cachoeira de filmes

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Ataídes Braga___ 3Cachoeira de FilmesO cinema Humberto Mauro como espaço de exibição e resistênciaAllgas Comunicação Belo Horizonte • 2011___ 4Cachoeira de Filmes – O cinema Humberto Mauro como espaço de exibição e resistência Belo Horizonte • 2011 > > > > > > > > Ataídes Braga Cláudio Lütkenhaus Allgas Comunicação Paulo Lacerda Laura Lütkenhaus Cristina Ribeiro Flávia Wasner Vasconcelos Érika RochaAutor Coordenação Editorial Capa, Projeto Gráfico e Diagramação Fotografias Revisão

TRANSCRIPT

Atades Braga

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Cachoeira de FilmesO cinema Humberto Mauro como espao de exibio e resistncia

Allgas Comunicao Belo Horizonte 2011

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Cachoeira de Filmes O cinema Humberto Mauro como espao de exibio e resistncia Belo Horizonte 2011 > > > > > > > > Atades Braga Cludio Ltkenhaus Allgas Comunicao Paulo Lacerda Laura Ltkenhaus Cristina Ribeiro Flvia Wasner Vasconcelos rika RochaAutor Coordenao Editorial Capa, Projeto Grfico e Diagramao Fotografias Reviso Gestora Responsvel Coordenao Financeira Produo Executiva

Este livro foi realizado com os benefcios da Lei Municipal de Incentivo Cultura de Belo Horizonte. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrnico, de fotocpia, gravao, etc., sem a expressa autorizao do detentor dos direitos devidos.

Ficha Catalogrfica elaborada por Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6-1047 B813 Braga, Atades Cachoeira de filmes: o cinema Humberto Mauro como espao de exibio e resistncia / Atades Braga. Belo Horizonte: Ed. do autor, 2011. 120p. ISBN 978-85-64400-00-9 1. Cinema Belo Horizonte (MG) Histria. 2. Cine Humberto Mauro. I. Ttulo. CDD: 791.43 CDU: 725.824

Patrocinador

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Muitos j sentaram em suas poltronas. Em sua tela, os clssicos do cinema dividem espao com curtas e vdeos de novos realizadores. Desde sua abertura, em 1978, a trajetria do Cine Humberto Mauro se confunde com a histria do audiovisual e das artes em Belo Horizonte. Nessas pginas, voc vai relembrar um pouco dos festivais, mostras, filmes e pessoas que passaram por essa Sala, alm de conhecer um pouco mais sobre um dos pioneiros do cinema que nomeia o espao e inspira o ttulo desse livro. O Grupo ATTPS, desde sua fundao em Belo Horizonte, acompanha a histria e entende a relevncia do Cine Humberto Mauro para a cidade; por isso que se orgulha de cont-la atravs do livro Cachoeira de Filmes.

Elcio Mansur Presidente do Grupo Attps

Agradecimentos

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Os agradecimentos so infindveis, mas alguns so imprescindveis. Aos amigos da Biblioteca: Leila Martins, Maria Inz de Melo Soares Oliveira, Alciene Ferreira de Carvalho Bo, Adilson Francisco Ferreira, Fabrize Pousa e Getlio Costa. Aos amigos do DECIN: Daniel Queiroz, Joo Paulo Dumans, Lucian Heloisa, Ulton Wells, Igor Atade, Ana Siqueira, Maria Chiaretti, Jos Higino Carneiro, Snia e, em especial, para Wagner Corra de Arajo por ter dado incio ao sonho. A Cristina, pela fora e por ter acreditado no trabalho. Ao Cludio, pelas inmeras reunies para se produzir um livro perfeito. A Camillo Souza Filho, Paulo Eduardo Lacerda e Marcus Santiago. A Mrcia Larica, Tnia Arantes e Edna Arcanjo. A todos que ajudaram na produo desse livro. Para Fernanda Fernandes. A minha famlia pelo apoio. Em memria de Jos Zuba Jnior e, tambm, de Jos Tavares de Barros, pela luta constante, fundamental em defesa do cinema e por ter me inspirado em continuar a batalha pelo Cinema Brasileiro. Para o amigo Mateus Arajo Silva. Para Adrilene. Para Daniela Giovana, pelas sugestes. Aos funcionrios Jos Horta, Octavio Gouveia, Avelino, Enock, Cid, Alpio, Zozino e Miltinho, que trabalham garantindo o bom funcionamento do Cine Humberto Mauro. A todos aqueles que j passaram pelo Cine Humberto Mauro, trabalhando ou se divertindo.

Sumrio

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Apresentao

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Introduo

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CEC: Centro de Estudos Cinematogrficos

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Programao Diferenciada

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Estatsticas

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Bastidores

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Cinema como Cachoeira

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Banco de Imagens

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Referncias Bibliogrficas

Apresentao

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Os lugares. Ah, os lugares! Na relao espao/tempo, compem um importante aspecto para a composio da memria que o ser humano traa ao longo de sua existncia. Quando usamos da fora da lembrana, somos capazes de trazer mente imagens, sons, cheiros, sentimentos que ao passado ficaram legados. fundamental historiar os lugares de memria, no s aqueles que guardam os documentos, mas, sobretudo, os grandes monumentos/documentos sobre os quais Jacques Le Goff nos chama a ateno. O Cine Humberto Mauro um destes grandes na cidade de Belo Horizonte, lugar que rene a prtica da exibio cinematogrfica mais sofisticada para os olhos do espectador. E, ao fazer este movimento, se traduz em resistncia primeira diante da era dos enlatados que hoje, cada vez mais, o espectador assiste em casa, sem ter o contato com a premissa da fruio pblica, aspecto determinante ao reconhecimento do cinema como o concebido na Frana em 1895. Cachoeira de Filmes apresenta o Cine Humberto Mauro como espao de exibio e resistncia, traz a trajetria da sala; seu contato com o Centro de Estudos Cinematogrfi-

cos, alm de um detalhamento de todas as mostras exibidas dos anos setenta at os anos 2000, e tambm histrias de bastidores. As informaes registradas por este livro servem de base a pesquisas futuras, revelando um amplo trabalho de levantamento de dados em fontes muitas vezes dispersas. Esta sala segue chamando pelo pblico e acolhe a todos, dos cinfilos mais acirrados a pessoas com trajetria de vida nas ruas de Belo Horizonte; lanando a produo de seu primeiro filme. No palcio onde mora, est aberta a acolher. Os independentes esto l, os desprovidos de espao nas grandes telas comerciais e alguns poucos que resumido tempo obtiveram nos shoppings tambm. Os festivais de toda ordem: curtas, documentais, animaes, fices e as mostras... deliciosas mostras dedicadas a diretores, movimentos, atores. Quem passou por l sabe o quanto deve a esta sala. E quem ainda no passou, trate de se mover agora. O Cine Humberto Mauro est l, de portas abertas a receb-lo, com ingressos quase sempre gratuitos ou a preos mdicos. Daniela Giovana Siqueira Belo Horizonte, em setembro de 2010.

captulo 01

Introduo

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A primeira sesso de cinema no Brasil ocorreu na tarde do dia 08 de julho de 1896, em uma loja da Rua do Ouvidor, n 57, no Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, o cinematgrafo chegou primeiro em Juiz de Fora, no dia 23 de julho de 1897, antes de Belo Horizonte existir como capital a transferncia ocorreu em 12 de dezembro de 1897 e a primeira exibio na capital mineira se deu em 10 de julho de 1898. As primeiras salas de cinema em todo o Brasil foram construdas seguindo os modelos vigentes nos Estados Unidos. A grandiosidade marca do estilo Art-Dec, predominante em nossos cinemas: a linha geomtrica, curvas, vitrs coloridos e pisos desenhados so suas caractersticas. A partir de 1960, com a popularizao da televiso, o cinema comea a enfrentar uma queda de frequncia que ser vertiginosa nos anos 80, quando aparecem os primeiros videocassetes. Muitas salas de cinema desapareceram nesse perodo, por descaso, inadequao aos novos tempos ou especulao imobiliria. O valor significativo desse bem cultural no foi levado em conta, o desaparecimento dos templos da stima arte tornou-se um fato triste e constante na capital mineira e, tambm, com maior frequncia, no interior do estado. Uma exceo nesse processo de crise e decadncia do cinema em Belo Horizonte foi a inaugurao, em 1978, da Sala Humberto Mauro, hoje Cine Humberto Mauro, nas dependncias do Palcio das Artes, o maior e mais importante centro cultural da cidade. O propsito desta obra homenagear o mestre Humberto Mauro (18971983) e os inmeros cineastas que produzi-

ram e lutaram pelo cinema brasileiro. O ttulo refere-se frase Cinema Cachoeira, de sua prpria autoria. Cidado do mundo, nascido na cidade de Volta Grande, em Minas Gerais, que viveu e trabalhou em Cataguases, tambm no mesmo estado. Humberto Mauro formou seu esprito luz dos usos e costumes da pequena cidade, onde rodou algumas de suas principais obras que compem o clebre Ciclo de Cataguases. Por sua contribuio ao cinema brasileiro, uma sala de exibio cinematogrfica com o seu nome a mais legtima homenagem. A origem do Palcio das Artes remonta ao incio da dcada de 1940, quando o ento prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, encomendou um projeto de teatro ao arquiteto Oscar Niemeyer cuja execuo sofreu vrias interrupes at 1966, ano em que o governador Israel Pinheiro nomeou uma comisso especial presidida pelo engenheiro Pery Rocha Frana para concluir a obra. O projeto de Niemeyer, que idealizara o teatro voltado para o Parque Municipal e ligado Avenida Afonso Pena por uma passarela de concreto, foi ento modificado, cabendo ao arquiteto Hlio Ferreira Pinto adapt-lo s necessidades da poca. Criada pela Lei 5.455 de 10 de junho de 1970, a ento Fundao Palcio das Artes passou a se chamar Fundao Clvis Salgado, na data de 20 de setembro de 1978, em homenagem a Clvis Salgado da Gama (19061978), um mineiro de Leopoldina que foi professor, mdico, governador de Minas Gerais e ministro da Educao e Cultura. Incentivador incansvel das artes no estado, Clvis Salgado presidiu a Sociedade de Cultura Artstica, a Sociedade Coral de Belo Horizonte e a Orquestra Sinfnica de Minas Gerais. Coube a

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ele mobilizar a opinio pblica e levantar os recursos financeiros para a retomada da obra e a concluso do Palcio das Artes. A citao do Catlogo da Fundao afirma: A Fundao Clvis Salgado um dos mais completos e dinmicos centros de exibio e produo artstica da Amrica Latina. A instituio, que faz parte do Sistema Integrado de Cultura, rene, num s endereo, trs teatros para espetculos de artes cnicas, pera, msica e dana. Quatro galerias de artes plsticas: Guignard, Genesco Murta, Maristela Tristo, Arlinda Corra; sala para concertos de cmara, cinema, espao multimeios, biblioteca especializada, musicoteca, videoteca, oficina para instrumentos de sopro, lutheria, vrias salas de ensaio. Alm disso, possui um Centro Tcnico de Produo (CTP), localizado em Marzago, Sabar, com amplos atelis e oficinas de cenografia, figurinos e aderearia. O diferencial da nova sala era a programao alternativa, voltada para filmes no exibidos no circuito comercial, filmes em 16 mm, filmes em preto e branco, mostras de Cinematecas e Embaixadas. O Cine Humberto Mauro se tornaria, logo, um espao de reflexo e de resistncia. A histria deste Cine comea antes mesmo de seu espao fsico existir. Em 1972, um grupo de amigos, liderados por Wagner Corra de Arajo, recebeu de presente um projetor 16 mm. Como no dispunha de espao prprio, o grupo comeou a se reunir no Centro de Informao e Documentao Artstica e Audiovisual (CIDAA) onde exibia filmes produzidos em Super 8 e 16 mm. Inicialmente eram sesses fechadas, de carter didtico, improvisadas em uma sala pequena, adaptada s necessidades da projeo. Naquela poca, o pblico no passava de 30 pessoas por sesso. O idealizador da sala Wagner Corra de Arajo ilustra com texto bastante esclarecedor sobre como se consolidou as exibies de filmes nas dependncias do Palcio das Artes,

