cenário de referência
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
NDICE
1. INTRODUO ...................................................................................... 5
2. CENARIZAO DA PROCURA DE ENERGIA 2000-2010 ............................... 9
2.1 Introduo ..................................................................................... 10
2.2 Metodologia.................................................................................... 11
2.2.1 Cenrios de Evoluo Demogrfica ............................................... 13
2.2.2 Cenrios Macroeconmicos.......................................................... 14
2.2.3 Cenrios Sectoriais..................................................................... 15
2.2.4 Cenrios de evoluo do preo do petrleo .................................... 17
2.2.5 A metodologia de simulao das emisses ..................................... 18
2.3 Cenrios de evoluo da procura de energia 2000-2010........................ 19
2.3.1 Oferta de Energia....................................................................... 20
2.3.2 Indstria e Construo................................................................ 26
2.3.3 Transportes............................................................................... 29
2.3.4 Outros Sectores......................................................................... 50
3. CENARIZAO DAS EMISSES DE SO2, NOX, COVNM E NH3 ..................... 59
3.1 Oferta de Energia ............................................................................ 60
3.1.1 Gerao de Electricidade ............................................................. 60
3.1.2 Refinao, armazenamento e distribuio de produtos petrolferos .... 61
3.1.3 Emisses de COVNM e NH3 ......................................................... 63
3.2 Industria e Construo ..................................................................... 66
3.2.1 Emisses de SO2 e NOx.............................................................. 66
3.2.2 Emisses de COVNM e NH3 ......................................................... 72
3.3 Transportes .................................................................................... 79
3.3.1 Metodologia de clculo de emisses.............................................. 81
3.3.2 Emisses Gases Acidificantes 2000-2010....................................... 88
3.4 Outros Sectores .............................................................................. 94
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3.4.1 Estimativa das emisses de NOx e SO2 (sectores Residencial, Servios e Agricultura) ....................................................................................... 94
3.4.2 Emisses de COVNM e NH3 (Sectores Residencial e Servios)........... 96
3.4.3 Emisses de COVNM e NH3 (Sector Agricultura e Pecuria).............. 98
3.5 Quadros Sntese 2000-2010.............................................................105
4. EFICCIA AMBIENTAL DOS INSTRUMENTOS EM VIGOR ..........................107
5. RESDUOS .......................................................................................113
5.1 Enquadramento e Objectivo .............................................................114
5.2 Evoluo da produo e gesto de resduos 2000-2010........................116
5.2.1 Resduos Slidos Urbanos...........................................................116
5.2.2 Resduos Industriais Banais ........................................................124
5.2.2.2 PNAPRI ..............................................................................126
5.2.3 Resduos Hospitalares................................................................129
5.2.4 guas Residuais........................................................................130
5.2.5 Sntese....................................................................................131
5.3 Emisses de Gases Acidificantes .......................................................132
5.3.1 Resduos Slidos Urbanos...........................................................132
5.3.2 Resduos Industriais Banais ........................................................136
5.3.3 Resduos Hospitalares................................................................138
5.3.4 guas Residuais........................................................................138
5.4 Sntese de Emisses de GA ..............................................................140
6. CENRIO DE REFERNCIA DAS EMISSES DE SO2, NOX, COVNM E NH3: 2010 143
7. REFERNCIAS...................................................................................153
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1. INTRODUO
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O Programa para os Tectos de Emisso Nacional (PTEN), enquanto programa do
Governo Portugus, tem como objectivo definir a estratgia nacional para o
cumprimento dos tectos de emisses supracitados e, assim, da Directiva
2001/81/CE (Directiva Tectos).
Os estudos tcnicos que lhe servem de base encontram-se organizados em 4
Documentos:
Documento 1 - CENRIO DE CUMPRIMENTO DA DIRECTIVA 2001/81/EC
Documento 2 CENRIO DE REFERNCIA
Documento 3 AVALIAO DO POTENCIAL DE EFICCIA AMBIENTAL DOS
INSTRUMENTOS DE POLTICA EM VIGOR AT 2010
Documento 4 MEDIDAS PARA O CONTROLO DAS EMISSES NACIONAIS DE
COVNM
O presente documento CENRIO DE REFERNCIA constitui-se como a pea
basilar na identificao do esforo (adicional) de reduo das emisses de gases
acidificantes (GAs), em 2010, e na construo do cenrio de cumprimento da
Directiva Tectos (Documento 1).
Em qualquer trabalho de natureza prospectiva, abarcando o longo prazo, feito
apelo a metodologias de cenarizao tendo em vista abarcar a gama possvel de
evoluo de variveis fundamentais para a compreenso da realidade em estudo.
assim, por exemplo, em estudos relacionados com o planeamento energtico de
longo prazo ou com o Programa Nacional para as Alteraes Climticas (PNAC). Os
cenrios e projeces so, em geral, revistos periodicamente, logo que se constate
que ocorrem alteraes estruturais na sociedade, sejam elas de natureza
econmica, social ou tecnolgica. Na leitura e interpretao dos cenrios devero,
deste modo, ser desvalorizadas as flutuaes conjunturais registadas na economia.
Neste volume apresentam-se a metodologia, assunes de base, e resultados das
emisses acidificantes, SO2, NOx, COVs e NH3, associadas ao cenrio de referncia,
para os diversos sectores da economia portuguesa. Define-se cenrio de
referncia, at 2010, como o cenrio business as usual, decorrente de cenrios
demogrficos, macroeconmicos e sectoriais, de mdio-longo prazo, ajustado do
potencial de reduo de emisses resultantes da implementao dos instrumentos
de poltica ambiental em vigor no perodo at 2010. sobre o cenrio de referncia
que se estima o esforo adicional de reduo de emisses de gases acidificantes,
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por forma a cumprir os limites estabelecidos na Directiva Tectos para Portugal
(Documento 1).
O presente documento comea por apresentar a cenarizao da procura de energia
no perodo 2000-2010 (Captulo 2), incluindo a metodologia utilizada,
nomeadamente sobre cenrios de evoluo demogrficos, macroeconmicos,
sectoriais, de evoluo do preo do petrleo e a metodologia seguida na simulao
das emisses de gases acidificantes. Mais adiante, mas ainda no Captulo 2,
apresentam-se os resultados da evoluo esperada da procura de energia face
aqueles cenrios, para os diversos sectores, nomeadamente oferta de energia,
indstria e construo, transportes, domstico e servios. A cenarizao das
emisses de gases acidificantes decorrentes, maioritariamente, da evoluo da
procura de energia para os diversos sectores apresentada no Captulo 3.
O Captulo 4 sistematiza o potencial de eficcia ambiental, em termos de reduo
das emisses de gases acidificantes, dos instrumentos em vigor identificados e
analisados. Esta sistematizao uma sntese da informao contida no Documento
3.
O Captulo 5 apresenta o cenrio de referncia do sector dos resduos. A opo de
individualizar este sector foi motivada pelas caractersticas marcadamente
diferenciadas da metodologia que sustenta o cenrio de referncia dos resduos. De
facto, enquanto para qualquer dos outros sectores estudados, o cenrio de
referncia resultou da abordagem business as usual deduzida da eficcia
ambiental associada aos instrumentos em vigor, at 2010, o cenrio de referncia
do sector dos resduos incorpora desde logo os instrumentos previstos at 2010,
nomeadamente objectivos relativos valorizao das embalagens, e ao desvio de
matria orgnica dos aterros sanitrios. Assim, no foi construdo qualquer cenrio
business as usual assente na manuteno da situao actual, mas procedeu-se
desde o incio incorporao daqueles instrumentos na avaliao das emisses
acidificantes.
A finalizar o Captulo 6 sintetiza a informao relativa s emisses associadas ao
cenrios business as usual de procura de energia, previstas at 2010, bem como
as emisses reduzidas pela eficcia dos instrumentos em vigor, at 2010, dando
assim corpo ao cenrio de referncia. Embora no mbito do PTEN interesse uma
leitura por tipo de poluente, respeitando a letra da Directiva, este documento
oferece uma leitura dos poluentes em cada sector de actividade permitindo aos
diversos agentes econmicos uma melhor identificao do contexto em que decorre
a sua actividade.
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2. CENARIZAO DA PROCURA DE ENERGIA
2000-2010
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2.1 INTRODUO
Em qualquer trabalho de natureza prospectiva, abarcando o longo prazo, feito
apelo a metodologias da cenarizao tendo em vista abarcar o leque possvel de
evoluo das variveis fundamentais para a compreenso da realidade em estudo.
o caso, por exemplo, dos estudos relacionados com o planeamento energtico
dos centros produtores de electricidade de longo prazo, do Programa Nacional para
as Alteraes Climticas (PNAC), e do presente Programa para os Tectos de
Emisso Nacional (PTEN). Faz-se notar que cenrios e projeces so, em geral,
revistos periodicamente, logo que se constate que ocorrem alteraes estruturais
na sociedade, sejam elas de natureza econmica, social ou tecnolgica. Na leitura e
interpretao dos cenrios devero, deste modo, ser desvalorizadas as flutuaes
conjunturais registadas na economia.
Os exerccios de cenarizao de longo prazo tm sido motivados, tradicionalmente,
pelas necessidades ditadas pela preparao dos Planos Energticos, que ocorreram
nos anos 80 e 901. A problemtica em causa, nomeadamente no que se referia
necessidade de fazer grandes opes sobre as estratgias a seguir na expanso do
parque electroprodutor, com a concorrncia entre as alternativas nuclear e carvo,
obrigava a estabelecer alternativas sobre a evoluo da procura de energia no
longo prazo, dado o elevado perodo de gestao dos investimentos.
A problemtica especfica do PTEN obriga a estabelecer uma correspondncia entre
cenrios scio-econmicos e cenrios de emisses de gases acidificantes (GAs),
tendo em vista a avaliao de polticas, medidas e instrumentos existentes ou a
desenvolver, por forma a assegurar o cumprimento das metas a que Portugal se
encontra obrigado.
A pesquisa efectuada sobre o estado da cenarizao de longo prazo em Portugal
aconselha a reter, como cenrios de referncia, os cenrios macroeconmicos
desenvolvidos pelo CISEP (CISEP (2001)) para a Rede Elctrica Nacional (REN) e
para o Gabinete de Estudos e Prospectiva Econmica do Ministrio da Economia
(GEPE). Este Gabinete procedeu, depois, ao estabelecimento de cenrios sectoriais
compatveis com os cenrios macroeconmicos e intrasectorialmente coerentes.
O Programa para os Tectos de Emisso Nacional (PTEN) exige a produo de
estimativas de emisses dos gases S02 (dixido de enxofre), NOx (xidos de azoto),
NH3 (amnia) e COVNM (compostos orgnicos volteis no metnicos), associadas
ao funcionamento da economia para o perodo 2000-2010 (cenrio de referncia).
