catálogo mostra via aérea

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MOST R A D E F I L M E S DO C I N E M A B R A S I L E IRO EM T R A N S L AD O MINISTÉRIO DA CULTURA E CORREIOS apresentam P A R A V I O N

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Este Catálogo apresenta textos e informações sobre Via Aérea Par Avion - Mostra de Filmes do Cinema Brasileiro em Translado

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Mostr a De filMes

DO CINEMA BRASILEIRO

EM TRANSLADO

MINISTÉRIO DA CULTURA E CORREIOS apresentam

PAR A VIO

N

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Os Correios, reconhecidos em prestar serviços postais com qualidade e excelência aos brasileiros, também investem em ações que tenham a cultura como instrumento de inclusão social, por meio da concessão de patrocínios. A atuação da empresa, cada vez mais destacada, visa não só fortalecer sua imagem institucional, mas, sobretudo, contribuir para a valorização da memória cultural brasileira, democratização do acesso à cultura e o fortalecimento da cidadania.

É nesse sentido que os Correios, presentes em todo o território nacional, apóiam, com grande satisfação, projetos desta natureza e ratifi cam seu compromisso em aproximar os brasileiros às diversas linguagens artísticas e experiências culturais que nascem nas mais diferentes regiões do país.

A empresa também se orgulha de disponibilizar à sociedade seus Centros e Espaços Culturais, onde ocorrem manifestações artísticas variadas, ocasião em que se consolidam como ambientes propícios ao fomento e à preservação da identidade cultural do país.

Correios

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Ainda que o mundo tenha avançado e a comunicação tenha dados passos cada vez mais largos e rápidos em direção ao futuro, a memória ainda é o que temos de mais precioso e potente. Uma carta hoje pode ser considerada um objeto tão anacrônico quanto romântico. Mas elas existem, na medida em que persistem na memória ligada a fatos, pessoas, momentos históricos, públicos e privados, singulares de um passado que é absolutamente fundamental para o que se dá no presente e como se imagina o futuro. Via Aerea Par Avion, Via Air Mail Par Avion, Luftpost Par Avion, eram selos, carimbos obrigatórios de cartas que carregaram pelo mundo todo mensagens de boas notícias, amor, saudade, uma vida melhor em outro canto do mundo ou ainda notícias terríveis, memórias de guerras, separações, morte. Carregavam consigo significados e preciosidades. Segredos. E podem revelar um retrato de um tempo-espaço. Via Aérea Par Avion, com esse mero acento, é o que torna essa inscrição universal nossa e que, até hoje, pode-se encontrar nos tradicionais envelopes de cartas com tracejados verde-e-amarelo que caracterizam, internacionalmente, a ideia de “correspondência” vinda do Brasil.

Não é diferente o poder de deslocamento emocional e cultural do cinema. Por isso criamos Via Aérea Par Avion - Mostra de Filmes do Cinema Brasileiro em Translado. E por este projeto poderemos exibir uma mostra exclusivamente de filmes nacionais a partir de uma única associação temática: longas parcialmente filmados fora do Brasil, em que a trama, a abordagem, linguagem, ou ainda em que um ou mais

personagens mantenham uma relação dramática com a ideia de “trajeto internacional”. Os filmes, quando se propõem a este tipo de translado, são capazes de deslocamentos culturais e provocam mergulhos culturais potentes justamente porque partem da ideia de encontro, intercâmbio cultural e circularidade de ideias. É o que poderemos ver, reunidos na tela, como uma oportunidade única de apreciação do que de melhor e mais diverso o cinema nacional recente foi capaz de criar.

Nas últimas décadas, o cinema brasileiro tem se aventurado pelo exterior em diversos âmbitos e um destes, o campo criativo, o que insere a ideia de “translado” nos filmes através dos roteiros, temas, personagens e locações, são os que se fizeram mais interessantes para nós enquanto curadores e realizadores. O recorte que apresentamos revela o alto nível da produção cinematográfica brasileira, que vem cada vez mais chamando atenção no mercado internacional e realizando parcerias fortes com outros países nos níveis de coprodução. Mas a seleção dos filmes deixa evidente que a vocação internacional do cinema brasileiro é para além da realização e da exibição, o que já acontece quando nos deparamos com os níveis de participação nacional em festivais internacionais e em premiações de todos os tipos.

Serão exibidos quinze filmes nacionais, das mais diferentes temáticas e gêneros. Obras de arte únicas como Terra estrangeira, de Walter Salles, que se passa em Portugal, já considerado um clássico relativamente recente do cinema nacional e um dos primeiros a fazer

TODO MUNDO JUNTO

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esse tipo de trajeto. Mais que pelo seu pioneirismo, o filme figura nessa curadoria por ser um retrato eloquente da possibilidade poética que a própria ideia de ser estrangeiro apresenta. A mostra também passeia por títulos recentes do cinema nacional, como Elena, elogiado e premiado documentário de Petra Costa, que se passa em várias cidades brasileiras e em Nova York, onde a diretora realizou a documentação do seu próprio rito ao encontro das memórias da irmã, que são também as suas.

