blog um espaço de formação e comunicação entre os professores
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Curso de Pós - Graduação Lato Sensu Docência e Escola Básica
VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO
BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.
NITERÓI
06/2011
VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO
BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Docência e
Educação Básica da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção de título de
Especialista.
Orientador (a): Prof.ª Dr.ª REJANY DOS SANTOS DOMINICK
NITERÓI
06/2011
VANESSA MOREIRA AMORIM NASCIMENTO
BLOG: Um espaço de formação e comunicação entre os professores.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Docência
e Educação Básica da Universidade Federal Fluminense, como requisito para a obtenção de título
de Especialista.
Aprovada em março de 2011.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof.ª Dr.ª REJANY DOS SANTOS DOMINICK – Orientadora
____________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª ANGELA MEYER BORBA – Pareceirista
_____________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Rosângela – Parecerista
NITERÓI
06/2011
AGRADECIMENTOS:
A Deus pela sua presença na minha vida;
Ao meu esposo Weslley pelo apoio e idéias;
Às blogueiras Cida, Andreza e Érika pela ajuda;
À professora Rejany Dominick que acolheu meu trabalho.
RESUMO
O mundo globalizado vem sofrendo diversas transformações por conta do uso das novas tecnologias da informação e comunicação e tais mudanças acabam por interferir no mundo escolar e, principalmente, em seus principais sujeitos: alunos e professores. Aqui o foco principal é a docência e como estas novas formas de comunicação podem interferir no trabalho e formação docente. Esta monografia procura focar o estudo de alguns blogs escritos por profissionais do ensino fundamental. Estes espaços têm se mostrado um canal de comunicação entre as pessoas que os escrevem e aqueles que os acessam. O trabalho procura perceber o perfil dos escritores e leitores dos blogs aqui analisados. Para tal, realizou-se entrevistas com três blogueiras e também uma breve análise das mensagens postadas nos espaços pesquisados. Em relação às pessoas que acessam os weblogs escritos por profissionais da educação foi feito um questionário online. Os blogs pesquisados foram: ABC da professora Érika, Diálogo e Educação, e Meus Trabalhos Pedagógicos. Para compreender e relacionar o desenvolvimento de novas tecnologias da informação com as transformações sociais e seus reflexos nos sujeitos da escola dialogamos com Tapscott (2010), Demo (2006) e Libâneo (2009). Realizou-se uma apresentação panorâmica da presença das novas tecnologias no mundo e no Brasil e uma analise de como tal presença tem afetado a todos, criando uma nova cultura: a cibercultura.
Palavras-chave: Tecnologia. Blog. Professor.
SUMÁRIO
Introdução 6
1. O que é tecnologia? 11
1.1. As novas tecnologias e a realidade atual 12
1.2. Desenvolvimento tecnológico e a Geração Internet 13
1.3. O Brasil e as novas tecnologias da informação e comunicação 15
1.4. A escola no novo cenário tecnológico 17
2. Blogs: Um espaço de comunicação na internet 24
2.1. O que são blogs? 24
2.2. Blogs e educação 26
3. A pesquisa 28
3.1. Questionário on line 29
3.1.2. Análise dos dados do questionário 32
3.2. Os blogs e seus conteúdos 37
3.2.1. Blog Diálogo e Educação 37
3.2.2. Blog Meus Trabalhos Pedagógicos 39
3.2.3. Blog ABC da Professora Érika 41
3.3.4. Considerações sobre os blogs e as entrevistas com as blogueiras 48
4. Considerações finais 50
5. Bibliografia 55
Introdução
No fim do primeiro semestre de 2008 graduei-me em Pedagogia. Logo em seguida
iniciei uma pós Lato-Sensu e comecei a me preparar para os concursos na área da educação.
Passei no concurso para o cargo de Professor II, na cidade de Rio Bonito. No segundo
semestre de 2009, entrei pela primeira vez em uma sala de aula como professora. Antes só
havia trabalhado com crianças na função de bolsista do grupo de pesquisa CABE (Centro de
aprendizagens, pesquisa e extensão: cultura, corpo, arte e brinquedo em educação), na
brinquedoteca do Colégio Universitário Geraldo Reis, em Niterói, Rio de Janeiro.
Entrei na sala de aula sem experiência prática, mas amparada pela vivência e pelo
conhecimento adquirido no tempo em que trabalhei na brinquedoteca, com os
conhecimentos teóricos ministrados nas disciplinas da graduação em Pedagogia e com as
experiências vividas nas Atividades e Pesquisa e Prática Pedagógica (P.P.P)1. Confesso que
me sentia despreparada para ir para a sala de aula. Eu sabia muita teoria, mas sentia falta da
prática pedagógica. Às vezes assistia às aulas na faculdade e me perguntava, se todo aquele
conhecimento iria me ajudar na hora que eu caísse na sala de aula e tivesse que lidar com um
monte de crianças. Eu me sentia preparada, por conta da minha formação, para dar aula
sobre as teorias pedagógicas, mas não para entrar em uma escola e trabalhar no dia a dia
1Atividades e P.P.P. são componentes do currículo de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense. P.P.P. é
apresentado como um eixo articulador do curso, percorrendo os nove períodos da graduação e que ―deveria
possibilitar o diálogo entre e com os demais componentes do curso, tanto no sentido vertical, como no sentido
horizontal do currículo‖ (DOMINICK, 2004, p. 2). Atividades é um componente curricular pedagógico-
cultural, e quando fiz o curso, também estava presente nos nove períodos. Busca um diferencial em relação a
sala de aula convencional, oferecendo ao aluno participar de ―diversos modos de expressão (oficina, video-
debate, seminário, excursões)‖(Apresentação do Curso de Pedagogia UFF, disponível em:
http://www.uff.br/facedu/index.php?option=com_content&view=article&id=5:niteroi&catid=3:graduacao&Ite
mid=8. Acesso em 19/03/2011).
7
com os alunos. Não me sentia professora de fato. Graduei-me com tantas habilitações
(Orientação, supervisão, administração escolar; magistério das matérias pedagógicas,
educação infantil e primeiro segmento do ensino fundamental), que acabei me sentindo
perdida com todas elas. Este sentimento me remete à pergunta de Libâneo e Pimenta (1999):
―É viável formar num mesmo curso, com duração de quatro
anos, o professor profissionalmente competente de 1ª a 4ª série e, ao
mesmo tempo, o pedagogo Stricto Sensu, também profissionalmente
competente naqueles campos profissionais mencionados?‖ (1999,
LIBÂNEO, PIMENTA, p.250)
Fui trabalhar em uma escola rural do município de Rio Bonito. Lá trabalhei com a
Educação Infantil, com uma turma multisseriada. A escola, por ser muito pequena, não tinha
coordenação pedagógica e nenhum tipo de apoio ao professor e, se quiséssemos algum
apoio, deveríamos marcar horários com a coordenadora pedagógica do Pólo, do qual a
escola fazia parte. Este ficava na Secretaria de Educação, no centro da cidade.
No primeiro dia de trabalho fui orientada pela direção para trabalhar com uma
abordagem construtivista. E aí, surgiram todas as dúvidas. Eu sabia o que era
construtivismo, já tinha lido muitos textos e feito muitos trabalhos sobre o tema na
faculdade, mas o que eu devia fazer com aquelas crianças? Como começar a construir o
conhecimento com elas? O que fazer, já que todas tinham níveis de desenvolvimento
diferentes? Quem me ajudaria? Na faculdade tinha aprendido as teorias. Mas como
empregá-las de fato? Que atividades preparar?
As professoras da escola eram todas novas, nenhuma com muita experiência em dar
aula, e nunca haviam trabalhado com a educação infantil. A diretora também não. Não tinha
livro didático e nenhum material de apoio para utilizar. A coordenação do Pólo ficava a mais
de uma hora de distância da escola, o que dificultava a minha ida até lá. Então, eu não tinha
muita ajuda por perto.
Foi na internet que pude encontrar ajuda de forma mais imediata. O Google foi de
grande ajuda nesse momento. No site encontrei blogs de professoras que davam dicas de
atividades para fazer com os alunos. Inicialmente usei atividades prontas, cópias de páginas
de livros e que eram desenhos para pintar, ou linhas para cobrir, ou para ligar. Levei-as
mesmo sabendo que aquilo não era construtivismo. Isso durou sete dias, mas foi a saída que
tive no momento de sufoco. Pedi algumas idéias a uma professora que trabalhou na escola e
8
que conhecia a turma. Ela me deu algumas dicas. Comecei, então, a planejar minhas
atividades de uma nova forma e procurei relacionar o que tinha visto nas aulas de Educação
Infantil, na faculdade, com o conhecimento que adquiri no grupo de pesquisa. Voltei aos
blogs em busca de novas atividades que pudesse adaptar à definição que eu tinha sobre o
construtivismo e às características da minha turma. A partir das dicas, comecei a construir as
minhas próprias atividades relacionadas ao perfil da turma. Quando pude, finalmente, me
encontrar com a coordenadora, ela disse que eu estava no caminho certo. Percebi, então, que
eu começava a fazer um bom trabalho e começava a construir a minha prática pedagógica,
fazendo uma relação com a teoria, a vivência da sala de aula e a pesquisa nos blogs.
No ano seguinte fui trabalhar em outra escola da mesma cidade, no entanto com um
contexto bem diferente. A escola era próxima ao centro da cidade. Esta tinha mais alunos
que a primeira, e estes eram bem diferentes em relação ao comportamento. Ainda era uma
turma de educação infantil, mas não era multisseriada, contudo, o nível de desenvolvimento
e os conhecimentos dos alunos eram muito mais diversificados do que o encontrado na
escola anterior, que era realmente multisseriada. Na verdade, parecia até que a segunda
turma era multisseriada e a outra não. Na primeira turma tinha sete alunos com idade entre 3
e 5 anos. Na segunda, havia 21 crianças entre 4 e 5 anos.
Nessa nova escola alguns professores se prontificaram a me ajudar e tinha uma
orientadora pedagógica que ―estava‖ na escola uma vez por semana. No primeiro dia de
trabalho as professoras me deram vários modelos de atividades mimeografadas com linhas
para cobrir, desenhos prontos para pintar e etc. Pensei, então, que apesar da Secretaria de
Educação indicar o construtivismo como linha de atuação nas escolas, ali, naquela escola
não era assim que acontecia.
Comecei a usar aquele material com os alunos, mas logo percebi que não ia
funcionar. Era perda de tempo porque aquele material não permitia que eu trabalhasse com
todos ao mesmo tempo na sala de aula permitindo que cada um se desenvolvesse no seu
ritmo. Resolvi voltar à forma como eu trabalhava na outra escola, só que dessa vez o cenário
era muito diferente, então precisei de novas idéias para poder desenvolver com aquela
turma. Voltei ao meu ponto de partida e, novamente, os blogs se tornaram canal de pesquisa.
A partir do material que encontrei nestes espaços comecei a planejar as atividades para a
turma, de forma que dialogasse com o nível de desenvolvimento de cada um.
9
Navegar pelos blogs criados por professores me mostrou uma nova realidade. Pude
ver que existem muitos profissionais interessados em compartilhar com os colegas de
profissão suas experiências e, assim, aprendemos uns com os outros e ajudando àqueles com
pouca ou nenhuma experiência, como era o meu caso. Algumas vezes, precisamos somente
de uma inspiração e de poder contar com a ajuda de colegas que têm prazer em
compartilhar suas idéias, trabalhos e conhecimento com outros professores. Vejam como
acontece esse diálogo2:
"Vera em 22/10/2010
Olá professora, tudo bem? Estou com uma dúvida. No começo do
ano que vem vou pegar uma sala para alfabetizar e gostaria de
começar com letras cursivas, é errado ter esse procedimento?