1 Consultar, por exemplo, DGE (1995).
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Importa referir que o exerccio de cenarizao de emisses apresentado neste
volume assenta numa base que comum ao Programa Nacional para as Alteraes
Climticas (PNAC), a qual produz estimativas de emisses de gases com efeito de
estufa. Desta forma, assegura-se a consistncia da evoluo econmica, social e
tecnolgica para o mesmo horizonte temporal nos dois instrumentos.
Note-se que, contrariamente ao PNAC, o PTEN diz respeito apenas s emisses
registadas no territrio do Continente pelo que os resultados globais obtidos a
partir dos cenrios scio-econmicos e energticos sero objecto de correco
tendo por objectivo deduzir o impacto das Regies Autnomas em termos de
emisses.
No mbito da construo do cenrio de referncia, importa referir e realar a
necessidade identificada de compatibilizao de informao entre os produtores de
dados, nomeadamente a Direco Geral da Energia (DGE) e o Instituto do
Ambiente (IA). Assim, foi criado um grupo de trabalho com o objectivo especfico
de compatibilizar a informao contida nos balanos energticos produzidos pela
DGE e os inventrios de emisso nacionais produzidos pelo IA, tendo-se convergido
para uma soluo comum.
Define-se cenrio de referncia, at 2010, como o cenrio business as usual,
decorrente de cenrios demogrficos, macroeconmicos e sectoriais, de mdio-
longo prazo, ajustado do potencial de reduo de emisses resultantes da
implementao dos instrumentos de poltica ambiental em vigor no perodo at
2010. sobre o cenrio de referncia que se estima o esforo adicional de reduo
de emisses de GAs, por forma a cumprir os limites estabelecidos na Directiva
Tectos para Portugal.
2.2 METODOLOGIA
De forma sucinta, o processo de produo das estimativas de emisses dos GA, no
cenrio business as usual, envolveu a realizao das seguintes tarefas
sequenciais:
Adopo de cenrios demogrficos, macroeconmicos, sectoriais e de preos da
energia, de mdio-longo prazo. Foram adoptados dois cenrios contrastados,
por forma a garantir a aderncia, com maior probabilidade, evoluo real da
economia portuguesa.
Traduo dos cenrios econmicos em cenrios de procura de energia business
as usual, com recurso a um modelo tcnico-econmico de simulao da
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procura de energia assente na metodologia MEDEE (Modle Europen de
Demande dnergie)2 e sua calibrao.
Estimativa das emisses dos GA associados aos cenrios scio-econmicos e
energticos business as usual.
Estimativa da participao das Regies Autnomas nos cenrios de emisses e
sua deduo no balano nacional das emisses de GA.
Validao dos resultados obtidos. Nesta tarefa, foram realizadas consultas aos
principais sectores de actividade econmica3, nomeadamente os maiores
consumidores de energia, tendo-se procedido validao de variveis relativas
ao consumo de energia e a factores de emisso.
A construo do cenrio de referncia, a partir da base business as usual implicou
o desenvolvimento das seguintes tarefas:
Identificao de todos os instrumentos de poltica ambiental em vigor at 2010
com impacte na reduo de gases acidificantes, incluindo os instrumentos j
implementados, em implementao ou em planeamento;
Avaliao da eficcia ambiental dos instrumentos identificados no ponto
anterior;
Subtraco da reduo de emisses previstas pelos instrumentos em vigor at
2010, ao balano de emisses de gases acidificantes do cenrio business as
usual.
2Ver, por exemplo:
Chateau, B., B. Lapillone, G. Leo, Le modle europen de demande en nergie a long terme MEDEE 3. Description rsume et nouveaux dveloppements. Rapport EUR 9970 FR, Direction Gnrale Science, Recherche et Dveloppement, Commission des Communauts Europennes, Bruxelles, 1985.
MARTINS, .; NETO, C.; BAGUENIER, H.;MATIAS, L.; RIBEIRO, S.; SOUSA, A.; CRAVO, J.; "A Procura de Energia em Portugal (cenrios alternativos)", Edio GEBEI e Direco-Geral de Energia, 1981.
3Nomeadamente os sectores de produo de electricidade, refinao e distribuio de produtos petrolferos, cermicas e vidro, cimento, e sector da pasta e papel.
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Business as usual
Cenrio de referncia
2010
Emisses
Instrumentos em Vigor
Figura 2.1
Esquema ilustrativo do Cenrio de referncia
2.2.1 Cenrios de Evoluo Demogrfica
Tendo em conta os resultados do censo de 2001, o cenrio retido para a evoluo
das variveis demogrficas o que se apresenta na Tabela 2.1. Consideramos,
dado o horizonte temporal em causa, no se justificar a adopo de mais do que
um cenrio, dada a natureza semi-estrutural das variveis envolvidas.
Tabela 2.1
Populao, nmero de famlias e dimenso mdia da famlia
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Populao1 (milhares) 9860 10036 10243 10430 10597 10730 10824
Dimenso mdia das famlias (n. pessoas)
3,23 3,07 2,91 2,80 2,68 2,57 2,47
Nmero famlias (milhares)
3054 3271 3525 3739 3956 4172 4383
Nota: 1Cenrio CISEP corrigido com os resultados do Censo da Populao (2001)
Tabela 2.2
Taxas anuais de evoluo de variveis demogrficas
1990-1995
1996-2000
2001-2005
2006-2010
2011-2015
2016-2020
Taxa mdia anual de crescimento da populao (%)1
0,36 0,41 0,36 0,32 0,25 0,17
Taxa de evoluo da dimenso mdia da famlia (%)2
-0,99 -1,05 -0,81 -0,81 -0,81 -0,81
Notas: 1Taxa de crescimento no perodo 2000-2005 corrigida tendo em conta as taxas dos intervalos adjacentes; 2A partir de 2005 adoptou-se a taxa de evoluo dos cenrios da DGGE implcita no cenrio adoptado no PNAC.
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2.2.2 Cenrios Macroeconmicos
A pesquisa efectuada sobre cenarizao de mdio-longo prazo, em Portugal,
aconselhou a reter, como cenrios de referncia business as usual (BAU), os
cenrios macroeconmicos desenvolvidos por CISEP (2001), para a Rede Elctrica
Nacional (REN) e para o Gabinete de Estudos e Prospectiva Econmica (GEPE) do
Ministrio da Economia. O GEPE, por sua vez, procedeu ao estabelecimento de
cenrios sectoriais compatveis com os cenrios macroeconmicos e
intrasectorialmente coerentes. Em CISEP (2001) so propostos trs cenrios de
evoluo para a economia portuguesa, para o perodo 2000-2025, cuja
caracterizao se transcreve a seguir (Caixa 2.1). Os principais indicadores
macroeconmicos para os trs cenrios para o perodo at ao ano 2025
apresentam-se na Tabela 2.3.
Caixa 2.1
Cenrios macroeconmicos
Cenrio Central
O cenrio central no deve ser entendido como uma projeco quantitativa de tendncias passadas,
mais ou menos recentes. Antes, e, bem entendido, tomando a evoluo recente da economia portuguesa
como essencial na aferio das possibilidades, resulta de um conjunto de hipteses verosmeis adiante
explicitadas. Estas hipteses so expresso quantitativa das principais tendncias pesadas a mdio
prazo identificadas, como sejam as do reforo e consolidao do processo de globalizao ou de
crescimento demogrfico com envelhecimento da populao. Considera-se ainda que, ao longo dos
prximos 25 anos, a sociedade e a economia portuguesa enveredaro por um modelo de crescimento
com as caractersticas explicitadas no captulo 2, com uma maior eficincia dos sistemas produtivos e
organizacionais. Tal implica que as polticas pblicas se orientem essencialmente para reas onde
existam externalidades e fracassos de mercado, com nfase na promoo de polticas de educao e
formao e na consolidao das infra-estruturas tecnolgicas.
Cenrio Baixo
O cenrio baixo corresponde a algum fracasso,
por parte dos agentes econmicos e sociais, na
superao dos estrangulamentos com que se
defronta o sistema produtivo. Nesta perspectiva
"pessimista", a contribuio para o crescimento
dos aspectos qualitativos ser inferior, por
comparao com a contribuio dos factores
meramente quantitativos.
Cenrio Alto
O cenrio alto, pelo contrrio, traduz um sucesso
mais completo que aquele subjacente ao cenrio
baixo. A evoluo qualitativa, traduzida no
"progresso tcnico", ser neste caso mais elevada,
evoluindo a economia portuguesa a uma maior
velocidade de convergncia real. A maior taxa de
investimento possibilitada por um menor consumo
pblico e pela captao de poupana externa
refora, neste cenrio, o crescimento mais elevado.
Fonte: Transcrio de CISEP(2001), cap.3, n. 1.
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Tabela 2.3
Cenrios Macroeconmicos (CISEP, 2001)
Cenrio Central Cenrio Baixo Cenrio Alto
1973-2000
2000-2015
2016-2025
2000-2015
2016-2025
2000-2015
2016-2025
Consumo Privado
2,54 3,41 2,79 2,71 2,45 4,08 3,85
Consumo Pblico
4,81 3,19 2,55 2,55 2,28 3,80 3,55
FBCF1 2,67 3,54 2,92 2,61 2,34 4,32 4,10
Exportaes 5,93 6,06 4,87 5,35 4,53 7,15 6,19
Importaes 5,67 5,17 4,29 4,37 3,89 6,23 5,64
PIB 2,98 3,59 2,97 2,90 2,64 4,27 4,04 1 Formao Bruta de Capital Fixo
2.2.3 Cenrios Sectoriais
Os cenrios sectoriais considerados assentam em trabalho do Gabinete de Estudos
e Prospectiva Econmica do Ministrio da Economia (GEPE (2002). Estes cenrios
tomaram como base os cenrios macroeconmicos propostos em CISEP (2002).
Como proposto pelo GEPE, foram retidos dois cenrios contrastados, o que
permitir projectar os quantitativos de emisses sob a forma de intervalo. As taxas
de crescimento do valor acrescentado de cada sector figuram nas Tabelas Tabela
2.4, Tabela 2.5Tabela 2.6
Os cenrios sectoriais incluem no s os cenrios scio-econmicos, mas
igualmente os cenrios tecnolgicos associados ao consumo de energia. Nas
reunies com os sectores foram apresentadas as grandes linhas de fora
subjacentes aos cenrios econmicos, assim como as hipteses formuladas no que
se refere evoluo da tecnologia e da procura de energia. Com base no modelo de
procura de energia foram produzidas as estimativas das emisses associadas aos
cenrios considerados.
