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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE- FAC CURSO DE JORNALISMO ANA PAULA SANTIAGO BASTOS MÁRCIA GABRIELLE SOUSA PALOMA ARAÚJO FEITOSA TEATRO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO FORTALEZA-CE 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE- FAC

CURSO DE JORNALISMO

ANA PAULA SANTIAGO BASTOS

MÁRCIA GABRIELLE SOUSA

PALOMA ARAÚJO FEITOSA

TEATRO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

FORTALEZA-CE

2013

ANA PAULA SANTIAGO BASTOS

MÁRCIA GABRIELLE SOUSA

PALOMA ARAÚJO FEITOSA

TEATRO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

Documentário apresentado ao Centro de Ensino Superior

do Ceará, mantenedora da Faculdade Cearense - FaC,

como exigência para obtenção do grau de Bacharel no

Curso de Comunicação Social, com habilitação em

Jornalismo.

Orientação: Professor. esp. Lenildo Gomes

FORTALEZA-CE

2013

Aos nossos pais

AGRADECIMENTOS – Ana Paula Bastos

Em primeiro lugar a Deus, que iluminou meus caminhos, me deu forças para seguir em

frente e continuar essa vitoriosa caminhada. Sem o intermédio dele, jamais teria

conseguido. Ao meu amor, companheiro, amigo e marido, Makson Avelino, que me

ajudou de forma grandiosa, sempre me aconselhando e apoiando minhas decisões.

Aos meus pais, Raimundo Nonato Araújo Bastos e Rosa Pacheco Santiago Bastos, que

me ensinaram a nunca desistir dos meus sonhos e lutar sempre pelos meus objetivos,

primando sempre pela honestidade, praticando o bem sem esquecer o próximo.

Sobretudo, me educaram e sempre acreditaram que eu poderia ir além. Sempre grato a

vocês, meus amores!

Aos meus irmãos Jhonatan Santiago Bastos, Nágila Santiago Bastos e demais

familiares, que sempre acreditaram em mim e sempre me incluíram em suas orações.

Ao Sr. Braúna, que contribuiu de forma majestosa para a realização de um sonho.

Em especial aos amigos que conquistei na faculdade: Thiago Joey, Renan Silva, Márcia

Gabrielle, Kárison Mesquita, Nayana Agrela, Mariana Maia e Sulyanne Lima, que

sempre me ajudaram e me fizeram acreditar que amigos verdadeiros existem. Levarei

para sempre essas amizades lindas em meu coração. Amo vocês!

Aos meus sogros João Batista Dias e Fátima Abreu Dias, que sempre acreditaram em

mim e me deram conselhos sobre a vida bastante proveitosos e que, com certeza,

abriram meus olhos para a vivência de uma vida melhor.

Ao nosso orientador Lenildo Gomes, que teve paciência conosco, nos guiando e

norteando nosso trabalho. Sem ele não tínhamos chegado até aqui. Eternamente grata.

Às amigas Márcia Gabrielle e Paloma Araújo, parceiras do TCC.

Aos meus amados e eternos professores Carlinhos Perdigão, Gevan Oliveira, Lenha

Diógenes, Adalucami Menezes, Klícya Fontenelle, Luana Amorim, Mara Cristina,

mestre Nazareno Ribeiro, Joana Darc, Maria Elia, Lenildo Gomes e Paulo Paiva, que

sempre estiveram dispostos a me ajudar, clareando minhas dúvidas e compartilhando

suas experiências comigo. A todos vocês: eternamente grata.

Aos professores Michel Barros e Emerson de Oliveira, convidados a compor nossa

banca.

Enfim, aos entrevistados do nosso documentário, Raquel Oliveira, Conceição Oliveira,

Gletson Martins, Rodrigo Herculano, Grupo Arte de Viver, em especial aos arte-

educadores Gutembergue de Souza e Hemetério Segundo, que foram peças

fundamentais para a realização e conclusão do nosso trabalho.

E em especial às crianças que contribuíram de forma nobre e mágica.

AGRADECIMENTOS – Márcia Gabrielle

Agradeço aos meus pais João Cleófas Araújo de Sousa e Maria Zélia de Sousa, pela

educação e pelas boas palavras que muitas vezes me fizeram refletir e perceber que é

com os estudos que se consegue algo melhor. Graças a eles sou quem sou, uma pessoa

feliz e dedicada em tudo que faço. Quero ressaltar que essa vitória não é só minha, mas

também de vocês, que sempre acreditaram em mim e me deram forças pra seguir em

frente. Só tenho que agradecer.

Ao meu namorado, parceiro e amigo Danilo Brandão, que esteve ao meu lado sempre,

me ajudando e compartilhando de suas aprendizagens e “segurando a barra” quando eu

estava estressada.

Às minhas irmãs Lislane Borges, Maria Zilma, Carla Danielle, Paula Rafaelle e Silvia

Emanuelle – todas muito importantes para essa conquista - carinhosamente obrigada

pelas palavras amigas e de força que vocês me deram.

A todos os meus familiares, em especial tia Mirian e Adriano Lima, que direta ou

indiretamente também compartilharam desta felicidade.

Às amigas Kátia Andreia, Lourena Angélica, Charliane Lucena, Luciene Ribeiro e

Janne.

Às colegas do TCC Ana Paula Bastos e Paloma Araújo.

Ao nosso orientador Lenildo Gomes, que nos ajudou de forma grandiosa.

Aos professores que compõem a nossa banca, Michel Barros e Emerson de Oliveira.

Aos entrevistados, em especial aos professores Gutembergue de Souza e Hemetério

Segundo Araújo.

AGRADECIMENTOS – Paloma Araújo Feitosa

Primeiramente quero agradecer a Deus, por tudo que tem feito em minha vida, e por

estar sempre ao meu lado.

Aos meus pais Pedro Feitosa e Maria Marlenisce Araújo, pela força que sempre me

deram, por sempre me incentivar em meus estudos, me ajudando de todas as formas

para que eu pudesse estar aqui. Vocês são a minha fortaleza, meu porto seguro, amo

vocês.

Agradeço aos meus irmãos, Héllio Einstein e Pedro de Alcântara, pela força, e ao meu

querido e amado sobrinho Bryan, que veio como um anjo enviado por Deus para alegrar

todos os momentos da minha vida.

Ao meu amigo, confidente, companheiro e eterno namorado, Israel Lopes Camurça,

tenho muito a agradecer, principalmente por sua paciência, compreensão e dedicação

que sempre tem me dado. Obrigado, meu amor, por tudo o que tem feito por mim. Amo

você!!!

Dedico também esse trabalho aos meus professores Luana Amorim, Klycia Fontenelle,

Joana Dutra, Carlinhos Perdigão e ao nosso orientador Lenildo Gomes, pela força e

paciência que sempre nos deram.

Aos professores que fizeram parte da nossa banca, Michel Barros e Emerson de

Oliveira.

Às colegas de equipe Ana Paula Bastos e Márcia Gabrielle. O trabalho foi árduo, mas

conseguimos e tenho muito a agradecer a vocês.

E é claro, não poderia esquecer os nossos mestres do teatro Gutembergue de Souza e

Hemetério Segundo, pela compreensão, ajuda e fundamentação para conclusão do nosso

trabalho.

RESUMO

Na forma de documentário, este trabalho apresenta o uso da arte teatral como uma

ferramenta de ensino e auxílio no desenvolvimento educacional e cultural do indivíduo

que se permite fazer teatro. O documentário retrata mudanças positivas observadas por

parte dos próprios personagens. Modificações estas que, em seguida, são avaliadas por

especialistas no assunto e que defendem que o teatro como instrumento e ferramenta

pedagógica cumpre um papel educativo. O objetivo é mostrar que além de vários

métodos utilizados para promover a educação numa pessoa, o fazer teatral, por ser

uma arte coletiva, congrega várias outras artes contribuintes de forma ampla para o

desenvolvimento ainda maior no ser humano. Por isso faz-se necessário a utilização da

arte principalmente no contexto educativo, pois é na escola que a pessoa se conhece,

conhece o outro, compartilha experiências e aprende a ter uma compreensão melhor

do mundo. Haja vista a carência de trabalhos nessa perspectiva, o documentário visa

despertar interesse em quem deseja conhecer sobre o assunto e/ou conhece. Por fim,

que sirva como objeto de estudo na área de acadêmicos e interessados.

