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CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO PORTAL DO SERTÃO Características do RN normal Para cuidar do recém-nascido, a enfermeira necessita estar ciente do desenvolvimento do bebê ao nascer, das várias transformações adaptativas que ele necessariamente precisará sofrer para ajustar- se à vida extra-uterina e de suas necessidades durante este período de adaptação. Adaptações biológicas no período neonatal: No útero materno, o feto dispõe de todas as condições imprescindíveis para seu desenvolvimento e sobrevivência. É mantido em uma temperatura ótima e uniforme e protegido contra esforços e danos. Quando nasce, o bebê emerge subitamente de um meio bastante protetor para um outro totalmente diverso. Para sobreviver, deve imediatamente, começar a viver como um ser independente que necessita primeiramente estabelecer ventilação pulmonar adequada e outras adaptações circulatórias acentuadas. A partir do nascimento até os 28 dias após o nascimento estabelece-se o período Neonatal, período este em que o RN passa por intensas mudanças adaptativas inerentes à esta fase, especialmente nas primeiras 24h de vida, também chamado de período de transição, na qual o RN realiza adaptações fisiológicas necessárias à transição da vida fetal à vida extra-uterina. As alterações mais importantes e intensas ocorrem imediatamente após

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CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAO PROFISSIONAL DO PORTAL DO SERTO

Caractersticas do RN normal

Para cuidar do recm-nascido, a enfermeira necessita estar ciente do desenvolvimento do beb ao nascer, das vrias transformaes adaptativas que ele necessariamente precisar sofrer para ajustar-se vida extra-uterina e de suas necessidades durante este perodo de adaptao.

Adaptaes biolgicas no perodo neonatal:

No tero materno, o feto dispe de todas as condies imprescindveis para seu desenvolvimento e sobrevivncia. mantido em uma temperatura tima e uniforme e protegido contra esforos e danos. Quando nasce, o beb emerge subitamente de um meio bastante protetor para um outro totalmente diverso. Para sobreviver, deve imediatamente, comear a viver como um ser independente que necessita primeiramente estabelecer ventilao pulmonar adequada e outras adaptaes circulatrias acentuadas.

A partir do nascimento at os 28 dias aps o nascimento estabelece-se o perodo Neonatal, perodo este em que o RN passa por intensas mudanas adaptativas inerentes esta fase, especialmente nas primeiras 24h de vida, tambm chamado de perodo de transio, na qual o RN realiza adaptaes fisiolgicas necessrias transio da vida fetal vida extra-uterina. As alteraes mais importantes e intensas ocorrem imediatamente aps o nascimento at a segunda semana de vida, prosseguindo em um ritmo mais lento nos meses seguintes.

Muitas alteraes adaptativas so necessrias vida extra-uterina, mas as do aparelho respiratrio e sistema circulatrio so de importncia capital e devem ser rpidas e radicais. As alteraes na funo de todos os outros sistemas corporais vo ocorrendo simultaneamente s varias adaptaes esperadas.

Os riscos que o recm-nascido corre no nascer e durante a sua adaptao vida extra-uterina podem ser antecipados e minimizados, bastando para isso prestar assistncia de Enfermagem dirigida no sentido de propiciar as condies mais favorveis possveis ao funcionamento normal, com um mnimo de esforo.

Caractersticas anatmicas:

O RN apresenta uma mobilidade incordenada: move todos os braos e pernas, vira-se, torce-se e treme. No sono, cessam todos esses movimentos. Chora ativamente quando est com fome e na presena de estmulos externos.

Atitude:

A atividade do RN lembra a posio fetal intra-uterina.

a) Nas apresentaes ceflicas: os membros inferiores e superiores esto em semi-flexo e apresentam posio recurvada.

b) Nas apresentaes plvicas: os membros inferiores esto em extenso, aplicados para diante do corpo, vindo os ps a tocar a cabea.

c) Nas apresentaes de face: a cabea est em hiperextenso, bastante reclinada para trs, postura recurvada em sentido contrrio ao normal.