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Tabela 2.4
Cenrios sectoriais (VAB, taxas mdias de crescimento anual, %)
SECTOR Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000-15 2015-25 2000-15 2015-25
Agricultura 3,0 2,5 2,0 2,0
Energia 4,0 4,0 2,0 2,0
Indstria 3,2 2,8 2,0 1,3
Construo 3,7 3,3 2,1 1,6
Servios 4,6 4,2 3,2 2,9
SIFIM 4,4 4,1 3,1 2,7
TOTAL 4,2 3,8 2,8 2,5
Tabela 2.5
Cenrios sectoriais Industria (VAB, taxas mdias de crescimento anual, %)
INDSTRIA - SUB-SECTORES Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000-15 2015-25 2000-15 2015-25
Alimentares 2,5 1,9 2,0 1,0
Bebidas 3,0 2,4 1,5 0,5
Tabaco 2,0 1,5 1,5 1,0
Txteis, Vesturio, Calado e Curtumes 2,2 1,7 0,3 -0,2
Madeira, Cortia e Mobilirio 2,2 1,7 1,7 0,7
Pasta, Papel e Artes Grficas 4,0 3,5 3,0 2,0
Qumica, Borracha e Plsticos 3,5 3,0 2,0 1,5
Cermica e Outros Minerais no metlicos 3,7 2,7 2,5 2,0
Vidro 3,5 3,0 2,0 1,5
Cimento e Outros Materiais de Construo 3,5 3,0 2,0 1,0
Metalurgia de base 1,5 1,0 0,0 -1,0
Metalomecnica e Outras Indstrias Transformadoras 4,5 4,0 3,4 2,4
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Tabela 2.6
Cenrios sectoriais Servios (VAB, taxas mdias de crescimento anual, %)
SERVIOS - SUB-SECTORES Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000-15 2015-25 2000-15 2015-25
Comrcio 4,5 4,0 3,1 2,6
Turismo 5,6 5,2 4,1 3,5
Servios prestados principalmente s empresas 6,3 5,8 4,2 3,9
Transportes 5,2 4,0 3,5 3,4
Comunicaes 6,6 5,8 4,2 4,9
Outras actividades 4,1 3,8 2,9 2,7
S. no M. Adm. Pb. 3,8 3,5 2,5 2,3
2.2.4 Cenrios de evoluo do preo do petrleo
Como se sabe, o preo do petrleo uma varivel econmica chave pelo seu
impacto ao nvel da estrutura dos custos de produo dos sectores grandes
consumidores. O preo do petrleo continuar ainda na prxima dcada a servir de
referncia para o preo das outras formas de energia primria. No existe
unanimidade sobre a evoluo do preo do petrleo no longo prazo. Na literatura
sobre esta temtica encontram-se cenrios de preos do petrleo no longo prazo
que oscilam entre os 15 USD$ e os 30 USD$ por barril. Num contexto de preos
elevados para o petrleo, os investimentos em conservao da energia e no
desenvolvimento das energias renovveis sero fortemente encorajados.
Dado o nvel de incerteza associada a esta varivel, e para no gerar demasiadas
combinaes de cenrios, admitiu-se um nico cenrio de preos, vlido para os
dois cenrios de desenvolvimento macroeconmico considerados.
A hiptese de base no que se refere evoluo do preo de petrleo assenta na
estabilizao deste em torno dos 25 dlares por barril. No so, assim,
consideradas oscilaes de preos caractersticas dos choques petrolferos que
ocorreram no passado, cujo impacto irrealista pretender medir a priori, tal a
variedade de causas e efeitos que lhe podem estar associadas.
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2.2.5 A metodologia de simulao das emisses
O sector energtico, e em particular o sector dos transportes, assume um papel
relevante nas emisses de gases acidificantes. Daqui decorre a necessidade de
modelizao do sistema energtico e das emisses associadas. Uma anlise fina do
sector permitir, ainda, retirar ilaes mais precisas sobre o impacto e destinatrios
das polticas e medidas a definir visando o controlo e a reduo de emisses.
Na Figura 2.2 apontam-se as componentes metodolgicas do clculo das emisses
associadas ao cenrio de referncia. Como referido anteriormente, os resultados
obtidos foram validados em reunies sectoriais.
O modelo de procura de energia utilizado um modelo tcnico-econmico de
simulao, bottom-up, que assenta numa anlise muito fina do sistema energtico.
Para alm dos cenrios scio-econmicos possvel estabelecer cenrios de
evoluo tecnolgica nos diferentes segmentos consumidores, assim como cenrios
de penetrao das diferentes tecnologias e formas de energia na satisfao de uma
dada necessidade de energia.
Sempre que possvel partiu-se de uma quantificao das necessidades especficas
de energia em energia til, caminhando-se, progressivamente, para a energia final,
quer utilizando hipteses adicionais sobre a eficincia dos equipamentos de
transformao da energia e estabelecendo cenrios de penetrao dos diferentes
equipamentos, quer utilizando um modelo de optimizao em que as diferentes
tecnologias penetram no sistema por ordem de mrito, de acordo com a funo
objectivo definida.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Cenrios de Populao
MODELO DE PROCURA DE
ENERGIA
MODELOS DE OFERTA DE ENERGIA
Planos de expanso do sistema electroprodutor
INSTRUMENTOS DE POLTICA EM VIGOR
Figura 2.2
Esquema ilustrativo da articulao dos diversos mdulos de simulao
2.3 CENRIOS DE EVOLUO DA PROCURA DE ENERGIA
2000-2010
Nesta seco so apresentados os resultados de evoluo da procura de energia
para o perodo 2000-2010, para os vrios sectores da economia portuguesa, tendo
em considerao os cenrios macroeconmicos e sectoriais adoptados
anteriormente. Para cada um dos sectores, os consumos de energia so
apresentados sob a forma de energia final.
Emisses dos processos
Cenrios macroeconmico
es
sectoriais
EMISSES
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
2.3.1 Oferta de Energia
O sector da oferta de energia, constitudo pelas actividades de produo,
transformao e distribuio de produtos energticos (carvo, petrleo e derivados,
gs natural, fontes renovveis de energia e electricidade) representava durante a
dcada de 90 entre 3,2% e 3,9% do PIB (DGE, 2002a), tendo o sub-sector da
gerao de electricidade um lugar de maior destaque com 65 a 83% do Valor
Acrescentado Bruto (VAB) do sector. Do mesmo modo, em termos de investimento,
o sector foi responsvel por 3,7 a 7,3% da Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF)
registada durante os anos 90, tendo o sub-sector da gerao de electricidade um
peso variando entre 38% (em 1999) e 74% (em 1990) do total sectorial.
No que diz respeito ao peso das importaes lquidas de energia nas importaes
de mercadorias, tem-se assistido a um forte decrscimo da sua contribuio entre
1990 e 1999, baixando de 8,4% para 5,4% (DGE, 2002a), e uma forte subida nos
anos 2000 e 2001, com 9,5% e 7,9%, respectivamente, das importaes totais na
ltima dcada (DGE, 2002b). As importaes de petrleo e produtos derivados so
as principais responsveis por esta evoluo dado o seu forte peso no total das
importaes de energia (mais de 80% em 2000 e 2001).
2.3.1.1 Gerao de Electricidade
Cenrios de crescimento para o sector electroprodutor
Para estimar a evoluo das emisses de gases acidificantes abrangidos pelo PTEN
(continente) neste sector num cenrio BAU, sem a integrao dos efeitos das
medidas em vigor at 2010 (ver documento 3), recorreu-se aos novos cenrios de
evoluo da procura de electricidade, elaborados no mbito do trabalho de
actualizao do PNAC (verso 2003). Foram consideradas ainda algumas hipteses
de evoluo do consumo de electricidade nas regies autnomas (RA), para ser
possvel a sua deduo, uma vez que as RA no esto includas na Directiva dos
Tectos de Emisso Nacional.
Estes novos cenrios permitem estimar a evoluo da quantidade de energia
elctrica a produzir e a respectiva configurao do sistema electroprodutor nacional
(ou continental). Como descrito no PNAC (IA, 2003b), a estimativa dos consumos
de combustveis nos diferentes sistemas de gerao de energia elctrica
(nomeadamente nas centrais a carvo, fuelleo e gs natural) permitir avaliar as
futuras emisses de gases acidificantes (NOx e SO2), tendo em conta as
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
caractersticas dos combustveis (e.g. teor de enxofre) e as tecnologias de gerao
de electricidade.
Como nas projeces anteriores, apresentadas no Plano de Expanso do Sistema
Elctrico de Servio Pblico (SEP) elaborado pela DGGE (ex-DGE) com base numa
proposta da REN (DGE, 1999), as previses de consumo de electricidade ao nvel
nacional so baseadas em projeces do consumo final de energia nos sectores
Indstria, Construo e Obras pblicas, Agricultura, Transportes, Tercirio e
Residencial. Com base na determinao do consumo final de energia elctrica
destes sectores, dos consumos derivados dos sectores da oferta de energia e das
perdas de transporte e distribuio, podemos definir o consumo total de energia
elctrica.
As projeces de consumo final de energia elctrica, estabelecidas com base em
modelos economtricos (funo de variveis macro-econmicas) ou analticos
(variveis de evoluo da populao e do parque habitacional, taxa de posse de
equipamentos, etc.) consoante o sector considerado, foram estabelecidas para dois
cenrios de evoluo: o primeiro, ou Cenrio Alto, associado ao cenrio alto de
evoluo macro-econmica e o segundo, ou Cenrio Baixo, associado ao cenrio
baixo de crescimento econmico.
Note-se que nossa preocupao nesta fase construir o cenrio de base do PTEN
ou cenrio que no incorpora os impactos das medidas decididas tendentes a
assegurar o cumprimento dos tectos nacionais. A sua definio permitir avaliar o
esforo de reduo de emisses necessrio, assim como permitir avaliar a
extenso das polticas, medidas e instrumentos a definir para o cumprimento das
metas acordadas no mbito da Directiva 2001/81/CE, de 23 de Outubro, sobre
Tectos Nacionais de emisses (ver documento 1 do PTEN).
A Tabela 2.7 apresenta as previses de evoluo do consumo final de electricidade
em Portugal. Para efeitos da estimativa do consumo de electricidade no Continente
foi deduzido o consumo estimado para as regies autnomas com base numa
hiptese de taxas de crescimento degressivas entre 2000 e 2010, considerando um
diferencial de dois pontos4 entre 2000 e 2005 e 1,5 entre 2005 e 2010. Com base
nesta hiptese, podemos estimar a evoluo do consumo de electricidade no
Continente necessrio para efeitos do PTEN (Tabela 2.8).
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.7
Estimativa do consumo nacional de electricidade (energia final) Cenrio BAU
Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000 2005 2010 2005 2010
Indstria e Construo 1 313,4 1 487,4 1 640,1 1 433,4 1 536,8
Transportes 40,0 41,2 42,5 42,6 45,1
Tercirio 1 025,8 1 360,5 1 674,1 1 290,3 1 518,0
Residencial 865,9 997,0 1 176,2 964,1 1 095,4
Agricultura 61,5 69,5 78,5 67,0 73,1
Total (ktep) 3 306,7 3 955,6 4 611,3 3 797,4 4 268,5
Total (GWh) 38 449,8 45 995,7 53 619,6 44 156,0 49 633,1
Taxa de crescimento mdio anual 3,65% 3,11% 2,81% 2,37% Fonte para 2000: DGGE, Balano energtico nacional.
