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    Classicismo, Coordenao Modular e habitao

    Danilo Matoso Macedo

    Elcio Gomes da Silva

    13 ago.2007

    Texto apresentado no IV colquio de pesquisas em habitao Coordenao Modular eMutabilidade, na Escola de Arquitetura da UFMG, em Belo Horizonte, em 14 de agosto de2007.

    Resumo

    A Arquitetura Moderna tem seu fundamento no Racionalismo Clssico franco-germnicodo final do sculo XIX, dele herdando a estratgia de adequao de princpios formais eestruturais clssicos s tecnologias e mtodos construtivos contemporneos. O cerne destapotica clssica pode ser sistematizado em taxis, generae simetria. Taxis a malha de eixos

    ordenadores e o princpio da tripartio. Genera o carter da edificao, representado emsuas propores e seu sistema de elementos decorativos. Simetria o modo como oselementos degenera so dispostos pela taxis, compondo ritmos com suas figuras. A obraterica e arquitetnica de Le Corbusier destaca-se na reinterpretao desses princpiossegundo postulados industriais modernos. Atravs deste caminho, taxis reduz-se a mdulo,e a simetria, esvaziada dogenera, torna-se Coordenao Modular,associada industrializaode componentes construtivos. Conquanto em alguns pases esta prtica tenha sido levada acabo com sucesso, no Brasil a adoo da tradio clssica destinada construo demonumentos acabou por no adequar-se efetivamente ao prosasmo da habitao.Identificada a ascendncia clssica formal do conceito de Coordenao Modular, pode-se

    dissoci-lo do conceito de industrializao da construo habitacional, abrindo-se oscaminhos para novas teorias e prticas.

    CLASSICISMO, COORDENAO MODULAR E HABITAO

    [1]

    O mdulo ordena a construo. A regularidade uma das caractersticas consideradasatemporaisem arquitetura. No sculo XX, entretanto, a modulao tornou-se sinnimo de

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    padronizao e de industrializao construtiva. Pretendemos aqui mapear esta associaoentre mdulo construtivo e industrializao, problematizando-a e apontando possveissolues para os impasses apresentados.

    Um dos ncleos geradores da Arquitetura Moderna fundou-se na tradio do RacionalismoClssico europeu. Expoentes como Le Corbusier, Walter Gropius e Mies van der Rohe

    tiveram influncia direta de Auguste Perret e Peter Behrens, mestres daquela corrente depensamento, que aliava racionalidade construtiva contempornea a princpios ordenadoresde feio clssica.

    Peter Behrens foi um dos fundadores do Deutsche Werkbundem 1907. O grupo, constitudopor artistas das mais variadas formaes, tinha por princpio promover a emancipaoindividual atravs da arte, e a emancipao artstica atravs da indstria. Para tanto,

    baseavam-se na definio de objetos-tipopassveis de expandir os campos da indstria pormeio do design. Com este intuito, era natural que a arquitetura fabril tambm fosse tornadaobjeto de arte. Este foi o caso dos galpes da companhia eltrica AEG, projetados por

    Behrens a partir de 1908, onde princpios clssicos de ordenao destacaram os edifcios,articulando suas fachadas em padres mtricos claros e composies tripartites.[2]

    J o francs Auguste Perret, formado na tradio da Beaux-Artsfrancesa, via o classicismocomo um sistemanaturalde arquitetura, uma constante histrica a ser seguida e adaptadas novas tcnicas construtivas, como o concreto armado. Este material era usado por Perretna forma de um sistema patenteado em 1897 pelo construtor Franois Hennebique,constitudo por um conjunto monoltico de lajes, vigas e pilares dispostos de modo anlogoao que vinha sendo feito nos esqueletos metlicos (Fig.01).[3] Este sistema era tambmcoerente com a origem tectnicaou carpinteiraque historiadores franceses, como Auguste

    Choisy, atribuam arquitetura clssica (Fig.02).

    Fig. 01 Sistema construtivo em concreto armado de Hennebique, patenteado em 1897.

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    Fig. 02 Origem carpinteira da ordem Drica, segundo Choisy.

    A tcnica que desafiou os arquitetos a tentativas de adaptao do cnon clssico de fato eranova: o uso edilcio de elementos de ao e ferro fundido constituiu, no sculo XIX, umaverdadeira experincia de industrializao e pr-fabricao modular. Empresas como a de

    James Bogardus[4] forneciam componentes, elementos e edifcios inteiros que eramfabricados nos Estados Unidos e Europa, vendidos por meio de catlogo, transportados e

    montados em virtualmente qualquer parte do mundo. No Brasil, por exemplo, a arquiteturadestinada s estaes ferrovirias , em grande parte, construda segundo esteprocedimento.

    A modulao, embora raras vezes enunciada, a caracterstica-chave da fuso entreclassicismo e indstria a que racionalistas alemes e franceses almejavam na virada dosculo. Para aqueles arquitetos, era na ordem presente nos ritmos estruturais e no uso depropores clssicas que residiria a garantia de qualidade plstica dos edifcios.

    Desde o Renascimento, no sculo XV, a cultura arquitetnica ocidental recorreu ao estudodas obras da Grcia e Roma clssicas. A instrumentalizao da histria vinha do desejo deconstruo de identidades locais para as cidades-estado italianas a partir da recuperao deelementos culturais da poderosa Roma Imperial. Entretanto, os mil anos que os separavamdos perodos clssicos da arquitetura haviam apagado grande parte das tradiesconstrutivas e da memria que permitiria o historicismo pretendido, ensejando a realizaode pesquisas e levantamentos sistemticos das runas romanas. Em 1414, PoggioBracciollini publicou em Florena uma verso dos Dez livros de Arquitetura,de autoria doarquiteto romano do sc. I, Marcus Vitruvius Pollio. Embora recuperado sem ilustraesoriginais, o livro estabeleceu uma tradio tratadstica sem precedentes na culturaocidental, ensejando a publicao de diversos manuais anlogos a partir de ento. Com

    base nos princpios vitruvianos, nas pesquisas arqueolgicas e nas prprias obras dosarquitetos renascentistas criou-se um cnon clssico ainda mais poderoso e abrangente queaquele que lhe deu origem. Numa sociedade cada vez mais regida pela cincia e pela razocapitalista, a regra clssica representava umprocedimento racional[5] convencionado esocialmente aceito para a produo arquitetnica.

