cap.5 laver james a moda e a roupa

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ouro (fig. 104), sendo presas de diversas formas: com uma simples

fita

(que

podia, en tretanto, ser adornada com fio de ouro

ou

até

com pedras) amarrada abaixo

do

joelho, ficando o laço de lado;

ou amarrado cruzado,

que nem de

longe lembrava o

que

muitos

produtores de peças de Shakespeare imaginam, isto é, uma espécie

de treliça cobrindo toda a perna. O amarrado cruzado,

em moda

a partir

de

1560, era feito com

um

pedaço

de

fita circu.ndando

a

perna

abaixo

do

joelho, cruzado atrás e amarrado

em

laço

na

frente, acima

do

joelho (fig.

95

).

Nos pés usavam-se sapatos

ou

botas. Os ·sapatos eram

moderadamente

arredondados

e,

bem no

final do século,

r

começavam a apresentar saltos (fig.

104).

Eram confeccionados

em couro, seda, veludo ou tecido simples. As solas eram

de

couro

ou cortiça. Calçavam-se escarpins e chinelos dentro

de

casa. As

botas,

que

até o

último

quartel do século serviam apenas para

montar, passaram a ser usadas o

tempo

todo, até

em

ambientes

fechados. O modelo mais

em

moda era justo e chegava à altura

das coxas, sendo a extremidade superior virada para baixo de várias

maneiras. Essas botas

se

tornaram possíveis apenas pelos progressos

n n

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--.1.

-.JV.l.UVU4. J l

palavra inglesa cordwainer significa ' 'um artesão

que aprendeu

seu ofício naquela cidade espanhola .

A Espanha

também

foi responsâvel pelas luvas de couro fino

tão apreciadas pelos elisabetanos e

que

só começaram a ser

produzidas

na

Inglaterra a partir

de

1580. O tipo mais

comum

possuía

punhos

largos, freqüentemente adornados com fio àe

o.u.t<Le.ir.anj.as. l.l>diam também ser perfumadas e, em geral, eram

< rtegadas na mão

ou

enfiadas

no

cinto. O cavalheiro elegante

também

precisava ter

um

lenço

de

linho fino bordado ou com

renda nas bordas. Aum pas e acessórios das classes altas na Europa

realmente

atin

ira

lJIJl

grau surpreendente

de

elaboração

refinamento final do s ~ c u l o 1.

102

5

O SÉCULO XVII

Vimos que,

na segunda metade

do

s é c ~ . I 1 o

x rr

a

E s p ~ n ~ a

estabeleceu o

tom dominante

da moda. Talmfluene1a persistiu

no século seguinte, mas com certas modificações, principalmen

te

no abandono do

gibão acolchoado e no alargamento das man

gas. Os rufos também diminuíram na França e na n g l a t e r r ~ mas

continUaram a

aumentar de tamanho na

Holanda.

· O gibão,

no

início do século, possuía

um

saiote formado

por

várias abas sobrepostas, mas, a partir

de

1619,

e s s ~ s

abas ficaram

mais compridas na

frente, formando

um

bico. Tmh.a

uma

gola

alta abotoada na frente que,

em

geral, ficava escondida pelo ru

fo.

Este veio do século anterior, mas com

a l g u ~ a s

variações, ten

do

camadas dupias

ou

tripias

de

pregas tubulares monta das so

bre

uma

armação

de

varet as

de

metal.

Normalmente r a ~

bran

cos

e, por

vezes, amarelos. A invenção goma, denunciada

por

moralistas p u r i t a n ~ s como

uma

nova vaidade, p e l ~ menos per

mitiu que se disp4ensasse a armação

de

arame antenormente ne

cessária.

Na

França, Henrique VI,

m

contraste com Henri9u e III, era

um

homem de gostos simples. Estava longe

de

ser puntano, sen

do famoso como e Vert

Galant'' por

seus casos amorosos; mas

não gostava

de

extravagâ?-cias

no

ve.stir,

t ~ n d o p r o ~ u l g a d o

di

versas leis suntuárias desunadas a evitar a Importaçao

de

tecidos

caros.

Essas

leis tiveram efeito maior sobre a

bourgeoisie

cujos

membros passaram a usar roupas

de

lã. Os cortesãos continua

ram a usar seda,

porém

com menos adornos

de

fios

de

ouro e

prata. .

