catálogo: organza - hortência barreto

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O trabalho das bordadeiras, rendeiras e costureiras povoou sempre a minha infância. Minha avó, tia-avó e minha mãe costuraram, bordaram e fiaram a trama, a linha do que viria a ser meu universo poético. Nessa época, eu e minhas irmãs ganhamos nossa primeira boneca de pano. Aqui, a memória alicia o tempo e o passado colado ao presente veste as telas de rendas, linhas, chitões, retalhos, poemas, sianinhas. São lembranças de uma infância onde se bordava sobre o bastidor sonhos, brincadeiras, romances, enxovais.

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Organza

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Organza - Hortência Barreto

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Textos e Projeto Gráfico

Hortência Barreto

Designer

Fábio Nunes - AWD

Fotografia

Marcel Nauer Lineu LinsLúcio Telles

Ano

2009

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O BANESE reafirma o seu compromisso com a cultura sergipana, através desta publicação, ao

tempo em que reconhece a importância da artista plástica Hortência Barreto, no resgate histórico da

identidade regional da nossa gente.

Mais do que apoiar a edição deste catálogo, o Banco de Sergipe enriquece o seu acervo literário-cultural, buscando perpetuar a obra

dessa talentosa artista, autora de telas de cores vibrantes, cuja arte é transmitida de maneira lúdica

e poética.

João Andrade Vieira da SilvaPresidente do

BANCO DO ESTADO DE SERGIPE

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À memória de meus avós:

José e Maria (Neném e Loló) Maria e José (Menininha e Zezé)

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O trabalho das bordadeiras, rendeiras e costureiras povoou sempre a minha infância. Minha avó, tia-avó e minha mãe costuraram, bordaram

e fiaram a trama, a linha do que viria a ser meu universo poético. Nessa época, eu e minhas irmãs ganhamos nossa primeira boneca de pano.

Aqui, a memória alicia o tempo e o passado colado ao presente veste as telas de rendas, linhas, chitões, retalhos, poemas, sianinhas. São

lembranças de uma infância onde se bordava sobre o bastidor sonhos, brincadeiras, romances, enxovais.

Organza

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Fui bordada em linhas singerEm ponto matiz de luz e sombra sobre organdifizeram meu enxovale nasci com o diana praça da matriza rua cheirando a pão. E crescisob um pé de carambolacom um nome (macio) azul de flor,amanheci dezembrosatravessei fevereirocorrendo com medo de mordida de maribondoe mergulhei no açudee fui parar no lado gauche do Senaperto de um grande palácioonde, de sua janela,uma jovem me acenavacom aquele sorriso,enigmático. Mas em pele de organzae sol de anilo vento trazum voo de vozes sobre o voile; é o zum zum zumda minha infânciaque hoje fala francês:

je suis d’ouricuri.

Autobiografia

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Minha avó pedalou caminhos-sem-fim sobre o bastidor, enquanto minha tia-avó fazia rendas de bilro na praça, sobre a almofada. Tia Doça balbuciava uma linguagem amável que ninguém entendia, mas eu sabia que ela pensava doçuras.

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Frida quando falaCalaquando Fridapassapelas feridasfeito espadao gosto de tintae pinta seus intestinose rasga seus instintostão febrise lançaluz sobresuacruz.

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Um cascão de palavra cor goiabaRaspas de um sotaque citronAvec du fromage blancSalivam qualquer poema.

Cardápio

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Eu me aproprio plasticamente de um elemento artesanal da cultura popular nordestina, a boneca de pano, e interpreto, através dela, de uma maneira lúdica e poética, imagens, situações e tradições vividas na minha infância, revelando o jeito de ser, de viver e de vestir de uma comunidade rural antiga. Para formalizar essa poética, utilizo soluções técnicas de populações afastadas dos níveis de consumo,como produtos do fazer manual da costureira, rendeira, bordadeira e bonequeira, prestando, portanto, uma reverência ao trabalho dessas artesãs. Incorporo aos suportes, como licença poética, em forma de colagem, elementos e texturas desse mundo real, como tecidos,rendas, bordados, chitões, sianinhas, etc.

Estética do afeto eda delicadeza Mitologia Têxtil

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Estética do afeto eda delicadeza

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Um dia as bonecas voltaram, via inconsciente, por uma estrada de chão e terra batida, lá das brenhas, agreste, de uma lembrança. E vieram a cavalo, de trem e avião de uma infância bordada e desembarcaram nessa estação, cheias de histórias e bagagem.Reapareceram, depois de décadas, desenhadas de caneta esferográfica num croqui qualquer de uma folha em branco.

