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REVISTA POWGUESA DE Arqueologia .volume 2.llbTler0 1.1999 163 A proposito do deposit0 de Moldes, Castelo de Neiva, Viana do Castelo: a baixela romana tardo-republicana em bronze no extremo ocidente peninsular CARLOS FAB~O Em homenagem a Carlos Albetto Feweira de Almeida Apresenra-rc uma primeira tentativa de invent&& dor elemenms da baixela romana rardo-republicans em branre, no extreme oddenre peninsular, mais concreramente na &cea hoje pomguesa 0 invencitio sublinha a expressiva presenp desras pqas em conrextor de habitat, conmariamenre ao que sucede oaPeninsula Ir6lica e ourras ireas europek, on& as necr6poles conservama maioriador achador. De enrre os elemenros idenuficados, a pardor arrefxtos de ampla drculqio, asrinala-se a expressiva presenp de um tipo de ara (?) nio documentada nos rrabalhos que habitualmenre rraram deste dpo de objecros, ainda que ral nio rignifique necesrzriamence rratar-se de um pmduro local. Independentemenre dos possiveis locais de fabrico dos disrinros objeccos, que s6 im.estigag6n arqueam6tricas pod-o esclarecer, parece evidence quz a aquisi~io dos elementor de baixela meraca se deve asrociar ao fcn6meno g e d da romanizq20 e, conmetamenre, H aquisigio e assimilaeo de um conjunco de hdbiror de conrumo. Nesre particular, C imporrante regism as presenps em locair asroriador i prenenga dos ex&icims mmanom, mas cambCm nor aglomerados indigenas onde nada indica que forsem urilizados par gentes exreriores is poppula$6es locair. Or poucor dados mnol6*mr disponiveis rugerem uma diFusio de sul para norte e do litoral para o interior, como reria de esperar, o que, por rua vez, sublinha cl-ente ar lacunas da informaqio disponivel. ~~-., * B: -~~-<-~":.- .: >.%.-.-7. . s~ .-Tw7T..;: A preliminary invenrory OF rhe Roman republican bronze vcssel elements from rhe rvesrernmosr part of Iberian Peninsula is presenred. These elemenrr where found in serdements, contrary to the record of rim& fmdr in lralian Peninsula and orher European areas, ahere they morrly come fmm b ud deporics. Besides d ~ e v c l l kno~pn cypes, a new kind of handle recorded Vi'herher this implies a local producrion is, however, uncertain

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REVISTA POWGUESA DE Arqueologia .volume 2.llbTler0 1.1999

163

A proposito do deposit0 de Moldes, Castelo de Neiva, Viana do Castelo: a baixela romana tardo-republicana em bronze no extremo ocidente peninsular CARLOS F A B ~ O

Em homenagem a Carlos Albetto Feweira de Almeida

Apresenra-rc uma primeira tentativa de invent&& dor elemenms da baixela romana

rardo-republicans em branre, no extreme oddenre peninsular, mais concreramente na &cea

hoje pomguesa 0 invencitio sublinha a expressiva presenp desras pqas em conrextor de

habitat, conmariamenre ao que sucede oaPeninsula Ir6lica e ourras ireas europek, on& as

necr6poles conservama maioriador achador. De enrre os elemenros idenuficados, a pardor

arrefxtos de ampla drculqio, asrinala-se a expressiva presenp de um tipo de ara (?) nio

documentada nos rrabalhos que habitualmenre rraram deste dpo de objecros, ainda que ral

nio rignifique necesrzriamence rratar-se de um pmduro local.

Independentemenre dos possiveis locais de fabrico dos disrinros objeccos, que s6

im.estigag6n arqueam6tricas pod-o esclarecer, parece evidence quz a aquisi~io dos

elementor de baixela meraca se deve asrociar ao fcn6meno g e d da romanizq20 e,

conmetamenre, H aquisigio e assimilaeo de um conjunco de hdbiror de conrumo. Nesre

particular, C imporrante regism as presenps em locair asroriador i prenenga dos ex&icims

mmanom, mas cambCm nor aglomerados indigenas onde nada indica que forsem urilizados

par gentes exreriores is poppula$6es locair.

Or poucor dados mnol6*mr disponiveis rugerem uma diFusio de sul para norte e do

litoral para o interior, como reria de esperar, o que, por rua vez, sublinha cl-ente ar

lacunas da informaqio disponivel.

~ ~ - . , * B:

-~~-<-~":.- .: >.%.-.-7... . s~ ~ ~~ .-Tw7T..;: A preliminary invenrory OF rhe Roman republican bronze vcssel elements

from rhe rvesrernmosr part of Iberian Peninsula is presenred. These elemenrr where found

in serdements, contrary to the record of rim& fmdr in lralian Peninsula and orher

European areas, ahere they morrly come fmm b u d deporics. Besides d~evcll kno~pn cypes,

a new kind of handle recorded Vi'herher this implies a local producrion is, however,

uncertain

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e urn fragmenro de molde para asas de situla, de urn tipo amplamente documentado no Ocidente peninsular e, sobrentdo, no Noroeste (Almeidq 1980% 1980b, 1982) - o que reforqa a ideia de ter existido uma produ~5o de objectos metaicos nesta ire2 Embora todas as pegas de bronze tenham sido publicadas em conjunto, as informaq6es obcidas no local permitiram determinar que se encontravam, de facro, em dois p p o s disdncos, aspect0 que foi bem sublinhado por Carlos Alberto Ferreira de Almeida - "Segundo nos disse o possuidor dos obfectos que asnit'u ao seu achamento, havia dors conjuntos, certammte escondidospela mesmapessoa, mas em momentosdfermtes. Opimeiro, umpouco mais sup.rf;cial, fii descobnto pela escavadora e constava de dob capacetes (...) Cerca de dois palmos a norte, e um pouco maisfkndo, enconmu-se, &poi- de buscas manuais, outro conjunto de objectos de bronze que constava de restos de duas dtulas e his copos de braze . Na terra remm-da aparecia depois ama nlacbdda deferno, urn fundo de coador e um dup6ndio talvez de Cdrisius (...,In (Almeida, 198Oq p. 245).

Esta distin$5o no ocultamento estende-se, alibs, Ls propostas sobre eventuais locais de fabrico. Para os capacetes foi proposto urn fabrico local/regional, pelas semelhan~as que patenteiam com oucras pesas encontradas no Noroeste peninsular (Almeida, 1980a, 1980b), proposta que vem sendo consensualmenre aceite (Silva, 1986, p. 181; Garcia-Mauriiio Mkquiz, 1993, p. 143; Quesada Sanz, 1997, p. 563-564). pel6 contririo, para os copos sugeria-se um fabrico ex6gen0, provawlmente itdico (ALmeida, 1980a, p. 250-251), ainda que se possa aceitar tambkm a possibilidade de se trarar de fabricos locais, reproduzindo prot6tipos it&cos, como foi posteriormente sugerido (Silva, 1986, p. 173-174).

Deve sublinhar-se, pois, a correcca avaliaqZo tecnolbgica e cronol6gica dos achados, avan~ada por Carlos Alberto Ferreira de Almeida, apesar das dificuldades que os artefactos metilicos habitualmenre suscitam aos investigadores - esta n io foi, digase, a primeira incurs50 do autor nos complexes meandros do estudo da baixela metilica, uma vez que tinha jb consagrado urn importante estudo ao oinochoe de Vila Marim, onde evidenciara j i uma invulgar capacidade para tratar estes temas (Almeida, 1972).

Deixando de parre os capacetes de Castelo de Neiva, julgo que merece uma particular atenc5o a questzo dos restantes elementos metahcos, particularmenre o conjunto dos copos e coador, por se relacionarem com uma familia de artefactos, a charnada "baixela tardo- republicana" de bronze, parciculannente interessante para o estudo do process0 de romanizaq50 n a Peninsula Ibcrica (v. Fig. 1).

2. A baixela tardo-republicana de bronze na bibliografia peninsular

Como recentemente foi sublinhado numa importante mesa-redonda rernitica, realizada em Lattes (La vaisseile tardo-ripublicaine en bronze, Lames, 1990), o estudo da baixela metilica rardo- republicana nio tem conhecido a acenqzo que merece. De facro, para 16 dos estudos de aurores germ6nicos e brithicos, pouca atengZo tern sido concedida a estes materiais (Feuggre, 1991a). Por outro lado, o facto de se conhecerern peeas recolhidas em concextos europeus do LA Tene tardio tern o~ientado as discuss6cc para dominios e temas que n5o ser5o por certo os mais interessantes e relevantes para a abordagem das quest6es suscitadas pelos exe~nplares hispinicos.

Apro\leitando hc preciosas indicac6es fornecidas pelas Actas da refetida nzesa-redonila, tentarei propor, aqui, um PI-imeiro esboqo de invenririo dos elemenros de baixela metdica tardo- republicary inserindo-os no context0 da problemitica da romaniza@o da Peninsula Ibkrica, procu- rando rectificar leituras que me parecem menos correctas e propondo hip6teses de rrahalho para o seu real enquadramento, apesar das enornles limitaq6es da informagio disponivel. lnteressa tal-

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pip. I Maceriais do dcp6sico de hloldes, Castelo de Neiva, Viana do Carrelo, regundo Alrneida. 1980a

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vez comecar por analisar as diferentes abordagens que os artefactos que se agrupam nesta grande categoria d m merecido dos investigadores.

0 s estt~dos sobre a baixela mecjlica em bronze de presumivel produ~%o itilica e de cronologia rardo-republicans no actual territ6rio portugub sZo praticamente inexistenres. De certo modo, pode dizer-se que esta situaqHo 6 extensive1 a quase todo o territ6rio peninsular - a consulta das diferentes listas de artefactos e respectivas cartas de distribuigHo publicadas no h b i t o do Col6quio de Lattes resulta parricularmente esclarecedora (Feugere e Rolley, 1991), embora se verifiquem algumas omiss6es, resultantes do tsadicional desconhecimento da bibliografia nacional que se observa nos meios cientScos de al2m-Pien&us, quando nZo mesmo nos nossos vizinhos mais pr6ximos.

Uma primeira "pista" para estafalta de interesse e informag20 pode encontrar-se na escassez de necr6poles dos s&culos II e I a.C. escavadas e esrudadas, os sitios onde habitualnlente se encontram os artefactos englobivei~ nesra categoria - quer na Peninsula Itjlica, quer em outras regi6es europeias (Feugere e Roue): 1991, passim) -, se estabelecem as melhores interpretag6es funcionais e propostas cronol6gicas - embora haja suficientes motivos para duvidar de que tenha existido nas diferentes ireas culturais da PeninsulaIb&rica o hibito de incluir elementos de baixela metilica entre os espblios votivos finebres, como haved a opormnidade de ver. Por outro lado, a relativa raridade deste tipo de achados, aliada a uma, nZo poucas vezes, deficiente manipulaq5o dos elementos de comparagHo, tem produzido interpretac6es de naturew cultural e propostas cronol6gicas ambiyas ou mesmo manifestamente errbneas, designadamente aquelas que insistem em encarar estes materiais como elementos tipicos de horizontes culturais do La TGne tardio, nHo curando de que a sua presenqa nos contextos centro-europeus em que se encontram resulta, tarnbkm, em muitos casos, de importaq6es a partir da Peninsula Itilica

Tres pequenos exemplos ilustram bem estas situa~6es. Em primeiro lugar, a rebuscada matizagZo terminol6gica, distinguindo simpulum e cbiahrs, proposta por Martin VaLls (Martin Valls, 1990, p. 159-161) e adoptadapor Berrocal-Rangel(1992, p. 142), supostamente baseada nas respectivas entradas do Dictionaire des Antiquitis Grecques et Romaines, de Saglio e Daremberg, sem que se consiga eenontrar nos ditos textos uma efecciva justificaqHo para tais matizes, para 1i de um suposto caricter mais "profano" dos segundos, relativamente aos primeiros, bastante discutivel, e, bem entendido, dos distintos campos linpisticos de onde provkrn uma e outra. Seguindo o critkrio de Martin Valls, Luis Berrocal-Range1 data do s6culo Il aC. um simpulum de pega horizontal do tip0 A de Castoldi e Feugkre (1991) - a que chama chiatus -, recolhido no chamado nivel2 do povoado de Castrej6n de Capote, Higuera la Real (Berrocal-Rangel, 1992, p. 142 e Fig. 27) - justamente aquele qlre conserva abundantes vestigios de importaq6es itilicas -, o que, nio sendo impossivel, me parece bastante improvivel, urna vez que faria desta pega a mais antiga do g6nero difundida fora da Peninsula Itilica POI oucro lado, seguindo a s indicaq6es da distribui~zo espacial destes artefactos no imbito da Peninsula Iberica, uma vez mais publicadas por Martin Valls (1990), Berrocal-Rangel (1995, p. 123-124 e Fig. 2) IC na peqa de Castrej6n de Capote mais urn indicador da extensjo para o Sudoesce das influhcias celribkricas, ainda que no imbito da conquista romana.