um projeto ento denominado Humberto Mauro, a seguinte publicao: Com a doao de um projetor de 35 milmetros pela Fiat, as sesses foram ampliadas e o Grande Teatro passou a ser o local de exibio dos filmes. As fitas eram exibidas aos sbados e domingos, s 16h, antes dos espetculos principais. Mas, como o espao era grande, com 1.500 lugares, e as sesses no passavam de 200 espectadores, o teatro oferecia uma sensao de vazio. O Projeto Humberto Mauro tinha durao prevista at 15 de dezembro daquele ano, apresentando filmes, seminrios e conferncias com a participao de vrios crticos e representantes da Embrafilme. A primeira programao da sala, que ficou em cartaz de 15 de outubro a 05 de novembro de 1978, apresentou uma retrospectiva de Humberto Mauro, com a apresentao de todos os seus longas-metragens, uma seleo de curtas, um festival de filmes da Cindia, alm de uma mostra de curtas brasileiros e mineiros daquele perodo. A Sala Humberto Mauro, do Palcio das Artes, foi oficialmente inaugurada em 15 de outubro de 1978 com a exibio do filme A Noiva da Cidade (1978), dirigido por Alex Vianny a partir de um roteiro escrito por Humberto Mauro, conforme consta no livro O Fim das Coisas, de Atades Braga. 15 de outubro de 1978: com a Avant-premire nacional de A Noiva da Cidade, Belo Horizonte ganhava uma nova sala de cinema. Era pequena, no chegava a duzentos lugares, possua enorme precariedade tcnica, que aos poucos foi sendo solucionada pela aquisio de equipamentos, a construo de um novo hall, etc. Mas a sala batizada com o nome do patrono do cinema do Brasil contava com uma srie de elementos que faziam dela um espao diferente. Em primeiro lugar, o objetivo de consolidar uma programao alternativa, com filmes no exi-

bidos em circuito comercial (trabalhos em 16 mm, filmes em preto e branco, mostras de cinematecas e embaixadas) ou filmes importantes que, pela prpria rotatividade exigida pelo negcio cinematogrfico, no teriam novamente espao nas casas de exibio mais importantes. Em segundo lugar, estava um engajamento direto com a populao cinematogrfica de Minas. Ali aconteceriam estrias de curtas e longas, debates sobre a crtica e a economia do cinema, comemoraes cvico-cinematogrficas: reabertura do CEC, aos trinta anos desta entidade, comemoraes de aniversrios de cineastas, homenagens aos mortos. Em terceiro lugar e mais importante do que tudo havia o sentimento de diversas pessoas, crticos, cineastas, administradores, de que ali estava uma das sadas para a pasmaceira cinematogrfica em que se encontrava Minas. Reconhecido como espao de referncia do cinema alternativo e formador de pblico, o Cine Humberto Mauro consolidou-se como ponto de encontro de cinfilos e estudiosos, que sempre prestigiavam sua intensa programao, composta de mostras, festivais, retrospectivas e lanamento de filmes, geralmente seguidos de debates com os realizadores.

Como todo espao cultural alternativo, voltado a projetos no comerciais, o cinema sempre enfrentou dificuldades, principalmente financeiras, mas nunca foi abandonado. Acompanhando as novidades, tem se firmado nacionalmente como um espao que abriga produes no-comerciais como os Curtas-Metragens que tiveram sua fase de ouro no incio dos anos 80 bem como promovido discusses sobre o cinema brasileiro. Embora este livro tenha sua pesquisa limitada ao ano de 2006, a brilhante trajetria do Cine Humberto Mauro devese, especialmente, inestimvel presena de pessoas que ao longo desse tempo assumiram sua diretoria, a comear por Wagner Corra de Arajo que inaugurou a sala; depois, assumiu o cineasta Helvcio Ratton o qual convidou Mnica Cerqueira, substituda posteriormente por Ivanildo Cezar Cludio que deixou a vaga para Jos Zuba Jr., substitudo interinamente por Marcello Castilho Avellar, seguido por Rafael Conde, Waleska Falci, Patrcia Klingl, Daniel Queiroz, Joo Dumans e, por fim, Ana Siqueira. Antes de apresentar a programao, situarei o cineclubismo como marca diferencial em Belo Horizonte e precursor do Cine Humberto Mauro.

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captulo 02

CEC: Centro de Estudos Cinematogrficos

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A origem do cineclubismo em Minas Gerais se deu com o Clube dos Cinco, fundado em 05 de maio de 1947 por Paulo e Lus Arbex, Ivan Casasanta Dantas, Dalmo Jeunon e Jos Maurcio Pena. Um outro grupo tambm preparava a criao de um clube de cinema: Jacques do Prado Brando, Jos Morais, Slvio Vasconcelos, Oscar Mendes, Edmur Fonseca, Cephas Siqueira e Wilson Figueiredo. Segundo Paulo Arbex, em Claquete, nmero 11, publicada em outubro de 1961, foi a sesso do filme russo O Poeta e o Czar (1926), de Wladimir Gardin, exibida em 15 de novembro de 1947 no Cine Guarani, que inaugurou o Clube de Cinema de Minas Gerais (CCMG). O jornalista Geraldo Fonseca, em matria publicada anos mais tarde (mais precisamente em 15/05/1979) no jornal Estado de Minas, buscou resgatar a histria do cinema na cidade, retratando fatos interessantes da poca. Dentre eles uma descrio do CCMG e de suas atividades: Entre os presentes estavam Jacques do Prado Brando, Edmur Fonseca e os irmos e crticos de cinema Geraldo e Renato Santos Pereira, que viriam a fazer uma convocatria para a fundao do Clube de Cinema de Minas Gerais. Foram surpreendidos entre eles Oscar Mendes, Sylvio Vasconcellos, Fritz Teixeira de Salles e Jos Morais. (...) Do Clube de Cinema ficou a lembrana de grandes sesses como Trgica Inocncia, O Eterno Marido, Maria Candelria, ltima Porta. O grupo

ligado ao CCMG ainda chegou a produzir um curtametragem, A Esttua, dos irmos Santos Pereira. (...) Ningum, at hoje, sabe explicar quando e por que o CCMG, ento presidido por Sylvio Vasconcellos, paralisa suas atividades. A partir do fechamento do CCMG, depois da sesso do filme Lalibi (1937), de Pierre Chenal, em 14 de outubro de 1949, por diversas razes, dentre elas, o aluguel caro dos filmes e a ausncia de uma sede fixa, preparou-se o terreno para o surgimento do CEC. O Centro de Estudos Cinematogrficos CEC foi criado em 1951 por Jacques do Prado Brando e Cyro Siqueira, dentre outros, como uma associao civil sem fins lucrativos que visa o estudo e a divulgao da arte cinematogrfica. o mais importante cineclube de Minas Gerais e do Brasil. O CEC no contribuiu somente para o aprimoramento do conhecimento da arte cinematogrfica, mas atuou, tambm, como foco agregador da intelectualidade de Belo Horizonte e da resistncia cultural ao conservadorismo da sociedade mineira da poca. Sobre a criao do CEC, o caderno de cultura do jornal Estado de Minas, em 15/09/1951, trazia a seguinte manchete principal: Hoje, s 20 horas, na Cultura Inglesa, realizar-se a 1 reunio do Novo Clube de Cinema de Minas Gerais, ocasio em que os irmos Renato e Geraldo Santos Pereira, recm chegados de Paris, pronunciaro uma conferncia a respeito da esttica cinematogrfica, sendo logo aps exibido o filme From This Day (Esse Encanto Irresistvel), de John Berry,

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estrelado por Joan Fontaine e Mark Stevens. Entrada absolutamente franca. J Cyro Siqueira, tambm no jornal Estado de Minas, na sua coluna Cinemas, em 18/09/1951, publicava a seguinte nota: Diante de um auditrio repleto, surpreendentemente repleto, o Centro de Estudos Cinematogrficos de Minas Gerais, sucessor do antigo Clube de Cinema, deu na noite de sbado ltimo, na Cultura Inglesa, seu primeiro passo. Eram exatamente 20h, quando Jos Renato e Jos Geraldo Santos Pereira, os conferencistas da noite, entraram no recinto, aps o que, composta a mesa, o CEC passou a ter vida real abandonando o estado de planejamento, para a existncia efetiva. O CEC chegou a funcionar em vrios locais, salas cedidas, no incio, por entidades de divulgao cultural, muitas das quais no existem mais: Cultura Inglesa, o Instituto Nacional de Arquitetos no Clube Belo Horizonte (situado na Rua da Bahia), na biblioteca Thomas Jefferson (que era situada na Rua Gois, 230), no Instituto de Educao de Belo Horizonte (ainda hoje funcionando na Avenida Caranda). Em 1965, o CEC estava instalado em uma das dependncias do Cine Art-Palcio, na Rua Curitiba, mas o espao foi solicitado e a entidade passou a funcionar, provisoriamente e exclusivamente, para a exibio de filmes na Imprensa Oficial, situada na Rua Rio de Janeiro. O trabalho de administrao e a biblioteca foram para uma sala alugada no Edifcio Arcngelo Maleta. importante frisar que durante esse perodo o CEC exibia filmes em diversos outros locais, cedidos ou alugados, como os auditrios do Banco de Lavoura, do Banco de Crdito Real, do Bemge e, s vezes, quando havia uma comemorao ou o filme despertava um interesse maior, em sesses especiais que aconteciam nos extintos cines Guarani, Palladium, Acaiaca e Art-Palcio. A publicao da Revista de Cinema, veculo das principais discusses ocorridas em suas reunies, estabeleceu o Cen-

tro de Estudos Cinematogrficos no cenrio brasileiro da stima arte. Ela tida como um dos grandes marcos da literatura sobre cinema no Brasil. Em 1968, poca marcada pela represso aos movimentos culturais, o CEC foi obrigado a encerrar suas atividades. Em 1979, no entanto, voltou a funcionar, coordenando a exibio de uma sesso, aos sbados, na Sala Humberto Mauro do Palcio das Artes. Mrio Alves Coutinho escreveu no Suplemento Literrio de Minas Gerais; n 647, em 24/02/1979 sobre o encerramento de suas atividades ainda em 1968: No primeiro semestre de 1968, o CEC realizou sua ltima sesso. No existiam mais possibilidades para ele continuar existindo (possibilidades econmicas, principalmente: faltava dinheiro para as despesas; as dvidas se acumulavam). Resta um consolo: o CEC no foi a nica coisa importante que desapareceu em 1968, no Brasil. J o jornalista Maurcio Gomes Leite, no jornal Estado de Minas, em 27/03/1979, escreveu sobre como eram as sesses de cinema: Era um fenmeno nico no pas de aglutinao de personalidades diversas, de pequenas ambies culturais, de sonhos diurnos movidos por esta maneira mineira de analisar tudo, de assumir o cerco da montanha atravs de escavaes at o fundo das coisas, de vencer uma natural timidez buscando o dilogo com o outro, com todos. Sobre o retorno das atividades, um artigo publicado no livro Presena do CEC: 50 anos de cinema em Belo Horizonte, Fbio Leite anota: Aps 11 anos sem atividades, o CEC reabriu suas portas. A reabertura aconteceu a 1 de setembro de 1979. A primeira diretoria dessa nova fase era formada por Ricardo Gomes Leite, Wagner Corra de Arajo e Petrnio Fonseca. O CEC comeava a a re-

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captulo 03

Programao Diferenciada

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O cinema abrigou e promoveu diversos festivais e mostras nesses mais de trinta anos. H que citar, por exemplo, entre os eventos mais recentes e de grande importncia no calendrio cultural da cidade, o Circuito Cultural Banco do Brasil, a Retrospectiva Anima Mundi, a Retrospectiva Tudo Verdade, o Festival Internacional de Curtas de BH, o Indie Mostra de Cinema Mundial, Mumia Mostra Udigrudi Mundial de Animao, Forumdoc.BH, Circuito Ita Cultural e o Cineclube Curta Circuito. O 1 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, ocorrido de 22 a 30 de setembro de 1994, foi criado com a inteno de exibir o melhor da produo em curtametragem nacional e internacional, criando assim um espa-

o de incentivo e discusso para os profissionais do cinema. Foram exibidos 179 curtas de 23 pases e 72 filmes do Brasil. O 2 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, de 22 a 30 de setembro de 1995, destacou as comemoraes do centenrio do cinema. Foram exibidos 154 curtas de 24 pases, sendo 52 brasileiros. O 3 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte retomou as atividades no perodo de 29 de maio a 10 de junho de 2001, aps um intervalo de cinco anos. Ao todo, foram realizados 28 programas em 86 sesses com entrada franca, acumulando um pblico de 21.034 espectadores.