E o tempo foi lhes dando forma, alma, coração, e saem do papel com um destino nas mãos para interpretarem outros papéis. Aí começa sua jornada, entre romances e carretéis, novelos e novelas sobre um cenário azul e carrossel, apresentam-se ricamente vestidas nesse grande palco, onde desenrolam nossa ópera de tinta e algodão.

Canto para voz e orquestra

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Um ninho de letrasconsoantes cantampintassilgos salgados de mar.

Num ninho de consoantespintassilgos cantam consonantes.

Um ninho de pintassilgosconsoantes cantam.

Num ninho de consoantespintassilgos cantamsalgados de mar

Romance

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Era uma vez duas avós que se chamavam Maria, e dois avôs que se chamavam José. Habitavam numa pequena aldeia onde a rua com restos de lua parecia pedrinhas de brilhante. Maria e José moravam numa casa aberta para um jardim de gérberas, rosas, hortênsias e acácias e um pomar/poema de figo, goiabeira e carambola. As mãos de organza de Maria passavam os dias, ela debruçada sobre o bastidor, bordando sonhos, desejos, enxovais. José a tudo assistia, encantado com sua Maria vestida de tecido floral. José e Maria moravam distante, num vale de ouricuri entre gardênias, camélias e magnólias. Quando ela chegava, vinha carregada de poesias, acrósticos primaveris, homenageando as netas, feitos entre cochichos e fuxicos de uma enorme toalha de jantar. Debaixo daquele pé de carambola, as crianças brincavam de boneca, cozinhado e procissão. Havia ainda as partituras de rapaduras da tia Aurinha, metros e milhas de rendas de bilro da tia Eudócia ziguezagueando a praça e as fotografias. Ambas, irmãs de Maria e José. A marinete partia com cheiro de pão ao amanhecer e levava as notícias de nascimento para a vizinhança. Naquela casa de cambraia, o olhar sagrado de Jesus oferecia seu coração, emoldurando a sala, e uma penteadeira cheia de Promesa (de um pó de arroz) ainda exala um Toque de Amor

“que rest-t-il de nos amoursque rest-t-il de ces beaux jours...”

E numa família, a maioria de meninas, uma delas pinta, borda e escreve essas lembranças.

Sagrada Família

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O olhar celestial do Sagrado Coração de Jesus está ainda lá na sala da infância nos oferecendo seu coração, dentro

de uma moldura, diante da mesa de jantar. Vovô sentado à mesa e vovó ao seu lado conjugando o verbo amar.

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Uma forma lilás de pensamentoatravessou as campinas

os mares de entãoe com um buquê na mão

aterrissou de marinete pelo sertãoe chega até a infância (das meninas)embalada num frasco de perfumaria.

Fim de tarde.Aquecia de molho na bacia

nosso banho de alumínioespécie morna de carícia

ao fim do dia.

E num delicado ritual ruralque a toalha nos servia

fugíamos do quintalem direção à penteadeira ( de três espelhos)

e tomávamos outro banhode alfazema.

Arqueologia

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Na aveludadaCambraiaDe neveMãos Se debruçaramE contaram Pontos a fioMatizandoDe cravosE rosasA paisagem.

DeitaramHoras,Minha avóMinha mãe,Do ofícioQue lhes cabia,Estampar a vidaNo limite do bastidorMapa- mundiDe um mundoBordadoEm caminhos-sem-fimDe um enxoval.

E ponto a pontoConstruíramUm planeta,Uma casaCheia de cômodosE a colchaTestemunhandoAo longo Do tempoA briga Do cravo E da rosaSe despetalando.

A colcha

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Cambraia de linho

A pintura de um poemacom gosto de abacaxino melhor puro linhoa toalha me serviaem talher de prata,

se esticando pela mesa,um cardápio de poesia:carambolas au chocolat

lembranças ao molho de melde um açucareiro de ágata

pintado aos beijos e gérberas.

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Tosco chãode varas toscaso chão de varasdo sertãogrunhidos estalidoscanários e gravetosformamuma naçãoonde mulunguvira gentejurema assombraçãoumbu com nambu fazem rimae não partem pardaise fincadosde pés no chãoo homemo ouricurizeiroficamentranhados de esperançae craquelêlongas ranhurasnas mãosdo tempo.