Aliás, para nós, se apresentou uma surpresa esbarrarmos numa filmografia que tivesse a ideia de translado tão presente entre os títulos que se enquadram na linguagem de documentário. E, filtrando ainda mais o recorte, que alguns destes filmes sejam ligados ao próprio fazer artístico, como é o caso de Coração vagabundo e Fabricando Tom Zé, ambos acompanhando turnês de grandes mestres da música brasileira, respectivamente Caetano e Tom Zé. Essa sedução que os artistas em seu ambiente criativo exercem também é parte da biografia dos Dzi Croquetes, representantes de um outro tempo e de uma linguagem ligada ao devaneio e ao desbunde. E, mais uma vez o fazer artístico é recorrente quando é documentado o processo de aproximação do artista plástico Vik Muniz dos catadores de Jardim Gramacho, em Lixo extraordinário. Filmes como esses denotam que trajetórias pessoais são potencialmente bons canais para fluxos internacionais, e títulos como Jean Charles, Meu nome não é Johnny e Batismo de sangue são filmes biográficos que representam bem essa ideia. Mas também são várias as ficções

que encontraram em outros territórios o seu lugar para criação de filmes em que, partindo do espaço, personagens e tramas se deslocaram dramaticamente e, dessa forma, se tornaram tão originais. Como Dois perdidos numa noite suja e Meu país com seus retratos de personagens que buscam fora uma fuga de seus passados, ou Bollywood dream, Os desafinados, Budapeste e Paraísos artificiais, onde o estrangeiro representa a busca da oportunidade e a possibilidade da realização do sonho.

Este filmes reunidos formam um mosaico potente e representativo de um tempo. Servem como uma correspondência a estes nossos tempos e também ao futuro. Tomando emprestado das cartas, por analogia, a inscrição Via Aérea Par Avion, e explorando as inúmeras possibilidades simbólicas provenientes desta ideia, podemos afirmar que o cinema nacional está em pleno processo de correspondência, expansão e de afirmação em território internacional. E, desta forma, temos o prazer de apresentar a Via Aerea Par Avion – Mostra de Filmes do Cinema Brasileiro em Translado, como mais uma contribuição à presença, a persistência e a memória do cinema brasileiro.

Boa viagem!

Diana Iliescu, Fabiano de Freitas e Victor Dias Realizadores

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MUNDO PEQUENO...O mundo fi cou menor. Já não é de hoje que a humanidade está sempre rompendo uma fronteira, não é de hoje que o outro lado, o outro lugar, o estrangeiro nos interessa tanto. E, antes de tudo, essa busca que se coloca como devir é a busca de nós mesmos – nos colocamos em xeque quando diante do que nos parece estranho, porque o espelho é sempre sedutor, ainda que a imagem esteja refl etida ao contrário e justamente porque deus está no particular. Mas de fato, hoje, o mundo fi cou menor. Sinal dos tempos, nas últimas décadas, com o crescente e inevitável processo de globalização e internacionalização e com os processos de aproximações culturais, vêm se afi rmando possibilidades, potências criativas avassaladoras e formas diversas de expressão fronteiriça ou, mais ainda, insurgentes da própria ideia de fronteira.

Há apenas algumas décadas, as possibilidades de circularidade de ideias e proposições de desenvolvimento de linguagem, sob o ponto de vista da criação artística, eram um privilégio. Hoje pode-se dizer que sejam uma realidade difundida e em contínuo processo, gerando encontros capazes de criações emblemáticas, sempre sob a ótica das potencialidades criadoras, da própria existência e seus “devires”. No entanto, voltando aos “particulares”, contraditoriamente, parece interessante o que acontece por aqui, na esquina, no agora, no nosso tempo-espaço. E daqui é que lançamos ideias e sinapses para o mundo. Foi nesse sentido que nasceu a mostra Via Aérea Par Avion: de uma necessidade de uma pequena aventura em torno do nosso próprio

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umbigo, a filmografia nacional, e dele podermos perceber o mundo. Pensamos em correspondência. Trânsito. Partimos dos deslocamentos. Passamos pelas trajetórias. Realizamos transferências. E, principalmente, recorremos à memória.

Os envelopes tracejados de verde e amarelo, já hoje vintage na era das mensagens instantâneas, da linguagem cifrada, das abreviaturas de todas as naturezas e dos caracteres limitados, eram verdadeiras valises repletas de significados e de História. E foi a eles – os envelopes que continham o selo internacional via aerea par avion – que recorremos quando pensamos nesse lugar pelo qual o cinema (notadamente o nacional) vem se correspondendo com o mundo.

Para tanto, organizamos uma mostra de filmes que parte da memória de uma filmografia que ainda não fez nem 20 anos, mas que já carrega consigo o forte de retrato de um tempo. Realizamos um recorte espaço-temporal específico, o dos filmes que fazem translados internacionais, pra capturar um momento rico, novo, transformador do nosso cinema, que se amplia rompendo fronteiras. Mas que, no entanto, ainda não se trata de um recorte extemporâneo. Trata-se, sim, de nos dedicarmos ao criador e a sua obra imersa no nosso tempo.

Os deslocamentos internacionais presentes nos filmes exibidos na Via Aérea Par Avion apresentam determinadas visões de mundo que, quando atravessadas pela ideia de internacionalização, se

revertem na própria ideia de um Mundo que influencia visões. É isso que potencializa estes filmes, e o rico mosaico deles reunidos demonstra o quanto isso se faz potência. Voltando à memória, ainda que contemporâneos, estes filmes nasceram como obras de arte significativas e repletas de singularidades – o melhor da própria ideia de invenção e da capacidade humana de mergulhar no que parece impossível. Nesse sentido, já são memória. Ao mesmo tempo, temos alguns exemplos de filmes muito mais recentes, mas em que a ideia de memória já é leitmotiv, é o próprio objeto. Entendemos, portanto, que para agora e para depois, essa mostra revela bastante de nós em relação ao mundo.

Entregamos esse recorte de filmes para o nosso tempo, dentro de um envelope tracejado verde e amarelo, entendendo que há uma fronteira a ser rompida sempre e que estamos diante de um mundo em estado de transformação. Um festival sempre realiza um recorte no tempo e se projeta pro futuro. Ao mesmo, tempo é uma janela de felicidade com hora pra começar e pra acabar, mas que se desenha como possibilidade perene. O translado será de nós pra nós mesmos, como sempre são as melhores viagens. E é exatamente disso que se trata!