    Alexander Tzonis e Liane Lefaivre fornecem-nos uma explicao contempornea desteprocedimento. Trata-se, antes de mais nada, de um cnon balizado pela lgica visual logosopticos -[6] das obras, que

    () foram admiradas por sculos e continentes por sua persistncia de equilbrio esimetria, foco efinalidade, eproporcionalidade e hierarquia;por sua divisibilidade em

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    distintos temas concisos; e por sua unidade, alcanada por plantas combinatriasgerativas explcitas, computveis e padronizadas, pequenas em nmero, masinfinitamente flexveis e adaptveis.[7]

    Estas qualidades so alcanadas atravs dos princpios da taxis, do uso de elementos deenus, e da simetria.

    A taxis o princpio ordenador da obra, constitudo pela conformao do edifcio a umamalhaimaginria retangular ou polar, de intervalos regulares, bem como pela tripartio.A taxis tridimensional, de modo que os componentes e elementos[8] distribuem-se tantoem alinhamento com a malha como tripartidos em seu conjunto e detalhes. Assim,verticalmente, a fachada de um templo grego constituda por entablamento, colunas, eestilbato. As colunas so compostas por capitel, fuste e base, e assim sucessivamente at osmnimos detalhes construtivos (Fig.03).

    Fig. 03 Taxis representada nos Prcis des leons darchitecture, J. N. L. Durand, 1823.

    Ogenus, ougenera, conhecido pelas ordensda arquitetura clssica, [9] a atribuio de umcarter codificado obra. Uma vez ordenada pela taxis (ou seja, seccionada e subseccionada), entouma composio arquitetnica est pronta para ser ocupada ou povoada por elementosarquitetnicos.[10] A forma e disposio dos elementos degenusseguem regrascompositivas estritas, de acordo com sua classificao: Drico, Jnico, Corntio ou Toscano.Cada um destes gneros possui seu prprio universo de componentes decorativos epropores, embora sempre articulando os mesmos elementos: entablamento, coluna eembasamento. O poder de articulao de cada um deles incide no conjunto formal, numgradiente de esbeltez e leveza que parte do Drico genus de poucos detalhes, propores

    mais robustas das colunas e decorao ritmada -, passando pelo Jnico mais rebuscado,com propores mais esbeltas das colunas e decorao fluida -, at o Corntio que acentuaa delicadeza, leveza e fluidez dogenusJnico.[11] A tradio erudita clssica privilegia aleitura dos fustes das colunas e seus capitis como componentes determinantes dogenus(Fig.04).

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    Fig. 04 Genus Toscano, Drico, Jnico, Corntio e Compsito, segundo Claude Perrault,

    1676.

    Osgenera carregam consigo diversos simbolismos. Primeiramente por terem sidodesenvolvidos e construdos para templos religiosos dedicados a deuses antropomrficosgregos e romanos: deidades que tinham caractersticas e personalidades humanas. Ostemplos e seusgeneradialogaram de maneira viva ao longo da histria com estes valores,ressemantizando-se mutuamente. Alm disso, na Roma Imperial, a arquitetura passou a serum instrumento de dominao, estendendo o campo simblico de cadagenusarquitetnico determinao de classes e posies sociais nas cidades. De fato, a prpria origem do termoclssico vem desta distino. Clssico diz respeito ordem social dos classici, o nvel mais alto da

    estrutura hierrquica social da Roma antiga, justaposta mais baixa: a dos proletarii.[12]

    Alm destas metforas sociais, ogenusrelaciona a arquitetura ao homem num nvel aindamais prximo:

    Alguns traos do pensamento divinatrio aparecem em Vitruvius, particularmente nasua definio de decor[...]. Esta noo, ele sugere, dita qual genus apropriado ao cultode cada deus. [...] De onde as propores dos membros do templo devem lembraraquelas de hominis bene figurati memborum(De Architectura, lv.III, cap.I, para.1), osmembros de um corpo humano bem formado. Vitruvius aqui certamente pr-racional.

    Ele afirma ainda que as sees de uma coluna o capitel, o fuste, e a base soderivadas das principais divises do corpo humano a cabea, o tronco e os ps (DeArchitectura, lv.III, para.1).[13]

    Estas relaes entre corpo humano e arquitetura esto no cerne do princpio clssico dasimetria. O termo aqui usado num sentido mais amplo que o da simetria bilateral,a queremete na linguagem cotidiana:

    Simetria a coerncia entre os membros da obra mesma, e a relao entre as diferentespartes e o esquema geral, de acordo o padro estabelecido por uma parte. No corpohumano h um tipo de harmonia simtrica entre antebrao, p, palma, dedo e outraspartes menores; e assim ocorre nas obras perfeitas. No caso de templos, a simetria deve

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    ser calculada a partir da espessura de uma coluna ou de um triglifo. [14]

    Trata-se aqui, portanto, de todo o sistema de propores do edifcio e do modo como sedispem os elementos degenus:

    H dois tipos de relaes no nvel compositivo da simetria, dois esquemas: um

    determinado pelo ritmoe um, tomando de emprstimo um termo da msica e retricaclssicas, governado porfigurasarquitetnicas, tanto evidentesquanto sbitas. [15]

    Para tratar de ritmo, Tzonis e Lefaivre no se restringem imagem das colunas, lidandocom elementos tensionados pilares, esttuas etc e com elementos no-tensionadosentreeles vazios, panos lisos de paredes etc -, de modo a configurar o ritmoe opadro mtricodeuma obra clssica (Fig.05). Assim, Vitruvius classifica os templos pela relao entre as celasinternas e o padro mtrico sua volta,[16] pelo nmero de colunas da fachada frontal,[17]e pela distncia do intercolnio [18]- com mdulo no dimetro da base da coluna, conforme

    j citado acima.

    Fig. 05 Simetria no intercolnio em padres rtmicos aplicados Genera.

    Asfiguras arquitetnicas so articulaes especficas dos elementos ou de suas unidadescompositivas. A expresso geomtrica destas figuras define os traados reguladores da obra.Formam-se ento relaes entre quadrados, retngulos, crculos. a composio defigurasque ordena da fuso entre taxis egenera.

    Tendo visto sumariamente alguns dos princpios clssicos passveis de apropriao pelosarquitetos modernos, vejamos alguns caminhos pelos quais esta nova sntese ocorreu.

    Quando Le Corbusier, que trabalhara com Behrens e Perret, prope o esqueleto Dom-inoem1914, alia a lgica construtiva do concreto armado criao de um objeto-tipo, passvel deproduo em massa. O esqueleto de concreto armado de ascendncia clssica, desenvolvidopor Hennebique e Perret, ganhava agora uma nova feio, com o vigamento embutidonuma laje dupla.