E chegaa chuvaaguada de terebintinasobre tela de organza e poeirae refaza rimaa tintae no coraçãodo sertanejonascefeijãoestimaamorpor esse chãode coisascrocantes verdejantes.

Cem aves sem arribação

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Dedos furadosem fios contados

a dedilharessa canção

uma sibilante surda alveolarem ponto azul cruzado

um c cedilhae um til bordados

no texto sutil delicadodesse enxoval

onde cada peçatem encravado

o desenhode um coração.

Modinha Têxtil

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Deita teu nome maciobordado no travesseiroentre orelhas (fronhas)olheiraspintadassem sono.

Monograma

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Eu sertãoamanheci

coração numa veia ardenteentre seus dentes

rasgos de sedade poeira e desejo

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Em uma florestade cedro, sândalo e jasmim

um homem esculpeum corpo de mulher

com seu perfume:Organza

─ delírio floral cristalde Givenchy.

Eau de parfum

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Hortência BarretoNaturalidade: Nossa Senhora das Dores / SE - Brasil

E-mail: [email protected] | www.hortenciabarreto.com.br

CURSOS

1974/78 Letras Vernáculas – UFS – Aracaju/SE

1982/83 Pós-graduação em Literatura Brasileira – UFRJ – Rio de Janeiro/RJ

1980 Atelier Adauto Machado – Aracaju/SE

1982/83 Atelier Bernardii – Rio de Janeiro/RJ

1986 Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Desenho e pintura de modelo vivo

Rio de Janeiro /RJ

Faculdade da Cidade – Desenho e pintura de modelo vivo – Rio de Janeiro/RJ

1987 Parque Laje – Desenho e pintura de modelo vivo – Prof.Gianguido Bonfanti – Rio de Janeiro/RJ

2000 Atelier Leonardo Alencar – Aracaju/SE

Atelier Déa Junqueira – Rio de Janeiro/RJ

2002 Atelier Déa Junqueira – Rio de Janeiro/RJ

Atelier Zaíra Barion (Aquarela) – Rio de Janeiro/RJ

2004 Seminário “Apreciação de Obras e Objetos de Arte” – Profa. Ana Cristina Carvalho – Aracaju/SE

2005 Orientação da artista plástica Nair Kremer – São Paulo / SP

Oficina de gravura – Prof. Elias Santos – Aracaju/SE

2008 Oficina de Poesia – Profs. Antônio Carlos Viana e Maruze Reis – Aracaju/ SE

EXPOSIÇÕES

Individuais

1983 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1984 Galeria de Arte Álvaro Santos – Aracaju/SE

1990 Galeria Marie Charlotte – Saint Jean de Luz – França

Galeria Reciproque – Montauban – França

Galeria Ginou Larroulh – Biarritz – França

1991 Hotel de Biarritz – Biarritz – França

Galeria Marie Charlotte – Capbreton – França

Castelo Claire de Lune – Biarritz – França

Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1992 Restaurante Lorena Boulevard – Aracaju/SE

1993 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

Curriculum

1994 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1995 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1996 Galeria Passárgada – Neauphle le Vieux – França

1997 Espaço Cultural Teimonde – Aracaju/SE

1999 Galeria Zumbi dos Palmares – Brasília/DF

2000 Galeria Marly Faro – Rio de Janeiro/RJ

2001 Circuito Cultural Banco do Brasil – Aracaju/SE

2003 Corredor Cultural – Secretaria de Estado da Cultura – Aracaju/SE

Joalheria Fontes – Shopping Jardins – Aracaju/SE

2004 Espaço Cultural da Assembléia Legislativa – Aracaju/SE

2006 VII Mercado Cultural de Salvador – Instituto Cultural Casa Via Magia – Salvador/BA

2007 Shopping Jardins – Contando um Conto e Fazendo um Ponto – Aracaju/SE

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Coletivas

1983/84 Galeria de Arte Álvaro Santos- Aracaju/SE

Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1984/85 Galeria Ludus Artis – Aracaju/SE

1987/88 Maria Augusta Galeria de Arte – Rio de Janeiro/RJ

1987 Hotel Mofarrej Sheraton – São Paulo/SP

Visões do Nu – Parque Lage – Rio de Janeiro/RJ

1990 Rodge House Gallery – Rhode Island – EUA

Maria Augusta Galeria de Arte – Rio de Janeiro/RJ

1991 Galeria Saint Paul – Paris – França

1993 Espaço Sebrae – Brasíia/DF

1994 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1995 Galeria de Arte Álvaro Santos – Aracaju/SE