Fabiano de Freitas Curador

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Deslocamento. Deslocar pode se referir a mudar de lugar, desviar, transferir, desconjuntar, desarticular. Uma viagem, não importa o motivo, representa exatamente isso. Desarticular-se de um local para outro. Sair de um lugar de origem, natural, para um lugar novo, desconhecido. Pensando no Brasil e no cinema brasileiro, é difícil definir qual seria sua origem e qual seria o destino. Um país e uma arte tão novos que nem mesmo quem daqui é, sabe exatamente definir o que é o aqui.

Esse parece estar no cerne de muitos dos filmes realizados nos últimos 20 anos. De onde se vem, pra onde se vai e por quê. Isso já tinha seu lugar de interesse muito antes, em filmes que abordavam o deslocamento interno, dentro do país. Mas desde a década de 90 que o interesse (e a possibilidade?) de se filmar fora se fez presente no interesse de muitos realizadores; talvez ecoando um sentimento de busca de um lugar de origem ou um local de verdadeiro pertencimento; talvez uma nova oportunidade ou mesmo em busca de algo que já se perdeu; por uma geração, pela primeira vez em muitos anos, dona de suas próprias pernas.

CINEMA DESLOCADO

Terra estrangeira, o primeiro de muitos a se lançar ao estrangeiro, busca tratar de muitos desses assuntos, se não todos. Temos um jovem, Paco, que se sentindo deslocado do país pela morte da mãe e pela situação financeira da nação, vai em busca de um lugar de origem, a Espanha, de onde sua mãe veio e para onde queria retornar. Em Lisboa, encontramos Alex, um nome de gênero dúbio e de origem estrangeira, presa ao local aonde foi em busca de liberdade. Inevitavelmente, Paco e Alex se encontram e embarcam numa jornada, numa fuga. Mas essa fuga, desencadeada pela perseguição que sofrem por bandidos com os quais os dois se envolveram, representa também uma fuga do passado, em busca de um lugar onde realmente se sintam pertencentes e que os possibilite uma nova chance.

Essa nova chance também se apresenta nos filmes Jean Charles, Dois perdidos numa noite suja e Bollywood dream - o sonho bollywoodiano. Aqui, o sonho de uma oportunidade financeira, presente em muitos filmes exibidos nessa mostra, se torna um pesadelo perante a dificuldade de adaptação e a rejeição sofrida. A lógica seria a de voltar para o lugar de origem, mas seria voltar para o que se fugiu e abandonar suas pretensões. Situação que,

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quando não impossibilitada, é inaceitável para seus personagens. Faz-se melhor permanecer no estado de não pertencimento a retornar ao que já não lhes sentia pertencente. Vira-se como pode, dá-se um jeito.

Esse fato não está somente no centro da narrativa, mas faz parte da própria feitura dos filmes. Filmar parece uma tarefa árdua em solo nacional. Um filme brasileiro no estrangeiro é um estrangeiro, que pode ser aceito, mas tem dificuldade em ser completamente assimilado, integrado. Para quem se filma e com qual destino?

Em Elena, se filma para si mesmo, em busca de algo perdido e tão incompreensível quanto um novo idioma. A busca pela irmã leva Petra não só a retornar ao período em que moraram em Nova York, mas ao grande território desconhecido que se configurou a própria irmã. Petra se via como habitante desse país chamado Elena, mas se viu bruscamente alienada e sem capacidade de entender a sua língua. Com o filme, tenta retornar a esse lugar e entender a sua deportação, mas as fronteiras foram para sempre fechadas e tudo o que sobra são cartões postais e bibelôs de uma viagem que não pode ser retomada.

O próprio ato de filmar fora do país parece levar os realizadores a buscarem uma forma de usar uma linguagem estrangeira, ainda que contaminada de algo brasileiro. Os filmes citados anteriormente e outros como Budapeste, Meu país e Paraísos artificiais parecem buscar uma forma de interpretar, traduzir uma linguagem local. No caso desses três filmes, uma sensibilidade europeia, formada por uma ideia geral a partir do que se é produzido dentro daquele continente. Mas a tarefa se apresenta árdua, não apenas pelo fato de se tratar de uma outra linguagem, nesses casos, cinematográfica, mas pelo fato da própria falta de definição de uma linguagem cinematográfica brasileira, materna. No fim, trata-se de tentar compreender outro idioma sem saber ao certo definir o seu próprio. E esses filmes, assim como outros que se lançam para fora de sua pátria, se encontram exatamente quando se deixam perder na impossibilidade de uma linguagem comum a todos. É quando remetente e destinatário se mostram um outro local, ainda indefinido mas muito bem localizado, e universal em seu deslocamento.

Victor Dias Curador

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A História do Brasil é uma história de pessoas em trânsito. Indígenas em migração nômade pelo território selvagem, naus lusitanas navegando ao Novo Mundo e às Índias, a Família Real portuguesa e sua corte em fuga de Napoleão, filhos da elite imperial estudando em universidade europeias, africanos escravizados carregados pela estrada nefasta do Atlântico Sul, a longa travessia severina do Sertão e suas veredas, imigrantes europeus em busca do sonho de fazer a América, imigrantes brasileiros em busca da vida na outra América, exilados políticos da ditadura militar, guerrilheiros retornando clandestinamente para as selvas, cartas enviadas do exílio, cartas fictícias enviadas da Central do Brasil. Uma história de viagens, escalas, fugas, migrações, exílios e retornos.