Profª Erika em 05/11/2010
Vera, para iniciar a alfabetização o ideal é a letra de forma, porque
tudo fora da escola é escrito com ela. Ela é mais significativa. Se
optar pela cursiva, use as 2.‖(http://abcdaproerika.blogspot.com/,
acesso em 15/11/2010)
―4 Out 10, 13:28
Paola Aguiar: É bom saber que aqui tem muitas coisas interessantes
para se trabalhar em sala de aula. Irei indicá-lo para minhas amigas
da faculdade de Pedagogia. ‖(http://dialogoeducacao.blogspot.com/,
acesso em 15/11/2010)
Por conta da ajuda que recebi das professoras blogueiras, decidi pesquisar sobre os
blogs escritos por docentes e sobre as pessoas que os acessam. Quero conhecer melhor o
perfil destas pessoas, analisar o que há nestes espaços, e o porquê das pessoas buscarem e
construírem estes blogs.
Vivemos em uma época onde praticamente tudo é ligado às novas tecnologias. O
acesso aos computadores e à internet tem se popularizado e os professores já estão
utilizando as novas ferramentas tecnológicas no seu dia a dia. Como e porque o professor
está buscando estes instrumentos digitais no seu processo de formação?
Estes foram os questionamentos que trouxe para este trabalho e que aprofundei a
partir de pesquisa bibliográfica, coleta de dados nos blogs e por meio de entrevista com as
blogueiras e professoras que acessam os blogs.
2 No texto a seguir foram feitas algumas correções para adaptar o texto à norma culta, não estando idêntico à
forma mais ágil de escrita da internet.
10
No primeiro capítulo busquei explorar alguns conceitos de tecnologia e de novas
tecnologias para uma melhor compreensão do que acontece no Brasil e no mundo em
relação ao desenvolvimento tecnológico, tomando como base os autores Pierre Levy (1999)
e Don Tapscott (2010). O primeiro trabalha com os conceitos de ciberespaço e cibercultura
articulando-os com a produção e o uso do homem com as novas tecnologias. O segundo
autor cria o conceito de Geração Internet, referindo-se ao grupo de pessoas que nasceram e
cresceram junto com o desenvolvimento da Internet. Tais pessoas hoje se apresentam com
características diferentes da geração anterior a sua devido à relação da Geração Internet com
esta ferramenta tecnológica. Em seguida abordo a relação entre a escola e as novas
tecnologias e a importância do diálogo entre os indivíduos que compõe a escola e o
desenvolvimento tecnológico tendo como base teórica os autores Libâneo (2009) e Demo
(2006).
No segundo capítulo é apresentado o conceito de blog e o que o compõe, assim como
as várias formas como se apresentam este meio de comunicação na rede. Tive como apoio
teórico os autores Galdo (2009), Guedes (2010), Gutierrez (2004) e Prange (2003). Ainda
neste capítulo, discorro sobre o que são blogs educacionais e apresento uma classificação
destes espaços de acordo com Baltazar e Aguaded (2005).
No capítulo seguinte são apresentados os caminhos teórico-metodológicos da
pesquisa e os dados coletados. Apresento os dados coletados por meio de questionário
online, direcionado à profissionais da educação. É feita uma análise de 3 blogs educacionais.
Estes são escritos por duas pedagogas, uma atua como professora do ensino fundamental, a
outra trabalha como coordenadora de projetos de uma creche e a terceira é graduada em
Letras e trabalha como professora do ensino fundamental.
Os blogs escolhidos para a pesquisa estão disponíveis nos seguintes endereços:
http://abcdaproerika.blogspot.com/
http://dialogoeducacao.blogspot.com/
http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/
11
1. O que é tecnologia?
Neste trabalho são abordados temas como blog e internet que fazem parte de um
grupo de novas tecnologias, as chamadas tecnologias da informação e comunicação, e que
estão se desenvolvendo de forma estrondosa, influenciando todas as esferas da vida humana,
sendo a educação uma delas. Para compreender melhor esse processo é importante saber o
que é tecnologia e como ela está presente em nosso cotidiano.
Quando ouvimos o termo tecnologia ele logo nos remete a modernos aparatos
eletrônicos, de última geração. Mesmo tudo isto sendo realmente tecnologia, o conceito é
mais abrangente. Desde os tempos mais remotos, tudo o que o homem cria, produz, é
tecnologia, desde a lança para caçar animais até as mais modernas armas de caça, por
exemplo. O que as diferencia é o modo como foram fabricadas e a época em que foram
fabricadas. Tecnologia seria tudo o que homem cria a partir do conhecimento cultural e
social, para solucionar problemas ou, realizar determinados objetivos. Siqueira (2008) traz
―o termo tecnologia como uma referência para o ato de organização ou de transformação
de elementos da natureza para atender às necessidades e aos propósitos do homem. Trata-se
de um enquadramento, de um desenho da realidade empreendido pelo homem.”. Levy
(1999) firma que tecnologias são produtos de uma sociedade, de uma cultura. Para
Rodrigues e Toschi (2003) o aparato tecnológico possui uma dimensão cultural, ética e
estética que traz agregado em si a dimensão cultural do conhecimento. Portanto, a tecnologia
vai além de uma dimensão física, não é a sua materialidade que a define, mas o sentido e o
uso que se tem e se faz dela. A tecnologia pode ser material ou não. Pode-se perceber essa
não materialidade na música ou na comunicação dos sinais da TV, por exemplo.
Para que a tecnologia seja produzida o homem utiliza-se da técnica, que seria o
meio, o caminho para a produção. Segundo Levy (1999) a técnica possui uma multiplicidade
de significações, o que a torna difícil de definir e dar-lhe um sentido único. Por trás dela
“agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de
poder, toda a gama dos jogos do homem em sociedade.” (LEVY, 1999, p. 24). Levy entende
que a ambivalência no significado da técnica se torna mais visível no mundo digital, uma
vez que ela está ligada a questões políticas, econômicas, sociais e científicas. Técnica e
tecnologia são produtos de uma sociedade e de uma cultura, elas agem sobre o homem e o
modifica, mas como produções humanas, vão sendo modificadas pelos homens. É um
12
processo que está sempre em mutação.
Vive-se o boom de novas tecnologias, principalmente aquelas conhecidas como
tecnologias da informação e comunicação (TICs), dentre elas estão a informática, a internet,
a telefonia móvel, a TV digital etc. Nesse contexto surge o que Levy (1999) define por
ciberespaço, também chamado de rede, como novo meio de comunicação derivado da
interconexão mundial de computadores. Este espaço não abarca só a infra-estrutura material,
mas também o volume imenso de informações que abriga e as pessoas que participam desse
espaço e o alimenta. É um dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se
como um instrumento de inteligência coletiva, no qual os mais variados grupos trocam e
disponibilizam informações e conhecimentos. Junto com o crescimento do ciberespaço,
desenvolve-se um conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de
modos de pensamentos, de valores que se denomina Cibercultura (LEVY, 1999).
Neste novo espaço, onde todo tipo de informações são digitalizadas, ocorre uma
grande interação, troca, transferência, e modificação de informações. Segundo Levy (1999),
este pode vir a ser, no século XXI,―(...) o principal canal de comunicação e suporte de
memória da humanidade (...)‖.
1.1. As novas tecnologias e a realidade atual
Estamos na chamada ―Era da Informação‖, período que começou no início da década
de 1990 e estende-se até os dias atuais. A característica principal desse período é a rápida
mudança tecnológica. O mundo se transformou em uma verdadeira aldeia global com o
rápido e ascendente desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, de
forma integrada com a televisão, a telefonia e o computador. As informações chegam de um
lugar ao outro do planeta de forma muito rápida. Aconteceu a globalização política e
econômica, onde o conhecimento e as habilidades mentais tornaram-se fundamentais para o
mundo do trabalho (CHIAVENATO, 1999).
Todo desenvolvimento provoca mudanças no comportamento das pessoas e na sua
forma de se relacionar com ele e com o conhecimento, fazendo surgir diferenças entre
13
gerações. Hoje, podemos falar em Geração Internet3, que se formou com o grande
desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação. Esse grande
crescimento também afetou a população brasileira, que cada vez mais se insere no mundo
tecnológico e virtual, mudando, assim, a relação do brasileiro com o conhecimento e com a
informação. Essa mudança acaba influenciando o mundo escolar, que interage com os novos
cotidianos ao seu redor e precisa dialogar criticamente com eles, repensando o modo de
produzir diálogo entre os conhecimentos escolares e do mundo, bem como a formação
necessária aos professores que estarão trabalhando com estudantes das novas gerações.
1.2. Desenvolvimento tecnológico e a Geração Internet
A Geração Internet, de acordo com D. Tapscott (2010), autor deste conceito, é
formada por aqueles que nasceram de 1977 até 1997, período no qual a internet surgiu e
começou a ser utilizada de forma crescente, principalmente nos Estados Unidos. O
diferencial dessa geração é que ela assimilou a tecnologia da informação porque cresceu
com ela, diferente de seus pais, que faziam parte de outra geração, a dos Baby Boomers4. A
convivência com tal tecnologia liga esta geração à imagem da velocidade e liberdade. Para o
autor, os jovens da Geração Internet são emancipados e começam a transformar todas as
instituições da vida moderna. Estão substituindo uma cultura de controle por uma cultura de
capacitação.
Segundo Tapscott (2010), a Geração Internet pode ser descrita por oito
características que os diferenciam de seus pais:
Prezam a liberdade, e em especial, a liberdade de escolha;
Personalizam as coisas e querem apropriar-se delas;
São colaboradores naturais, que gostam de conversas e não de sermões;
Fazem análises minuciosas das pessoas e das empresas;
3 O termo Geração Internet encontra-se grafado conforme a grafia do texto original encontrado em:
TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a internet estão
mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.
4 Geração nascida entre 1946 e 1964, período onde ocorreu uma explosão de natalidade após a II Guerra
Mundial. Essa explosão foi mais forte nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália. (2010, TAPSCOTT).
14
Insistem na questão da integridade;
Querem se divertir no trabalho e na escola;
Percebem a velocidade como algo normal;
A inovação faz parte da vida.
Da Geração Tv para a Geração Internet aconteceu a passagem de uma mídia
difusora unidirecional para uma mídia interativa. A Geração Internet assiste menos televisão
e passa mais tempo na rede. De acordo com a pesquisa feita pelo Grupo NGenera5, quando
foi perguntado aos integrantes da Geração Internet, qual meio de comunicação podiam
dispensar, televisão ou internet, a televisão perdeu em todos os 12 países onde a pesquisa foi
realizada.