1997 Galeria de Arte J. Inácio – Aracaju/SE

1998 Galeria José de Dome – Aracaju/SE

1999 Espaço Cultural da Energipe – Aracaju/SE

2000 Espaço de Arte Jenner Augusto – Salvador/BA

2001 Galeria de Arte Álvaro Santos – Aracaju/SE

Slater Mill Gallery – Rhode Island – EUA

Museu de Arte da América Latina – Miami/EUA

2002 Museu de Arte da América Latina – Miami/EUA

Crisolart Galleries – Barcelona – Espanha

Circuito de Artes Plásticas do Bairro Jardim Botânico – Rio de Janeiro/RJ

2003 Galeria Jenner Augusto – Aracaju/SE

7º Circuito de Artes Plásticas do Bairro Jardim Botânico – Studio 56 – Rio de

Janeiro/RJ

V Mercado Cultural – Centro Cultural da Caixa Econômica Federal - Salvador/BA

2004 “Natividade” – Galeria Jenner Augusto – Sociedade Semear - Aracaju/SE

Embaixada da Espanha – Brasília/DF

2005 Galeria de Arte Álvaro Santos – Aracaju vista por seus pintores – Aracaju/SE

Galeria de Arte J. Inácio – A mulher e o objeto – Aracaju/SE

Galeria Jenner Augusto – Gravuras de inverno – Aracaju/SE

D’Época Espaço Cultural – 2ª Mostra de História e Arte – Aracaju/SE

9º Circuito de Artes Plásticas do Bairro Jardim Botânico – Studio 7 – Rio de

Janeiro/RJ

Galeria de Arte Álvaro Santos – Reflexões Natalinas – Aracaju/SE

Galeria Jenner Augusto – Misericórdia – Aracaju/SE

Museu de Arte Contemporânea da USP – Territórios – São Paulo/SP

2006 Galeria Álvaro Santos – Temas juninos – Aracaju/SE

Galeria Ana Maria – Aracaju/SE

Galeria Álvaro Santos – Aracaju e Seus Encantos – Aracaju/SE

2007 Galeria Jenner Augusto – Águas de Março – Aracaju/SE

11º Circuito de Artes Plásticas do Bairro Jardim Botânico – Rio de Janeiro/RJ

Galeria Jenner Augusto – Petrobrás Fertilizando o Brasil – Aracaju/SE

2008 Espaço Cultural Yázigi – Novas Formas e Expressões – Aracaju/SE

Palácio dos Bandeirantes – A Arte que Banha o Nordeste – São Paulo/SP

2009 Centro Cultural Banco do Brasil – Era uma vez: A Arte Conta Histórias do

Mundo – São Paulo/SP

PREMIAÇÕES

1978 Oficina de Arte Universitária, X Festival de Arte de São Cristóvão – São Cristóvão/SE

1982 Medalha de Bronze – Bienal Internacional de Arte Contemporânea, Academia

Brasileira de Letras – Rio de Janeiro/RJ

1983 Medalha de Prata – VII Gincana de Pintura de Maricá – Maricá/RJ

1988 Medalha de Ouro – I Salão Shopping Cassino Atlântico – Rio de Janeiro/RJ

2000 Prêmio do Forte de Copacabana – Rio de Janeiro/RJ

2002 Medalha de Ouro – II Salão de Arte Nordestina – Rio de Janeiro/RJ

2004 Prêmio Literatura Banese – Categoria Poesia – Aracaju/SE

2006 Prêmio Literatura Banese (2º lugar) – Categoria Poesia – Aracaju/SE

PUBLICAÇÕES

1992 Pintores Sergipanos – Fundação Cultural de Aracaju – Aracaju/SE

2000 Rumos - Catálogo de Artes Plásticas de Sergipe (projeto, coordenação e

participação) – Secretaria de Estado da Cultura – Aracaju/SE

2004 Antologia do Prêmio Literatura Banese – Poesia – Aracaju/SE

2008 A Arte que Banha o Nordeste – Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

OUTRAS ATUAÇÕES PROFISSIONAIS

Agente cultural – Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe:

1 - Editora do Rumos – Catálogo de Artes Plásticas de Sergipe – 2000;

2 - Editora do Catálogo do Escultor Véio – 2004.