Esta relaqZo, que me parece manifesmmente forqada, baseia-se, afinal, na convicg%o dde que este tipo de objectos conheceu uma maior aceitaq.50 e difus.io na irea celtibkica do que em outras regi6es peninsulares - dado que perlnanece por demonstrar. Embora me pareqaaceitivel a proposta de um simples enquadramenro de mercenirios celtihkricos no imbito das acg6es nlilitares de conquista promovidas pelos govemadores ao senico de Roma, aventada em outro terto pelo mesmo autor (Berrocal-Rangel, 1994, p. 273-274). De uma forma ou de outra, a presenga e

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difusio de elemencos de bakela merilica tardo-republicana pouco ou nada cem que ver com este cema; e a sua maior representagio nos contexcos arqueol6gicos da Citerior, do que nos da Ulterior, dever-se-i mais aos diferentes ritmos e alcances dos fen6menos de assimilaqio cultural existences entre ambas as regiees, para n5o falar, simplesmente, na publicagio de materiais - a titulo de exemplo, refira-se o exemplar de jarro do npo Piatra Neamt de Morro de Mesquitilla, recolhido nos importances niveis romanos republicanos do lugar, que n5o foram especialmente considerados nas publicag6es de H. Schubarc, por se interessar o Autor pelas fases mais antigas (nio deixou, porPm, de publicar fotografia do dito, Schubarc, 1977, p. 59 e Taf. 14,1979, p. 206, L h . X).

Naturalmence, adm~tindo que uma tal ass~metria P real, encenda-se, nio resultante dos acasos da investigagio, creio que s6 se poderi compreender por razdes que se reladonam com uma mais precoce "rornanizagio" da Citerior. Mas, neste particular, o levantamento que efectuo e a cartografia que apresento (que se nio pode considerar, de mod0 algurn, exaustiva) julgo que poderi contribuit para uma reapreciagio geral do panorama geogrifico de distribuigio destes artefaccos, esbatendo bastante esta nogio de preferential concenrragio na Citerior (em geral) e no vale do Ebro (em particular). Sublinbe-se, conmdo, que o novo panorama suscitado pela publica@o deste escudo, onde emerge o Ocidente peninsular como uma irea de particular concentragio de acl~ados, n i o deve ser particularmente enfatizado, j i que as assimetrias resultario mais de falta de publicqio de outros conjuntos - possam escas linhas susdtar outros estudos, i o que se deseja ...

Um outro esclarecedor exemplo i fomecido pelos discursos produzidos em tomo de um elemento de asa de coador do povoado de Segdvia, Elvas (a parte da pega que servia para o apoio do polegar, aquilo a que os investigadores Franceses chamam o poucier, e de que n5o i ficil encontrar express50 correspondente, em pormgu&s), considerado numa ficha descririva do Catilogo da Exposigio De Ulisses a Viriato 0 Primeiro Milinio a.C. (MNALV, 1996) como "(. ..) elemento n(ico da cultura de "LA T1.neXFinal, encontrando-sepresente em amplas ireas europeias" e datado do siculo 111-11 a.C. (Alarc50, s/d [1996], p. 252), quando no cexco munogrS~co consagrado ao sitio arqueol6gico no mesmo catilogo se afirma que a dita pega foi recolhida nos estratos 2-1, dpicos de uma fase de "(. ..) contactos com os Romanos e o inicio da Romani~dgdo (...)" (Gamito, 1996, p. 110-1 1 I), parecendo que a Autora nio admite a mais que provivel origem id ica do exemplar. A alusio ao mundo de La T k e 1150 faz qualquer senrido e s6 induzirh em duvida um leitor menos avisado - idkntica ligago ao mundo de Lz TGne, supostamente pri-romano foi apresencada na publicaqio da asa de coador de Conimbriga (Alarc5o e Ponce, 1979, p. I S ) , embora fosse cornpreensivel, na kpoca, este npo de confusZo. Note-se que anda hoje se dlscute a possibil~dade de exiscirem produgdes de passadores no chamado "mundo birbaro" (Guillaumet, 1991). Contudo, uma coisa sera o local de fabric0 de cada objecco e outra, completamente diferente, o da origem dos modelos; sendo manifestamenre incorrecto valorizar a vertente do produtor concrete, quando lidamos com materiais encontrados em associa(-50 a outras importagdes itilicas. Trata-se de mais um exemplo de como parece ser rotalmente inadequada a transposigio da term~nologia centro-europeia (Irt T h e tardio) para as realidades da Peninsula Ibtrica

Paralelamente, tem-se verificado tambem uma deficiente interpretagio dos dados, decorrente dos desconhecimencos, omissdes e erradas incerprecaq6es anterionnente citadas. Uma vez mais, somente a titulo de exemplo, refira-se uma pega horizontal de um simpdr~m do tipo B de Castoldi- Feugsre, documentado no Bombarral, que foi considerada um "cabo de erpelho" (Ferreira, 1977, p. 11 e Fig. 6); a mesma interpretagio (ainda que interrogada) foi dada a umpoucier de coador encontrado no povoado de Raso de Candeleda. ~ v i l a (Fernindez Gbmez, 1986, p. 431 e Fig. 271, n.O 22, 1993.

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p. 160), sitio onde, aliis, se recolheram outros eletnentos de baixela merSica tardo-republicana - por exemplo, uma asa de cop0 de tipo Idria (Femindez G6mez, 1986, p. 407-408, Fig. 252, n." 3) -; ou o fragment0 terminal de uma asa de jarro do chamado tip0 Piatra Neamt, corn evidences sinais de grande desgasce, encontrado nas proxinlidades da albufeira da barragem de Iznijar, Cbrdova, que foi publicado e descrito como %usto majculino com banztefnkio" (Galeano Cuenca e Gil Femindez, 1994, p. 60, n.O 2) - tendo sido tomado, pelo dito barrete, o cot0 da asa que se conserva. Naturalmenre, para n20 falar de uma outra asa, provavelmente de um cop0 de tip0 Idria, ou de jarro de tip0 Gallarate ou Kjaemmgaard, ou de infora do tipo Agde, encontrada no Castro de Sabroso, Guimaries, e classificada como exemplar representacivo da tortutica hispano-visigoda (Cortez, 1950, p. 56 e Fig. 1). A peqa foi mais tarde, reproduzida por Llamn Hock, que, apesar de reconhecer os paralelos tardo-republicanos, designadamenre os de Ciceres el Viejo, publicados por Ulbert (1984), hesitaentre as duas supostas cronologias, por rnanifestadificuldade em articular, tanto uma como a outra, com os restantes dados conhecidos em Sabroso (Hock, 1985, p. 249 e Abb. 2,1986, p. 4546) - o que me parece manifestamenre absurdo, uma vez que nZo se trata da unica peqa romana republicana recolhida naquele castro do Noroeste pomguPs, com periodizaqiio devidamente estabelecida por C. Haxvkes (1971) e confirmada em trabalhos postenores (Silva, 1986, p. 31).

Para alem de mdo aquilo que se foi perdendo an longo dos tempos, como, por exemplo, as "chocokzteirus" e "aneh" de cobre que Leire de Vasconcellos soube terem sido encontradas no interior do cadlum rornano dos Mescres, embora as MO tivesse visto (Vasconcellos, 1933, p. 2451, ou o n'mpc~lum do Castelo Velho de Santiago do Cackm, de que fala Cruz e Silva (1946, p. 343), mas que nunca foi publicado, MO parecendo conservar-se entre as colecqoes do museu local, e que, com alguma verosimilhanqa perrenceriam i categoria de arrefactos em apreqo; ou que leva descaminho, hoje, pela acqio dos "caqadores de tesouros", munidos dos seus detectores de metais - neste particular, julgo que nio seri legitimo pensar que somente as moedas passatam a escapar ao controle dos investigadores, desde que tais priticas de "pesquisa" se generahmam: de facto, todos os artefactos metilicos deixaram de se c o n s e m nos respecnvos contexros. A circunstincia meramenre fortuita de ter podido ver parte da colecqo recolhida por urn desses "pesquisadores" no Castelo Velho de Veiros, Estremoz, 6 elucidativa Nas publicaq6es consagradas a este sitio arqueolbgico nio figuraum h i c o elemento de baixela metdica (Amaud, 1968,1970), enquanco, na dita colecqio, esr5o representados os simpula do tipo A de Castoldi-Feugl-re, elementos de pegas de copos, urn remate inferior de uma asa, de cop0 ou infora, um elemento de coador (o pom'er), para alem de uma asa ou pega de um tipo desconhecido, mas igualmente documentado em outros sitios arqueolbgicos do Sudoeste, como haveri opormnidade de cornentar Em suma, de um local de onde se ignorava ern absoluro a presenca desce tip0 de materiais, aparece urn numeroso conjunco.

Esres exemplos siio particularmente representatives daquilo que se reri perdido (e continua a perder); mas t a m b h das atitudes dos diferentes investigadores. Por um lado, nio parece haver uma consdPncianitida (sobretudo entre os investigadores peninsulares) do imbito cronol6gico de fabrico/difudo destes elementos de baixela metalica e, consequentemenre, da sua importincia, n io ss6 como indicadores de um context0 avanqado de "rornaniza~iio", mas tambkm como arrefactos datantes. Por outro, elifatizando os enquadramentos culmrais do charnado La The turdio, observado nas necrs6poles de virias regioes europeias, confunde-se, por complete, o seu imbito cultural de circulaqiio e uus - Frequenttmente, mesmo contra as opinices expendidas pelos prbprios esn~diosos que as publicam, como adiante comenrarei. Finalmente, por nio haver uma tradi(-io de estudo desre tipo de arrefactos, frequentemence os mesmos passam despercebidos. Por estranho que pareqa, dir-se-ia que a comunidade arqueolhgica hispinica n2o comou conscitncia dos importantes esclarecimenros publicados na monografia que G. Ulbert consagrou ao

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estabelecimento militar romano de Ciceres el Viejo, junto da cidade do mesmo nome (Ulberc, 1984), que veio per alguma "ordem" nas confusas interpretaq6es em torno destes objectos. NZo deixa de ser significative, tambim, que o estudo do monumento tenha saido da pena de um autor vindo da Europa Central, embora tamhem um born conhecedor das realidades tardo- republicanas da Peninsula Icilica - justamente duas das ireas geogrificas onde mais precocemente se valorizou a baixela metdica

Paradoxalmente, apesar de todas as limira~6es j i enunciadas da invesrigaqZo national, o territtrrio hoje portugu@s contribuiu para o estabelecimento de um novo parimetro cronol6gico (manifestamente err6neo) de um dos elementos tipicos da baixela metilica de kpoca republicana. De facto, a deficiente (e inexplicivel) proposca de cronologia avancada por Jorge AlarcZo (1973, p. 50,1983, p. 50) para o Castelo da Lousa, MourZo, em obra de grande circulagio e contra os pr6prio dados materiais publicados (AlarcZo e AlarcZo, 1967; AlarcZo, 1970), levou M. Castoldi a "estende? o h b i t o cronol6gico dos rimpula de pega horizontal do tip0 A - "I1 period0 d'uso si estende all'etd pnmoimpwiak, come dimonma il rih-ovamento del Castello di Loura (Pottogallo), findata in eta aup&ean (Castoldi e Feugiire, 1991, p. 66). E certo que j6 J. Wahl corrigira para parhetros mais aceitiveis a kpoca de construgZo/utilizagio do monument0 (Wahl, 1985, p. 161) - no fundo, mais nZo fez que retomar a dataqZo atribuida na decada de 60 (Marc50 e Alarcio, 1967; AlarcZo, 1970) -, contudo, esta drima nZo foi tomada na devida conta, ou por tal correc@o ter passado despercebida i investigadora italiana; ou por ter prevalecido o "argument0 de autotidade", compreensivel, por se tratar do mais prestigiado investigador portugu<s do period0 romano. Assim, julgo convenience sublinhar que absolutamente nada no registo arqueol6gico do extremo Ocidente peninsular autoriza tal "dilataqZo" do 2mbito cronol6gico de uso destes objectos

Com todas as dificuldades decorrentes de se lidar com materiais de contextos residenciais, logo, nZo funeririos, o que tem como principal resultado que estas peqas se resumam a fragmentos, mais ou menos expressivos, mas, quase nunca, a peps inteiras, mas, tambern, sem perder de vista que persistem muitas dlividas e incerrogaq6es de ordem estratigrrifica para a maior parte dos exemplares listados, julgo que se imp& um esfor~o de sistematizagio da informagZo disponivel, e respectivos conrextos (quando d o conhecidos), para melhor avaliar os mriltiplos e ricos significados da presenqa de elementos de baixela metilica em bronze rardo-republicans no ocidente peninsular. O panorama, como se verk apresenta-se, de facto, muito mais rico e diversificado do que faria supor a escassa informa@o divulgada, ou mesmo os expressivos e detalhados mapas elaborados pelos mais destacados invescigadores que se t&m dedicado ao estudo destes materiais (Feugiire e Rolley, 1991, passim).

Em primeiro lugar, parece-me interessante verificar a significativa presenqa de elementos de baixela metaca em bronze nos povoados do Sudoeste, em vivo contraste com uma nottrria aussncia em contextos sepulcrais. Este aspecto, que nZo seri eventualmenre de desprezar, assinala desde logo uma significativa diferenp em face do panorama conhecido em outras regi6es do "mundo brirharo" receptor e utilizador destes artefactos (Feughre e Rolley, 1991, pasrim). E certo que nZo existem muitas necr6poles escavadas no Sudoeste cujo h b i t o cronol6gico permita o aparecimento de materiais deste tipo; no entanto, nZo deixa de ser algo escranha a sua aushcia no Olival do Senhor dos Mirtires, Alcicer do Sal, onde seguramente se recolheram materiais dos secs. 11-1 aC. - designadamente, as cerhicas campanienses (Delgado, 1971) ou as lucemas (Arthur, 1952; Almeida, 1953) -, em Hornachuelos, Ribera del Fresno, Badajoz (Rodriguez Diaz, 1989, p. 204-219; Rodriguez Diaz e Jimenez ~v i l a , 1987-1988, p. 25-29; Rodriguez Diaz, 1991) ou na necr6pole El Romazal I, associada ao povoado de Villasviejas del Tamuja, CLeres (Hemindez Hemindez,

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1993, p. 119-120; Hernindez Hemindez e Gal& Domingo, 1996, p. 112-118), com um linico fragment0 de copo, calvez de tipo Idria, encontrado Fora de contexto, na necr6pole de El Mercadillo, associada (esta) a uma Fase mais antiga do mesmo povoado (Hemindez Hernindez; Galin Domingo, 1996, Fig. 47, no 6). Este liltimo caso afigura-se particularmenre interessante, uma vez que foram recolhidos na escavaqio do aglomerado de Villasviejas del Tamuja propriamence dito fragmencos de asas de copos e de coadores (Hemindez Hernindez, Rodriguez L6pez e Sinchez Sinchez, 1989, Figs. 16, n.O 108 e 109; Fig. 58, n.O 630).