O uso de telefone doméstico para falar com os amigos diminuiu consideravelmente
segundo o estudo. Hoje se usa mais o Skype, G-talk, Facebook e outros espaços de
relacionamento. Atualmente, os celulares não servem somente para falar, eles são
multitarefa. No Brasil, de acordo com dados da pesquisa, cresce cada vez mais o número de
pessoas que possuem um celular. Os dados mostram que no país: existem mais linhas de
telefone celular, do que de telefone fixo. 78% dos jovens da Geração Internet enviam
mensagens de texto ou e-mail usando celulares, ficando na frente dos Estados Unidos (64%),
e atrás da China (95%), Japão (94%) e do Canadá (81%). No Brasil, De acordo com dados
do PNAD 20096, 57,7% dos brasileiros de 10 anos em diante têm uma linha pessoal de
telefonia móvel. Dentro desse grupo, de acordo com a pesquisa, as pessoas entre vinte e
trinta anos, são as que mais possuem celulares, e chegam a uma porcentagem maior que
70%.
O desenvolvimento tecnológico acontece em uma velocidade muito rápida. A
5 Pesquisa realizada entre os anos de 2006 e 2008, pelo grupo NGenera. Foram entrevistadas quase 10.000
pessoas de todo o mundo. Inicialmente entrevistaram 1.750 jovens entre 13 e 20 anos de idade, nos Estados
Unidos e Canadá. Depois foram entrevistados 5.935 integrantes da Geração Internet entre 16 e 29 anos de
idade em 12 países(Estados Unidos, Canadá, Rússia, China, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha,
México, Brasil e Índia).
6 ―Trata-se de um sistema de pesquisas por amostra de domicílios que, por ter propósitos múltiplos, investiga
diversas características socioeconômicas e demográficas, umas de caráter permanente nas pesquisas, como as
características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade
variável, como as características sobre migração, fecundidade nupcialidade, saúde, segurança alimentar e
outros temas que são incluídos no sistema de acordo com as necessidades de informação para o
País.‖http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/default.shtm. Acesso
em 02/12/2010
15
internet nos seus primórdios era voltada para a navegação com busca de conteúdo. Hoje a
nova rede, a web 2.07, permite que as pessoas criem o conteúdo, há uma interação. Agora os
internautas colaboram entre si criando comunidades, redes sociais. A internet tornou-se uma
ferramenta de auto-organização. Para Tapscott (2010), a Geração Internet aumentou sua
inteligência com o fato de ter aprendido a acessar, selecionar, categorizar um mundo de
informações a que teve acesso. Para ele:
―Essa geração está transformando a internet de um lugar no
qual você encontra informações em um lugar no qual você
compartilha informações, colabora em projetos de interesse mútuo e
cria novas maneiras para resolver alguns dos nossos problemas mais
urgentes.
Uma maneira de fazer isso é criando conteúdo através de seus
próprios blogs ou em combinação com o conteúdo de outras pessoas.
Dessa maneira, a Geração Internet está democratizando a criação de
conteúdo, e esse novo paradigma de comunicação terá impacto
revolucionário em tudo que tocar – desde música e filmes até a vida
política, os negócios e a educação‖. (TAPSCOTT, 2010, p.54)
Apesar de o Brasil ter sido incluído na pesquisa realizada pelo Grupo NGenera, a
realidade do país, no uso das novas tecnologias da informação pela população,
principalmente pelo grupo que nasceu entre 1977 e 1997, é um tanto diferente em relação
aos outros países participantes da pesquisa, como é o caso dos Estados Unidos. Esse
conceito de Geração Internet para o Brasil se aplicaria a uma pequena parcela da população,
as camadas mais altas da sociedade, pois o acesso a computadores e à internet se
popularizou a pouco tempo no país, e muitos ainda não tem acesso a esses meios
tecnológicos.
1.3. O Brasil e as novas tecnologias da informação e comunicação
7 ―(...) um conjunto de ferramentas heterogêneas, on-line, que propiciam a interação e a colaboração entre
pessoas, por meio da Internet.‖ (2010, GALDO)
16
O acesso à internet comercial no Brasil teve início em 1995, um pouco mais tarde do
que em outros países. Nos Estados Unidos, em 1997, 36,6% dos lares possuíam computador
e 18% tinham acesso à internet8. No Brasil, de acordo com os dados do PNAD 2009, 35,0%
(58,6 milhões) dos domicílios pesquisados tinham microcomputadores (20,3 milhões), sendo
27,4% (16 milhões) com acesso à internet. No censo americano de 2009, 68,7% (119
milhões) de lares possuíam computador e internet em casa.
Apesar das dificuldades, o uso, principalmente, de telefones celulares, de
microcomputadores e da internet, começa a ser popularizados no Brasil, e cada vez mais os
brasileiros estarão imersos nesse mundo digital. O acesso tornou-se muito mais fácil,
embora ainda existam alguns lugares nos quais as novas tecnologias ainda não chegaram ou
existem de forma precária. Contudo, nos últimos anos o acesso vem aumentando a cada dia.
Suprir essa necessidade poderá demorar um pouco para acontecer no Brasil, pois o
acesso aos meios tecnológicos também depende de desenvolvimento econômico e social,
apesar do que, o acesso às tecnologias da informação cresce a passos largos. Segundo o site
do IBGE, baseado na PNAD 2009, a proporção de domicílios e de pessoas, com acesso às
tecnologias da informação cresceu de forma marcante entre os anos de 2005 e 2008. Dentro
deste período, segundo dados da pesquisa, houve um aumento de acesso à internet de 112%
dentre as pessoas acima de 10 anos.
Mas para a maioria da população, aqueles das camadas populares, os novos recursos
tecnológicos, ainda são caros e pouco acessíveis. De acordo com a PNAD 2009, as regiões
Norte e Nordeste, foram as que apresentaram a menor proporção de microcomputadores e
acesso a internet por domicílio. Com percentuais de 13,2% e 14,4%, respectivamente,
apresentam um índice bem diferente da região Sudeste com 43% dos domicílios com
microcomputadores, e 35,4% dos domicílios com acesso a internet.
De acordo com o site do SERPRO, o governo já lançou planos de incentivos para a
compra de computadores, com isenção fiscal, por meio do projeto “Computadores para
todos”. Segundo o site, várias escolas do país agora já contam com laboratórios de
8Dados obtidos em 02/12/2010 no site do Censo norte americano.
http://translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-
BR&langpair=en|pt&u=http://www.census.gov/population/socdemo/computer/2009/Appendix-
TableA.xls&rurl=translate.google.com.br&usg=ALkJrhhkXq8vbbM7Qg0WEUhB1YoN4NT-fw
17
informática, montados com computadores enviados pelo Governo Federal. Além desses
programas, há o Programa SERPRO de Inclusão Digital (PSID), que busca promover a
inclusão digital e social daqueles que estão excluídos do mundo das Tecnologias da
Comunicação e Informação, com o intuito de ampliar a cidadania, combater a pobreza e
garantir a entrada do indivíduo na sociedade da informação, fortalecendo o desenvolvimento
local9.
1.4. A escola no novo cenário tecnológico
Hoje a vida caminha para se tornar informatizada, pois, mesmo que as pessoas não
percebam, o computador está presente em suas vidas diariamente. Além dos computadores,
temos os celulares que são muito populares, mp4, laptops e outros equipamentos como
carros, geladeiras, elevadores e cadeiras de roda que são produzidos com tecnologia de
informação. Convivemos com aparelhos que fazem de tudo e mais um pouco. Todo esse
desenvolvimento tecnológico tem facilitado muito nossas vidas e também tem mudado
significativamente a nossa sociedade nos mais variados aspectos. Hoje temos o mundo em
apenas um click. Podemos pagar nossas contas, ler livros, jornais, revistas, assistir filmes,
comprar ingressos, conhecer pessoas em todos os lugares do mundo, estudar, entre outras
tantas possibilidades que a internet nos dá. Temos escolas públicas informatizadas, casas
populares com computadores e acesso a internet, lan houses em vários lugares. Atualmente,
as crianças brincam com laptops e celulares. Internet, MSN, e jogos dos mais variados tipos,
estão presentes no dia a dia delas, principalmente no daquelas pertencentes às camadas
sociais mais elevadas.
Destaca-se que até mesmo aquelas das camadas populares já começam a ter mais
contato com os novos desenvolvimentos tecnológicos. Segundo Tapscott (2010) 10
as novas
tecnologias são para as novas gerações algo que está no ar, já naturalizado. Atualmente,
conhecer as novas tecnologias e saber utilizá-las tornou-se uma questão de necessidade, pois
permite que o indivíduo tenha acesso ao conhecimento e a oportunidades de trabalho.
9 http://www.serpro.gov.br/inclusao/oprograma. Acesso em 15/09/2010
10 TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: Como os jovens que cresceram usando a internet estão
mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.
18
O mundo contemporâneo, denominado por alguns, como pós-moderno, vive e está
localizado num grande avanço tecnológico, principalmente na comunicação e na
informática. Tais avanços têm provocado mudanças nas esferas econômicas, culturais,
políticas e sociais. São mudanças que atingem o cotidiano das pessoas e elas se vêem
imersas numa nova realidade, consumindo as novas tecnologias e tentando se adaptar a nova
cultura, e vice e versa. Surgem, nesse cenário, mudanças no mundo do trabalho, que exigem
novas qualificações. O trabalhador hoje precisa de uma formação que o leve a ter uma
atitude crítica com o seu fazer, ser criativo, capaz de solucionar problemas, competente. Não
basta seguir ordens.
Todas as transformações que estão acontecendo acabam exigindo mudanças na
escola, pois para formar o novo trabalhador, a escola precisa se relacionar com os saberes
ligados a tais tecnologias e acaba sofrendo múltiplas influências das transformações sociais.
Não que a escola deva formar os indivíduos para o mercado, mas deve formar o indivíduo
que, ao se deparar com o mundo do trabalho, esteja preparado para dialogar e interagir
criticamente com a realidade. Libâneo (2009, p.22), compreende que o importante “(...) é
defender o princípio básico de que a democratização econômica e política e a luta contra a
exclusão social continuam requerendo escolarização da população com qualidade
compatível com as demandas do mundo contemporâneo”.
Nos PCNs (p.138) podemos ler uma posição governamental que aponta para o fato
de que a escola precisa acompanhar as mudanças sociais, oferecendo aos alunos a formação
necessária aos novos requisitos da vida moderna, com o fim de contribuir para diminuir as
diferenças e desigualdades. Essa nova escola deve formar cidadãos críticos e reflexivos, com
uma sólida formação cultural e competência técnica.
Infelizmente a escola atual, não é muito diferente da escola de cem anos atrás, pois
reproduz a mesma composição da sala de aula com carteiras voltadas para o professor, e
este, voltado para um ensino instrucionista. Mesmo com vários estudos educacionais
mostrando novos meios de ensino, a escola ainda resiste ao novo, reproduzindo na maioria
das vezes, a escola que não deveríamos ter.
Aqui, não quero dizer que o professor é o culpado pela falta de mudanças na escola,
ele acaba sendo vítima de muitas situações, e inúmeras vezes são impedidos de colocar em
prática seus conhecimentos. Hoje, por mais que eles tentem inovar, torna-se uma tarefa
19
difícil, pois, nem sempre recebem uma base e apoio material e pedagógico para tal
desenvolvimento. Lembro-me que na época em que estava em sala de aula, no município de
Rio Bonito, inúmeras vezes precisei pagar do meu bolso o custo de materiais para que
pudesse preparar melhores aulas para meus alunos. Outro fator que prejudica o
desenvolvimento do ensino na escola é a cobrança sobre o professor cumprir metas que lhes
são impostas pelos governos. Tais metas impedem os docentes de trabalharem conforme as
necessidades de seus alunos e são obrigados a incutir informações nos educandos e treiná-
los para terem um bom desempenho nos exames nacionais de avaliação, garantindo assim
verbas para as escolas a partir dos índices do IDEB11
, por exemplo, e garantindo, assim,
bonificações nos seus salários, como vemos abaixo em uma das metas da Secretaria de
Educação do Estado do Rio de Janeiro.