A transformação gradual da posição do Brasil no concerto de nações do mundo globalizado tem seus efeitos evidentes na própria trajetória do país, que pode ser visto como um grande corpo em movimento na História. Passamos da posição isolada de único país lusófono da América Latina – uma ilha da língua de Camões em um continente hispanohablante - para potência regional, integrada ao equilíbrio tênue de forças da nossa conturbada vizinhança. Passamos de país distante e exótico, terra incógnita no sul do mundo, para o centro dos debates políticos mundiais. O próprio país e seu caminhar em passos lentos de gigante semiadormecido tem seus efeitos sobre as pequenas trajetórias de seus indivíduos.

O CINEMA DE UM PAÍS EM TRâNSITO

Durante boa parte do século XX, uma viagem internacional era considerada um privilégio do chamado jet set, termo que definia o acesso de um determinado grupo de pessoas ao luxo dos transportes aéreos, que amplificava o significado desse privilégio com a adoção e exibição de um estilo de vida determinado pelo acesso aos bens materiais e culturais da Europa e Estados Unidos. O privilégio do trânsito internacional sempre foi uma marca distintiva das elites nacionais, desde os estudantes universitários do Império até o jet set da alta sociedade da República. Esse tráfego internacional implicava não apenas uma distinção econômica, mas também cultural devido ao acesso às culturas e notícias do exterior. Aos reles (economicamente) mortais, restava a singela emoção do envelope enviado pelos correios aos países distantes e suas notícias saudosas.

A Globalização e as novas tecnologias de comunicação reduziram as distâncias e ampliaram o acesso aos produtos culturais do mundo, ao contato com os familiares distantes, ao consumo da indústria cultural. A circulação de pessoas e ideias, mesmo que ainda marcada por uma desigualdade profunda, foi ampliada dramaticamente nas últimas décadas. O Brasil expandiu seus horizontes nesse contexto, e ensaia caminhos cujos percalços ainda não podemos prever.

Hoje, é possível realizar um grande evento de rua em Nova York em comemoração à brasilidade de nossa

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comunidade expatriada e mensurar em cifras capitais o impacto do turista brasileiro em massa – essa entidade coletiva misteriosa nascida nas primeiras décadas do novo milênio – para as economias cambaleantes da Argentina, Estados Unidos e Europa. Há milhares de Jean Charles tentando a sorte ao redor do globo, alguns com mais sucesso, outros com igual parcela de drama e sofrimento. Um fluxo inverso parece estar acontecendo, bem em frente aos nossos olhos, nos índices migratórios dessa crise econômica mundial: se o Brasil já foi o país do exílio ou da emigração, hoje ele também é para muitos (brasileiros ou estrangeiros) o país de retornar durante a turbulência da economia mundial.

Qual o impacto dessa circulação na cultura brasileira? Qual a força narrativa dessas novas experiências de vida marcadas pela viagem, pelo trânsito, pela multiplicidade de cenários? Um momento histórico complexo, constituído por uma conjuntura econômica favorável e uma transformação cultural impactante, engendra um duplo caminho de reflexão: o que pode ser produzido neste momento e sobre ele. Que país em trânsito, contato e comunicação é este?

Em dezembro de 1971, milhares de corações apertados pelos anos de chumbo da Ditadura escutaram na voz de Gal Costa reproduzida em LP a poesia dolorosa de “Vapor Barato”, composta por Waly Salomão e Jards Macalé. Naqueles anos sombrios, a distância era mensurada na medida dos exílios – voluntários

ou impostos pelo regime – dos desejos de fuga e das ameaças veladas do “Ame-o ou Deixe-o”. A poderosa voz afirmava o cansaço de muitos, o desejo de embarcar “naquele velho navio”. A canção era o retrato de um país de exilados, migrantes, fugitivos. O Atlântico era um oceano enorme e as notícias era cartas distantes, continentes longínquos, sinais tênues de fumaça. Mesmo assim, “Vapor Barato” continha em seu âmago, como uma mensagem na garrafa, uma promessa vaga de retorno: “talvez eu volte, um dia eu volto”.

O Brasil é hoje, também, um país do retorno. Um país em contato cultural com o mundo, cujo trânsito constante produz novas ideias e experiências. A retomada do cinema brasileiro é contemporânea a essa reabertura de caminhos, é fruto também desse trânsito histórico global que aproxima e distancia nações e culturas. O Brasil de hoje, embora ainda carregando o fardo de suas velhas viagens – tráfico negreiro, exílio político, êxodo rural, desigualdade de renda – empreende novas travessias e se reinventa no contato multicultural. O Brasil é o nosso velho navio.

Iuri Bauler Historiador

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O presente texto é escrito do México, precisamente da cidade de San Cristobal de Las Casas. Entre idas e vindas de um projeto de pesquisa do doutorado, resolvi conhecer alguns sítios arqueológicos maias pulando de cidade em cidade. Afi nal de contas, quando terei a oportunidade de voltar a esse país tão cedo? Na insegurança quanto a essa projeção do futuro, preferi fazer um trajeto de ônibus e me dar ao encontro com o inesperado (na medida do possível, ou melhor, na medida do mensurável – visto as inúmeras possibilidades de controle e organização que um celular dotado de 3G possibilita).