Quereri esca ausPncia significar uma nio incorporacio destes arcefactos na pan6plia pessoal flinebre das elites indigenas; ou corresponderi, antes, a mais urn indicador do "despojamento" verificado nas fases tardias das necr6poles prP-romanas do sudoeste peninsular? ... Lnfelizmente, no estado actual dos conhecimentos, que P bastante incipience, diga-se, n io se afigura possivel optar entre as diferentes hip6teses que escas observaq6es permitem desenhar, embora no caso concreto da necropole de El Romazal I n io se possa Falar propriamente de urn empobrecimento dos esp6lios flinebres, sobrecudo se comparada corn a necrbpole El MercadiLlo, que corresponderia auma fase anterior do mesmo povoado (Hemindez Hemindez, 1993, p. 118-120; Hernindez Hemindez e Galin Domingo, 1996, p. 112 e ss.). Trata-se, provavelmente, do li~llco caso em que, sem qualquer dlivida, se regista a presenqa destes elementos em contexto habitacioual, sem vesdgios de uma "amortiza@o" finebre; pelo que me parece plausfvel supor que, efectivamente, n io se conceberia a sua utilizaqio em cais contextos. E conveniente niio esquecer, porern, que a nio deposiqio destes arcefactos nas sepulmras esta longe de se poder considerar um menosprezo dos mesmos; si,&icari calvez precisamente o contririo, uma vez que parece haver uma nitida "descolagem" relativamente aos espblios Kmebres de certos elementos que constituiriam atribucos de riqueza das elites indigenas. Neste particular, parece evidence que, tal como aconcecia com as joias, tambim os elementos da baixela metaca importada nZo se "amorrizavam" com a morte do seu possuidor. A hip6tese de o conjunto do Bombarral poder corresponder ao conrelido de uma sepultura (Ferreira, 1977, p. 11) carece de confirmacio; nZo havendo, inclusivamence, outros exemplos de deposiczo Enebre de torques e vasos de prata, coma os que, supostamente, percenceriam ao conjunto que Veiga Ferreira viu na posse de um antiquirio e sumariamenre publicou. Se corresponder, realmente, a urn conjunto unitirio, diria que a associaciio aos torques e vasos de prata sugere, precisamente, que se poderia tratar de um depbsico/esconderijo, em suma, de um "tesouro", na habitual acepgio ddaa a estas realidades - sobre tesouros com objectos de parta desce tip0 v. BanderaRomero, 1996.Observaqio ankloga se poderia Fzer relativamence i s placas iureas de tip0 Serradilla/Martela, apresentadas como fazendo parre do mesmo conjunto, uma vez que os oucros achados conhecidos na Extremadura percenciam, carnbPm, a ocultac6es e nio a depositos funeririos (Berrocal-Rangel, 1989).

Uma outra hipbtese, 1120 desprezivel, i a de se nio ter verificado uma incorpora@o efectiva destes materiais no quotidian0 das elices locais, uma vez que em todos os sitios onde se documentam maceriais deste tipo, i igualmente evidente a presenqa de romanos ou gentes enquadradas nos seus exhrcitos. Equivaleri esta observe0 i consideraqio de que podem ser comados como indicio de uma presenqa de milimres o seu achado? ... Francamence, nio estou certo de que assim seja, umavez que a simples pesquisa que pude efeccuar (que nem se pode considerar especialmente minuciosa, sublinhese, uma vez que, para o fazer, teria de percorrer, praticamence p e p a peqa, todos os esphlios de Museus e ColecyGes, atendendo aos j i referidos problemas de identificaqio que esces materiais suscicam), revelou, como j i referi, uma inesperada abundkcia de exemplares, mas nos mais diferentes contextos. A possibilidade de justificar por esce enqua- dramento da sua utiliza@o a niio incorporago nos esp6lios Enebres tambern nio colhe, uma vez

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que se conhecem i n h e r o s casos de deposiqio de elementos de baixela metdica em bronze nas necr6poles idicas (Werner, 1954,1978; Feugkre e Rolley, 1991,panim).

De sitios onde se verificou uma inquestionivel presenga militar, seriarn as pegas de CLeres el Viejo, do Castelo da Lousa, MourXo, ou as do Pedrio, Setlibal e Cabeqa de Vaiamonte, Monforte - em outros lugares esclareqo porque consider0 estes lugares estabelecimentos militares (Fabiio, 1998b, 1996, respectivamente) - e Lomba do Canho, Arganil (materiais inkditos, conservados no Museu Regional de Arganil). Creio tambim que a uma ocultagio relacionada corn movimentos militares se poderio atribuir os materiais do lugar de Moldes, Castelo de Neiva (Almeida, 1980a, 1980b; Almeida, 1982; Silva, 1986, p. 174). Este conjunto apresenta uma data muito avanqada (a avaliar pelos restantes objectos que lhe estavam associados, designadamenre a moeda de Augusta), o que reforga a ideia, expressa por Carlos Alberto Ferreira de Almeida de que poderia tratar-se de material destinado a refundiqio (Almeida, 1980a, p. 45) - recorde-se que, para la dos achados residuais, mais recentes, o fabrico deste tipo de copos nio parece ter ultrapassado os meados do s&c. I aC. (Ulberq 1984, p. 90; Feugkre, 199 lb, p. 54-55) ; embora se possa admitir, tambim, tratar-se dos despojos de algum antigo saque, empreendido em paragens meridionais, interpretagio que tem sido aventada para outras presenqas ex6ticas em contexto de "tesouro". Note-se que este tipo de materiais, pelo seu exotismo e natural longevidade, aconseUlam a que nunca se perca de vista a distincia entre a Cpoca de fabrico e a ipoca de abandono, como bem observou P. Arcelin no debate de aherrura da mesa redonda de Lattes (FeugPre, 1991a, p. 6), tanto mais quando se trata de dep6sitos corn estas caracteristicas. Estas p e p s colocam, ainda, outras quest6es de resposta mais complexa, que discutirei infia, como a da evenrualidade de se tratrar de artigos da artesania local, como jh sugeriu Armando Coelho Ferreira da Silva (1986, p. 174).

De imbito mais duvidoso seriam os achados de Villasviejas del Tamuja, Botija, Ciceres, Castelo Velho de Veiros, Estremoz, ou mesmo do povoado da Serra de Segbvia, Elvas, e Castrej6n de Capote, Higuera la Real, particularmente se admitirmos a possib~lidade de terem sido tambim local de instalagio de guamigces militares romanas, pelo menos alguns deles, em dado momento da sua existgncia - as razGes de tais propostas podem ver-se em Fabiio, 1998b. Nada indica que a movimentos de uopas se possam ligar os exenlplares de Mesas do Castelinho, Almod6var, Castelo Velho de Cobres, Castro Verde, Castelo Velho de Santiago do Cacim, Chibanes, Senibal, Sierra de La Martela, Segura de Le6n, Badajoz, Bombarral, Conimbriga, Condeixa-a-Nova, Sabroso e Briteiros, ambos em Guimaries.

Um aspecro particularmente interessante, porkm, se poderi considerar comum a todos estes materiais: urna assoc~agio ao periodo da conquista militar romana; n i o faltando sequer as previsiveis distincias cronol6gicas entre os mais ancigos achados do Sul e os contextos arqueol6gicos mais rardios dos materiais do Noroeste. E certo que a maioria das peqas conhecidas no Sudoeste nXo esti associada a contextos seguros: as dlividas e interrogag6es que rodeiam os materiais de Vaiamonte foram j i devidamente expostas (Fabiio, 1996; 1998b), as pegas do Castelo Velho de Veiros pertencern a uma colecgio particular, constimida com o recurso a um detector de merais; as da Serra de Segbvia esdo associadas a niveis arqueol6gicos de parsmetros cronologicos demasiado indefinidos (Gamito, 1981, 1982. 1988, 1996), nada se sabe sobre o precis0 contexro de recolha do exemplar de Santiago do Cacim, e a do Ca~telo Velho de Cobres foi alegadamente encontrada i superficie (Maia, 1986, p. 213). No entanro, h i que reconhecer que, na maior parte desres sitios arqueol6gicos, a presenca de materiais de kpoca imperial k diminuta ou inexistente - corn a 6bvia excepgio do Castelo Velho de Santiago do CacCm 3 e que hi, ramb&m, outros locais, como Mesas do Castelinho, em que os contextos de recolha d o seguros, independente-

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mente daexist8ncia de ocupagiies mais recentes. Sublinhe-se, porPm, que se nada nestes locais permite escabelecer qualquer esphcie de associa@o entre militares romanos e baixela metilica de iipoca tardo-republicana, m b P m se nio afigura legitimo rejeitar liminmente tal Iupbtese.

Assim, para al6m de n2o oferecer qualquer dk lda a datacBo tardo-republicana destes mateciais (Feugkre e RoUey, 1991), j i reconhecidq alik, porJ. Werner no estudo que lhes consagrou h i quase meio sPculo, distinguindo-os claramente dos conjuntos de baixela metilica da Ppoca de Augusto/TibPrio (Werner, 1954) - facto claramente sublinhado pela baixela metklica das cidades soterradas pela erup@o do Vesinrio (Carandini, 1977). Resulta tambhm evidence que a difusio destes materiais no m e m o Ocidente peninsular se enquadra no imbito da conquista e assirnila~io cultural destes temtbrios pelos ex6rcitos de Roma, n io sendo aceitivel supor que poderiam ter sido dihundidos por estas paragens em fases anreriores - registe-se que, tarnbPm para os abundantes elemencos recolhidos nas regices meridionais da Franga, se reconhece, de h i muiro, idsntico contexto, acribuindo-se a sua difusBo aos inicios da romaniza~io destas paragens (Tendille, 1981, p. 77 e 82). Baixela metilica e presenga romana, julgo que se deverio considerar duas realidades indissociiveis: a identificaqiio da primeira implica a segunda, independencemente de se tracar, ou nio, de verdadeiros artigos importados, ou j i de rPplicas produzidas pelo mundo indigena; que, sublinhe- se, possu'a codos os conhecimentos ttcnicos e sofisticac2o tecnologica requerida para o fabrico de tais ute~lsilios.

Um primeiro invendrio que pude estabelecer poderi considerar-se minimamenre representative da realidade existence no actual cerrirbrio portugub (sobretudo para as regi6es meridionais, aquelas que melhor conhe~o), embora niio tenha sido exaustivo, jb que fragmentos de peGas desres tipos se poderiio encontrar nos sicios mais impensiveis (refiro-me, bem entendido, aos locais de depbsito actual, nBo aos seus contextos primirios), como de certo modo ilustra a lista que se segue. Para o territorio actualmenre espanhol, limirei-me a considerar os principais elemenros publicados, desipadamente os de Ckeres el Viejo (Ulbert, 1984) e os listados por L. Berrocal-Rangel em terricbrio extremeno (Berrocal-Rangel, 1992, 1994, 1995); os do Raso de Candeleda, ~ v i l a (Fernindez Gomez, 1986), embora se registem, pertencern jb a uma irea alga marginal B que aqui me ocupou. 0 exemplar citado, que foi recolhido junto da barragem de Iznijar, Cbrdova, e publicado em arugo gen&rico sobre "bronzes romanos" (Galeano Cuenca e Gil Fernindez, 1994, p. 60, n.O 2), servia somente de exemplo de como, ainda hoje, existem equivocos na classificacio destas peps; n i o significa, de mod0 algum, que tenha feito qualquer ensaio de levantamento da informaqBo publicada no pais vizinho - registe-se, contudo, a cuidadosa publicacao recente de materiais do Museo Histbrico Mulucipal de Priego de Cbrdoba, onde se referem materiais de 6poca tardo- republicans, ramb6m (Pozo Rodriguez, 1998), entre os quais figura uma peca particularmente inceressante, como havera oportunidade de comentar.

ConvPm esclarecer, cambkm, que deixei de pane algutnar realidades de avaliac50 mais complexa, como por exemplo as siculas. De facto, p.ua alPm dos problemas cronc-tipolbgicos que este tipo de artefacto suscita quando nBo h i duvidas sobre a sua atribui@o ao mundo romano (Bolla, Boube e Guillaumet, 1991), mais se adensam as interrogaqces quando nLo existe sequer uma garantia de enquadramento concexmal. Pror,avelmence, quando for possivel reunir informacio suficiente e s6lida sobre as tradi~6cs locais peninsulares de fabrico de situlas, poder-se-i avaliar

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devidamente o que h i d e contributos romanos e qual a relevincia das transformaq6es que a sua presenGa implicou. Sem essa investigagao preliminar - que nZo esti feita, ao que julgo saber -, resulta praticamente impossivel a consideragio dos elementos pertencentes a este tipo de ohjectos. Hi, por exemplo, virios elementos recolhidos na Cabega de Vaiamonte, Monforre, e presentemente guardados no MNALV que, com toda a verosimilhanqa, pertencerao ao mundo romano republicano, mas n5o creio que se consiga algum resultado satisFat6rio com o seu escudo, no estado actual dos conhecimentos; e por todas as interrogag6es que rodeiam o conjunco de peps atribuidas ao povoado de Monforte.