―Remuneração variável – avaliação e bonificação dos
professores de acordo com o desempenho da escola. Serão
considerados o fluxo escolar, o rendimento do aluno e a infra-
estrutura das escolas. O docente que conseguir atingir o limite
máximo das metas poderá receber até três salários a mais por ano.‖
(http://www.educacao.rj.gov.br/index5.aspx?tipo=categ&idcategoria
=663&idsecao=310&spid=2 . Aceso em 21/03/2011).
Hoje, não cabe mais na escola a mera transmissão de informações. Estas, o aluno
atual, as encontra, nos mais diversos espaços, principalmente nos virtuais. A nova geração
tem na ponta dos dedos acesso à boa parte dos conhecimentos do mundo, eles não recebem
passivamente as informações e eles as coletam no mundo todo.
No entanto, informação não é sinônimo de aprendizado. A aprendizagem envolve
muito mais do que acúmulo de conteúdo, vai além disso. Para Demo (2006), devemos
rejeitar o instrucionismo, e o estudo não pode se tornar uma rotina reprodutiva, pois a
aprendizagem é dinâmica, aprende-se a toda hora, em todo lugar.
11 ―Todo o PDE está ancorado justamente na criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira –
IDEB, que pondera os resultados do SAEB, da Prova Brasil e dos indicadores de desempenho captados pelo
censo escolar (evasão, aprovação e reprovação). Cria um indicador que varia de zero a dez, desdobrável por
estado e por município e por redes de ensino. A partir da construção do IDEB, o MEC vinculará o repasse de
recursos oriundos do FNDE à assinatura de compromisso dos gestores municipais com determinadas metas de
melhoria dos seus indicadores ao longo de determinado período‖.( Araújo, 2007 apud Freitas, 2007)
20
―A fonte de aprendizagem é a ação do sujeito, ou seja, o
individuo aprende por força das ações que ele mesmo pratica: ações
que buscam êxito e ações que, a partir do êxito obtido, buscam a
verdade ao apropriar-se das ações que obtiveram êxito.‖ (DEMO,
2006. p.104)
Para Tapscott (2010), o modelo de educação onde o professor é o centro do processo
educacional, um modelo unidirecional, onde o aluno fica isolado no processo de
aprendizagem, não funciona para a nova geração. O ensino deveria ser voltado para um
modelo educacional focado no aluno, multidirecional, customizado e colaborativo. Esses
jovens aprenderiam mais colaborando com o professor e entre si.
―Para eles o aprendizado deve acontecer onde e quando
quiserem. Portanto, ir a uma aula expositiva de um professor
medíocre em um lugar e horários específicos, em uma sala de aula na
qual eles são receptores passivos, parece estranhamente antiquado,
ou até totalmente inapropriado.‖(Tapscott, 2010; p.95)
―(...) devem estimular os alunos a fazer descobertas sozinhos
e aprender um processo de pesquisa e de pensamento crítico em vez
de apenas decorar as informações transmitidas por eles. (...) precisam
adaptar o estilo de educação aos estilos individuais de aprendizado
dos seus alunos.‖(Tapscott, 2010;p.159).
O autor afirma que vem se formando uma geração mundial de colaboradores
naturais. Eles querem poder dar a sua opinião, ver que ela é importante. Querem que suas
decisões possam influenciar e aprimorar o seu processo de trabalho. A nova geração está
transformando, revolucionando a tecnologia. É uma geração que gosta de compartilhar
informações, que quer estar conectada com amigos e parentes o tempo todo, e usa a
tecnologia para fazer isso por meio dos telefones celulares, das redes sociais, dos blogs etc.
Esses são os alunos que escola precisa estar preparada para receber.
―Os jovens da Geração Internet também não aceitam
simplesmente o que lhes é oferecido. Eles são indicadores,
colaboradores, organizadores, leitores, escritores, autenticadores e
até mesmo estrategistas ativos, no caso dos jogadores de
videogames. Eles não apenas observam, mas também participam.
Perguntam, discutem, argumentam, jogam, compram, criticam,
21
investigam, ridicularizam, fantasiam, procuram e informam.‖ (2010,
Tapscott, p.33)
Apesar de no nosso país, haver uma visão preconceituosa em relação a tecnologias
na educação, devido ao período da ditadura militar e da presença do tecnicismo na educação,
nós não podemos desprezar os acontecimentos ao nosso redor, porque os cotidianos que
perpassam o mundo escolar vêm se modificando. Demo (2006) indica que a escola, assim
como a universidade, precisa se transformar em comunidades de aprendizagem, e o
professor seria o mediador dessa aprendizagem.
Os PCNs (1984, p. 137), afirmam que:
―A concepção de ensino e aprendizagem revela-se na prática
de sala de aula e na forma como professores e alunos utilizam os
recursos tecnológicos disponíveis — livro didático, giz e lousa,
televisão ou computador. A presença de aparato tecnológico na sala
de aula não garante mudanças na forma de ensinar e aprender. A
tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional,
propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma
atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores.‖
(BRASIL, 1998. p. 140)
Muitos professores já se apropriaram das novas tecnologias da comunicação e
informação no seu processo de formação, no entanto esta apropriação não se manifesta de
forma concreta na sala de aula, e estes recursos não são utilizados como caminhos
mediadores da construção do conhecimento. Guedes (2008, p.24) citando Almeida afirma:
―A vertiginosa evolução e utilização das novas tecnologias
informacionais vêm provocando transformações radicais nas
concepções de ciência e impulsiona as pessoas a conviverem com a
idéia de aprendizagem vitalícia, sem fronteiras e sem pré-requisitos.
Tudo isso implica em novas idéias de conhecimento, de ensino e de
aprendizagem, exigindo o repensar do currículo, da função da escola,
do papel do professor e do aluno.‖
Libâneo (2009), citando Santos (1994), afirma que as situações do dia a dia vão
requerer dos professores uma alfabetização científica e tecnológica, onde os saberes do
cotidiano deverão ser incorporados de forma mais estruturada para superar o senso comum.
22
A tecnologia não deve ser usada de forma instrucionista, mas num processo crítico reflexivo,
ajudando o aluno a pensar sobre as informações que recebe.
Reflexiva também deve ser a formação do professor. Libâneo (2009, p. 89) defende a
formação crítica e reflexiva do professor, onde a prática se torna a referência da teoria, e a
teoria seria o nutriente de uma prática de melhor qualidade. A teoria seria um apoio à
reflexão sobre a prática, onde o professor pensa a realidade, e age sobre ela. O autor também
defende que no curso de formação de professores, desde o seu início, dever-se-ia fazer a
integração do conteúdo com situações da prática, acrescentando ainda problemas futuros
para que o novo professor pudesse experimentar diversas possibilidades de soluções com a
ajuda da teoria.
Alves (2003) ao citar Stenhouse (1991), desenvolve a idéia do professor pesquisador,
que a partir do momento que começa a questionar a sua prática, identificando-a e
analisando-a, pode fazer intervenções no cotidiano escolar e desenvolver alternativas para os
problemas que lhe fora proposto anteriormente.
Demo (2006, p. 35), defende a idéia de uma formação permanente, uma formação
onde “(...) vamos nos fazendo e refazendo, desfazendo e refazendo a vida toda , sem fim,
com o objetivo maior de desenvolvimento pessoal e social, não mercadológico”. O autor
compreende que o professor ao concluir seu curso de formação, não deve comemorar uma
formatura definitiva, mas o começo de um novo desafio, pois a formação precisa acontecer
continuadamente, para sempre. Para esse movimento se tornar realidade é preciso que se
criem políticas de incentivos na escola e de valorização do professor.
Só o uso das novas tecnologias não proporciona um melhor ensino, crítico e
reflexivo. Não basta só capacitar a escola com os recursos tecnológicos, é necessário a
mediação do professor. Para que esta situação possa ocorrer com sucesso é preciso
proporcionar ao professor meios para ter condições dignas de trabalho, como por exemplo,
salários decentes. Além disso, é importante que o docente possa ter tempo para investir em
formação e pesquisa. Hoje, este profissional precisa trabalhar em várias escolas para
conseguir sobreviver de forma mais digna, o que prejudica o seu trabalho. Com jornadas de
trabalho exaustivas, não sobra tempo para preparar melhores aulas, fazer pesquisas, ter
contato com fontes de cultura e prestar mais atenção no cotidiano de sua sala de aula e,
assim, trabalhar de acordo com as necessidades de seus alunos. Essas mudanças só ocorrerão
23
se forem criadas políticas públicas de valorização do ensino e da docência, que não
percebam a escola como um lugar de mero instrucionismo visando alcançar metas, mas
perceberem a escola como um espaço de aprendizagem onde existem sujeitos que anseiam
por receber e produzir conhecimentos.
24
2. Blogs: Um espaço de comunicação na internet
Conforme já vimos, a internet possibilita diversas formas de comunicação entre as
pessoas. É um espaço onde a informação está presente e é apresentada de muitas maneiras.
Com a web 2.0, as pessoas modificam e interagem com o conteúdo apresentado na rede.
Nesse mundo virtual encontramos diversos sites, comunidades, grupos de relacionamento,
fóruns e blogs. Nesta parte do trabalho abordarei especificamente, o que são blogs, pois
estes espaços contribuíram de forma considerável no processo de formação da minha prática
pedagógica e incentivaram os questionamentos geradores deste estudo que focou o olhar e as
análises nos blogs, mais especificamente nos blogs escritos por professores do ensino
fundamental e direcionado à professores.
2.1. O que são blogs?
O que são blogs? Muitas pessoas navegam pela rede e ainda não conhecem os blogs,
apesar de esses espaços estarem se popularizando cada vez mais. Em muitos momentos são
confundidos com uma simples web site. Os blogs não deixam de ser webs sites, pois ocupam
um ―sítio12
‖ na rede, ou seja, ocupam um pequeno espaço na world wide web13
. Todavia, o
que torna o blog diferente de uma web site é o seu caráter de registro tendo como foco
principal um tema.
De acordo com Prange (2003):
―O blog é uma forma abreviada de weblog, cuja tradução
literal é ‗ registro na rede‘. Pode ser definido como um sistema de
construção e atualização de sites, que pelas inúmeras facilidades que
apresenta, facilitou à propagação de homes pages pessoais, em outras
palavras, a criação de sites onde são colocados registros pessoais.‖
(p. 25)
12
Tradução de site para a Língua Portuguesa. 13
―A World Wide Web (que em português significa, "Rede de alcance mundial"; também conhecida como Web
e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet.‖(fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Web. Acesso em 19/03/2011).
25
A pessoa que escreve um blog é conhecida como blogueiro, bloguista ou blogger. O
que ela escreve neste espaço é conhecido como post ou artigo. O blogueiro escreve sobre
diversos assuntos, sobre aquilo que mais lhe interessa ou comenta notícias. Os posts não são
necessariamente diários, eles podem ser escritos em intervalos variáveis. As publicações vão
aparecendo na ordem da mais recente para a mais antiga e os arquivos das mensagens são
encontrados no layout do blog. Podem estar classificados por meses e anos ou por temas.
