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Capítulo 1

Invenção Nº211 (Invenção contra branquinhos Nº27)

Já havia perdido a conta e não estava mais aguentando aqueles ratinhos. Não podiam ser mais inteligentes do que vovô e eu juntos! De novo, a nossa pequena caixa estava vazia - esses eram os primeiros ratos inteligentes que eu havia visto – principalmente, os primeiros que eu havia notado que agiam em conjunto. Nunca havíamos conseguido pegar os três que caminhavam livremente pela fábrica. Eles pareciam se ajudar; quando um deles era pego, os outros dois, sentindo que teriam uma baixa, apareciam do nada para ajudar o amigo preso. - Desisto. – Falei, vendo falhar mais uma de minhas armadilhas seguras, que apareceu com uma parte mordida, mas sem nenhum rato por dentro. - Não precisa ficar tão nervosa, Helena, venha, vou te ajudar. – Vovô Giuliano falou, pegando a pequena armadilha mecânica que eu havia inventado. - Primeiro, vamos fazer alguns ajustes e voltaremos a perseguir os ratinhos... - Mas vovô.... - Lembra quando você era pequena? - Claro que lembro, nunca desistir, mas vovô, já estou cansada. - Também sempre te disse que cada invenção que não dá certo, é mais um passo para uma próxima ainda melhor. - Já falhei demais. - Não se preocupe, vamos! Começamos a andar novamente pelos corredores da fábrica, até finalmente chegarmos no pequeno escritório, onde estava a mesa do computador do vovô e a pequena escrivaninha de nossas pequenas invenções. Já havíamos inventado várias coisas, desde vulcões com lavas de chocolate até pequenos palcos com bonecos que dançavam. Toda vez que fazíamos invenções, desenhávamos e planejávamos em nosso pequeno tablet como a invenção iria funcionar – fora um presente que vovô havia me dado no Natal e que estava no meio de muitos pregos, gongos e fios espalhados pela mesa de engenhocas. Coloquei a minha pequena caixa de madeira roída na mesa de construção e me sentei na pequena cadeira de escritório, sem a menor vontade de fazer outra invenção. - Venha, Helena. – Vovô Giuliano sentou-se ao meu lado, trazendo, novamente, na minha frente, a pequena caixa mecânica na qual havia feito uma pequena alavanca para fechar assim que houvesse um determinado peso sobre ela. Havia feito três delas, mas em nenhuma os ratos ficaram, eles sempre fugiam. – Olha bem aqui. – Vovô Giuliano apontou para o pequeno buraco da caixa, juntamente com um dos fios vermelhos roídos. – Esses fios soltos aqui, os ratos vão roer. Essas armadilhas não podem ficar muito tempo desatendidas. - Mas... - Vamos pensar em uma solução. Venha, a primeira coisa é não desistir; agora, vamos ver as antigas armadilhas e melhorá-las.

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Como sempre, paciente, vovô Giuliano abriu o pequeno tablet e começamos a analisar os nossos antigos projetos, cada um mais atrapalhado que o outro. As armadilhas eram desde as mais simples, como colocar comida debaixo de uma caixa, até as mais complexas, como colocar luzes fortes espalhadas no chão, para espantar os ratos, mas eles haviam voltado dois dias depois. Nós mesmos havíamos construído as lâmpadas. Quando essas luzinhas começavam a deixar meus pensamentos fugirem para longe, uma ideia voou sobre minha cabeça. Aos poucos, vovô se propôs a me ajudar a pensar em uma nova armadilha. Dessa vez, envolvia a esteira da fábrica, dois fios de barbante e uma pequena campainha. Não demorou muito para fazermos a mais nova invenção: armadilha de rato 2000, foi como apelidamos. Agora, com certeza, iria dar certo. Não tinha como dar errado - com a ajuda de vovô Giuliano ainda mais presente em meus planos, tudo estava perfeito.

- Muito bem, Helena, dessa vez você vai conseguir. – Vovô me elogiou quando finalmente terminei de desenhar todos os detalhes da invenção e em pouco tempo começamos a preparar a fábrica para capturarmos os ratos. Vovô Giuliano começou a ligar as esteiras, enquanto eu colocava os pequenos queijos sobre ela e a pequena caixa que se fechava com pressão. Prendemos os pequenos barbantes sobre a caixa e fizemos um pequeno caminho elevado para levar a caixa até outra esteira, que a levaria direto para o escritório e em minhas mãos. Vovô Giuliano havia feito uma pequena alavanca automática para os barbantes se acionarem sozinhos, quando a caixa fosse fechada - ele realmente era demais! Quando finalmente estava tudo pronto, vovô e eu fomos ao escritório, quase como duas sombras, com medo que os ratos nos vissem. Aqueles pequenos animais eram tão inteligentes que tinha receio deles perceberem que estávamos planejando alguma coisa. Desliguei as luzes do escritório e fiquei agachada com o vovô, observando as esteiras pela pequena janela do escritório, que dava para a fábrica. Finalmente, iria conseguir tirar os pequenos ratinhos da fábrica do vovô.