No meio do trajeto, esbarro com uma professora de arqueologia que me convence a ver um sítio chamado Ek Balam, próximo a uma cidadezinha chamada Valladolid, no percurso entre a orla paradisíaca de Tulum e a capital de Yucatán, Mérida. Lá estou, novamente, entre construções piramidais e associadas a esse universo complexo da “cultura maia”. Diferente, por exemplo, de um lugar como Chichen Itzá, muito turístico e ao mesmo tempo onde não se pode subir ao topo dos cartões postais, Ek Balam proporciona silêncio e escaladas que impossibilitam o esquecimento de sua transcendência. As tomarmos uma distância cada vez maior do nível da terra, percebemos a imponência e reclusão dessa área; mesmo em pleno ano de 2013, inexistem prédios que cortem a linha do horizonte e nos tirem dessa cidade milenar. Do alto da maior pirâmide, apenas duas coisas são vistas: o verde da vegetação e o tom agora acinzentado das pedras-sobre-pedras que formam outras pirâmides.

Logo na entrada do sítio, havia uma placa indicando o

caminho para o cenote de Ek Balam. Aprendi, então, que os maias costumavam estar baseados em regiões próximas a grandes concentrações de água. Além da função vital do líquido e de sua necessidade para o funcionamento de uma cidade, havia uma relação religiosa de veneração aos espaços aquáticos. Após uma caminhada de dois quilômetros, fi nalmente entendo o que é um cenote: se trata de uma boca d’água, ou seja, uma abertura, algo como uma grande cratera onde há uma reserva de água. É necessário, portanto, descer por um longo grupo de escadas para estar próximo a essa circunferência que, no caso de Ek Balam, tem cerca de vinte metros de profundidade.

Lá estava eu, então, com a minha carga de pessoa nascida no Rio de Janeiro e, por suposição, muito acostumada a momentos de exploração da paisagem, sozinho e de frente para uma visualidade típica de Yucatán e essencial para o pensamento cosmogônico de uma civilização. Não conseguindo esquecer meu medo, quando criança, de entrar na água do mar, tentei lidar com esse entorno. A água gelada, a presença de diversos peixes ao meu redor e, talvez mais gritante, a sensação de solidão de estar dentro de um buraco com água no meio de um pedaço da “mata mexicana” só atrapalhavam e me faziam voltar aos meus seis anos de idade.

Até que, em um momento que, caso fosse um fi lme, seria extremamente cliché, possivelmente advindo de algum fi lme como Comer, rezar, amar (2010) ou Sob o sol da Toscana (2003) com pitadas de O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001), algo me fez entrar na água e

JAGUAR PRETO

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nadar de um ponto a outro. Meia hora depois, dentro de uma boia gigante, me coloquei no centro daquele lugar (agora mágico) e comecei a observar os ciclos ao meu redor. Os frutos que caíam, as aranhas que corriam pelas bordas da água, os peixes que se distanciavam sempre que fazia movimentos bruscos e as raízes das árvores que rodeavam a superfície do buraco. Quantos séculos não teria cada uma daquelas raízes gigantes? Quanto tempo se demora em se constituir aquela espessura? Quantos índios foram assassinados pelos espanhóis ali ao lado? Quantos sacrifícios maias não devem ter sido realizados nesse cenote?

Esse ato de se aproximar e duvidar daquilo que nos circunda e que não faz parte da nossa rotina ou de nossa concepção do que seriam nossas “raízes”, me parece inerente a qualquer viajante e sua consciência de deslocamento e distanciamento de um ponto de origem. Qual não foi minha surpresa, horas depois, ao pesquisar a etimologia da palavra “Ek Balam” e aprender que esta signifi ca “jaguar preto”? “Ek” signifi ca “preto” e “balam” signifi ca jaguar. Sendo esse um dos maiores animais a habitar o território atualmente denominado América Latina, portador de uma força ímpar, é justifi cável sua presença nas imagens não apenas dos maias, mas da Mesoamérica como um todo.

Diversos são os modos de inserir o jaguar em um pensamento religioso, mas seja entre olmecas, maias ou mesmo os habitantes de Teotihuacán, o felino sempre esteve associado a uma imagem do poder. Devido à sua capacidade de caçar de dia e de noite, dormir sob as árvores ou dentro de cavernas, além conseguir se

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locomover entre a vegetação ou nadando pelos rios, foi comumente associado ao trânsito entre a vida e a morte, o claro e o escuro, o mundo superior e o mundo espiritual e subterrâneo.

O jaguar, portanto, possui a carga de vitalidade necessária a qualquer líder, mas ao mesmo tempo é capaz de se colocar em situações próximas da efemeridade da vida. A partir dessa simbologia, penso que toda situação de distanciamento geográfi co pede do humano um pouco dessa potência do jaguar. A experiência da alteridade é libertadora e capaz de despertar o que há de mais fértil e obscuro dentro de cada pessoa.

Basta olharmos a seleção de fi lmes dessa mostra de cinema para percebermos isso. Muitos dos fi lmes selecionados têm suas narrativas baseadas na famosa vontade de “dar certo fora do Brasil”, ou seja, se parte do princípio de que o ambiente brasileiro não é capaz de se proporcionar uma esperada ideia de sucesso e que apenas ao sair de nosso “berço esplêndido” conseguiremos alcançar nossos objetivos. Os resultados, claro, são os mais diversos: há um trágico fi m em Jean Charles, há um desencontro que se transforma em um encontro divisor de águas em Dois perdidos numa noite suja e também a câmera que, através das linguagens do documentário e da fi cção, acompanha grupos de personagens que intercalam momentos de autoconfi ança extrema e fragilidade infantil, como se pode ver com Caetano Veloso e seu

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Coração vagabundo ou com as atrizes que vão rumo a Índia em Bollywood dream.

Mas nem toda partida é desejada – algumas vezes os jaguares são presos em jaulas e são obrigados a circular de circo em circo. O exílio, portanto, também se constitui como um tópico importante dessa mostra. Como um bumerangue, toda pessoa que se esconde de modo forçado é obrigada a voltar e, mais que isso, lidar com as alterações afetivas, emocionais e políticas de seus países – e o Diário de uma busca, como seu título anuncia, realça que às vezes o próprio ato de buscar é o que importa.