Existem blogs que são diários pessoais e outros que são temáticos. Podem ser de política,
culinária, televisão, viagens, literatura, concursos, cinema, artesanato, educação, saúde,
nutrição, de lojas, arquitetura, decoração, animais, jardinagem... São infinitas as
possibilidades.
Uma de suas características é a facilidade para criá-lo. Para ter um blog só é
necessário criar uma conta em sites com plataformas pessoais como o Blogger14
,
Wordpress15
, UOL16
etc.
Guedes (2008, p. 38) afirma que:
―As três vantagens mais significativas no uso de blogs são a
facilidade na produção e no manuseio dos instrumentos de
publicação; a possibilidade de focar conteúdos, proporcionada pelos
modelos das interfaces existentes e a funcionalidade como
comentários, arquivo, dentre outras.‖
Nestes espaços, quando o blogueiro posta, quer dizer, escreve algo, ou coloca uma
foto e a comenta, por exemplo, é permitido aos leitores escreverem comentários, o que
permite uma interação entre o escritor e o leitor. Os autores decidem quem pode ler e
também podem ignorar ou aceitar os comentários. O blogger pode escolher o design de sua
página e deixá-la do jeito que quiser.
No blog, além das mensagens escritas por seus autores e dos comentários dos
leitores, pode-se encontrar também pessoas que tornam esses locais como seus favoritos e
que são informadas quando há postagens novas, links para blogs que o autor gosta de
acessar, links de propaganda etc. São os seguidores do blog.
14
http://www.blogger.com 15
http://br.wordpress.org/ 16
http://www.blogger.com
26
Pode ser o espaço de um ou mais autores, pode haver também colaboradores, que
fazem postagens sobre assuntos específicos com certa frequência. No blog encontra-se o
perfil do blogueiro onde há informações escolhidas pelo autor. Hoje, ser blogueiro já virou
até profissão, pois o que para muitos é só prazer, para outros já virou fonte de renda. Por
meio dos blogs são feitas vendas de produtos, de idéias e se faz merchandising.
Enfim, no blog muito mais do que a informação, o que importa é a comunicação
entre escritor e leitor, pois é ela que vai possibilitar e estimular que mais e mais pessoas
acessem o espaço, postando comentários e incentivando novas idéias. Segundo Guedes
(2008, p. 39), ―no espaço do weblog se apresenta a cooperatividade e se revela a construção
de idéias e a ampliação do conhecimento num movimento coletivo‖. Para Gutierrez (2004):
―Estas comunidades se comunicam e interagem em ambientes
virtuais e neles se manifestam por meio da linguagem como co-
autores de um gigantesco hipertexto em devir, sempre inacabado,
sempre aberto a inclusão de outras vozes. Criam, assim, condições
para a construção do conhecimento, a colaboração e a autoria.‖ (p.
25)
2.2. Blogs e educação
Como já foi falado, existem blogs que tratam de diversos assuntos e, muitos deles,
abordam temas que envolvem aspectos pedagógicos e práticas educacionais. Segundo Cruz e
Carvalho (2008, p.03), estes blogs são conhecidos como edublogs, ou blogs educacionais.
Baltazar e Aguaded (2005, p.4) dividem esses blogs em três tipos:
Blogs de professores: são usados por professores para disponibilizar aulas, materiais,
bibliografias etc. Segundo os autores, seria um depósito de informação e onde não há muita
comunicação.
Blogs de alunos: estes podem ser de vários tipos. Podem ter sido criados como um
trabalho de avaliação. Tem aqueles que contêm informações relacionadas aos estudos,
contendo materiais, dicas de livros, links para artigos, outros blogs etc. Há aqueles que são
feitos por colegas de escola com o intuito de comunicação e organização de trabalhos em
grupo, com o objetivo de estudar em conjunto e esclarecer dúvidas. Nestes, há mais
27
comunicação entre seus membros. Por último, existem os blogs individuais ou coletivos de
alunos com o objetivo de divulgar trabalhos.
Blogs de disciplinas: estilo de blog criado com o objetivo de dar continuidade, em
outros espaços, ao trabalho da sala de aula. Pode ser mantido por alunos e ou professores. É
um espaço coletivo onde todos podem fazer suas postagens, o que faz dele um local
dinâmico.
Neste trabalho monográfico vou focar minhas análises em blogs escritos por
pedagogos e professores do ensino fundamental. Nestes espaços as autoras tratam de
diversos assuntos relacionados ao ensino, que vão desde a legislação até as atividades para
serem desenvolvidas em sala de aula.
Mais a frente será feita uma análise de três blogs que eram acessados por mim na
época em que comecei a lecionar e que auxiliaram na construção da minha prática
pedagógica. Será traçado um perfil de cada blog, especificando seus autores e o que compõe
cada um.
28
3. A pesquisa
Como relatado no início da monografia, os blogs foram ferramentas importantes
para o processo de formação da minha prática pedagógica. Os conteúdos e diálogos
estabelecidos nestes espaços me ajudaram com informações, tiraram dúvidas e me
mostraram a importância de compartilhar conhecimento. Dessa experiência surgiram
questionamentos que me conduziram a este estudo. Quem são as pessoas que escrevem
nestes espaços? Quem visita? Como são? Será que todas as pessoas que visitam os blogs são
conduzidas até eles pelos mesmos motivos pelos quais eu os procurei?
Buscando compreender o perfil dos usuários dos blogs e de seus autores, e, além
disso, perceber como o espaço do blog tem contribuído para a formação dos professores,
usei como estratégias para a coleta de dados, a aplicação de um questionário online para
visitantes do blog Diálogo e Educação e para alguns profissionais da área de educação
convidados a participarem da pesquisa. Também foram realizadas entrevistas com as
blogueiras e a observação do conteúdo dos blogs pesquisados.
Esta foi uma pesquisa qualitativa devido à interação que ocorreu entre, eu, a
pesquisadora, as pessoas e o espaço (blogs). Na análise dos dados coletados, apesar de
conter dados quantitativos, os dados qualitativos prescindem a eles, sendo mais relevante a
interação entre o campo e as pessoas. Para Patrício e Silvério (2005) “(...) o pesquisador que
utiliza métodos qualitativos busca a objetivação e não a objetividade dos dados, pois em
seus princípios, tal como explica a física quântica, a neutralidade do pesquisador
(observador) no processo de pesquisa não é possível”. Observo que meu trabalho também
possui um caráter etnobiográfico na medida em que, como pesquisadora, estava envolvida
com o ambiente pesquisado e estava inserida, ali, naquele espaço. Foi a partir desta relação
com o espaço dos blogs e com a internet que surgiu a pesquisa e onde os dados foram
coletados. De acordo com Chizzoti (2006):
―Na etnobiografia, o discurso autobiográfico _ que o sujeito
conta _ constitui primeira versão da realidade que é complementada
com tratamentos e análises complementares e com outras
informações sobre a realidade social na qual o indivíduo está
inserido.‖ (2006, p.105)
29
3.1. Questionário on line
Com o intuito de conhecer melhor as pessoas que acessam os blogs feitos por
profissionais da educação e voltados para a docência do ensino fundamental, foi realizado
um questionário online. O questionário era auto aplicado e estava localizado em dois locais,
um era o blog Docência e blogs, e o outro era o blog Diálogo e Educação. Neste último
havia um link que levava a uma página onde estava o questionário.
Na imagem a seguir pode ser visto o blog criado para colocar o questionário online.
Fonte: http://docenciaeblogs.blogspot.com/. Acesso em 25/01/2011.
Aqui vemos um post da blogueira Cida pedindo aos seus visitantes que participassem
da pesquisa.
30
Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com. Acesso em 05/12/2010.
A escolha de colocar o questionário nestes espaços deveu-se à facilidade de acesso
para as pessoas responderem e, também, devido ao meio utilizado para confeccioná-lo. Sua
produção foi realizada com o programa Google Docs, que permitia colocá-lo em várias
páginas da internet, inclusive blogs. Todas as respostas eram adicionadas em um
formulário17
e ficavam centralizadas em minha página privada do Google Docs.
Responderam ao questionário leitores do blog Diálogo e Educação e outros
professores e pedagogos. Estes foram convidados a participar da pesquisa por meio de e-
mail e scraps no Orkut. Tais profissionais fazem parte da minha lista de contatos no e-mail e
são meus amigos no Orkut.
Na página seguinte apresento a imagem de parte do formulário gerado pelo Google
Docs. Nesta figura podemos ver as perguntas presentes no questionário e as respostas com
as datas e horários em que ocorreram.
17
Para saber como criar um formulário acessar:
http://docs.google.com/support/bin/static.py?hl=pt-br&page=guide.cs&guide=27248
31
Na primeira linha da tabela encontram-se as perguntas que estão divididas em colunas.
Em cada linha das colunas encontra-se a resposta de uma pessoa seguindo a ordem de
data e horário do acesso, que está indicado na primeira coluna.
Na primeira linha da tabela encontram-se as perguntas que estão divididas em colunas.
Em cada linha das colunas encontra-se a resposta de uma pessoa seguindo a ordem de
data e horário do acesso, que está indicado na primeira coluna.
32
3.1.1. Estrutura do questionário
Este questionário online possuía questões fechadas. As perguntas objetivavam
traçar um breve perfil das pessoas que acessam os blogs e o motivo delas irem a este espaço.
Para isso, perguntou-se sobre o envolvimento do respondente com a educação, se ele
trabalhava em escola e sobre qual a sua função na mesma. Havia, ainda, o interesse em saber
o que motivava o professor a acessar os blogs e o que queriam encontrar lá. Também foi
perguntado se o docente conhecia e acessava outros espaços na rede que ajudavam o
professor em seu trabalho.
Nas duas primeiras perguntas do questionário o respondente só podia escolher
uma alternativa. Estas estavam relacionadas ao trabalho na área de educação e ao tempo de
trabalho. Em todas as outras questões podiam ser escolhidas mais de uma alternativa, tendo
ainda a possibilidade de o indivíduo responder a opção ―outros‖. Quando esta opção era
escolhida o entrevistado tinha que escrever a sua própria resposta. Eram cinco questões
nesse modelo. O questionário possuía sete perguntas. Os dados foram coletados por meio
deste questionário entre os dias 05/12/2010 e 27/01/2011, e enviados ao meu Google Docs.
3.1.2. Análise dos dados do questionário
O questionário foi respondido por vinte pessoas, destas apenas uma não trabalhava
na área da educação. Não é possível identificar entre os respondentes aqueles que são
freqüentadores dos blogs ou que foram ao blog onde se encontrava o questionário devido ao
convite feito por e-mail e pelo Orkut.
33
18
Dos dezenove entrevistados que trabalhavam na área, nenhum deles trabalhava a
menos de um ano. Destes, nove trabalhavam de ―1 a 3 anos‖, três trabalhavam de ―4 a 6
anos‖, um trabalhava de ―7 a 10 anos‖, três trabalhavam de ―11 a 14 anos‖ e três
trabalhavam a ―mais de 15 anos na educação‖. É importante destacar a presença de um
grupo expressivo de pessoas que trabalham entre ―1 e 3 anos‖ na área da educação
Os vinte entrevistados informaram que eram: quinze professores, um estudante de
Pedagogia, um pedagogo especialista em educação especial, um professor e inspetor escolar,
um tutor de educação à distância e uma coordenadora. Destacamos aqui que a maioria das
pessoas que participaram da entrevista trabalhava na escola como professores.