Um bom exemplo destas limitagdes pode ver-se, designadamente, no estudo que A. Alardo consagrou a um jarro de cabega m6vel, que assimilou ao dpo Eggers 128 (Alarcio, 1996), e que, pelos registos do MNALV ter6 sido recolhido na Cabe~a de Vaiamonte - de certo modo, M. Heleno confirma esta provenicncia, por mais de uma vez se referir a oinochoe ou oinochoai recolhidos no povoado de Monforte (Heleno, 1956, p. 230, 1962, p. 314). Para alem da sua descrigao morfol6gica e da indagagao dos possiveis paralelos, o esmdo conduzlu a um conjunto de interrogag6es inultrapassiveis, juscamence pela Falta de referhcias contextuais precisas. Afirmar que o jarro datari do sfc. I a.C., provavelmente mesmo do seu primeiro terGo, como fari crer o conjunto dos materiais recolhidos no local, contraria a cronologiaat6 i data avan~ada para este tipo de peps, remetendo para urn momento ainda mais anrigo do que aquele que a aurora defende, sem dlivida mais verosimil, mesmo assim, que outras propostas cronol6gicas que tPm sido apresentadas, partindo dos exemplares de outras paragens da Europa No entanto, ser6 legitimo (ou mesmo razoivel) sugerir uma tao radical proposta (entenda-se, a do sic. I a.C.), contra toda a traoigso da invesciga~io, somente corn base em uma iinica pega que, pelas raz6es j i expostas em outros locais (FabiZo, 1996,1998b), nZo se sabe em que concexto precis0 teri sido encontrada e nem se poderi afirmar com absoluta seguranGa ter vindo do povoado de Monforte, apesar das palavras do responsive1 (remoto) pelas suas escava@es?

Estas duvidas e interrogagces, bem como a reconhecida e manifesta impossibilidade de as superar, levaram-me a restringir a abordagem ao conjunto de artefactos que, sem dlividas, pertencerao ao period0 republicano, resultando, a sua difusao e uso, ao que mdo indica, do process0 da conquista romana e dos Fenbmenos de assimilagao cultural subsequentes, verificados no mundo indigena peninsular.

Em concrapartida, julgo ser perunente a inclus2o neste levantamento de um tipo particular de asas em bronze, de que nao conheqo qualquer paralelo fora da Peninsula IbPrica, mas cuja presenga se regista de um mod0 significacivo nos locais do Ocidente peninsular onde se identificaram elementos de baixela metilica tardo-republicana. A falta de paralelos conhecidos inibe qualquer proposta interptetativa para estas pegas, pelo que niio saberei dizer a que tipo e objecto poderiam ter pertencido. 0 pequeno arco que define o seu perfil sugere que se trataria de uma pega, mais do que uma "asa"; ou, em altemativa, a sua aplica~io a um qualquer objecto (copo?), cuja parede desenhe uma marcada concavidade - a recente dataqio de entre o sfc. I ao III d.C. avan~ada para u m exemplar anilogo, sem contexto conhecido, e depositado no museu Priego de C6rdoba (Pozo Rodriguez, 1998, p. 51-52, Fig. 11, n." lo), reflectiri mais a natural prudPncia que deve merecer um elemento sem bons paralelos conhecidos, do que propriamente o real imbito cronol6gico do seu fabrico e difusao, como haveri oportunidade de cornentar.

Passemos, pols. aos exemplares conhecldos, comegando por aqueles cuja class~fica$%o nao suscita qualquer dlivida (nem quanco i forma, nem quanto % fungao), por serem bem conheddos nos repertbr~os clissicos deste tipo de obiectos.

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3.1. Simpula

Para alPm dos exemplares excrernenhos de Ciceres el Viejo, Sierra de la Martela (Enriquez Navasc~es e Rodriguez Diaz, 1988, Fig. 9, n.O 13) e de Castrej6n de Capote, que nio consider0 aqui, para evitar as distor~6es resultantes de consulcas, mais ou menos sisterniticas, de um dos lados da fronteira e simples enurneragio do j i publicado, na irea hoje espanhola. Registam-se os seguintes exemplares:

Bombmat (2)

Cabe~a de Vaimonre, Moi 1 u

Casrelo Velho de Veiros, Er , , I Lo.-

Casreio da Lousa, MourZo (5) I P%a

&relo Velho de Cobres, Castro Verde (6) 1 pega

Mesas do Casrelinho, Almod6var 5 fragm. (7)

(1) Mace"& in&dicor, qur se consen- no Mweu Regional deArqueologia dt A I p ~ i l . (2) %gundo Ferreira, 1977,Fig. 6 -Fig. 3, nP 3. (3) Niimem mhirno de p e w . edrnado n parr~r dor frap~enror con-dor no MNALV. Sobre o ncrnpk corn vestigos de repsacso v. in&;

~ o b r r o erempk da coluna da dir~ira (onha),r in@ - Figs. 2, no I a 6 e Fag 3, n 1 e 4.

(4) Exemplar de m a <olrc(io pamculu. (5) Scgundo AIaicioc AlarcZo, 1967.11 e fis 11,n.- 28. (6) ReferidopoiMnia, 1986, p.231. (7) Dois fragmentor cncoomidor i supufitie e ourno rnolhido na u c a q s o da Plaafomr B por CadorJorge Fcrreiw mais doir frsgmcnror

enconmdns nos miweis romanor rnpuhlicanos - ucaraqbcs remnco ([UE 411 e [UE 138 - h b . X] - Fig 2, n' 7 a 9. (8) Encanrrado i rvprfiiic na Pkaiorms B - Fig 3. n .*2 Na 10' campanhadcesu~Oes d z a d a nu= r h o arqurol6gico (1998) foi mcolhido

rnsr urn fragmcnro de a ~ . dure dpo, ern roncnro ruidencial do *c. I aC.

0 fragmento de pega da Cabega de Vaiamonte, Monforte, poderi pertencer ao tip0 que Castoldi e Feugke definem como C (Castoldi e Feug&re, 1991, p. 65 e Fig. 9) - v. Fig. 3, n.O 4. Creio que fornece tarnhem urna boa pista para a descoditica<iio funcional de uma "barra de bronze" de CLeres el Viejo (Ulbert, 1984, Taf. 21, n." 154), que, pela semelhan~a na forma e dimens6es, deveri ser um fragmento de uma pega aniloga, de identificagiio praticamente impossivel por se nZo terem conservado as suas extremidades - d. Fig. 3, nPS 4 e 5. Trata-se, afinal, de mais uma das significativas afiidades entre os dois sitios arqueol6gicos.

Como se pode ver pelo Quadro (especialmente quando confrontado corn os seguintes) 6 muito maioc o nirmero de simpula recenseados do que a dos restantes elemencos de baixela metilica que com eles Forrnariam conjuntos funcionais homog6neos. Niio creio, todavia, que se deva atrihuir qualquer significado a este facto (pelo menos, no estado actual dos conhecimentos), visto que ha enorrnes assimetrias de inforrnagiio para cada um destes sitios. Independentemente de outros Factores, diria que me parece ser bastante clara a rela~iio entre dimensiio da irea escavada (ou, na falta de um conhecimenco minimamente fiivel da mesma, nfirnero de campanhas de escava~iio realizadas) e nhmero de exemplares recolhido, como se pode ver pela grande abundincia de exe~nplares na Cabeca de Vaiamonte e Mesas do Castelinho - provavelmente tambem haveri boa c6pia de elementos no povoado da Serra de Segbvia, Elvas, no grupo generic0 que costuma ser descrito como "bronzes (...) diuersos" (estrato S ) , "bronzes de tipa La T k e " (estratos 3 e 4) ou "objectas de bronze tardios" (estratos 1 e 2) (Gamito, 1981,1982, Quadro dap . 72).

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F$. 2 Simpula de p e p horizontal do hpoA de Casroldi e Feushe. n . O S 1 a 6 Cabe~a dc Vaiamonre. Monforre. n."' i a 9 - M e s a do Casrelinho, Almod6vai.

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0 grande conjunto da Cabeca de Vaiamonte n io deixa de evocar uma quest20 para a qua1 n io temos, infelizmente, qualquet resposta concreta: a do exemplar de simpulum de pega vertical plana e gancho zoomtrrfico do tipo 3 de Castoldi-Feugkre, atribuido a Torre de Palma, que se encontrava na Vitrina 32, n." 7, na antiga ExposiqZo Permanence do MNALV (Portugal, s/d (19891, p. 37), Fig. 4 - a peGa estava entso descrita como "concha compega vertical em bronze" e datada dos stcs. I-n. De facto, este tipo de peGa P inquestionavelmente um modelo tardo-republicano, que poderi ter evoluido a partir do simpulum etrusco, provavelmente, desde uma concha baixa e larga (exemplares mais anrigos), para o tnais tipico modelo de concha estreita e funda (Castoldi e Feugkre, 1991, p. 74). Independentemente das dlividas e hesitaqces que rodeiam ainda alguns dos aypectos tipoltrgicos e cronol6gicos, n io haveri qualquer duvida de que se trata, de facto, de uma peqa do periodo republicano; e, pode dizer-se, relativamente rara na Peninsula Iberica, onde se regista, ao que parece, somente um exenlplar em prata no tesouro de Mengibar (Raddatz, 1969, p. 227 e Taf. 24, n.O 6); i tambCm o linico cirado no invendtio publicado nas Actas da mesa-redonda de Lartes (Castoldi e Feugere, 1991, p. 81 e Fig. IS), em claro contraste corn a densidade dos achados sud-gaicos (Castoldi e Feugkre, 1991, p. 74 e Fig. 18); ou, no que B Peninsula Iberica respeita, dos simpula de pega horizontal.

A situaqio ins6lita de se encontrar supostamente na uilla romana de Torre de Palma um object0 que se supBe "( ...) tomber en disuitude en mime temps que la ciramique d vernis noir e t les amphores Drejsel 1 (...)" (Castoldi e Feugere, 1991, p. 75), nao i , como j i disse, de Mcil resposta. Duas hip6teses se afiguram plausiveis: ou se trata de uma pesa recolhida, de facto, na Cabeqa de Vaiamonte e erradamente atribuida B uilla - como em outros lugares tenho procurado sublinhar, 6 inquestionivel a existencia de mistutas e confus6es entre as peqas trazidas para o MNALV e h i esptrlios presentemente ma1 atribuidos (Fabiio, 1996 e 1998b), o que 6 aceitivel, atendendo ao grande nlimero de exemplares de baixela mecilica (ou mesmo de simpula) trazidos do povoado de Monforte ; ou, o que seria particularmenre aliciante, poderia documentar uma fase antiga de instalaqzo na irea de Torre de Palma, que, alias, vem sendo sugerida (Lancha e AndrC, 1994), contra a proposta de uma instalaqZo tardia avanqada por Manuel Heleno (Heleno, 1962). Provavelmente as investigaqijes em curso no grande estabelecimento rural romano - particularmente as que incidem sobre o esp6lio recolhido nas anugas escavacBes - poderao esclarecer a natureza e cronolog~a desta antiga ocupacHo do lugar, ainda que nZo seja previsivel um esclarecimento definitivo sobre a proveni@ncia desta peGa.

Paradoxalmente, o progress0 da romanizac%o nZo trouxe um maior numero de simpula ao ocidente peninsular. Atribuiveis ao periodo imperial havera somente um exemplar da Mina do Lousal, Gdndola (Vasconcellos, 1913, p. 487, Fig. 258) e fragmentos de um ou dois do tipo Aislingen, da CitSnia de Briteiros, Guirnaraes (Hock, 1986, n.OS 80 e 216) e outro de Conimbriga (Alarcio e Ponte, 1979, p. 155 e PI. XXXVIII, n . O 27) - como 6 natural, devemos admitir que possa tambCm ter pertencido a esta ipoca o exemplar perdido do Castelo Velho de Santiago do Cacem (Silva, 1946, p. 343). A situa@o parece tanro mais estranha, quanto se sabe que a despropor~Ho entre realidades escavadas de 6poca republicans ou imperial. C fortemenre favorivel i s segundas. Uma tal despropor(-Zo poderia considerar-se significativa para sublinhar um context0 socialmenre relevante (se n io mesmo um catdcter sacro) para estes objectos, que progressivamente se teria perdido. No encanto, no estado actual dos conhecimentos, parece-me manifestamente abus~vo (ou, no minimo, inconclus~vo) pretender trdhar rals caminhos interpretativos.

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fig. 3 Simp"& de pega horllonral dor npor B e D (?I de Cartoldi e Feug&rr.. n * 1 e 4 - Cabeqa de Vaiarnonre, Monforre. no 2 - Mesac do Castelinho, ;Umod6var n* 3 - Rornbarrd, segundo Ferreira, 1977 (dimens6er esrirnadas. sirro que o desenho nlo rinha rrcda e o Auroi nio indicou ar din1ens6er; a p e p perdeu-re). n" 5 - "Vara de bronze" de Cicercr el \'lejo, resundo Ulberc, 1986.

