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Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas Seminário Internacional “Educação e Inclusão: perspetivas comparadas (Portugal / Brasil)” Maria João Mogarro (IEUL) Nelson Santos (IEUL)

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Comunicação apresentada no dia 4 de novembro no Instituto de Educação, no âmbito do Seminário Internacional “Educação e Inclusão: perspetivas comparadas (Portugal / Brasil)”.

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Page 1: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Educação inclusiva e formação de

professores em Portugal: discursos,

realidades e perspetivas

Seminário Internacional

“Educação e Inclusão: perspetivas comparadas (Portugal / Brasil)”

Maria João Mogarro (IEUL)

Nelson Santos (IEUL)

Page 2: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Formação de professores

• Lei de Bases do Sistema

Educativo Português (Lei

n.º 46/86, de 14 de Outubro,

e as respetivas alterações,

principalmente a de 2005),

• Decreto-Lei n.º 344/89, de

11 de 0utubro,

• Decreto-Lei n.º 6/2001, de

18 de janeiro

• Decreto-Lei nº 240/2001, de

30 de Agosto (os padrões

de qualidade da formação

inicial)

• Decreto-Lei nº43/2007, de

22 de Fevereiro

Educação Inclusiva

• Warnock Report, 1978

• Decreto-Lei n.º 319/91, de

23 de agosto

• Declaração de Salamanca,

1994

• Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7

de janeiro

• Conferência Internacional

da Educação da UNESCO,

Genebra, Novembro de

2008

Enquadramento legal: ensino básico

(1.º e 2.º ciclos) e educação infantil

Page 3: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

O que está legislado?

Formação Inicial

Decreto-Lei n.º 43/2007, de 22 de Fevereiro

Estipula que a habilitação para a docência deverá passar pela realização de provas de

Mestrado (2º ciclo de Bolonha) e sustenta a possibilidade de quatro vias em termos

formativos: Educação de Infância; Professor do 1º ciclo; Educador de

Infância/Professor do 1º ciclo e Professor do 1º ciclo/Professor do 2º ciclo.

Page 4: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

O que está legislado?

Formação Inicial

Decreto-Lei n.º 43/2007

De acordo com este diploma, no seu artigo 14.º, ponto 1:

Os ciclos de estudos organizados nos termos e para os efeitos previstos no

presente decreto-lei incluem as seguintes componentes de formação, garantindo

a sua adequada integração em função das exigências do desempenho

profissional: a) Formação educacional geral; b) Didácticas específicas; c)

Iniciação à prática profissional; d) Formação cultural, social e ética; e) Formação

em metodologias de investigação educacional; e f) Formação na área de

docência.

Page 5: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

O que está legislado?

Formação Especializada

Decreto-Lei n.o 95/97 de 23 de Abril

Artigo 4.o - Cursos de formação especializada

1- (…) a) Qualifique para o exercício de cargos, funções ou actividades educativas

especializadas de natureza pedagógica ou administrativa com aplicação directa no

funcionamento do sistema educativo e das escolas;

2- A formação especializada pode ainda ser titulada por:

a) Um diploma de conclusão da parte curricular de um mestrado, atribuído ao

abrigo do n.o 1 do artigo 10.o do Decreto-Lei n.o 216/92, de 13 de Outubro;

b) O grau de mestre;

c) O grau de doutor.

Page 6: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

O que está legislado?

Formação Especializada

Decreto-Lei n.o 95/97 de 23 de Abril

Artigo 6.o Organização curricular

1 — Os cursos de formação especializada devem ter uma duração não inferior a 250

horas efectivas de formação (…)

Page 7: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Não podemos “desenvolver as instituições

sem desenvolvermos as pessoas”.

Fullan e Stiegelbauer (1991, p. 349)

Breve enquadramento teórico

Page 8: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Breve enquadramento teórico

Educação Inclusiva

=

Educação Especial

Page 9: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

As universidades podem desempenhar um importante papel consultivo no

desenvolvimento da educação das necessidades especiais, em particular no que

respeita a investigação, a avaliação, a formação de formadores, a elaboração de

programas de formação e produção de materiais. Deve ser promovida

cooperação entre universidades e instituições de ensino superior (…).

Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p. 28)

Breve enquadramento teórico

Page 10: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

A voz dos professores…

Sobre a formação inicial…

“Penso que não, acima de tudo porque sempre que se abordava qualquer questão didática

ou pedagógica era sempre tendo em conta o ‘aluno tipo’.” (ER2)

“ (…) preparou de forma pouco consistente.” (EE1)

“ (…) a minha formação inicial encontrava muito longe da heterogeneidade existente nas

escolas para todos os alunos incluindo os de NEE.” (EE2)

“A minha formação inicial não foi muito clara na abordagem a questões sobre alunos com

Necessidades Educativas Especiais.” (ER3)

Page 11: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

A voz dos professores…

Sobre a formação inicial…

“ (…) as disciplinas de Didática (…) incentivaram um ensino direcionado para as diferenças

individuais, para que essa diversificação promovesse o enriquecimento pessoal dos alunos

e favorecesse a sua aprendizagem.” (EE4)

“Não, apesar de ter tido na formação inicial uma professora que nos conseguiu passar a

preocupação e o interesse, bem como a enorme diversidade de problemáticas (sem abordar

especificamente nenhuma), não nos prepara para dar as respostas às necessidades da

escola.” (ER1)

“(…) a única cadeira que tive destinada, única e exclusivamente a esse efeito intitulava-se

“Necessidades Educativas Especiais” e, dada a experiência prévia da professora que a

lecionava, apenas abordámos o trabalho com crianças cegas e mesmo assim de um modo

muito superficial.” (ER2)

Page 12: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

A voz dos professores…

Sobre a formação inicial…

“Neste nível, a formação consistiu no estudo de metodologias de ação, estratégias,

construção de materiais, sendo útil nesta vertente, mas faltando a componente prática.”

(EE4)

“Apenas na minha prática me deparei com alunos com necessidades específicas e

começaram então a surgir as dificuldades. Foi no contexto de grupo de formação

cooperada que fui encontrando respostas às minhas dúvidas e inquietações.” (ER2)

Page 13: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

A voz dos professores…

Sobre a formação especializada…

“Penso que me preparou para chegar a escola e intervir, mas a aprendizagem fulcral é no

dia a dia, e com procura de informação por parte do docente educação especial, dado que

encontramos um leque de casos com características muito específicas.” (EE4)

“ (…) às vezes parece que há pouca ligação á prática e também é questionável a seleção

dos conteúdos programáticos.” (EE4)

“ (…) foi necessário pesquisar, aprender e reaprender através da experiencia e das

vivencias dos próprios alunos, (…)” (EE2)

“Não o suficiente. Fiquei sim motivada para continuar a trabalhar com crianças especiais. E

determinada a estudar mais sobre as problemáticas que ião aparecendo. Tudo virado para o

aluno e não para a escola.” (EE5)

Page 14: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Mudanças na formação inicial

Abordagem mais prática

Inclusão de UC’s

Maior profundidade

Abordagem transversal em todo o curso

A voz dos professores…

Page 15: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

• Abordagem mais prática

Mudanças na formação especializada

A voz dos professores…

Page 16: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Em Formação de Professores para a Educação Inclusiva, nos dias de hoje,

existem três tendências se conhece na teoria mas que são colocadas muito

pouco em prática:

(Rodrigues, 2013)

Perspetivas sobre Formação de Professores

Isomorfismo: os formandos devem vivenciar, durante a formação, experiências

semelhantes (não iguais) às que vão encontrar na vida profissional;

Infusão: distribuir os conteúdos específicos (ex: Educação Inclusiva) pelas diversas

Unidades Curriculares da formação;

Relação teoria – investigação – prática: experiências de articulação entre os conteúdos

teóricos, a pesquisa e a intervenção no terreno.

Page 17: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

A realidade dos cursos de 1.º e 2.º CEB

O levantamento dos dados constantes no quadro foi realizado entre maio e outubro de 2013.

Foram consultados todos os sites das Instituições e confirmados alguns dados através de despachos e portarias de criação dos cursos.

Levantamento das UC’s de NEE/EI

O quadro que foi apresentado neste diapositivo foi retirado

porque ainda nos encontramos a aguardar a data para defesa do

projeto.