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Mesmo com as luzes desligadas, consegui ver os três ratinhos brancos que começavam a subir na pequena esteira da fábrica de campainhas do vovô. As janelas ainda iluminavam o grande lugar. Fiquei animada quando os ratos começaram a comer os pedacinhos de queijo que eu havia deixado na esteira e foi nesse momento que apertei o botão para fazê-la funcionar. Olhei para o vovô, que sorriu para mim, tão animado quanto eu. Os ratinhos estavam mais preocupados em se empanturrar do que com o que estava acontecendo com a esteira e quando, por fim, entraram na pequena caixa de acrílico, dei um grito de alegria. - Eles entraram! – Falei, abraçando o vovô. - Viu? Você sempre consegue o que quer, basta tentar. – Vovô me colocou em seu colo, enquanto víamos os ratinhos dentro da caixa começarem a subir pelo pequeno barbante e a seguir caminho para a outra esteira. - Senhor Giuliano! – De repente, a porta da fábrica se irrompeu com força e o grande, gordo e redondo faz tudo da fábrica entrou na área das esteiras, deixando os pequenos ratos brancos agitados, na caixa. - Vovô.... - Não se preocupe, vai dar tudo certo. – Meu avô me assegurou, enquanto eu via os ratos ficarem ainda mais nervosos, com a gritaria do grandão, que procurava por meu avô. Quando estava tudo quase dando certo, eu consegui ver o barbante branco começando a se arrebentar e antes que conseguisse entender o que estava acontecendo, os três ratos brancos caíram sobre o faz tudo, que começou a berrar, apavorado. - O que é isso? – Ele gritava. – São esses ratos, de novo? Sr. Giuliano? Eu e vovô nos entreolhamos e demos uma pequena risada. - Fique aqui Helena, vou falar com ele. – Concordei com a cabeça, enquanto via vovô sair pela porta do escritório, mas como estava curiosa, eu o segui. - Sr. Giuliano, não dá mais. – O grande homem falou com meu avô. – Vamos chamar os exterminadores, temos mais três fios roídos.... - Está falando que três ratos são mais inteligentes do que eu? – Vovô perguntou, com tranquilidade - eu nunca o vira perder a calma. – Sabe que eu fiz três faculdades e ainda estou fazendo cursos avançados de energia? E você acha que eu vou perder para três ratos, ou melhor, que minha neta vai perder para esses três roedores? José, já te falei, não vou trazer exterminadores para a fábrica, o lugar vai ficar caótico. - Mas seu Giuliano... - Vamos, José, não se preocupe tanto, eu realmente gosto que cuide tão bem da fábrica, mas são só alguns fios soltos. - Por enquanto. – José falou, nervoso; ele realmente odiava ratos. - Seu José! – Corri para o lado do meu avô, um pouco assustada, aquele homem grande me metia um pouco de medo; seu rosto largo e redondo estava sempre vermelho, parecendo um pimentão e eu nunca gostei de pimentão. – Prometo que vou pegar os ratos, por favor. Ele me encarou, um pouco irritado, bufou e saiu batendo a porta. - Falei para você me esperar lá em cima. – Vovô disse, me pegando no seu colo. - Mas ele sempre está bravo... Vovô, você não vai chamar os exterminadores, não é? Eu sei que os ratinhos atrapalham a fábrica, mas...

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- Helena, eu te prometi que eles iriam sair vivos dessa fábrica e é isso que vamos fazer - por que acha que eu prendi os gatos da fábrica? Sorri para vovô e o abracei. - Agora, vamos voltar para... - Helena, Giuliano?! – Imediatamente, reconhecemos a voz alta e cheia de vida que passava pelas portas: era a vovó - saltei dos braços de vovô e fui correndo para ver a vovó, que entrava na fábrica com uma cara um pouco confusa, principalmente por ver os barbantes e a caixa de acrílico quebrada no meio do chão. – O que aconteceu aqui e por que José está tão nervoso, Giuliano? - Não sei. – Vovô deu de ombros e sorriu para mim, dando uma pequena piscadela e eu sabia: caçar os ratos era o nosso pequeno segredo; também porque se vovó soubesse, ela com certeza não iria gostar e não queríamos chatear a vovó. – Ele está em um mau dia. - E o que é isso, no chão? - Nossa nova invenção. – Falei, animada. - Mas... - Vamos, vovó, você prometeu que iria me levar para almoçar. Vovó concordou em me acompanhar para fora da fábrica e começou a me falar sobre os diversos restaurantes que poderíamos ir. Vovô Giuliano veio logo atrás. Ele sabia que mesmo dando uma pausa nos meus planos de capturar os ratos, ainda teríamos outras oportunidades - porque se tinha uma coisa que eu adorava fazer, eram essas muitas invenções com vovô Giuliano e como ele mesmo disse, eu não iria desistir até conseguir.