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Convite para abertura do 2 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, em setembro de 1995

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Durante o 4 Festival Internacional TIM de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, de 04 a 16 de junho de 2002, foram mostrados 120 filmes e distribudos, aproximadamente, R$50.000,00 em prmios aos participantes. Na Mostra Competitiva Brasileira, foram exibidos 50 curtas-metragens de 12 estados brasileiros e, na Competitiva Internacional, 60 curtas-metragens de 19 pases. Prmio Resgate do Cinema Mineiro concedido ao documentrio Joo Rosa, de Helvcio Ratton. No 5 Festival Internacional TIM de Curtas-Metragens de Belo Horizonte em 2003, foram mostrados 120 filmes e distribudos R$50.000,00 em prmios aos participantes. Na Mostra Competitiva Brasileira, foram exibidos 50 curtas-metragens de 12 estados brasileiros e, na Competitiva Internacional, 60 curtas-metragens de 19 pases. O Prmio Resgate do

Cinema Mineiro foi concedido a O Milagre de Lourdes, de Carlos Alberto Prates Correia. O 6 Festival Internacional TIM de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, de 22 a 31 de julho de 2004, apresentou a Retrospectiva Belmonte e o Prmio Resgate do Cinema Mineiro foi concedido a Morte Branca, de Jos Amrico Ribeiro. O 7 Festival Internacional TIM de Curtas-Metragens de Belo Horizonte foi realizado em parceria com o Centro de Estudos Cinematogrficos de Belo Horizonte CEC e atraiu 15 mil cinfilos para as sesses. Foram exibidos 70 curtas internacionais e 173 nacionais, divididos em vrias mostras competitivas, e ocorreram, tambm, programas dedicados cinematografia de vrios pases e diretores. O Prmio Resgate do Cinema Mineiro foi concedido obra A Superfcie Domada, Partida, Dobrada, de Newton Silva. J sem o patrocnio mster da TIM, o 8 Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte foi realizado de 21 a 30 de julho de 2006 e em parceria com o Centro de Estudos Cinematogrficos CEC. O 9 Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte tambm foi realizado em parceria com o Centro de Estudos Cinematogrficos, entre 20 e 26 de julho de 2007. Para a publicao a seguir, Geraldo Veloso escreveu um artigo intitulado O CEC e o Festival. Nele apresentou um balano da importncia do CEC no Festival Internacional de Curtas: O Centro de Estudos Cinematogrficos de Minas Gerais sempre esteve identificado com o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte. Quando o Festival comeou a existir, nos anos noventa do sculo passado, o seu idealizador e, naquele momento, gerente do Cine Humberto Mauro, Jos Zuba Jnior, tinha (porque sempre teve) uma profunda ligao com o CEC. Zuba tinha se formado dentro do CEC e tinha, inclusive, presidido a entidade. Sua auxiliar

> Panfleto para devulgao do 3 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, em junho de 2001

> Convite para o 5 Festival Internacional TIM de Curtas-Metragens de Belo Horizonte, em setembro de 2003

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prxima era Mrcia Valadares Viegas Lopes. Naquele momento, uma instituio foi fundamental na parceria com a Fundao Clvis Salgado na realizao do Festival: o Instituto Goethe, que ainda tinha um atuante brao em Belo Horizonte. O Instituto Goethe est devidamente registrado na trajetria do movimento cultural de Belo Horizonte, sobretudo, depois da presena do seu diretor, Roland Schaffner. Schaffner (que deixou marcas em todas as geografias em que operou cabea do Instituto Goethe sabemos da importncia de sua atuao na criao da, hoje consagrada, Jornada de Curtas-Metragens de Salvador, em parceria com Guido Arajo) foi um doce furaco que ajudou a mexer com vrias iniciativas vitoriosas em nossa cidade nos anos oitenta do sculo passado. O Grupo Galpo, o trabalho cnico de Carmen Paternostro, a presena de tericos, realizadores e artistas de cinema, teatro, msica, arquitetura, literatura e a distribuio de bolsas para estudo na Alemanha so algumas das aes que durante a presena de Schaffner frente do Instituto Goethe em Belo Horizonte se intensificaram com resultados sempre positivos. Infelizmente o Instituto Goethe se retirou de Belo Horizonte e diminuiu o mpeto de suas aes no campo cultural.

Em 2001, com a gerncia do Cine Humberto Mauro sob a responsabilidade de Waleska Falci, o Festival retomou as suas atividades e comeou uma trajetria de crescimento que no foi interrompida, desde ento. Em 2003, Waleska Falci me procurou (nesse momento eu era o Presidente do CEC) e sugeriu que o CEC deveria incorporar o festival em sua agenda de objetivos e passar, depois de acertadas as condies de uma parceria com a direo do Palcio das Artes, na poca dirigido por Mauro Werkema, a propor o evento Lei Estadual de Incentivo Cultura e ajudar em sua realizao. Reunimos a diretoria do CEC, discutimos os termos desta parceria e fui orientado a fechar os termos desta colaborao a partir do 5 evento do Festival. Assim foi feito: formatamos um projeto, com o conhecimento da direo do Palcio das Artes e o encaminhamos Lei Estadual de Incentivo Cultura. Fomos aceitos pela comisso gestora da Lei, e os patrocinadores que j vinham apoiando o evento (a empresa de telefonia celular TIM e a Usiminas a primeira deixou que a segunda patrocinasse tambm s a partir do 6 Festival e, no 8 Festival houve a agregao de mais dois parceiros na sua realizao: a estatal Cemig e a Cia Fora e

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Luz Cataguazes Leopoldina) confirmaram os respectivos apoios. A Prefeitura de Belo Horizonte, atravs do Centro de Referncia Audiovisual, subordinado ento Secretaria Municipal de Cultura, que j vinha apoiando o evento atravs de uma pequena dotao oramentria, tambm continuou o apoio. Infelizmente, uma srie de desencontros funcionais colocaram Waleska Falci em divergncias com a direo do Palcio das Artes que resultaram em seu afastamento do cargo de gerente do Cine Humberto Mauro e, consequentemente, da Coordenao Geral do Festival. Sempre apoiado pela nica presena constante em todos os anos do Festival, Mrcia Valadares Viegas Lopes assumiu a coordenao do Festival em um momento delicado da sua existncia.

E desde ento, o CEC vem buscando realizar e expandir o Festival em suas verses ocorridas desde o ano de 2003. Estamos, no momento, preparando o 9 Festival, a ser realizado em 2007. O Festival conseguiu manter um formato que o moldou desde os seus primeiros momentos e buscou ampliar o horizonte de captao de filmes em todo o mundo. Hoje, mais de cinquenta pases mandam filmes para as mostras competitivas. A produo atual de curtas do pas passa toda por nossas competies. Todos os anos dezenas de mostras elegem focos temticos, homenageiam autores ou cinematografias nacionais, sempre buscando criar um clima de informao e de confronto de ideias, poticas, estticas e linguagens. Visitantes ilustres tm estado conosco enriquecendo as relaes entre os cinfilos, os poss-

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Encarte com a programao para o 8 Festival internacional de Curtas-metragens de Belo Horizonte, em julho de 2006

veis realizadores, os profissionais de cinema e a comunidade. Figuras como Fred Camper, Hans Joachim Schlegel, Jean Douchet, Alain Bergala, Jorge Laferla, Arlindo Machado, Eduardo de Jesus se juntam a convidados locais e nacionais para debates, tirados da crtica, da realizao e da reflexo cinematogrficas. O Festival faz acordos com outros eventos semelhantes pelo mundo. Os festivais de Clermont-Frrand, na Frana, de Huesca, Espanha, de Tampere, na Finlndia, a Mostra do Filme Livre, do Rio de Janeiro e outros hoje, so parceiros do nosso Festival. Tenho a certeza que uma grande contribuio tem sido dada pelo Festival, em todos os anos da sua existncia, para o desenvolvimento da atividade cinematogrfica do nosso estado. comum ouvirmos de jovens realizadores que no ano passado estvamos nas filas para ver filmes dos outros e neste ano estamos no Festival mostrando os nossos prprios filmes. Reunies classistas de mbito local e nacional tm sido realizadas para a programao de temas e metas para o setor audiovisual brasileiro. Oficinas incorporam novos conhecimentos aos interessados que as frequentam, anualmente. Julgamos que o Festival est num momento de consolidao e expanso. Para o CEC, o Festival trouxe a possibilidade de ter uma sede prpria (que compartilhada com a Associao Mineira de Cineastas e com o Instituto Humberto Mauro) alm de assentar o seu acervo de publicaes e documentos referentes nossa rea, ao mesmo tempo em que rev a sua estratgia de realizar os seus objetivos: desenvolver os estudos e a reflexo sobre o seu alvo maior, o cinema. No momento, procura-se fazer o Festival chegar a outras cidades do estado (Ipatinga, Coronel Fabriciano, Cataguases, Caxambu e outras cidades j esto programando repertrios do Festival) e o CEC busca o desenvolvimento de cursos profissionalizantes e tericos. Acabamos de receber o sinal verde para encontrar patrocnio (pela Lei de Incentivo

Cultura Federal, Rouanet) para uma publicao de iniciativa do CEC, Dossis Cinematogrficos (que dever editar quatro nmeros por ano). O Festival tem um papel importante neste processo de expanso do CEC. Outros projetos esto se desdobrando: recentemente, o CEC foi procurado por um cineclube de Lisboa, Portugal, para a criao de uma ao conjunta e de colaborao mtua com o objetivo de difundir as cinematografias brasileira e portuguesa nos respectivos territrios e h a solicitao de um grupo de produo audiovisual de Cabo Verde, na frica Portuguesa, para a criao de duas oficinas anuais de prtica de produo naquele pas. O CEC mudou, expandiu, profissionalizou-se; sempre fiel aos seus objetivos primeiros, buscou confirmar a sua vocao histrica de propor vises metodolgicas, inteligentes e sistematizadas do fenmeno cinematogrfico mundial. E, certamente, contribuiu para o desenvolvimento da atividade cinematogrfica em nossa cidade, em nosso estado, em nosso pas. Outro importante difusor de curtas o projeto Cineclube Curta Circuito, da Associao Curta Minas, pois retomou a tradio de apoiar a exibio de curtas-metragens. Uma das propostas do projeto Cineclube Curta Circuito a exibio de filmes de outros estados em programaes especiais. A Curta Minas vem demonstrando, assim, sua poltica de atuao, que consiste ainda na discusso de temas ligados ao audiovisual, oferecendo oportunidade de aproximao dos realizadores com o pblico e a sociedade em geral. Outro projeto desenvolvido pela Associao Curta Minas a Mostra Curta Minas, realizado atravs do Fundo Municipal de Incentivo Cultura de Belo Horizonte, hoje Fundao Municipal de Cultura, e possui o apoio da Fundao Clvis Salgado Cine Humberto Mauro. Como parte de seu objetivo, a Mostra Curta Minas exibe a produo mineira recente de curtas-metragens e pro-

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porciona encontros e discusses sobre o cinema brasileiro. Alm dos filmes e vdeos produzidos no estado de Minas Gerais, tambm so convidados a participarem com exibies, debates e produes, realizadores de outros estados (para trazer uma mostra de seus curtas mais recentes) e representantes da Associao Brasileira de Documentaristas ABD Nacional. A Associao Curta Minas, em 12 de janeiro de 2007, completou oito anos de existncia. Segundo o seu presidente, Cludio Continentino, em texto escrito para esta publicao: Isso motivo de grande comemorao. Comemorao pelo fato de ser uma das ABDs e que conquistou seu espao no mercado audiovisual em pouco tempo, na busca de uma representatividade, de um mecanismo que simbolizasse os desejos de mudan-

a do cenrio audiovisual na terra mineira. De ser apoio queles que lutam para exercer uma profisso cunhada pela beleza do valor cultural, de incessante presena nos rumos de uma poltica audiovisual a ser exercida, quer seja no mbito das cidades, do estado, quer seja deste pas. Acreditamos ser um exemplo a ser seguido. Nossas conquistas em oito anos foram muitas. Criamos o Prmio Estmulo e com ele lanamos 21 filmes; nossa Mostra Curta Minas pretendida para este ano significar a sua quarta edio; participamos de inmeros festivais, congressos, encontros e mostras por todo o pas; o Cineclube Curta Circuito propiciou uma rede de exibio permanente de curtas e docs, sistematizada j em 2006 onde assumimos, alm da capital mineira, trs cidades em regies distintas do estado, unindo empreendedores locais, entida-