18
Todos os gráficos aqui apresentados foram feitos a partir do Google Docs utilizando os dados do
questionário.
34
Acesso aos blogs e tempo de acesso
19
Em relação ao acesso a blogs de educação e ao tempo de acesso, dentro das respostas
que foram oferecidas, cinco marcaram de ―1 a 3 horas por semana‖, três responderam ―de 4
a 6 horas por semana‖ e dois responderam ―de 7 a 9 horas por semana‖. Já no campo
―outros‖, ocorreram as seguintes respostas: ―não tem acessado‖, ―acessa menos de 1 hora
por semana‖, ―quando acha necessário‖, ―esporadicamente‖, ―a cada 15 dias‖ , ―de vez em
quando‖, ―acima de 9 horas por semana‖, ―mais de 9‖ e ―não acesso‖. Nesse campo houve
um total de nove respostas.
Ao relacionar os dados sobre o tempo de acesso com o tempo de trabalho na área de
educação percebi que o grupo que trabalhava de ―1 a 3 anos‖ acessa os blogs, mas não
investe muito tempo nesta tarefa. Já as pessoas que disseram gastar mais tempo nessa tarefa,
com mais de 9 horas de acesso por semana, curiosamente são aquelas com mais tempo na
área da educação e trabalham na docência.
19
Nesse modelo de quadro, na primeira coluna estão as opções que poderiam ser escolhidas. Na segunda
coluna está o número de pessoas que escolheram aquela opção e na terceira coluna encontra-se o percentual
do total de respondentes que escolheram aquela opção.
35
O que procura nos blogs?
20
Em relação ao que procuram nos blogs, o item que teve mais marcações foi ―idéias
para sala de aula‖, com dezoito escolhas. O segundo mais marcado com sete escolhas foi
―dicas de livros‖, seguido de ―ajuda para solucionar problemas‖ e ―apoio técnico‖, com
cinco marcações cada. ―Tirar dúvidas sobre método de ensino‖ e ―procurar legislação‖ teve
uma marcação cada. No item ―outros‖ encontramos duas respostas, onde os entrevistados
dizem que ―não acessam‖ ou ―não tem acessado‖ os blogs. Estes dados nos mostram que
estes profissionais fazem um grande uso do espaço da internet e dos blogs para incrementar
a sua prática pedagógica.
O que levou à procura?
Sobre os motivos que levaram os professores aos blogs, a ―busca por novidades‖ foi
marcada por quinze pessoas. A segunda resposta mais escolhida, com nove marcações foi a
―demanda da escola por novidades‖. A terceira opção mais escolhida foi ―falta de
experiência com a sala de aula‖, escolhida por seis pessoas. Em seguida vem ―realidade da
20
As pessoas podiam marcar mais de uma caixa de seleção. O percentual de escolha refere-se ao total dos
respondentes (100%).
36
escola diferente da que foi vista no curso de formação de professores‖ com quatro escolhas,
―mudança de faixa etária‖ com duas marcações e ―demanda da escola por uso de
metodologia específica‖ com uma marcação. No item ―outros‖ houve duas marcações e as
respostas foram ―não acesso‖, e ―pra mim blogar é um hobby‖.
Analisando esses dados com o tempo de trabalho, percebi que aqueles com mais de
quatro anos de trabalho na área da educação procuram em grande parte a busca por
novidades, já aqueles com menos tempo de trabalho indicam em sua maioria a pouca
experiência em sala de aula, como motivo para acessar estes espaços. Esse foi um dos
motivos que me levou a internet para buscar formas de como trabalhar com meus alunos, o
que pode evidenciar uma insegurança dos professores recém-formados na sala de aula, e
mostrar uma necessidade dos cursos de formação de professores agirem conforme sugere
Libâneo (2009), onde a prática se torna a referência da teoria e ainda fazer a integração do
conteúdo com situações da prática, e logo em seguida refletir sobre os reflexos desse
processo.
Tempo de acesso a sites que ajudam no trabalho
No último item do questionário foi perguntado aos entrevistados se eles fazem uso
regular da internet, além do uso de blogs, para ajudar no trabalho, relacionando ao tempo de
uso. Quatro responderam que acessam ―de 7 a 9 horas por semana‖, seis pessoas
responderam que acessam a internet ―de 4 a 6 horas por semana‖, cinco responderam que
usam ―de 1 a 3 horas por semana‖. No item ―outros‖ houve cinco marcações com as
seguintes respostas: ―10 horas por semana‖, ―não‖, ―quando acho necessário‖, ―mais de 9
horas‖, ―Leio na net todos os dias, estou sempre online, faço pesquisa, estou sempre
aprendendo‖. Relacionando esses dados com o tempo de trabalho e o uso de blogs, percebi
que as professoras ―de 1 a 3 anos‖, apesar de não dispensarem muito tempo no uso de blogs
para o seu trabalho, acessam mais outros espaços na internet. Nos dados coletados só uma
37
pessoa disse não utilizar a internet e os blogs como apoio no seu trabalho.
Percebe-se também que a internet é uma ferramenta muito utilizada pelos
profissionais da educação como forma de apoio para o trabalho pedagógico, o que nos
mostra a influencia da cultura tecnológica no trabalho dos professores e confirma o que fala
Levy (1999) sobre o processo de mutação da produção humana influenciado pela tecnologia.
3.2. Os blogs e seus conteúdos
Conforme foi explicitado na introdução deste trabalho, foram escolhidos três blogs
como campo da pesquisa. Eles são produzidos por profissionais da educação, e foram
escolhidos para esta monografia por constarem na lista dos blogs que eram usados por mim
no período em que comecei a lecionar. É importante salientar que eles só foram incluídos no
estudo quando suas autoras permitiram. Para tal, foram feitos contatos via e-mail e Orkut.
Os blogs são grandes e têm conteúdo variado sobre educação. A seguir apresento alguns
aspectos gerais do que pode ser encontrado em cada espaço.
3.2.1. Blog Diálogo e Educação
Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com. Acesso em 21/01/2010.
O blog Diálogo e Educação foi criado pela Cida21
em junho de 2009. Nele a autora
dá dicas de atividades para a sala de aula, indica livros infantis com links para downloads,
propõe trabalhos para datas comemorativas, orienta os professores quanto à organização da
sala de aula e ao planejamento. Trata de assuntos como pluralidade religiosa, diversidade
cultural, ética, sexualidade etc. Abaixo há um dos posts do blog Diálogo e Educação:
21
A autora possui um segundo blog chamado de Diálogo e Educação II, que tem o objetivo de levar
informações sobre farmacoadicção (viciados em drogas legais e ilegais), visando orientar e apoiar adictos,
familiares e professores.
38
Fonte: http://dialogoeducacao.blogspot.com (Acesso em 21/01/2011).
No blog, a Cida também expõe as suas idéias e pensamentos:
―Hoje eu estava na sala dos professores e ouvi uma
professora dizendo assim:
_Enquanto ficamos calados os políticos vão enfiando na escola todo
tipo de criança (portadoras de necessidades especiais) e nós é que
temos que ensinar.
Fiquei abismada com essa fala, porque denota que esta professora
não tem conhecimento de como se dá a inclusão.
Não é simplesmente uma vontade política ( diga- se politicagem).
Toda ação é política consciente ou inconsciente, a nossa fala sempre
reforça uma linha filosófica, mesmo que a gente não saiba qual.
Ficar falando nas salas dos professores não resolve os problemas da
educação, precisamos ocupar os espaços de poder. E quais são esses?
-Conselhos escolares, APMs, Associações de bairros, sindicatos e
outros. São através desses espaços que conseguimos participar das
Conferências de Educação em nível local, municipal, estadual e
federal. São nessas esferas políticas que se deliberam política de
inclusão, livro didático, merenda escolar, transporte escolar e outras
políticas educacionais. Os grupos que estiverem mais organizados
são os que conseguem aprovar suas propostas. Como os professores
não ocupam seus espaços políticos a sociedade civil organizada
aprova de acordo com suas necessidades e sem ouvir o lado
pedagógico. Nas Conferências de Educação em Londrina é rara a
participação dos professores de sala de aula, tem muitos professores
39
de gabinete defendendo a vontade política de quem os colocou em
seus cargos, já que não há concurso em nossa cidade para o cargo
que eles ocupam e são indicados politicamente. Se queremos
mudanças precisamos ocupar os nossos espaços de poder e decisão.
Eu particularmente sou a favor da inclusão, uma inclusão de
qualidade, com professores capacitados, salas com menor número de
criança e recursos didáticos adequados. Porque se não houver as
condições necessárias o educando será apenas escolarizado, ou seja
entrarão na estatística dos analfabetos funcionais que já são milhões
em nosso país, porque ainda não conseguimos incluir nem os que são
ditos "normais". Por outro lado o caminho se faz caminhando, como
disse o nosso amado e saudoso Paulo Freire. Então temos que
arregaçar as mangas, abandonar o comodismo e lutarmos por aquilo
que acreditamos.
Pedagoga Especialista Maria Aparecida da Silva‖
(http://dialogoeducacao.blogspot.com/search/label/Opini%C3%A3o.
Acesso em 20/01/2011)
No layout do blog encontramos postagens por temas (marcadores), dicas de sites,
lista de blogs que a autora lê, e recados enviados pelos leitores.
3.2.2. Blog Meus Trabalhos Pedagógicos
Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/. Acesso em 21/01/2011.
O blog ―Meus Trabalhos Pedagógicos‖ é escrito pela Andreza desde 2008. O
espaço possui uma colaboradora, a professora Aline, que contribui com as postagens. Este
blog é voltado para atividades e projetos para a Educação Infantil. Nele podemos encontrar
várias atividades para os alunos, dicas de jogos, livros, músicas, modelos de projetos
educacionais, temas como convivência entre os alunos, avaliação, violência sexual infantil,
psicomotricidade, métodos, orientações para pais e professores etc. Abaixo estão algumas
postagens do blog:
40
Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/2010/07/jogo-do-alfabeto.html. Acesso em
21/01/2011.
Fonte: http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com/2011/01/orientacao-para-pais-e-professores.html.
Acesso em 21/01/2010.
O blog disponibiliza CDs de atividades e apostilas para os professores. Em seu
layout há uma lista com atividades variadas, mural de recados, comentários recentes, lista de
blogs acessados pela autora, destaques das postagens do mês anterior, desenhos para
imprimir e arquivos do blog separado por meses e anos.
41
3.2.3. Blog ABC da Professora Érika
Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/. Acesso em 23/01/2011.
O blog ABC da Professora Érika existe desde 2006. Nele a autora posta informações
sobre diversos assuntos para os seus leitores. Há informações sobre legislação educacional,
alfabetização, psicologia infantil, psicomotricidade, interdisciplinaridade, organização do
trabalho pedagógico, brincadeiras etc. Ela também dá dicas de como o professor pode lidar
com determinadas situações em sala de aula e escreve sobre sua prática pedagógica. Veja o
exemplo a seguir:
Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/2008_07_20_archive.html. Acesso em 23/01/2011.
42
A blogueira procura focar seus assuntos na série em que leciona. Antes era o segundo
ano do ensino fundamental. No ano de 2011 é o terceiro ano do ensino fundamental.
Também escreve sobre educação infantil e alfabetização.
Fonte: http://abcdaproerika.blogspot.com/. Acesso em 32/01/2011.