Palavras – chave: Teatro, Arte-Educação, Teatro na Escola, Documentário

ABSTRACT

In a way of documentary, this work presents the use of theatrical art as a teaching tool

and aid in educational and in cultural development of the individual that allows itself

to do theater. The documentary shows positive changes seen by the characters

themselves. These changes that are then evaluated by experts in the subject and who

argue that theater as a tool and teaching tool fulfills an educational role. The goal is to

show that in addition of various methods used to promote education in a person, the

doing of the theater, being a collective art, brings together several other taxpayers arts

broadly to even greater development in human beings. Therefore, it is necessary the

use of art especially in an educational context as it is in the school that the person

knows itself, knows each other, share experiences and learn to have a better

understanding of the world. Given the lack of studies in this perspective, the

documentary aims to spark interest in those who want to know about it and / or know

it. Finally, it serves as an object of study in the area of academics and in the people

interested in it.

Keywords: Theatre, Art Education, Theatre at school, Documentary

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

1. TEATRO: CONCEITOS E METODOLOGIA ................................................... 12

1.1 História do Teatro Brasileiro .................................................................................. 13

1.2 História do Teatro Cearense ................................................................................... 14

2. TEATRO NO CONTEXTO EDUCATIVO ......................................................... 17

2.1 O Teatro como instrumento pedagógico na escola ................................................. 20

3. DOCUMENTÁRIO: História Inicial do Cinema ................................................ 22

3.1 Conceitos e definições ............................................................................................ 24

3.2 Tipos de documentário ........................................................................................... 25

4. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS .......................................................... 27

5. DIÁRIO DE CAMPO ............................................................................................. 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 34

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS ........................................................................... 36

ROTEIRO ................................................................................................................... 37

10

INTRODUÇÃO

Em virtude de ser a arte uma grande forma de expressar as emoções e

sentimentos humanos, de desenvolver a criatividade e emoção, observamos a

necessidade de elaborar este trabalho para melhor retratar a importância de tal

contato na Educação. O teatro em toda sua história é conhecido como uma das mais

importantes artes. Além disso, ele, ao mesmo tempo, engloba várias outras artes

como a dança, a música, a interpretação, dentre outras várias modalidades do mundo

artístico.

Portanto, “O Teatro na Formação do Indivíduo” analisa de que forma o

fazer teatral contribui no desenvolvimento educacional e cultural de uma pessoa.

Para a pesquisa foram utilizados métodos com fundamentações teóricas de

experientes especialistas, como Maria Eunice Oliveira – a qual define o teatro como

uma modalidade artística que privilegia o uso da linguagem e promove o

desenvolvimento da imaginação e pensamento generalizante; também de Ricardo

Japiassu - que fundamenta a metodologia teatral como uma ferramenta utilizada no

trabalho educativo, assim como Olga Reverbel - que fala sobre a importância do

teatro nas escolas, e Hemetério Araújo - que diz que o teatro não se define só pelos

palcos ou através de peças, mas também pela capacidade de juntar a arte e expressão

com a Educação.

Toda essa perspectiva é potencializada por muitos outros autores que

defendem a arte teatral como, sobretudo, um instrumento pedagógico que auxilia na

educação, na formação e desenvolvimento social de uma pessoa. Segundo ainda tais

pesquisadores, o teatro tem sido uma das artes que mais tem promovido a ascensão

sociocultural no ser humano, além de ser um instrumento pedagógico que contribui

para educação de uma forma geral, pois o teatro estimula a leitura, trabalha a voz, a

expressão corporal, a desinibição e várias outras possibilidades de aprendizagem no

indivíduo.

Inclusive, em “Arte que Transforma”, exibido por meio de um vídeo-

documentário, é possível acompanhar - através de depoimentos de pessoas - histórias

de vidas que retratam um pouco a trajetória vivenciada por elas dentro do teatro. São

pessoas que falam sobre a promoção que o teatro exerceu em suas vidas. Resultados

estes bastante significativos, que saem dos palcos para a vida real. Para explicar essa

11

ascensão por meio do teatro, entrevistamos especialistas como arte-educadores,

psicopedagogos e pesquisadores na área teatral.

Portanto, este documentário tem por objetivo mostrar a importância do

teatro acerca do desenvolvimento do indivíduo, nos quesitos “transformar”,

“crescer”, “evoluir cultural e socialmente”. E, por ser uma arte que congrega todas

as demais, o teatro é considerado uma grande ferramenta de ensino, que permite ao

aluno desenvolver múltiplas possibilidades humanas.

Para a efetivação deste trabalho fizemos uma árdua e prazerosa

caminhada. Assim, visitamos o Centro Educacional de Referência Professora Maria

José Santos Ferreira Gomes - CERE, que possui um espaço teatral cujo nome dado

foi em homenagem ao responsável que o dirige há 18 anos, o arte-educador e

diretor Gutembergue de Souza. Através do intermédio dele, foi possível

acompanharmos - por vários dias - métodos e ferramentas utilizadas através da arte

para promover o ensino em crianças, adolescentes e adultos. Acompanhamos

também o professor, ator, diretor, arte-educador e pesquisador na área Hemetério

Segundo Araújo, o qual foi peça fundamental para a realização e concretização do

nosso projeto. Assistimos a peças teatrais dirigidas por ele, inclusive à de uma

turma formada pelo Projeto Arte de Viver, no qual ele é o responsável. O grupo -

que estreou com a peça “Puro Vermelho” - fez sua primeira apresentação no Sesc-

Iracema, cujo ambiente, cenário e o próprio espetáculo em si foram essenciais para

a elaboração deste projeto.

Enfim, optamos em fazer algo que servisse não só para a conclusão do

curso, mas que pudesse mostrar - de forma coerente - tamanha importância que o

teatro exerce na vida de uma pessoa, ressaltando principalmente o seu aspecto

inserido no contexto educativo. Portanto, discorrer sobre teatro e educação nos

proporcionou louvável conhecimento e o resultado do nosso trabalho correspondeu

às nossas expectativas, sendo inclusive - a nosso ver - felizmente satisfatório.

12

1. TEATRO: CONCEITOS E METODOLOGIA

De acordo com Oliveira (2010), o teatro é uma modalidade artística que

privilegia o uso da linguagem e promove o desenvolvimento da imaginação e do

pensamento generalizante. Por ser uma atividade coletiva, ele promove uma forma

especial de interação e cooperação entre os sujeitos. “O teatro é uma expressão

coletiva. É uma forma de manifestação de angústias, necessidades e emoções.”

(BECKER, 1988, p.12).

Em consonância está Araújo:

O teatro enquanto arte e principalmente, manifestação artística, nasce da

necessidade do homem se expressar, mesmo porque desde que o homem

surgiu, esta é uma de suas principais necessidades, pois sem o uso da

escrita ou da linguagem formal o homem não poderia transmitir seus

conceitos e conhecimentos às gerações futuras, perpetuando assim sua

memória. (ARAÚJO, 2010, p. 27)

Ubersfeld (2005) afirma também que a arte teatral pode ainda ser

caracterizada por uma produção privilegiada de importância capital, pois mostra

melhor que todas as outras, de que o modo psiquismo individual investe-se numa

relação coletiva. (UBERSFELD, 2005, p.2)

Por sua vez, a metodologia teatral, segundo Japiassu (2008), consiste

num conjunto de métodos utilizados para o trabalho educativo que se obtém por

meio do teatro. É a realização dos diferentes caminhos didáticos pedagógicos no

vasto universo das práticas com linguagem teatral. Nesse sentido, observa-se que o

teatro, por meio de sua metodologia, tem uma grande contribuição para a formação

e desenvolvimento do indivíduo enquanto cidadão. Isso mostra que as

possibilidades que ele oferece a partir de seus ensinos são de suma importância,

tendo em vista a relevância social para o crescimento cultural das pessoas.

Nesse sentido assevera Peixoto:

Nesta trajetória o que mais tem sido modificado é o próprio significado

da atividade teatral: sua função social. Constantemente redefinida, na

teoria e na prática, esta função social tem provocado alterações

substantivas na maneira de conceber e realizar teatro. (...) O palco, ou

seja, qual for o espaço de representação, estabelece, em nível de razão e

emoção, uma reflexão e um diálogo vivo e revelador com a plateia, ou

seja, qual for o espaço dos espectadores. Incapaz de agir diretamente

sobre os homens, que são os verdadeiros agentes da construção da vida

social. (PEIXOTO, 1980, p. 12 e 13)

13

O teatro, segundo Peixoto (1980), é um espaço que o homem ocupa e

que o outro observa sua apresentação, ou seja, ambos compartilham uma

cumplicidade que permite mudanças através de gestos contracenados, podendo

assim interligar ou ser modificado de acordo com o fazer teatral.