    O desejo de produo industrializada da habitao estava no cerne da tentativa dos

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    arquitetos do Deutsche Werkbundde emancipao artstica popular atravs da indstria, e defato este grupo foi o primeiro a tratar a habitao popular para trabalhadores comoelemento de desenho industrial.[19] Entretanto, no caso dasMaisons Dom-ino nose trataapenas de um componente construtivo padronizado, mas de toda a estrutura da obra. Oordenamento clssico se fazia presente na simetria do seu sistema de propores, natripartio da fachada, na taxis estrutural de cada residnciae, em seu conjunto, no

    agrupamento modulado das unidades habitacionais, disposto segundo o que Tzonis eLefaivre chamariam deparataxis.[20] Conforme veremos, Le Corbusier talvez o caso maismarcante de tentativa de manuteno do cnon clssico na produo moderna.

    Mesmo a emancipao intelectual e artstica do mestre suo a partir de seu engajamentono purismo de Ozenfant e da publicao de Depois do Cubismo, [21] em 1918 era umareao desintegrao da perspectiva e da representao clssica que o cubismo vinhapromovendo na pintura e escultura. A partir de ento, praticamente toda a sua produoterica e arquitetnica est imbuda de um esprito declarado de releitura da tradioclssica a partir de um novo lirismo[22]baseado nas tcnicas construtivas contemporneas e

    nos desejos socialistas de renovao social que a Alemanha e a recm-constituda UnioSovitica irradiavam por toda a Europa.

    A publicao mais influente de Corbusier , sem dvida, Por uma arquitetura. Nestacoletnea de textos, o arquiteto enuncia explcita e recorrentemente os valores clssicos quelegitimariam a sua atividade.

    A taxis enunciada nos Trs lembretes aos senhores arquitetos, nos captulos dedicados superfciee planta, onde explica: deixar a um volume o esplendor de sua forma sob a luz mas, poroutro lado, consagrar a superfcie a tarefas quase sempre utilitrias obrigar-se a encontrar na

    diviso imposta da superfcie as linhas reveladoras, asgeratrizesda forma.[23] A origem destaslinhas explicada no captulo seguinte: a planta traz consigo um ritmo primrio determinado: aobra se desenvolve em extenso e em altura segundo suas prescries com conseqncias que seestendem do mais simples ao mais complexo conforme a mesma lei. A unidade da lei a lei da boa

    planta: lei simples infinitamente modulvel.[24]Mais adiante, em outro captulo dedicado splantas, Corbusier ainda mais explcito: O eixo talvez primeira manifestao humana.[...] Aordenao a hierarquia dos eixos, logo a hierarquia dos fins, a classificao das intenes. [25]

    Osgeneraso tratados segundo dois pontos de vista: primeiramente, o arquiteto faz anegao dos sistemas decorativos ao repetir a epgrafe: A arquitetura no tem nada a ver com

    os estilos.[26] Mais adiante, dedica um captulo exaltao da arquitetura grega e suamodenatura arquitetura, pura criao do esprito. Ali sugerida uma relao de coernciaentre o carter geral de uma edificao e a feio de seus componentes:

    A planta da casa, seu cubo e suas superfcies foram determinadas, em parte, pelos dadosutilitrios do problema e, em parte, pela imaginao, a criao plstica. J na sua planta, epor conseguinte em tudo o que se eleva no espao, o arquiteto foi plstico; disciplinou asreivindicaes utilitrias em virtude de um objetivo plstico que perseguia; ele comps.

    Ento chegou esse momento em que era preciso gravar os traos do rosto. Ele fez intervir aluz e a sombra em apoio daquilo que queria dizer. A modenatura interveio. E a modenaturaest livre de qualquer imposio; uma inveno total que torna um rosto radioso ou

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    envelhecido.[27]

    Mantm-se assim o conceito de atribuio de caractersticas humanas ao edifcio, o qualpode ser atingido no mais pelos elementos decorativos, mas pela articulao geral doselementos e componentes da edificao e suas propores. Por exemplo, uma colunaesbelta ainda hoje considerada delicada, oufeminina(ou Jnica, ou Corntia), enquanto

    uma coluna menos esbelta ainda considerada austera, robusta, masculina.

    O conjunto de princpios clssicos mais abertamente adotado por Corbusier, entretanto, asimetria.As referncias mais diretas ocorrem na adoo de traados reguladores e nocaptulo: A lio de Roma.Os traados reguladores atribuem relaes geomtricas especficas quadrados, retngulos ureos e mdulos s composies de fachadas de edifcioshistricos e de autoria do suo. neste captulo que o arquiteto enuncia:

    Para construir bem, para bem repartir os esforos, para a solidez e a utilidade da obra,as medidas condicionam o todo. O construtor tomou como medida o que lhe era mais

    fcil, o mais constante, o instrumento que podia perder menos: seu passo, seu p, seucotovelo, seu dedo. [...] criou um mdulo que regula toda a obra; e esta obra est em suaescala, em sua convenincia, em seu bem-estar, em sua medida.Est na escala humana.Elese harmoniza com ela; isso o principal.

    Mas ao decidir da forma do cercado, da forma da cabana, da situao do altar e de seusacessrios, ele seguiu por instinto os ngulos retos, os eixos, o quadrado, o crculo. [...]

    Mas ao determinar as distncias respectivas dos objetos ele inventou ritmos, ritmossensveis ao olho, ntidos nas suas relaes. E esses ritmos esto no nascimento decomportamentos humanos. Ressoam no homem por uma fatalidade orgnica, a mesmafatalidade que faz com que as crianas, os velhos, os selvagens, os letrados tracem aseco urea.

    Um mdulo mede e unifica; um traado regulador constri e satisfaz.[28]

    Vemos, portanto, que a argumentao de Le Corbusier praticamente calcada naquela feitapor Vitruvius, como vimos acima, ao tratar do tema da simetria. O arquiteto suo,entretanto, avana rumo a uma concepo tridimensional dos traados reguladoresao tentarapreender a lio de Roma. Este salto qualitativo eleva as figuras bidimensionais clssicas aslidos geomtricos puros.

    Os volumes simples desenvolvem imensas superfcies que se enunciam com uma variedadecaracterstica conforme se trate de cpulas, de abbadas, de cilindros, de prismasretangulares ou de pirmides. A decorao das superfcies (paredes) do mesmo grupo degeometria. [29]

    Caracterizada a filiao ao cnon clssico atravs da adaptao de seus princpios, resta aCorbusier reafirmar sua necessidade. por meio da associao indstria que ele o faz:

    O Parthenon um produto de seleo aplicado a um padro estabelecido. Desde um sculo o

    templo grego j estava organizado em todos os seus elementos.

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    Quando um padro estabelecido, se exerce o jogo da concorrncia imediata e violenta. [...]