Tabela 2.8
Estimativa da evoluo do consumo final de electricidade no Continente segundo o
cenrio considerado
Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000 2005 2010 2005 2010
Total (GWh) 37 448,3 44 682,6 51 979,6 42 893,2 48 111,0
Taxa de crescimento mdio anual 3,60% 3,07% 2,75% 2,32% Fonte para 2000: DGGE, Estatsticas de consumo de energia elctrica.
Estimativa dos consumos de energia no sector electroprodutor
Tendo em conta as previses de evoluo do consumo de electricidade
apresentadas anteriormente para o perodo 2000-2010 e considerando um cenrio
hidrolgico mdio para a determinao da produo termoelctrica, podemos
estimar os consumos de combustveis para os cenrios alto e baixo (Tabela 2.9),
conservando, neste cenrio de base, as hipteses tecnolgicas descritas no Plano
de Expanso do Sistema Elctrico de Servio Pblico (DGE, 1999).
4 Durante o perodo 1990-2000, o diferencial de crescimento da procura de electricidade entre as Regies Autnomas e o Continente foi ligeiramente inferior a 2 pontos percentuais.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.9
Estimativa do consumo de combustveis referido produo lquida emitida na rede
(sem cogerao) para o perodo 2000-2010 Cenrio BAU
Combustvel Unidade Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000 2005 2010 2005 2010
Gs Natural Mm3N 1.351,1 2.580,0 3.913,1 2.150,0 3.053,0
Carvo Gg 5.082,6 4.999,4 4.999,4 4.999,4 4.999,4
Fuelleo Gg 941,4 693,5 349,3 771,2 483,5
Gasleo Ml 14,3 8,0 0,0 8,0 0,0
Fonte para 2000: DGGE e REN.
2.3.1.2 Refinao, armazenamento e distribuio de produtos petrolferos
Cenrios de crescimento para o sector refinao, armazenamento e distribuio de
produtos petrolferos
Para estimar a evoluo das emisses de gases abrangidos pelo PTEN (continente)
neste sector no cenrio BAU (sem a integrao dos efeitos dos instrumentos em
vigor at 2010), recorreu-se, como para o sector electroprodutor, aos novos
cenrios de evoluo da procura de energia elaborados no mbito do PNAC e
considerou-se a manuteno da quota de mercado actual das refinarias nacionais
at ao seu limite de capacidade5. Estes novos cenrios de consumo final de energia
e as hipteses sectoriais permitem estimar a evoluo da quantidade de produtos
petrolferos processados e a respectiva configurao das unidades de refinao
nacionais. Como descrito no PNAC (IA, 2003b), a estimativa dos consumos de
combustveis nas diferentes unidades de processamento de produtos petrolferos
permitir avaliar as futuras emisses de gases acidificantes (NOx e SO2), tendo em
conta as caractersticas dos combustveis (e.g. teor de enxofre) e as tecnologias de
combusto.
Ao contrrio das previses estabelecidas para o sector electroprodutor (onde os
consumos de electricidade so restringidos ao nvel de Portugal continental) as
estimativas de consumo de produtos petrolferos so baseadas em projeces do
consumo final de energia ao nvel de Portugal nos sectores da Indstria,
Construo, Agricultura, Transportes, Tercirio, e Domstico.
5 Em 2000, as quantidades processadas representavam cerca de 78% do consumo primrio. Segundo os dados da GalpEnergia, a capacidade mxima de refinao situa-se nos 15,8 Tg de produtos processados.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Estas projeces, completadas com os consumos de produtos petrolferos no
energticos (e.g. lubrificantes) e os consumos derivados dos sectores da oferta de
energia (incluindo cogerao), permitem estimar, para os respectivos cenrios, Alto
e Baixo, os consumos de produtos petrolferos expressos em energia primria.
A Tabela 2.10 apresenta as previses de evoluo do consumo de produtos
petrolferos ao nvel nacional (sem produtos petrolferos no energticos),
elaboradas pelo grupo de trabalho no mbito do PNAC, por sector de consumo final.
Tabela 2.10
Estimativa do consumo final de produtos petrolferos em Portugal Cenrio BAU Unidade: ktep Cenrio Alto Cenrio Baixo
SECTORES 2000 2005 2010 2005 2010
Indstria e Construo 1 591,9 1 707,6 1 726,7 1 621,0 1 635,0
Transportes 6 381,2 7 808,8 8 747,1 7 513,4 8 139,2
Tercirio 707,7 967,9 1 149,6 927,4 1 058,7
Residencial 831,9 797,0 781,0 797,6 777,7
Agricultura 598,4 660,4 728,9 645,4 696,0
Consumo final sem matrias primas 10 111,1 11 941,7 13 133,4 11 504,8 12 306,7
Taxa de crescimento mdio anual 3,38% 1,92% 2,62% 1,36% Fonte para 2000: DGGE, Balano energtico nacional.
Estimativa dos consumos energticos do sector refinao, armazenamento e
distribuio de produtos petrolferos e das quantidades processadas
Tendo em conta as previses de evoluo do consumo de produtos petrolferos
apresentadas anteriormente para o perodo 2000-2010 e considerando um cenrio
de manuteno da quota de mercado actual das refinarias nacionais at ao limite
das suas capacidades (cerca de 15,8 Tg/ano Fonte: GalpEnergia), podemos
estimar, por um lado, os consumos de combustveis associados aos cenrios alto e
baixo (ver quadro seguinte), conservando, neste cenrio de base, a estrutura de
consumo por combustvel e o valor do consumo unitrio de energia por quantidade
processada observados em 2000 e, por outro lado, as quantidades de produtos
processados nas refinarias nacionais.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.11
Estimativa dos consumos de energia referidos ao processamento de produtos
petrolferos nas refinarias nacionais para o perodo 2000-2010 segundo o cenrio
considerado e quantidades processadas Cenrio BAU Cenrio Alto Cenrio Baixo
2000 2005 2010 2005 2010
Energia final:
Refugos e produtos intermdios 245,6 268,3 271,5 262,2 271,5
GPL 8,0 8,8 8,9 8,6 8,9
Gasleo 2,1 2,3 2,3 2,2 2,3
Fuelleo 259,9 284,0 287,4 277,5 287,4
Electricidade 39,6 43,2 43,8 42,3 43,8
Calor (cogerao) 246,6 269,4 272,7 263,3 272,7
Total sem cogerao (ktep) 801,8 875,9 886,6 856,1 886,5
Consumos para cogerao:
Refugos e produtos intermdios 56,6 56,6 56,6 56,6 56,6
Fuelleo 274,7 126,7 126,7 126,7 126,7
GN 0,0 110,0 110,0 110,0 110,0
Total em cogerao (ktep) 331,4 293,4 293,4 293,4 293,4
Quantidades processadas em refinarias (Tg)
14,29 15,61 15,80 15,26 15,80
Fonte para 2000: DGGE, Balano energtico nacional e GalpEnergia.
2.3.1.3 Outros sub-sectores da indstria de energia
Este sub-sector, que inclua em 2000 a extraco e transformao de combustveis
slidos, a produo de gs de cidade e o transporte, a distribuio e o
armazenamento de gs natural, pouco significativo em termos de emisses
atmosfricas (menos de 1% das emisses do sector de produo, transformao e
distribuio de energia). Para a inventariao das emisses neste sub-sector, so
determinantes os consumos de combustveis fsseis nas actividades de produo de
coque, de gs de cidade e na extraco de carvo. Dado o declnio das actividades
de produo de combustveis slidos e de gs de cidade em Portugal e o pouco
significado, em termos de emisses de gases acidificantes, das outras indstrias
energticas (transporte, distribuio e armazenamento de gs natural), este sub-
sector no requer, no mbito deste estudo, um tratamento detalhado.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
2.3.2 Indstria e Construo
A modelizao da procura de energia por parte do sector industrial segue,
semelhana da metodologia adoptada para os restantes sectores da procura de
energia, uma abordagem bottom-up. As necessidades de energia til, em termos
de forno, vapor, carburantes e electricidade especfica so estimadas a partir dos
cenrios de actividade, constituindo a varivel valor acrescentado de cada sector
a varivel proxy para a ligao da actividade econmica ao consumo de energia.
A evoluo da eficincia na transformao da energia e da concorrncia entre
formas de energia final tomada em conta atravs da considerao de forma
informal de cenrios tecnolgicos e de cenrios de preos da energia. No que se
refere evoluo da intensidade energtica (Tabela 2.12) no cenrio de referncia,
os ndices tomados decorrem do cenrio tecnolgico tendencial, com melhorias de
eficincia implcitas no decorrentes directa ou indirectamente de polticas activas
de reduo das emisses de gases poluentes mas sim do progresso tcnico
esperado. Alguns dos valores retidos resultaram das consultas aos representantes
dos sectores (Cermica, Vidro, Cimentos e Qumicas). Para os sectores restantes
tomaram-se os cenrios considerados pela Direco-Geral de Energia no seu ltimo
exerccio de simulao da procura de energia efectuado em 1999. O modelo foi
calibrado para 2000.
Tabela 2.12
Evoluo da intensidade energtica (base 1,00 em 2000)
Cenrio Alto Cenrio Baixo
SECTOR 2000 2005 2010 2005 2010
Cermica e vidro forno, electricidade 1,000 0,975 0,950 0,987 0,975
Pasta e Papel vapor, electricidade 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Cimento - forno 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000
Cimento - electricidade 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Todos os sectores - carburantes 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Extract., Constr. E Obras Pblicas - electricidade 1,000 0,975 0,950 0,987 0,975
Alimentares vapor, forno,electr., carbur., outros 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Metalrgicas - vapor, forno, electr., carbur., outros 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Qumicas - vapor, forno, carburantes, outros 1,000 0,962 0,925 0,975 0,950
Qumicas - electricidade 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Txteis, Madeira, Outras vapor, electricidade 1,000 0,949 0,901 0,975 0,950
Os resultados da procura de energia final a nvel sectorial figuram na Tabela 2.13,
verificando-se, como seria de esperar, uma elasticidade da procura de energia em
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
relao ao PIB inferior unidade, o que se traduz por uma melhoria da intensidade
energtica do PIB ou, dito de outro modo, pela melhoria da produtividade da
energia em relao ao PIB. A Tabela 2.14 apresenta os consumos de energia para a
indstria e a construo, por forma de energia.
De notar que no sector dos Cimentos os consumos de energia final em 2010 so
superiores no cenrio baixo, por efeito conjugado da limitao de capacidade
instalada para este sector6 e dos cenrios de intensidade energtica decorrentes do
investimento em modernizao tecnolgica ou em utilizao racional de energia. Na
indstria cimenteira admitiu-se ainda a existncia de um tecto para a produo em
quantidades fsicas, resultante de limites expanso contnua do mercado, que
contudo no impede o crescimento sustentado do VAB.