As roupas femininas, apesar de ainda elaboradas, eram ~ a 1

· a . t G c . d ~ o Eefpe-aão-ser tão e orma o--cemo

unha

103

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105

-H. Nobres r n c ~ s e s de Abraham Bos se , c 1629-36. Todosos homens estão ca lçando

as

botas

r c t e r í s t i c ~ s

da

época. As figs. 106 e

10

7 mostram o desen

vo

lv

imento

da

gola

caída.

sido pelos espartilhos apertados e pela pesada farthingale

.Âs mY-

Iliêres

também

lucraram com ansi ão do rufo ara

â 1g. , sendo essa tendência mais orte no período entre

o assassmato de Henrique

IV

e a ascensão de Luís XIII.

· Felizmente temos uma documentação valiosa das roupas des

sa época nas gravuras de Abraham

Bosse.

Os estudiosos concor

dam que elas não são muito elaboradas, mas apresentam um re

tratp fiel da moda e dos costumes da épo.9. A partir dessas gra-

. vuras

figs. 105-73,

109)

e das águas-fortes de Jacques Callot temos

uma

idéia muito clara

da

roupa que, na França, é associada a

Os três mosqueteiros

e,

na Inglaterra, aos cava iers [''cavaleiros'':

· partidários do rei Carlos I por oposição aos parlamentares, cha

mados roun

heads,

cabeças redondas (N. T. ]. Ela possuía

um elemento de garbo marcial com os calções e o gibão, a capa

curta pendendo do ombro, o chapéu de abas largas adornado

104

109. Galeria

do

Palais Royal cheia de bancas vendendo

toda

sorte de peças finas.

Gravura de

Abraham

Bosse,

c.

1640.

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com uma pluma

e,

acima de tudo, as botas. Elas tomavam várias

formas, mas o modelo mais característico eram as chamadas ''botas

afuniladas' .

,

com a extremidade superior virada e, às vezes, en

feitada com renda. Eram, na verdade, botas para montar, mas,

a partir de

1610,

passaram a ser usadas na cidade e em ambien

tes feçhados.

· · Os sapatos, quando usados, eram enfeitados com enormes,

e extremamente caras, rosetas feitas de fitas, renda e brilhos. Os

sapatos femininos

erarri

mais simples, sendo quase completamente

escondidos pela saia. Na época· das chuvas usavam-se chapines.

Eram tamancos de II1adeira cobertos·com couro, usados sob os

sapatos e, às vezes, com solas grossas o .bastante para serem cha-

.madas de pernas de pau.

eram conhecidos desde o início do

século·(em Veneza, em data mais remota), como podemos con

cluir da fala de Hamlet:

a

senhora encontra-se mais próxima

1 0.

Henry Rich  1? conde de

Holanda

estúdio de Daniel

Mytens, 1640. A nova pai-

xão

pela rend a usada no pescoço e,

de

maneira mais criativa,

no alto do cano das botas.

111. esta de casamento de Wolfgang Heimbach   1637.

cara. , d b

Os cabelos, em geral, eram rentes no a to a

ca

e en-

crespados dos lados em cachos espessos. As mulheres nao usa-

107

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vam chapéus, mas, para sair, cobriam a cabeça com pequenos

capuzes de tafetá preto, ou usavam

um

xale simples de renda.

O que estamos descrevendo eram, de fato,

os

hábitos fran

.ceses . Na Inglaterra eram copiados, como já men:cionamos, pe

los cavaliers . Os puritanos, por outro lado, costumavam copiar

sua moda se é que uma palavra tão frívola pode ser admitida

nesse contexto) da Holanda.

O sistema de governo da Holanda protestante era diferente

de toda a Europa. A Holanda era governada por

uma

bourgeoi-

sie

próspera,

um

grupo de mercadores e magistrados influentes

e piedosos conhecidos como regentes . Usavam roupas carac-

  terísticas de corte conservador e de cor preta. Há um paradoxo

nesse fato porque os holandeses haviam lutado arduamente pa

ra se libertarem da Espanha e, ainda assim, a sobriedade de suas

roupas continuava a mostrar influência espanhola. De fato, elas

11

2.

À

es

qu

erda,

Outono,

à maneira deW. Hollar, c. 1650.