> Convite para abertura da Mostra Curta Minas, edio 1999

des, universidade, secretarias de cultura na concepo que nossas diferenas e necessidades devem ser superadas unindo os agentes da esfera pblica, privada e as organizaes da sociedade civil. Chegamos a um patamar de profissionalismo que considera questes administrativas, comunicacionais e de uma ao poltica estruturada sinais de amadurecimento preocupada com a formao de pblico, a regionalizao e sempre em busca da democratizao do acesso aos nossos bens culturais, tambm nas salas de cinema. Podemos dizer que estes oito anos de Curta Minas foram em favor de uma poltica audiovisual justa. Queremos consolidar que a Curta Minas uma Associao Estadual e, como tal, abrange todas as partes do estado, estando apenas sediada em Belo Horizonte. Objetivo que se mantm desde o incio, ratificado em nosso estatuto, inclusive, para ser mais do que a presena em projetos, mas nos futuros Ncleos Regionais da associao. H quem diga que somos sinnimos de vanguarda. Neste momento est acontecendo o 1 Festival de Cinema da cidade de Montes Claros, norte do estado, e em alguns dias inicia-se a 10 edio da consolidada Mostra de Cinema de Tiradentes. A Curta Minas estar presente em ambas as cidades, mais do que isso, a ABD estar representada nos dois eventos. Fazemos parte do mercado audiovisual e isso uma grande vitria para todos. A presena deste pas pode ser encontrada em cada sotaque, junto voz que vm de Minas oficialmente desde 1999 e ter orgulho sim, de ser um abdista, de ser parte de algo maior, resultante de nossa diversidade cultural. Outro projeto que passou a exibir sua programao no cinema foi o Rudo Digital, uma promoo do Ita Cultural que inclui sesses de vdeo, lanamentos de livros, debates, per-

formances multimdia e trabalhos interativos, com entrada franca em todas as sesses. J o programa Rumos um dos mais abrangentes em relao ao estmulo produo artstica e cultural do pas, inclusive a contempornea, sendo pioneiro em seu mapeamento. A iniciativa j apoiou o desenvolvimento de 535 projetos em Artes Visuais, Cinema e Vdeo, Msica, Dana, Literatura e Mdia Arte. Outros festivais ocorrem na sala, como o Forumdoc.BH Festival do Filme Documentrio e Etnogrfico, Frum de Antropologia, Cinema e Vdeo. Realizado pela Associao Filmes de Quintal e pela Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas da UFMG, o Frum um espao para exibio e tambm para a discusso de trabalhos que usam o audiovisual para construir um dilogo com a vida social e a diversidade cultural. As organizadoras Jnia Torres e Glaura Cardoso Vale fizeram um artigo exclusivo para esta publicao com o intuito de destacar a importncia do festival no cenrio cinematogrfico. Neste artigo traaram um balano dos 10 anos de atividades do Forumdoc.BH: Cine Humberto Mauro, lugar que, h muito, abriga encontros: entre os amantes do cinema e o filme, entre os crticos e os olhares atentos do pblico para o novo, entre os passantes e a imagem ainda por se dissolver no fim da sesso, entre a mo e a xcara de caf. Essa talvez seja a definio mais aproximada do que se tornou a relao do Forumdoc.BH Festival do Filme Documentrio e Etnogrfico com o Cine Humberto Mauro nesses 10 anos. Um festival sempre em vias de se fazer, que no produzido a partir de uma perspectiva pr-definida, respeitando, claro, escolhas conceituais, precedidas por longas discusses sobre o que se deveria apresentar, como apresentar e qual o motivo de tais mostras, encontram-se, no Humberto Mauro, o lugar prprio para que as inquietaes que atravessam o grupo sejam divididas com o pblico, rediscutidas, repensadas, ampliando as possibilidades, o debate.

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nica sala pblica de cinema da cidade, a Humberto Mauro bravamente resiste! Resiste como ns, do Forumdoc.BH o mais duradouro festival de cinema na histria de Belo Horizonte aos filmes meramente comerciais, apontando outros caminhos. Humberto Mauro, espao que abriga e sempre abrigou propostas semelhantes s nossas, de visionamento de obras que se pautam pela liberdade criadora, para o cinema que pensa e faz pensar, para o cinema arte, para o cinema pesquisa, para o cinema linguagem. Nosso festival, que propomos cidade de forma aberta, gratuita, realizado, desde sua 1 edio em 1997, na Humberto Mauro e, por que no dizer, existe por causa dessa sala. Humberto Mauro, antes Sala, hoje Cine, carinhosamente chamada por ns de HM. Relaes eletivas e afetivas que tm possibilitado a interseo entre quem faz o festival e os filmes. Muitas das novas idias para as edies futuras surgem ali mesmo, nas primeiras filas da sala, onde grudamos para ver os filmes, ou no saguo, fomentados pelos comentrios a cada trmino das sesses, ou por desejos vividos naquele instante do filme, quando estamos

todos sonhando de olhos abertos: o instante ampliado. Quantas vezes, sentados no caf, no repetimos para ns mesmos como seria bom exibir novamente Cabra Marcado para Morrer, do Coutinho? Filme emblemtico que acabou fazendo parte de todos esses anos de Forumdoc.BH na Humberto Mauro. Nesses 10 anos de trajetria, a sala abrigou mostras que julgamos importantes para se pensar o cinema: Retrospectiva Eduardo Coutinho, Documentrios Clssicos e Retrospectivas Licnio Azevedo e Yves Billon (1999), Mostra Caravana Farkas e Jean Rouch e Germaine Dieterlen (2000), Filmar a Poltica, Mostra Jean-Louis Comolli realizador de documentrios e um dos mais respeitados pensadores do cinema da atualidade, participou pessoalmente de vrias edies do festival e Homenagem a Leon Hirszman (2001), Imagens da Favela e Mostra Igloolik Isuma (2002), Mostra Novos Rumos do Documentrio Brasileiro? (curadoria de Jean-Claude Bernardet, 2003), Retrospectiva Joo Batista de Andrade e Jean Arlaud (2003), Agns Varda (2004), Mostra Fotgrafos do Documentrio Brasileiro com a presena de Edgar Moura e Aloysio Raulino , John Marshall e Chris Marker (2005), Mostra

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Cartazes para divulgao das edies 1 a 9 do Forumdoc.BH

Eduardo Escorel, direo e montagem, Cinema de Autor, Chantal Akerman, O Cinema Etnogrfico de Timothy Asch e Mostra Cnone ntimo curadoria de Escorel (2006) , dentre outras, alm das competitivas Nacional e Internacional que, nesses 10 anos, apresentam parte do que o Brasil e o mundo vm produzindo em documentrios, alm, claro, dos tradicionais encerramentos com sesses de Glauber Rocha. Destaca-se a importncia que tem sido a Humberto Mauro para a troca entre os realizadores que aqui desembarcam e o pblico que se aventura participar da maratona de filmes e debates. Para lembrar as acaloradas discusses, destaca-se ainda a participao de Eduardo Coutinho, Ismail Xavier, Arthur Omar, Andrea Tonacci, Consuelo Lins, Vincent Carelli, Sarah Elder, Davi Kopenawa, Cristina Amaral e dos realizadores indgenas Tserewahu Xavante, Zezinho Yube Hunikui, Isaac Pianta Ashaninka, Kumar Ikpeng, dentre outros tantos que por aqui estiveram e deixaram sua contribuio. Ampliamos a programao para a Galeria MariStella Tristo, com a Mostra da fotgrafa Claudia Andujar em parceria com a Galeria Vermelho (2005) ,

depois ganhamos as paredes do saguo, onde exibimos a Mostra Fotogrfica Quilombos de Pedro Aspahan, Shirly Ferreira e Cida Reis e Cinzas Sagradas de Lena Tosta e Olivier Bols, comentadas pelos realizadores na Sala de Vdeo , apenas para lembrar que a Humberto Mauro arrebata outros espaos do Palcio das Artes, criando assim um ambiente tambm de errncia. Ns nos misturamos aos passantes e estes se misturam equipe. Transitamos da sala para o jardim, do jardim para o caf, do caf para as galerias, e voltamos para nova sesso. Passantes: como um longo travelling de Chantal Akerman. Para o Forumdoc.BH, no h melhor acontecimento: descer as escadas, encontrar-se com o cinema. Eis um dos sentidos de estar nesta sala que ocupa o subsolo de um palcio em pleno centro da cidade. Lugar ideal para nossa tentativa de democratizar o sonho! Espao de formao fundamental para tantos de ns, que ali aprendemos e pudemos amar o bom cinema, queremos tambm celebrar os programadores da sala em todos esses anos, marcan-

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E como palhao fui chamado, faz um ano e meio, para integrar o elenco do Cirque du Soleil. Estou feliz? Sim, estou. Estou no auge da minha carreira e sem correrias. Mas minha alma segue no Brasil, em diferentes e pequenos trabalhos e lutas dirias em prol da arte... aqui fica fcil entrar em cena para milhares de espectadores todos os dias... mas o desafio e prazer que projetos como o Cineminha me traziam... ai, que falta me fazem. Um projeto que passou por dificuldades e que teve, em sua equipe, gente de garra e paixo que no deixou a idia morrer nesses dez anos. Pra mim, esse projeto, integrado num espao pblico, de uma entidade pblica, o mais importante projeto do qual participei; no por sua dimenso, mas por seus efeitos. Que os responsveis permitam que mais e mais crianas desfrutem desse projeto, por mais 10, 100 anos: um projeto feito com alma e para as almas.

Que me seja permitido, como j pedi, que quando da minha volta para o Brasil, aps finalizar minha carreira no Soleil, possa, uma vez mais, ser o recreador do Cineminha. Alm das mostras, festivais e parcerias, o Cine Humberto Mauro exibe lanamentos de filmes brasileiros e abre espaos para eventos que dialogam com o cinema em geral e, com isso, descrever todos que foram exibidos nesse local seria uma tarefa longa e leitura aborrecida. Assim sendo, enumero somente as mostras e os perodos em que ocorreu a exibio. Optei por apresentar um levantamento daqueles filmes exibidos na sala do Centro de Informao e Documentao Audiovisual, mesmo antes da existncia do espao atual, por consider-lo o embrio do cinema e por ser um material indito cedido pelo coordenador Wagner Corra de Arajo. Desde 1972, filmes em vrios formatos, super 8, 16 mm e depois 35 mm, foram exibidos em diversos espaos do Palcio das Artes.

1976O fundador do cinema Wagner Corra de Arajo organizou um histrico sendo a primeira sesso em 35 mm com o filme Macbeth, de George Schaeffer no Grande Teatro, no dia 09 de maio de 1976, s 17h. Dama de Espadas, com o Bal Bolshoi Alexandre Nevsky, com Eisenstein

Junho Festival A. Wajda, no Grande Teatro. Projeo em 35 mm Dia 05 Cinzas e Diamantes 1958 Dia 13 Btula 1970 Dia 19 Panorama Aps a Batalha 1970 Mostra de Documentrios Brasileiros Dia 08 Exibio na sala do CIDA/FPA Centro de Informao, Documentao e Audiovisuais (Antiga Galeria Genesco Murta, futura Sala Humberto Mauro) 16 mm Completando a programao, no dia 20 houve exibio do filme Bodas, de Andrezj Kojowski, representante do Cinema Polons. Dia 22, O Amuleto de Ogum (1974), de Nelson Pe-

Maio Dia 14 Sala do Centro de Informao, Documentao e Audiovisuais (FPA), Exibio de Srie de Documentrios sobre Teatro Brasileiro Dia 22 A Gata Borralheira, filme com o Bal Bolshoi Seguindo-se sempre aos sbados ou domingos no mesmo horrio: Don Quixote, Direo de Rudolf Nureyev Othelo, com o Bal Bolshoi Lago dos Cisnes, com Margot Fonteyn e Nureyev

reira dos Santos exibido no Grande Teatro (filme 35 mm) e dia 28 o Cinema Italiano Indito se fez presente no Grande Teatro com o filme Uir, um ndio em Busca de Deus (1974), de Gustavo Dahl (filme 35 mm). Apresentaes aos sbados e domingos.

