblioteca Municipal e do Museu do Brinquedo de Torres Vedras
IDENTIDADE ARQUITECTÓNICA
A fachada sólida é ao nível dos dois pisos superiores, materializada
por um plano liso e contínuo de betão com corante de cor branca,
dando continuidade à robustez do alçado lateral da Igreja de
Santiago e contrastando com os edifícios contíguos de alçados
recortados e detalhados.
Esta materialidade reforça a identidade de carácter contemporâneo
da Nova Biblioteca e Museu do Brinquedo preservando igualmente
a sua integração no contexto do Centro Histórico de Torres Vedras.
Respeitando a premissa do Plano de Pormenor de Reabilitação do
Centro Histórico de Torres Vedras (PPRCHTV), a fachada existente
na Rua Serpa Pinto será preservada (o troço térreo existente) e
reconstruída no mesmo betão com impregnante de cor branca,
com o desenho das alvenarias dos vãos superiores moldadas no
mesmo material.
A escolha de materiais para o interior é propositadamente
conservadora, traduzindo-se em paredes estucadas e pintadas
de cor branca, mármore para as faces exteriores dos muretes e
escadas do átrio e para os pavimentos: mármore no piso térreo e
madeira para os pisos superiores.
Planta Estacionamento Piso -2 1:500Esquema da Proposta Programática