3.

p ersisrência do rufo:

Retratode uma mulher demei

a-

tdade com as mãoscruzadas de

Frans

Ha

ls, 1633. ·

pareciam ser

um

traje adequado para seu próprio tipo austero

de protestantismo Porém, o aspecto mais marcante das roupas

holandesas durant'e a primeira metade do século XVII é a perma

nência do rufo. Ele não só permaneceu; ficou cada vez maior até

se transformar literalmente em

uma

roda de carroça de linho pre

gueado, como podemos observar nos retratos de Frans Hals

(fig.

113).

Os puritanos ingleses nunca o p i ~ m essa moda. Mui

tos holandeses, entretanto, usavam os cabelos curtos, e esta se

tornou a característica dos homens do Parlamento na Inglaterra:

daí o apelido de round heads, cabeças redondas . ·

Temos uma visão encantadora da moda inglesa em meados

do século com as gravuras de Wenzel Hollar. As mvlheres usa

vam

os

cabelos rentes na cabeça, com cachos ou anéis dos lados.

O corpete era cortado bem baixo, porém com um lenço ou gola

de:;

linho, que às vezes era transparente.

As

mangas, três-quartos,

eram arrematadas com tenda. O corpete terminava em ponta e

era amarrado na frente com fitas visíveis (fig. 112). A saia caía

em pregas até o chão. O efeito geral poderia ser descrito como

um recato elegante.

...... 1 • 1 1 1 1 1 '

hntretanto, htavla chegado a estranna

e,

de acorao com

os

moralistas, indecente moda de usar figuras coladas no rosto. O

satiristaJohn Bulwer, em sua obra Artiji cial changeling, publi

cada em 1655, ridiculariza nas mulheres o vão costume de co-

lar pintas em seus rostos, afetando verrugas, para realçar sua be

leza, como fez

Vên)..ls;

e já é bom se uma pinta serve para tornar

seus

rostos marcantes, porque algumas se enchem delas, em gran

de variedade de formas. Essas formas podem ser estrelas, luas cres-

centes ou até

uma

carruagem com cavalos, cortadas em emplas

tros de seda preta''. Essa estranha moda durou mais de cinqüen

ta anos.

A Restauração de Carlos

II

em

1660

trouxe o triunfo da mo

da francesa, apesar de continuarem a existir diferenças significa

tivas entre as roupas usadas na França e na Inglaterra. A moda

que Carlos trouxe consigo, e que

foi

adotada por sua corte, está

entre os trajes masculinos mais estranhos que já se usaram. His

toriadores vêem-na com olhos desfavoráveis. Gosto e elegân-

109

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  cia' , afirma

F

W. Fairholt, ''foram abandonados a favor da

ex-

travagância e

da

insensatez; e o traje masculino, que

na

época

de Carlos atingira o ponto mais alto de esplendor, degenerou-se

e entrou em decadência a partir desse momento.''

Costume in

England, 1885 ).

Randle Holme, ao escrever em 1684, descreveu as roupas mas

culinas da seguinte forma: ''os gibões curtos e

calções

largos, sendo

o forro mais comprido que

os

calções amarrados acima dos joe

lhos, fitas até a altura dos bolsos na metade do comprimento

dos calções, depois mais fitas em volta da cintura, a camisa para

fora

Accidents o armoury).

Os calções largos (fig.

114)

eram

uma moda francesa, ou melhor, que se tornara francesa, tendo

sido introduzida por um certo conde de Salm, conhecido como

o

Rhinegrave' .

Os

calções, portanto, eram chamados de

rhine-

graves

e foram usados pela primeira

vez na

Inglaterra dois anos

antes da Restauração, por Will iam Ravenscroft. Nessa época, eram

considerados curiosidade, mas depois de 1660 tornaram-se uni

versais por certo tempo entre

os

homens que desejavam estar na

114. Traje com calções largos,

c

1665.

116. Traje de casamento de

Sir

Thomas Isham, c 1681.

Os dois trajes ilustram a traosição

dos gibões com calções largos

para a ''veste à maneira per

sa , vista pela primeira

vez

na corte em 1666.

115.

Duas damas

da

família

Lake de Peter

Lely,

c 1660.

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moda. Eles eram tão largos que, como diz Samuel Pepys em

uma

passagem de seu

Diário,

de 1661

,

era possível colocar as duas per

nas

em uma só.

