conceito de mata paludosa

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Waechter, (1980, pgs. 15 e 16) cita vrios autores para conceituar a Mata Paludosa. (Tabela 5) Afirma ainda que, segundo MUELER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974), a Mata Paludosa enquadra-se melhor no tipo Floresta Tropical Perenifolia turfosa (tropical evergreen peat forest), pois se caracteriza pelos depsitos orgnicos superficiais, pela baixa diversidade em espcies arbreas e pelo dossel comumente inferior a 20 metros de altura. As rvores possuem baixa taxa de crescimento, dimetros reduzidos. Tambm pode ser considerada como Floresta mida (Holdridge,1947) por possuir caractersticas como temperatura mdia anual entre 12 e 24 C, pela precipitao mdia anual entre 1000 e 2000 mm, pela regio temperada quente e pelo baixo nvel altitudinal. Quanto composio florstica, possui um elevado nmero de espcies tropicais, muitas com o seu limite meridional - encontram-se espcies das famlias Orchidaceae, Bromeliaceae, Araceae (Anthurium scandens, Philodendron imbe), Arecaceae (Euterpe edulis, Geonoma schottiana), Heliconiaceae (Heliconia velliziana) entre outras.

As Florestas midas se desenvolvem sobre solos peridicos ou permanentemente inundados na plancie costeira do Rio Grande do Sul. Esto certamente entre as formaes florestais com distribuio mais restrita e que apresentam a menor rea total no Estado. Por se localizarem em reas que apresentam um estgio avanado no processo de colonizao de antigas lagoas, que sofreram um processo de colmatao (Werneck & Lorscheitter, 2001, p. 333), existem naturalmente de forma descontnua ao longo de sua regio de distribuio. Essa fragmentao foi ampliada significativamente pelo desmatamento parcial ou completo sofrido por essas formaes em dcadas passadas, o que reduziu drasticamente a extenso dos seus remanescentes. (KINDEL, 2002, p. 4)

TABELA 5. Sinnimos de Mata PaludosaAUTOR (ano)DENOMINAO

Hueck (1966, 1972)Mata pluvial costeira do Brasil

Andrade-Lima (1966)Floresta pereniflia latifoliada higrfila costeira (estende-se do RN ao RS)

Hueck & Seibert (1972)Mata pluvial tropical perenifolia das plancies costeiras atlnticas

Rambo (1950)Matinha pantanosa, mata paludosa, matinha palustre e mata brejosa

Lindeman et alii (1975)Mata de baixadas

Mueler-Dombois & Ellenberg (1974)Floresta Tropical Pereniflia turfosa

Holdridge (1947) Floresta mida

Fonte: A autoraA Reserva apresenta na sua poro oeste, uma mata de encosta denominada por Formao Submontana. Essa formao situa-se nas encostas dos planaltos e/ou serras entre os 4 de latitude N e os 16 de latitude S a partir dos 100 m at os 600 m; de 16 de latitude S a 24 de latitude S de 50 m at 500m; de 24 de latitude S a 32 de latitude S de 30 m at 400 m. (IBGE, 1991, p. 64) A Floresta Submontana ocorre na forma de agrupamentos bem desenvolvidos, cujas rvores muitas vezes ultrapassam os 25 m de altura e cuja composio florstica varia amplamente em funo das caractersticas pedolgicas, do relevo e da exposio das vertentes dos locais de ocorrncia. A Formao Submontana, na classificao de LEITE (1995, p. 122), pertence s Formaes da Superfcie de Dissecao da Subzona Ombrotrmica Costeira.

H compartimentos da Encosta com Floresta Submontana que est bem conservada, trechos dominados por capoeiras e com vegetao secundria em expanso (figura 8). H tambm compartimentos com solo exposto, com pastagem natural e com o cultivo de banana (figura 6) e em alguns locais se verifica a acumulao de gua, formando pequenos banhados de altitude que, segundo o Diagnstico Ambiental, confere um ambiente peculiar na Reserva. Nesse diagnstico, so identificadas 46 representantes da flora, sendo que, das dez espcies que apresentaram maior ocorrncia, trs foram espcies de caractersticas pioneiras, demonstrando ser uma mata secundria em adiantado estgio de regenerao como a Ing semialata, Trema micrantha e a Cecropia catharinensis. A poro leste corresponde mata paludosa propriamente dita, formada por mosaicos de vegetao florestal e com vegetao tpica de banhado que pode ser designada como Formao das Terras Baixas. Essa formao, segundo o IBGE (1991, p. 64) situa-se entre os 4 de latitude N e os 16 de latitude S (dos 5 m at os 100 m acima do nvel do mar), de 16 de latitude S at 24 de latitude S (de 5 m at 50 m acima do nvel do mar) e de 24 de latitude S at 32 de latitude S (de 5 m at 30 m acima do nvel do mar). A Floresta de Terras Baixas ocupa solos periodicamente inundados, originrios de acumulaes marinhas, fluviais ou lacustres. A vegetao original, em funo da fertilidade desses solos e do relevo plano, foi intensamente alterada pela ao antrpica, principalmente na utilizao agrcola.