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Estreitamente associado ao serviqo do vinho estava o coador. No entanto, por serem demasiado frigeis, nem sempre P ficil obcer destes objectos mais do que os dois elementos de preensio - o poucier, isto h, o elemento horizontal, que se liga i parte superior do coador (Fig. 5, n.O I), e o doigtier, a "asa", vertical, Fiada ao corpo da peqa e ao primeiro (Fig. 5, n.OS 2 e 3) - que. pela sua maior resistcncia se consenram melhor. Significativamente, na cartografia da distribuiqio destas peqas elaborada por J:P. Guillaumet (1991, Fig. 6), assinalava-se um linico exemplar na Peninsula Ibhrica, a peqa de Conitnbriga, a ~ e s a r d e se conhecerem j i os exemplares do Pedrio, Sett'lbal (Soars e Silva, 1973), v. Fig. 5, n.O 4, e de Moldes, Castelo de Neiva (Almeida, 1980a), v. Fig. 1, para citar somenre achados do terrir6rio hoje portuguts, uma vez que os exemplares de prata dos tesouros da Andaluzia (Bandera Romero, 1996) serzo, por certo, pecas que reproduzem modelos ali chegados corn a conqilista rornana, ja que tiio se conhece no 2rnbito indigena qualquer pega deste cipo que se possa considerar um "prot6tipo", justikicativo de uma tradi<?+o local aut6noma - pode mesmo dizer-se que constiruem um exemplo mais de uma bem conhecida pritica de produzir em metais nobres a bakela de bronze.

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Cirania de Brireiros, GuimarZes (2)

Lornba do Canho, Arganil(3)

Conimbriga, Condeixa-*Nova

Cabeqa de Vaiarnonre, Monforre (5)

Serra de SeghGa, Elvas (6)

Castelo Velho de 1 107 (7)

Pedrso, Sedba l (8

Mesas do Castelinho, Alrnod6'z

Cerro da Rocha Branca, Silves

( I ) Sewdo Almeida, 1980a (v Fig. 1) c Silua. 1986. p. 199~ (2) Rcfrrido por Silxq 1986, p. 200. (3) Mareriais inedirns que re conrcrvam no Muses Regional de Arqueologiadc Arganil. (4) Or dois elemenror dr brrc dc cmdorcr dc bronze (Alardo; Ponte, 1979, p. 155 e PI. XXXVm, nnS2425) podtrio nSa rer dc ep-mmana

republican+ pelo quc nio foram aqui rorridtrador. (5) Mate- deparirados no MNALV (6) Exporro em Dr U&rxrio Vi'mmo fAlarcio,r/d [1996], p. 252). (7) CoIec(~0 parricular (8) Sepndo Soars; Situq 1973, Fig. 23 e Err \5 ne 32 -Fig 5, n ~ * 4.

(9) Pe'rr enconmdas em conrenor romanor republionor do Secror A-l - Fig 5, R- 1 a 3. (10) Eumphr uporco na Mureu Arquml6&o de Sdver.

Deste conjunto de coadores, somente os exemplares de Moldes, Briteiros e de Conimbriga suscitam algumas interroga~ties; o primeiro, poderi ser de uma Cpoca tardia, uma vez que, na melhor das hip6teses estaria associado a moeda de Cpoca de Augusto (Almeida, 1980a), se nio mesmo a materiais mais cardios, que tambPm existiam no local (Almeida, 1982) - recorde-se que a peGa foi encontrada nas t e rm revolvidas -; do segundo desconhecemos em que contexro poderia estar (ou mesmo se seri de Cpoca republicana, pelo que se h e poderia aplicar o que acima se escreveu para os dois exemplares de Conimbriga nio considerados no Quadro); e o terceiro apareceu seguramente fora de contexto, em um nivel do sCc. IV d.C. (Alarcio e Ponte, 1979, p. 155). 0 s restantes exemplares foram enconcrados em contextos inequivocamente republicanos - os de Sera de Seg6via, PedrZo e Mesas do Castelinho, que resultaram de escavaqdes arqueol6gicas modernas -; ou em id6nticas circunstincias, corn toda a verosimilhan~a, atendendo, por urn lado, ao que foi possivel determinar da d i n h c a da ocupa~ao do povoado de Monforte; e ao facto de se nio conhecer uma ocupaGZo p6s-republicana no Castelo Velbo de Veiros (Arnaud, 1968, 1970) - o exemplar da Rocha Branca, embora nZo esteja devidamente identificado no Museu, nem haja qualquer refersncia nas publicaqdes preliminares dadas i estampa, deverd ter anilogo contexto, uma vez que & bem conhecida a ocupaqio local do period0 romano republican0 (Gomes, Gomes e BeirZo, 1986).

A este conjunto de peps poder-se-ia acrescentar, uma vez mais, algum material conhecido na Exuemadura espanhola, designadamente o impressionante conjunto de Ciceres el Viejo (Ulbert, 1984) ou, ainda, o elemento de poucier do povoado de Villasviejas del Tamuja, Botija, Ciceres (Hemindez Hernindez, Rodriguez L6pez e Sinchez Sinchez, 1989, Fig. 16, n.O 109), um sitio que Forneceu vdrios elementos de baixela metilica romana republicana, que se enquadram bem no panorama geral do esp6lio do local (a grande proximidade relativamente a Ciceres el Viejo ajudati, por certo, aexplicar esta realidade). Como ji houve ensejo de comentar, tambCm no Raso de Candeleda, AviIa, se recolheu um elemento deporrcim (Femindez G6mez, 1986).

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Fig. 5 Elernenms de coadores. no 1 - P o ~ m d e Mesas do Casrelinho, Alrnod6var n." 2 e 3 - "Doi@errU de Mesas do Casrelinho, Almod6w. no 4 - Coador de Pedrso, SecGbal, s e p d o Soarer e Silbx, 1973.

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Provavelmente, o aspect0 mais curioso desca filtima p e p que, diga-se, nZo 6 o ~ N C O

elemento de baixela metilica de bronze tardo-republicana ali recolhida, 6 o de pertencer a um concexro (entenda-se, o do povoado em geral) onde n io sZo muito abundances as importagdes icilicas, ao que parece circunscritas a fragmentos de "paredes finas", denirios de prata, escassos fragmentos de inforas e imitag6es de cerimica campaniense em cinzenta fina polida Traca-se pois de um conjunto de importaq6es onde aparece claramente valorizada a componente do consumo do vinho - regista-se mesmo a presenqa de grainhas de uva, no local (Fernindez G6mez, 1986). Este conjunto 6 particularmente sugestivo por documentar, por urn lado, a extensio para o interior e Area setencrional daviticultura (provavelmente, tambem, da produgiio vinica), em urn context0 onde o feixe de iduencias, express0 nas importagdes, inclui ji uma componente peninsular, provavelmence originaria de regides pr6ximas (as imitacdes de campaniense, se nio mesmo, tambirn, algumas das "paredes finas"). Nesca sociedade que j i consome vinho (provavelmence mesmo localrnence produzido) a baixela metdica e os recipientes de beber vkm de fora. Num plano mais estritarnente "arcefaccual", nZo deixa de ser interessante registar como os elementos de baixela metilica podem surgir como um dos raros elementos de irnportagZo; em outro plano, mais "emogrifico", chamemo-lhe assim, constimi um dos mais expressivos elementos.

3.3. Anfiras, jaros e copos

De inforas, jarros e copos, normalmente s6 conhecemos tarnbem os elemencos mais resistentes, particularmente as asas, por razdes anilogas i s dos coadores - naturalmenre, os contextos residenciais onde estes objectos foram encontrados contribui para um mais deficiente estado de conservagZo. Excepgio absoluta a este regra 6 justamente o conjunto de Moldes, Castelo de Neiva, onde se encontraram os tres copos do cipo Idria inteiros aos quais faltam somente as asas, tendo mesmo sido alvicrado que poderiam n5o as ter cido (Almeida, 1980a, p. 250), v. Fig. 1 - uma hip6tese mais plausivel, at6 pelas caracteristicas do depesito, parece-me ser a de que j i ceriam perdido as asas e sido usados sem as ditas, antes do momento do abandono.

Jusramente esra situaqiio diferenciada de conserva~io - que por vezes se limica a pequenos fragmentos, por exemplo, da ligaqzo debase daasa, o elemento mais frequence, que tanto pode pertencer a copos do tip0 Idria, como a inforas do tipo Agde ou ainda a uma apreciivel variedade de jarros (Feugere e Rolley, 1991, passim) -, justifica o agrupamento que aqui se propde, uma vez que, em muitos casos n io 6 possivel saber se se trata de motivos associados a jarros, inforas ou copos; assinale-se que uma opqio aniloga tomou o autor da publica$io dos materiais do Museu Priego de C6rdoba (Pozo Rodriguez, 1998, p. 51). Oucras p e p , corno as asas de jarros do cipo Piatra Neamt, pela sua singularidade, niio suscitam qualquer especie de d6vida.

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Mt,lZc,. I z \c ,d ,~ %c:,.z !~a:-..? d,, t .xsrew

Sabroro, Guirnarien (2)

Monre Mbrinho, Penafiel (3)

Conimhngq Condeixa-aNova (4)

Caheqa de \'$amenre. Monfom (5)

I / .: <,~ i< zr , . I&,A ~

I ssa

m a r e inferior de ara

1 ass de copo do r i p Idcia

Fragm de hordo de 5nfora 3 asas dc ropo do tlp Ldtia, 3 asas e 2 remares

do dpo Agde (i): de difrmnrrr morfolo&s inferiorcr dr asas

2 asas de j-r do tip0

Pi- Neamc:

1 asa de tip0 dacanhetido

1 remate inferior dr ara

1 remare infctiordc-

1 as=& cop0 do tipo Idria

I Fr~rpenro da partc

superior de uma ara

(1) Segundo Almeida, 19ROzr 1980hr Sil~2.1986, p. 173 e 199.- Fig 1.

(21 Seguildo Corrcz. 1950, p.56cRg I =Hock. 1986, p.46Ahb 1.

(31 Scsmdo Almcrda, 1974, ESr I. n' I r XXVl11. no 2 eSocira. 19%. Err. CXXX. aC 2. (4) Scpndo Alar~50; Ponre, 1979, p. 154. PL XXXTTI, n n 14,

(5) Marcnais deporiradns no MNAL1'- Fig 6, n o I a 8. (6) Coler$%u parucuiar. (7) Calcc(5o hlarqurr ds Cosca deporirada no MNAL\I Corra 1910. Err X, n.- 527. (8) Exemplar expnsro nn Sda d r Arqtleoioga do Muwu de Santiago do Cxh. (91 Trarr-se de urn fragmenra dt ara de jarm ou copo, yme perwnciaa urn colc<"ondor da Fuzra, dc nome Pacheco, cuja forografia foi

pvhllrada por M.' L u i s Es&a daVriga.AEonsodor Sanror (Sanror. 1971. p.255 r Fig. 109).

0 que a t rk se escreveu para os outros objectos, pode aplicar-se, mutatis mutadis, aos exemplares destas skies: caricccer tardio do conjunto de Moldes, o que sugere poder tratar-se, de facto, ou de material para refundir ou esconderijo do produto de um saque, como foi sugerido (Almeida, 1980a, 1980b) - recordese que as d a t a mais cardias conhecidas para copos do tipo Idria s io 15-9 aC., atribuidas ao conjunto de Dangsrerten, e reconhecidamente tidas como pr6prias de objectos residuais (Feugkre, 1991b, p. 55), imbito que nem seria incompativel com a cronologia proposta para as oculra$6es de Moldes - ; a auscncia de um born context0 estratigrifico para a peGa de Conimbriga. recolhida num estraco relacionado corn a construg50 das termas diras de Trajano (Alarcio; Ponte, 1979, p. 154); ausPncia de contexcos claramente definidos para as pegas dos sitios do Sudoeste, ernbora em todos eles se verifiquem ocupagbes que dio consist@ncia i s daca~6es republicanas - mesmo a pega de Torre de Aires, Tavira, poderi enquadrar-se entre os poucos materiais de kpoca republicana conhecidos no local. 0 s outros dois exemplares do Noroeste correspondem a sima56es bem distintas: o do Sabroso, Guimaries, foi encontrado num povoado com materiais de kpoca republicana (Silva, 1986, p. 31); enquanto o de Monte Mbzinho, Penafiel, parece ser fundamentalmenre uma criaczo j6 posterior i conquista romana (Soeiro, 1984). Nio creio, contudo, que se deva arribuir uma excessiva importkcla a este facto, quer pela natural lo~lgevidade das pegas deste tipo, quer pela mais que plausivel existPncia de um momento de fundacio enquadrivel no imbito da fase final das guerras de conquista do Noroeste peninsular. Contudo, em alremativa, pode admitir-se que o remate de asa do Mozinho pertencesse, de facco. a um jarro do tipo Eggers 122, cambkm chamado do'tipo Kjaerumgaard, que se teria fabricado ainda durante todo o primeiro quartel do skc. I d.C. (Boube, 1991, p. 37-38), o que concor-

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daria plenamente com os restantes dados arqueol6gicos ali recolhidos (Soeiro, 1984; CawaIho, 1993) e, objectivamente, a excluiria do conjunto dos elementos de baixela metaica tardo- republicanos.