Sala Genesco Murta 16 mm Carmen Miranda, de Jorge Ileli 1969 O Cinema Falado, de Julio Helbron 1970 Nlson Filma, de Luis Carlos Lacerda 1971 Seduo, de Fauzi Arap 1974 Mostra de Curtas Mineiros Mostra de Super 8 Mineiro Mostra 4 pocas do Cinema Francs. De 18 a 21, no Grande Teatro 35 mm Sangue de um Poeta, de Cocteau 1930 Paris 1900, de Nicole Vedrs 1947 A Guerra Acabou, de Resnais 1966 Rude Journe Pour La Reine, de Ren Allio 1973

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Setembro Exibio dos seguintes filmes, na sala do CIDA 16 mm A Dama Sem Camlias, de Antonioni 1953 Os Noivos, de Ermano Olmi 1963 Um Homem a Queimar, de Valentino Orsini 1962 O Tempo Parou, de Ermano Olmi 1959 Cinema Romeno. Sesses aos sbados, domingos e segundas, no Grande Teatro 35 mm O Baile de Sbado a Noite, de G. Saizescu 1967 A Floresta dos Enforcados, de Liviu Ciulei 1964 O Signo da Virgem, de M. Gheorghiu 1967 A ltima Noite da Infncia, de Savel Stropul 1966 Cinema Polons de Animao. De 11 a 14, todas as sesses s teras e sextas, no Grande Teatro 35 mm Cinema Alemo Raridades de 1913 a 1943. Exibio no Grande Teatro 35 mm O Estudante de Praga, de Stellan Rye 1913 Os Olhos da Mmia, de E. Lubitsch 1918 Madame Dubarry, de E. Lubitsch 1919 Despojos, de Lupu Pick 1921 Os Marginais, de Gerhard Lamprecht 1924 Os Teceles, de Friedrich Selnik 1927 Tragdia no Prostbulo, de Bruno Rahn 1927 Ariane, de Paul Czinner 1931 Rasputin, de Adolf Trotz 1931 O Tnel, de Kurt Bernhardt 1933 Mazurka, de Willi Forst 1935 Bel Ami, de Willi Forst 1939 A Quem os Deuses Amam, de Karl Hartl 1943 Documentrios do Cinema Brasileiro. Dias 17, 20 e 26 na

Outubro Mostra Cinema Brasileiro. Dias 03, 04, 05 na Sala Genesco Murta 16 mm Getlio Vargas, de Ana Carolina 1974 Tormenta, de Igino Bonfioli 1931 O Homem do Corpo Fechado, de Schubert Magalhes 1972 Cinema de Expresso Francesa, de 19 a 22 F Comme Fairbanks, de Maurice Dugavson 1976 Xal, de Sembene Ousmane 1975 A Verdadeira Natureza de Uma Mulher Chamada Bernadette, de Gilles Carles 1973

NovembroEntre os dias 05 e 30 foram exibidos os filmes: O Golem, de Paul Wegener 1920 Os Marginais, de Gerhard Lamprecht 1924 O Gabinete das Figuras de Cera, de Paul Leni 1924 Povo no Domingo, de Robert Siodmark, Fred Zinnemann, Billy Wilder e Edgard Ulmer 1928 pera dos Trs Vintns, de Pabst 1931 Berlin Alexanderplatz, de Hans Steinhoff 1931 A Moa de Fone, de Hans Schweikart 1941

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Mostra de Filmes Sobre Teatro. Dia 05, na Sala Genesco Murta 16 mm La Direction ds Acteurs, de Jean Renoir 1972 Shakespeare in the Park, de Joseph Papp 1954 Portrait de Molire, de Jean Louis Barrault 1964 The Class, de John Schlesinger 1960 Nos dias 16, 23 e 30 no Grande Teatro, exibio de filmes em 35 mm, dentro da programao de 3 temas: Cinema Francs de Animao, Audiovisuais Mineiros e Filmes Experimentais Norte Americanos.

O Macaco, de Michel Souter 1974 La Paloma, de Daniel Schmidt 1974 A Morte do Diretor do Circo de Pulgas, de Thomas Koerfen 1973 O Meio do Mundo, de Alain Tanner 1974 A ltima Oficina de Passamaneiros, de Yves Yersin 1973 No jornal Estado de Minas, edio de 24/11/1976, foi publicada uma notcia sobre exibies de filmes no espao do Palcio das Artes: (...) Prosseguindo na srie sobre o cinema brasileiro, o Centro de Informao, Documentao e Audiovisuais, CIDA/FPA, apresenta nesta quarta-feira, dia 24, s 20 horas, quatro significativos curtas-metragens abordando o cinema nacional em ngulos diversos.

Novembro/Dezembro Novo Cinema Suo. Com exibio dos filmes: A Extradio, de Peter Von Guten 1973 A Fuga, de Michel Souter 1973

1977Ano de grandes Mostras Internacionais Dia 20 O Dilvio, de Jerzy Hoffman 1974 Dia 26 To Distante-To Perto 1971 Mostra O Jovem Bergman. De 13 a 17, na Sala Genesco Murta No Limiar da Vida 1958 Morangos Silvestres 1958 O Rosto 1959 A Fonte da Donzela 1960 Atravs do Espelho 1961 Retrospectiva Werner Herzog. De 21 a 29, na Sala Genesco Murta Sinais de Vida 1968 Fata Morgana 1970 Tambm os Anes Comearam Pequenos 1970 Aguirre, a Ira de Deus 1972

Maro Retrospectiva Fritz Lang. De 16 a 24 de maro, na Sala Genesco Murta 16 mm A Morte Cansada 1921 Dr. Mabuse o Jogador 1922 Dr. Mabuse Inferno do Crime 1922 Os Nibelungos 1923/1924 Metrpolis 1926 M O Vampiro de Dusseldorf 1931

Abril O Novo Cinema Polons. No Grande Teatro 35 mm Dia 02 Iluminao, de Krystof Zanussi 1973 Dia 03 Borboletas, de Janusz Nasfeter 1973 Dia 05 A Estrutura de Cristal, de Krzystof Zanussi 1969 Dia 06 O Balano Trimestral, de Krzystof Zanussi 1975 Dia 19 Vermelho e Dourado, de Stanislaw Lenartowicz 1969

MaioDia 03 Mostra Jan Lenica. Cinema de Animao. Sala Genesco Murta

Dia 04 Malpertuis, de Harry Kumel 1973. Cinema Belga exibido no Grande Teatro Escola Inglesa de Documentrios. Dias 05 e 06, na Sala Genesco Murta Song of Ceylon, de Wright e Grierson 1936 North Sea, de Alberto Cavalcanti 1938 The Cumberland History, de Humphrey Jennings 1947 Together, de Claude Goretta 1955 Nice Time, de Claude Goretta e Alain Tanner 1957 We Are the Lambeth Boys, de Karel Reisz 1959 Mostra Cinema de Animao Francs. De 10 a 13, na Sala Genesco Murta Fbulas de la Fontaine O Urso Colargol Oum, le Dauphin Cinema Brasileiro com Jurandyr Passos Noronha. Entre os dias 17 e 19, com palestras e projees, alm da exibio do documentrio: Panorama do Cinema Brasileiro 1968 Mostra McLaren. Cinema de Animao Canadense, nos dias 25 a 27 Teatro Brasileiro no Cinema. Dia 31, com a programao: A Linguagem do Teatro, de Joo Bethencourt 1966 Cacilda, de Joo Cndido 1970 A Viagem, de Joo Cndido 1974 Eu Sou Vida, Eu No Sou Morte, de Haroldo Marinho Barbosa 1970

Junho Escola Inglesa de Documentrios. Entre os dias 02 e 10, na Sala Genesco Murta. Tal programao entrou no lugar da Mostra Novo Cinema Portugus, que foi interditada pela Censura Federal (BH) e trazia os filmes: Perdido Por Cem, de Antonio Pedro Vasconcelos 1973 A Promessa, de Antonio de Macedo 1971 O Mal Amado, de Fernando Matos Silva 1972 Cinema Alemo de Crtica Social do Perodo Pr-Nazista. Entre os dias 14 e 17: O ltimo Homem, de F. Murnau 1924 A Rua Sem Alegria, de W. Pabst 1925 Os Teceles, de F. Selnik 1927 Tragdia no Prostbulo, de Bruno Rahn 1927 Cinema Mineiro de Ontem. Nos dias 21 e 22 Tormenta, de Igino Bonfioli 1930 Despertar de Um Horizonte, de Zoltan Glueck 1958 Cinema Sovitico Contemporneo. Entre os dias 23 e 30, no Grande Teatro:

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> Cartaz para mostra do Cinema Sovitico Contemporneo, realizado em junho de 1977

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Dia 23 Estao Bielo Rssia, de Andrei Smirnov 1973 Dia 24 Poema da Dana, de Vadim Derbenyov 1973 Dia 26 O Mistrio da Porta de Ferro, de M. Ivzovsky 1970 Dia 28 Lika, o Amor de Tchekov, de S.Yutkevitch 1971 Dia 29 Ao Lado de Um Amigo, de A. Abramov 1972 Dia 30 A Estria, de Gleb Panvilov 1971

Agosto Cinema rabe. Dia 09, no Grande Teatro: A Mmia, de Chadi Abdel Salam 1969 E no dia 10, na Sala Genesco Murta, exibio de curtas e documentrios rabes Novo Cinema Iugoslavo. No Grande Teatro: Dia 16 Malditos Somos Irina, de Kole Angelowski 1973 Dia 17 O Guarda da Praia no Inverno, de Goran Paskljevic 1976 Dia 19 Quando Vem o Leo, de Bostjan Hladnik 1972 Dia 21 O Lobo Solitrio, de Obrad Gluscevic 1972 Dia 24 Walter Defende Sarajevo, de Hajrudin Krvacac 1972 Dia 26 Como Morrer, de Miomir Stamenkovic 1972 Dia 27 O Pequeno Capito Mikula, de Obrad Gluscevic 1974 No dia 28, na Sala Genesco Murta, houve exibio de curtas-metragens brasileiros, com clssicos e inditos Cinema Experimental Americano, nos dias 29 a 31: Omega, de Donald Fox 1969

Julho Novo Cinema Alemo. Entre os dias 01 a 08, na Sala Genesco Murta: Trabalho de Uma Escrava, de Alexander Kluge 1974 Effi Briest, de R. Werner Fassbinder 1972/1974 Um Aborto Muito Difcil, de Michael Verhoven 1973 Movimento Errado, de Win Wenders 1975 John Gluckstadt, de Ulf Miehe 1975 Lina Braake ou Os Interesses do Banco No Podem Ser os de Lina Braake, de Bernhard Sinkel 1975 De 09 a 31 de julho, a programao de cinema foi interrompida para as atividades do V Salo Global de Inverno

> Folder com programao para Mostra de Cinema Dinamarqus, realizado em setembro de 1977

Feasting, de Louis Grenier 1968 The Father, de Mark Fine 1970 Child Introduction To Cosmos, de Hal Barwood 1969 Totem, de Ed Emschwiller 1966 Pulse, de Peter Spoeker 1969

No Pas do Silncio e das Trevas 1971 Aguirre 1972 Tambm os Anes Comearam Pequenos 1970 Fata Morgana 1969 Sinais de Vida 1968 Mostra Retrato de Wim Wenders: Dia 08 Alice nas Cidades 1972 Dia 09 Movimento Errado 1975 Dias 08, 09 e 12 Exibio de Desenhos Animados Europeus Dia 10 Mostra Beethoven no Cinema com o filme: Ludwig Van, de Maurice Kagel 1970 Dia 13 Cinema Mineiro Super 8 Dia 14 No Grande Teatro, mostra Curta-Metragem Brasileiro Mostra Homenagem a Humberto Mauro: Dia 16 Lbios Sem Beijos 1930 Dia 23 Ganga Bruta 1932 Outros filmes na programao do ms: Dia 17 A Quermesse Herica, de Jacques Feyder 1935 Dia 19 O Vermelho e o Negro, de C.Autant Lara 1954 Dia 20 Exibio dos filmes: Crianas Sem Destino, de Jean Delannoy 1955 e Therese Desqueyroux, de Georges Franju 1962 Bal, pera e Teatro no Cinema: Dia 16 Spartacus, com Bolshoi Ballet Dia 22 Prncipe Igor, com Bolshoi Opera and Ballet Dia 24 A Gaivota, de A. Tchekov. Filme sovitico Dia 26 Russalka, de Dvorak. Filme tcheco A VI Jornada Brasileira de Curta-Metragem de Salvador foi exibida dia 26, na Sala Genesco Murta

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Setembro Teatro Brasileiro no Cinema. Dia 01, na Sala Genesco Murta, exibio de documentrios Teatro Alemo no Cinema. Dia 02, na Sala Genesco Murta Teatro Americano no Cinema. Dia 03, na Sala Genesco Murta Cinema Dinamarqus. De 08 a 11, no Grande Teatro: A Terra Plana, de Henryk Stengerup 1977 O Vendedor de Sonhos, de Jenrss Razns 1975 Aqui Comea Meu Mundo, de C. Thomsen 1976 Um Policial, de Anders Resn 1976 Mostra Cinema Contra a Guerra. Dias 14 a 17, na Sala Genesco Murta: Fronteira Ocidental 1918, de Pabst 1930 O 20 de Julho, de Falk Harnack 1955 A Ponte, de Bernard Wicki 1959 O Transporte, de Jurgen Roland 1961 Mostra Jean Cocteau. Dias 20 a 23 O Sangue de Um Poeta 1930 A guia de Duas Cabeas 1947 O Pecado Original 1948 O Testamento de Orfeu 1960 Dias 27 e 28: Filmes Experimentais Canadenses Dias 29 e 30 Audiovisuais Mineiros

Outubro Mostra 30 Anos de Cinema Francs. Dia 01, na Sala Genesco Murta: Zero de Conduta, de Jean Vigo 1932 Mostra Werner Herzog, dias 02 a 07:

Novembro Mostra Cinema Tcheco Contemporneo. Dias 03 e 04, no Grande Teatro: Velhas Lendas Tchecas, de Jiri Trnka 1953 O Horscopo de Joaquim, de Oldrych Lipsky 1974 Clssicos do Cinema de Animao Tcheco

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conciliao, de Rudolf Thome (1964), A Metade de Uma Vida, de Christine Noll Brinckmann (1983) e Negative Man, de Cathy Joritz (1985).