Há também aqueles felinos que, possivelmente como Narciso, desejam um autoconhecimento através de uma abertura a uma ideia de “inesperado” talvez não encontrada no Brasil. Mais próximos da figura emblemática de um marinheiro, viajam para rever seus próprios traumas e fazem de suas frágeis âncoras seus divãs. Suas vidas não tem roteiro, mas, como qualquer biografia, é impossível apagar o passado – seja a falta de uma irmã em Elena, a saudade da mãe em Terra estrangeira ou a entrega quase juvenil à letargia em Paraísos artificiais.

Como se pode ver, o cinema contemporâneo no Brasil narra de modos muito distintos a relação triangular entre ser humano, embarque e encontro. Descobrem-se espaços inesperados, expectativas se esfacelam, esbarrões ganham os tons da paixão e, dias depois do

ódio. Como diria uma música cantada por Elis Regina, “as aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam, porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões”.

Indiferente ao saldo final dessas idas e vindas, se é que ele existe e é discutido pelos filmes aqui mostrados, me parece justo concordar com algumas culturas que habitaram o México e voltar à figura do jaguar. Há uma série de esculturas dos olmecas que mostram homens em processo de metamorfose para a figura do felino. Essa me parece uma imagem interessante para alguém no fluxo entre aqui e lá, entre o medo do novo e a comemoração do fugidio.

Seja par avion, por carro ou por busão, nos transformamos longe de casa. Alguns são jaguares e outros, ao menos no que diz respeito à avaliação que faço do meu próprio relato um tanto quanto patético dentro de um cenote, estão mais próximos de um gato persa. Se for miado ou rugido não faz muita diferença; o ponto é que, depois que nossos passaportes são carimbados, não somos mais os mesmos – assim como nossa visão do Brasil também não.

Raphael Fonseca Historiador da Arte

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FILMES

PAR A V

ION

FILMES

R A V

ION

ARARAPAPAP

TERRA ESTRANGEIRA (1996)

PORTUG

AL

Brasil/PortugalDir. Walter Salles e Daniela ThomasCom: Fernanda Torres, Fernando Alves Pinto, Laura Cardoso, Alexandre Borges e Luís Melo.100 minutos

Anos 90. Sem perspectiva de vida num Brasil tomado pelo caos em plena era Collor, Paco (Fernando Alves Pinto) decide viajar para Portugal após a morte da mãe, levando uma misteriosa encomenda. Em Lisboa, ele conhece Alex (Fernanda Torres), brasileira namorada de Miguel (Alexandre Borges), todos envolvidos num esquema de contrabando, que vai tornar suas vidas em um pesadelo.

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CORAÇÃO VAGABUNDO (2008)

JAPÃO

Dir. Fernando Grostein AndradeCom: Caetano Veloso, David Byrne, Michelangelo Antonioni e Pedro Almodóvar. 71 minutos

‘Coração Vagabundo’ registra a turnê ‘A Foreign Sound’ e intimidade do músico Caetano Veloso, acompanhando em duas turnês: nos EUA e no Japão. Além das imagens das apresentações, o diretor Fernando Andrade deixa o músico livre para dissertar sobre a saída de sua cidade natal, o sucesso no Exterior e o trabalho com os cineastas Pedro Almodóvar e Michelangelo Antonioni

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Dir. Walter Lima Jr.Com: Alessandra Negrini, Rodrigo Santoro, Cláudia Abreu, Selton Mello, Angelo Paes Leme, André Moraes e Jair de Oliveira. 128 minutos

Década de 60. Joaquim (Rodrigo Santoro), Dico (Selton Mello), Davi ( Angelo Paes Leme) e PC (André Moraes) são jovens músicos e compositores, que partiram para Nova York em busca de sucesso. Lá eles formam um grupo, chamado Os Desafi nados, e integram o movimento que lançou a bossa nova. Ao longo dos anos eles acompanham o cenário político e musical do Brasil.

OS DESAFINADOS(2008)

Década de 60. Joaquim (Rodrigo Santoro), Dico (Selton Mello),

EUA

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Dir. José Joffi lyCom: Débora Falabella e Roberto Bomtempo.100 minutos

Paco (Débora Fallabela) e Tonho (Roberto Bomtempo) são imigrantes brasileiros ilegais em Nova York. Tonho, tímido, mineiro como outros milhares de clandestinos, sonha em ser bem-sucedido, mas sente saudades da família e do Brasil. Procurado pelo serviço de imigração e preso, vive o desespero de ser deportado. Paco, artista de talento, indiferente a tudo menos à sua carreira, ambiciona estourar nas paradas de sucesso. Em meio às esperanças, difi culdades e desencontros, o casal se encontra em uma metrópole bela e violenta.

EUA

DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA (2002)

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Dir. Helvécio RattonCom: Caio Blat, Cássio Gabus Mendes, Daniel de Oliveira, ângelo Antônio, André Arteche, Júlio Andrade, Léo Quintão, Odilson Esteves e Marcela Cartaxo.110 minutos

São Paulo, fi m dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo ( ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas). Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.

BATISMO DE SANGUE (2006)

Com: Caio Blat, Cássio Gabus Mendes, Daniel de Oliveira, ângelo Antônio, André Arteche, Júlio Andrade, Léo Quintão, Odilson Esteves e Marcela Cartaxo.