Cabea:

a) Volume: o crnio do RN se destaca por suas propores em relao ao restante do corpo. O permetro ceflico mede mais ou menos 35cm e 2cm maior do que o permetro torcico (frmula para avaliao do permetro ceflico: metade do comprimento + 10).

b) Forma: bastante comum a forma ovide. Sua morfologia sofre alteraes ao passar pelo canal cervical, provocando acavalgamento das tbuas sseas. So observados trs tipos de sutura na juno desses ossos: frontoparietais, biparietais ou mediana e occiptoparietais. Ainda pode-se constatar a presena de Bossa Serossanguinolenta, que se apresenta como uma bolsa de secreo serosa que se forma sob o couro cabeludo do feto, em conseqncia do atrito com estruturas materna durante o parto.

c) Fontanelas ou Moleiras: so localizadas na cabea do RN, atravs da palpao. As principais so em nmero de duas: anterior ou bregmtica e posterior ou lambidide. So conceituadas como espaos cartilaginosos entre as tbuas sseas, que facilita o trabalho de parto, permitindo o amoldamento do crnio, conforme o canal vaginal, protegendo tambm o crebro do RN e permitindo o crescimento acentuado do crebro no perodo fetal at a ps-natal.

Face:

A face do RN pequena em relao ao crnio. Pode apresentar-se demasiada, com marcas conseqentes do parto, que regridem em poucos dias.

a) Assimetria: consiste na apresentao desigual do rosto, ou seja, um lado da face maior do que o outro, devido posio defeituosa na vida fetal ou como resultado de manobras obsttricas.

b) Olhos: permanecem fechados, a maior parte do tempo, nos primeiros dias. As plpebras apresentam-se, freqentemente demasiadas. As conjuntivas podem apresentar pequenos pontos hemorrgicos, sem significado clnico. Os superclios e clios so pouco ntidos, de fios curtos e delgados. O estrabismo comum e pode persistir at o sexto ms de vida.

c) Orelhas: so mveis e moldveis; sua insero deve estar ao redor da linha ocular.

d) Nariz: apresenta ponta arredondada e a base achatada.

e) Boca: o RN apresenta, normalmente, hipossalivao. Os lbios mostram o Tubrculo Labial no meio do lbio superior, bem desenvolvido. As gengivas so de colorao plida e sua borda livre pode ser serrilhada.

Pele:

Existem particularidades na pele do RN que identificam este perodo:

Vernix Caseosa: produto de secreo da pele durante a vida intra-uterina, recobre e protege a pele contra a macerao pelo lquido amnitico. Favorece o deslizamento do corpo na hora do parto e mantm a temperatura corporal da criana aps o nascimento. Alguns autores descrevem como sendo constituda de glicerina, gorduras, matrias proticas e colesterina, plos e resduos epidrmicos. A pelcula lipide reabsorvida nas primeiras horas de vida.

Cor: a colorao da pele do RN varivel. Quando nasce, este apresenta uma cor fracamente avermelhada (Eritrodermia Neonatal). Essa colorao se d devido ao nmero excessivo de glbulos vermelhos na circulao e tende a diminuir esta colorao, devido a m circulao perifrica em conseqncia da diminuio do retorno venoso ; apresentam cianose transitria que desaparecem com o aquecimento.

Manchas:

Pode apresentar manchas diversas:

As equimoses so freqentes e a localizao depende da apresentao na hora do parto.

Ectasias venosas ou nevos maternos: so avermelhadas disseminadas, no salientes. Principalmente na fronte, plpebras, lbios e nuca.

Mancha monglica: azul-arroxeada, que se localiza na regio sacrolombar.

Millium Sebceo: pequenos pontos brancos, ligeiramente salientes localizados na asa do nariz.

Eritema txico: pequenas leses eritemato papulossas esparsas, disseminadas no tronco e abdome.

Descamao Fisiolgica:

Ocorre nos primeiros 15 dias de vida. Pode estender-se at o final do primeiro ms. a descamao da pele em pequeninas lminas, enroladas e orientadas no sentido do eixo longitudinal do corpo, ora em verdadeira poeira furfurcea. encontrada geralmente no abdmen, trax, ps e mos.

Lanugem:

Pelugem fina e longa que aparece com freqncia em RN termo e mais ainda em prematuros. Encontrada no dorso, face e orelhas.

Ictercia fisiolgica:

Surge nos primeiros dias de vida, devido a hemlise da hemcias resultando na liberao de bilirrubina no sangue (pigmento amarelo). Essa bilirrubina livre no sangue, deve ser eliminada pelo fgado. Como o RN apresenta uma imaturidade heptica transitria, ele no o faz pela via heptica, sendo feita atravs da pele, urina e fezes.