Tabela 2.13
Estimativa do consumo nacional de energia por sector da indstria transformadora
(incluindo Construo Civil e Obras Pblicas)
Unidade: ktep Cenrio Alto Cenrio Baixo
SECTOR 2000 2005 2010 2005 2010
Indstria e Construo 6 112,2 6 619,9 7 312,7 6 346,2 6 856,3
Taxa de crescimento mdio anual 1,61% 2,01% 0,75% 1,56%
Indstria extractiva 79,3 90,4 103,1 86,7 94,8
Siderurgia 322,1 145,0 154,9 141,3 141,3
Metalurgia 59,8 61,0 62,2 58,2 56,8
Qumica 978,0 1 007,3 1 105,5 968,2 1 019,1
Txteis 536,7 567,1 599,2 530,1 523,6
Pasta e papel 939,0 1 082,7 1 248,4 1 059,3 1 195,0
Madeira e Cortia 147,7 156,3 165,5 156,5 165,8
Cimento 838,0 986,3 993,5 920,2 1 000,5
Cermica 874,8 1 016,0 1 180,1 968,3 1 071,8
Vidro 246,3 284,1 327,8 267,8 291,2
Alimentao e bebidas 515,6 556,6 601,0 549,7 586,2
Metalomecnica e outras 301,1 351,4 410,3 341,9 388,3
Construo e obras pblicas 273,9 315,7 361,3 298,1 322,0
Fonte para 2000: DGGE, Balano energtico nacional e IA.
6 Na indstria cimenteira admitiu-se, aps contactos com representantes do sector, a existncia de um tecto para a produo em quantidades fsicas, resultantes de limites expanso contnua do mercado, que contudo no impede o crescimento do VAB.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.14
Indstria e Construo e Obras Pblicas - Estimativa dos consumos de energia, por
forma de energia
Unidade: ktep Cenrio Alto Cenrio Baixo
PRODUTOS ENERGTICOS 2000 2005 2010 2005 2010
Consumo de energia final GPL 202,1 204,3 205,1 196,1 189,3
Gs Natural 793,4 1 159,8 1 518,2 1 103,8 1 375,0
Gasleo 319,6 359,3 401,3 344,6 371,5
Fuelleo 676,0 622,1 585,6 595,1 539,5
Coque de petrleo 394,2 522,0 534,7 485,2 534,7
Gases incondensveis de petroqumica 287,0 236,4 236,4 236,4 236,4
Hidrognio 51,9 45,4 45,4 45,4 45,4
Res.Veg. 508,2 491,9 476,4 470,5 437,4
Carvo 506,1 349,0 356,9 325,2 349,4
Gases Coque e AF 26,2 0,0 0,0 0,0 0,0
Electricidade 1 313,4 1 487,4 1 640,1 1 433,4 1 536,8
Calor (cogerao) 1 034,0 1 142,4 1 312,6 1 110,6 1 240,9
Total s/ consumos para cogerao de elec. 6 112,2 6 619,9 7 312,7 6 346,2 6 856,3
Consumos para cogerao Gases incondensveis de petroqumica 50,6 28,7 28,7 28,7 28,7
Hidrognio 1,3 1,2 1,2 1,2 1,2
GPL 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Gasleo 0,2 8,8 8,8 8,8 8,8
Fuelleo 705,6 597,5 601,5 597,6 601,8
GN 79,1 319,5 445,8 283,8 366,6
Gases Coque e AF 61,5 0,0 0,0 0,0 0,0
Biomassa florestal 190,1 217,6 249,1 213,4 239,5
Biomassa/Licores sulfticos 769,0 886,2 1 021,2 867,3 978,2
Biogs 0,3 0,6 0,6 0,6 0,6
Total dos consumos para cogerao 1 857,9 2 060,1 2 356,9 2 000,8 2 224,8 Fonte para 2000: DGGE, Balano energtico nacional e IA.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
2.3.3 Transportes
O trabalho apresentado de seguida resultou da interaco entre a equipa do PTEN e
o Instituto do Ambiente, nomeadamente os Eng Vitor Gis e Pedro Torres.
Este trabalho consistiu, no essencial, na reconstruo do modelo de clculo das
emisses atmosfricas com base na metodologia EMEP/CORINAIR da Agncia
Europeia do Ambiente (EEA, 2001), adaptando a sua concepo operacional quer
realidade portuguesa do sector dos transportes, quer aos formatos de informao
das variveis base necessrias para correr o modelo.
Genericamente, este modelo constitudo por vrios mdulos que, interligados em
folhas de clculo EXCEL, produzem os inventrios nacionais anuais para o sector
dos transportes. De entre os vrios mdulos, salientam-se o mdulo de estimativa
da composio do parque rodovirio nacional o KAR, e o mdulo de estimativa
dos factores de emisso (que depende do primeiro) o BURNN7. O exerccio de
estimativa da constituio do parque automvel nacional tem grande importncia
dado que este influncia de forma muito sensvel o clculo dos factores de emisso.
Assim, nesta seco, so apresentadas as estimativas de procura energtica dos
transportes, em Portugal entre 1990 e 2020, segundo o Cenrio business as
usual, e numa segunda fase, segundo o Cenrio de Referncia que incorpora o
efeito do Programa Auto-Oil no consumo especfico dos automveis particulares.
2.3.3.1 Metodologia de Projeco
As projeces de consumo energtico dos transportes terrestres foram efectuadas
com o modelo agregado de procura energtica para o sector dos transportes
construdo pela DGE8, inspirando-se no modelo MEDEE (Modle de Demande
Energtique Europen). A projeco dos consumos energticos assenta
essencialmente sobre a evoluo macro-econmica do Produto Interno Bruto (PIB)
e sobre o crescimento demogrfico previsto. As estimativas dos indicadores macro-
econmicos baseiam-se em dois cenrios de evoluo (desenvolvimento econmico
alto e baixo) e foram efectuadas pelo Gabinete de Estudos e Prospectiva Econmica
(GEPE) do Ministrio da Economia (GEPE, 2001). O cenrio demogrfico, por sua
vez, tem por base a evoluo da populao at 20019.
7 Instituto do Ambiente (2004), National Inventory Report 2004, Lisboa (brevemente disponvel).
8 DGE (1999), A Procura de Energia em Portugal 2000-2020 - Sector Transportes, pela Direco Geral de Energia, Lisboa. 9 INE (2002), XIV Recenseamento Geral Populao, pelo Instituto Nacional de Estatstica, Lisboa.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.15
Parmetros macro-econmicos e demogrficos estimados pelo GEPE
Unidade 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
PIB (tx. cresc. mdio anual)
Cenrio Alto (%) 1,64 3,30 4,21 4,21 4,21 3,86
Cenrio Baixo (%) 1,64 3,30 2,80 2,80 2,80 2,50
Populao total 10^6 hab 9,88 9,92 10,13 10,31 10,48 10,61 10,70
Parte da populao nas zonas rurais (%) 0,42 0,37 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35
Fonte: GEPE, 2001
Considerando a complexidade do sector dos transportes, e em particular da procura
de energia, necessrio proceder a simplificaes no sentido de se viabilizarem,
quer o exerccio de modelao, quer a respectiva projeco de tendncias de
evoluo a uma escala macro (englobando todos os modos e tipos de transporte, e
formas de energia, e as suas interaces). Ressalva-se, no entanto, que os
consumos de energia elctrica por parte do modo ferrovirio no so apresentados
pois, neste relatrio, no se adopta a abordagem de afectao das emisses ao
consumidor final de energia (metodologia seguida para a elaborao dos
inventrios nacionais).
Assim, para efectuar as projeces no presente estudo, formularam-se
pressupostos que, se por um lado revelam a dificuldade inerente a um exerccio de
modelao deste tipo, por outro obriga-nos a considerar os resultados finais com a
devida cautela, nomeadamente no que se refere actualidade/validade destes
pressupostos e aos valores considerados para as variveis de base.
Desde j se recomenda que este programa seja monitorizado, recorrendo-se ao
modelo anteriormente referido no sentido de se aferir a qualidade das projeces
efectuadas e, quando necessrio, corrigi-las com os dados actualizados.
De uma forma geral, o modelo adoptado permite projectar o crescimento dos
transportes em dois grandes sub-conjuntos:
Transporte de mercadorias, que varia ao longo do tempo indexado taxa de
crescimento do PIB (~1%)( )10 ;
Transporte de passageiros, que se divide em transporte urbano/suburbano e de
longa distncia, cuja variao depende da evoluo da estrutura do consumo
privado das famlias11.
10 Se correlacionarmos o crescimento do PIB com o crescimento do transporte de mercadorias em termos de toneladas.km, possvel confirmar o valor de taxa de indexao considerado (ver Estatsticas Europeias na DG-Tren; OCDE)
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
O modelo utilizado foi calibrado com base nos balanos energticos anuais (srie
1990-2002, actualizada em 2003 pela Direco Geral de Energia - DGE) relativos
ao total de vendas de combustvel para os transportes terrestres.
No que respeitam as emisses de Gases Acidificantes (GA SO2, NOx, COV, NH3)
pelos modos areo e martimo, os inventrios nacionais incluem apenas aquelas
que decorrem do trfego domstico (quer de passageiros quer de mercadorias). As
emisses foram estimadas a partir dos consumos domsticos de energia para cada
modo.
No tocante ao modo areo, no se pde recorrer aos valores registados pela DGE
porque estes se reportam aos combustveis vendidos nas bancas nacionais aos
avies nacionais, que operam quer em trajectos domsticos como internacionais.
Assim, neste caso em particular, teve de se recorrer a uma estimativa a partir dos
dados dos operadores nacionais (movimentos e composio das frotas).
Quanto s previses de crescimento do trfego areo nacional, recorreu-se s
estimativas efectuadas pelo Aroport de Paris12 no mbito do estudo prvio para a
localizao do Novo Aeroporto de Lisboa (NAER). Apesar de existirem estimativas
de evoluo de trfego mais recentes, realizadas a propsito do potencial esquema
de financiamento da construo/explorao do NAER, estas no esto disponveis.
Assim, mais uma vez se recomenda que os dados apresentados neste relatrio
sejam lidos/utilizados com a devida cautela e devidamente referenciados.
Finalmente, no que se reporta ao consumo energtico decorrente do trfego
martimo nacional (percursos entre os vrios portos continentais e das regies
autnomas), utilizam-se os valores registados pela DGE, i.e. vendas aos barcos
nacionais. Quanto s previses de crescimento, assumiu-se que no se verificaro
alteraes significativas na actividade deste modo. No entanto, face s perspectivas
do desenvolvimento do transporte martimo de curta distncia (TMCD), esta
assuno poder ser desvirtuada no mdio prazo. Recomenda-se que, no futuro
prximo e quando se conhecerem melhor as intenes do governo no que respeita
esta matria, se proceda a uma abordagem mais fina deste modo, apesar da
pequena expresso que assume no cmputo nacional (cerca de 1%), quer em
termos energticos quer em termos de emisses.
11 Resulta do Inqurito ao Consumo no Sector Domstico (INE, 1995).
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2.3.3.2 Principais Pressupostos assumidos nas projeces
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Seguidamente descrevem-se os pressupostos assumidos para a modelao do
transporte rodovirio, o qual constitui a fatia mais significativa, quer no consumo
energtico quer nas emisses de gases.