Assim os autores denominam a arte teatral como algo que socializa o

indivíduo, de modo que este absorva de forma positiva tudo que é extraído de

essência da arte, e que assim prevaleça o que uma pessoa tem de mais relevante,

que é exercer de maneira transparente toda originalidade que existe dento de si.

Através de aspectos como este é importante e se faz necessário relatar um breve

discurso sobre a trajetória significativa da história do teatro no contexto brasileiro e,

posteriormente, cearense.

1.1. História do Teatro Brasileiro

A história do teatro brasileiro segundo Gadelha (1996), foi um espaço

de abordagem de muitos problemas, do ponto de vista do dominado e do

dominador. Nos primeiros séculos da Colônia encontramos índios, negros e

brancos, todos na mesma procura de libertação.

De acordo com Gadelha (1996), o teatro brasileiro no século XVI

surgiu graças à Portugal, que começou a fazer do Brasil sua colônia. Os

portugueses tinham um caráter pedagógico baseado na Bíblia, e mais do que isso,

eles tinham como ensinamento sobre o teatro, Padre Anchieta, que era o

responsável por criar grandes textos e peças teatrais.

Foi a partir do século XIX que o teatro nacional começou a se

estabilizar, e algumas pessoas da época foram responsáveis por este feito. São eles

Martins Pena - responsável por introduzir o gênero de comédias de costumes, o

dramaturgo Artur Azevedo, o ator e empresário teatral João Caetano e também o

escritor Machado de Assis, que levou sua criatividade e conhecimento literário

para os palcos.

Ainda conforme os autores, o grande objetivo da Companhia de Jesus -

no caso, dos padres jesuítas - era catequizar os índios, pois eles viam nas tribos

brasileiras uma grande inclinação para a música, dança e a oratória, como também

14

a utilização de seus elementos que aguçaria aos dogmas da Igreja Católica,

podendo assim unificar a cultura indígena e a catequese.

Por sua vez, Araújo (1978) explica que o século XVIII foi consumado

com o surgimento das primeiras casas de espetáculo e o surgimento de elencos

regulares. Com isso, a profissão de ator passou a ser reconhecida pelo público.

Neste período, o país teve como impulso a visita da Companhia Europeia, um

grupo de teatro português que trouxe para o Rio de Janeiro o teatro de bonecos,

precursor dos grandes espetáculos que já eram apresentados no exterior.

Deste modo, ainda de acordo com Araújo (1978), o teatro cada vez mais

vai ganhando espaço e tornando mais frequentes no Brasil as encenações de dança

- dos tipos taieiras e quicumbins - que encantavam o público por onde passava.

Em tal contexto, importante para o desenvolvimento do teatro dramático no Brasil

foram as construções de "Casas de Ópera" ou "Casas de Comédia" em várias

cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Vila Rica, Salvador e Recife.

Com grandes espetáculos havia como destaque o cronista e religioso brasileiro,

Domingos de Loreto Couto, que é de Recife e pertenceu à Academia Brasílica dos

Renascidos de 1759.

1.2. História do Teatro Cearense

De acordo com Costa (1972), foi no ano de 1830, nas esquinas da Rua

General Bezerril com Guilherme Rocha, que estava localizado o primeiro teatro

existente em Fortaleza, o Concórdia, chamado também de Casa da Ópera. Tal

espaço era muito bem visto pelos olhos de muita gente, e foi até um dos lugares

onde foi homenageado o presidente da província, José Mariano de Albuquerque

Cavalcante.

Ainda conforme o autor, o Teatro Concórdia recebia muitas pessoas da

alta sociedade, e em 1842 transferiu-se para Rua Formosa, 72, na rua Barão do

Rio Branco, com o nome de Teatro Taliense. O elenco tinha como integrantes:

Maria Lacerda Bahia, Maria Lurdes de Oliveira, Xisto de Paula Bahia, José

Eduardo Sá Silva, Peregrino Lemos de Menezes, Joaquim Infante da Câmara,

Artur Moreira e Manoel Tavares. Em 1861 foi encenada “Quem com ferro fere,

com ferro será ferido”, de Juvenal Galeno. “Na mesma época foram destinados

15

como projeto da Assembleia Legislativa cerca de 100 contos na construção de um

teatro, até então nada havia sido feito de positivo a respeito do teatro.” (COSTA,

1972, p.9)

Segundo Costa (1972), mesmo ocorrendo as falhas e os contratempos

no teatro - como incidentes desastrosos, atores que se atrasavam, problemas no

som, figurino que às vezes não estava pronto - havia pontos positivos e

valorizados pelas pessoas. Ou seja: apesar de algumas coisas não darem certo, isso

causava “sufocantes gargalhadas”, o que acabava dando um ar de pura comédia

aos olhos de quem presenciava os espetáculos.

Nesse sentido, o autor comenta que a cada ano mais grupos iam

surgindo e mudanças iam acontecendo. Isto é: Fortaleza e o Ceará foram

ganhando mais teatros como o Apolo Sobralense em 1879 - com apresentação de

dramas e comédias; o Teatro São Luiz, em 1882 - onde se apresentaram grandes

companhias de músicas, danças e peças (infelizmente fechado em 1896); o Teatro

São João, de Sobral - inaugurado no dia 25 de novembro de 1886 - onde houve

dias de glória, esplendor e fama, e ainda aberto.

Por sua vez, o Teatro José de Alencar, de acordo com Costa (1978),

surgiu sendo um dos mais lindos e gloriosos espaços cearenses do fazer teatral.

Começou a ser construído no dia 06 de junho de 1908 e foi inaugurado em 1910,

delimitando o término da primeira fase do teatro cearense. Diferente dos outros

teatros pelo belíssimo jardim, possui uma fachada principal - com modelo coríntio

- caracterizada por quatro colunas e estrutura metálica, o corpo central por

passadiços laterais de ferro, todo de aço com três pavimentos, térreo com frisas,

camarotes e torrinhas. Em toda essa estrutura o acompanhamento e a criação de

grandes profissionais, tais como os pintores Jacinto Matos, Rodolfo Amoedo,

Antônio Rodrigues e Ramos Cotoco - responsável pela hoje considerada a maior

obra artística do Estado, a parte do forro do teatro. Sua inauguração foi em 17 de

junho de 1910, com a presença de importantes personalidades do Ceará, incluindo

seu presidente (assim chamado o governador da época) Nogueira Acioli, que

inaugurou o teatro e foi homenageado.

Passando o século XX, na década de 1990, Barroso aponta que no

Theatro José de Alencar, durante esse tempo, houve a maior movimentação em

toda sua história. O autor relata também que no ano de 1991, e contou não apenas

16

com uma série de espetáculos, mas também com um encontro de grandes

criadores (artistas) vindos de outros centros para trabalhar e dar vida ao teatro,

com espetáculos, oficinas e inúmeras peças teatrais.

Peças memoráveis foram apresentadas, como A Vida é Sonho, de

Calderón de La Barca, com direção de Gabriel Vilela (em janeiro de

1992) e Castelo de Holrstebro, dirigido por Eugênio Barba. A isto

juntou-se a criação do CENA, Centro de Artes Cênica do Ceará, no

próprio TJA, dando sequência a um trabalho permanente de formação e

crítica, em que foram incluídos a Oficina Princípios Básicos de Teatro,

dirigida por Paulo Ess e João Andrade Joca, e Seminário o Teatro e a

Cidade, no qual se discutiu a relação do TJA com o centro histórico de

Fortaleza. (BARROSO, 1947, p. 73).

Segundo Barroso (1947), ao longo do tempo, o teatro consolidou-se

com trabalhos desenvolvidos pelo TJA e com ajuda de grandes nomes como: Luiz

Carlos Vasconcelos, diretor do Grupo Piolin, e José Carlos Serroni, cenógrafo do

Centro de Pesquisas Teatrais - CPT (São Paulo), entre muitos, bem como com as

inúmeras palestras e debates com dramaturgos e encenadores do porte de Plínio

Marcos, Augusto Boal, José Celso Martinez e Ariano Suassuna.

Ainda conforme o autor, atualmente o Teatro José de Alencar atua em

uma série de projetos voltado para a arte concentrados em estudos, ações

socioeducativas, artes cênicas, música, danças, brincadeiras circenses, dentre

outras modalidades. Além disso, é voltado para todo tipo de público e estudantes

em geral, e em particular, para os de escolas públicas e de baixa renda.