De todo o conjunto listado, sobressai o sitio da Cabega devaiamonte, Monforte, n5o s6 pela quantidade de pegas que forneceu, mas tambkm pela apreciivel diversidade de forrnas que regista: infora de tipo Agde (dificil de identificar de um modo categorico, por se tratar somente de um fragment0 de bordo, ainda que Ihe possa pertencer tambkm a asa da Fig. 6, n.' 4), jarros de tipo Piatra Neamr (Fig. 6, n.OS 7 e 8), copos de tipo Idria e elementos de asas que poderiio admicir a presenqa de outras variances (Fig. 6, n.OS 1 a 3). Infelizmente, pelo modo como decorreram as escavaqees, j i devidamente comentado em oucros lugares (Fabiiio, 1996, 199Sb), o espolio de Vaiamonte no MNALV encontra-se reduzido a esres elementos metilicos e a um numeroso conjunto de fragmentos de folhas de bronze (dobradas, torcidas, partidas). Pelas limitaqees que o seu estado de conservagao me imp&, niio garanto que niio possam existir ainda mais elementos, o que s6 um tratamento sistemitico dos materiais permitiri apurar. A diversidade das pequenas asas, provavelmente associadas ao mesmo cipo de copo, sublinha, por outro lado, a diversidade das origens e fabricos ali registados - i falta de ouuos crit&ios mais solidos, refira-se que os diferentes graus de oxidagio, bem como as distincas consist@ncias e coloraqdes que apresencam sublinha justamente essa diversidade de fabricos/origens(?). Temos, assim, uma situagiio em que quantidade de exemplares e diversidade de origens/fabricos(?) concorrem para sublinhar a singularidade do conjunto de Vaiamonte, assumindo particular importincia para a sua interpretag50, como se cornentar&

A estas pegas do temt6rio hoje p o m g u b poder-se-ia juntar, ainda, os tr8s exemplares de Villasviejas del Tamuja, Botija, Ciceres: respectivamente, urna asa que, pelas suas dimensees deveri ter pertencido a um copo do tipo Idria (Hemindez Hemindez, Rodriguez L6pez e Sinchez Sinchez, 1989, Fig. 58, n.O 630); um fragment0 de asa que pode ter pertencido a urn cop0 ou a um jarro (Hemindez Hemindez, Rodriguez L6pez e Sinchez Sinchez, 1989, Fig. 16, n.O 108); e um remate inferior de asa, aparecido i superficie, juntamenre corn outros materiais romanos, na necr6pole de El Mercadillo, associada a uma fase mais antiga do povoado (Hemindez Hemhdez e G a l b Domingo, 1996, p. SO e Fig. 47, n." 6) -; naturalmence, para nio falar, uma vez mais, nas pe$as de Ckeres el Viejo ou da asa do Raso de Candeleda, ~v i l a .

0 aspect0 que me parece mais inceressante deste conjunto 6 justamente o de documentar uma transforma~iio importance nos contextos do consumo, onde 5nforas e jarros consrimem 6bvios componences de urn s e ~ g o de "mesa", juntamente com os copos.

3.4. Asas de urn tipo desconhecidc

Para alCm das pegas de bem conhecidos cipos, h i uma outra que, creio, estari intimamente relacionada corn os ambientes de dihs50 e uso da baixela medica itilica, mas para a qua1 nio conheqo paralelos. Trata-se de urna pequena asa, ou pega, com duas superficies de adereucia ao suporte a que se ligariz o superior(?), constituido por uma placa rcctangular, levemence recortada; o inferior(?) por uma espkie de remate fitom6rfic0, onde se poderi vislumbrar, tambkm, urna sugesfio otioliuica - infelizmente, nenhum dos exemplares conhecidos se encontra em estado de conserva@o qque possibilite observag6es ou conclus6es categoticas. Entre estas duas supeficies de ligagk, onde q u a sempre se consen.an1 vestigios do elemento que possibilitava a soldadura (estanho?), h& uma asa ou pega, levemence arqueada; que, pelo seu desenho, dificil-

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mente deixaria passar um dedo, a menos que o objecto a que se ligasse tivesse um perfil sinuoso (copo?), de muito pronunciada concavidade - i esta a a Z o qque me faz supor tratar-se mais de uma pega, do que de uma asa Pelas suas dimensdes e desenho, *gura-se aceitivel supor tratar- se de uma pegalasa vertical (dai a sugestzo avanqada de uma ligaqzo superior e ourra inferior), mas tambim nZo seri de excluir a possibilidade de constituir urn elemento de fxa@o horizontal (por exemplo, de uma tampa).

0 s primeiros exemplates que pude identificar encontram-se entre os materiais ttazidos da Cabeqa de Vaiamonte, Monforte, para o MNALV, pela equipa do Sr. JoZo Lino, que ali efectuou as

escava~des, sob as ordens de Manuel Heleno (Fig. 6 , nPs 10 e 11). Infelizmente, a austncia de coordenadas precisas, impede-nos de saber a que exacto context0 poderia ter pertencido a pew con- mdo, o facro de ter sido recolhida no sitio arqueol6- gico que fomeceu a maior colec~Zo conhecida, no espaqo hole portugu@s, de elementos de baixela metilica romana tardo-republicana (v. Fig. 7), bem como as suas caracteristicas, sugerem poder tratar- se de urn elemento de preensZo associado a urn qualquer objecto executado em folha de bronze. Por outro lado, a sequtncia de ocupa$des do local, que se pode "reconstituir/depreendern dos esphlios tecolhidos, permite supor que a p e p poderia datar de ipoca romana republicans

0 MNALV conserva tambim um exemplar anilogo proveniente de Chibanes, Palmela, perten- cente i antiga colecqio de Marques da Costa. Tive, ainda, a oportunidade de examinar urn novo exemplar anilogo aos anteriores, at6 nas di- mensdes, recolhido no Castelo Velho de Veiros,

Simpulo 0 badores

U Copa ejanm Aw deum tip0indetwminado

1 Mdde,(andodeN&a,Vana 10 Lm~loV4h~deVOim~E1n~moz. do (ando 11 0ihaner.Palmela.

2 (ianiade Brieim5.6uimak. 12 Pdrla,Se~hal.

3 (amodelabm$a6uimaaa 13 (afleloda Loura,M~~do.

4 Monle Mcnho. Penafd. 14 hloVelhodeSantiagodoCat&m

5 Lomba do(anho,lrganil. iMimbriqol1.

6 &ishigo. 15 W o V e l h o d e ~ ~ . ( a n n o Y e ~ e .

7 Bombaml. 16 MesrdoORelmh~llmd&a~.

8 (ah~deVaiamonte.Monfwtwt. 17 cemda R O ~ U Brsnra.Silves.

9 1pgMa.flvar. 18 Tomde Airpr.Tavin.

~ i ~ . 7 Carra de disrrihuiso das elemenms de haixela meiil ica em hrome. cacd~-repd~l ica~ns.

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Estremoz, com o awilio de um detector de metais (a pega pertence a um coleccionador, justamente o mesmo que consema o conjunto de elementos de baixela medlica deste sitio arqueol6gic0, acima listados); urn outro sitio corn importances niveis de ocupaqio do periodo de conquista, como j i rive o ensejo de comentar. Finalmente, na campanha de escavaqces, de 1997, em Mesas do Casteliho, Foi encontrada nova pe<a idsntica, em nivel escratigrifico da Plataforma B (Sector B-2), v. Fig. 6, n.O 9, que, embota superficial e ngo isento de dist6ebios (designadamenre silos muqulmanos), entregou sobremdo materiais de Ppoca romana republicana Finalmente, regista-se uma peqa semelhanre, ainda que de menores dimensces, na Cidnia de Briteiros, Guimarzes (Hack, 1986, p. 51, n.O 215; v. tambem Fig. 6, n." 12).

Este conjunto de exemplos, apesar da sua indefini~io esnatigrifica, sugerem h b i t o s cronol6gicos relativamente coerentes e, a sua distribuiqiio geogrs~ca 6 cambkm relativamente circunscrica, i excep~ao da peqa de Briteiros - assinale-se, contudo, que por se tratar de peqas presumivelmence imporcadas, a distribui<io geogrifica tambhm se nio poderi considerar relevante. Particularmente interessante me parece o facto de se registar uma coincidfncia entre a distribuiqio destas pecas e a dos restantes elementos de baixela metdica de kpoca romana republicana, o que jusrifica que inclua a sua relaqso, neste sub-capitulo.

Assim, julgo que seri verosimil supor que se trata, de facto, de um elemento de baixela metrilica, provavelmente cambem de produ@o itrilica; ou, no minimo, de uma componente de uma pega difundida e usada no mesmo contexto e ambiente em que as tipicas formas romanas republicanas circularam, na Peninsula Iberica. Infelizmente, por nio ter logrado idenrificar qualquer paralelo, n io poderei, tambPm, apresentar qualquer proposta relacionada corn as ireas de produqio e difusio @em entendido, para alem do extremo ocidente da Peninsula Iberica, no que toca a ireas de dispersio); muito menos, sobre a morfologia do objemo a que estaria associado. Como normalmente sucede com os elementos de baixela metilica encontrados em contexto de habitat, consenrou-se somente a componente de preenszo, por ser mais espessa

Para algm dos exemplares encontrados no temt6rio hoje portugues, conheqo urn oucra peqa do mesrno tipo encontrada em "Azores", Priego de Cerdoba, infelizmente sem context0 (Pozo Rodriguez, 1998, p. 51 -52 e Fig. 11). A mesma dificuldade em identificar paralelos levou Salvador Pozo Rodriguez a acribuir-lhe urna prudence (mas manifestamente pouco l id) dataqzo de entre o s6c. I e o 111 d.C. (Pozo Rodriguez, 1998, p. 52), creio, no entanto, que os poucos dados que se puderarn obter no ocidente peninsular, aconselham preferencialmente urn enquadramento na Ppoca tardo-republican% Pot oucro lado, jlilgo que o escasso nkmero de exemplares conhecidos se deveri mais 2 ausencia de publica~zo do que a uma efectiva raridade do tipo. Com os dados disponiveis, seria tentador considerar as asas desre ripo como urn arteFacto tipicamente hispinico. Contudo, a escassez de elementos disponiveis e a austncia de anilises arqueom~tricas aconselha uma maior prudsncia nesra atribuiqio.

Nio se afigura ficil comentar os eventuais significados da presenqa dos artefactos pertencentes a estas categorias funcionais, no actual temt6eio portuguss. A primeira questzo, producces locais ou artigos importados, julgo que s6 as andises arqueom6rricas poderzo, talvez, fornecer respostas categ6ricas e conclusivas. Consdtuem, porim, estudos necessariamcnte bastante complexes e especialiios, que te~iam sempre de perspectivar-se em imhitos geogrificos mais amplos que os de um s6 espaGo national, actual (Pemot, 1991), pela unifom~idade tipolbgica e

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ampla difusiio que estas peqas registam - escusado me parece dizer que, entre n6s, ainda nada foi ensaiado, neste dominio. Para alem do mais, pela sua escassez e pela simplicidade dos exemplares conhecidos, bem como pel0 deficiente estado de consetvaqzo em que frequentemente se encontram, niio me parece possivel ensaiar, sequer, qualquer tratamento estilistico, como o realizado para os exemplares de jarros de tipo Piatra Neamt, em Marrocos (Boube-Piccot, 1987- 1988) - o facto de se conhecerem somente dois exemplares de asas deste tipo, ambos recolhidos na Cabeqa de Vaiamonte, e niio particularmente bem conservados, toma tambkm pouco viivel ou interessante um cal ensaio, at6 mesmo qualquer comparaqo.

As hnicas consideraq6es que se poderzo fazer siio, basicamente, a veriticagiio de que existia na Peninsula IbPrica, nas mais diversas regities, a conjugaqiio de codos os elementos necessirios para a elahoragiio ddestas peqas: as mathrias-primas, os conhecimentos thcnicos e a tecnologia necessiria para o efeito. Se esta conjugaqiio era suficiente, s6 investigaqdes futuras o poderzo determinar. Parece-me, todavia, importance frisar que, atendendo aos contextos conhecidos, tudo indica que os mais antigos exemplares tenham sido, de facco, importados; e, se houve produgiio peninsular, tal fen6meno correspondeu iquilo a que se poderi chamar, sem grandes drividas, um fen6meno de imita@o. Pode dizer-se, pois, que se niio sahemos se f o r m localmenre produzidos os artigos, os prot6tipos foram seguramente importados.

No que d u respeito is regi6es setenmonais, e mais concretamente ao dep6sito de Moldes, poder-se-6 adiantar uma proposta de enquadramento thcnico, que niio passari, todavia, de urna mera hipbtese. De facto, as recentes investigag6es na irea de Las Mkdulas, particularmente nos casrros de Corona de Corporales e Casuelin de San Juan de Paluezas, possibilicaram al, o-umas interessances observaq6es sobre a metalurgia local e suas rransformaq6es sob o dominio romano (Fernindez-Posse, Montero, Shchez-Palencia e Rovira, 1993). No segundo local, foi escavada uma irea relacionada com a actividade mecal&rgica onde se concentravam abundances artefactos metilicos, quase sempre degradados, associados a f rapentos de moldes, relacionados com priticas de aproveitamento sistemitico do metal, por parte dos artifices. A semelhan~a relativamente ao local de Moldes 6 particularmente expressiva, ainda que deste riltimo se niio conheqa o contexto precis0 de recolha, niio falcando mesmo fragmentos de moldes para o fabrico das tipicas situlas com decora~iio geom6trica (Fernindez-Posse, Montero, Sinchez-Palencia e Rovira, 1993), de que se recolheu t a m b h um fragment0 de molde em Castelo de Neiva (Almeida, 1982, p. 22, Fig. 6, n.O 6).

