brown, peter. o fim do mundo classico

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BROWN, Peter. O Fim do mundo clássico    de Marco Aurélio a Maomé. Portugal, 1972 (1971). Prefácio Tensão entre continuidade e mudança    declínio do mundo clássico e surgimento de uma Europa cristã. Consideração de como “os homens do fim da antiguidade enfrentaram o  problema da mudança”. Primeira parte    esboço das mudanças da vida pública do Império de c. 200 a 400. Em seguida transform. de ordem reli giosas, determinantes para o período (p. 9). Centro   Mediterrâneo Oriental; mundo bárbaro do norte periférico. Relação entre rev. social e reli giosa. Circulação e interação cultural. Parte 1: A últ ima revolução romana As fronteiras do mundo clássico c. 200 À volta do grande lago    grandes cidades marítimas ou próximas. Controle do movimento dinâmico marítimo e a lentidão terrestre. Controle dos 10% da cidade sobre o campo. Grande riqueza    alimentos (sobretudo da África) (p. 12). Violência como  parte do cotidian o e tão antiga q to a civilização. Império Romano   unido pela ilusão de seu tamanho reduzido. Elite unida em exclusividade por cultura, gosto e linguagem. Bárbaros já pressão constante no interior, por volta de c.200. Tolerância à raça e religião (“diferente do colonialismo moderno”) desde que se pagasse o preço a conformidade qto à adoção do estilo de vida, tradições, educação e línguas latina ou grega. Os que não se conformavam eram tratados de bárbaros e rústicos. Os que não desejavam, como os  judeus eram o diados e despre zados. Revivência da cultura clássica, no mundo grego do sec. II, motivada pelo  progresso econômico e iniciativa política da elite helênica. Em fins do sec. II a cultura grega é o lastro da tradição clássica disseminada na Idade Média. Época dos Antoninos e das compilações dos conhecimentos clássicos. Inclinação para Bizâncio e mundo oriental.

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  • 7/13/2019 Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

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    BROWN, Peter. O Fim do mundo clssico de Marco Aurlio a Maom.

    Portugal, 1972 (1971).

    Prefcio

    Tenso entre continuidade e mudanadeclnio do mundo clssico e surgimento

    de uma Europa crist.

    Considerao de como os homens do fim da antiguidade enfrentaram o

    problema da mudana.

    Primeira parte esboo das mudanas da vida pblica do Imprio de c. 200 a

    400. Em seguida transform. de ordem religiosas, determinantes para o perodo (p. 9).

    CentroMediterrneo Oriental; mundo brbaro do norte perifrico.

    Relao entre rev. social e religiosa. Circulao e interao cultural.

    Parte 1: A ltima revoluo romana

    As fronteiras do mundo clssico c. 200

    volta do grande lago grandes cidades martimas ou prximas. Controle do

    movimento dinmico martimo e a lentido terrestre. Controle dos 10% da cidade sobreo campo. Grande riqueza alimentos (sobretudo da frica) (p. 12). Violncia como

    parte do cotidiano e to antiga qto a civilizao.

    Imprio Romanounido pela iluso de seu tamanho reduzido.

    Elite unida em exclusividade por cultura, gosto e linguagem. Brbaros j presso

    constante no interior, por volta de c.200. Tolerncia raa e religio (diferente do

    colonialismo moderno) desde que se pagasse o preo a conformidade qto adoo do

    estilo de vida, tradies, educao e lnguas latina ou grega. Os que no se

    conformavam eram tratados de brbaros e rsticos. Os que no desejavam, como os

    judeus eram odiados e desprezados.

    Revivncia da cultura clssica, no mundo grego do sec. II, motivada pelo

    progresso econmico e iniciativa poltica da elite helnica. Em fins do sec. II a cultura

    grega o lastro da tradio clssica disseminada na Idade Mdia. poca dos Antoninos

    e das compilaes dos conhecimentos clssicos.

    Inclinao para Bizncio e mundo oriental.

  • 7/13/2019 Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

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    Autor esclarece objetivos do livro: amudana das definies das fronteiras a

    partir desse perodo. Declnio e queda das estruturaspolticas somente, das provncias

    romanas ocidentais que continuam sec. Aps as invases do s.V como subcivili zao

    romana (p. 21)

    O centro cultural do fim da antiguidade clssica o mediterrneo oriental e

    oriente prximos que ficam inclumes. Preocupao dos homens da poca se d mais

    em funo a mudana dos limites e recuo mediterrnico.