O Theatro José de Alencar abriga a Escola de Dança para Criança e

Adolescentes, projeto sociocultural em parceria com as Secretarias

Estaduais de Cultura, da Ação Social e da Educação, bem como os

Colégios de Direção Teatral e Dança, do Instituto Dragão do Mar de

Arte e Cultura. Para todas estas atividades são usados, além de sua sala

de espetáculos, seus mais diferentes espaços, como o Teatro Morro do

Ouro, a Praça (interna) Pedro Boca Rica, as salas de ensaio de dança,

teatro, música (instrumental e coral), o porão, os jardins, o pátio interno,

o foyer, a sala de entrada, projetando-se, inclusive, para a praça em

frente. (1947, p. 74)

17

2. O TEATRO NO CONTEXTO EDUCATIVO

O teatro, segundo Araújo (2011), não se define só pelos palcos ou

através de peças, mas também pela capacidade de juntar a arte e expressão com a

educação. Em tempos passados o contexto educacional era utilizado somente pelas

elites que, com o passar dos tempos, foi ganhando espaço nas comunidades e deu

origem ao ensino da arte.

Arcorverdes (2010) lembra que desde os tempos de Platão, o teatro vem

sendo abordado com a função e intenção de educar. De acordo com a história, fazer

teatro deliberava o crescimento do saber no indivíduo. Nesse sentido, as atividades

de expressão dramática eram estudadas e centradas com valores didáticos, ou seja,

o teatro tido como formador da personalidade humana.

Pode-se afirmar também que o teatro foi um importante instrumento

educacional na medida em que difundia o conhecimento e representava, para o

povo, o único prazer literário disponível na época de Platão e Aristóteles. Portanto,

a autora acima citada defende que dessa forma, de acordo com a visão pedagógica,

o teatro tem a função de mostrar o comportamento social e moral através do

aprendizado de valores e no bom relacionamento com as pessoas.

(ARCOVERDES, 2010, p. 601)

Ainda conforme Araújo (2011), durante algum tempo, acreditava-se que

a arte na escola serviria apenas para resolver alguns problemas de coordenação

motora, alívio de tensões escolares ou até mesmo por mera distração dos alunos.

Entretanto, hoje se vê a importância e a função que ela vem exercendo nessas

instituições de ensino:

(...) hoje sabemos que a prática continuada de qualquer atividade

artística, e mesmo não artística, ao longo da vida ou por um

determinado período é extremamente valorosa, pois gera hábito,

consolida informações corporais e sensoriais. Assim, o bem estar que a

arte proporciona é visto como ponto secundário, encarado como

necessário à descontração, descaracterizando-a como atividade

importante frente às demais. (ARAÚJO, 2011, p. 113 e 114).

Por sua vez, de acordo com Cavassin (2008) apud Koudela (2006), o

teatro aplicado à educação na área do conhecimento é hoje considerado uma grande

18

conquista alcançada, isso porque existem muitos fatores que ainda limitam e

dificultam um saber maior através da pesquisa de conteúdos teóricos para a

estimulação e desenvolvimento da prática.

Muito se sabe a respeito da importância do teatro na educação em todos

os campos de atuação. Os princípios pedagógicos do teatro traçam

relações claras entre teatro e educação, considerando essa arte como

uma forma humana de expressão, a semiótica e a cultura. (CAVASSIN,

2008, p.40)

Entretanto, Reverbel (1979) ressalta que para o teatro ter a função de

contribuir na formação educacional e desenvolvimento cultural da criança, de

jovens adolescentes que estão na escola, sendo a arte uma ferramenta de ensino e

aprendizagem, é necessário as escolas utilizarem de pessoas capacitadas com

formação na área para a realização de um trabalho sério e com uma finalidade

educativa, além de contar com o apoio de órgãos competentes que trazem consigo o

poder de potencializar e fazer acontecer esse ensino.

Para que no futuro o teatro na educação assuma o seu verdadeiro papel,

que é o de contribuir para o desenvolvimento emocional, intelectual e

moral da criança, correspondendo fielmente aos seus anseios e desejos,

respeitando-lhe as etapas do pensamento que evolui do concreto para o

formal, para dar-lhe uma visão de mundo a partir da marcha gradativa

das suas próprias descobertas é preciso que se atendam dois pontos

essenciais:

- a preparação dos professores;

- o apoio governamental, isso é, uma efetiva ação do Ministério da

Educação e da Cultura. (CAVASSIN 2008 apud REVERBEL, 1979, p.

155)

Segundo Cavassin (2008), o teatro no entorno da educação cumpre o

papel de mobilização de todas as capacidades criadoras e o aperfeiçoamento da

relação do indivíduo com o mundo eventual. Pois é através das atividades

dramáticas que eles desenvolvem a criatividade e humanizam o ser. Além disso, o

aluno torna-se capaz de aplicar e integrar o conhecimento adquirido nas demais

disciplinas da escola e, principalmente, na vida. Sofrendo assim uma ascensão

pedagógica e resultando no desenvolvimento gradativo na área cognitiva e afetiva

do ser humano.

Já Araújo (2011) diz que a arte sempre foi um instrumento no processo

educacional; e não se trata de um novo tema, pois desde os primórdios da

19

catequização indígena, a arte já era utilizada como estratégia didática pelos jesuítas,

designada como uma forma e método de ensino.

Ao priorizarmos a arte teatral em detrimento das outras manifestações

artísticas igualmente importantes, enfatizamos a oportunidade que esta

proporciona ao indivíduo de se ver e se perceber de maneira diferente.

Essa percepção de si no teatro é contemplada por meio da interpretação,

pela verificação de outros seres, pela experimentação de outras

experiências de vida. (ARAÚJO, 2011, p. 120)

E o teatro, segundo Arcoverdes (2010), além de estimular o indivíduo

no seu desenvolvimento mental e psicológico, é também a arte que precisa ser

estudada em vários níveis, não só o pedagógico, mas principalmente o psicológico,

pois essa é, sobretudo, uma atividade artística que possui suas características

relacionadas.

A experiência teatral em forma de brincadeira, segundo Spolin (1965), é

também uma experiência grupal que permite ao aluno - com capacidades e culturas

diferentes - expressarem-se simultaneamente enquanto desenvolvem habilidades e

criatividades individuais. O autor considera ainda que o arte-educador deve

estimular cada indivíduo a participar de várias facetas dentro do fazer teatral, nem

que seja só para manejar as cortinas, e assim ter uma participação contributiva.

Segundo ele, o objetivo é assim provocar a espontaneidade e permitir que a

liberdade pessoal do ser possa emergir em torno de sua expressão individual.

Dessa forma, Araújo (2011) aponta a importância da arte e do poder de

transformação intrínseco ao fazer teatral. O autor explica que é preciso haver um

afastamento da realidade para que haja essa realização, pois por menor que seja o

resultado, tende a ser revolucionário, já que impulsiona o interior de cada indivíduo

que busca ousar.

A arte teatral em sua forma pedagógica, para Reverbel (1979), busca

mostrar o comportamento social e moral por meio do aprendizado de valores, e pelo

bom relacionamento com as pessoas. Dessa forma, a contribuição do teatro no

desenvolvimento do indivíduo ainda criança - seja na educação infantil ou ensino

fundamental - é grandiosa, ajuda o aluno no desenvolvimento de suas próprias

potencialidades de expressão e comunicação, bem como proporciona o

conhecimento de outros gêneros, além de facilitar o seu convívio sócio cultural.

20

A arte desempenha um papel extremamente vital na educação das

crianças. Quando a criança desenha, faz uma escultura ou dramatiza

uma situação, transmite com isso uma parte de si mesma: nos mostra

como sente, como pensa e como vê. (REVERBEL, 1989, p.21)

De acordo com Becker (1988), pedagogicamente, o teatro na educação

está intimamente ligado ao desenvolvimento do intelecto humano, e como tal,

acaba por se relacionar com a linguagem e o discurso.

2.1 O teatro como instrumento pedagógico na escola

No Brasil, o teatro na educação ainda é um espaço que vem lutando

para ser conquistado. Segundo Becker (1988), no país existe um pequeno número

de instituições de ensino que utilizam o método da arte teatral em suas escolas,

algumas agregadas ao teatro de currículo, outras em forma de oficinas. Muitos são

os educadores que acreditam na força que o teatro tem para promover e

potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno. Com isso, há ainda um

número considerável de escolas que não aceitam, não acreditam e não dão o devido

valor ao exercício teatral, que sem dúvida estimula o processo educativo e cultural

do aluno.