A situagiio documentada para as actividades metalfirgicas em Las Medulas 6 interessante por apresentar um panorama produrivo de imbito arcaico e profundamente local, onde nzo Falta, porkm, a prova da produg50 de um artigo, como a situla de decoragiio geometrica de complexa elaboraqiio (Nunes, 1958) e (facto bem mais inceressante) de fabrico padronizado e extensamente registado em coda a regizo do Noroeste - ao panorama traqado por Carballo Arceo (1983), haveri que acrescentar, pel0 menos, os novos fragmentos de moldes do Castro de S . Ant6ni0, Afife,Viana do Castelo (Silva, 1986, p. 168 e Est L'YXXILI, n.' 13 e CXLIE, n.O 3), de Braga (Mamns, 1988), bem como os de CasrreUin de San Juan de Palueza (Femindez-Posse, Montero, Sinchez-Palencia e Rovira, 1993, p. 210-212 e Lam. I), o mais oriental de todos; por outro lado, e apesar de nos faltarem os escudos arqueom6tricos, parece hastante claro que a esca regiiio (o Noroeste peninsular) se deveria circunscrever o seu fabrico, j i que aos mhlciplos moldes e pegas locais se contrapijem somente as escassas presensas de peqas acabadas em ireas mais meridionais (Lomba do Canho, Arganil, Conimbriga e Pedriio, Secribal), o que sublinha a correcta apreciaqo de Carlos Alberto Ferreirade Almeida (1974, p. 14), contraa proposta que chegimos a avanqar em outro local (Nunes, Fabiiio e Guerra, 1989, p. 408). Estes dados remetem, pois, pan um contexto artesaual

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onde exisria uma evidence circulaqio de ideias e modelos, adoptados e reproduzidos em diferences paragens, justamente na ipoca em que por aqui teriam comeqado a chegar as primeiras peqas de baixela de bronze itilica (trazidas pelos prhprios romanos, ou obtidas por mais complexas redes de intercimbio ou por acq6es de saque).

Bem entendido, estas consideraq6es n io demonstram de modo algum que possa rer existido no noroeste peninsular uma produqio de elementos de baixela metilica que reproduzisse os prothtipos itilicos. Esclarecem, porim, as circunstkcias em que se desenvolvia a metalurgia local que, no seu arcaismo, n i o deixava de registar uma apreciivel sofisticaqio ticnica - isto 6, havia capacidadelocal para fabricar cais objectos; e cambim uma suficiente rede de contactos por onde circulavam ideias e prot6tipos - ou seja, urn quadro cultural e social de produgio, que permitiria a aquisicio de novos modelos e a sua transmissio entre artifices de distintos aglomerados. Resumindo, nHo existiam inibiq6es cicnicas nem culturais a uma ripida aquisiqio de novos modelos e sua reprodug20 pelos artifices locais.

Infelizmente, para paragens mais meridionais, justamente aquelas onde compre- ensivelmente se regista uma mais precoce chegada (e tambim mais ampla presen~a) de elementos de baixela metaca tardo-republicana, n io dispomos de elementos compariveis para uma correcta avaliagio dos contextos socio-culmrais da metalurgia A suposiqio de que tais actividades se enquadrariam num imbito social mais complexo e de que existiria uma maior sofisticaqio tecnol6gica, embora verosimeis, carecem de uma efectiva fundamentaqio arqueolhgica- para nio dizer que nio existiria necessariamente umauniformidade entre as ireas litorais e as do interior. No entanco, por maioria de raz6es, os pressupostos enunciados para o noroeste (sofisticaqHo tecnolhgica, quadros culturais de ampla circulaqio de modelos e ideias) tarnbCm aqui se verificariam, com a vantagem acrescida de se ter verificado um mais precoce e perene contact0 com os agentes da conquista romana

Haveria, portanm, em todo o ocidente peninsular o conjunto de circunstkcias necessirias ao surgimento e desenvolvimento de fabricos locais de elernencos de baixela metilica, reproduzindo os modelos icilicos. 0 que nio significa, bem entendido, que tal tivesse acontecido.

Sobre os modos como teriam chegado ao ocidence peninsular as pecas mais antigas da baixela metilica de bronze tardo-republicans, creio que nio haveri grandes d6vidas. Para d i m da sua boa representaqHo em sicios como Azaila, Teruel (Belcrin Lloris, 1976, p. 166.173 e Figs. 42-

-44), bem como em outros locais da Citerior (Martin Valls, 1990), haveri a registar os exemplares encontrados entre o esphlio dos acampamentos do cerco de Numantia (Schulten, 1929, passzm), ainda que nem sempre de cronolog~a segura, conhecida que i a dificuldade em articular os esp6lios de cada campo, com as interpretaq6es hisrhricas que deles fez o investigador alemio. As p e p dos Campos deNumantia tEm, ainda, apeculiaridade de constituirem o mais andgo registo de penetraqio para o interior de objectos cuja distribui~io se documenta, sobrerudo, no litoral - apesar das falhas, v. as distintas carcas de distribui+o publicadas no decurso do Col6quio de Lattes (Feugere e Rolley, 1991). Todos se podem considerar associados a contextos da conquista romana ou a fases antigas do fen6meno de ass~m~laqio cultural a que se costuma chamar "romanizaqHo"; pelo que nio fari qualquer sentido evocar paralelos ou contextos do La Thne tardio, que terio somence algurna percinEnaa (se a tiverem ...) para oucras regicies, que mais tardiamente contactaram corn Rolna

Conhecemos mareriais deste tipo, designadamentesimpula, no interior de navios naufragados na bacia do Mediterrineo, indicando, pois, os meios de difusiio dos mesmos: designadamenre no chamado naufrigio de Spargi, Sardenha (Pallaris, 1979, p. 180-181 e 19S6), datado de c. 100 a.C.; de Ponte de Pomeyes, Marsetha, datado tambim entre os tins do sPc. 11 e os inicios do I aC.

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(Feugsre, 1991% p. 74) ; de Taillac, St. Tropez (Joncheray, 1987, p. 137-138), datado da primeira metade do sic. I a.C.; e no dito de Titan, Ilha do Levante, Toulon (Tailliez, 1958, Fig. lo), presencemenre datado dos inicios da segunda metade do sic. 1 a.C. (Tchernia, 1990, p. 301). Em todos os casos, portm, tracava-se, ao que tudo indica, de material pertencente ao equipamento da tripulaqio e nzo a artigo de exportaqio. 0 conjunro das referencia apresenta, contudo, a intetessante peculiaridade de se MO circunscrever a um linico periodo, o que sugere que, em diferentes ipocas, desde o sic. I1 a fases j i avanqadas do I a.C. estes artigos continuavam a circular, vindos da Peninsula Itilica - nZo haveri motivos, portanto, para supor que a um primeiro momento de importa@o, se pudesse cer seguido um outro de produq6es locais.

As considerqdes sobre as vias e conrextos de chegada, distribui~5o/circulagZo destes objectos sublinham bem o caricter precitio da informaqZo com que aqui se lida. De facto, a simples observag5o do mapa da Fig. 7 sublinha eloquentemence as limita@es da cartografia de achados: poucos materiais documenrados no licoral, relativamente aos do interior, e sobre- -representaq6es locais, decorrentes das desigualdades da investigaqio. Ttata-se, portm, de um ponto de partida, que deveri ser enriquecido e completado corn novos dados.

Na ausEncia de abordagens tecnol6gicas, hi, no entanto, alguns dados que merecem considerag50 e que poder5o revestir-se de algum inceresse para a discuss50 do tema

Em primeiro lugar, os vestigios de reparaq6es. Pelo seu estado de conservag50, a maioria dos exemplares conhecidos nio permite informagdes sobre reparaq6es que eventualmente tenha havido. A excepqso a esra regra foi ptoporcionada por urn dos exemplares de n'mpulum de pega horizontal do cipo A encontrado na Cabeca de Vaiamonte, Monforte (Fabi50, 1996, Fig. lo), justamente o sitio arqueol6gico do Sudoesce que maior nfimero de objectos deste tipo forneceu. A pega partiu-se na liga~50 encre o tergo inferior e o intenntdio da pega, fractura complicada de resolver, j i que ocorreu justamente em um dos elementos de ligacao, o que, provavelmence, n5o permitiria uma soluq50, simples, de conserto por marcelagem e fwagio corn rebites (Fig. 2, n.O I), como se verifica no exemplar, camhem reparado, de Ciceres el Viejo, que ficou, simplesmenre, um pouco mais curto (Ulbert, 1984, Taf. 15, n.O 97). A solu@o, engendrada pelo artifice que consertou o exemplar de Vaiamonte, passou, tambim, por um encurtamento substancial da pep, prescindindo-se, deste modo, de todo o terqo inferior da pega. Na zona fracturada, um rebice merilico uniu dois arames divergences que abraqam o colo da concha: urn, dobrado sobre si pr6prio e soldado, formou uma argola, por onde passava o segundo que, dobrado tambim, sobre si prdprio, vinha enrolar-se em tomo da pega, garantindo a necessiria tens50 para a f ixa~io da concha (Fig. 2, n." 1). Por inkpcia(?) do artifice, a parre decorada do terco superior da pega ficou para baixo, relativamente ao plano do bocal da concha, isro 5, invisivel, durante a sua utilizaqZo. A peqa estaria ainda em uso quando se perdeu (ou foi abandonada), uma vez que se encontrava inreira - refira-se que esta obsen.aq5o s6 foi possivel pot ter sido esta peqa restaurada, por sugestZo minha, no imbito dos ctabalhos escolares da Escola Superior de Restauro, ano lectivo de 1995-96, rendo cabido a Jose Lourenqo Gonqalves a sua execu55.o.

Esta peqa fornece, em meu entender, duas infomaq6es importantes. Em primeiro lugar, que a dita era suficiencemente importante e "ma", para justificar todo o investimento feito na sua reparaqZo. De facto, se se tratasse de urn fabrico local, nio creio que o exemplar tivesse metecido estes cuidados - h i que nio esquecer, porhm, que o abandono em Vaiamonte, n5o significa forqosamente que a reparaqzo ali tenha sido feica Por oucro lado, implicou uma cransfoma@o morfol6gica do objecto, que nio afeccoq contudo, os seus aspectos funcionais; o que parece relaciouivel com a nula considerqzo que, ao artifice que a reparou, mereceu a sua decoraqso. Pode dizer-se, pois, que aquela acq5o se destinou, exclusivamence, a garantir a sua funcionalidade, sem cuidar do

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que poderiamos chamar as questdes "acess6riasn do objecto (a sua decora$io); pelo que se poderi depreender tratar-se de uma pep, efectivamente, em uso, nada fazendo crer que pudesse estar destinadaa uma Fung5o outra, se n5o aquela para que teria sido fabricada. Infelizmence, estas duas observa$des nZo permitem responder a essa outra quest50 que P a de indagar se o seu utilizador seria indigena ou romano. 0 famo de se ter registado tambPm uma reparaqio em uma day pegas do estabelecimento de Ciceres el Viejo poderia sugerir que estes sinrpula e m , de facto, peps importadas e usadas por romanos que, perante acidenres, se viam na necessidade de reparar as ditas, por rnanifesca impossibilidade de as substituir. Esta interprecac50, embora sugestiva, requer um nlimero maior de casos conhecidos, para se poder considerar minimamente consistente.

Perante estes artefactos, cio caracteristicos e, tzo estreicamenre relacionados com priticas sociais concretas, coloca-se naturalmente a quest50 de saber se a sua presenp nos contextos arq-ueoTogicos peninsulares represFinta a introdugio de um hibico, at6 enc5o inexistence, ou se constimi, somente, a assimila~Zo de uma "variance artefactual nova", diferente, de um objecto j i conhecido e usado, em processo de substitui@o, correspondente 5 assimilagiio de uma panbplia, que caracterwa os novos ambiences "romanizados". No Limite, poder-se-i perguntar, tambem, se o simpulum, em si, representaa adope50 das priticas de consumo e sociabilidade a que esta ligado no mundo clissico, ou d o somenre a aquisi~~o/conservagBo/reprodu~%o(?) de urn objeto ex6cic0, a que se atribui algum valor apenas por o ser. Como se compreenderi, n50 6 ficil responder a rais dfividas, embora parep aceitivel avanqar hip6teses minimamente sustentadas.

Como bem assinalou Martin Valls (1990), seguindo observa~6es j i feitas por W. Schiile (1969), h i simpuh no mundo celtib&rico, designadamente os tipicos exemplares corn asas rematadas por cabeqas de bovinos, encontrados nas necr6poles, onde sZo conhecidos alguns exemplares, de tipos e contextos inegavelmence pr&-romanos, o que poderi sugerir a existsncia de priticas de ymposion, naquela regi50, assirniladas a partir dos elementas culmrais helenisticos (etmscos, ou outros ...). Aliis, interpreta~des anilogas tsrn merecido os recipientes de cer5mica itica, tambem eles associados a esras priticas, encontrados na Peninsula Ib6rica - para o caso portuguh, v. Arruda, 1997. Esta situa~Zo, quando aplicada aos simpula, nZo deixa de ser arqueologicamente ins61ica, uma vez que os ditos artefactos se conhecem somence em keas de interior, tradicionalmente remetidas para um mundo continental, que s6 lentamente recebe e assimila influsncias helenisticas, sendo absolutamente desconbecidos nos concextos do litoral e meridionais, udos por mais "helenizados", directamente ou por incetpostos emscos e/ou plinicos. 0 facto de se conhecerem sobretudo em necropoles, contrariamenee ao que se verifica corn os seus cong6neres de kpoca republicana, nZo mereceri uma valoriza@o em parti&, na medida em que se desconhecem as necr6poles dos s6cs. II-I a.C., como j i home a oportunidade de comentar - ser j conmdo, urn dado a reter para futuras compara~des.

Ainda sobre os contextos sociais do consumo de bebidas (e cornidas) no mundo indigena do Sudoeste, creio que vale a pena recordar a magnifica reconsticui+o que Luis Berrocal-Rangel fez da cerimonia associada ao chamado altar de Castrej6n de Capoce (1994a, p. 263-276). Como bem frisou o Autor, o tip0 de sociedades existence no Sudoesce interior - panorama que se nZo deve extrapolar para as regides l icorais , assirnilaria mal pracicas sociais que supdem a existsncia da "realeza" ou mesmo de fortes "arisrocracias". Assim, parece legitimo aceitar que as festividades, com grandes consumos alimentares, decorressem em outras circunstincias e enquadramencos, pelo que se questiona qua1 teria sido a funq5o precisa de tais objectos, no seio destas sociedades - convim nZo esquecer, todavia, que o dmpulr~m encontrado nas imedia~des do "altar" do Castrej6n de Capoce nZo estava associado is cerim6nias ali realizada~, mas antes a um momento posterior da ocupagzo.