No espaço, a professora Érika dá muitas dicas de atividades, mas não encontrei
atividades prontas em seu blog. No layout do blog podemos encontrar recados dos visitantes,
arquivos de postagens anteriores do blog e uma ―blogoteca‖ com links para outros blogs.
Ela criou junto com sua turma do ano de 2010 um blog com atividades que eles
realizaram em sala de aula. O nome do blog é Sala Virtual Legal22
.
22
http://salavirtuallegal.blogspot.com/
43
Fonte: http://salavirtuallegal.blogspot.com/. Acesso em 23/01/2010.
3.3. Entrevista com as blogueiras
As entrevistas com as blogueiras ocorreram via e-mail, pois todas moram fora do
Rio de Janeiro, onde me encontro. Esta forma de contato, inicialmente, foi identificada como
a forma mais prática para todos os participantes da pesquisa, pois todas estavam ocupadas
com as tarefas de final de ano nas escolas e com o período de férias.
Os contatos foram realizados entre novembro e dezembro de 2010. Foram três
entrevistadas: a Cida do blog Diálogo e Educação, a Andreza do blog Meus Trabalhos
Pedagógicos, e a Érika do blog ABC da Professora Érika.
Por e-mail enviei um questionário com seis perguntas abertas sobre: a formação, o
tempo de trabalho na área da educação, a função na escola, a motivação para escrever o
blog, os assuntos sobre os quais escreve, e quais os pedidos de posts e dicas que recebem.
Essas questões tinham como objetivo explicitar o perfil das profissionais, conhecer as
motivações para escreverem os blogs e entender quais eram os critérios adotados para a
escolha dos posts. Baseado nas respostas, organizei um texto e os enviei por e-mail à todas
44
para a confirmação dos dados e para um possível acréscimo de informações. Houve
acréscimo de informações por parte das blogueiras Cida e Andreza. A blogueira Érika não
sentiu necessidade de acréscimo ou correções.
Com a blogueira Cida foram feitos também contatos por MSN. Nesses momentos
aproveitei para sanar algumas dúvidas relacionadas às respostas do questionário que enviei
por e-mail.
3.3.1. Entrevista com a blogueira do blog Diálogo e Educação
A blogueira Maria Aparecida Silva tem dezoito anos de magistério. Trabalhou o ano
de 2010 com Educação Infantil e com a terceira série do Ensino Fundamental. Nesses anos
em que é educadora já trabalhou na Educação Infantil, na EJA e em todas as séries iniciais
do Ensino Fundamental. Também coordenou os projetos ―Infância e Juventude Saudável‖ e
―Menina em Formação‖, como voluntária. Foi Vice Presidente do CML - Conselho
Municipal de Educação de Londrina. Em 2011 trabalhará com prevenção de drogas na
formação de professores pela Federação AMOR EXIGENTE. Segundo a Cida, este espaço
foi criado “para compartilhar informações, fomentar idéias e provocar transformações”
(http://dialogoeducacao.blogspot.com/. Acesso em 20/01/2011).
Ela escolhe suas postagens de acordo com as datas comemorativas, conteúdos do
bimestre e com atividades que gosta e acha interessante partilhar. No blog, ela recebe
pedidos de posts e pedidos de ajuda. De acordo com a Cida:
―Recebo e respondo todos. Atendendo aos pedidos, já fiz e
postei um projeto sobre água e trânsito, já ajudei a escrever
monografia, como trabalhar determinado conteúdo, orientação de
como fazer projetos, sugestão de como planejar. Fiz amizades no
Brasil e no exterior e tenho convites para passar as férias nas casas
das pessoas que pedem sugestões. Geralmente quem pede alguma
orientação são recém formados, estudantes de pedagogia.‖ (MARIA
APARECIDA, 28/12/2010)
A Cida afirma que começou a escrever este espaço porque foi inspirada por outro
blog, o Espaço Educar. Ao entrar em contato com ele se apaixonou pela partilha e troca de
45
conhecimentos e informações. Decidiu, então, compartilhar também o seu conhecimento e
ajudar a outros profissionais da educação.
―Eu gosto de escrever e elaborar atividades, e tudo que eu
produzia ficava restrito a minha sala, então quando conheci os blogs
comecei a postar as minhas idéias. Acredito que educação não tem
fronteiras, não tem direitos autorais (polêmico), tem que estar a
serviço de todos e só com a união dos docentes com toda a sociedade
civil é que conseguiremos uma educação de qualidade.‖ (MARIA
APARECIDA, 28/12/2010)
Aqui podemos confirmar como a internet vem permitindo a interação de pessoas de
vários lugares, formando, assim, redes de conhecimento. Os blogs têm inspirado professores
a compartilharem suas experiências e possibilitado o diálogo entre pessoas de diferentes
regiões do país. Infelizmente, conforme os dados do PNAD 2009, o Norte e o Nordeste
ainda são regiões com menos acesso à internet.
3.3.2. Entrevista com a blogueira do “Meus trabalhos pedagógicos”
―Meus trabalhos pedagógicos‖ é escrito pela Andreza Santos Florêncio de Melo.
Ela se graduou em março de 2010, em Pedagogia. Atualmente trabalha como voluntária em
uma creche de sua cidade com elaboração e execução de alguns projetos. Devido à sua
atuação no blog, também foi convidada pela Revista Educação Infantil, da Editora Minuano,
para produzir dois projetos que serão publicados na revista.
A autora escolhe suas postagens de acordo com as datas comemorativas das escolas,
coloca projetos sobre os temas e, a partir daí, posta atividades que complementam os
projetos como músicas, histórias, atividades recreativas, peças de teatro etc.
―Tento colocar de tudo um pouco para auxiliar o
desenvolvimento das atividades e enriquecer o dia a dia dos
educadores e alunos.‖ (Andreza, 17/01/2011)
46
A Andreza recebe quase que diariamente pedidos de postagens ou dicas de como
trabalhar na sala de aula. Segundo ela, os pedidos são tantos que não consegue dar conta.
Entre as solicitações estão idéias de como trabalhar com crianças, esclarecimento de
dúvidas, textos, pedidos de monografias e TCC. Além dos pedidos, também recebe
depoimentos das conquistas e dos feitos de seus leitores. Os depoimentos são lidos e
postados após correções e tratamento de imagens, se houver necessidade. Ela diz que:
―(...) é como uma troca. Dou um pouco do que sei em troca
me dão um pouco do que sabem, e todos aprendem e compartilham.
Claro, quando eu compartilho as atividades das outras pessoas,
sempre dou os devidos créditos ao autor.‖ (ANDREZA, 17/01/2010)
Aqui a Andreza nos conta porque iniciou este projeto:
―Quando fazia faculdade vi como era difícil encontrar
material para confecção dos trabalhos e das atividades para as
escolas. Como sempre fui curiosa, descobria muito material bom em
várias ferramentas da internet como Orkut, sites de hospedagem de
arquivos, o 4shared etc. Via, também, que os blogs eram mais
pessoais, e contavam coisas mais particulares como fotos de alunos,
apresentações de datas comemorativas, e etc. Decidi, então, criar um
blog com os meus textos e planos de aula que montava para a
faculdade e tudo mais que servisse de subsídios que auxiliasse o
professor durante a sua carga horária dentro da escola, foi daí que
surgiu o nome Meus Trabalhos Pedagógicos.
Com o passar do tempo percebi que muitas pessoas me
pediam ajuda para planejamentos e montagem de projetos. Como
sempre gostei de inovar comecei a montar as atividades, dar idéias
aos professores via net e confeccionar minhas atividades assinando o
nome do blog. Já faz algum tempo que não coloco atividades de
terceiros, a maioria das atividades que coloco são de minha autoria,
assim o blog ficou com um layout próprio, pois carrega seu próprio
nome.‖ (Andreza, 17/01/2010)
A partir da fala da Andreza vemos a interação que ocorre entre os profissionais da
educação no ciberespaço e o próprio processo de interação de sua formação profissional e
tecnológica. A comunicação na internet influenciou a sua formação na graduação e
incentivou-a a construir um espaço de troca de conhecimentos que possibilita apoio para
47
pessoas em formação inicial e na formação continuada. Identifico na entrevista de Andreza a
expressão de uma professora que se descobre outra.
3.3.3. Entrevista com a blogueira do “ABC da professora Érika”
A autora do blog ―ABC da professora Érika” é a professora Érika Araújo
Uhlemann. Ela é graduada em Letras e atua como professora do ensino fundamental há 13
anos. A professora afirma que suas postagens surgem conforme os acontecimentos em seu
trabalho, com as necessidades que aparecem. São, também, resultados de estudos e pedidos
feitos por colegas de profissão.
O seu objetivo com o blog é compartilhar suas experiências e ajudar novos
professores, principalmente os da alfabetização, que chegam à rede pública e encontram
muitos percalços em seus caminhos. Ela recebe muitos pedidos de sugestão sobre
alfabetização e comportamento infantil, muitos deles vêm de professores recém formados e
com pouca experiência.
Abaixo podemos ler um destes pedidos:
Fonte: https://www.blogger.com/comment.g?blogID=36795772&postID=5458909575859423811. Acesso em
24/01/2010.
48
Analisando os dados obtidos a partir das respostas que a Érika me enviou e os
comentários e posts em seu blog pude perceber que, assim como eu, muitos professores
inexperientes vão a estes espaços em busca de apoio, de orientações de como realizar a
tarefa de ensinar buscando esse apoio na experiência de quem está no dia a dia da sala de
aula e não se incomoda em compartilhar o que aprendeu ao longo dos anos. É de fato, um
espaço no qual agente se sente seguro para dizer: ―preciso de ajuda‖. O mais importante é
que essa ajuda chega. Muitos que freqüentam os blogs se dispõe a ajudar e a compartilhar
experiências.
3.3.4. Considerações sobre os blogs e as entrevistas com as blogueiras
O que vi nos blogs e o que identifiquei por meio das entrevistas com as blogueiras
vieram confirmar que as autoras destes espaços têm muita consciência do que estão fazendo
e são professoras reflexivas, pois refletem sobre sua própria prática cotidiana e nesse
movimento produzem, conhecimento.
Muitos estudiosos da educação ressaltam que os professores
podem adquirir os saberes da experiência por intermédio da reflexão
sobre a própria prática cotidiana, mediada pelos pares. Tais saberes
só serão reconhecidos na sua formação e desenvolvimento na prática
docente, ao desenvolverem as competências ligadas ao trabalho
como professor.( FARIA & CASAGRANDE, 2004)
Todas são formadas em nível superior. Somente uma não trabalha diretamente na sala
de aula da Educação Básica, a blogueira Andreza, mas atua na área da educação. As outras
têm mais de 10 anos atuando no magistério, com vários anos de prática pedagógica e um
acúmulo grande de conhecimentos para compartilhar. Mesmo a Andrezza, com pouco
tempo na área da educação, procura disponibilizar suas experiências e conhecimentos. Nessa
ação ela também aprende, e como ela mesma afirma: ―ocorre uma troca‖. O que há em
comum em todas elas é o interesse em disponibilizar seus conhecimentos com o intuito de
ajudar outros colegas de profissão a desenvolverem um melhor trabalho pedagógico na sala
49
de aula.