Conforme Reverbel (1979), as primeiras descobertas de si mesmo, do

outro e do mundo acontecem na sala de aula. Pois é lá que o aluno se incorpora ao

grupo social, ao mesmo tempo em que se diferencia dele. É principalmente na

escola que a criança aprende a lidar com o convívio social e a se relacionar com os

outros. O professor, por sua vez, ao orientar as primeiras atividades de expressão

precisa se ater às considerações espontâneas apresentadas pela criança, pois é isso

que permitirá a ela exteriorizar o seu “eu”. A autora explica ainda que o ensino das

atividades de expressão artística fundamenta-se no binômio espontaneidade/técnica.

Assim, tendo o aluno adquirido certo domínio das técnicas de expressão, este fará

uso dela para que lhe auxilie na hora de expressar seus sentimentos, sensações e

quando for se comunicar. Portanto, nesse período o aluno busca sem cessar um

equilíbrio entre as duas formas: a expressão do “eu” e o conhecimento do outro.

O teatro é sabidamente uma arte com potencial para o processo de

ensino-aprendizagem, uma vez que estimula a criatividade, a

interdisciplinaridade, o trabalho coletivo e a pesquisa, colaborando para

a formação integral do educando, desenvolvendo aspectos sociais,

21

afetivos, estéticos, éticos e cognitivos, ao mesmo tempo em que reflete e

relaciona as questões que envolvem o seu cotidiano com a realidade

social mais ampla. (BRITO, 2009, p. 75)

Becker (1988) considera que a proposta das escolas ao trabalharem com

Educação Artística pressupõe a perspectiva de que se vai trabalhar com linguagens

artísticas, além de possibilitar a busca de vários canais que trabalhem a expressão

do indivíduo. Além disso, que vai servir como uma via a mais de comunicação

para o desenvolvimento da capacidade criativa corporal, através da aplicação de

uma metodologia adequada, em que o aluno é levado a encontrar suas próprias

respostas. E, em todos esses aspectos, o universo teatral está entronizado.

22

3. DOCUMENTÁRIO: HISTÓRIA INICIAL DO CINEMA

O documentário não surgiu da adesão a práticas previamente

estabelecidas. Ninguém inventou intencionalmente esta modalidade. (NICHOLS,

2010 p. 116). A procura pela compreensão do estilo - para Nichols (2010) -, surge

com o passar do tempo, movido por cineastas ávidos em conhecer os primórdios da

produção dos filmes deste estilo. Na época a fotografia comoveu por mostrar um

retrato fiel mais próximo da realidade, mostrando e exibindo exatamente o que as

lentes da máquina fotográfica captaram, e assim oferecendo uma comprovação

visível do que a câmera viu.

Por sua vez, as películas de Louis Lumière, no final do século XIX, são

a comprovação visível das imagens que apareceram diante da câmera e também o

esboço do que viria a ser um documentário.

Sobre tal contexto, assevera Nichols:

Devemos observar que ninguém teve a intenção de construir uma

tradição do documentário. Ninguém tentou “inventar” o documentário

como tal. O esforço para construir uma história do documentário, uma

história com um começo, bem distante no tempo, e um fim, agora ou no

futuro, aconteceu depois do fato. Surgiu como desejo de cineastas e

escritores, como eu, de compreender como as coisas chegaram ao ponto

que estão hoje. Mas, para aqueles que vieram antes, bem antes, de nós, o

ponto em que estão hoje era mera especulação. (...)

O interesse desses cineastas e escritores não era abrir um caminho livre

e desobstruído para o desenvolvimento de uma tradição documental que

ainda não existia. Seu interesse e sua paixão eram a exploração dos

limites do cinema, a descoberta de novas possibilidades e de formas

ainda não experimentadas (NICHOLS, 2010 p. 116)

Nichols (2010) ressalta ainda que uma das formas de explicar a

elevação do documentário está relacionada à história que inclui o amor ao cinema,

bem como sua capacidade incomum de captar a vida como ela apresenta ser. Essa

capacidade serviu de marca para o cinema primitivo. Naquela época o cinema foi

uma revelação para as pessoas, pois era uma forma de retratar a realidade nunca

vista antes.

Sobretudo nos anos de 1930 e 1940, Ramos (2008) explica que existia

uma discussão acerca do que seria ou não documentário, e como ele seria

caracterizado devido à confusão causada à definição de documentário e sua forma

23

estilística de modo clássico. Ainda segundo o autor, somente na década de 1990 é

que se conseguiu chegar a uma concepção de que o documentário era algo mais

amplo do que apenas uma simples narrativa.

Ainda conforme Ramos (2008), as teorias e concepções do

documentário são emitidas por meio de vários estilos, variando historicamente. O

documentário clássico, por exemplo, até a década de 1950 foi caracterizado pelo

predomínio da voz over, que remete o termo voz de Deus (locução fora de campo).

Ou seja: a voz da sabedoria, que se tornou conhecida por retratar fatos ocorridos no

mundo.

De acordo com Lins; Mesquita, (2008), a produção documental,

diferentemente do cinema brasileiro de ficção, não sucumbiu à crise que marcou a

passagem dos anos 80 para os 90, com a extinção da Embrafilme pelo governo

Collor de Melo, estatal produtora e distribuidora de cinema.

Na trilha iniciada nos anos 80, seguiu seu destino de gênero “menor”:

realizado sobretudo em vídeo, manteve fortes ligações com os

movimentos sociais que surgiram ou reconquistaram espaço com

redemocratização do país, restrito à pouca visibilidade fora do circuito

de festivais, associações, sindicatos e TVs comunitárias - apartado,

enfim, das principais janelas de exibição. A situação se modifica

razoavelmente a partir da “retomada” do cinema brasileiro, por vários

motivos. A prática documental ganha impulso, primeiramente, com o

barateamento e a disseminação do processo de feitura dos filmes em

função das câmeras digitais e, especialmente, da montagem de

equipamento não-linear” (LINS; et all MESQUITA, 2008, p. 11).

As autoras explicam ainda que é no final da década de 90 que o

documentário ganha visibilidade. A produção de filmes está em franco crescimento,

alguns títulos chegam à tela, e a atenção do público vai ficando mais crítica e cada

vez mais exigente. No ano de 1999, três filmes se destacaram, Nós que aqui

estamos por vós esperamos - de Marcelo Masagão, atingindo um público de 59 mil

espectadores; Santo Forte - de Eduardo Coutinho, que chegou a 19 mil; e Notícias

de uma Guerra Particular - de João Salles e Kátia Lund, exibido em vários festivais

e no canal de televisão a cabo GNT/ Globosat, com grande repercussão.

24

3.1 Conceitos e definições

Segundo RAMOS (2008, p. 22), “[...] documentário é uma narrativa

com imagens - câmara que estabelece asserções sobre o mundo, na medida em que

haja um espectador que receba essa narrativa como asserção sobre o mundo”. Já

Nichols (2005) lembra que os primeiros filmes documentários foram feitos no final

do século XX, quando Louis Lumière1 retrata em suas obras “Saída das fábricas

Lumiére”, “A chegada do comboio à estação”, “O regador regado”, e de alguns

outros vídeos que retratavam o cotidiano daquelas pessoas e que tiveram início

juntamente com o vídeo-documentário.

Uma forma corrente de explicar a ascensão do documentário inclui a

história do amor do cinema pela superfície das coisas, sua capacidade

incomum de captar a vida como ela é; capacidade que serviu de marca

para o cinema primitivo e seu imenso catálogo de pessoas, lugares e

coisas recolhidas em todos os lugares do mundo. [...]. A combinação da

paixão pelo registro do real com um instrumento capaz de grande

fidelidade atingiu uma pureza de expressão no ato da filmagem

documental. (NICHOLS, 2010, p. 117 e 118)

De acordo com Lucena (2012), o termo documentário é uma definição

bastante extensa e que remete de fato com as experiências apontadas de Grierson2,

quando diz que “documentário é o tratamento criativo da realidade, com a adição de

expressões bastante utilizadas, como “filmagem factual e reconstituição sincera””.

O autor explica ainda que o documentário, diferentemente da ficção, é a

edição de um conteúdo audiovisual, podendo ser captado por vários tipos de

acessórios como uma câmera, filmadora, ou até mesmo o celular, o qual tem o

poder de refletir na perspectiva pessoal do realizador.