O gibão extremamente curto, tão curto que deixava apare

cer

um

pedaço

da

camisa entre ele e

os

calções,

g o ~

era

b o t o ~ -

do na frente e parecia um ·colete com mangas. Havta

uma mama

de usar amontoados de fitas, não só nos calções como também

nos ombros e

em

outras partes. Temos notícia de

um

casaco e

capa de cetim enfeitados com

33

metros de fita prateada, e não

menos que

228

metros de fita

em

feixes foram colocados em

um

calção.

O

efeito geral das roupas masculinas dessa época era o

de unia

fantástica negligência, bem

adequada

ao chma moral

0

· da ·cort e da Restauração.

f? l ..--> As rou as feminin eram i ualmente largas

e a p a r e B  

...__.- te desl · adas, sendo

que

a maioria das m u l h e r e s da corte

pintadas por e y fig . 115 parecem ter sido sur e didas em

négltgé 

apesa fde, sem dúvi a a guma, devert;nos _dar certa mar

gem

â

imaginação poética do pint?r.

Esse s u l

o

t t n h ~ s ~ ~

?ele

za e

até

o sóbrio Planché

se entusiasma:

Uma

neghcenc1a es

tudada

, um

déshabille

eiegante, é o aspecto mais forte ~ a s rou

pas

em

que todas elas estão retratadas; seus cachos bnlhantes

aparecendo sob um simples bandó de

p é r ~ l s

ou adorna?os ape

nas com

uma

rosa, caem em profusão gractosa sobre mut tos pes

coços sem ao menos a pfoteção transparente de

um

lenço fin?;

e o belo braço roliço, nu até

os

cotovelos, descansa sobre a sata

voluptuosa de cetim enquanto a cauda da beca do mesmo teci

do rico cai em pregas ao fundo''

A cyclopaedia

o

costume,

1879,

V. II,

pi. 242).

Não houve

muita

mudança nos trajes femininos durante a

maior parte do reinado de Carlos

II.

As cinturas

em

ponta

con

tinuaram e foram ficando mais apertadas . As saias puxadas para

cima, conhecidas de maneira equivocada como

manteaux,

ad

quiriram aparência mais formal, ficando a silhueta

m ~ s ~ ~ r

e

estreíta.

As

olas grandes de renda saíram de

moda

d_a

década de 16 Oa esar de ....a Q ar

livre

chamado eh

ça cobrir

os

ombros s.-Mas,

enquanto as

roupas femininas

112

11

7. arlos a cavalo,

de Pieter Stevensz

c 1670. O r

ei

usa a

nova moda com o

rabat

d renda , peru

ca

co

mprida e chapéu com

pluma antecipando

o

tricome.

permaneceram comparativamente estáticas, as masculinas pas

saram

por uma

verdadeira revolução, cujas conseqüências finais

a i n d a ~ podem

ser vistas nos trajes modernos. . · .

E estranho

que

o nome de Carlos

n

(fig.

11

7), entre todos,

esteja associado a uma

reforma

nas roupas. Talvez ,

por um

momento, ele

tenha

se tornado sóbrio pela peste e pelo incên

dio

que

devastaram sua capital, mas, em todo caso, pouco mais

de

um

mês depois de o fogo ser apagado, ele

tomou

a iniciativa

que provocou tantos comentários em diários e memórias da épo

ca.

Este mês '' , lemos no

Diurna/,

de Rugge, de

11

de

outubro

de

1666 ''sua

majestade e toda a corte.mudaram a

moda

de suas

roupas, a saber,

um

casaco justo de

pano

·recortado, com

um

ta

fetá branco sob os recortes. Seu comprimento vai até a barriga

da perna e, sobre ele,

uma

túnica aberta no peito,. solta e quinze

113

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 .

centímetros mais curta. Os calções com corte espanhol e botas,

algumas

de

pano, outras

de

couro,

porém da

mesma cor

que

a

veste

ou

o traje.''

Pepys

também

descreve

as

novas roupas e é

ainda

mais pre

ciso

em

suas datas.

Em de outubro

de 1666, anota

em

seu

á-

rio ' 'o

rei declarou

ontem no

Conselho sua resolução

de

estabe

lecer uma moda

para

as roupas,

que

ele

nunca

vai alterar''. Em

15

de

outubro, comenta:

''hoje

o rei começou a usar sua túnica

e vi diversas pessoas da Câmara dos Lordes e também da Câmara

dos Comuns, grandes cortesãos, usando-a; é comprida, justa,

de

tecido preto e recortado, com seda branca

por

baixo e

um

casaco

por

cima, as pernas guarnecidas com tiras pretas como as de pom

bo;

e

sobretudo, espero

que

o rei a

mantenha, porque

é

um

tra

je

muito

fino e bonito''.