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Capítulo 2

Invenção Nº212 (Invenção contra branquinhos Nº28):

Voltei para a fábrica, como fazia todo sábado, e dessa vez vovô já me esperava, sentado no seu grande computador branco. - Vovô! – Fui correndo para o seu colo. – O que estava fazendo? - Fazendo os mais novos cálculos para nossa nova invenção! – Ele rodopiou comigo na cadeira e ri alto. – O que acha de usarmos dessa vez a parte de estoque da fábrica? - Acho ótimo, vovô. - Bom, vou deixar vocês dois sozinhos. – Vovó falou na porta, sorrindo. – Tenho que fazer algumas coisas e depois eu venho pegar vocês para almoçar. Dessa vez, Giuliano, sem tanta bagunça, por favor. Sorrimos para a vovó, que saía. Rimos, já em direção da nossa pequena mesa de invenções. - Venha, pegue o necessário e vamos para o estoque, vou te dizer os detalhes no caminho. – Sorri, animada, peguei meu tablet de trabalho, alguns papéis, canetas e adesivos; sempre precisávamos disso para fazer contas, rascunhos e, obviamente, desenhos bonitos. – Não está esquecendo de nada? - Claro. – Logo lembrei. – Minha caixa de som! Não dá para trabalhar sem música. Fomos até o estoque, onde ficavam todas as campainhas que a fábrica de vovô produzia, para depois serem entregues, e começamos a subir as escadas para dar acesso ao grande caminho elevado. Parecia que estávamos flutuando pelas caixas, ao andar por aqueles caminhos de metal, de onde podia-se ver as inúmeras caixas embaladas e até os pequenos carrinhos que andavam pela fábrica. Corria pelos caminhos, até chegarmos na pequena cápsula - era como eu chamava o pequeno escritório daquela parte da fábrica, porque além de não ter uma única parede que não fosse de vidro, ficava bem no centro do estoque e todos os caminhos de lá davam acesso àquele pequeno e oval escritório. Entramos e a primeira coisa que fiz foi colocar minha música, animada e alegre, para trazer energia ao nosso trabalho e, em seguida, comecei a pensar na nossa nova invenção. - Já sei, por que simplesmente não prendemos a caixa no chão? - Já fizemos isso... – Vovô Giuliano falou e eu bufei. - Mas é uma boa ideia. - Sim, mas não vamos fazer a mesma coisa de novo, se a primeira deu errado. – Ele me aconselhou. – Como inventores, não podemos ter sempre as mesmas ideias, nosso trabalho é sempre inovar. Suspirei e comecei a virar a cadeira no ritmo da música, foi quando me veio a ideia. - Já sei! E se fizermos uma caixa musical? – Perguntei, animada, e meu avô me encarou, surpreso. - Como assim?