TRANSPORTE INDIVIDUAL
O transporte de passageiros caracterizado, a nvel macro, com base na
mobilidade individual, em ambiente urbano/suburbano e em deslocaes de longa
distncia. Neste modelo, entende-se por mobilidade individual o nmero de
quilmetros percorridos por habitante e por ano. A diferenciao entre deslocaes
urbana/suburbana e de longa distncia efectuada a partir dos dados de populao
nacional urbana e no-urbana13. Importa referir que se considerou que a
percentagem de populao em zona rural se iria manter constante a partir de 2000,
definindo-se como zona rural as reas populacionais com densidade inferior a 150
hab/km2 ( )14 . Os clculos foram efectuados para automveis e transporte em duas
rodas (Motociclos (c.c.50cm3).
Mobilidade Individual
A evoluo da mobilidade de longa distncia sensvel diferena de crescimento
econmico previsto nos cenrios alto e baixo, foi obtida a partir da correlao entre
os valores de mobilidade definidos pela DGE (DGE, 1999) e o Cenrio Central de
evoluo do PIB definido pelo GEPE (GEPE, 2001). Partiu-se do pressuposto que os
rendimentos das famlias acompanham a tendncia de crescimento do PIB, e, por
outro lado, que a propenso para as deslocaes de longa distncia (motivadas por
actividades de lazer) tambm variam consoante a disponibilidade financeira das
famlias. Com base na funo polinomial15 obtida atravs dessa regresso,
calcularam-se os valores de mobilidade de longa distncia at 2020, em que a
12 NAER (2000), Estudos Preliminares de Impacte Ambiental do Novo Aeroporto de Lisboa, (www.naer-novoaeroporto.pt).
13 No modelo apresentado pela DGE, no so definidas com rigor as diferenas entre os dois tipos de mobilidade. Por exemplo, as deslocaes urbanas/suburbanas so maioritariamente as deslocaes a menos de 30km, e, as restantes, superiores a 30km (PROTAML, 2001). 14 INE (1990-2000), Quadros Estatsticos Estatsticas dos Transportes e das Comunicaes, Lisboa.
15 Funo polinomial: y = -0,000007. x2 +0,6472. x +2037,1, com um coeficiente de correlao r2=0,9838.
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varivel independente a evoluo do PIB prevista pelo GEPE segundo os dois
cenrios de desenvolvimento.
Por outro lado, considerou-se que a mobilidade urbana e suburbana no seria
sensvel s diferenas de crescimento econmico do Pas, tendo em conta que essas
viagens no so funo dos rendimentos das famlias, pois so viagens de carcter
obrigatrio, usualmente do tipo casa-trabalho ou casa-escola. Ressalva-se, no
entanto, que a repartio modal destas viagens varia consoante crescimento
econmico do Pas. Desta forma, num cenrio de crescimento econmico alto, a
percentagem de viagens em TI prevalece sobre as viagens em TC. No cenrio de
crescimento baixo, verifica-se o fenmeno oposto. Os valores de mobilidade
individual, por sua vez, foram calculados com base no Inqurito ao Consumo no
Sector Domstico16.
Tabela 2.16
Parmetros de caracterizao do crescimento da mobilidade individual
Unidade 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Dados gerais
Utilizao do veculo particular vkm/ano 9 195 11 302 13 214 14 794 16 001 16 871 17 470
Parque automvel total 106 2,144 2,935 3,532 4,172 4,817 5,109 5,412
Transporte em longa distncia
Taxa de ocupao de automveis pass/vec 2,2 1,8 1,8 1,6 1,6 1,5 1,5
Mobilidade por pessoa Cen. Alto pkm/ano 3 300 3 900 4 300 5 950 8 100 9 600 10 500
Mobilidade por pessoa Cen. Baixo pkm/ano - - - 5 800 7 500 8 200 9 300
Transporte em ambiente urbano
Taxa de ocupao de automveis pass/vec 1,4 1,3 1,3 1,2 1,2 1,3 1,3
Mobilidade por pessoa Cen. Alto pkm/ano 4 300 5 500 6 500 6 900 7 500 8 000 8 400
Mobilidade por pessoa Cen. Baixo pkm/ano - - - 6 900 7 500 8 000 8 400
Fonte: DGE, 1999
No caso dos veculos a 2 rodas, consideraram-se as seguintes distncias mdias
percorridas por ano.
16 INE (1995), Inqurito ao Consumo no Sector Domstico, Lisboa.
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Tabela 2.17
Distncias anuais mdias percorridas em veculos a 2 rodas
Veculo Tipo de Circulao 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Motociclo 17 Todos 562 562 562 562 562 562 562
Moto 2t AE 671 1.190 1.603 2.127 2.145 2.043 1.930
Moto 2t Rural 5.059 4.126 3.766 5.253 6.911 8.081 8.722
Moto 2t Urbano 4.301 4.301 4.301 4.301 4.301 4.301 4.301
Moto 4t AE 671 1.190 1.603 2.127 2.145 2.043 1.930
Moto 4t Rural 5.059 4.126 3.766 5.253 6.911 8.081 8.722
Moto 4t Urbano 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188
Parque automvel
O crescimento do parque automvel foi obtido a partir da evoluo do registo de
vendas disponibilizado pela ACAP desde 1973 at 2003.
Para calcular o stock anual de veculos, aplicou-se um taxa de abate aos veculos
vendidos. Esta taxa de abate cresce medida que a idade dos viculos aumenta,
i.e. quanto mais velho o veculo, maior a probabilidade de ele ser abatido. Para
efeitos de modelao consideraram-se como veculos abatidos, todos os que
deixaram de circular e que portanto no consomem energia e no produzem
emisses. Este mdulo foi calibrado, no sentido de aproximar a estutura do parque
rodovirio nacional composio do parque estimado pela ACAP (Associao do
Comrcio Automvel de Portugal) entre 1980 e 2002.
Com base neste modelo, foi possvel projectar a composio do parque at 2020.
Assumiram-se as mesmas taxas de abate, at ao ano horizonte. Para alimentar
este modelo, foi necessrio projectar o volume de vendas em cada ano. Na tabela
seguinte possvel verificar, os valores adoptados ano a ano. Esta projeco segue
uma curva logstica, cuja varivel independente o PIB18.
O modelo foi igualmente calibrado de forma a que o total de veculos no
ultrapassasse uma taxa de motorizao mdia nacional de cerca de 600
veic/1000hab, assumindo as vendas da tabela seguinte, a taxas de abate do
modelo anteriormente referido e o crescimento esperado da populao portuguesa
at 2020. O crescimento da taxa de motorizao, at 2020, foi estimado atravs de
uma regresso logstica assumindo como valor de assntota, a taxa de motorizao
esperada para a mdia europeia no mdio prazo, i.e. cerca de 650 veic/1000hab.
17 No circulam em Auto-Estradas, por impedimento do Cdigo da Estrada.
18 Expresso utilizada: )77,51036,2( 71
8,252151Xe
y + +=
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Tabela 2.18
Evoluo estimada das vendas de automveis at 2020
PIB (P-2002) Automveis Gasolina Automveis Diesel Automveis Total
Cen. Alto Cen. Baixo Gas CA Gas CB Dies CA Dies CB PC CA PC CB
1980 10.087.647 10.087.647 47.882 47.882 5.733 5.733 53.615 53.615
1985 10.196.164 10.196.164 89.912 89.912 2.815 2.815 92.727 92.727
1990 15.772.334 15.772.334 200.018 200.018 13.700 13.700 213.718 213.718
1995 18.557.946 18.557.946 180.079 180.079 28.839 28.839 208.918 208.918
2000 24.969.525 24.969.525 195.412 195.412 94.533 94.533 289.945 289.945
2005 30.154.727 28.600.881 209.441 209.030 120.296 110.273 329.736 319.304
2010 37.166.552 32.995.619 210.034 209.832 144.185 133.681 354.219 343.513
2015 45.808.823 38.065.641 210.106 210.053 150.298 145.487 360.404 355.539
2020 55.840.700 43.362.705 210.111 210.100 151.163 149.559 361.274 359.659
Assim obteve-se a seguinte composio do parque automvel nacional previsto at
2020.
Tabela 2.19
Estrutura do parque automvel [Cenrio business as usual]
Fuel Cilindrada 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Gasolina 2 69.194 88.896 141.094 206.147 265.710 308.215 339.132
Gasleo 2 50.054 87.657 228.520 361.993 567.939 767.189 940.231
GPL todos 67 874 67.433 192.282 257.095 311.777 391.934
Total todos 1.558.180 2.581.250 3.557.137 4.266.439 5.046.253 5.641.039 6.126.730
Uma abordagem semelhante permitiu caracterizar o parque de 2 rodas em
circulao no territrio nacional.
Tabela 2.20
Estrutura do parque de veculos a duas rodas at 2020
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Motociclos 834.692 623.000 491.429 477.143 462.857 448.571 432.000 Motos 2T 8.681 18.872 28.938 36.395 41.856 44.587 46.447 Motos 4T 44.102 95.875 147.018 184.901 212.646 226.522 235.968 Total 887.475 737.747 667.385 698.439 717.359 719.680 714.414
Factores de consumo
O consumo de energia foi calculado a partir dos factores de consumo mdio dos
veculos em circulao. Para esta componente do modelo, no se diferenciaram os
dados segundo o cenrio alto ou baixo, assumindo-se que as estratgias de
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desenvolvimento tecnolgico no so influenciados, de forma significativa, pelos
cenrios de crescimento da economia.
Os valores obtidos constam na tabela seguinte, e correspondem ao cenrio
evolutivo business as usual.
Tabela 2.21
Consumo mdio de automveis por tipo de carburante [Cenrio business as usual]
Tipo de Circulao Consumo
mdio (MJ/km)
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Gasolina 2,623 2,549 2,450 2,382 2,332 2,309 2,317
Gasleo 2,296 2,239 2,190 2,176 2,170 2,168 2,168 Auto-Estrada
GPL 2,780 2,782 2,784 2,786 2,786 2,786 2,786
Gasolina 2,325 2,250 2,163 2,106 2,065 2,049 2,059
Gasleo 1,889 1,909 1,926 1,931 1,933 1,933 1,933 Rural
GPL 2,317 2,319 2,322 2,324 2,325 2,325 2,325
Gasolina 3,263 3,360 3,503 3,620 3,746 3,827 3,873
Gasleo 3,143 2,963 2,806 2,760 2,742 2,736 2,736 Urbana e Suburbana
GPL 3,037 2,945 2,833 2,776 2,750 2,747 2,747
Fonte: Calculado a partir da Metodologia EMEP/CORINAIR e calibrado com base nos registos de vendas da DGE (srie de 1990/2003).