São Paulo, fi m dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por

FRANÇA

FRANÇA

FRANÇA

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BUDAPESTE (2009)BUDAPESTE (2009)

HUN

G R I ADir. Walter Carvalho Com: Leonardo Medeiros, Giovanna Antonelli e Gabriella Hámori.113 minutos

José Costa (Leonardo Medeiros) é um ghost-writer, escritor especialista em escrever livros para terceiros sob a condição de permanecer anônimo. Na volta de um congresso, Costa é obrigado a fazer uma escala imprevista na cidade de Budapeste, o que desencadeará uma série de eventos envolvendo-o em uma surpreendente história. Ali, conhece Kriska (Gabriella Hámori), com quem aprende húngaro, que segundo dizem, “é a única língua que o diabo respeita”. Durante as diversas idas e vindas entre o Rio de Janeiro e Budapeste, Costa se alterna entre o seu enfeitiçamento pela língua húngara transformada em paixão por Kriska e suas raízes pessoais ancoradas no amor por sua esposa Vanda (Giovanna Antonelli), uma famosa apresentadora de telejornais. Baseado no famoso livro de Chico Buarque, Budapeste nos leva a uma fascinante viagem de um homem separado entre dois continentes e divido por duas mulheres.

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DZI CROQUETTES (2009)

FRANÇA

Dir. Raphael Alvarez e Tatiana IssaCom: Norma Bengell, Liza Minnelli, Miguel Falabella, Betty Faria, Jorge Fernando, Gilberto Gil, Elke Maravilha, Ney Matogrosso, Claudia Raia e Marília Pêra.110 minutos

O fi lme apresenta a trajetória do irreverente grupo carioca Dzi Croquetes, que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. Há especial destaque para a presença de Lennie Dale, um dos principais mentores do grupo e uma fi gura controversa e fulgurante. O fi lme traça, através de muitos depoimentos e registros de apresentações da trupe no Brasil e em Paris, a trajetória emocionante de um principais movimentos artísticos surgidos no país nas últimas década.

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DZI CROQUETTES (2009) JEAN CHARLES (2009)

INGLAT

E R R A

INGLAT

E R R ADir. Henrique Goldman Com: Selton Mello, Vanessa Giácomo, Luis Miranda e Patricia Armani.93 minutos

Jean Charles de Menezes (Selton Mello) é um eletricista mineiro, que chega a Londres para morar com os primos Vivian, Alex e Patrícia. Em 22 de julho de 2005, ele é morto por agentes do serviço secreto britânico no metrô local, confundido com um terrorista. O fato abala a vida dos primos, que precisam reconstruir a vida ao mesmo tempo em que buscam por justiça.

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BOLLYWOOD DREAM - O SONHO BOLLYWOODIANO (2010)

DREAM - O SONHO BOLLYWOODIANO

INDI

A

DREAM - O SONHO BOLLYWOODIANO BOLLYWOODIANO (2010)

INDI

ADir. Beatriz SeignerCom: Lorena Lobato, Nataly Cabanas, Paula Braun84 minutos

Três atrizes brasileiras decidem tentar a sorte em Bollywood, a indústria cinematográfi ca da Índia. Mas, uma vez inseridas no coração da cultura e da mitologia indiana, seus sonhos e valores se modifi cam.

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ITÁLIA

INDI

A

MEU PAÍS (2011)

ITÁLIA

MEU PAÍS (2011)

Dir. André RistumCom: Cauã Reymond, Rodrigo Santoro, Débora Falabella, Anita Caprioli e Paulo José.95 minutos

Após anos fora do Brasil, separado da família pela distância e principalmente pelo afeto, Marcos (Rodrigo Santoro) é obrigado a retornar ao país quando seu pai, Armando (Paulo José), sofre um derrame. Executivo, casado e bem-sucedido na Europa, Marcos reencontra Tiago (Cauã Reymond), seu irmão mais novo. Ao contrário do primogênito, Tiago não tem vocação para os negócios, vivendo uma vida de playboy, fi lho de pai rico. Para aumentar o confl ito entre os irmãos, eles descobrem que possuem uma meia-irmã, Manuela (Débora Falabella), vítima de defi ciência intelectual, uma fi lha que Armando sempre manteve escondida de toda a família.

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LIXO EXTRAORDINáRIO (2011)EXTRAORDINáRIO

EUAEUA

INGL

AT E R RA

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Dir. João Jardim, Karen Harley e Lucy WalkerCom: Vik Muniz94 minutos

Filmado ao longo de quase três anos, Lixo extraordinário acompanha a visita do artista plástico Vik Muniz a um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro.

Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis. O objetivo inicial de Muniz era “pintar” esses catadores com o lixo. No entanto, o trabalho com estes personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugestionados a imaginar suas vidas fora daquele ambiente.

PARAÍSOS ARTIFICIAIS (2011)

PAÍ

S E S

BAIX OS

PAÍ

S ES

BAIX OS

Dir. Marcos PradoCom: Luca Bianchi, Nathalia Dill, Lívia de Bueno, César Cardadeiro, Bernardo Melo Barreto, Emílio Orciollo Neto, Roney Villela e Divana Brandão. 96 minutos

Ambientado nos anos 2000, Paraísos Artifi ciais conta a história de amor de Nando (Luca Bianchi) e Érika (Nathália Dill). O fi lme é narrado em três atos: o primeiro se passa em Amsterdã, para onde Nando viaja com seu amigo Patrick (Bernardo Mello) e conhece Érika, DJ internacional; o segundo, alguns anos antes, em uma rave na beira do mar; o terceiro, se passa no Rio de Janeiro, cidade natal de Nando, quando ele enfrenta problemas com seu irmão mais novo, Lipe (César Cardadeiro).