Ictercia patolgica:

Ocorre quando a me apresenta o fator ABO incompatvel como o do feto. Caso a me apresente fator Rh negativa e tem um filho positivo, os anticorpos do sangue da me atingem o feto e este nasce apresentando hemlise muito acentuada, precisando em alguns casos de transfuso sangnea e tratamento mdico imediato.

Unhas:

Ultrapassam a ponta dos dedos. Nas crianas de cor negra, as bordas ungueais apresentam-se hiperpigmentadas.

Pescoo:

Apresenta-se curto e com mobilidade.

Trax:

simtrico, e de forma cilndrica, largo na sua base, com as costelas em posio prxima horizontalidade. Pode ser visualizado tumefao das glndulas mamrias, podendo persistir por algum tempo devido a alterao hormonal. O permetro torcico mede aproximadamente 34 cm.

Abdmen:

saliente e globoso. A parte superior maior que a inferior (hepatoesplenomegalia fisiolgica). A poro do cordo umbilical geralmente de aspecto branco-gelatinosa, com dimetro varivel. A mumificao e a queda do coto umbilical ocorrem normalmente nas duas primeiras semanas aps curativos com lcool absoluto que proporcionando a desidratao do coto umbilical.

Coluna vertebral:

reta, com discreta cifose dorsal. As curvaturas vo aparecendo medida que a criana progride no seu desenvolvimento motor.

Genitais:

Nos meninos pode ocorrer edema testicular pela presena de lquido na bolsa escrotal, que regride espontnea em poucos meses. Em geral o pnis apresenta aderncia entre a pele do prepcio e a glande.

Nas meninas, os grande e pequenos lbios vaginais apresentam-se edemasiados, principalmente quando se trata de parto plvico. Os pequenos lbios e o clitris so proeminentes; pode apresentar sangramento ou secreo vaginal esbranquiada e translcida que cede em poucos dias.

Membros:

So curtos em comparao ao tronco e fletidos sobre o torax e as pernas so ligeiramente curvas e fletidas sobre o abdmen. As pregas cutneas, o panculo adiposo e tnus muscular do idia do estado nutritivo do RN.

Edema:

Geralmente localizado na fase, dependendo da apresentao fetal no momento do parto. Regride espontaneamente, em poucos dias.

Peso:

O RN a termo pesa, em geral, entre 3000 e 3500g.

Comprimento:

Em geral, o comprimento do Rn se aproxima de 48-50 cm.

Carctersticas fisiolgicas do RN:

Sistema nervoso:

O crebro do recm-nascido acha-se em um perodo de crescimento rpido por ocasio do nascimento. As clulas nervosas, denominadas neurnios, so formadas entre 10 a 18 semanas de gestao. Nas semanas e meses imediatamente aps o nascimento, o crebro cresce rapidamente e ocorrem muitos processos funcionalmente importantes. medida que prossegue o desenvolvimento neuro- motor, movimentos generalizados so substitudos por respostas individuais especficas.

Reflexos:

O beb nasce com certos reflexos que devem ser avaliados como evidncia do desenvolvimento normal. Sua presena ou ausncia e o perodo em que aparecem ou desaparecem so indicativos de progresso. A maneira como se expressam fornece evidncias sobre o funcionamento do SN. Por exemplo, um reflexo fraco ou ausente pode indicar a presena de leso do sistema nervoso central.

Reflexo de Moro ou do abrao:

O reflexo de Moro um reflexo vestibular que demonstra uma conscincia de equilbrio do RN. Considerado como um reflexo de defesa deve ser testado com o beb deitado e calmo. Um estmulo sbito, provoca a resposta imediata. O beb enrijece o corpo, ergue as pernas, levanta e abre os braos, trazendo-as depois para a frente como em uma posio de abrao. Alm disso, pode-se observar, que ele tambm flexiona o polegar e o indicador de cada mo, formando um C, e estende os dedos restantes. O beb freqentemente chora aps esse gesto de abrao.

O reflexo de Moro normalmente modifica-se do 3 ao 4 ms, e desaparece a partir do 6 meses de vida.

Reflexo do pescoo:

O reflexo tnico do pescoo um reflexo postural no qual o beb assume uma posio defensiva. Se esse reflexo estiver presente, notaremos que, quando o beb, deitado de costas , vira a cabea para um lado, o seu brao e a perna do mesmo lado para onde voltou a cabea so parcial ou completamente estendidos, e que o brao e a perna opostos se flexionam. O reflexo tnico do pescoo desenvolve-se no feto por volta de 28 semanas e desaparece no neonato em torno de dois ou trs meses.