Figura 8. rea da Encosta da Reserva Biolgica Estadual Mata Paludosa

FONTE: A autora, outubro de 2003.A Floresta de Terras Baixas, na classificao de Leite (1995, p. 123), em geral, pouco exuberante e apresenta porte mdio de 15 a 20 metros de altura. Tem estrutura e fisionomia uniforme, com o mesmo padro florstico e estrutural, como podemos observar na figura 9. Segundo o autor, a cobertura vegetal de crescimento rpido e o sub-bosque normalmente pouco denso, exceto em certos locais onde se desenvolve um tapete herbceo abundante, estabelecendo diferenciaes de densidade entre os estratos da formao. Observam-se tambm, alguns locais com longos perodos de inundao. Segundo a avaliao feita pela Beck de Souza Engenharia Ltda (p. 152), a mata paludosa possui uma rea de vegetao florestal com manchas em bom estado de conservao. H locais com uma vegetao de porte arbustivo e outros que devido pequena variao na topografia conduz a uma maior disponibilidade de gua caracterizada por uma vegetao tpica de banhado, como o Cyperus spp., Eryngium pandanifolium e Hedychium coronatium (gengibre). Nos locais mais fechados da rea de vegetao florestal podem-se destacar as palmeiras como Syagrus romanzoffiana (geriv), Geonoma schottiana (ouricana), G. gamiova (gamiova), Bactris lindmaniana (tucum) e Euterpe edulis (palmiteiro). Das 39 espcies amostradas as mais abundantes encontradas na mata foram a Cedrela fissilis (cedro), a Jacaranda micrantha (caroba), a Cabralea canjerana (cangerana) e o Matayba elaegnides (camboat-vermelho), com densidades que correspondem respectivamente a 295, 156, 139 e 104 indivduos/ha. Tambm h uma riqueza muito grande de espcies de lianas e epfitas.

Figura 9. Vegetao da Mata Paludosa em contato com a RS-486

FONTE: A autora, novembro de 2003No ano de 2002 foi executado pela Beck de Souza Engenharia Ltda um inventrio das espcies vegetais que ocorrem na Reserva Biolgica Estadual Mata Paludosa utilizando a metodologia de FILGUEIRAS et al. (1994), identificando as espcies presentes com seus aspectos mais significativos. Utilizou-se tambm o Mtodo dos Quadrantes Centrados num Ponto de MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974) para uma avaliao quali-quantitativa da vegetao arbrea.As espcies relevantes para a conservao da Reserva, que consta na Lista das espcies ameaadas da flora do Rio Grande do Sul, fornecida pela Fundao Zoobotnica do Rio Grande do Sul so: palmito ou ripa -Euterpe edulis- (em perigo), guaricana -Geonoma gamiova- (em perigo), guaricana -Geonoma shottiana- (em perigo), figueira -Margaritaria nobilis- (rara), corticeira-da-serra -Erytrina falcata- (protegida por lei), canela-sassafrz -Ocotea pretiosa- (em perigo), baguau -Talauma ovata- (em perigo), leiteiro -Brosimum lactescens- (em perigo), figueira -Ficus inspida- (protegida), figueira-da-folha-mida -Ficus organensis- (protegida), hera-das-rvores -Maregravia polyantha- (em perigo), mamoeiro-do-mato -Jacaratia spinosa- (em perigo) e todas as bromlias que constam na lista dos exemplares encontrados na Reserva.

Antiga RS-486

VEGETAO SECUNDRIA

FLORESTA SUBMONTANA

capoeira

Fonte: A autora, outubro de 2003.