Os documentários conduzem seus espectadores a novos mundos e

experiências por meio da apresentação de informações factual sobre

pessoas, lugares e acontecimentos reais, geralmente retratos por meio de

uso de imagens reais e artefatos. Mas a factualidade por si só não define

os filmes documentários; é o que o cineasta faz com que esses

elementos factuais, entretecendo-o em um todo narrativo que se

empenha em ser irresistível na mesma medida em que é verdadeiro e

1 Louis Lumière: Primeiro inventor do cinematógrafo, é conhecido como o pai do cinema.

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/auguste_e_Louis_Lumiere> Acesso: dia 21 maio,

2013, 18h32. 2 John Grierson: Fundador da escola inglesa de documentário. É considerado um dos principais

nomes da história dos primórdios do documentário.

Disponível em:< pt.wikipedia.org/wiki/jonh_Grierson> Acesso: dia 21 maio, 2013,18h45.

25

frequentemente maior que a soma de suas partes (LINS; MESQUITA,

2008, p. 2).

Os documentários têm diferentes significados para diversos públicos,

eles são formas de auto-expressão como romances, canções ou pinturas. De acordo

com Lins; Mesquita (2008), os curtas metragens são uma forma de jornalismo

independente e sem mediações. Além de serem vistos como ferramentas que por

sua vez têm suas compensações, por existir um descompasso entre culturas que

expõem as realidades um tanto severas de um mundo volátil. “Os documentários

inspiram, motivam, exacerbam e entretêm”. (LINS; MESQUITA, 2008 p. 2). Eles

têm por meio refletir tudo que é grandioso, desafiador, incômodo e humorístico a

respeito da condição humana, e antes de tudo, devem conquistar o público.

3.2 Tipos de documentários

Existem seis tipos de documentário, de acordo com Nichols (2005), e

cada um pode apresentar características diferenciadas, podendo assim serem

chamadas de modos de representação. Esses seis tipos se classificam em: poético,

expositivo, participativo, observativo, reflexivo e performático.

Cada modo pode surgir em parte como reação às limitações percebidas

em outros modos, como reação às possibilidades tecnológicas e como

reação a um contexto social em mudança. Entretanto, uma vez

estabelecidos, os modos superpõem-se e misturam-se (NICHOLS, 2005,

p. 63)

No modo poético, são enfatizadas associações visuais, passagens

descritivas e organização formal. Ele evidencia a subjetividade e se preocupa com a

estética. Em relação à construção do texto, podem-se usar poemas e trechos de

obras literárias.

No modo expositivo, é caracterizado o tipo de comentário verbal e uma

lógica argumentativa. Ele preocupa-se mais com a defesa de argumentos do que

com a estética e subjetividade. É sempre importante ressaltar a importância do que

está sendo falado e mostrado; com isso, o casamento da imagem e do texto é de

extrema importância.

No observativo, o engajamento direto do cotidiano das pessoas que

26

representam o tema do cineasta - conforme são observadas por uma câmera discreta

- é valorizado. O documentarista busca captar a realidade tal como aconteceu. Para

isso, evita qualquer tipo de interferência que caracterize falseamento da realidade.

Dessa maneira, há pouca movimentação de câmera, trilha sonora quase inexistente

e não há narração, uma vez que as cenas devem falar por si mesmas.

O modo participativo é caracterizado pela interação de cineasta e tema.

A filmagem acontece em entrevistas e outras formas de envolvimento ainda mais

direto. Frequentemente são utilizadas imagens de arquivo para examinar questões

históricas. Dessa forma, o documentarista torna-se um sujeito ativo no processo de

gravação, pois aparece em conversa com a equipe e provoca o entrevistado para que

este fale.

O modo reflexivo chama a atenção para as hipóteses e convenções que

regem o cinema documentário. Aguça nossa consciência da construção da realidade

feita pelo filme. Nos filmes em que esse modo de representação prevalece nota-se

como é a reação do grupo pesquisado diante da câmera e do seu realizador.

Por fim, o modo performático caracteriza-se pela subjetividade e pelo

padrão estético adotado, utilizando as técnicas cinematográficas de maneira livre.

Pertencem a esse modo os filmes de vídeo-arte e cinema experimental e de

vanguarda. O documentário em questão faz parte do modo expositivo. A diretora

entrevista e utiliza imagens de arquivo para argumentar e mostrar seu ponto de

vista, mas há também características fortes do modo participativo.

É importante ainda destacar que um documentário pode ter

características de mais de um modo, mas na maioria das vezes um deles prevalece

como o mais importante e visível.

Neste trabalho utilizamos o modo participativo em nosso vídeo

documentário por este ser o tipo mais adequado ao formato do nosso objeto. Afinal,

trabalhamos com entrevistas, interagimos com os entrevistados ao estimularmos a

falarem, além de utilizarmos imagens de arquivos de cunho próprio dos

personagens.

27

4. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS

Com o intuito de facilitar nosso trabalho de campo, começamos fazer

um pré-roteiro das coisas que tínhamos e o que ainda teríamos que pesquisar. Com

a ajuda do nosso orientador, Lenildo Gomes, iniciamos o trabalho em campo.

Primeiramente elaboramos perguntas que cabiam à temática do estudo e depois

procuramos por especialistas na área. Queríamos manter contato com pessoas que

não só trabalhassem com teatro, mas que ministrassem a arte voltada para a

educação. Visitamos alguns espaços que disponibilizavam aulas de teatro até

definirmos nossos personagens. Primamos por pessoas que sofreram mudanças

positivas através da arte e que enxergam o teatro como uma ferramenta de ensino e

uma espécie de “resgate”. Assim, compartilhamos experiências, discorremos sobre

o nosso trabalho e o que - de fato - queríamos abordar em nosso objeto de pesquisa.

Após tudo isso, refizemos o roteiro e começamos a colocar tudo em prática.

Para as filmagens utilizamos a câmera modelo Sony FX7, com zoom

manual e automático, aspecto que foi fundamental para focarmos os personagens

que utilizamos durantes as gravações. A cada entrevista procuramos usar microfone

(lapela sony), câmera parada, algumas vezes na mão (handy can) e outras com

tripé, o que ajuda a manter um distanciamento. O objetivo: fazer com houvesse um

bom enquadramento até nos adequarmos ao ambiente, além de evitar imagens

tremidas. Utilizamos por diversas vezes o equipamento de iluminação com luz de

300 watts na peça “Puro Vermelho”, exibida no SESC-Iracema. Utilizamos ainda

iluminação artificial no Teatro Cere, nas entrevistas com o professor Gutembergue

de Souza, Rodrigo do Patrocínio, exceto nas imagens com as crianças, pois a luz

ambiente do teatro se chocava com o refletor e causava estranheza nas imagens.

Utilizamos também iluminação nas gravações na casa da Raquel, com

enquadramentos, planos abertos e fechados, zoom manual e automático. Na

entrevista com o professor Hemetério, na Faculdade Cearense, também utilizamos

iluminação. E para a edição do documentário, foram utilizados os programas Adobe

premier CS5, Fotoshop e Encore.

28

5. DIÁRIO DE CAMPO

No início de nosso trabalho, ainda na disciplina de Projetos

Experimentais I, tínhamos a certeza de que iríamos retratar algo que discorresse

sobre o teatro. Nosso objetivo maior era abordar a arte no cenário educativo, por ser

um assunto que nos desperta interesse e até então não abordado em nenhum objeto

de estudo em nossa instituição.

Em princípio iríamos realizar nossa pesquisa em formato de revista,

mas após compartilharmos o trabalho com alguns professores na qualificação, nos

foi aconselhado a realização do projeto através de um vídeo-documentário.

Infelizmente pelo motivo de ter havido alguns imprevistos, tivemos que correr

contra o tempo, pois tínhamos apenas três meses para elaborar o trabalho e ainda

conciliar com estágios, outras disciplinas do final do semestre, além de

compromissos pessoais.

Por ser o audiovisual o modelo que mais se adequa ao gênero do nosso

trabalho, assim acabamos por fazê-lo. E devemos ressaltar que não foi nada fácil,

primeiro porque tivemos que arcar com muitos gastos que não contávamos, pois

realizar um documentário requer custos, e depois por nos depararmos com

tamanhas dificuldades ao realizar as gravações, justamente por não gozarmos de

experiência com audiovisual. Assim, tivemos que agir com cautela, precisamente

quando nos deparávamos com barulhos indesejáveis. Embora não tenhamos sido as

autoras das gravações, fomos nós que o dirigimos desde o início.

Depois de algumas experiências, acabamos por entender que gravar não

parecia tão difícil, isso na medida em que íamos nos adequando aos ambientes.