Reflexo de rotao da cabea:

Se a cabea de um beb saudvel a termo for voltada para um lado, o tronco a acompanhar. Os receptores do reflexo de rotao da cabea esto localizados nos msculos e articulaes do pescoo. O reflexo acha-se presente ao nascimento e mais acentuado por volta dos trs meses. o primeiro dos vrios reflexos que ir auxiliar o beb a restaurar a posio normal da cabea e do tronco.

Reflexo de preenso:

O reflexo de preenso acha-se presente em ambas as mos e ps. O beb segurar um objeto colocado em suas mos, mantendo-se firme por um curto perodo de tempo, e ento o largar. mais acentuado em bebs a termo, diminui por volta dos dois meses e geralmente desaparece aos trs meses.

Reflexo de trao:

O reflexo de trao pode ser facilmente testado ao mesmo tempo que o de preenso. Aps o beb ter segurado os dedos do examinador com ambas as mos, ele gentilmente puxado para uma posio sentada. O examinador utiliza seus outros dedos para auxiliar a preenso do beb. Um beb vigoroso, demonstrar possuir tnus de flexo nos braos flexionando os cotovelos, e ter certa capacidade de sustentao da cabea no a deixando pender completamente; segurar firmemente o dedo do examinador.

Reflexo de fuga ou Babinsky:

E considerado um reflexo de fuga (a estmulos desagradveis) acha-se bem desenvolvido em todo beb saudvel, a termo ou prematuro. Est presente em todos os pontos da pele, mas mais facilmente verificado por estimulao nos ps.

Reflexos de rastejamento e da marcha automtica:

Para verificao deste reflexo, o beb erguido por ambas as mos do examinador, colocadas sob seus braos e em torno do trax.

O beb a termo alerta, far o movimento de rastejamento quando colocado sobre o abdmen e movimentos de marcha quando mantido em uma posio ereta, curva-se levemente para a frente, com os ps tocando a superfcie de uma mesa. Estes reflexos tambm esto presentes no prematuro, mas so fracos, e o beb anda na ponta dos ps. Este reflexo desaparece por volta de 3 a 4 semanas de idade.

Reflexos alimentares:

Reflexo perioral ou dos pontos cardeais este reflexo observado quando o beb procura o alimento, sendo estimulado sempre que a bochecha tocada com a mo, o mamilo da me ou outro objeto podendo ser verificado uma mudana na posio da boca do RN em direo ao estimulo.

Reflexos de suco, deglutio e farngeo:

Os reflexos de suco, deglutio e farngeo, responsveis pela chegada do alimento ao estmago, esto ativos em todos os bebs a termo mas podem ser facilmente ou descoordenados em bebs prematuros.

Aparelho digestivo:

Imediatamente aps o nascimento a atividade digestiva est em condies de funcionar.

Digesto bucal: quase nula nos primeiros meses. A quantidade de secreo salivar escassa, bem como muito pobre em ptialina, enzima que mais tarde estar presente na saliva atuando na digesto dos carboidratos;

Digesto gstrica: observa-se a posio quase vertical do estmago e o pouco desenvolvimento da grande curvatura. A capacidade do estmago de 30 a 50 ml em mdia, sua musculatura pouco desenvolvida e a camada mucosa, apresenta clulas de revestimento e glandulares pouco diferenciada resultando em um poder secretrio deficiente, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. A alimentao com leite humano sofre digesto gstrica no final de 1h45min a 2h, e a alimentao artificial somente aps 2h30min a 3h. O pH do estmago ao nascimento neutro e algumas horas aps torna-se muito cido:pH=1,5, em mdia;

Digesto intestinal: o intestino do RN apresenta particularidades, como o tubo digestivo intestinal, proporcionalmente mais longo quando comparado com a do adulto, bem como modificaes nas pores finais do intestino onde destaca-se um acentuado desenvolvimento da ala sigmide, cuja localizao mais abdominal do que plvica. A estrutura da mucosa intestinal evidencia a escassez de glndulas e deficincia enzimtica, ainda grande vascularizao das vilosidades e falta de mielinizao de um grande nmero de vasos;

Fezes: ao nascer, o intestino do RN contm de 60 e 200g de material viscoso, verde-escuro quase negro, em cuja composio entram mucopolissacardeos, poucos lipdeos e substncias nitrogenadas no-proticas, chamada mecnio. Em geral, nas primeiras 24 horas de vida, certa quantidade eliminada e, aps quatro e cinco dias, as eliminaes tornam-se um tanto liqefeitas e heterogneas, designadas fezes de transio, para em seguida assumirem o aspecto pastoso e colorao amareladas, consideradas normais para o lactente.