O

Diário

de Evelyn é igualmente claro. Sob a data

de 18

de

outubro, ele afirma:

para

a corte, sendo esta a primeira vez

que sua majestade adotou solenemente a maneira oriental de ves-

tir, mudand0

de

gibão, gola dura, amarras e capa para uma rou

'

pa

graciosa

à

moda persa, passando de cintas ou tiras e sapatos

amarrados e ligas

para

fivelas, algumas das quais adornadas com

pedras preciosas, estando decidido a não alterá-la, abandonan

do a

moda

francesa,

que

era o costume até agora, com grande

despesa e reprovação.

Diante

disso, vários cortesãos e cavalheiros

deram ouro a sua majestàde

p o s t n d ~

que

ele não persistiria

nessa resoluÇão''. ·

. Carlos, entretanto, persistiu - mas fez certas modificações.

Pepys observa,

em

17

de

outubro

de 1666,

que a

corte está cheia

de

túnicas, mas a

de Iord

St. Albans não é recortada e sim preta,

lisa; e dizem

que

o rei afirma

que os

recortes sobre o branco

os

fazem parecer demais com pombos,

mandando

fazer, portanto,

uma

de veludo liso''. Evelyn descreveu o novo traje como

uma

roupa

à

moda persa

e como

a

maneira oriental de vestir .

Outras referências da época chamam a nova moda

de ''turca'',

e temos

de

admitir

que

ela realmente

tem uma

certa semelhan

ça com o casaco persa, exceto pelo fato

de

este ter mangas com

pridas,

enquanto as

mangas

da ' 'túnica''

de

Carlos eram extre-

114

118. Sir Robert Shirley

de Anthony van Dyck, 1622.

Antecipação das roupas da moda de

meio século mais tarde.

mamente

curtas, com as mangas brancas e amplas

da

camisa apa

recendo

por

baixo.

Curiosamente, o casaco persa não era

de

todo desconhecido

na

corte inglesa,

tendo

sido usado

normalmente por

Sir

Robert

Shirley (fig.

118

mesmo antes

do

reinado de Carlos

r.

Shirley,

que

viajava

muito

pela Pérsia

no

início do século xvn, ocupava

o estranho cargo, para

um

inglês,

de

embaixador

da

Pérsia

na

corte inglesa. As relações

da

Inglaterra com a Pérsia foram,

de

fato,

muito

próximas

durante

aquele século, e

um

novo estímu-

115

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lo ao interesse dos ingleses pelo Oriente surgiu

quando

Carlos

n recebeu a ilha

de

Bombaim como parte do

dote

de Catarina

de Bragança.

· A

atitude

do rei inglês foi considerada como

uma

tentativa

deliberada

de

se liqertar

da moda

francesa,

um

passo

que

difi

cilmente agradaria Luís

XN

que, nessa época, estava empenha-

do,

obtendo

sucesso considerável,

em

tornar a França o árbitro

da

Europa, não

politicamente como também

em

questões

de

gosto. Pepys escreve,

em

22

de novembro

de

1666,

que

' 'o

rei

da

França,

em

desafio ao rei

da

Inglaterra,

ordenou que

todos

os .seus criados usassem túnicas e

que os

nobres da FranÇa façam

' o

mesmo; o _que,

se

for verdade, é a maior

indignidade

já feita

por

um

príncipe a outro''. Os estudiosos franceses, entretanto,

afirmam

que um

traje

muito

semelhante foi introduzido

na

cor

te francesa

em

1662. princípio, era usado apenas

por

alguns

conesãos privilegiados, mas

por

volta

de

1670 seu uso se tornara

geral.

Como foi

que

essa moda persa

se

tornou o ancestral da rou

pa

moderna? Richard

Heath

afirma

que ''sobre

a túnica, usava-

  P

l l f Y \

C C'I lrn

cnlt-n•

mnco

1 '1 \t 'Y'\1 \ p I : T ~ l n n nnl \

f:nz

-

 

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Q..,)A\...V

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LV.l . lJV

.l..JV\...J.