    O padro uma necessidade de ordem trazida para o trabalho humano.[30]

    A filiao ideolgica de Corbusier ao Deutsche Werkbund, bem como a sua estreita relaocom os construtivistas russos levam-no a propor a aplicao desta reviso do cnon clssico

    habitao popular, a ser fabricada em srie. conseqente a concluso de Por umaarquiteturacom um captulo intitulado precisamente Casas em srie.[31] Entretanto, aexemplo dasMaisons Dom-ino, Le Corbusier prope que a unidade habitacional em seuconjunto seja um elemento de produo em massa, no necessariamente envolvendomodulao de seus componentes. Embora a composio esteja ordenada pela taxis,claramente presente no ritmo regular de suas estruturas, os elementos construtivosespecficos parecem no estar ainda totalmente subordinados a uma malha de referncia.

    A subordinao das dimenses construtivas de elementos industrializados a uma taxisunificadora surge em seu apelo aos industriais, feito em 1925:

    Apelo grande indstria: pode-se fabricar uma nova janela combinvel indefinidamente,numa escala nova, baseada no emprego do cristal ou do vidro espesso, e a aplicao demecanismos de correr e de abrir.[...] Ns, arquitetos, estaremos satisfeitos com um mdulo

    xo. Com este mdulo, ns comporemos.[32]

    durante o chmageforado da Segunda Guerra que Le Corbusier estabelecedefinitivamente um sistema de simetriaque passa a regular por meio da taxisas suascomposies. Ele d a este sistema o nome de Modulor (mdulo+nmero ureo). Trata-sede uma escala (chamada de vermelha) montada a partir de uma Progresso de Fibonacci(a+b=c, b+c=d), com intervalo definido a partir de uma razo urea (F=1,618, onde(a+b)/a= a/b). O nmero inicial de 6 ps (183cm), correspondente, supostamente, altura de umpolicial ingls.[33] Como os intervalos so muito espaados, Corbusier criouuma segunda escala (azul) dobrando os valores da primeira (Fig.06).

    Fig. 06 Modulor, sistema modular clssico desenvolvido por Le Corbusier nos anos 40.

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    Como sistema formal, o Modulor em grande parte derivado da cultura clssica. O uso depropores definidas pela Seo urea pitagrico, e a relao direta entre medidas daedificao e medidas do corpo humano presta contas ao homem vitruviano.[34] A

    justificativa para o uso desses elementos de simetriadoModulor, entretanto, remonta aoconceito de escala humana, proposto no sculo XIX por Viollet-le-Duc em seu DictionnaireRaisonn,no verbete escala. Para o arquiteto medievalista francs,

    O modo grego, que os Romanos no compreenderam, perdeu-se. No lugar destes princpiosharmnicos, baseados no mdulo abstrato, a idade mdia criou um novo princpio, o da escala. Ouseja, em lugar de um mdulo varivel de acordo com a dimenso do edifcio, foi tomada umamedida uniforme, e esta medida uniforme conferida primeiramente pela altura do homem, e logo

    pela natureza do material empregado.[35]

    Ou seja, para Viollet-le-Duc e para Le Corbusier -, a escala humana o princpio balizadordas propores clssicas. atravs de sua repetio que se pode auferir a dimenso real doedifcio. a escala humanaa justificativa das tentativas de habitao popular que o arquiteto

    vinha fazendo. Em Prcisions,livro publicado em 1930, a conferncia intitulada Uma clulana escala humana, advoga a reduo da habitao individual medida de uma cabine detransatlntico: 5,25mX3m. Os servios e convvio social seriam providos por equipamentosurbanos complementares a conjuntos habitacionais coletivos, tambm como num navio. Aescala humanaa ser adotada na unidade habitacional o mdulo a ser repetido nashabitaes populares coletivas, alinhados na taxis, segundo o carter de determinadogenus,e articulados segundo a simetria. A escala humana, na verdade, serviu de apoio conceitual aCorbusier na justificativa da adoo dos princpios formais clssicos classicii para ahabitao popular proletarii. Veremos mais adiante que esta transposio pode estar nocerne da relativa inviabilidade de alguns dos sistemas adotados nesse sentido.

    A Unit dHabitationde Marselha, projetada por Le Corbusier em 1947, seria o primeiroedifcio construdo pelo arquiteto a incorporar plenamente os princpios clssicos que elemesmo vinha adaptando tentativa moderna de produo industrial da habitao. Cumprelembrar, entretanto, que, conquanto a Unit dHabitationtenha sido construda com diversoscomponentes pr-moldados, poucos deles eram produzidos em srie pela indstria. Naverdade, como sugere Curtis, a obra construda de Le Corbusier acabou sendo compostaem sua maioria por metforas artesanais da construo industrializada, dedicada no aoproletariado, mas elite intelectualizada que compreendia o seu discurso.[36]

    Atravs desta viso da obra de Le Corbusier, acreditamos haver demonstrado a presenaviva do cnon clssico na Arquitetura Moderna. Vimos ainda como este cnon passou aoperar segundo novos ideais plsticos e a relao direta entre mdulo, taxise simetria. Acultura de vanguarda arquitetnica europia da primeira metade do sculo XX estavaimbuda destes valores, difundidos atravs dos Congressos Internacionais de ArquiteturaModerna CIAM. Vimos ainda como a idia de industrializao da construo acabousendo relacionada diretamente ao mdulo clssico, onde o elemento construtivopadronizado seria regido pela taxis, construdo e disposto segundo o carter de umgenusearticulado plasticamente segundo a simetria.

    esta cultura que embasa conceitualmente o surgimento daCoordenao Modular

    comodisciplina na dcada de 1930. Sua primeira formulao nesse sentido o mtodo modular

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    cbicodesenvolvido no livro The Evolving House, do norte-americano Alfred FarwellBemis.[37] A partir dos apontamentos de Bemis surgiram os primeiros estudosdesenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa e, com base tambm nestas pesquisas, aAmerican Standards Association(ASA), em 1936, iniciou um projeto que visava coordenar odimensionamento de diversos componentes para o edifcio. Desde ento, os estudos e aaplicao da Coordenao Modular contaram com o envolvimento de vrios pases que

    passaram a conduzir as pesquisas em nvel de cooperao internacional.