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- Vamos fazer como no conto que vovó me leu, onde tinha o flautista que acalmava os ratos. – Disse, animada. – Seu José agitou os ratinhos da última vez e por isso o barbante arrebentou, e se dessa vez colocarmos algo para eles não ficarem agitados na caixa, como música?! - Brilhante! – Meu avô falou, animado. – Agora, me fala como você quer que... Vovô parou de falar repentinamente e eu acompanhei seus olhos e vimos José no chão do estoque da fábrica agachado, como se tivesse colocando algo no chão. Saímos do pequeno escritório. - José, o que você está fazendo? José gritou com o susto e percebi que ele escondia algo em suas costas. - O que você está escondendo? – Vovô insistiu. - Nada, seu Giuliano... - José, são ratoeiras. – O grande homem não falou nada. – Eu sei que não gosta dos ratos, mas alguém pode entrar e.... Antes que meu avô terminasse de falar, José começou a olhar fixamente para alguma coisa. - Os ratos, estão roendo agora as embalagens! – O homem gritou furioso e quando me virei, vi um dos pequenos ratinhos gordos - contribuição minha e do meu avô, por colocarmos tantos queijos em nossas armadilhas - começando a roer as caixas embaladas da campainha. – Vou pegá-los, dessa vez! José passou por nós e antes mesmo de conseguir chegar perto da pilha de caixas onde um dos ratinhos brancos estava, o grandalhão começou a gritar - vi que uma pequena ratoeira prendeu no seu pé, fazendo-o pular sobre um pé só, sem qualquer direção; ele cambaleou para a pilha de papelão, que iria se transformar em caixas de envio para as campainhas de vovô, e finalmente caiu na pilha - antes que José se recuperasse do susto, vi cair da prateleira um dos pequenos gongos da campainha de vovô na cabeça do homem, agora transformado em uma grande campainha humana. Mesmo sendo errado, eu e vovô não conseguimos resistir e começamos a rir do grande homem, principalmente quando ele começou a gritar e a pular no meio da pilha, ao ver os outros dois ratinhos escalando a torre de papelão. - Vou chamar os exterminadores! – Gritou, furioso, levantando-se apressado para fugir dos pequenos ratos. – Não dá mais, seu Giuliano, os fios.... - Eu sei, eu sei. – Vovô tentou conter o riso. – Não se preocupe tanto José; por hoje, descanse e depois conversamos. O homem olhou como se implorasse para que meu avô chamasse os exterminadores, mas ele dispensou de novo o eletricista, ou melhor, o faz tudo da fábrica que sempre insistia que esta estava com problemas. - Bom, agora que José já foi, onde estávamos? – Vovô me perguntou e eu sorri. - Hora do projeto! - Então é a hora do projeto! – Sorrimos e voltamos para o escritório, deixando a pequena bagunça no estoque e sabendo que vovó não iria gostar de ver aquilo. Bom, mas como vovô me dizia, depois nos preocuparíamos com a bagunça; primeiro, as invenções. Comecei logo a desenhar e vovô a fazer cálculos - em pouco tempo, nosso projeto ficou pronto - dessa vez, eu tinha certeza que havia pensado em tudo: até os barbantes que havíamos usado antes, foram alterados para uma corrente de bicicleta, que vovô me garantiu não iria quebrar.

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Finalmente um projeto que iria dar certo! - Pronto, vamos começar?! – Perguntei animada. - Vamos, mas por onde? - Vou começar a pegar os gongos para a caixa de som! Vovô, você começa a prender a corrente na engrenagem. – Falei. - Ok, mas tome cuidado Helena, nada de.... - De tocar em nada, já sei, vovô. – Ele me olhou com seu sorriso carinhoso enquanto eu descia as escadas e ele começava a preparar a corrente da bicicleta, na engrenagem que levaria a caixa de música para nossas mãos, dentro do escritório.

Fui até o pequeno quarto onde tinha um pequeno estoque de peças de som para as campainhas de vovô, mas quando fui pegar, parei ao ver um dos pequenos ratos brincando entre as peças. Aquela podia ser minha chance, se eu o pegasse talvez o pequeno grupo de ratos ficaria desconcertado de perder o amiguinho e se renderiam.

Comecei a andar lentamente, tirei meu casaco branco para usá-lo para confundir o rato e segurá-lo, mas quando fui pular em cima do pequeno rato, o animalzinho fugiu. Comecei a correr atrás dele e antes que desse por mim, a prateleira que havia ficado para trás começou a despencar, fazendo um enorme estrondo, cheio de som e barulho, que parecia que jamais iria acabar.

- Helena! – Finalmente, consegui ouvir a voz do meu avô, que abriu a porta desesperadamente e me viu entre os montes de gongos derrubados. Ele me olhou surpreso e um pouco aliviado. – Helena...

- Desculpa, vovô, mas o rato... - Está machucada? – Ele logo perguntou e eu neguei, com a cabeça. –

Ótimo. – Vovô me abraçou, ignorando a bagunça. – Pegue os materiais e vamos, nem pensar em te deixar sozinha. – Vovô Giuliano me olhava, fingindo que estava nervoso, mas sabia que jamais ficava realmente irritado comigo. Ele era bonzinho demais.