Tabela 2.22
Consumo mdio de 2 rodas
[MJ/km] 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 Rural 1,119 1,119 1,098 0,974 0,825 0,676 0,527
Motociclo Urbano 1,119 1,119 1,098 0,974 0,825 0,676 0,527
AE 1,605 1,605 1,588 1,530 1,486 1,452 1,432 Rural 1,238 1,238 1,235 1,226 1,220 1,214 1,211 Moto 2T-4T
Urbano 1,309 1,309 1,318 1,347 1,370 1,387 1,397
Os factores de consumo foram estimados, numa primeira iterao, com base na
metodologia EMEP/CORINAIR. A 2 iterao consistiu em comparar o consumo de
combustvel calculado atravs da multiplicao destes factores de consumo pelos
km percorridos por cada tipo de veculo (abordagem bottom-up) com as vendas
de combustvel registadas pela DGE (abordagem top-down). Nesta 2 iterao,
ajustaram-se os factores de consumo inicial de maneira a que os consumos
oriundos de ambas as abordagens fossem harmonizados. Os factores de consumo
mdios assumidos no futuro reflectem as vendas de automveis novos, com
consumos especficos mais baixos. Reflectem por isso, a rotao e a renovao do
parque automvel esperados no futuro.
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TRANSPORTE COLECTIVO
A estimativa de crescimento do transporte colectivo de passageiros teve por base a
evoluo esperada de repartio modal entre os modos rodovirio e o ferrovirio,
juntando-se o fluvial e o metropolitano, no caso das deslocao urbanas (apenas
para a rea Metropolitana de Lisboa). Relembra-se que para efeitos de inventrios
nacionais no so tidas em conta as emisses decorrentes da produo de
electricidade utilizada no transporte ferrovirio, apesar das reparties
apresentadas inclurem o modo ferrovirio elctrico.
As reparties modais urbanas para os anos de 1990, 1995 e 2000 foram
verificadas atravs dos:
dados de mobilidade urbana constantes nos inquritos gerais mobilidade da AML e AMP;
dados de produo de transporte colectivo constantes nos anurios estatsticos do INE.
Tabela 2.23
Evoluo da repartio modal (valores nacionais) [Cenrio business as usual]
Repartio modal 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Veculo particular 79 74 78 85 88 90 93
Transporte Colectivo 21 26 22 15 12 10 7
em combio 42 28 27 27 27 30 30
Auto-Estrada
Rural
em autocarro 58 72 73 73 73 70 70
Veculo particular 59 78 82 80 75 70 65
Transporte Colectivo 41 32 18 20 25 30 35
em autocarro 60 55 55 55 55 55 53
em ferrovia19 36 37 37 40 40 40 42
Urbano Suburbano
em fluvial 4 8 8 5 5 5 5
Fonte: Adaptado de DGTT (2000)20 e DGE (1999).
Os dados presentes na tabela anterior reflectem a progressiva transferncia modal
do Transporte Colectivo (TC) para o Transporte Individual (TI), partindo, em 1990,
de uma distribuio de 59% para o TI em transporte urbano e suburbano,
culminando, em 2010, em 75%. Ressalva-se que este um cenrio de no
interveno no sistema, reflectindo a tendncia de transferncia dos anos
anteriores.
O mesmo se verifica para o transporte em longa distncia. Em 1990, a repartio
do TI de 79% e, em 2010, espera-se que atinja os 88%.
19 Inclui combio (elctrico e diesel) e metropolitano (no caso dos transporte urbano/suburbano). 20 DGTT (2000), Mobilidade e Transportes na AML, pela Direco Geral dos Transportes Terrestres, Lisboa.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
No tocante ao consumo mdio dos autocarros (pesados de passageiros),
considerou-se que a melhoria da tecnologia aplicada aos veculos, a organizao do
trfego urbano e a melhoria das infra-estruturas conduziria a uma diminuio de
consumo. Esta diminuio superior ao aumento decorrente da melhoria do servio
de TC oferecido, nomeadamente em termos de aumento da cobertura territorial
(nmero de quilmetros percorridos) e da diminuio das taxas de ocupao.
Estes dados foram estimados seguindo a mesma metodologia anteriormente
referida. A evoluo dos consumos reflecte igualmente a penetrao dos veculos a
Gs Natural (GN) nas frotas da CARRIS e dos STCP21.
Foram tambm consideradas alteraes repartio modal actual, na medida em
que se considera um aumento gradual do modo ferrovirio em zona
urbana/suburbana aps 2000 como resultado da melhoria da qualidade do servio
prestado nas linhas de comboio suburbanas. Ainda assim, foi tida em considerao
uma melhoria do servio de TC rodovirio e o fomento da sua utilizao sobretudo
em zona urbana/suburbana. Relembra-se que os dados de consumo elctrico do
modo ferrovirio no so apresentados, pois as emisses decorrentes deste tipo de
traco so contabilizadas no sector electroprodutor.
Tabela 2.24
Consumo Mdio (pesados de passageiros)
Transporte em: Consumo Mdio Unidade 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Combios diesel kcal/ lug.km 90 90 90 90 90 90 90
Autocarros a
gasleo l/100 km 34 34 33 32 31 31 31
a GPL l/100 km 34 34 33 32 31 31 31
Auto-Estrada
Rural
a GN l/100 km 34 34 33 32 31 31 31
Autocarros a
gasleo l/100 km 50 50 48 45 43 41 40
a GPL l/100 km 50 63 60 56 52 50 48 Urbano Suburbano
a GN l/100 km 50 50 50 50 50 50 50
Fonte: Adaptado de DGTT (2000)22 e DGE (1999).
21 Servios de transporte colectivo urbano de Lisboa e do Porto, respectivamente.
22 DGTT (2000), Mobilidade e Transportes na AML, pela Direco Geral dos Transportes Terrestres, Lisboa.
Maio 2004 38
-
PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
TRANSPORTE AREO NACIONAL
Existem dois tipos de vos conforme a sua provenincia e o seu destino:
- internacional, se a origem do vo for em Portugal e o destino noutro pas ou
vice-versa;
- domstico, onde a origem e o destino so sempre em Portugal.
Segundo as orientaes da Directiva dos Tectos de Emisso de GA, considera-se
apenas o trfego domstico, incluindo, por isso, somente os dados respeitantes aos
vos entre os principais aeroportos nacionais continentais e das regies autnomas.
Os aeroportos aos quais se referem os dados so: Lisboa, Porto, Faro, Funchal,
Ponta Delgada, Santa Maria, Horta, Flores.
O modo operacional de um avio pode ser dividido em duas partes:
- Descolagem/Aterragem, termo designado por LTO (Landing/Take-off cycle),
que caracteriza os movimentos dos avies perto do aeroporto at uma
altitude de 1000 metros (AEA, 2002). Este modo inclui descolagem e
aterragem, deslocaes dos avies nos aeroportos ( em
regime de espera (idle);
- Cruzeiro, que representa movimentos de avies acima d
altitude (AEA, 2002).
Ilustrao das vr
A mesma Directiva abrange apenas o cic
ortugal, o f m g
estima-se que, entre
lo de vo LTO do trf
P crescimento de tr ego (em ter os de passa eiros
aeroportos entre 1990 e 2000 foi de 40% e
Maio 2004 taxi), motoresos 1000 metros de
Figura 2.3
ias fases de um vo
m
o s
200
Fonte: AEA, 2002
ego domstico. E
transp rtado ) nos
0 e 2010, seja
39
-
PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
de cerca de ( d d e c ) ta
inte, apr a st l o ns d
2
50% depen endo o cenrio d cres imento considerado . Na bela
segu esent -se e a evo uo no per do co idera o.
Tabela .25
Evolu 2
n
o do trfego domstico nos aeroportos portugueses entre 1990 e 020
(movime tos)
Cenrio Alto Cenrio Baixo
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2005 2010 2015 2020
Lisboa 21457 19900 17366 15607 28437 32942 38161 23914 28322 32741 37851
Porto 9042 9274 7131 6198 8560 9917 11488 7199 8526 9856 11394
Faro 4669 3166 3380 3059 4659 5397 6252 3918 4640 5364 6201
Funchal 933 906 1008 1347 1599 1852 2146 1345 1592 1841 2128
Sta Maria 5417 5036 5722 6089 11015 12760 14781 9263 10970 12682 14661
Ponta Delgada 2475 2386 2903 3064 5173 5993 6943 4351 5153 5957 6886
Horta 562 546 1206 1080 1388 1608 1863 1168 1383 1599 1848
Flores 9632 12102 11870 11191 21726 23898 26288 19710 20695 21730 22817
Funchal 9632 13202 16249 19750 23438 27151 31453 19710 23343 26986 31197
Total 54187 53316 50586 47635 82556 94367 107921 70868 81281 91770 103786 Fonte: adaptado de NAER, 1998; adaptado de ANAM, 200023
A projeco do trfego esperado para o aeroporto de Lisboa (Portela) teve por base
os nmeros apresentados no estudo elaborado pelo Aroport de Paris (NAER,
998). Adoptaram-se tendncias semelhantes de crescimento para os restantes
aeroportos.
Os nveis de actividade apresentados para o transporte de mercadorias decorrem
dos inquritos anuais do INE (1990-2000) aos transportadores de mercadorias
martimo. Refere-se que s existem estatsticas do transporte rodovirio de
mercadorias por conta prpria, at 1999. O ano de 2000 tambm foi extrapolado a
partir dos anos anteriores.
No caso dos transportes terrestres, e tendo em ateno a relao de proximidade
conhecida entre o transporte de mercadorias e o crescimento econmico,
1
O consumo decorrente do trfego domstico (ciclo LTO) foi estimado com base num
consumo mdio por ciclo LTO. Este consumo mdio foi calculado atendendo ao peso
das vrias aeronaves nas frotas das principais transportadoras (TAP, SATA,
Airluxor) a operar no trfego domstico. O factor de consumo mdio 1688 kg/LTO
(PIAC, 1996). Os resultados de consumo so apresentados na seco 2.3.3.3.
TRANSPORTE DE MERCADORIAS
rodovirios, e das estatsticas anuais colectadas pelo INE para o modo ferrovirio e
23 ANAM (2002), Movimentos no aeroporto da Madeira, Funchal.
Maio 2004 40
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
considerou-se uma indexao deste tipo de transporte taxa anual de
d
anteriormente, adoptou-se uma indexao de PIB+0,5% para esti
o transporte de mercadorias ter umindo as tend cas do
o.
po
am-s r
la
crescimento
o PIB esperado, quer para o cenrio alto quer para o cenrio baixo. Como referido
mar a evoluo
d restres, ass ncias estatsti
passad
Quanto ao trans rte martimo e areo (nacional), as estatsticas apresentadas
report e ao t fego domstico, em termos de toneladas transportadas.