    Esta nova disciplina reuniu sob uma mesma bandeira a racionalizao, a padronizao e aindustrializao das partes da construo, factvel apenas com o envolvimento dos agentesresponsveis pelo processo construtivo. Integravam-se os projetistas, a indstria dosmateriais da construo e as empresas construtoras. Conforme detalha Franco, acoordenao dimensional e modular levaria padronizao dos detalhes construtivos, que almde facilitar a execuo e controle dos mesmos, permitiria a padronizao das solues e odesenvolvimento de alternativas cada vez melhores para as diversas situaes padro.[38]

    Tratada agora como tcnica alheia aos princpios clssicos que a originaram, a CoordenaoModular, difundiu-se largamente em pases desenvolvidos da Amrica e da Europa. Suanfase era agora no a plstica, mas a otimizao construtiva dos componentes daconstruo aplicados a unidades habitacionais. Este enfoque tecnicista, entretanto,conservava o ideal de industrializao, ensejando na maioria dos casos o uso de elementospr-fabricados. Na Alemanha, durante a Segunda Guerra,[39] Ernst Neufert criou umsistema baseado no mdulo de 12,5cm, equivalente a um oitavo do metro, denominadosistema octamtrico. Em 1950, a primeira norma dimensional, a DIN 4172 (Massordnungim Hochbau), foi extrada dos trabalhos desse mesmo autor. Rosso destaca que desde ento,at 1965, 4.400.000 habitaes foram construdas na Alemanha obedecendo ao sistema octamtrico,

    isto , mais de 50% de todas as construes realizadas nesse perodo. [40]

    Tanto na reconstruo da Europa no ps-guerra quanto na expanso interna norte-americana dos anos 50, a Coordenao Modular passou a reger a construo civil dehabitaes pr-fabricadas. A adoo indiscriminada de elementos semi-industrializados,levou ao predomnio da taxissobre os outros princpios clssicos, em composies deconjuntos habitacionais degenusindefinido, carentes de simetriae, sobretudo, carentes deescala humana. So precisamente estes edifcios geradores de uma paisagem rida e amorfa os criticados durante a reviso crtica por que a Arquitetura Moderna passou nas dcadasde 1960 e 1970. [41]

    Os estudos desenvolvidos por organismos internacionais[42] tm demonstrado que aCoordenao Modular pode ser considerada uma alternativa para viabilizar as construesde habitao de baixo custo. Isso foi possvel em pases como Alemanha, ustria, Blgica,Dinamarca, Frana, Itlia, Noruega, Holanda, Inglaterra, Sucia e, ainda, Canad e EstadosUnidos graas a aes institucionais de controle e normalizao da produo que regemas aes da indstria dos materiais e do setor da construo civil vinculadas aos subsdiosfinanceiros, governamentais ou industriais, para a produo habitacional.

    O Brasil se insere entre os pases precursores na adoo da cultura da CoordenaoModular. Em 1950, publicada a primeira norma relacionada ao assunto a NB-25Modulao das Construes -, e nos anos de 1970 e 1880 a Associao Brasileira de Normas

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    Tcnicas ABNT elabora as normas vigentes ainda hoje sobre o assunto. A anlise dosprincpios ali postulados revela com clareza a adoo dos princpios formais clssicos,confirmando a genealogia conceitual aqui traada.

    Ataxisassume papel de destaque, com carter fabril, batizada de sistema de referncia, [...]ormado por pontos, linhas e planos aos quais devem relacionar-se as medidas e posies dos

    componentes da produo. [43] Este sistema materializado no reticulado modular espacial dereferncia, [...] constitudo pelas linhas de interseo de um sistema de planos separados entre si poruma distncia igual ao mdulo e paralelos a trs planos ortogonais dois a dois.[44] O mdulo (M) definido e padronizado com bastante clareza como a distncia entre dois planos consecutivosdo sistema que origina o reticulado espacial modular de referncia. Esta distncia o decmetro.[45]

    Ogenus unificado num sistema de elementos e componentesde medida modular:painelodular vertical(6M, 7M, 8M de largura),[46]divisria modular vertical interna,[47] esquadriasodulares,[48]detalhes modulares de esquadrias,[49]forro modular,[50] tacos de madeira para

    soalhos.[51]

    A simetria prescrita em normas dedicadas definio de propores e medidas daedificao, como as alturas modulares de piso a piso[52] (nM/4)eaaltura modular deteto-piso[53](nM/4),bem como a determinao de duas sries modulares de medidas,[54] derazo 2M e 3M.

    A predominncia de uma taxisdeterminada, unvoca e absoluta prescrita na normadedicada a estabelecer osprincpios fundamentais para a elaborao de projetos coordenados

    odularmente:

    ao se projetar segundo os princpios da coordenao modular de construo, devem serestabelecidas medidas preferidas de acordo com a NBR 5726 [srie modular demedidas], a fim de se poder determinar o quadriculado multimodular de referncia.[...]

    Torna-se necessrio o prvio conhecimento dos componentes da construo, segundosuas dimenses e propriedades fsicas, a fim de possibilitar um perfeitoposicionamento dentro do quadriculado modular ou multimodular.[55]

    No Brasil, esta reduo tecnicista dos princpios formais clssicos, associada ao uso de umvocabulrio restrito de produtos industrializados, acabaria por limitar a adoo daCoordenao Modular, tal como normatizada. No campo da habitao, os problemas

    intensificam-se.

    Entre ns, so identificadas iniciativas de produo de habitao popular a partir da dcadade 1920. O esqueleto estrutural de concreto armado passou a ser adotado nos conjuntoshabitacionais construdos pelos Institutos de Previdncia a partir da Era Vargas. Na dcadade 1960, os projetos habitacionais financiados pelo governo ou pela indstria passarama ser abordados com foco principal na industrializao da construo, como conseqnciadas iniciativas relacionadas pr-fabricao. [56]

    Conquanto tenha-se firmado no Brasil uma tradio construtiva em esqueleto estrutural

    independente de concreto armado, a iniciativa centralizada que este tipo deempreendimento conota acabou por ser um incentivo experimentao construtiva:

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    argamassa armada, barro armado, solues mistas, solues de estruturas metlicas emais recentemente os mdulos metlicos e principalmente a alvenaria estrutural vmsendo usados nas mais variadas configuraes. O predomnio desta ltima justamente amais artesanal verifica-se sobretudo na produo livre do mercado imobilirio voltadopara a populao de baixa renda e no incentivo institucional de rgos pblicosfomentadores das iniciativas de habitao, justificada por seu baixo custo. A Caixa

    Econmica Federal, por exemplo, tem estimulado e desenvolvido trabalho tcnico visandoestabelecer critrios para a execuo de edificaes multifamiliares de 3 a 5 pavimentos,com esse sistema construtivo.

    Visando definir regras claras e precisas que assegurem a execuo de edifcios comdesempenho adequado e de custo coerente, a Caixa Econmica Federal objetivaestabelecer, atravs deste documento, os requisitos e critrios mnimos a serem atendidosno projeto e execuo da estrutura de edifcios em alvenaria estrutural, para que possam serfinanciados.