Y

11

. l l A V

\ f

Uc:t..l f

UIÇ J.

l . C l l -

cia a ele e Pepys fala

que

vê a corte cheia de túnicas, ele era evi

dentemente

destinado

para

uso ao ar livre . ( Studies

in

En

glish costume r ,

in Magazine_ ofart

1887-88,

v. xr).

Ele é visto

usado como

um

sobretudo

em

uma

gravura

da

época do funeral

do general Monck,

em

1670.

No

final, o sobretudo

se

transfor

mou no

paletó, e a túnica

no que

mais

t ~ r d e , quando

ficou

bem

mais curta

 

passou a se chamar colete. E interessante

notar que

os

alfaiates particulares

de

.Londres ainda se referem ao colete co-

mo vest [túnica). ·

A princípio, era extremamente comprida, quase

do

com

primento do

casaco, chegando próx imo aos joelhos e

abotoda de

cima a baixo, quase escondendo

os

calções

por

completo (figs.

119-20). O casaco era bastante simples, ficando

os

bordados re

servados

para

a peça interna, e a gola larga e caída desapareceu,

uma vez .

que

o casaco tornou-a inconveniente.

Em

seu lugar, usa

va-se

um

plastrom

de renda

ou

musselina.

116

119. uque de Borgonha  R. Bonnan, c. 1695 .

120

. Fidalgo tocando violoncelo de]. D de Saint-Jean, 1695 . A perucíllonga era usada

por todas as pessoas elegantes.

Houve g rande controvérsia

quanto

à sua origem. O

nome

parece indicar

que

veio

da

peça usada no pescoço pelos _ roatas

a serviço

da

França e foi inicialmente copiada pelos oficiais fran

ceses e depois pelos cortesãos de Luís xrv.

Uma

indústria

de

ren

das finas fora criad:a

na

França pelo esclarecido ministro Colbert.

O rei, ansioso

por

incentivá-la, usava seus pro dutos e decretou

que

somente

poin.t de France

deveria ser usado

na

corte. A co

nhecida especialista

em

rendas antigas,

Mrs.

NevillJackson,

es-

crevendo para The

Connoisseur

afirma que ' 'a peça usada ao pes

coço

que

precedeu o pl astrom foi a gola caída que,

por

sua vez,

117

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121 Dama de alta linhagem,

de]

D de Saint-Jean, 1693.

122. Dama de alta linhagem,

en déshabill

e, de]. D de Saint-Jean, 1687.

substituíra o rufo de forma que não nos surpreendemos ao ver

que os primeiros plastrons se pareciam com a frente de uma go-

la virada para baixo e não trazem laço ou nó .

Point de France

e o ainda mais elaborado

point de Venise

eram extremamente caros. Chega ao nosso conhecimento atra

vés das Grandes descrições de guarda-roupa que Carlos

II

pa

gou

20

libras e

12

xelins por

um

novo plastrom e que Jaime

II

pagou

30

libras e

10

xelins pelo que usou em sua própria coroa

ção Essas somas eram muito altas naquela época.

Mais para o final do século XVII o plastrom havia se torna

do mais estreito emais comprido. Um laço de fita costumava ser

usado por baixo, e o plastrom propriamente dito (agora não mais

feito de renda e sim de mqsselina ou cambraia) era às

vezes

amar-

118

. TOUT

CE

Qlri REL UI T N'E

ST

JPAS OR

mude dim h

luJmJd

equ  

lia

auJan.t

IUf/a.U-t- J c pez<é

123.

Moda burguesa

de N . Guérard,

c.

1690. O vestido é extraordinário pela profusão

de renda.

Afontange 2tlta

também é de renda. A saia é erguida para mostrar

as

meias

de seda. ·

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rado.

Na

Batalha de Steinkirk,

em

1692, os oficiais franceses, cha

mados para repelir um ataque de ·surpresa, não tiveram tempo

de arrumar seus plastrons de maneira adequada. Eles os torce

ram rapidamente, enfiando-os dentro de

uma

casa de botão pa

ra não atrapalharem. Essa foi a origem do steinkirk (fig. 120),

que

se

transformou em mo da predominante por aproximadamen

te doze ànos, não só

na

França como em toda a Europa.

comentamos que o antigo modelo de gola caída era in

cômodo para se usar com o novo tipo de túnica. Ela, portanto,

diminuiu e se transformou no rabat; mas um outro motivo para

a diminuição do tamanho

oi

que a maior parte da gola ficaria

r

escondida de q ualquer forma por causa das perucas. No re inado

anterior a

moda

dos cabelos compridos sem dúvida

fez

com

que

muitos cavalheiros tivessem postiches mas o efeito desejado era

o

de

cabelo natural. Entretanto,

por

volta de 1660, a peruca tor

nou-se francamente artificial e

oi

adotada com tal entusiasmo

que nada menos que duzentos perruquiers foram empregados

na corte francesa.