    Influncia da arte e religio da regio da Mesopotmia.

    No ocidente, recuo da cultura clssica provoca modificaes nos modos de

    vestimenta, cultura e impregnao na filosofia grega de novos sentimentos religiosos

    Os novos governantes: 240-350

    Reflexos das modificaes em fins do sec. III.

    Recuo do paganismo. Grosso da pop. Protegida no interior da instabilidade

    poltica e invases posteriores a 240 (p. 24)

    Meios que o Imprio abre mo para resolver a crise de 240 a 300 marcam as

    caractersticas da futura evoluo da ltima sociedade antiga

    Revela contraste entre o corao mediterrnico do Imprio e mundo mais

    primitivo e frgil da fronteiras ou entre a paz duradoura da qual dependia o domnio

    aristocrtico romano e a guerra no norte e nas fronteiras.

    Imprio de desconjura a partir da tendo que sustentar a guerra em vrias

    fronteiras. Sem estar preparado para isso perde a disciplina em diversa provncias

    (exercito depe 25 imperadores em 47 anos p. 24).

    Contrasta com a moda barroca dos Antoninos.

    Imprio salvo por revoluo militar aristocracia senatorial expulsa dos

    comandos militares ps 260, obrigados a partir de ento, de fazerem carreira; Diviso

    em pequenos destacamentos para melhor distribuio; Gerando necessidades de maior

    burocracia o que leva a + custos e consequentemente + impostos.

    Qdo Diocleciano sobe ao trono, exercito tinha se transformado em viveiro de

    talentos, que desalojou autocracia tradicional (p. 28).

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    Com Constantino vemos uma aristocracia de servios, assalariada. Imperadores

    abandonam a toga e vestem-se como guerreiros.

    Pos 312 cristianizao do estado recrutas: homens novos da alta classe do

    estado (p.29).

    Nova classe governamental mais jovens educados na ideias clssicas

    conservadoras com trompe oeuilno qual poderiam se encostar;

    Cultura-sucessoesforo consciente de regresso s razes do passado. Ttulos

    como o de cnsul mais importando pela antiguidade que pelos mritos do possuidor.

    Mestres buscados nas cidades helnicas. Processo de aristocratizao pela Paideia.

    Cristianismo disputando esse espao: bispo como descendente do homem de letras da

    antiguidade (p.34)

    Revoluo cultural sob o baixo Imprio exploso do gnio criador de estilo

    vigoroso e inquieto(como sucede quando um ancin regime sacudido)

    Restaurao de um mundo: a sociedade romana do sec. IV

    Roma c. 350 sentimento de reparatio Saeculi. Modificaes culturais e

    religiosas do fim da antiguidade no tem imagem de um mundo aterrado pela sombra de

    uma catstrofe

    Trao mais caractersticofosso maior entre ricos e pobres (classe dominante 5

    vezes mais ricas que senadores do sec. I). {A maior visibilidade talvez seja responsvel

    pelo choque dos tradicionalistas}.

    Pequenas cidades ganham importncia e prosperidade mediterrnica aumenta.

    conseq. do aumento do imposto predial rstico que triplica.

    Senadores passam a residir nas provncias ondem possuam propriedades e se

    tornam intermedirios entre Roma e os pequenos (p.40) modelo do santo patrono da

    Idade Mdia. Sociedades ganha tons locais e mais privados. Refora por vezes a cultura

    romana, pela intensidade da vida local.

    Desaparece mesmo o glacis econmico e cultural entre o mediterrneo e as

    fronteiras. Ao longo do Reno e Danbio surgem vilas Ricas e fronteiras so

    estabilizadas.

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    Dentro do Imprio todo homem pode considerar como parte da Romania

    {etnogenese} lealdade fica mais prxima do que a velha nostalgia do senado. No

    oriente o Imprio o Imperador (p.44)culto ao imperador decorre disso.

    Diferena importante no Oriente h mais colaboradores que no ocidente, emais prsperos. No oriente, comercio e cidades prsperas no interior mediterrnicos do

    origem a uma sociedade mais equilibrada e igualitria (p.48) legado mais importante

    do mundo antigo esse contraste de vida do ocidente/oriente.