    Estas condies mnimas foram estabelecidas tendo como base a normalizao brasileiraexistente em agosto de 2001, bem como as recomendaes internacionais para projeto econstruo de edifcios multipavimentos em alvenaria estrutural, alm do conhecimentotecnolgico desenvolvido no Brasil e consolidado atravs de pesquisas experimentais emUniversidades e Institutos de Pesquisa, nos ltimos 20 anos.[57]

    No Brasil a industrializao da construo em projetos habitacionais no tem logrado oxito identificado em outros pases. As solues definidas em projetos de arquitetura nessarea, sempre relacionadas modulao e Coordenao Modular, nem sempre encontramcorrespondncia nas diretrizes que tratam do intercmbio entre elementos construtivos e

    seus similares.As causas para este relativo insucesso da industrializao da construo ligada Coordenao Modular so diversas. Entretanto, Pode-se aqui elencar algumas delas: adominncia das indstrias de materiais e sua relutncia em fabricar ou importar produtosque atendam s demandas modulares; a inexistncia de sistemas construtivos integradoscompletos forando a adoo de materiais artesanais mesmo em construesrelativamente industrializadas -; a inviabilidade econmica devido ao custo tributrio elogstico da indstria frente construo civil; a diversidade climtica do pas, impedindo aadoo de sistemas unificados; a incapacidade dos sistemas padronizados em atender s

    situaes especficas inerentes habitao; a dificuldade em realizar a coordenaomodular em espaos compartimentados em que o programa habitacional implica; a poucaqualificao da mo-de-obra tradicionalmente empregada em grande parte da construocivil.

    O primeiro percalo relao entre a indstria de materiais da construo e as empresasconstrutoras. A situao descrita por Mascaro e Mascar em 1978, na qual cada indstriadefine sua padronizao e os empresrios fazem os ajustes necessrios compatibilizao,ainda identificada na prtica projetual atual e nos desdobramentos ocorridos na execuodas obras:

    Aparentemente, o conjunto das indstrias de materiais e elementos para a edificao um

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    setor subsidirio da indstria da construo. Se assim fosse, a indstria de materiais eelementos dependeria das decises tomadas na indstria da construo para a suaorganizao e ao. Mas, analisando a estrutura desse setor podemos concluir apesar dasinterrelaes no serem simples que ele, geralmente, no se comporta como subsidiriodo grande setor da indstria da construo, mas e pela sua maior concentrao econmica como lder da atividade, impondo seus critrios em muitos aspetos nos mercados de

    intercmbio com os produtores de edifcios.[58]

    As indstrias de materiais organizam sua produo com base nas demandas e observaesde aspectos especficos do setor da construo civil. Entretanto, segundo Mascaro eMascar, ao inverso da indstria manufatureira, os empresrios de construo, que so os que tmuma posio centralizada no mercado, tm, seno pouca, nenhuma possibilidade de decidir a tipologiade produo.[59]

    Neste cenrio, diante da ausncia de sistemas unificados dimensionalmente econstrutivamente, os produtos so ofertados segundo os critrios dimensionais definidos

    pela indstria, tornando a coordenao dimensional virtualmente impossvel conforme ocritrio unvoco determinado pela norma. Agrava a situao a coexistncia de materiaisartesanais e materiais industriais incompatveis entre si, que acabam por determinar assituaes de improvisao para solucionar os problemas, bem como o uso de materiaisnormatizados com tcnicas inadequadas, perdendo aqueles suas vantagens.

    As dimenses geogrficas do pas e as caractersticas de diversidade de procedncia dosmateriais fazem com que as aes relativas ao emprego de determinado sistema construtivosejam inviabilizadas pelo custo elevado, dentre outros, de transporte do material at o localda obra. Neste contexto, a indisponibilidade de indstrias de materiais da construo

    prximas s demandas um dos fatores que concorrem para dificultar as aes quebusquem a racionalizao da construo habitacional.

    Sobre esta questo, Mascaro e Mascar sinalizam a notria distino entre os potenciaisindustriais de cada regio:

    () a que apresenta as melhores condies para a instalao de novas indstrias de materiais eelementos da construo a Regio Sudeste, o que nos permite supor que seu mercado ser o

    primeiro a incorpor-los, fato que trar, como conseqncia, uma evoluo rpida dos mtodos esistemas construtivos mais modernos e eficientes que os hoje empregados. Esta situaocontribuir sem dvida para acentuar a atual disparidade tcnico-econmica j existenteentre esta Regio e as outras do Pas.[60]

    As especificidades das construes relacionadas s condies climticas e aspectos scio-culturais so outros fatores que nem sempre podem ser contemplados em soluespadronizadas para implementao em larga escala. Na regio sul, por exemplo, a tipologiadas edificaes tem aspectos ligados s condies de variaes trmicas que nonecessariamente estaro presentes nas cidades do nordeste, diferenciando-se o custo totalda edificao.

    Do ponto de vista scio-cultural, a viabilidade de determinado modelo de unidade

    habitacional est relacionada tambm com a aceitao de sistemas construtivos na

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    pr-fabricao. Esses sistemas so aceitos ou rejeitados pelos empreendedores na proporoem que a relao entre qualidade e custo seja vantajosa em comparao construoconvencional. Nesse sentido, a informalidade na contratao de mo-de-obra e na comprade materiais pouco industrializados gera uma vantagem tributria e logstica de umcanteiro de obras artesanal sobre o canteiro industrializado.

    Outro aspecto relacionado aceitao do edifcio trata da imposio de determinadopadro de ordenamento espacial. A economia advinda da padronizao e da uniformidadeest relacionada abordagem da unidade residencial ideal, definida em projeto, que,embora resolva as questes tcnicas, no possui a capacidade de atender s mais diversasnecessidades dos moradores. A partir disso ocorre a rejeio do plano previsto ou asmodificaes realizadas no espao da unidade habitacional para atender a finalidadesespecficas.

    Tambm ligada organizao dos espaos, a compartimentao inerente ao tema dificulta oemprego do uso de sistemas industriais. Caractersticos da configurao dos espaos para

    habitao de baixo custo, a otimizao de reas e o emprego conseqente de dimensesmnimas, fazem com que a combinao e a permutabilidade de elementos, necessidadesrelacionadas racionalizao da construo, encontrem obstculos ao emprego de produtospr-fabricados.

    Nas fases de execuo, a mo-de-obra despreparada, caracterstica na execuo daarquitetura habitacional no Brasil,[61] uma das principais causas de erros e deimprecises, fomentando uma cultura de desperdcio de material e recursos humanos. Estequadro inviabiliza mesmo a adoo de elementos pr-moldados de menores dimenses moldados no local da obra, utilizando mo-de-obra e recursos locais que poderia

    representar uma transio rumo industrializao. H ainda o estimulo adoopreferencial de mutiro e autoconstruo, de forma a minimizar os custos doempreendimento.[62] Em ambos os casos, o amadorismo da mo-de-obra impediria acoordenao dimensional, dependente de preciso construtiva, e a industrializao,dependente de qualificao profissional.