1

24

-

5.

Tr

ajes

d

as

cl

asses

médias e traba

lhado

r

a

de S. e Cler

c

fi

n

al

do

sécu

lo

XVII  

A corte inglesa demorou um pouco a adotá-la, mas m no

vembro de 1663 Pepys anotou m seu Dián.o: ouvi o

duque

[de

York] dizer.que ia usar uma peruca e dizem

que

o rei

também

vai. Eu não havia observado, até hoje, que o rei está bastante gri

salho . E, no dia 15 de fevereiro de 1664, afirma: ' 'a White Hall,

ao duque; onde hoje ele usou

uma

peruca pela primeira

vez:

mas

achei

que

seus cabelos cortados bem curtos para essa finalidade

ficaram muito bonitos, antes de colocar a peruca''. Era necessá

rio evidentemente, cortar os cabelos rentes à cabeça, ou até raspá

los, para que a peruca servisse. -

Em abril de 1664 ele

oi

ao Hyde Park e viu

' 'o

rei usando

uma

peruca . Pepys

também

decidira adotar a nova moda, e não

podemos deixar

dle

notar

que

ficou

um

pouco decepcionado

por

não causar

muita

sensação quando a usou para ir à igreja pela

primeira

vez: achei

que

ir usando ·a peruca não provocou tanta

estranheza como temia que acontecesse, porque pensei que a igre

ja inteira imedia tamente voltaria

os

olhos para mim''. O inesti

mável diarista nos conta que, e m 1667, pagou 4 libras e

10

xelins

6-

7.

Tr

aj

es

da ar

s

t

oc

r

acia

de

S.

le

Cl

c

fin

al do

cül

o xvn .

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 .

por

duas perucas e que,

um

' ano depois, combinou pagar a seu

barbeiro

2

xelins

por

ano

para

manter

suas perucas

em

bom es

tado.

Mas

é claro que

as

perucas usadas pelos cort.esãos eram muito

· mais caras.

A peruca compri da e cacheada usada pelos homens elegan

tes era

muito

grande e pesada, sendo

que

as pessoas ativas, co-.

mo

os soldados, achavam-na

um

estorvo. Temos notícias

de

uma

peruca

de campanha

e

outra de

viagem . O estranho é

que

possuir

uma

peruca de algum tipo era considerado absolutamente

essencial e que essa

moda tenha

durado,

para as

classes altas

da

Europa ocidental, quase

um

sétulo.

Ainda mais curioso do

que

usar

montanhas

de cabelos arti

ficiais era empoá-las. Isso, com .

toda

certeza, não começou com

Luís xrv,

que

não

aprov4l.va

esse

hábito

e

o

adotou quando se

tornou

moda

usada

por

todos, no final

de

seu reinado. A peruca

de Carlos

n

era

preta

e assim permaneceu,

e,

pelos ·seus retra

tos, é pouco provável que Guilherme ou a rainha Ana tenham

. empoado

as

suas.

De

fato, esse hábito só se generalizou ·por vol

ta

de

1690. Pepys, cujo

Diário

é interrompido prematuramente,

não o menciona. Evelyn fala sobre ele em seu

lvfundus mulie-

bris,

publicado

em

1694, mas ele estava, obviamente, satirizan

do a

moda

feminina. A evidência mais exata

do

uso de

nos

cabelos pelos ingleses é

obtida

a partir dos dramaturgos da épo

ca.

Colléy Cibber,

em

sua famosa comédia

Love

s

last shift

1695 ),

fala de uma nuvem de pó retirada da peruca de

um

galã .

As

mulheres não usavam peruca, mas aspiravam à mesma

imponência em seu

penteado

através -da invenção dafontange

tão característica da década de 1690. Seu

nome

foi

em

homena

gem a

uma

das favoritas

de

Luís xrv, que, como diz a história,

vendo-a despenteada durant e

uma

caçada, amarrou depressa seus

cabelos com

uma

liga. O rei expressou sua admiração e a

moda

foi lançada.