    Embora haja uma adaptao a uma nova ordem social e poltica, importantes

    modificaes religiosas se operaram entre a poca da restaurao e o mundo clssico de

    200, denunciados nos rostos concentrados e olhares profundos das esttuas (p.49)

    II A Religio

    O Novo ambiente: direo do pensamento religioso c. 170-300

    Sec. III maior interesse na religio tradicional que na filosofia e cultura;

    absorvedora de exotismo e supersticiosa. Um sec. Depois o cristianismo rompe com a

    tradio.

    Embate Celso x Orgenes (tributrio do gnosticismosondar a profundidade do

    verdadeiro conhecimento p. 52).

    Ideia tradicional dos deuses como espritos ativos de fora superior insondvel,

    que zela pela comunidade e indivduo. Assim o cristianismo representaria um ato contra

    a cidade.

    Pensamentos e ansiedades de um novo esprito pos-170:

    Certeza de possuir algo infinitamente superior sem relao com o mundo

    exterior; preocupaes tradicionais vistas como medocres; homem como agente das

    foras divinas; converso=revelao liberta o homem mdio das muralhas da

    excelncia moral das classes altas; surgimento do demnio patrocinado pela Igreja: bem

    x maljudasmo>zoroastrismo. Filsofos se insurgem contra a ideia de revelao.

  • 7/13/2019 Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

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    Sentimento contemporneo de auge da cultura clssica, ao mesmo tempo que um

    novo esprito revolucionrio toma lugar (62). Heris at ento so os sofistas e no

    santos.

    Quando a vida pblica das antigas cidades apagada pelas frias necessidades

    pblicas a dianteira tomada pela igreja crist.

    Crise nas cidades: o aparecimento do cristianismo

    Taciano constata a experincia de Imprio oposta das classes dominantes

    para mais humildes horizonte vasto. Abertura pelo comrcio e emigrao. Anulao

    entre as classes baixas do sentimento de lealdade e tradio local de que dependiam as

    classes superiores (66).

    Classes mdias so as primeiras a se converterem, tocados pelas ansiedades e

    incertezas de suas novas posies.

    Determinantealastramento dos cultos orientais entre os scs. I e II.restituem

    o sentimento de intimidade e lealdade que perderam para com a cidade.

    Em contrapartida a cultura clssica abandona uma linguagem flexvel e viva para

    se proteger num barroquismo do tico arcaico, fechado a um escol altamente educado.

    Isso amplia o fosso para com as classes baixas (67).

    A literatura gnstica testemunha sada dos que no poderiam recorrer aos

    filsofos para resolverem seus urgentes problemas. Apologistas cristo valorizam a

    simplificao, para fazerem chegar mais facilmente seus discursos (nisso o desprezo das

    elites).

    Asceno do cristianismo ligado s transformaes sociais ocorridas no

    contexto. Alastramento no sc. III surpreendente ela trazia algo que faltava vida

    pblica da cidade (68). Diferena com os cultos orientais pela intolerncia com o mundo

    exterior. Certeza de pertencimento a um grupo distinto refora a impresso causada;

    sucesso onde a soc. Romana era mais fluida (sia Menor). Valores para o sucesso

    deracin, fraternidade e igualdade entre os membros.

    Fortunas pessoais empregadas mais pessoalmente. Mundo mais caseiro e

    mundano (diminui por volta de 250 inscries em honra aos deuses). Maior medida da

    crise da cidaderigor da vida interior.

  • 7/13/2019 Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

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    Solidariedade crist face crescente fosso social e cultural ser cristo, em 250,

    dava mais garantias a um homem do que ser cives romanus. Mas a solidariedade era

    interna e recrutamento selecionado.

    Pequena paz (260302) Imprio voltado para as fronteiras, volta as costas parao que se passa nas cidade mediterrnicas.

    ltimos helenos: filosofia e paganismo c. 260-360

    Fora de revivncias culturais combate ao gnosticismo (invaso barbara do

    espirito) e cristianismos, justamente onde cristianizao se d via estado (oriente).

    Helenos moldam a filosofia clssica herdade na idade mdia, e tambm o

    cristianismo, judasmo e isl.

    O Mundo para os filsofos torna-se mistrio dotado de sentidos.

    Cristos herdeiros de Plotino, que por sua vez fora contaminado pelos

    gnsticos.

    Consolao p/ pagos: refgio dos deuses nos invisvel e intangvelestrelas.