Page 18: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Formação Especializada

Instituições

Escola Superior de

Educação de Almeida

Garrett.

Escola Superior de

Educação de Paula

Frassinetti

Universidade

Lusíada do Porto

Instituto Politécnico

de Coimbra - Escola

Superior de

Educação de

Coimbra

Universidade de

Évora - Escola de

Ciências Sociais

Universidade do

Minho

Universidade

Técnica de Lisboa -

Faculdade de

Motricidade

Humana

ECTS 10 60 60 60 60

Horas 270 horas 1500 horas 250 horas 280 horas 1560 horas 1380 horas 480 horas

Semestres 2 semestres 2 semestres 2 semestres 2 semestres

Levantamento dos ECTS dos cursos de

formação especializada

O levantamento dos dados constantes no quadro foi realizado em outubro de 2013.

Foram consultados os sites de algumas Instituições. Neste quadro estão apenas alguns dados dos que foram recolhidos.

Page 19: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Mestrados

Nome do

Estabelecimento

Nome do Curso Nº Períodos ECTS

Escola Superior de

Educação de Almeida

Garrett

Ciências da Educação, área de

especialização em Educação Especial

e Domínio Cognitivo e Motor

3 90

Escola Superior de

Educação Jean Piaget

de Almada

Educação Especial 3 + 1 105

Instituto Politécnico de

Lisboa - Escola

Superior de Educação

de Lisboa

Educação Especial 4 120

Universidade do Minho Educação Especial 4 120

Instituto Superior de

Educação e Ciências

Área de especialização em Cognição

e Motricidade

4 120

O levantamento dos dados constantes no quadro foi realizado em outubro de 2013.

Foram consultados os sites de algumas Instituições. Neste quadro estão apenas alguns dados dos que foram recolhidos.

Levantamento dos ECTS Mestrados

Page 20: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Perspetivas

Educação Inclusiva

QualidadeEquidade

(UNESCO – Inclusive Education in Action; Rodrigues, 2013)

Page 21: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Perspetivas

Formação de Professores para a Inclusão

Trabalho colaborativo

Formação em contexto real

Currículo da formação

(UNESCO – Inclusive Education in Action)

Page 22: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

"Vamos pegar nos nossos livros e nas nossas canetas. Eles são as nossas

mais poderosas armas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta

podem mudar o mundo. A Educação é a única solução. A educação em

primeiro lugar“

(Malala Yousufzai, 2013)

Em jeito de conclusão…

Page 23: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Muito Obrigado!

[email protected]

[email protected]

Page 24: Comunicação "Educação inclusiva e formação de professores em Portugal: discursos, realidades e perspetivas"

Referências Bibliográficas

Ainscow, M., Tornar a educação inclusiva: como esta tarefa deve ser conceituada?, In: Fávero, O., Ferreira, W., Ireland, T. e

Barreiros, D. (Orgs.). Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009. pp. 11-23.

Declaração de Salamanca. (1994). Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade.

Barcelona: UNESCO.

Decreto-Lei n.º 216/92 de 13 de Outubro

Decreto-Lei n.o 95/97 de 23 de Abril

Fullan, M. e Stiegelbauer, S. (1991). The new meaning of educational change. London: Cassel.

Malala Yousufzai - discurso na ONU – consultado em: http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13916984/1

Rodrigues, D. (2013, março). Os desafios da Equidade e da Inclusão na Formação de Professores de Educação Especial.

Comunicação apresentada na Conferência Parlamentar sobre Formação Inicial e Contínua, na área da Educação Especial, face

aos desafios do alargamento da escolaridade obrigatória inclusiva, realizada na Assembleia da República, Portugal.

Sousa, C. (2013, março). Como formar para a escola do século XXI?. Comunicação apresentada na Conferência Parlamentar

sobre Formação Inicial e Contínua, na área da Educação Especial, face aos desafios do alargamento da escolaridade obrigatória

inclusiva, realizada na Assembleia da República, Portugal.

UNESCO – Inclusive Education in Action, consultado em http://www.inclusive-education-in-action.org/iea/index.php?menuid=1