Tubo digestivo: as enzimas gastrointestinais so adequadas, exceto para a digesto do amido. A amilase pancretica permanece deficiente durante meses. O glicognio heptico est baixo.

Sistema sensorial:

Tato: presente ao nascer, mais intensamente na face e nos lbios. A resposta a qualquer estmulo e maior na pele, apesar de incoordenada, demonstra sensao de toque;

Olfato: existe evidncia de olfato rudimentar ao nascer. Lentamente este se desenvolve, de acordo com as experincias vividas;

Paladar: presente ao nascer. Para alguns autores, o RN distingue o sabor doce e o amargo, pela manifestao de agrado ou desagrado;

Audio: presente ao nascer, com franca resposta a rudos fortes;

Viso: presente e rudimentar, com percepo de claridade e obscuridade. No existe coordenao motora do globo ocular e a focalizao retardada.

Aparelho Circulatrio:

Para garantir a vida do RN, logo aps o nascimento, todos os sistemas corporais necessitam ser ajustados. No perodo de transio o sistema Crdio Pulmonar passa por profundas mudanas logo que o cordo umbilical clampado; a circulao fetal converte-se em circulao neonatal, garantindo ao neonato a circulao pulmonar, necessria sua sobrevivncia.

Sabemos que o aparelho circulatrio do RN sofre adaptaes anatmicas e funcionais desde a vida intra-uterina at alguns meses aps o nascimento. A circulao fetal e a neonatal diferem inteiramente uma da outra, e conhecer a fisiologia de ambas importante para a melhor compreenso das particularidades do RN.

Durante a vida fetal a placenta serve como rgo de troca de nutrientes e eliminao de excretas, entre organismo materno e feto; o ducto venoso liga a veia cava inferior veia umbilical, permitindo que grande parte do sangue proveniente da placenta passe a irrigar o fgado. Portanto o forame oval e o ducto arterioso conduzem a maior parte do sangue para fora do pulmo e o encaminha para a aorta para suprir o tronco, MMII, de oxignio e nutrientes.

Vrios so os estmulos que contribuem para que o neonato realize sua primeira respirao. A asfixia o estimulo mais importante para que a respirao deste se estabelea, entretanto, outros estmulos como os bioqumico(Hipxia, acidose) sensoriais (luzes fortes, toque, dor) trmico ( perda de calor) e mecnico( compresso torcica) tambm contribuem para a realizao desse processo

Aps o nascimento, o corte do cordo umbilical, determina uma diminuio das trocas gasosas com uma diminuio arterial de oxignio e consequente aumento da concentrao de dixido de carbono, ocasionando hipxia e hipercapnia, refletindo-se em um pH cido (acidose). medida que esta estimulao aumenta, impulsos eferentes se dirigem ao diafragma, contraindo-o; a presso negativa intratorcica que se estabelece, suga ar para dentro dos pulmes, aumentando o volume intratorcico. medida que a saturao de oxignio aumenta e a concentrao de dixido de carbono diminui, ocorre o decrscimo na resistncia vascular pulmonar leva a um fluxo sangneo pulmonar aumentado, estabelecendo-se assim a respirao pulmonar.

Portanto, para o estabelecimento da respirao, primeiramente ocorre uma ao mecnica, comprimindo o trax do RN ao passar pelo canal de parto, ocasionando a remoo de lquido pulmonar atravs das narinas e da boca; neste momento ocorre uma retrao elstica puxando em mdia de 7 a42 cc de ar para dentro dos pulmes, substituindo o fluido que foi expelido pelos pulmes e provocando ligeira tosse no RN. Ao mesmo tempo a respirao glossofarngea provoca a contrao muscular involuntria, puxando mais de 5 a 10cc de ar para dentro dos pulmes; em seguida a mudana de gradiente de concentrao de gases sanguneos aliado a estmulos como a luz forte, toque, alteraes trmicas causada pelo aumento do gasto energtico determina o incio e execuo da respirao efetivamente.