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Voltamos à pequena capsula e vovô Giuliano me ajudou a preparar a diminuta ‘caixa de som’ de acrílico, colocando delicadamente os pequenos emissores de áudio, que havia pegado no quarto de som, como eu chamava o local onde ele guardava os materiais acústicos para as campainhas. Depois, a prendemos na corrente e estava tudo pronto! - Agora, só falta ligar a música! – Disse, animada, e girei a pequena engrenagem que vovô havia colocado. A música começou e fomos rapidamente para o 2º andar, para acompanhar os ratinhos, que logo deram as caras, graças ao forte cheiro de queijo – eu havia escolhido queijo gorgonzola dessa vez, assim os ratos apareceriam mais rápido. Pelo menos eu esperava. Agora, apenas um ratinho havia aparecido e ele estava se aproximando cada vez mais da pequena caixa de som; se ele entrasse, tinha certeza que ele acionaria sozinho a caixa e eu não podia capturar apenas um. - Vovô, cadê os outros? - Calma, Helena, com certeza eles já vêm... Não estava gostando daquilo. Foi quando vi um dos pequenos ratos bem na minha frente, em um dos corrimões do caminho suspenso; puxei a manga do meu avô, para alertá-lo. - Com calma. – Meu avô indicou. – Pega o pano e... - Mas não vai dar tempo. – Questionei meu avô. - Não, Helena... Antes mesmo que meu avô pudesse me impedir, tentei pegar o ratinho com minhas próprias mãos, mas ele começou a correr com rapidez, eu fui atrás dele e vovô começou a vir atrás de mim; desci as escadas, ligeira, mesmo assim, infelizmente, perdi o branquinho 1 de vista, como eu os havia nomeado. Branquinho 1, 2 e 3. Procurei por todos os lados. Foi quando vi o branquinho 3 começando a entrar sozinho na caixa; ignorando o outro ratinho que estava perseguindo, comecei a ir em direção da pequena caixa de acrílico, para impedir que o pequeno animal entrasse sozinho. Porém, com tanta pressa, quase pisei no branquinho 3 e para não tropeçar em meus próprios pés, antes de cair, usei a corrente da minha invenção, puxando-a com força e arrebentando-a com facilidade - a pequena engrenagem que vovô Giuliano havia colocado se arrebentou e começou a chicotear pelo estoque. Quando achei que nada poderia piorar, a pequena engrenagem acabou caindo bem em cima da cabeça de José, que havia acabado de abrir a porta. - Que não seja um rato... Que não seja um rato... – O grande homem continuava a repetir e a segurar a maçaneta da porta com força e cheio de medo. - Acalme-se, é apenas uma engrenagem. – Meu avô veio em minha direção e me ajudou a levantar, ao mesmo tempo em que respondia à José. – Tudo bem, Helena? – Perguntou, tentando limpar minha calça branca, que havia virado cinza, quase preta. - Vovó vai ficar uma fera. - Isso é. – Ri junto com vovô. - Agora, passou dos limites, vou chamar os exterminadores. – José anunciou, jogando para longe a engrenagem, fazendo-a ecoar pela fábrica. - José, ainda sou o dono da fábrica, acalme-se, homem. – Vovô tentou dissuadi-lo. - Mas seu Giuliano...

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Antes que o homem falasse mais alguma coisa, as poucas luzes da fábrica que estavam ligadas, repentinamente se apagaram. - Falta de luz? – Perguntei. - Não, acho que foi um curto. – Vovô falou. - Não, foram aqueles ratos abomináveis! – José gritou, furioso e rimos, escondidos, da sua exasperação. – Amanhã, vou chamar os exterminadores, já chega, não aguento mais consertar os fios! José saiu furioso pela porta. - Bom, pelo horário, temos que nos apressar, sua avó está chegando e não queremos que ela encontre você assim. Tarde demais, logo ouvimos a voz da vovó nos procurando. - Giuliano, o que... – Essa foi uma das poucas ocasiões em que vi minha avó sem palavras. Achei engraçado ver sua cara de surpresa; provavelmente eu estava muito suja e minhas antes perfeitas marias-chiquinhas agora estavam bem bagunçadas. Vovó estava em choque. – Helena, o que aconteceu com você? Giuliano... - Estávamos apenas fazendo nossas invenções. – Falei. - Eu sei, quando vocês dois se juntam é o caos. – Minha avó falou. – Bom, vamos almoçar, mas antes vamos passar em casa, porque os dois vão tomar um banho. Estou surpresa, Giuliano, com vocês nesse estado... – Minha avó falava com meu avô, que continuava sempre sorridente. Como era costume, saí da fábrica com meus avós, esperando que da próxima vez minhas invenções funcionassem., mas dessa vez também esperava que José não chamasse os exterminadores; não queria que os branquinhos morressem. Mesmo que eles sempre conseguissem escapar, não seria certo exterminar mentes tão brilhantes, o ideal seria aplaudi-las, apesar de eles serem um pequeno grupo de ratos. Mentes brilhantes sempre devem ser apreciadas!

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Capítulo 3

Invenções Nº213 (Invenção contra exterminadores Nº1)

- Mas vovô... – Falei, ao chegar na fábrica na semana seguinte. - Deixa eles fazerem o trabalho. - Mas... – Vovô me deu uma pequena piscadela e logo entendi - esse era o nosso código para fazermos o que tínhamos que fazer, em segredo. - Venha, vamos para o escritório e vamos deixar esses homens fazer o trabalho deles. Sorri, pegando a mão de vovô Giuliano, mas definitivamente olhei feio para os dois exterminadores, que haviam aparecido na fábrica, chamados por José. Não estava certo, eu e meu vovô é que deveríamos capturar os branquinhos. - Vovô, eles vão... - O que acha de assustá-los? – Meu avô falou, sorrindo. - Como? - Como? – Ele repetiu minha pergunta. – Qual é a nossa maior arma? - Nossa cabeça! Vamos fazer uma invenção para os exterminadores e depois para os ratos, não é? - Com certeza! - Precisamos primeiro saber onde eles estão colocando as ratoeiras e depois limpar o ar da fábrica, caso usem veneno também, para os branquinhos não morrerem. - E como vamos fazer isso? – Vovô perguntou e olhei no meu relógio dourado, que ele havia me dado: tínhamos pouco tempo. – Já sei! Vamos para o quadro de invenções. – Logo comecei a desenhar nossa primeira invenção contra exterminadores. – Vamos fazer um robô com lança perfume, que anula o cheiro do veneno! - Maravilhosa ideia! – Vovô Giuliano falou, contente, ao ver a minha mais nova invenção. – Helena, minha pequena inventora! Vamos fazer, mãos à obra!