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Como nio poderia deixar de ser, esta interrogago i reforpdapelo facto de se conhecerem, entre as c e r k c a s de fabricos locais/regionais do Sudoeste, recipientes que parecem reproduzir as formas iticas (Fabijo, 1998b) - e a questZo coloca-se, somente, no plano das cerirnicas, uma vez que se nio conhecem simpula pri-romanos, nestas paragens. Por outro lado, se houve, efectivamente, uma continuidade demogcifica e cultural nas populaq6es desta regi.50, como parece sugerir a estabilidade e continuidade ~rificada no povoamenco, como emoutro local defindi (1998b), n io haverinenhum motivo para supor que entre o sic. N e o 11 aC. se tenham perdido as tradiqces simposiastas (e, de certo modo, ai estio os simpula celtibericos a preencher a lacuna cronolbgica, ainda que somente para aquelas regi6es). Em abono desta hipbtese, pode referir-se, ainda, o facro de as tigelas, forma c e b c a ~nuito abundance e caractenstica do Sudoeste, se enconmarem habitualmente associadas mais aos serviqos de bebida, do que aos de comida (Guillament, 1991). Embora pareqa verosimil reconbecer nesta forma cerhica um redpiente de bebida - recorde-se, que i a mais abundantemente representada em GarvZo (Beirio; Silva; Soares; Gomes; Gomes, 1985 e 1987) e Capote (Berrocal- -Rangel, 1994) -, a aceitaqzo desra funqio nio deixa de colocar serias dificuldades para o estabelecimento de qua1 poderia ser o recipiente destinado a alimentos strlidos das populaq6es pr6- romanas da regiio. Tratase, pois, de uma quest20 que continuari em aberto, aguardando nova informag20 que pemita avanqar com mais fundamentadas propostas.

Assim, a quest20 fundamental de saber se estamos perante artefactos novos, associados a desconhecidas priticas sociais, ou a "variantes altemativas", valorizadas, sobretudo, por se encontrarem associadas a um novo poder que se instala e is transformaq6es sociais que implicou, teri de permanecer em aberto. A ausgncia de simpula pri-romanos no ocidente poderia ter algum significado, contudo, o j6 aludido desconhecimento de um nfimero significativo de necr6poles reduz substancialmente o valor deste "argument0 de ausencia". No entanto, n io creio que esta ausgncia deva ser desprezada, a d porque poderi ter um significado mais relevante.

Creio que se poderi ensaiar urn teste a esce rema, atravis de uma oucra interrogaqio, paralela, por assim dizer, e que consistiri em saber se os simpula republicanos cram, ou nio, objectos utilizados no ocidence com a mesma funq20 que tinham no mundo romano. Aqui, julgo que a resposta poder6 ser mais consistence. Atendendo a que, na Cabeqa de Vaiamonte se conservam restos de todos os objectos que compunham o serviqo de bebida, tal como tem sido caracterizado, na Peninsula I t s c a e mesmo na Europa Cenrrd (Guillamet, 1991) - nestes locais, normalmenre, em contextos funeririos, o que, de algum modo, garante tratar-se de conjuntos completos; ou, melhor dizendo, pemite recensear todos os amefactos que presumivelmente compunham o dito serviqo, incluindo, tambkm, a sua componente cergmica -, nio constituiri excessiva ousadia afirmar que, de facto, enme a comunidade instalada naquele povoado do nordeste alentejano existia, de facto, perfeitamente assimilado o ritual do consumo de bebidas, tal como se fazia em outras paragens; e, o que poderi ser mais interessante, utiiizando objectos novos (no sentido de serem, a t i entio, desconhecidos), ou variantes "altemativas" de artefactos j6 conhecidos e usados.

De facto, aqui poderi residir a principal diferenqa, o serviqo de bebida, compost0 por baixela metdica importada (ou reproduq6es locais de prot6tipos forheos) n20 se destinaria j6 a servir nos festins comunit&rios, mas sim a servir instmmentalmente novas priticas de consumo de tipo "aristocritico" - ou, "diferenciado", para evitar a carga socia1 que o contexto de atistocracia implica. Uma vez mais, Luis Berrocal-Range1 teri equacionado bem a questio, embora relacionando erradamente os simpuln com a presenqa de uma elite celtibirica (Berrocd-Rangel, 1989-1990, 1994, 1995 e 1996) - entenda-se, erradamente na medida em que invocou o suposto carkcer celtibirico destes artefactos. Particularmenre interessante me parece o facto de idsntico contexto de utilizagzio ter sido avangado para os exemplares do actual Marrocos (Boube-Piccot, 1987-

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-1988). Para I i do t6pico literirio, poderemos estar, de Facto, perante uma ruptura social, transmitida pelo confronto entre Viriato e o seu sogro Astolpas, no banquete das bodas do primeiro, narrado por Diodoro Siculo (33.7.1-3) onde nem falta a menqiio B rica baixela, como emblemicico simbolo de riqueza. Como j i houve a oportunidade de referir, outros indicios haveri de que, por esta ipoca, o sic. II a.C., se ceria assistido a um conjunto de cransformaq6es nas sociedades meridionais, que teriam acentuado a diferenciag20 de elites e a ruprura de velhos esquemas comunitirios, tendo coma principal consequ8ncia o bem conhecido banditismo social, verdadeira imagem forte das comunidades agrupadas sob a designaqiio de lun'tanos, nos textos dos Autores greco-latinos. A baixela medica romana republicana, como servigo de bebida, poderia ter sido um elemento mais a caracterizar/sublinhar esta mutaq5o social.

Toda esta interpretag50 esbarra, contudo, com uma dificuldade insuperivel: a determinaq50 dos reais ucilizadores destes objectos. De facto, na Cabeqa de Vaiamonte, documentou-se um conjunto de materiais que sugere a inscalagiio de uma guarni~iio militar romana. Trata-se tambim do local que oFereceu uma mais abundante e diversificada pan6plia, s6 comparivel, localmenre, a conhecida em CLeres el Viejo, reconhecidamente um estabelecimento militar romano; n5o faltando, inclusivamente, em ambos locais, indicios de reparaq6es em simpula. Assim, creio que n5o oferece discuss50 a mais que provivel utilizagiio destes objectos por soldados romanos. Dificil seri determinar, de entre o conjunto de peps conhecidas, o que poderi ter pertencido a contextos genuinamence indigenas e o que deveri documentar u o s romanos. Para alfm do mais, a enorme desproporgiio entre objectos conhecidos em locais extensamente escavados e os registados em o u m paragens aconselha alguma prudsncia na valoriza@o de presengas e aussncias.

Tamb&m em outros locais parece evidente a rela@o entre exircitos e baixela metilica de bronze, como por exemplo, em V i e j a s del Tamuja, are pela proximidade relativamente a Ciceres, embora sem que parep poder defender-se a possibilidade de ali terem esracionado tropas; ou, por razires contextuais mais concretas, na Lomba do Canho, Arganil, Pedr20, Setkbal e Castelo da Lousa, Mouriio (Fig. 7). Assim, facilmente chegamos a uma verificaqso que me parece pacifica: a de que haveri locais onde o uso destes artefactos se encontrari intimamenre assodada a presenqa de romanos. Como padficaser& afinal, a conclusZo de que asua difuiio at& i Peninsula Ibirica e dentro dela, de tais objectos, se enquadra no mesmo movimento de artigos que para aqui rrouxe cerimicas fmas, inforas ou lucernas, ainda que o leque dos interessados neste conjunco de artigos seja potencialmente bastante diversificado - consumir vinho, MO 6 o mesmo que assimilar as priticas convencionais que, no seio das sociedades grega ou romana, enquadravam este consumo.

Poder-se-& e n m , supor que a presenp de elementos de baixela romana republicana em bronze significa, necessariatnente, presenp de romanos? ... NZo creio que a resposta a essa quest50 seja simples. Nem sequer um critkrio de diversidade/quantidade se poderi invocar, umavez que h i mais diversidade e quantidade, por exemplo, em Mesas do Castelinho, Almodirvar, do qoe no Castelo da husa , Mouriio, ou mesmo na h m b a do Canho, Arganil (para citar somente dois casos que tambim foram extensamente escavados), embora nos Faltem outros elementos que nos permitarn supor que naquele local se inscalaram romanos - falta, por exemplo, um abastecimento regular de moeda ou de lucemas, ainda que seja nitida a estreita relaq2o entre os seus habitantes e o mundo romano meridional. A resposta ser& por certo, ade que houve consurnos entre romanos instalados (militares ou outros), como houve consumos indigenas, n5o parecendo ficil o estabelecimento de urn critkrio de identifica@o/discin$io entre uns e oucros. Seguramente, uma dataq5o precisa dos diferentes conrextos, bem como a sua cuidada anrilise pode&o fornecer alguns dados mais concretos e, quem sabe se f u ~ a m e ~ ~ t e , determinar cronologias destes processes de assimilag5.0 culmrd e os modos em que os mesmos re processaram.

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Interessante seri, tambem, inquirir o que se bebia e de onde vinha aquilo que se bebia, umavez que as refercncias literirias aos povos do interior apresentam-nos como bebedores de bebidas fermentadas, B base de cereais ("cervejas") (Estrabao. III.3.7.); e nem os registos polinicos, nem a presenqa sigm6caciva de inforas importadas permite supor que estas Leas fossem produtoras de vinho ou o recebessem regularmente de ounas paragens. Neste particular, como j i houve ensejo de comentar, o Raso de Candeleda, ~v i la , constimi uma excepqZo, uma vez que a baixela medlica e os vasos de beber de "paredes fmas" surgem em associagZo a a registo de grainhas de was. Em suma, pode dizer-se que se identificou urn feixe convergence de elemenros profundamente "rornanizadores", em meados do s6c. I aC., entre populacdes francamente interiores. No entanto, a "fronteira cultural" entre o mundo das bebidas fermentadas, B base de cereais ("cervejas") e o do vinho 6 bastante plristica, como se pode ver, por exemplo, pelas esuuturas identificadas no santuirio de El Amarejo, Albacete, funcionalmente interpretadas como destinadas B produ@o de bebidas fermentadas de cereais (Broncano Rodriguez e Blinquez Perez, 1985; Alfaro Arlegui e Broncano Rodriguez, 1993) e geograficarnente simadas em uma irea onde se presume que o vinho constituiria j i um artigo nobre de consumo, por excel6ncia.

0 exemplo de El Amarejo parece-me particularmenre licil e insrmtivo, na medida em que nos alerta contra as generaliza$des apressadas. Insin- tambbm, uma interrogaq20, de momento, irrespondivel: a da possibilidade de recipientes de beber ou mesmo simpula e coadores se poderem relacionar com o consumo de bebidas outras, que nio o vinho. Como se compreenderi, creio que estas observaq6es sublinham a crucial importhcia que tem uma correcta consideraqzo dos contextos em que se enconnam os materiais, para melhor fundamentar as interpretaqces. No caso concreto das peqas conhecidas no espaqo hoje pormgu0s, h i que reconhecer que, em nenhum caso, se p6de determinar com seguranqa um context0 preciso de uso (entenda-se, no que importa para a identificaGo de qual seria a nacureza da bebida consumida); no entanto, as j i referidas escreitas ligagces enne a sua difusZo e a de outros artigos it&cos, como as inforas vinirias, aliada B consistente possibilidade de boa parte destas pqas estar relacionada com a presenqa de romanos, d i alguma verosimilhanga i hip6tese de se terem realmente destinado a consumos vinicos.

Assim, e i laia de conclus20, creio que se pode afirmar com alguma seguranqa que os elementos de baixela metilica de bronze, romanos republicanos, se encontram intimamente relacionados corn o processo de assirnilas20 cultural dos modos de vida romanos, independentemente de terem servido romanos, imigrantes itilicos ou de outras paragens (mas j i fortemente aculcuradas), ou mesmo as pr6prias elites indigenas, tambem eIas em acelerado processo de assimilagZo dos novos hdbitos sociais (entre os quais se encontrava nZo s6 o consumo do vinho, mas um context0 preciso para o mesmo, com a pan6plia de objectos que tal implicava). A baixela metiIica de bronze, enquanto conjunto de objectos utilitirios, encontra-se estrei- tamente relacionada com o consumo do vinho. N2o constimiam, por6m, os unicos artigos de importaqZo que lhe estavam associados. Anforas e outras cerSmica5, vindas da Peninsula ItiIica ou de ounas regides hispinicas j i "romanizadas" completavam o quadro; e, bem entendido, a sua presenga implicava transporte e aquisiqao, o que faz destes objectos elementos interessances para a aprecia~Zo do processo de extens20 da viticultura no ocidence, como em oucro local j i referi (FabiZo, 1998a). Como liltimo deralhe, relevance para o caso, pode referir-se que. em todos os locais onde Foram encontrados elementos de baixela metilica se encontraram tambkm inforas vinirias importadas, ainda que as quantidades registadas possam ser assinalavelmente distintas, em funqio das disdncias, relativamente ao litoral e aos portos de recep~so, i eficicia das redes de transporte terrestre e B pr6pria natureza do nlicleo receptor; bem entendido, sem esquecer as diticuldades de desloca@o que inforas ou copos e jarros implicam.

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