Ciclo neonatal: com o nascimento, a circulao placentria eliminada. Ocorre o fechamento funcional dos ductos venoso e arterial bem como do forame oval. Com a obliterao do canal venoso e incio da circulao pulmonar, diminui o retorno venosa atravs da veia cava inferior aurcula direita, ao passo que aumenta o fluxo aurcula esquerda proviniente dos pulms. Com o predomnio da presso auricular esquerda, d-se o fechamento funcional do forame oval. O ducto arterioso se contrai com o aumento da oxigenao do sangue nos pulmes, e aos poucos se oblitera. So necessrios alguns meses para que a circulao se processe adequadamente.

Circulao perifrica: lenta e o plasma passa para os interstcios celulares causando hemoconcentrao com deficincia do retorno venoso.

Pulso: varia muito ao nascer (150-180 batimentos por segundos), caindo na primeira hora para 130-140 batimentos por segundo, podendo ser modificadas atravs do choro, atividade, sono e repouso.

Presso arterial: 80 por 40 mmHg

Respirao: logo ao nascer 45 a 50 por minuto, diminuindo para 35 por minuto.

Sistema endcrino:

No perodo de ajustamento via extra-uterina, o RN apresenta uma srie de distrbios endcrinos funcionais, entre eles, destaca-se a crise puberal do neonato.

Caracteriza-se pela tumefao das mamas, que se tornam duras e dolorosas, podendo em alguns casos aparecer um lquido branco-amarelado espesso em ambos os sexos. Alguns autores acreditam que esta crise seja desencadeada pela passagem de hormnios estrognios para o organismo do RN. Em alguns casos, ocorre ainda a edema escrotal no sexo masculino e hiperpigmentao dos genitais em ambos os sexos.

Aparelho respiratrioNa respirao fetal enquanto os pulmes permaneciam sem funo a placenta promove a renovao do sangue. Com a seco do cordo umbilical o RN precisa oxigenar seu sangue e os tecidos. Com a primeira inspirao se faz a respirao pulmonar, ainda imperfeita e irregular. A natureza dotou o Rn de clulas que trabalham a um baixo nvel de oxignio, durante os primeiros minutos de vida. Segundo Gesteina, existem trs mecanismos aparentes na fase de transio da respirao placentar para a respirao pulmonar: a concentrao de monxido de carbono no sangue, ocasionada pela interrupo da chegada de oxignio placentar, excitar os centros bulbares e colocar a caixa torcica em funcionamento; por outro lado, a simples baixa de oxignio sangneo teria o mesmo papel desencadeante: finalmente o contato do feto com o meio ambiente o outro mecanismo necessrio ao funcionamento pulmonar. Existem casos em que a expanso pulmonar no se completa aps o nascimento, precisando de alguns dias para se efetuar.

a) Freqncia respiratria: 55 por minuto nas primeiras horas, caindo para 45 no final de poucos dias.

b) Tipo respiratrio: varivel e irregular. Tendo como musculatura abdominal grande importncia na mecnica respiratria do neonato.

Sistema urinrio:

A funo renal tem incio desde o perodo fetal, fazendo com que o RN apresente certa quantidade de urina na bexiga ao nascer.

a) Qualidade de urina: 30ml por mico podendo alcanar 60 vezes em 24 horas.

b) Aspecto da urina: plida, transparente e de densidade baixa, podendo apresentar uma colorao avermelhada, devido a eliminao de uratos.

Sistema hematopotico:

Durante a vida fetal, o nmero de eritrcitos no sangue aproximadamente um milho mais elevado e cada glbulo contm mais hemoglobina do que na vida neonatal. Antes do nascimento os glbulos vermelhos so produzidos pelo fgado, bao e medula ssea. Aps o nascimento, os glbulos vermelhos produzidos por estes rgos tem sua quantidade diminuda e a funo hematopotica passa a ser exercida pela medula ssea.

Com o nascimento, o RN j no necessita de grande quantidade de eritrcito, pois tem incio a respirao pulmonar.

a) Glbulos vermelhos:

Ao nascer: alcana cerca de 8 milhes (eritrcitos)

Aps quinto dia: diminui abruptamente para 5 milhes.

Obs: dentre os eritrcitos observa-se a presena de eritroblastos.

b) Glbulos brancos:

Ao nascer: leucocitose pode alcanar 25.000.