Outubro Instituto Goethe Insero de atividades do instituto na programao cultural dos meses de outubro, novembro e dezembro Mostra Cinema e Totalitarismo Mostra Before Hollywood Mostra Cinema da Nicargua Exibio de Trama Familiar, de Emiliano Ribeiro 1970

Depois de mais de 30 anos do cinema, o cineasta Aron Feldman ainda permanece praticamente desconhecido ao pblico, embora seja conhecido da censura pelos seus filmes que denunciam a realidade brasileira. Para reduzir esta defasagem, o Palcio das Artes vai promover uma mostra de seus filmes, de 16 a 20 de novembro, na Sala Humberto Mauro, ao lado de uma exposio de arte fotogrfica do artista, indita em Belo Horizonte. No dia 16, ser realizada a premire de seu ltimo filme, Odissia de Um Cadver, um longa de 70 minutos, produzido em vdeo.

NovembroDe 16 a 20 Mostra Aron Feldman O jornal Estado de Minas divulgou a exibio de filmes do cineasta Aron Feldman:

Dezembro Mostra do Cinema Japons com os filmes: No Lamento Minha Juventude, de Kurosawa 1946 Era Uma Vez em Tquio, de Yasujiro Ozu 1933 Os Amantes Crucificados, de Kenji Mizoguchi 1954

1989Maro Mostra Literatura Argentina no Cinema: A Intrusa, de Carlos Hugo Christensen 1979 O Homem da Esquina Rosada, de Ren Mugica 1962 A Invaso, de Hugo Santiago Muchnick 1969 Os Sete Loucos, de Alfredo Alcn 1973 O Brinquedo Assanhado O Beijo da Mulher Aranha, de Hector Babenco 1985 Pubis Angelical, de Manuel Puig 1979 Crescer de Repente O Poder das Trevas Em 15/03/1989, o jornal Dirio de Minas, destaca o cinema e literatura da mostra: Cinema, um jeito gostoso de ver como anda a Literatura Argentina. E agora podem ser vistos na coletnea de adaptaes literrias que a Sala Humberto Mauro do Palcio das Artes est exibindo. Literatura Argentina no Cinema uma promoo da Fundao Clvis Salgado e do Instituto Cultural BrasilArgentina. A mostra comeou na ltima tera-feira e vai at o dia 23, com duas sesses dirias, s 18:30 e 20:30 horas.

Abril Mostra Clssicos da poca de Ouro do Cinema Mostra Inditos Poloneses Uma marca fundamental da Sala o lanamento de filmes inditos. No jornal Hoje em Dia, datado de 04/04/1989, lemos: A mostra Inditos Poloneses, que a Sala Humberto Mauro, do Palcio das Artes, apresenta a partir de hoje at domingo, um exemplo do desconhecimento do pblico brasileiro em relao ao cinema que se faz atualmente na Polnia. Inditos Poloneses

Mostra de filmes da ltima gerao de cineastas poloneses. Os Amantes de Minha Me, Batismal, Investigao Privada, O Bartono, O Amador, Estou Contra.

Em cartaz, dois bons exemplos do cinema revolucionrio e ousado. A mostra Rvolution et Liberts, em cartaz na Sala Humberto Mauro (Palcio das Artes). (...) O Encouraado Potemkin (Bronenosec Potemkin) Elenco: Aleksander; direo Sergei Eisenstein. O Leo de Sete Cabeas Direo e Roteiro: Glauber Rocha. De 13 a 16 Mostra Kino Glasnost O jornal Hoje em Dia, de 13/07/1989, faz a seguinte meno mostra: MOSTRA KINO GLASNOST TRAZ LUZ O CINEMA MALDITO DA UNIO SOVITICA. Kinoglasnost Mostra do cinema sovitico da era glasnost. Hoje, Os Sinos de Chernobyl, de Rolan Sergeenko, e Despedida de Matyora, de Elem Klimov. Amanh, Kin Dza Dza, de Georgui Danelia, e A Lenda da Fortaleza Suram, de Serguei Paradjanov. Sbado, dia 15, Despedida, de Matyora, Tema, de Gleb Panfilov, e A Lenda da Fortaleza Suram. Domingo, dia 16, Romance Cruel, de Ria-

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Maio Mostra Cinema de Autor Mostra ric Rohmer

Julho Semana del Cine Espaol en Brasil 1989 Mostra Clssicos da Cinemateca Mostra Cinema Novo Portugus Mostra Rvolution et Liberts E sobre a Mostra Rvolution et Liberts, o jornal Hoje em Dia, de 06/07/1989 destaca:

> Convite popcard para abertura da mostra Uma Vanguarda Cinematogrfica dos Estados Unidos da Amrica, realizada em agosto de 1989

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zonov, Tema e A Lenda da Fortaleza Suram: perodo de 13 a 16 de julho.

Um Vero na Casa do Vov e Ah Fei, tera, dia 15 O Casamento e A Roda da Vida; quarta-feira dia 16 A Roda da Vida e Minha Estao Favorita; quinta dia 17, A Mulher do Norte e Amor de Jade; sexta dia 18 A Reunio e A Mulher do Norte; sbado dia 19 Os Terroristas s 16:30 e 20:30 horas e Aquele Dia na Praia, s 18 horas; Domingo dia 20 Um Vero na Casa do Vov e Aquele Dia na Praia.

Agosto Mostra Uma Histria da Vanguarda Cinematogrfica dos Estados Unidos da Amrica 19431971 Mostra de Cinema Chins Outro ponto importante so as mostras e cinematografias de difcil circulao. No jornal Hoje em Dia, de 12/08/1989, apresentado: MOSTRA ESPECIAL DE CINEMA CHINS Desta nova produo, o Palcio das Artes e o Centro de Estudos Cinematogrficos exibem 10 longas inditos, de hoje at domingo da semana que vem, na Sala Humberto Mauro. Cinema de Formosa Mostra de filmes produzidos na China Nacionalista. Programao hoje: Um Vero na Casa do Vov, s 16:30 e 20:30 horas e Ah Fei, s 18:30. Amanh, domingo,

Setembro Primeira Mostra Banco Nacional de Cinema De 07 a 13 Mostra Caminhos da Liberdade

Outubro Mostra Jean Cocteau

Novembro Mostra Robert Wise

1990O ano de 1990 se inicia com notcias de grande repercusso para a Sala Humberto Mauro, alm de programao intensa e variada. J em fevereiro, no jornal Hoje em Dia, de 06/02/1990, era apresentado o novo diretor e seus planos: A Sala Humberto Mauro entra novamente, a partir de hoje, no circuito cinematogrfico da cidade; o incio das atividades, em 1990, traz como novidade a mudana na direo da Diviso de Cinema da Fundao Clvis Salgado, responsvel pela casa, com a presena de Jos Zuba Jr., em substituio a Ivanildo Csar Cludio que, por motivos profissionais, transferiu-se para So Paulo. A reabertura da sala acontece com a exibio da mostra Depois do Muro. (...) Os filmes so Olhos Negros, de Nikita Michalkov; Amores de Uma Loira, de Milos Forman; Compl Contra a Liberdade, de Agnieska Holland; Sem Anestesia e Tudo Venda, de Andrzej Wajda. (...) Pretendemos oferecer na programao filmes de qualidade artstica indiscutvel, que exeram a formao intelectual do espectador, mas ao mesmo tempo, procurando no ser elitista, no ficar distante do pblico. Afinal, trata-se de uma Fundao do Estado, observa. Trs seminrios esto previstos, todos com realizao de debates aps a exibio dos filmes: Cinema e Religio leituras da figura de Cristo no cinema; Cinema e Publicidade, O Duplo no Cinema abordagem psicolgica. Quando o mal rouba a cena, filmes onde o vilo convence mais que o mocinho; Filmes Relmpagos, fitas de qualidade que por falta de divulgao no chegaram ao circuito; o original e sua cpia, filmes baseados em outros. De

> Panfleto com a programao da Mostra de Cinema Austraco: 19261978, realizada em junho de 1990

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acordo com Zuba Jr., a sala est em boas condies, os projetores em perfeito estado para funcionamento. Permanecem os problemas de refrigerao e posicionamento da tela. Ainda em fevereiro, houve as seguintes mostras: Mostra Isabelle Adjani 2x Isabelle Adjani Mostra Depois do Muro, com os filmes: Olhos Negros, de Nikita Mikhalkov 1987 Amores de Uma Loira, de Milos Forman 1965 Compl Contra a Liberdade, de Agnieszka Holland 1988 Sem Anestesia (1978) e Tudo Venda (1969), de A. Wajda Entre os dias 23 a 29 Semana do Japo

Maro Instituto Goethe Insero de atividades do instituto na programao cultural dos meses de maro, abril e maio De 28 a 30 Encontro Cultural de Minas 3

Mostra do Cinema Tcheco. A mostra exibiu quatro filmes, sendo que trs foram inditos em Belo Horizonte: Minha Pequena Aldeia, de Jiri Menzel 1985 Casa para Dois, de M. Zabransky 1981 Buldogues e Cerejas, de J.Herz 1981 Saudaes ao Planeta Terra, de O. Lipsky 1982 A Mostra do Cinema Tcheco foi matria no jornal Hoje em Dia, de 08/05/1990: O CINEMA TCHECO DOS ANOS 80, EM EXIBIO NA HUMBERTO MAURO Hoje tem incio na Sala Humberto Mauro uma pequena mostra do cinema Tcheco. So quatro filmes,

Abril Mostra Novo Cinema Mostra Jean Vigo

Maio Mostra Cinema e Autmato Mostra Original e a Cpia

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sendo que trs so inditos em Belo Horizonte. Todos eles foram realizados na dcada de 80, da o interesse dessa mostra que dar uma pequena ideia do que o atual cinema daquele pas. Minha Pequena Aldeia uma realizao de 1985 do diretor Jiri Menzel. Casa para Dois filme do cineasta M. Zabransky. Buldogues e Cerejas filme de J. Herz realizado em 1981. Saudaes ao Planeta Terra Filme de O. Lipsky realizado em 1982. Completando a programao do ms, foram exibidos filmes com temtica racial, conforme divulgado em matria no jornal Estado de Minas, na edio de 23/05/1990: Cultura negra no cinema. A programao de cinema reserva dois filmes preciosos A Cor Prpura, de Steven Spielberg, e Ori, de Raquel Gerber devidamente comentados por debates e palestras, na Sala Humberto Mauro. Ori, de Raquel Gerber, est estreando em BH.

de Juventude Transviada, o filme de Nicholas Rav. Como podemos constatar na mostra Rebeldes Com Causa, que comea hoje na Sala Humberto Mauro. So trs filmes, entre os quais uma obra-prima, As

Junho Mostra Italianos Ilustres Dia 11 Encontro Cultural de Minas 4

Julho Mostra Cinema Austraco 19261978, nos dias 18 a 31

AgostoDe 17 a 31 Mostra O Cinema V a Guerra

Setembro Mostra Mistrio e Suspense, de 02 a 16 Mostra Rebeldes Com Causa: As Cores da Violncia, de Dennis Hooper 1988 Caminhos Violentos, de James Foley 1986 Um Rosto Sem Passado, de Walter Hill 1989 Zuba organizou grandes mostras temticas, como aparece no jornal Estado de Minas, em 23/09/1990: Na Sala Humberto Mauro, A Violncia Contempornea. Rebeldes Sem Causa era o ttulo original > Folder com a programao da mostra Fritz Lang, ocorrida em dezembro de 1990

Cores da Violncia, de Dennis Hooper. Caminhos Violentos (At Close Range, USA, 1986, direo de James Foley). As Cores da Violncia (Colors, USA, 1988, direo de Dennis Hopper). Um Rosto Sem

Passado (Johnny Handsome, USA, 1989, direo de Walter Hill).