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Imediatamente, começamos a construir o pequeno ratinho mecânico, enquanto os exterminadores começavam a preparar a fábrica, para se livrarem dos branquinhos. Coisa que eu não queria. Queria pegá-los, não os exterminar.

Sem parar, nem mesmo para beber água, não deixei que nada me atrapalhasse até fazermos o pequeno ratinho mecânico, borrifador de perfume e destruidor de ratoeira. Finalmente, terminamos; não sabia se daria tempo, mas vovô Giuliano garantiu que sim.

O ratinho estava um pouco bagunçado e com algumas engrenagens soltas, mas sabia que daria certo. Tinha que dar. Começamos a observar os exterminadores, que posicionavam as ratoeiras pela fábrica e logo começamos a anotar onde elas estavam, para poder destrui-las - dessa vez, sabia que tudo sairia de acordo com o plano. Liguei o ratinho e com o pequeno controle que vovô Giuliano havia conectado nele, comecei a andar pela fábrica com o diminuto robô. Com sorte, conseguiríamos destruir a ratoeira e ainda distrair ambos os exterminadores. Comecei a andar pela fábrica e a borrifar o perfume que vovô Giuliano colocou no rabinho do robô. Era um perfume que ele não gostava, que ficava jogado na sua gaveta - a fábrica ia ficar com um cheiro pior do que o do veneno, mas, mesmo assim, era melhor, os branquinhos não seriam exterminados e eu os pegaria vivos. Ao caminhar, passei pela primeira ratoeira; rapidamente, a destruí, passando com grande velocidade sobre ela, fazendo o queijo cair no chão e a ratoeira se desarmar. Comecei a fazer isso uma por uma, até que os dois homens se viraram para ver o que estava acontecendo e viram o meu robô. - Corre, Helena! – Vovô falou e comecei a fugir dos dois homens altos e magros, que se puseram a correr atrás do ratinho mecânico. Os homens pareciam confusos na fábrica, eles não a conheciam tão bem quanto eu e vovô. Eles tentavam passar sobre as esteiras, que vovô ligava com o controle remoto para impedi-los de me pegar e foi quando fui até a porta. Ao mesmo tempo, José abriu a porta, querendo entender todo aquele barulho, e viu

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o ratinho mecânico. Quando ia fugir, José conseguiu pegar o rato e por mais que eu tentasse soltar o ratinho das mãos dele, não conseguia. - O perfume. – Vovô sugeriu e logo apertei o botão e borrifei em José, este soltou o pequeno ratinho, que, por sorte, não se quebrou, e consegui fugir. - Peguem esse rato! – José gritou, para os dois exterminadores - estes logo se levantaram e começaram a correr atrás de mim. Por um momento, não sabia quem era mais atrapalhado. O exterminador AC, alto e careca, o exterminador AE, alto e cheio de espinhas, ou José. O exterminador AC corria sem rumo, muitas vezes indo de encontro diretamente nas grandes prateleiras, batendo seu rosto. Não sabia se ria ou ia ajudá-lo, mas eu tinha que continuar fugindo. Já o exterminador AE, parecia sempre saber onde eu estava, mas quando ia me pegar, jogava seu corpo para o lado contrário daquele aonde eu estava indo, demorando para me encontrar de novo. José, então, não conseguia nem correr nem andar, de tão cansado que ficava ao zanzar de um lado para o outro, sem objetivo, até que finalmente acabou se apoiando na parede da fábrica. Ali, ficava esperando eu passar na sua frente, dava alguns passos e ia descansar em outro lugar da parede. Ria com tudo aquilo, pois eles não conseguiam pegar a engenhoca; eu havia me tornado uma excelente piloto de rato mecânico. Passava de esteira em esteira, recusando-me a caminhar no chão de novo, querendo ver se conseguia fazer o pequeno robô, feito por mim e por vovô Giuliano, conseguir saltar. Estava divertido ver um rato voador sendo perseguido por três homens grandes. - Já chega! – Por fim, o exterminador AE gritou, quando tropeçou em uma das próprias ratoeiras. – Não vou mais fazer esse trabalho! – O homem esbravejou, indo em direção a José. – Boa sorte, mas isso é demais. - Não, espera, mas... - Já fizemos mais do que o suficiente, pelo dinheiro que nos deu. Adeus. Os dois exterminadores saíram pela porta e José ficou sem saber o que fazer. Olhei para vovô, animado, e nos abraçamos, comemorando a pequena vitória que havíamos tido. - Ganhamos, vovô! - Sabia que conseguiria! Sorri para ele e acabei me distraindo do meu pequeno ratinho mecânico. - Meu Deus, a invenção! – Vovô Giuliano falou, de repente. Quando me virei, percebi que havia parado com o ratinho em cima da máquina de embrulho, com a esteira ligada. Começamos a correr e quando o pequeno rato passou para dentro da máquina, esperei que fosse acontecer um grande curto circuito, mas, ao invés disso, meu pequeno rato borrifador saiu do outro lado da esteira, totalmente embrulhado com plástico e ainda se mexendo. - JÁ SEI! – Gritei, animada, no momento em que começava a tentar desembrulhar o robô. - Sabe o quê, Helena? - Como vamos pegar os branquinhos. Vem vovô, vamos fazer mais uma invenção hoje!