Aps o quarto dia: diminui abruptamente para 10.000 que fica por toda infncia.

c) Outros: o nmero de plaquetas e o tempo de coagulao igual ao dos adultos. Entre o segundo e o quarto dia h uma hipoprotrombina que poder resultar em sangramento logo aps o nascimento, que deve ser prevenido pela aplicao de dose nica de vit. k, via IM.

Sistema Imunolgico

Apresenta-se desenvolvido ao nascer, e tanto o feto como o RN podem responder normalmente a uma grande variedade de anticorpos.

Clulas e funes do sistema imunolgico existem na vida fetal e so ativados aps o nascimento, pela maior interao do RN com o meio ambiente. Os RN adquirem anticorpos atravs da placenta no perodo fetal e do leite materno aps o nascimento.

Sistema termorregulador:

O sistema termorregulador do RN assemelha-se com o do adulto.

O mecanismo regulador central est localizado na rea do hipotlamo e podem ser parcialmente ou totalmente inativado por drogas, doenas, mal formaes, traumas e asfixia.

A dificuldade em manter a temperatura corporal do RN est relacionado ao isolamento trmico (pouco tecido cutneo), pequena massa muscular e grande rea superficial. Por isso o RN no suporta grande variao de temperatura, sua faixa de neutralidade trmica muito estreita e no existe uma temperatura tima. A temperatura tima de certa forma e uma faixa de normalidade na qual o RN apresenta uma taxa metablica mnima por controle vasomotor, transpirao e postura.

Caractersticas psicossociais:

A enfermagem compete ter sempre em mente, ao prestar a sua assistncia e ao orientar as mes, que o recm-nascido depende dos adultos para satisfazer muitas das suas necessidades bsicas e sobreviver fsica, psquica e socialmente.

Atender a essas necessidades: biopsicossociais e espirituais uma tarefa da maior importncia para seu bem-estar.

A criana nasce com capacidade auto-reguladora que deve ser respeitada, pois cada beb um ser nico, experincia que a natureza no repete. No existem duas crianas iguais, pois diferem fsica, emocional e mentalmente. Assim, cada RN necessita de cuidados, de um esquema de atendimento e de horas estabelecido a partir de um conhecimento adquirido e baseado na observao da prpria criana.

Assim, desde o nascimento o RN um ser que deve ser considerado em toda a sua individualidade, pois tem necessidades prprias que variam em intensidade, ritmo e expresso, bem como na maneira de reagir frente a dor e ao prazer.

Somente atravs da observao do beb ser possvel proporcionar-lhe maior satisfao em suas necessidades bsicas. Cada beb tem sua estrutura: h os que respondem rapidamente a qualquer estmulo externo ou interno, enquanto outros o fazem mais lentamente. Alguns so vigorosos ao externar suas respostas, outros so calmos, pacficos e at inativos.

Um beb poder dormir calmamente durante o banho ou pesagem, outro dar sinais de desconfortos ao simples ato de tirar-lhe a roupa e coloc-lo na balana. Alguns exigem um manejo suave e gentil para prevenir reaes e tenses, enquanto se adaptam vida extra-uterina; outros demonstram uma adaptao bem mais fcil.

Sobrevida neonatal:

O prognstico de sobrevida para um determinado RN depende de diverso fatores:

a) Idade gestacional: o risco de mortalidade aproximadamente reduzida metade para cada duas semanas acrescidas idade gestacional aps 28 semanas.

b) Peso ao nascimento: as crianas pequenas para a idade gestacional e as grandes para essa idade apresentam risco aumentado de mortalidade.

c) Nascimentos mltiplos: a mortalidade maior do que nos simples: o gmeo que nasce em segundo lugar tem um risco de mortalidade superior ao que nasce em primeiro lugar.

d) Idade materna: o risco de mortalidade neonatal aumenta quando as mes so muito jovens e quando muito idosas.

e) presena de condies ameaadoras manifestas ao nascimento: anomalias congnitas graves, eritroblastose fetal, hemorragias, infees congnitas adquiridas etc.

Morbidade neonatal:

O risco de morbidade neonatal aumenta por todos os fatores que elevam o risco de mortalidade, bem como pelos fatores de alto risco obsttrico hemorragias pr-parto, diabetes, toxemia, etc.).

Referncias:

ALCNTARA, Pedro de. Pediatria Bscia. 4. ed. So Paulo: Savier, 1974.

ZIEGEL, Erna E.; CRANLEY, M. S. Enfermagem Obsttrica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.