    Foi aqui elaborada uma viso panormica da apropriao moderna do cnon formalclssico, da coordenao modular e seus princpios, das dificuldades encontradas em suaimplementao na construo de habitaes. Vimos que a Coordenao Modular, como tratada hoje, a transposio do cnon formal clssico para os valores da Arquitetura

    Moderna. Vimos ainda que a Coordenao Modular,per se,no vem induzindo a IndstriaBrasileira a padronizar as dimenses de seus produtos de acordo com as dimensesestabelecidas por norma.

    Conclui-se, do exposto, que Coordenao Modular e industrializao da construo civilno esto intimamente relacionados. Esta relao foi construda historicamente atravs doinstrumental cultural dos arquitetos modernos, de formao clssica, no incio do sculoXX. O cnon clssico existe h milnios sem indstria, e a indstria fabrica hoje em diaautomveis, computadores e uma infinidade de produtos de uso cotidiano sem necessidadede adequao a um mdulo especfico. Entretanto, a tradio clssica de aplicao da taxisaos edifcios prevalece ainda nas normatizaes propostas como caminho nico daindustrializao da construo civil.

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    No redirecionamento desse percurso, podemos balizar-nos pelas propostas e tentativas deindustrializao dos prprios arquitetos modernos europeus e norte-americanos atuantesna primeira metade do sculo passado. Tal o caso de experincias como as Casas em sriede Le Corbusier, as Case Study Housesnorte-americanas, a Plug-inCitydo Grupo Archigram,as mega-estruturas dos metabolistas japoneses, dentre tantas outras. Entre ns, temosestudos nesse sentido de Srgio Rodrigues, Srgio Bernardes e Eduardo Longo.

    Verifica-se, por um lado, que a habitao um objeto de dimenses muito grandes,complexas e de elevado peso. Isso inviabiliza sua construo na indstria para transporte emontagem no local. Por outro lado, a construo in-loco, com componentes padronizados,modulados e articulados segundo o habitus da taxisclssica, tem sido a alternativa unvocae invivel encontrada.

    Uma opo relativamente pouco testada na realidade nacional, e que pode vir a tornar-sevivel, a industrializao e o transporte de elementos e cmodos inteiros industrializadose pr-fabricados na habitao, seria o caso de instalaes sanitrias, cozinhas, escadas. A

    complexidade e o alto custo atual de seus acabamentos e instalaes complementaresjustificam a sua produo integral na indstria sem desvantagem econmica. Suasdimenses relativamente reduzidas os tornam passveis de transporte por meiosconvencionais. A diversidade de solues possveis elimina os problemas degenusdashabitaes industrializadas do passado. uma tecnologia que j foi adotada, por exemplo,nos conjuntos de sanitrios do edifcio Lloyds, projetado por Richard Rogers em 1978(Fig.07). Neste ltimo caso, trata-se, entretanto, de um edifcio comercial afeito a umgenusdistinto do adequado a edifcios residenciais.

    Fig. 07 Revitalizao do Lloyd - Edifcio de escritrios projetado por Richard Rogers.Londres, 1978. Exemplo de elementos de mdia escala industrializados e montados no

    local: entre a pr-fabricao integral e a simples coordenao modular de pequenoscomponentes.

    Para que este novo tipo de articulao entre soluo local e indstria seja possvel,

    necessria uma readaptao do cnon clssico, adotando a coexistncia de mais de umprincpio de taxis numa mesma edificao. Como nos sugerem Tzonis e Lefaivre: como na

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    sica clssica, tambm na arquitetura a taxis age no tanto pela duplicao de frmulas, masatravs de novos padres formais combinatrios.[63]Assim, diante da possibilidade de imporuma regularidade dimensional indstria, deve-se normatizar sistemas de ajuste modularno sentido lato, favorecendo o uso de sistemas autnomos numa mesma edificao:sistemas internamente coesos mas diversos entre si.

    Apontamos para a flexibilizao dos sistemas de uso da taxise para adoo de elementosindustrializados de mdia escala como alternativas s estratgias e tecnologias atuais comas que se tenta industrializar a construo habitacional no Brasil. Entretanto, muitas outrassolues so possveis a partir do entendimento histrico aqui demonstrado, relacionandoclassicismo, Coordenao Modular e habitao.

    Feita a constatao das relaes conflitivas entre estes temas, enxergamos dois caminhosabertos. O primeiro passa pela tentativa de abandono definitivo dos cnones formaisclssicos, rumo sntese de objetos totalmente novos. Afinal, talvez a lgica monumentaldos classiciino se ajuste convenientemente lgica coditiana dosproletarii.O segundo

    caminho passa pela alterao e ajuste do cnon clssico de modo a faz-lo funcionaradequadamente, encarada a monumentalizao do cotidiano como uma caracterstica tpicade nossa sociedade e nosso tempo. Como nos lembra T.S. Eliot: A ordem existente completaantes da chegada da nova obra; pois para que a ordem persista depois da novidade, toda a ordemexistente deve ser, mesmo que levemente, alterada.[64]

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    TZONIS, Alexander et LEFAIVRE, Liane. Classical architecture:the poetics of order.Cambridge/London: MIT Press, 1992. p.133.

    Figura 06

    BOESIGER, W. (editor). Le Corbusier: Oeuvre Complte 1946-1952. 11ed. Berlin: Birkhuser,1995. p.179.

    Figura 07

    RICHARD ROGERS 1978-1988. A+U Extra Edition. Tokio: a + u, dez.1988. p.167.

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    Notas

    [1] Dedicamos este artigo a Fernanda Brasileiro e Ascanio Merrighi.

    [2] Cf. FRAMPTON,Modern architecture, p.109-115.

    [3] Cf. FRAMPTON.Modern architecture, p.37-40.

    [4] Cf. FRAMPTON,Modern architecture, p.33.

    [5] Expresso alcunhada por John Summerson em SUMMERSON, The classical language ofArchitecture, p.46.

    [6] TZONIS et LEFAIVRE, Classical architecture: the poetics of order,p.2.

    [7] these works have been adored throughout centuries and continents for theirpersistence of balanceand symmetry,focusandfinality, andproportionalityand hierarchy; theirdivisibility through distinct, elementary, concise themes; and their unity through explicit,computable, standard, generative combinatorial plans, small in number but infinitelyflexible and adaptable. In TZONIS e LEFAIVRE, Classical architecture: the poetics of order,p.4.