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OutubroDias 12 a 24 Mostra O Olhar Infantil Dias 25 a 31 Mostra Quatro Filmes Franceses dos Anos 40

Novembro Mostra 15 Anos Sem Pasolini, entre os dias 01 a 11 Mostra Sirk + Godard = Fassbinder O jornal Hoje em Dia, datado de 13/11/1990, publicou: CINEMA DE FASSBINDER DESTAQUE Tem incio hoje, na Sala Humberto Mauro, do Palcio das Artes, a mostra Sirk + Godard = Fassbinder, que traz novamente a Belo Horizonte dois dos filmes menos conhecidos do cineasta alemo, Baolewiser e Roleta Chinesa. Completando a mostra, sero exibidos Viver a Vida, de Jean-Luc Godard e La Habanera, de Douglas Sirk, os diretores que, segundo o prprio Fassbinder, foram os que mais influenciaram em sua carreira cinematogrfica. Completando a programao do ms, nos dias 23 a 28, exibio da Mostra Histrias de Amor. Sobre essa, o jornal Minas Gerais, de 23/11/1990, apontava: FESTIVAL DE CULTS DE AMOR A Fundao Clvis Salgado promove, na Sala Humberto Mauro, at dia 28 deste ms, a mostra Histrias de Amor, composta dos filmes Casablanca, de Michael Curtiz; Mulheres Beira de Um Ataque de Nervos, de Pedro Almodvar; Amor Bruxo, de Carlos Saura e Nunca Te V, Sempre Te Amei, de David Hugh Jones.

DezembroFolder com a programao da mostra Julio Bressane, em dezembro de 1990

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Dias 04 a 13 Mostra Fritz Lang Dias 18 a 23 Mostra Jlio Bressane

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2005O ano de 2005 comea sua programao no ms de maio, oferecendo ao pblico mostras e filmes diversificados e retomando projetos clssicos de exibio.

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MaioDe 04 a 08, foi realizada a Retrospectiva do Festival Tudo Verdade Dia 16 Lanamento de curtas em vdeo: Colabore De 17 a 22 Mostra Estrelas do Cinema Francs De 24 a 29 Retrospectiva Jorge Furtado Dia 30/05 Exibio do Curta Ftima De 31/05 a 05/06 Mostra Cinema Portugus Contemporneo com os filmes: Os Imortais, de Antnio Pedro Vasconcelos 2003 Jaime, de Antnio Pedro Vasconcelos 1998 Quem s Tu, de Joo Botelho 2001 Trfico, de Joo Botelho 1998 Sapatos Pretos, de Joo Canijo 1998 Cinco Dias Cinco Noites, de Jos Fonseca e Costa 1996 Rasgano, de Raquel Freire 2001 >Panfleto para lanamento dos curtas em vdeo Colabore, em maio de 2005

AgostoDe 02 a 14 Mostra Inditos em BH: Primeiro Filme Uma meta do Cine Humberto Mauro foi sempre estar lanando filmes inditos e relanando clssicos. A proposta da Mostra trazer, ao longo do ano, filmes que no foram lanados no circuito comercial de cinemas de Belo Horizonte, mas que se enquadram no perfil exibidor da sala. Na Mostra Inditos, foram apresentados os filmes de estria de trs diretores diferentes: Gosto de Sangue (1984), primeiro filme dos Irmos Coen dupla responsvel por clssicos do cinema americano como Barton Fink (1991) e Fargo (1996); O Pntano (2001), primeiro longa de fico da diretora Lucrcia Martel um dos nomes mais expressivos da nova produo argentina; e O Agente da Estao (2003) primeiro filme do diretor americano Thomas McCarthy, ganhador dos prmios do pblico e do especial do jri no festival de Sundance em 2003.

JunhoDe 07 a 19 Mostra Manuel de Oliveira com os filmes: Palavra e Utopia 2000 No ou A V Glria de Mandar 1990 Vou Para Casa 2000 Viagem ao Princpio do Mundo 1997 Inquietude 1998 De 21 a 10/06 Mostra Italianos: Pasolini + Monicelli

Julho12 a 20 Mostra Wladimir Carvalho e Eduardo Leone 7 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte

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SetembroDia 05 Exibio do Curta: Liberdade Ainda que Tardinha, de Luiz Guimares de Castro 2001 De 09 a 25 Mostra Godard: Trilogia do Sublime De 27/09 a 02/10 Mostra Do Teatro Tela

NovembroDe 01 a 13 Mostra Aleksandr Sokurov com os filmes: Moloch 1999 Arca Russa 2002 Taurus 2001 De 14 a 25 3 edio do Mumia: Mostra Udigrudi Mundial de Animao De 18 a 27 Realizao do 9 Festival do Filme Documentrio e Etnogrfico Frum de Antropologia, Cinema e Vdeo Forumdoc.BH De 29/11 a 4/12 Cinema Francs Durante a Segunda Guerra (exibio de filmes com legendas em espanhol): Le Mariage de Chiffon, de Claude Autant-Lara 1942 Remorques, de Jean Grmillon 1941 La Nuit Fantastique, de Marcel LHerbier 1942 Goupi Mains Rouges, de Jacques Becker 1943 Laissez-Passer, de Bertrand Tavernier 2002 Douce, de Claude Autant-Lara 1943 Les Enfants Du Paradis, de Marcel Carn 1945 Le Corbeau, de Henri-Georges Clouzot 1943

Programaes realizadas pelo DECIN (com cobrana de ingresso): Mostra Manoel de Oliveira; Mostra Italianos Pier Paolo Pasolini; Mostra Italianos Mario Monicelli; Mostra Vladimir Carvalho e Eduardo Leone; Mostra Inditos em BH; Mostra Godard Trilogia do Sublime; Mostra Almodvar; Mostra Aleksandr Sokurov; Mostra Todd Solondz. Programaes com curadoria externa (entrada franca, exceto Cinema Francs): Mostra de Cinema Portugus Contemporneo; Mostra Salo do Livro; Mostra Brasil na Frana em Minas; Mostra do Teatro Tela; Ciclo de Cinema Francs Contemporneo; Ciclo de Cinema Espanhol Contemporneo; Mostra Cinema Francs Durante a Segunda Guerra; Programa Fernando Sabino; Mostra Antunes Filho; Mostra Psicologia e Sociedade; Estrela Oculta do Serto; As Cinzas de Deus; Curtas do Diretor Rafael Conde. Uma grande ideia dessa gesto foi a campanha pelo silncio nas salas de cinema. Uma vinheta exibida antes dos filmes, em todas as sesses, que agradou e contribuiu na reduo do zum-zum-zum tpico dos cinemas. Tambm foram melhorados os equipamentos de som e de projeo com a aquisio de um projetor multimdia mais eficiente. A volta s origens com as sesses Cineclubes, com convidados, mesmo que no remunerados, reafirmou o carter de dilogo e debates to importantes na formao do pblico de cinema. Os convidados da sesso Cineclube, em 2005, foram Marcello Castilho Avelar Jornalista e crtico de cinema (Estado de Minas); Tiago Mata Machado Cineasta e crtico de cinema (Folha de S. Paulo); Atades Braga Professor e pesquisador de cinema; Mrcia Valadares Produtora e cineasta (CEC); Fbio Leite Jornalista e crtico de cinema (Hoje em Dia); Srgio Borges Cineasta (Teia); Carlos Gradin Professor e diretor de teatro (CEFAR). Mesa Redonda: Oswaldo Teixeira (Professor/Unileste MG), Csar Guimares (Professor/UFMG), Daniel Ribo (Professor de comunicao/UFMG), Vincius Cabral Cineasta (Curta Minas); Rafael Ciccarini Professor de cinema (Escola Livre de Cinema).

DezembroDe 06 a 21 Mostra Todd Solondz com os filmes: Bem-Vindo Casa de Bonecas 1995 Felicidade 1998 Histrias Proibidas 2001 Daniel Queiroz produziu um artigo para a produo desta obra e apresentou um balano levando em conta o perodo de 01 de maio (quando o Cine Humberto Mauro retomou as suas atividades no ano) a 27 de novembro:

Daniel Queiroz, em continuidade ao seu trabalho, reafirmou a linha idealizada: No h dvida de que, se tivssemos exibido Dois Filhos de Francisco, teramos um pblico muito superior ao pblico da Mostra Vladimir Carvalho, mas acredito que no seja o caso, pois enquanto mais de 10 salas na cidade exibem o Dois Filhos de Francisco, nenhuma outra se dispe a exibir o Vladimir Carvalho. Comenta ainda questes sem soluo, alguns problemas como a inclinao da sala e a falta de estacionamento: Em 2005, tentamos realizar um convnio com um estacionamento da regio, mas o conseguimos apenas para a ltima sesso, de segunda a sexta, e para os finais de semana.

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2006Fevereiro

> Convite para o 7 Festival internacional de Curtas-metragens de Belo Horizonte, em julho de 2005

O Segredo de Vera Drake, de Mike Leigh 2004 Ningum Pode Saber, de Hirokazu Koreeda 2004

De 01/02 a 05/03 Aconteceu no Cine a Mostra Passou Batido, com exibio dos filmes: Desde que Otar Partiu, de Julie Bertucelli 2003 Cabra Cega, de Toni Venturi 2005 Menina Santa, de Lucrecia Martel 2004 Questo de Imagem, de Agns Jaoui 2004 Oldboy, de Chan-wook Park 2003 Para Sempre Lilya, de Lukas Moodysson 2004

MaroDe 10 a 23 Mostra Louis Malle com os filmes: Os Amantes 1958 Zazie no Metr 1960 Sopro no Corao 1971 Ascensor para o Cadafalso 1958 Trinta Anos esta Noite 1963 Lacombe Lucien 1974

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De 24 a 31 Mostra 2x Truffault com os filmes: A Sereia do Mississipi 1969 O Quarto Verde 1978 Depois de muito tempo, retomou-se, a partir do dia 10 de maro, a programao regular tambm s segundas-feiras cujas sesses aconteciam de 17 s 21 horas, sendo que o Cineclube Curta Circuito continuou a ser exibido s 19 horas.

De 08 a 23 Mostra Cao Guimares De 24/04 a 20/05 Mostra Fassbinder com os filmes: O Macho 1969 O Amor Mais Frio Que a Morte 1969 Por que Deu a Louca no Sr. R? 1969 O Soldado Americano 1970 Precauo Ante Uma Prostituta Santa 1970 As Lgrimas Amargas de Petra Von Kant 1972 (legendas em espanhol) A Liberdade de Breman 1972 Effi Briest 1974 (legendas em espanhol) Roleta Chinesa 1976 Eu S Quero que Vocs Me Amem 1976 (legendas em espanhol) O Assado de Sat 1976 (legendas em espanhol) Bolwieser 1977

AbrilUm novo projeto estreou no dia 22 de abril: A Sesso das Onze. Uma vez por ms, sempre em um sbado, s onze horas da noite, aconteciam exibies de filmes do cinema marginal brasileiro, dando preferncia a ttulos mais raros. A maioria deles vem da Cinemateca Brasileira, exclusivamente para esta sesso, com entrada franca. O primeiro filme foi O Porngrafo, de Joo Callegaro (1970), cujo pblico presente totalizava 60 pessoas.