    Converso ao cristianismo 300-363

    essa poca j assentado nas grandes cidades com destaque p/ Alexandria e

    Antioquia. De sectrios a absorvedores do Imprio (episdio mais decisivo do sc.III

    p.88). Converso de Constantino precedida da converso do cristianismo cultura e

    ideia de Imprio romano {processo igual ao de Clvis}.

    Numa crosta de cidade no vasto imprio, o exrcito j elemento estranho. E a

    partir de Diocleciano estrangeiro. Esse imperador embora tradicionalista, estava mais

    preocupado com a sobrevivncia do imprio que com a cultura. Ao voltar da guerra d-se o ltimo terror cristo.

    Cristos salvo em 312, pela converso de Constantino luz da interpretao

    crist torna-se o salvador do imprio (93) perodo da grande paz. Sob seu filho

    bispos juntam-se burocracia. poca dos embates entre Arius x Atansio.

    Juliano, o apostata restaurador pago instrudo pelos helenos enxerga a

    ameaa representada cultura helnica pelo cristianismo, mas no v o potencial desses

    ltimos, como propagadores da cultura clssica.

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    A nova sociedade: monarquismo e expanso crist 300-400

    Surgimento do monarquismo Anto contemporneo de Plotino ambiente

    ideolgico e cultural comum ambos admirados por conquistarem domnio divino do

    esprito sobre o corpo. Diferena: para Plotino brota da cultura tradicional; para Anto,pela Anacorese (102).

    Monges grande prestgio na Sria e Egito (contra o individualismo srio).

    Lutadores contra demnios e intercessoresfim do mundo para os pagos, perseguidos.

    Cristianismo assume proeminncia com conivncia dos imperadores (astcia

    contra fome e rebelio).

    Imprio torna-se comunidade de cidades, governadas mtas por bispos

    Ideia do juzo finalmedo do Cristo Juiz e imperador

    Monge como aquele que antecipa as penas drstico exemplo que ajuda os

    cristos a melhor se prepararem (113).

    Paradoxobispos mais partidrios so os que mais trabalham na implantao da

    Igreja no Imprio, inclusive solicitando auxilio dos imperadores.

    Identidade maior no Oriente, mais preparados por isso s tribulaes do sc.

    (117). At 400, a vida converge p/ o Mediterrneo. Bispos fazem homens identificarem

    com o mundo urbano e pacifico e esquecerem-se do exterior brbaro. Por isso a surpresa

    das invases.

    A histria da antiguidade posterior a 400 de como se adaptam, ao aparecerem

    os novos estrangeiros no oriente e no ocidente, as diferentes sociedades, cujas atitudes e

    estruturas so descritas na segunda parte do livro

    Parte II: legados divergentes

    Ressurreio do ocidente

    Qdo Valentiano vem Roma em meados do sc. IV, encontra cidade atrasada,

    face ao centro cultural do Imprio, no Oriente.

    Aristocracia levando vida mais retrada, pautada em relaes tentaculares.

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    Igreja mantm-se como grupo fechado, escol superior (3 grande poca da

    literatura latina, de Ausonio, Jeronimo, Paulino, Agostinho. Por volta de 400, o ocidente

    reencontra uma personalidade, mas 2 geraes depois desaparece politicamente (124).

    Fraqueza econmica e social: determinantes so o alheamento da igreja e dosenado sorte do exrcito. Para esse ltimo a grande surpresa das invases, por

    considerar o Oriente mais fraco (habilidade diplomtica mais do que militar).

    Depois de Teodsio a administrao cai nas mo de uma aristocracia senatorial

    amadora: adaptao da mquina governamental ao patrimonialismo e rede de favores e

    beneficiamento pessoal {viso bem negativa de Brown).

    Perodo de forte patriotismo pela ideologizao da Roma eterna legada idade

    mdia. Fator responsvel pela intolerncia frente aos brbaros, que no podem ser nem

    dominados, nem assimilados.

    Elite brbara seduzida por Roma, como atesta o testemunho de Teodorico (131).

    Inabilidade e intolerncia que leva ao saque de Roma de 410. Brbaro visto com

    sucessor do soldado romano.

    Francos como exceo regra. ltimos a chegar, em pouco contingente e

    agrupados no norte so bem recebidos pelo senado e bispos do sul da Glia. Sentem-se

    mais livres para converterem-se.

    O preo da ressureio: a sociedade ocidental de 450-600

  • 7/13/2019 Brown, Peter. O Fim Do Mundo Classico

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