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Capítulo 4

Invenção Nº214 (Invenção contra branquinhos Nº29)

Cheguei na minha mesa de invenção, já com a ideia perfeita para conseguir finalmente capturar os branquinhos – por fim, eu os pegaria. - Helena, sua avó vai chegar daqui a pouco. - Mas vovô, nós temos que pegar os branquinhos! – Insisti, e ele, como sempre, sorriu para mim. - Tudo bem, vou ligar para a sua avó, mas é a última do dia. Sorri para ele também e voltei para minha mais nova ideia de capturar os ratinhos. Graças ao robô que havíamos feito, tive uma ideia genial: iria embrulhar os branquinhos e tê-los completamente seguros e presos. Dessa vez, não teria como a caixa rasgar-se e muito menos se quebrar, porque, agora, eu usaria a pequena gaiola de passarinho, vazia, que estava na frente da fábrica. - Vovô, posso pegar a gaiola na frente da fábrica? – Perguntei, quando terminei de desenhar. - Mas por que você quer a gaiola, Helena? – Vovô perguntou. - Para proteger os branquinhos. - Protegê-los? - Sim, olha. Mostrei para vovô o meu mais novo plano contra os ratinhos e tinha certeza que, agora, isso tudo iria dar certo.

- Vou com você. – Vovô me alcançou, descemos as escadas e fomos até a frente da fábrica. Comecei rapidamente a subir na árvore para pegar a gaiola de madeira pendurada. No início, não estava conseguindo. Foi quando senti alguém me levantar e percebi que era vovô Giuliano, ajudando para que eu pegasse a pequena gaiola. Sorri.

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- Adiante! – Falei, em cima dos ombros de vovô e começamos a voltar para a fábrica, admirando o belo céu azul, com passarinhos cantando. - Então, como vamos fazer isso, dessa vez? – Vovô perguntou. - O que acha de verificarmos, com certeza, se os três virão para a armadilha? - Como? - Dessa vez, vamos fazer a porta de forma semiautomática. - Adorei. Demos início a algumas pequenas melhorias na gaiola estreita e quando tudo estava pronto, pegamos o queijo na cozinha da fábrica, como sempre. Com essa estratégia, teria os branquinhos presos e eles não atrapalhariam mais a fábrica. Coloquei a gaiola na pequena máquina de embrulho do vovô Giuliano, mas dessa vez com um grande pedaço de queijo dentro dela. Nessa tentativa, ao invés de esperar no escritório, ficamos atrás de uma das esteiras da fábrica, esperando os ratinhos aparecerem. Estava nervosa, sentia que dessa vez daria certo. Vovô parecia tão nervoso quanto eu, olhando diretamente para a gaiola. Quando os branquinhos apareceram, me inclinei ainda mais sobre a esteira - logo eles estariam na gaiola. Porém, repentinamente, senti meu corpo começar a ser levado para longe, pela pequena esteira. - Vovô! – Gritei. - Helena! – Vovô deu um pulo e começou a me puxar, mas meu casaco havia ficado preso. Imediatamente, vovô correu para o “botãozão” vermelho que parava a máquina e, no momento que tentava me soltar, vi que os ratinhos estavam começando a ir embora; precisava sair de lá e pegá-los. - Os branquinhos! – Alertei vovô Giuliano. - Isso não é o mais importante! – Vovô me avisou, vendo que eu me mexia cada vez mais. – Helena, não se mexa tanto, você vai ficar ainda... Não podia deixar isso acontecer, me via cada vez mais próxima da entrada da máquina - me remexi em meu próprio casaco e o tirei, saltando da esteira e correndo em direção aos pequenos ratinhos. - Helena, espera! – Ouvi meu avô gritar, mas eu definitivamente não podia perder a oportunidade, iria fazer, da maneira que fosse, com que os ratinhos brancos entrassem na pequena gaiola. Comecei a correr atrás dos branquinhos, que pareciam até mais confusos do que eu, mas eu os impedia de avançar, como uma barreira. Ia de um lado para o outro, tentando juntar os três, sem tocá-los - sabia que se me agachasse para pegar um, os outros fugiriam. - Aqui, Helena. – Vovô Giuliano gritou, e quando me virei, vi um grande pano branco vindo em minha direção; tive que dar alguns passos para o lado, onde o pano caiu, bem em cima do meu rosto. Assim que consegui ver os ratinhos novamente, querendo escapar, baixei o pano com toda a rapidez, para apanhá-los, mas quando coloquei o pano sobre eles, apenas dois haviam sido capturados. - Vovô, o branquinho 2 está indo em sua direção! – Gritei. Vovô ficou surpreso, mas como vovô sempre pensava rápido, tirou seu sapato marrom e começou a perseguir o branquinho 2, tentando prendê-lo no próprio calçado. Via vovô correndo, de um lado para o outro, engatinhando igual a um bebê, me deixando ainda mais animada.