Achamos inclusive que pecamos ao deixar os entrevistados se excederem nas

respostas, o que nos dificultou bastante na hora de realizarmos a decupagem.

Algo a acrescentar e que muitas vezes nos pareceu difícil, não só para

nós, mas também para alguns entrevistados, é que ao término das gravações, ao

verificarmos que as imagens não haviam sido gravadas, tínhamos que fazê-las

novamente, utilizando mais do pouco tempo que os nossos entrevistados

dispunham. Estes, devemos dizer, sempre se mostraram dispostos a nos ajudar.

29

ENTREVISTADOS

Hemetério Segundo

Tivemos um contato prévio com o trabalho do professor Hemetério

Segundo quando realizávamos uma pesquisa na biblioteca da Faculdade Cearense,

para a elaboração do nosso relatório técnico. O professor é autor de dois livros que

conceitua o teatro, sendo um livro voltado para o ensino da arte e o outro para a sua

compreensão. As obras - intituladas “Criador e Criatura” e “Teatro: Conceito e

Ciência” - retratam exatamente o que precisávamos para auxiliar na elaboração do

nosso objeto de pesquisa.

O primeiro contato com o professor foi por telefone, cedido pelo

professor Carlinhos Perdigão. Marcamos então um encontro com ele para

discutirmos sobre a temática do nosso trabalho. O professor - muito simpático - foi

bastante receptivo conosco, deixando-nos à vontade para assistirmos o ensaio de

uma peça na qual ele dirigia. Esse encontro aconteceu na Escola do Estado do

Paraná. Ao terminar o ensaio, Hemetério - especialista em arte e educação, diretor,

ator e pesquisador na área teatral - aceitou o convite para participar do nosso

documentário, e assim compartilhar suas experiências como conhecedor e

profissional da área.

A entrevista aconteceu na biblioteca da Fac. Pensávamos que seria fácil,

pois seria o local mais adequado para entrevistá-lo. Sobretudo, não tínhamos

pensado no barulho que seria feito no local. Ao pedirmos a compreensão de todos

os presentes seguimos com a entrevista normalmente.

Gutembergue de Souza

Conhecido por um membro da nossa equipe, Márcia Gabrielle, que

já foi sua aluna nos tempos de colégio em que ela deu seus primeiros passos

teatrais, o professor Gutembergue - também educador, diretor, ator e radialista - foi

peça fundamental para a realização do nosso trabalho. A Márcia intermediou nosso

contato com ele, antecipando o assunto da nossa pesquisa e a finalidade a que ele se

devia.

30

Perguntamos ao professor se ele estava disponível a contribuir

conosco, pois ele seria de suma importância para a realização do nosso objeto de

pesquisa. Aceitou de imediato, mostrando entusiasmo e feliz por abordarmos o

teatro em nosso TCC.

Tivemos um bate-papo em sua casa, em que ele nos explicou a

importância do teatro para a vida, sugerindo-nos alguns livros e nos fazendo um

convite para irmos conhecer o teatro do Centro Educacional e Referência Professor

Maria José Santos Ferreira Gomes (CERE). Tal espaço cênico é o teatro que

Gutembergue ensina.

Marcamos com o professor para entrevistá-lo uma quarta feira, dia

08 de maio. Encontramos algumas dificuldades em relação ao cumprimento de

horários, pois havíamos marcado mais duas entrevistas para aquele mesmo dia.

Antes do contato efetivo o professor estava dando aula para crianças e iria elaborar

uma esquete. Sentimos então a necessidade de registrar aquele momento, aspecto

que nos pareceu fundamental abordar em nosso trabalho. Tivemos bastante

dificuldade na hora da gravação, por ser o elenco composto por crianças que,

obviamente, mais queriam brincar do que estudar.

Raquel de Oliveira

Na espera de falar com o professor Gutembergue, no teatro do

CERE, conhecemos a estudante Raquel de Oliveira, hoje com 15 anos. Raquel

começou no teatro aos sete anos de idade, ela nos contou uma breve história sobre

sua vida com o teatro. A adolescente ressaltou mudanças através da arte. Assim,

marcamos a entrevista com ela para o dia 8 de maio, 10h30, em sua casa.

Rodrigo Herculano do Patrocínio

Conhecemos o Rodrigo através do professor Gutembergue. Nosso

primeiro contato com ele foi por telefone. Marcamos com ele no dia 8 de maio, no

teatro CERE, junto ao professor Gutembergue. Em entrevista, relatou sua vida com

o teatro e as mudanças que a arte exerceu em sua vida. Rodrigo começou no teatro

aos 12 anos de idade. Segundo ele, na época era tímido e tinha uma dificuldade

31

imensa em se comunicar. Hoje com 24 anos, ele é estudante de teatro no Cefet e

ministra aulas para alunos num projeto de nome Ilhas.

Conceição Oliveira (mãe da Raquel)

Na confecção intelectual do nosso trabalho, queríamos entrevistar

alguém da família de um personagem envolvido com o fazer teatral, e isso foi feito

com a dona Conceição. Assim unimos o útil ao agradável, e no mesmo dia em que

encerramos a entrevista com sua filha (Raquel), demos continuidade à entrevista

com a mãe, que gentilmente aceitou contribuir com nosso trabalho. A entrevista

seguiu sendo - inclusive - bastante emocionante, pois a dona de casa e costureira

Conceição nos fez confidentes declarações sobre sua vida e a da filha. Infelizmente

não foi possível colocarmos em prática o que aprendemos durante todo o curso, que

é manter uma postura e sermos imparciais diante de tamanhas situações.

Gletson Martins

Com o professor e psicopedagogo Gletson, marcamos com ele no

mesmo dia que iríamos entrevistar os personagens do colégio CERE. O intuito:

falar com ele sobre a importância do teatro para a o desenvolvimento da criança.

Gravamos com ele no CERE mesmo, numa sala de aula. A entrevista foi bastante

rentável. O professor nos explicou que o teatro é sem dúvida um método de ensino

bastante eficaz na vida de um indivíduo. Além de todas as informações, Martins,

como especialista na área, fez várias observações bastante consideráveis.

Grupo Arte De Viver

Na gravação da peça “Puro Vermelho” - como já afirmado: ministrada e

dirigida por Hemetério Segundo, também coordenador do grupo - mais uma vez o

mesmo nos recebeu gentilmente, nos deixando bastante à vontade. Neste dia

chegamos ao SESC-Iracema por volta das 16 horas. A peça só seria exibida por

volta de 20h; assim, como queríamos bater um papo com o elenco, registrar

32

bastidores, preparação, iluminação e ter uma prévia do cenário, resolvemos adiantar

nossas tarefas no local.

Alguns que compunham o elenco estavam bem ansiosos e apreensivos,

pois tratava-se de uma estreia. Portanto, lidavam com a emoção e a sensação da

primeira vez, estando inclusive, bastante apreensivos. A explicação para tamanho

desconforto residia no aspecto de que não pretendiam e muito menos aceitariam

errar, por menor que fosse a falha. Já para alguns outros atores - estes experientes -

o momento era mesmo de celebração, por estar realizando mais um de tantos outros

trabalhos.

33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi extremamente importante para nós, pois gozamos de

uma experiência ímpar. Assim, mesmo com erros e acertos, fomos construindo

nosso trabalho com ajuda de pessoas que estavam sempre dispostas a nos auxiliar.

Foi através do compartilhamento de experiências que aos poucos conseguimos

montar a nossa história e assim retratá-la por meio de um documentário.

Partilhamos de momentos importantes e inesquecíveis de cada personagem,

fazendo também de certa forma parte da história deles.

O trabalho - apesar de ter sido árduo - foi sem dúvida, bastante

produtivo, pois na medida em que íamos conhecendo a fundo a vida de cada

entrevistado, íamos aprendendo mais com suas rotinas. Além disso, fomos levando

essas experiências para o nosso convívio e dia a dia.

E assim nos reunimos por várias vezes, enfrentamos opiniões

divergentes, distância, diferenças, imprevistos com saúde em meio a tantas outras

dificuldades. No entanto, cabe salientarmos que tudo que fizemos foi com muita

determinação, amor e dedicação, pois sabemos a importância que demanda um

trabalho deste caráter. Sendo assim, reafirmamos que todo nosso esforço serviu

para a realização final de um trabalho - a nosso ver - totalmente satisfatório.

Espera-se ainda que este trabalho sirva de referência e/ou fonte de pesquisa para

estudantes, professores e pessoas interessadas no assunto.