Tabe 2.26
Evoluo do transporte de mercadorias nacional e internacional (por modo) [Cenrio
business as usual]
Cenrio Alto Cenrio Baixo
Modo Unidade 2000
2005 2010 2015 2020 2005 2010 2015 2020
Rodovia 106tkm 27 248 34 934 44 788 57 101 71 588 32 655 39 135 46 639 71 588
Ferrovia 106tkm 2 369 3 245 4 430 6 345 8 848 3 034 3 870 5 182 8 848
Total 106tkm 29 617 38 180 49 217 63 446 80 436 35 689 43 005 51 821 80 436
Martimo 103ton 10 031 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Areo 10 ton 3 38 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.
Fonte: INE (1990-2000) e DGE (1999)
Considerando a reduzida expresso do transporte areo de mercadorias no
cmputo nacional, o consumo energtico e as emisses associadas no foram
contabilizadas.
TRANSPORTES TERRESTRES (RODOVIRIO E FERROVIRIO)
O clculo do consumo de energia por parte do modo rodoviario foi semelhante ao
os do INE efectuados aos
estimaram-se os km percorridos
(1991-
2002), extrapolaram-se as distncias percorridas anualmente at 2020, para cada
- HDV (Heavy Duty Vehicles) -
-
PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
No caso dos LDV, assumiu-se que a utilizao destes veculos (prioritariamente em
ambiente urbano) se encontra prxima do ptimo (no existindo dados sobre esta
cias anuais percorridas pelos HDV at 2020, foi necessrio
clui-se que entre 1990 e 2000, o
valor oscila em torno de 8 ton/veculo. Atendendo melhoria que se espera na
ivamente a 2000, ao que corresponde a reduo de 1/3 dos km
fectuadas em vazio.
Tal como para os LDV, assumiu-se que os HDV percorrem, por ano, a mesma
distncia em AE que os ligeiros de passageiros.
Na tabela seguinte constam os valores de cada parmetro utilizado para as
projeces de consum en po te rodovirios de
ela
matria na literatura disponvel). Assim, considerou-se que cada veculo circula
cerca de 50.000km/ano. O inqurito aos operadores rodovirios de mercadorias
efectuado 1995, foi possvel constatar que a distribuio dos km percorridos por
ano : 26% em deslocaes de curta distncia e 74% em deslocaes de longa
distncia (AE e rural em conjunto). Por outro lado assumiu-se que, nas deslocaes
em Auto-Estradas, estes veculos percorrem a mesma distncia que os automveis
particulares.
Para estimar as distn
assumir uma carga mdia de transporte por veculo de mercadorias (ton.veic). Com
base nos valores disponibilizados pelo INE, con
gesto logstica deste sector, assumiu-se que at 2020, seria reduzido o transporte
em vazio. Assim, considerou-se que a carga mdia por veculo aumentaria de cerca
de 50% relat
e
o de ergia r par dos operadores
mercadorias.
Tab 2.27
Parmetr a o u n o r i
mercadorias
os apoio o clcul do cons mo de e ergia n transpo te rodov rio de
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
C t dia p a DV lculo da dis nciam ercorrid pelos H
106 tkm 15.385 20.338 30.015 37.890 46.232 55.629 60.342
106 vkm 1.923 2.641 3.487 4.007 4.487 4.988 5.029
ton/veic 8 8 9 9 10 11 12
Nveiculos 6.883 8.603 15.143 22.004 25.023 26.552 27.084
HDV
km/veic 279.392 306.998 230.267 182.103 179.310 187.869 185.663
Distncia md rcorridas pe c me rias ia pe los ve ulos de rcado
AE 671 1.190 1.603 2.127 2.145 2.043 1.930
Rural 36.141 35.622 35.208 34.684 34.666 34.769 34.882
Urbano 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188 13.188
LDV (
-
PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
AE 671 1.190 1.603 2.127 2.145 2.043 1.930
Rural 20.647 22.234 6.148 11.767 11.536 12.292 12.236
Urbano 3.417 3.755 1.243 2.227 2.193 2.298 2.271HDV (
-
PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.29
Factores de consumo dos modos terrestres
Unidade 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
AE MJ/km 4,364 4,218 4,045 3,949 3,904 3,888 3,888
Rural MJ/km 3,069 2,957 2,825 2,752 2,717 2,705 2,705 LDV
Urbano MJ/km 4,053 3,936 3,796 3,719 3,682 3,670 3,670
AE MJ/km 8,590 8,648 8,624 8,713 8,728 8,729 8,724
Rural MJ/km 6,673 6,866 5,683 6,625 6,659 6,708 6,681 HDV
Urbano MJ/km 8,762 8,830 7,434 8,237 8,214 8,250 8,194
Locomotivas diesel Kcal/tkbr 100 113 110 105 100 95 90
No caso do consumo de energia da ferrovia foi estimado o consumo especfico em
termos de Wh/tkbr, com base nas estatstica fornecidas pela CP. Assim, estimo
um aum
prevendo-se uma recuperao gradual dos nveis de eficincia at 20
t aos 90Wh/tkbr.
stiment prev i
ntido de favorecer este modo.
u-se
ento dos consumos de 100 para 110 Wh/Tkbr, desde 1990 at 2000,
20, reduzindo
a
Tendo em ateno os inve os istos para o modo ferrovirio, admit u-se
uma transferncia modal, no se
Tabela 2.30
Parmetros de caracterizao do crescimento do transporte de mercadorias
terrestre (%)
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Repartio modal da rodovia 92 92 93 92 91 90 89
Repartio modal da Ferrovia 8 8 7 8 9 10 11
Fonte: DGE (1999); INE (1990-2000)
no interface ferrovia-rodovia, podero ocorrer
uma fase ps-2010, e, para o trfego domstico, para o
corredor de transporte Lisboa-Porto, dada a
transporte internacional, seguindo as tendncias verificadas no Centro da Europa,
nomeadamente na Sua.
Por outro lado, o transporte de mercadorias terrestres poder perder cota de
mercado caso o Transporte Martimo de Curta Distncia (TMCD) ganhe maior
expresso em Portugal.
Sabendo que no mdio prazo (5-10 anos) iro ocorrer alteraes significativas nas
tcnicas de gesto de logstica
alteraes importantes na estrutura modal do transporte de mercadorias
favorecendo o modo ferrovirio. No entanto, admite-se que esta soluo apenas
poder ser considerada n
dimenso do territrio nacional. A
implementao desta tecnologia poder ter uma expresso mais significativa no
Maio 2004 44
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
TRANSPORTE MARTIMO NACIONAL
Tal como no transporte areo de passageiros, no transporte martimo de
mercadorias apenas se consideram os movimentos nacionais. Estes correspondem
tal agilizar todos os procedimentos
porturios e alfandegrios, no sentido de reduzir os tempos perdidos nas operaes
e transhipment, tal como nos custos administrativos nos portos. Uma vez definida
a poltica de investimentos neste sector que
ser necessrio proceder a uma projeco slida do consumo de energia, face ao
provvel crescimento deste tipo de servio.
RESULTADOS NACIONAIS
s resultados totais verificados em Portugal so apresentados nas tabelas
eguintes. Os dados apresentados desde 2005 a 2020 so resultados obtidos do
exerccio efectuado com o modelo da DGE apresentado anteriormente, para dois
cenrios de crescimento macro-econmico.
s trocas comerciais entre os portos continentais e das regies autnomas.
Nesta fase, no possvel apresentar uma metodologia robusta para a estimativa
de crescimento do transporte de mercadorias domstico, tendo-se optado pela
manuteno das vendas registadas em 2000 (Balanos Energticos da DGE).
Como referido anteriormente, o TMCD poder constituir uma alternativa slida ao
transporte de mercadorias terrestre, nomeadamente no transporte de mercadorias
para o centro da Europa (portos de Roterdo, Anturpia, Dunkerkem, etc.). Para
tornar este modo mais atractivo, fundamen
d
favorea a execuo destas medidas,
2.3.3.3 Resultados das Projeces
O
s
Maio 2004 45
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.31
Consumo Energtico Nacional [TJ] - Transportes [Cenrio de BAU]
Modo Fuel Servio Veculo 2000 2005 2010 2015 2020
CENRIO ALTO
Rodovirio Gasolina Passageiros Automvel 86.243 102.278 119.677 129.984 134.477 Passageiros Motociclo 1.364 1.241 1.053 827 600 Passageiros Moto 2T-4T 2.621 3.604 4.677 5.306 5.536 Gasleo Passageiros Automvel 23.182 18.035 28.279 38.418 43.715 Mercadorias LDV 81.513 134.444 156.754 180.750 193.088 Mercadorias Pesados* 47.242 25.497 24.614 25.437 24.283 LPG Passageiros Automvel 1.000 2.103 3.192 4.079 5.171 Ferrovirio Gasleo Todos Locomotivas 1.828 3.001 2.868 3.231 3.854 Areo Jet Fuel Passageiros Aeronaves 1.781 2.163 2.587 2.969 3.435 Martimo Fuelleo Mercadorias Navios 1.416 1.416 1.416 1.416 1.416 Gasleo Martimo Mercadorias Navios 1.896 1.895 1.895 1.895 1.895 Total Total Todos 250.086 295.677 347.011 394.313 417.468 CENRIO BAIXO
Rodovirio Gasolina Passageiros Automvel 86.243 98.845 112.705 121.214 127.326 Passageiros Motociclo 1.364 1.193 983 764 564 Passageiros Moto 2T-4T 2.621 3.491 4.418 4.962 5.252 Gasleo Passageiros Automvel 23.182 18.184 26.026 34.760 37.025 Mercadorias LDV 81.513 135.746 142.215 161.117 159.708 Mercadorias Pesados* 47.242 25.731 22.467 22.817 20.302 LPG Passageiros Automvel 1.000 2.032 3.005 3.803 4.895Ferrovirio Gasleo Todos Locomotivas 1.828 3.387 3.675 3.961 4.580Areo Jet Fuel Passageiros Aeronaves 1.781 2.163 2.587 2.969 3.435Martimo Fuelleo Mercadorias Navios 1.416 1.416 1.416 1.416 1.416 Gasleo Martimo Mercadorias Navios 1.896 1.895 1.895 1.895 1.895Total Total Todos 250.086 294.083 321.391 359.679 366.398 *Inclui HDV e Autocarros; **Inclui o transporte fluvial de passageiros na AML. Nota: Estes consumos do modo areo correspondem apenas aos consumos estimados com base nos LTO entre os principais aeroportos nacionais. Assim, de esperar um aumento dos mesmos (tal como previsto na Directiva dos Tectos relativamente s emisses do modo areo).
No Documento 3 (Avaliao do Potencial de Eficcia Ambiental dos Instrumentos
de Poltica em Vigor), apresentada a avaliao do impacte do programa Auto-Oil
sobre as emisses de GA. O impacte desta medida nas emisses verifica-se pela
reduo dos consumos energticos decorrente do aumento de eficincia dos
automveis. Assim, o Cenrio de Referncia do consumo de energia dos
Transportes incorpora o efeito deste Programa. A Tabela 2.32 inclui igualmente o
efeito da Directiva sobre Biocombustveis.
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PTEN: CENRIO DE REFERNCIA
Tabela 2.32
Consumo Energtico Nacional (