ILUSTRAÇÃO

2006 – Ilustração do livro “Era uma vez Irmãos Grimm”, recontado por Kátia Canton – Difusão

Cultural do Livro (DCL) – São Paulo

Observação: possui obras no acervo do Museu de Arte da América Latina – Miami / EUA

Eu criei, em 2002, um grupo de senhoras/bonequeiras em Nossa Senhora das Dores,

resgatando assim, no estado, o artesanato tradicional das bonecas de pano.

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Na paredevitreaux de carambolasum corredorum clima retrôagindo no bichoda goiaba brancafeito seda na lembrança.

O olhona cumeeirao passeiodo morcego no quartoo vento no quintal

E ela deitadarezandoo terçocriançanessa imensa catedral.

De todos os gostosera cada vitral.

Gótico

Poema premiado no concurso Banese de Literatura - 2006

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Certidão de NascimentoHistória de um parto sem dor

Quando comecei a pesquisa estética sobre a boneca de pano (2000), saí à sua busca e nada encontrei, por aqui, em Aracaju, nem boneca nem bonequeira. Fui então procurá-las na minha cidade natal, Nossa Senhora das Dores, e também aconteceu o mesmo, sumiram e nem deixaram vestígio, era algo totalmente esquecido na memória dos habitantes, como se nunca tivessem existido. Já estávamos em 2002, e a partir da procura ansiosa por uma bonequeira da minha infância, tomei conhecimento, através da prima Geísa, de que lá em Dores havia um bem organizado clube da terceira idade. Nasceu de novo a esperança de um encontro com alguém que contribuiu diretamente com meu passado lúdico, célula condutora dessa declaração. E a constatação foi a mesma,não tinha ninguém. Naquele momento, então, propus ao grupo, através de sua líder, D. Terezinha, a atividade de fazer as bonecas de pano.O presente é um presente. Vinte senhoras aceitaram e foram aprendizes de algo que já conheciam em toda sua magnitude − parir. Dona Terezinha foi a mestra-parteira que as ensinou como confeccioná-las. Daí em diante, começamos um movimento de conscientização com a comunidade e prefeitura local, no sentido de mostrar a importância desse resgate, pois trata-se de um artesanato tradicional, elemento importante da cultura nordestina.Fizemos então uma grande festa de batizado na praça da matriz, aquela em que nasci, apresentando assim, as bonecas recém-nascidas, renascidas. Minhas conterrâneas vêm, portanto, com uma bandeira: uma forma de resistir à globalização, onde tudo segue um padrão, e como um contraponto à era da velocidade, em que laços próximos são desprezados diante de informações anônimas e distantes. Como são filhas de mãos parteiras e mães parideiras, a prole cresce sem parar.

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Doce Docinha zarolha na praça da matriz fazia zigue zague de bilros horas a fio de linha e fremência.

Doce Doçana tarde rendadasobre a almofada ziguezagueousonhos silênciosfantasias estrábicasa metros e milhassons singelos a ninar doçurae velhinha ficou de boneca a brincar − filhas da solidão e ausênciae cantava Dorme neném que eu tenho que fazer vou lavar e vou gomar...e fazer rendaspra você.

Tia Doça Docinhaque tipo de renda estaráhoje tecendona outra praça,a de nenhuma margem?

Cantiga para Eudócia

Poema premiado no concurso Banese de Literatura - 2004

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Nacionalda (Dinha)

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Angélica Maria de Rezende

Camélia

Jacira Silva de Souza

Terezinha Barboza dos Santos

Maria Rufina

Maria José do Fumo

Carminha Silvonete Vandete

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Corina Pereira Moura Maria Osvaldina Leite – 70 anos Geraldina Vieira de Souza

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Sou de Organdi2005, xilogravura, 41x38 cm

Cambraia da Memória I2005, serigrafia, colagem de tule, linha de bordar, bordado e costura s/ tela, 168x151 cm

Cambraia da Memória II2005,serigrafia,colagem de tule, vestidos, linha de bordar, cambraia de linho s/ tela, 168x151 cm

Jobinianas: garotas de Ipanema em Copacabana2007, colagem de boneca, emborrachado s/ tela, 90x50cm