34

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Expressão Gráfica Editora, 2011.

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36

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<http://lixoextraordinario.net/> Acesso em: 21 abril 2013.

Documentário Faces do Lixo.

Documentário Moscou de Eduardo Coutinho.

Documentário Esporte na TV Cearense.

37

ROTEIRO – ARTE QUE TRANSFORMA

Apresentação

O projeto Experimental Arte que Transforma é um documentário que

pretende passar a importância do teatro na vida de um indivíduo. Além disso,

analisou também como o teatro pode contribuir na formação pedagógica de uma

pessoa.

Assim, em meio a toda essa perspectiva, o objetivo básico desta análise

é tentar apresentar respostas para as seguintes questões: como o teatro pode

contribuir para o desenvolvimento pedagógico e cultural de uma pessoa? Qual a

importância do teatro nas escolas?

Em torno deste contexto, pode afirmar que o teatro é uma forte

ferramenta para o desenvolvimento de um ser. Essa arte - que tanto nos cativa - nos

faz compreender como pode ser fantástico participar desse mundo. Nessa

perspectiva ele - como instrumento pedagógico - é fundamental para o

desenvolvimento educacional de uma pessoa. E é isso que retratamos em nosso

documentário, relatados em suas etapas a seguir.

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ARTE QUE TRANSFORMA

O TEATRO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

SEQ 01. Clip de Abertura- Imagens cobertas pelo OFF e BG.

(Inicia com a peça de teatro feita no Colégio CERE pelas crianças, onde elas

se movimentam em câmera lenta, depois vêm as imagens da peça “Puro Vermelho”,

no SESC-Iracema. A seguir há o momento de descontração com as crianças no

CERE, com o professor Gutembergue. Novamente aparece uma das cenas de Puro

Vermelho, depois Gutembergue entra com as crianças em outro momento de

descontração. Na sequência, um ensaio de uma das peças do professor Hemetério

com seus alunos. Então novamente entra uma das cenas de Puro Vermelho, quando

uma garota levanta lentamente e com pequeno efeito de fundo para o título do

documentário).

OFF: “Teatro é um objeto indefinido, porque a arte não pode ser definida, em parte

pode ser definitiva no alcançar de evoluções e etapas evolutivas numa vida. A arte,

no caso a nossa que nós vivenciamos, a arte teatral é um passar pelo espaço de um

passarinho que a gente consegue caminhar, horas acompanhado ou horas sozinho”.

SEQ 02: DEFINIÇÕES SOBRE TEATRO.

Esta sequência é um recorte dos depoimentos dos entrevistados falando

sobre as definições do teatro.

Sonora 1: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral).

DI: teatro antes de mais nada 00:35 – DF: do trabalho 01:09

Imagem de apoio - 00:57 a 01:10 - com OFF

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Interna/Dia

OFF:

“O ator que é o ser que interpreta, que dá vida a esse outro ser chamado

personagem. Personagem é o ser incorporado, o ser interpretado, e a plateia é

aquela pessoa que é o cúmplice do trabalho.”

Sonora 2: Gutembergue de Souza (educador e diretor teatral)

DI: a arte teatral 01:10 - DF: que vai além da nossa reflexão 02:02

SEQ 03: TEATRO NA ESCOLA

Sonora 01: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral).

DI: então a arte é importante pra vida 02:03 – DF: essa arte que congrega todas as

demais 04:00.

Imagens de apoio da peça (uma história), feita palas crianças no colégio CERE -

04:01 a 04: 14.

Sonora 02: Gletson Martins (psicopedagogo).

DI: a criança, ela tem uma visão mágica 04:15 – DF: passe a observar o mundo de

outra forma 04:47

.

Sonora 03: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral).

DI: a sala de aula 04:48 – DF: tem um a força muito grande 06:05.

Imagem de apoio - 06:06 a 07:01 - aula com o professor Hemetério.

Sonora 04: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral).

DI: é necessário trabalhar 07: 02 – DF: valores para um futuro - 07: 11.

40

Sonora 05: Gutembergue de Souza (educador e diretor teatral).

DI: O teatro infantil 07: 12 – DF: que muitas vezes nós adultos não percebemos -

07:59.

Imagem de apoio - 08:00 a 08:45. Momento de Descontração com o professor

Gutemberrgue e as crianças cantando a musica “o Barquinho”.

Sonora 06: Gletson Martins (psicopedagogo)

DI: é importante o teatro - DF: 08: 46 - para que a criança se desenvolva - 09: 28.

ENTREVISTA COM A ESTUDANTE RAQUEL DE OLIVEIRA

Sonora 01: Raquel de Oliveira - (estudante de teatro)

DI: vou mostrar um pouquinho da minha arte 09: 30 – DF: e um dia vou ser uma

grande atriz 10: 42.

Imagens de apoio da frente do teatro CERE- 10:10 a 10:18, com o off de Raquel

.

Sonora 02: Conceição de Oliveira (mãe da Raquel)

DI: Quando a Raquel começou no teatro 10:43 – DF: nunca participei de uma peça

dela 11: 36.

Sonora 03: Raquel de Oliveira (estudante de teatro)

DI: minha mãe 11:37 – DF: irei consegui alguma coisa com o teatro 11:57.

Sonora 04: Conceição de Oliveira (mãe da Raquel)

DI: ela mudou muito 11: 58 – DF: que vive na rua 12: 25.

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Sonora 05: Raquel de Oliveira (estudante de teatro)

DI: antes de fazer teatro 12: 26 – DF: eu seria a mesma pessoa de antes 12:59.

Sonora 06: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral)

DI: a importância da arte é essa 13:00 – DF: transformar a sociedade como um

todo 13: 44.

O PAI COMO EDUCADOR

Sonora 01: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral)

DI: O pai, ele é um educador 13: 45 – DF: chegou até hoje 14: 11

Sonora 02: Conceição de Oliveira (mãe da Raquel)

(no início, entre 14: 12 a 14:32, são feitas imagens do ambiente de trabalho da mãe

da Raquel)

DI: minha profissão não tem estudo 14: 12 – DF: vou saber como é que ela tá- 14:

41.

TEATRO (COMO ARTE COLETIVA= TRABALHAR A POSTURA)

Sonora 01: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral)

DI: Teatro para além 14:42 – DF: Para que ele chegasse até ali - 15:43.

Imagem de apoio da peça puro vermelho- 15:44- 16: 01.

Sonora 02: Hemetério Segundo (arte-educador e diretor teatral)

DI: então por conta disso 16: 02 – DF: não irem para vida pessoal 16: 46.

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Sonora 03: Rodrigo Herculano (estudante e ator)

DI: Antes de fazer teatro - 16:47 – DF: tanto profissional como pessoal 17: 21.

A IMPORTÂNCIA DO TEATRO NA VIDA DO INDIVÍDUO

Sonora 01: Gutembergue de Souza (arte-educador e diretor teatral)

DI: qual a importância do teatro 17:22 – DF: e a vida do outro 17: 52. (som

estranho 17: 50)

Sonora 02: Rodrigo Herculano (estudante e ator)

DI: Sem o teatro 17: 53 – DF: goste de fazer 18: 30 volta para ele.

(imagens de arquivo pessoal de 18:17 a 18: 29 com off de Rodrigo)

Sonora 03: Raquel de Oliveira (estudante de teatro)

DI: Raquel tu se sente bem lá 18: 31 – DF: eu posso dizer que eu sou 18: 46.

(imagens de arquivo pessoal de 18: 33 a 18: 46 sem som do ambiente, só o off

de Raquel. A partir de 18: 46 a 19: 10 com som ambiente sem o off da Raquel).

Sonora 04: Raquel de Oliveira (estudante de teatro)

DI: um período no Cere 19:11 – DF: e nunca vai acabar pra mim 20: 13.

(choro da Raquel) 20: 13 a 20: 21 sem som ambiente.

Sonora 05: Gutembergue de Souza (arte-educador e diretor teatral)

DI: O teatro é o lugar 20:22 – DF: mais no superar dificuldades 20: 47.

De 20: 48 a 21:07 – momentos passando em câmera rápida com o fundo

musical, a trilha sonora Requien For a Dream mostrando as cenas exibidas no

teatro. A partir de 21: 08 a 21: 17, retrata-se o momento em que as crianças

falam o nome “teatro”, no final da peça no colégio CERE, em seguida com os

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aplausos da plateia, da peça Puro Vermelho no final.

CRÉDITOS FINAIS

FIM