Outro fator de grande importância na análise destes espaços é ver como os
professores os procuram em busca de ajuda para a sua prática pedagógica, principalmente os
recém formados, como foi explicado por Érika e por Cida. Podemos ver um indício desta
situação nas respostas do questionário online, que fez parte desta pesquisa, onde a ―falta de
experiência com a sala de aula‖ foi a terceira opção mais escolhida quando foi perguntado o
motivo da ida aos blogs. Esses pedidos de ajuda acabam influenciando as postagens das
blogueiras que procuram responder às necessidades de seus leitores. Em relação às
postagens, percebe-se também a influencia das datas escolares, que são importantes
marcadores, e estão presentes na fala de duas blogueiras.
A partir da experiência destas profissionais vemos o uso da internet possibilitando
uma interação comunitária entre os profissionais da educação, reafirmando Levy (1999)
sobre a interação que ocorre no ciberespaço formando os mais variados grupos que trocam e
disponibilizam informações e conhecimentos. Esse compartilhamento de conteúdos e
conhecimento é também uma das características da Geração Internet citada por Tapscott
(2010). Nestes blogs muito mais do que uma troca de conhecimentos, vemos uma
comunidade de aprendizagem formada por professores autores e professores leitores que, a
partir da interação nesses espaços, transformam a sua prática pedagógica.
50
4. Considerações finais
Volto ao início deste trabalho para relembrar a minha experiência e o que me levou a
procurar ajuda na internet e a encontrar os blogs educacionais: minha falta de experiência na
prática pedagógica. Percebi que este fato também foi o motivo que conduziu seis pessoas
que participaram do questionário online a procurarem os blogs. Na análise dos blogs e
entrevista com as blogueiras percebemos também que havia professoras que não se sentiam
preparadas para dar aulas e pediam ajuda a professores mais experientes.
Refletindo sobre a minha experiência e sobre os dados coletados nesta pesquisa,
entendo que quando saímos do curso de formação de professores, no meu caso graduação
em Pedagogia, não temos formação que nos ajude a lidar com segurança com as demandas
da sala de aula. Nos cursos de licenciatura vive-se muito no mundo de teorias que não
dialogam com o dia a dia da sala de aula. Quando o docente recém formado se depara com
as demandas cotidianas sente-se inseguro, devido à complexidade deste ambiente e a falta de
experiências sistematizadas e de reflexão sobre o cotidiano no e do trabalho nos afligem.
Identifico que na sala de aula, no convívio com os alunos, percebendo as necessidades da
turma e dialogando com elas, que de fato nos tornamos educadores. A teoria dá a base e o
apoio para o professor realizar com sucesso esse processo, mas há a necessidade de espaços
de diálogo sinceros para que o profissional recém formado permaneça em formação
continuada.
Retornando a pergunta feita por Libâneo e Pimenta (1999):
―É viável formar num mesmo curso, com duração de quatro
anos, o professor profissionalmente competente de 1ª a 4ª série e, ao
mesmo tempo, o pedagogo Stricto Sensu, também profissionalmente
competente naqueles campos profissionais mencionados?‖ ( p. 250)
A resposta para esta pergunta, eu realmente não sei dar ainda, mas a partir da
experiência que vivi e da pesquisa realizada pude chegar às seguintes considerações:
1) É importante que o curso de formação de professores forme seus alunos para
dialogarem com a teoria em situações cotidianas do ambiente escolar, pois hoje o que
identifico é um afastamento das universidades e seus professores com relação ao que
acontece realmente no cotidiano na sala de aula.
51
Libâneo e Pimenta (1999) discutem sobre o grande descontentamento que há em
relação à formação de professores no país, principalmente depois das mudanças das
diretrizes curriculares do curso de Pedagogia, que passou também a abarcar a formação de
professores. Segundo estes autores a pedagogia “é uma reflexão teórica baseada nas
práticas educativas e sobre elas. Investiga os objetivos sociopolíticos e os meios
organizacionais e metodológicos” (1999, p.14). A formação do professor não deve deixar de
lado essa reflexão teórica, pois ela é importantíssima para a sua prática, é o que dá base para
a sua práxis. Contudo, ela precisa para que o professor, a partir da ação da sala de aula,
possa, dialogando com as teorias, elaborar reflexões sobre a realidade e refazer ou dar
continuidade a sua ação. No entanto, a formação inicial não pode deixar de lado as situações
práticas para que, quando chegar à sala de aula, o professor venha ter um bom ―vocabulário‖
pedagógico para usá-lo diante das mais diversas situações existentes. Concordo plenamente
com Libâneo e Pimenta quando dizem que:
―Desde o ingresso dos alunos no curso, é preciso integrar os
conteúdos das disciplinas em situações da prática que coloquem
problemas aos futuros professores e lhes possibilitem experimentar
soluções. Isso significa ter a prática, ao longo do curso, como
referente direto para contrastar seus estudos e formar seus próprios
conhecimentos e convicções a respeito. Ou seja, os alunos precisam
conhecer o mais cedo possível os sujeitos e as situações com que
irão trabalhar. Significa tomar a prática profissional como instância
permanente e sistemática na aprendizagem do futuro professor e
como referência para a organização curricular.‖ (LIBÂNEO;
PIMENTA. 1999. p. 29).
Em minha graduação, o único momento em que pude fazer o movimento que
Libâneo e Pimenta explicitam acima foi quando trabalhei como bolsista do CABE, na
brinquedoteca do Colégio Universitário Geraldo Reis. Naquele espaço pude perceber alguns
aspectos explicitados pelos autores que líamos no curso. Foi onde precisei, a partir do que
aprendi nas disciplinas, desenvolver soluções para os problemas que me eram apresentados
pelos alunos na brinquedoteca. Por exemplo: preparamos um jogo com um objetivo voltado
para o desenvolvimento da leitura, mas quando a criança pegava o jogo, via-se que ela não
sabia ler. Deduzíamos que ela saberia ler, visto que estava na quarta série, mas não era a
realidade daquele espaço. A partir desta situação tivemos que recriar as regras do jogo pra
que pudesse cumprir com o seu objetivo. Infelizmente só pude trabalhar neste espaço por
52
três meses e o tempo foi muito pouco para criar uma prática pedagógica que me preparasse
para a sala de aula. E aqueles que não tiveram essa oportunidade? Tem muitos alunos que
não trabalham na área da educação. De acordo com pesquisa monográfica desenvolvida por
Ecar (2007), na Universidade Federal Fluminense, em entrevista realizada com alunos da
graduação em Pedagogia da UFF, dos 25 entrevistados, apenas nove possuíam formação de
professores em Nível Médio. Destes, seis trabalhavam em sala de aula como professores, o
que demonstra um pequeno grupo presente em sala de aula durante a sua formação na
graduação. Como os alunos que não estão trabalhando nas escolas vão estabelecer esse
diálogo com a sala de aula? Quem os vai acompanhar, dialogando e ajudando a construir
segurança na prática docente, inclusive para tocar e superar os não saberes ou ainda não
sabido?
2) Os cursos de formação de professores não podem ignorar as novas
tecnologias e as tecnologias da educação;
Como foi visto anteriormente estamos vivendo num período de mudanças na
sociedade em relação às tecnologias e não há como ignorar esse fato. É necessário que os
cursos de formação inicial de professores se dispam dos preconceitos com as novas e velhas
tecnologias visando aproximar a escola, professores e alunos de novas formas de ensinar e
aprender. Saber fazer uso crítico das informações disponíveis é um passo importante, mas
não apenas usar informações, mas compartilhar conhecimentos produzidos no cotidiano
escolar. Como afirma Dominick (2010):
―(...) os docentes que entrarão ou que já estão na escola e na
universidade precisam se apropriar criticamente destas novas
tecnologias, articulando-as com as velhas, para que nossa sociedade
não se esqueça de que todo artefato é produto cultural, tem história e
foi gerado pelo trabalho de muitos. Não basta trocar o velho artefato
pelo novo para que mudanças aconteçam, pois esta lógica pode criar
mais um caminho para a exclusão, pois relembrando Foucault o uso
dos saberes é também uma técnica de poder. O pensar crítico sobre
as mudanças tecnológicas é fundamental para uma apropriação
humanizada e humanizadora de tais produtos, em especial porque
ainda convivemos com uma cultura dominada pela racionalidade
moderna hegemônica que separou, segregou e hierarquizou,
chegando mesmo a exterminar, sujeitos que foram considerados
desqualificados por esta mesma forma de pensar-fazer política.‖
53
É interessante que os professores das licenciaturas incentivem os futuros docentes a
irem à rede e trazerem as discussões que estão neste espaço para sala de aula visando, assim,
formar professores reflexivos e geradores de uma cultura crítica como a internet. Venho
aqui destacar a disciplina de ―Educação Infantil‖, ministrada pela professora Ângela Meyer
Borba, na UFF, que no segundo semestre de 2009 deu início ao blog Cadernos de
infância23
a partir de um trabalho realizado nesta disciplina. Ela tinha como objetivo formar
um espaço de diálogo sobre a infância e a educação infantil.
Hoje sabemos que no projeto ―As artes de fazer a educação em ciclos‖, que tem o
objetivo de ampliar os diálogos entre a UFF e as escolas, tem-se buscado fazer um diálogo
entre as velhas e novas tecnologias, onde se desenvolvem ações em redes colaborativas com
o intuito de formar o professor reflexivo em diferentes espaços: na escola, na universidade e
no hiperespaço (DOMINICK, 2010).
Quanto às tecnologias educacionais, é importante que o professor as conheçam e
saiba fazer uso delas não apenas como consumidor, mas como produtor de tecnologias
(DOMINICK, 2010). Um brinquedo pedagógico ou o material dourado são, por exemplo,
tecnologias educacionais, e são importantes para o aprendizado dos alunos. No meu curso de
graduação uma das disciplinas24
que mais me preparou para a prática pedagógica foi aquela
que me ensinou a trabalhar e criar tais materiais, no caso, eram jogos matemáticos, e que me
deu base para criar e desenvolver artefatos para trabalhar com os meus alunos.
3) A formação de um professor nunca termina e a troca de experiências com os
seus pares enriquecem esse processo.
Libâneo (2009) ao citar Dewey diz que toda comunicação é educativa, porque ela
envolve compartilhamento entre as pessoas, afetando não só a área intelectual e emocional,
mas também proporciona uma troca de experiências ampla e variada. Nos weblogs
educacionais é possível perceber claramente esse processo, quando há um oferecimento de
conhecimento e a troca ocorre a todo instante. Ao se deparar com estes espaços o professor
dialoga com as informações ali presentes e constrói o seu próprio caminho. Não só o leitor
se enriquece, o escritor também. Este pensa sobre o que escreveu, pratica e pesquisa,
23
http://cadernosdeinfancia.blogspot.com/
24
Disciplinas ministradas pela professora Maria Antonieta Pirrone no curso de Pedagogia da Universidade
Federal Fluminense:
54
acrescentando mais e mais conhecimentos a sua formação.
Me pergunto porque nos processos de formação continuada e em serviço não existem
esses espaços para a interação? Outras perguntas também foram surgindo no processo, mas
que ficarão para outros estudos. Dentre elas estão: O que estão fazendo os Pedagogos das
escolas e das Secretarias de Educação que não dialogam e ajudam na formação e na
superação das dificuldades expressas pelos docentes nos blogs? Qual tem sido o espaço de
formação em serviço dos profissionais das escolas? Será que a formação inicial pode formar
plenamente o professor?
Hoje, caminho em busca de uma formação que me potencialize como sujeito
histórico em interação com outros sujeitos históricos.
55
5. Bibliografia
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