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- Você consegue, vovô! – Falei, torcendo, pulando com os branquinhos 1 e 3 enrolados no pano. Determinado, vovô conseguira encurralar o branquinho 2; finalmente, teria os ratinhos, os pegaria, colocaria na gaiola e os teria enfim presos. Finalmente, teria os atormentadores da fábrica presos. Mas antes que conseguisse pegar o branquinho 2, vi vovô deitado no chão e o ratinho começando a correr em minha direção. - Helena! – Meu avô gritou, jogando para mim seu sapato, que caiu a centímetros de distância. Corri e com a minha mão livre o peguei. Antes do ratinho branco passar por mim, consegui prendê-lo no sapato e rapidamente coloquei os outros dois no pequeno buraco do calçado, tampando com o pano - não ia conseguir segurá-los por muito tempo, não com eles totalmente agitados. – Coloque-os na gaiola, eu estou com o controle! Levantei-me, corri o mais rápido que pude e fiquei na ponta dos pés, para conseguir colocar os três ratinhos na gaiola - fechei a porta, enquanto vovô Giuliano acionava a máquina, ainda deitado no chão. - Fique longe da máquina. Afastei-me, a pedido de vovô, mas fiquei observando, ansiosa, para ver o resultado. Quando a gaiola, agora embrulhada, saiu do outro lado da máquina, com os três ratinhos dentro dela, sorri, cheia de alegria. Finalmente, finalmente nós havíamos conseguido! Peguei a gaiola e corri para onde vovô Giuliano estava deitado. - Conseguimos vovô, deu certo! – Falei, animada. - Viu, tudo dá certo quando você se esforça. – Filosofou, sorrindo. - Hupft... agora... - Ele se levantou. – Vá se limpar um pouco que já está tarde, prometi à sua avó que você não estaria tão bagunçada, como da última vez. Concordei e corri para o banheiro da fábrica para limpar o rosto, feliz. Quando voltava, andando pelo corredor suspenso, de metal, da fábrica, ouvi a voz de vovó - ela já devia ter chegado. - José está furioso, Giuliano. – Vovó falou. - Foi divertido e Helena adorou! - Eu sei, mas Giuliano, soltar ratos na fábrica... - Hamsters, Hamsters... - Foi você vovô! – Falei, descendo as escadas e ele me olhou surpreso. – Eu pensei que... - Mas conseguimos pegá-los! – Vovô Giuliano falou, sorrindo e me mostrando a gaiola embrulhada, com alguns furinhos no plástico, para os branquinhos respirarem. - Isso é... – Falei, um pouco chateada, mas logo passou. – Isso quer dizer que podemos fazer planos, agora para tentar pegar os gatos? – Perguntei, animada. - Isso nós vamos ver, depois. – Minha avó interferiu nessa conversa. – Vamos para casa e tanto você, dona Helena, quanto seu avô, precisam de um banho, vamos... - Já que não são ratos, posso ficar com eles? – Perguntei. - Isso já é uma história para os seus pais. – Vovô Giuliano respondeu, segurando minha mão direita e vovó, minha mão esquerda. Era a melhor sensação de todas estar com meus avós, principalmente depois de ter tido um dia cheio de aventuras e boas invenções com vovô Giuliano, na fábrica.

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Estava animada para a próxima invenção que faríamos - dessa vez, eu iria atrás dos gatos!