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ELENA (2012)

Dir. Petra Costa Com: Elena Andrade, Petra Costa e Li An.82 minutos

Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar. Deixa Petra, a irmã de sete anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena, de quem possui apenas pistas. Filmes caseiros, recortes de jornal, um diário, cartas. A todo momento, Petra espera encontrar Elena caminhando pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre seus caminhos. E acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. A mãe pressente. Petra decifra. Agora que fi nalmente encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.

Com: Elena Andrade, Petra Costa e Li An.

Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância

EUA

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MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008)

ITÁLIA

Dir. Mauro LimaCom: Selton Mello, Cléo Pires, Flavio Bauraqui, ngelo Paes Leme, André de Biase, Felipe Martins, Luis Miranda, Roney Villela, Rodrigo Amarante e Júlia Lemmertz.120 minutos

João Guilherme Estrella (Selton Mello) nasceu em uma família de classe média do Rio de Janeiro. Filho de um diretor do extinto Banco Nacional, ele cresceu no Jardim Botânico e frequentou os melhores colégios, tendo amigos entre as famílias mais infl uentes da cidade. Carismático e popular, João viveu intensamente os anos 80 e 90. Neste período ele conheceu o universo das drogas, mesmo sem jamais pisar numa favela. Logo tornou-se o maior vendedor de drogas do Rio de Janeiro, sendo preso em 1995. A partir de então passou a frequentar o cotidiano do sistema carcerário brasileiro.

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FABRICANDO TOM ZÉ (2006)

ITÁLIA

ITÁLIA

FRANÇA

FRANÇASUIÇA

Dir. Décio Matos JúniorCom: Tom Zé, David Byrne, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Neusa Marthins.90 minutos

Tom Zé nasceu em Irará, no interior da Bahia. Lá, apren-deu a tocar violão e começou a fazer suas primeiras canções, sobre pessoas e acontecimentos locais. Apesar de não considerar sua voz propícia para o canto, Tom Zé mudou-se para Salvador e conseguiu uma bolsa para cursar a Faculdade de Música da Bahia. Em 1968, foi a São Paulo, levado por Gilberto Gil, para integrar-se ao movimento tropicalista. Porém, pouco após ganhar o festival de música da TV Record com a canção “São Paulo, Meu Amor”, Tom Zé caiu no esquecimento, por manter-se fi el aos seus ideais. Foi apenas nos anos 80 que Tom Zé foi redescoberto, quando o artista David Byrne lançou alguns de seus discos fora do Brasil. A partir de então Tom Zé passou a ter uma carreira sólida no exterior, onde tornou-se mais popular do que dentro de seu próprio país.

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Ficha TecnicaCURADORIA: Fabiano de Freitas e Victor Dias

PRODUTORA EXECUTIVA: Diana Iliescu

TEXTOS CATáLOGO: Fabiano de Freitas, Iuri Bauler, Raphael Fonseca e Victor Dias

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Pollyanna Diniz e Mauricio Spinnelli – Rabixco Comunicação e Produção Criativa

DESIGN: Evee ávila – Balão de Ensaio

WEBSITE: Mauricio Lima

REVISãO: Mauricio Bispo

ASSISTêNCIA DE PRODUçãO: Thabata Iliescu e Ethel Oliveira

ASSISTêNCIA DE PRODUçãO RECIFE: Vinicius Gouveia

VINHETA: Pablo Pablo

ASSESSORIA CONTáBIL: Rogério Barbosa – Competência Contábil

ASSESSORIA JURÍDICA: Santos Faria & Calvão Moreira Advogados

REALIZAçãO: Ginja Filmes & Produções

PATROCÍNIO: Ministério da Cultura e Correios

Agradecimentos: André Ronzani, Carol Silveira, Felippe Augusto, Marcelo Iliescu, Maria da Penha Dias, Marinês de Freitas, Mateus Santos, Mauricio Bispo, Miriam de Oliveira Mariano, Petrônio de Lorena, Priscilla Alves de Moura, Rafo Barbosa, Teatro de Extremos, Wolfgang Goerlich, às nossas famílias e amigos.

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PAR A VIO

N

CENTRO CULTURAL CORREIOS

RECI

FE

- 2013 -

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Mostra De filMesDO CINEMA BRASILEIRO

EM TRANSLADO

1 A 17 NOV

CENTRO CULTURAL CORREIOS

RECI

FE

- 2013 -

Centro Cultural Correios reCife Av. Marquês de Olinda, 262 Bairro do Recife - Recife – PETelefone: 081 3224 5739 / 3424 1935

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Apoio Realização

Patrocínio

PADRÃO CROMÁTICO

PANTONE C M Y K R G B HEXA

AZUL CORREIOS 281C 100 70 0 30 0 35 105 #002369

AMARELO CORREIOS 122C 0 10 100 0 255 220 0 #FFDC00

VERDE BANDEIRA 355C 100 0 100 10 0 135 50 #008732

VERDE CLARO 382C 30 0 100 10 185 195 0 #B9C300

AZUL CELESTE 298C 100 0 0 15 85 175 215 #55AFD7

volume positiva cor positiva traço positiva

volume negativa cor negativa

LIMITE DE REDUÇÃO

A marca dos 350 anos não poderá ser aplicada menor do que as seguintes

dimensões de largura, mantidas as devidas proporções:

Meio Limite de Reduçãoimpressão laser / offset policromia 20mm

impressão laser / offset traço 10mm

serigrafia em material polido 20mm

serigrafia em tecido 20mm

recorte em vinil ou adesivo 30mm

mídia digital 40 pixels

traço negativa

VERSÃO TRAÇO: utilizar somente em caso de restrição de uso de cor ou processo de impressão

VERSÃO COR: utilizar preferencialmente em impressos com restrição de dimensões.

VERSÃO VOLUME: utilizar preferencialmente em impressos maiores e meios eletrônicos.

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