    [8] Neste texto, usamos preferentemente os termos elementos e componentes em suaacepo dada pela NBR-13531/1995: Elemento da edificao - Produto constitudo decomponentes construtivos definidos e articulados em conformidade com princpios e

    tcnicas especficos da arquitetura e da engenharia para, ao integrar a edificao,desempenhar determinadas funes em nveis adequados. Exemplos: fundaes,estruturas, coberturas, vedos verticais (paredes, esquadrias), revestimentos eacabamentos.[...] Componente construtivo Produto constitudo por materiais definidos eprocessados em conformidade com princpios e tcnicas especficos para, ao integrarelementos ou instalaes prediais da edificao, desempenhar determinadas funes emnveis adequados. Exemplos: portas, janelas, tijolos, blocos, painis, colunas, vigas [...].

    [9] Tzonis e Lefaivre seguem a verso latina do livro de Vitruvius, onde as ordens sotratadas porgenus. Concordamos com a ressalva destes autores e mantemos o uso do termo

    original do latim e seguido por estes autores. Cf. TZONIS et LEFAIVRE, Classicalarchitecture: the poetics of order,p.35.

    [10] Once an architectural composition has been ordered by taxis, once it has been laid out

    (that is, sectioned and subsectioned), then it is ready to be occupied, populated if you will,by architectural elements. In TZONIS et LEFAIVRE, Classical architecture: the poetics of order,p.35.

    [11] O genus Toscano considerado inferior aos gregos por sua origem romana, embora arigor seja mais elaborada que a ordem Drica.

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    [25] Ibidem, p.133.

    [26] Ibidem, p.13,21e27.

    [27] Ibidem, p.153

    [28] Ibidem, p.44.[29] Ibidem, p.111.

    [30] Ibidem, p.89.

    [31] Ibidem, p.159-188.

    [32] BOESIGER et STONOROV, Le Corbusier et Pierre Jeanneret: Oeuvre Complte 1910-1929.p.77

    [33] Cf. LE CORBUSIER. Le Modulor, p.56.[34] Cf. VITRUVIUS, The ten books on architecture, lv.III, cap.I.

    [35] Le mode grec, que les Romains ne comprirent pas, fut perdu. A la place de cesprincipes harmoniques, bases sur le module abstrait, le moyen age mit un autre prncipe,celui de lchelle, cest--dire qu la place dum module variable comme la dimension dsdifices, il prit une mesure uniforme, et cette mesure uniforme est donne par la taille delhomme dabord, puis par la nature de la matire employe. In VIOLLET-LE-DUC,Dictionnaire Raisonn, vol.V, p.145.

    [36] While Le Corbusier was preaching the virtues of mass-production dwellings and the vision of atransformed modern city, he was supporting himself with a practice based largely upon theconstruction of private houses, artists studios and villas for the well-to-do. In the France of the 20!s,agencies for large-scale urban reform were lacking. Even the small-scale Pessac experiment perhapsshowed that Le Corbusiers aesthetics were more suited to cultured people (as Rasmussen put it)than to workers: that the architects universal values were more classbound than he might havehoped. In the 1920s Esprit Nouveau was to become the cultural property of upper middle-classbohemia more than any other social group. In: CURTIS, Le Corbusier: ideas and forms. p.71.

    [37] Cf. CAPORIONI et al., La coordinacion modular, p.25.

    [38] Cf. FRANCO. O projeto das vedaes verticais : caractersticas e a importncia para aracionalizao do processo de produo, p. 221.

    [39] Ou seja, simultaneamente criao do Modulor.

    [40] Cf. ROSSO, Teoria e Prtica da Coordenao Modular, p.18.

    [41] The Loosian recognition of the loss of cultural identity that urbanization had broughrin its wake returned with a vengeance in the mid 1960s as architects began to realize thatthe reductive codes of contemporary architecture had led to an impoverishment of theurban environment. The exact manner in which this impoverishment has come about

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    however the extent of which it is due to abstract tendencies present in Cartesianrationality itself or alternatively to ruthless economic exploitation is a complex andcritical issue which has yet to be judiciously decided. It cannot be denied that the tabularasa reductivism of the Modern Movement has played a salient role in the wholesaledestruction of urban culture; thus the emphasis that the Post-Modernist critique hasplaced on respecting the existing urban context can hardly be discredited. In FRAMPTON,

    Modern Architecture, p.290.

    [42] Relatrio do Comittee on Housing, Bulding and Planning, publicado pelas NaesUnidas em 1970, trata da questo com uma abordagem a partir de casas modularesexecutadas em diferentes pases.

    [43] ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, NBR 5706: Coordenao modularda construo. p. 1.

    [44] Ibidem, p.1.

    [45] Ibidem, p.1

    [46] Idem, NBR 5714: Painel modular vertical.

    [47] Idem, NBR 5721: Divisria modular vertical interna.

    [48] Idem, NBR 5722: Esquadrias modulares.

    [49] Idem, NBR 5728: Detalhes modulares de esquadrias.

    [50] Idem, NBR 5723: Forro modular horizontal de acabamento.[51] Idem, NBR 5724: Tacos modulares de madeira para soalhos na construo coordenadamodularmente

    [52] Idem, NBR 5710: Alturas modulares de piso a piso, de compartimento e estrutural.

    [53] Idem, NBR 5713: Altura modular de teto-piso.

    [54] Idem, NBR 5726: Srie modular de medidas.

    [55] Idem, NBR 5729: Princpios fundamentais para a elaborao de projetos coordenadosmodularmente. (grifo nosso)

    [56] Cf.. KAPP et LINO. A Histria da Habitao contada nas Revistas Especializadas.

    [57] CAIXA ECONMICA FEDERAL, Alvenaria Estrutural Materiais, execuo daestrutura e controle tecnolgico, p. 7.

    [58] MASCAR et MASCAR, As indstrias de materiais e componentes de construo noBrasil,p. 21.

    [59] Ibidem, p. 35.

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    [60] MASCAR et MASCAR, As indstrias de materiais e componentes de construo noBrasil,p. 35.

    [61] Cf. CABANAS, A certificao profissional baseada por competncias Mestre-de-obras. p.81-82

    [62] CAIXA ECONMICA FEDERAL, Termo de Referncia Programa Morar MelhorAo de Apoio Habitao Popular, p. 1.

    [63] As in classical music, so in architecture, taxis acts not so much through the duplicationof formulas as through new combinatorial formal patterns. In TZONIS et LEFAIVRE,Classical architecture: the poetics of order,p.27.

    [64] The existing order is complete before the new work arrives; for order to persist afterthe supervision of novelty, the whole existing order must be, if ever so slightly, altered.ELIOT, T.S. apud TZONIS et LEFAIVRE, Classical architecture: the poetics of order,p.173.

    2 Respostas para Classicismo, Coordenao Modulare habitao

    Shorty Diz:

    06/08/2011 s 17:40

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    Diz:

    22/09/2013 s 04:54http://www.cxesqcr.com/

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