No

dia seguinte, todas

as

damas

da

corte aparece

ram com os cabelos amarrados

por uma

fita com o laço para a

frente. A

moda

rapidamente cruzou o canal e é

um

dos primei

ros exemplos de

uma moda

francesa se

impondo na

Inglaterra

quase de imediato.

122

128.} ames Stua rt e sua ir mã Louisa Maria Theresa

de Largilliere,

1695.

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Em breve, um simples laço de fita não era suficiente. Acres

centou-se renda, depois uma touca com uma armação de arame

para sustentar a estrutura cada vez mais alta. Era·então chama

da, talvez ironicamente, de ''cômoda'

,

e

na

Inglaterra também

era conhecida como .'torre''. No

Ladies dictionary,

de 1694, é

descrita como ' 'uma armação de arame de dois ou três níveis,

ajustada à cabeça e coberta com gaze

ou

outras sedas finas,

fi

cando assim completo o toucado''. Os moralistas, como sempre,

viram a nova moda com grande apreensão, como

um

incitamen

to ao orgulho, e Samuel Wesley, o Velho, pai do mais famoso

r John Wesley, fez um sermão contra ela a partir do texto: que

aquele que

se

encontra no alto não caia'', fazendo

uma

alusão

ao toucado alto.

Há vários relatos sobre a origem dessa moda e

os

motivos

de seu desaparecimento.

Luís XIV

cansou-se dela em 1699 e ex

pressou sua desaprovação, mas foi o aparecimento de

uma

ingle

sa na corte,

Lady

Sandwich,

ave c

une

petite

coiffure basse

[ com um pequeno penteado baixo ], que realmente mudou

a moda. Isso deve ter sido uma excentricidade de Lady Sandwich,

porque

em

geral a moda francesa era abandonada na Inglaterra

algum tempo depois de o ser na França. Encontramos no

Mercu-

re

Galant

de novembro de 1699 a afirmação de que o velho esti

lo de penteado alto estava começando a ficar ridículo. Aproxi

madamente dez anos mais tarde Addison comentava seu desa

parecimento

na

Inglaterra.

O chapéu masculino assumiu, nos últimos anos do século

XVII,

a forma que manteria durante o século

xvm 

O chapéu do

Co

_mmonwealth, nã<;> importa se usado por round

heads

ou por

c v liers (estes o usavam com uma pluma), distinguia-se pela copa

alta e pelas abas largas. Carlos

II

introduziu o chamado ''cha

péu

francês , com abas largas e copa mais baixa, adornado com

mais plumas do que anteriormente. No funeral do general Monck,

em 1670, a que já nos referimos, os chapéus também tinham abas

bem pequenas. Finalmente a c9pa adquiriu uma altura mode

rada, e a aba, que novamente se tornara larga, passou pelo pro

cesso conhecido como levantamento , isto é, parte dela era vi-

124

rada para cima na frente, atrás ou de um lado da cabeça.

A princípio ·isso parece ter sido

uma

questão de vaidade in

dividual: temos notícia, por exemplo, do : 'levantamento de Mon

mouth'

'. Durante o reinado de Guilherme e Maria, o chapéu

começou a ser dobrado para cima em .três lugares, formando as

sim o chapéu tricórnio , que durou urp. século e era considera

do o único adequado

aos

cavalheiros no

mundo

civilizado. ' 'O

chapéu de aba levantada'', diz Planché, ' 'era considerado marca

de finura, graduação profissional e distinção das classes mais bai

xas, que o usavam sem levantar a aba .

(A Cyclopaedia

. 1876,

v I, p. 260). Essas diferenças que existiam dependiam da.largu

ra aba, sendo

a

mais larga conhecida como Kevenhuller.

· Curiosamente,

os

chapéus eram usados em ambientes

fe

chados e até no jantar; somente na e n ç da realeza os ho

mens descobriam a cabeça. O chapéu e a peruca eram o símbolo

da extrema formalidade no trato que marcou

os

últimos anos do

século

XVII.

12

9. Cortejo

de

cas

am

ento,

inReiazione dei regno

di

Svezia, de

I.orenzo Magalotti, 16 74.

O chapéu começou a a

pr

ese

nt

ar a aba ieva

nt

ada, m

as

aind a não se

tr

ansformou no

tricorne.