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Folder com a programao para Mostra Cao Guimares, em abril de 2006

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Folder com a programao para Mostra 12x12: 12 Filmes Escolhidos por 12 Convidados, em junho de 2006

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Despair 1977 (legendas em espanhol) O Casamento de Maria Braun 1978 Num Ano com Treze Luas 1978 A Terceira Gerao 1979 Lili Marlene 1980 O Desespero de Veronika Voss 1981

JunhoDia 03 Mostra 12 X 12: 12 filmes escolhidos por 12 convidados: O Homem Mosca, de Fred C. Newmeyer 1923. Convidado: Atades Braga Amores Parisienses, de Alain Resnais 1997. Convidado: Fbio Leite Malpertuis, de Harry Kmel 1972. Convidado: Rafael Conde Danando no Escuro, de Lars Von Trier 2000. Convidado: Nlio Costa A ltima Gargalhada, de Murnau 1924. Convidada: Mrcia Valadares Enredando as Pessoas, de der Santos 1995. Convidado: Eduardo de Jesus

MaioDia 06 Foi exibido o documentrio Rainer Werner Fassbinder, de Maximiliane Mainka (1977), com comentrio de Luiz Nazrio (UFMG). Dia 20 Foi exibido o longa Filme Demncia, de Carlos Reichenbach (1985) De 26/05 a 02/06 Mostra 2x Wong Kar-Wai com os filmes: Amores Expressos 1994 Anjos Cados 1995

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E a Luz se Fez, de Otar Iosseliani 1990. Convidado: Marcello Castilho Avellar Pierrot Le Fou, de Jean-Luc Godard 1965. Convidado: Helvcio Martins Jr. Bang, Bang, de Andrea Tonacci 1971. Convidado: Andr Brasil Stalker, de Andrei Tarkovsky 1979. Convidado: Cao Guimares Leni Riefenstahl A Deusa Imperfeita, de Ray Mller 1993. Convidada: Anna Flvia Dias Salles India Song, de Marguerite Duras 1975. Convidada: Clarissa Campolina Na Mostra 12 X 12, selecionei a obra do autor Harold Lloyd O Homem Mosca (1923), filme dirigido por Fred C. Newmeyer, exibida no sbado, 03 de junho de 2006. Meu comentrio, impresso no folder de divulgao da Mostra, segue abaixo: Ator, produtor, fotgrafo e criador de uma das mais interessantes personagens do cinema mudo norteamericano, uma mistura de palhao e bailarino. Lloyd um representante do cidado comum, estranho, atrapalhado que se mete nas maiores confuses sem se dar conta. Comeou como figurante em 1919 onde representou papis clssicos. Fez participaes no mnimo hilrias em vrios filmes. A personagem criada por ele, Lonesome Luke, no era uma cpia e sim uma pardia de Carlitos, mas foi abandonado a pedido do diretor Hal Roach, que passou a dirigir seus filmes e sugeriu a criao de uma personagem mais prxima do cidado comum que lutava para subir na vida. O tipo ingnuo, chapu de palha e culos, arrumava as mais extravagantes aventuras a partir do nada. Criador de um humor de expectativas, ou suspense, se quiserem, teve em o Homem Mosca a excelncia com uma performance digna de um trapezista em sequncias, hoje famosas, como a do relgio. O Homem Mosca um filme simples, do incio ao fim, um infindvel desfile de cenas engraadas, tendo como

base da representao a confuso de situaes e erros ao acaso, como nas comdias de costumes.

Julho Ciclo do Cinema Espanhol De 03 a 12 Exibio do filme O Filho, de Jean-Pierre e Luc Dardenne 2002 De 21 a 30 8 Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte

SetembroDe 01 a 21 Mostra Eric Rohmer No dia 16, s 20 horas, o Cine Humberto Mauro participa da estria de um novo projeto de exibio em Belo Horizonte: o projeto Imagem-Pensamento. Coordenado pelo professor e pesquisador Eduardo de Jesus, tem por objetivo trazer algumas raridades do audiovisual mundial, investindo em obras e artistas pouco conhecidos, trabalhos inditos e mostras retrospectivas. Tambm no ms de setembro, nos dias 22, 23 e 24, o Cine Humberto Mauro apresentou o Programa Murilo Rubio, onde foram exibidos seis curtas-metragens baseados na obra do escritor mineiro. Na sequncia, entre os dias 25 de setembro e 01 de outubro, entraram em cartaz os filmes Os Doces Brbaros, de Jom Tob Azulay (1977), Bahia de Todos os Sambas, de Leon Hirszman e Paulo Cesar Saraceni (1996) e Nelson Freire, de Joo Moreira Salles (2003), na Mostra Cinema e Msica, realizada em comemorao aos 70 anos da Rdio Inconfidncia.

OutubroNo dia 17, a sala promove mais uma Sesso Cineclube, que desta vez conta com a presena de Lcia Rocha (me de Glauber Rocha e diretora do Tempo Glauber) e Mateus Arajo, pesquisador de cinema e doutor em filosofia, tanto pela UFMG como tambm pela Sorbonne (Paris). O batepapo foi logo aps a exibio do documentrio Depois do Transe, de Joel Pizzini e Paloma Rocha (2004).

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captulo 04

Estatsticas

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A falta de registros consistentes sobre a atuao da sala relatrios, pesquisas, estatsticas, borders dificulta o trabalho de relatar a histria com dados mais completos e passveis de comprovao. Esses elementos contribuiriam fortemente para um melhor entendimento sobre frequncia de pblico, os gostos, anseios e crticas dos espectadores. Portanto, os nmeros aqui apresentados so estimativas baseadas em referncias sem capacidade de comprovao definitiva, pois se tratam de anotaes dispersas dos apontamentos da bilheteria feita pelo porteiro e em alguns dados colhidos em Mostras e Festivais. Entre 1977 e 1979 no existe qualquer informao sobre a frequncia de pblico. Os primeiros balanos aparecem no jornal Estado de Minas em 10 de dezembro de 1981: (...) Enquanto que em 1980 cerca de 7 mil pessoas assistiram programao, em 1981 um total de 22 mil frequentaram os seus 162 lugares. Informaes no passveis de comprovao apontam que, entre 1983 e 1991, a sala recebeu uma mdia de 58 pessoas por sesso. Tambm informaes no passveis de comprovao apontam que em 1992 a sala recebeu uma mdia de 33 pessoas por sesso. Desse ano at 1998 no existe nenhuma informao. Informaes no passveis de comprovao apontam que em 1999 a sala recebeu um total de 13.821 espectadores.

No ano 2000 a Mostra Fassbinder, de 13 a 18/06, recebeu um pblico pagante de 275 espectadores. Mostra Herzog, de 18 a 23/07. Pblico pagante: 294 pessoas. A Mostra Wim Wenders de 22 a 27/08. Pblico pagante de 243 pessoas. A Mostra Curtas Alemes de 30/10 a 05/11. Pblico pagante: 94 pessoas. No jornal Estado de Minas, de 25/04/2001, aparece uma notcia em que um pblico de 13 mil pessoas viu o Festival Internacional de Curtas que exibiu 135 obras. No ano 2002 no houve qualquer tipo de registro. Em 2003, segundo dados do setor de cinema, realizou-se 542 sesses, com 27.723 espectadores. No ano 2004, em 45 sesses, houve um pblico no-pagante de 7.110 espectadores. O filme Aqui Favela, O Rap Representa, de Jnia Torres e Rodrigo Siqueira (2003), exibido entre 09 e 10 de outubro de 2003, em 4 sesses teve um pblico no-pagante de 120 espectadores. A Mostra de Filmes Iranianos exibida entre 11 e 26 de outubro de 2003 em 36 sesses teve pblico pagante de 755 pessoas e pblico no-pagante de 80 pessoas. A Mostra Curta Minas de 27 de outubro a 02 de novembro de 2003, em 16 sesses, teve um pblico no-pagante de 1.150 pessoas.

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captulo 05

Bastidores

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Ao longo de todos esses anos, os bastidores do Cine Humberto Mauro foram palco de muitos enredos, entre curiosos, inslitos e divertidos, como a inevitvel (quela poca) troca de rolos. Um caso engraado aconteceu durante a projeo do filme polons Iluminao, de Krizyzstof Zanussi (1973): Como o projecionista era novato e ainda no estava familiarizado com o estilo de filme que se exibia na sala, fez uma confuso com a sequncia dos rolos, exibindo novamente cenas que j tinham passado. Mas como o filme tratava de questes da memria, muitos espectadores nem perceberam a troca e pensaram que as cenas repetidas representavam a volta da memria. Verdadeiro QG da resistncia ditadura, o Cine Humberto Mauro sediou muitos encontros de entidades polticas e culturais, abrindo espao para o debate democrtico. Vrios filmes proibidos pela censura eram exibidos clandestinamente no Palcio das Artes, como por exemplo, o censurado curta metragem Leucemia, de Noilton Nunes (1978). Na ficha da censura constava depoimento de um casal de exilados brasileiros em Portugal e um depoimento de Maria Moreira Alves sobre a cassao do irmo Mrcio Moreira Alves. E sobre esta obra, Wagner Corra de Arajo relembra: Era um filme super forte na poca que mostra um casal exilado poltico doente que vai para Portugal sendo que a esposa est grvida. Ele foi proibido no Brasil inteiro. O dia em que o exibimos foi uma data histrica para todos aqueles que estavam assistin-

do, porque espervamos uma invaso de policiais na sala a qualquer hora. Felizmente isso no aconteceu. Houve ainda o caso de uma censora que, durante uma retrospectiva do diretor alemo Fritz Lang, exigiu o certificado da censura do filme Metrpolis e pediu para falar com o suposto Dr. Mabuse; confundindo diretor e personagem, coisa de quem no conhece o que probe. De outra feita, uma mostra de filmes portugueses sobre a Revoluo dos Cravos estava programada para ser apresentada no Humberto Mauro, que, inclusive, j possua certificado de liberao da censura no Rio de Janeiro e em So Paulo, mas quando chegou a Belo Horizonte, os censores mineiros vetaram todos os filmes. Sobre esse caso, o relato de Wagner Corra de Arajo acrescenta: (...) A mostra portuguesa foi cancelada depois de os censores verem apenas uma cena de um dos filmes, lamenta. Nesta sequncia, um executivo se prepara para trabalhar enfrentando dificuldades com uma gravata que o est sufocando. Enquanto isso, a porta do banheiro, que tem um pster de Che Guevara, abre e fecha. O objetivo da cena era mostrar um homem, que tem um trabalho burocrtico ao mesmo tempo em que cultiva ideias liberais. S por causa dela, os censores acharam a mostra altamente periculosa. Intelectual respeitado e versado em vrias lnguas, o professor Pontes de Paula Lima era figura constante nas sesses do Cine Humberto Mauro que, s vezes, na falta de cpias legendadas, exibia cpias dubladas em por-

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captulo 06

Cinema como Cachoeira

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E assim, atravs da vontade e determinao de todos aqueles que buscam ter do cinema no apenas entretenimento, mas, acima de tudo, uma opo para apreciar trabalhos alternativos, ou mesmo uma oportunidade para se debater a possibilidade de produo fora do eixo comercial que o espao do Cine Humberto Mauro mantm vivo e atuante. Os desafios so muitos, so dirios, mas a vontade e a determinao em proporcionar exibies diversificadas so sempre maiores. Esta obra vem demonstrar que o esforo e dedicao de todos os que j contriburam e participaram das atividades da sala, de forma direta ou indireta, constroem em Belo Horizonte um espao de referncia ao cinema cultural. Espao que hoje tem um registro de seu passado catalogado, expresso nestas pginas, onde possvel visualizar como foi complicado organizar e manter, por tanto tempo, uma frequncia de exibio de filmes no circuito mineiro. Histrias para o Cine Humberto Mauro existem muitas. Milhares. Faltariam pginas para escrever tudo o que j se passou ali, mas a necessidade de um foco fez direcionar essa produo a um trabalho de recortes, visando tornar presente a diversidade da exibio e os principais eventos ali realizados, todos divulgados pela mdia, referncia principal para esta produo. E para enriquecer ainda mais tal produo, a possibilidade de registrar artigos e encontros com os principais nomes da casa, responsveis pelas diretrizes que no s fundaram o cine, mas o conduziram por todos esses anos e amadureceram a ideia de que o universo cinematogrfico est aqui ao nosso lado, sendo sua produo acessvel a todos.

Assim, foi atravs de vrias reportagens de jornais colecionadas (algumas at sem referncia, por no terem sido adequadamente catalogadas), outras devidamente catalogadas em clippings, e at mesmo atravs de um indito acervo de folders e panfletos de programao (agora doados Fundao Clvis Salgado) que foi possvel reconstruir uma parte da histria do cinema e seu universo de exibies ao longo de todos esses anos. Um trabalho rduo, seja pela seleo do contedo a inserir neste livro, seja na catalogao e organizao de toda a informao coletada. Esta pesquisa hoje oferecida como um presente histria do Cine Humberto Mauro e nos permite abrir caminhos para novas pesquisas, produzir novos levantamentos e novas histrias acerca dos espaos para cinema em Belo Horizonte e de Minas Gerais, contar casos, conversas e atividades ocorridas, enfim, abre espaos para um universo de possibilidades: literrias e cinematogrficas. como o fluxo contnuo de um rio que o Cine Humberto Mauro segue lutando para sobreviver s diversas mudanas de diretoria, ausncia de identificao da sala durante muito tempo e a uma baixa presena de pblico. Construir esse posicionamento de cinema de arte e estabelecer condicionantes para a profuso de debates, seminrios, palestras, oficinas e dilogos entre produtores e pblico um desafio, pois aparentemente (ou comercialmente) seguir contra a mar dos grandes movimentos comerciais. A cada dia, tornam-se necessrias melhorias e investimentos nos recursos tcnicos para exibio dos filmes, acompanhar leis e regras para oferecer ao pblico conforto, segurana e salubridade para permanncia na sala e, na maioria das vezes, as verbas destinadas so insuficientes para acompa-

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