Véu de Noiva2007, colagem de xerox, renda, flores e tule s/cetim, 500x87cm

Véu de Organza 2007, serigrafia s/organza, 300x210 cm

Véu de Voile2007, serigrafia s/ voile, 300x210cm

Tecido Floral2007, bordado e colagem de linha de bordar s/tela, 168x151cm

Almofada (Cambraia da Memória)2007, serigrafia s/ cetim, 138 x 78cm

Vestidas de Cambraia2005, xerox, colagem de tule, botões e linha de bordar s/ lona, 130x70cm

Porta-Retrato2005, colagem de renda , espelho e sianinha s/ tela, 100x100 cm

Detalhe - Santa Terezinha2005, acrílica, colagem de rendas e tecidos s/tela, 100x100cmColeção de Ana Cristina Carvalho, São Paulo / SP

Santa Terezinha2005, acrílica, colagem de rendas e tecidos s/tela, 100x100cmColeção de Ana Cristina Carvalho, São Paulo / SP

Geometria Perfumada2006, bordado sobre tela de linho140x140cm

A Valsa2003, óleo e colagem de tecido s/ tela , 100x90cmColeção de Suyene Santos , Aracaju / SE

O Casamento de Adélia2008, colagem de tecido e óleo s/tela , 100x100 cm

Autorretrato Menina-Moça2002, óleo e colagem de chitão s/eucatex , 100x100cm

Ciranda2003, óleo e colagem de tecido s/lona , 100x90cmColeção de Aline Oliveira, Aracaju / SE

Na Festa da Padroeira2002, óleo s/tela , 120x120cmColeção de Geraldo Rezende, Aracaju / SE

Ìndice das Obras

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Volta e Meia Vamos Dar2002, óleo s/tela , 120x120cm

Na Vitrine2003, óleo e colagem de tecido s/tela , 100x100cmColeção de Angélica Hermínia, Aracaju / SE

Roupa de Festa2006,colagem de tecido e renda s/tela , 50x50cm

O Retrato de Rosa2006, colagem de renda e tecido s/tela , 50x50cm

Sobre Anágua de Goma2003, colagem de renda e tecido s/tela , 70x70 cm

Mimo de Flor2003 colagem de flores e tecido s/tela , 70x70 cm

Azul Natiê2006, colagem de vestido e costura s/tecido , 120x80cm

Texturas de Meu Pai2005, colagem de tecido s/lona , 88x80cm

Entre Anáguas e Lingerie2005, óleo e colagem de tecido s/eucatex , 100x100cmColeção de Rui Almeida , Aracaju/ SE

Autorretrato com Soutien Dourado2005, óleo e colagem de renda,crochê e tecido s/tela , 100x80cm

Rosa, Hortência e Acássia2006, colagem de renda e tecido s/tela, 50x40cmColeção de Rosa Angélica Barreto, Aracaju/SE

Para Delma e Elizete2005, acrílica, giz de cera e colagem de tecido s/ papel kraft, 83x57cm

Mesa de Aniversário2004, pastel oleoso, acrílica e colagem de papel e tecido s/ papel kraft, 56x40cmColeção Sônia Regina Rocha, Aracaju / SE

Promessa para Santo Antônio2007 , tecido e cordão esticado s/ chassi, 180x60cm

Núpcias2006 , colagem de boneca e chitão esticado s/ eucatex, 100x100 cm

Pose para o Retratista2006 , acrílica e colagem de tecido s/ tela , 100x50 cmColeção Centro Cultural Yazigi, Aracaju/ SE

Comadre Bela2002, óleo e colagem de tecido s/ tela , 1000x80 cmColeção Museu de Arte da América Latina, Miami / EUA

Cambraia da Memória III2005 óleo e colagem de tecido s/ tela, 168x151 cm

Gulosa Atlântica2004 , colagem de tecido, papel e linha s/ papel, 41x30 cmColeção de Gabriel Barreto de Melo, Aracaju / SE

Cajus em Cachos de Crochê 2007, vídeo instalação, galhos de cajueiro e novelos de linha, 300(alt.) x 300 (diâmetro)Coleção FAFEN/ PETROBRAS, Aracaju/ SE

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Agradeço a Rosina Fonseca Rocha e Maruze Reis pelo olhar crítico e apaziguador diante das minhas indagações plásticas e literárias e a sensibilidade

executiva de Gileide Barbosa (Banese), Maria Avilete Ramalho (Banese Card) Luiz Cláudio Costa Régis

(Gráfica e Editora J. Andrade).

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Apoio cultural

PatrocÌnio

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