avaliaÇÃo da aplicabilidade de fÓrmulas preditivas de …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Laura Henz
AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE FÓRMULAS PREDITIVAS DE
PESO E ESTATURA: UMA REVISÃO NARRATIVA
Porto Alegre
2016
Laura Henz
AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE FÓRMULAS PREDITIVAS DE
PESO E ESTATURA: UMA REVISÃO NARRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação
apresentado como requisito parcial para a obtenção
do grau de Bacharel em Nutrição à Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de
Nutrição.
Orientadora: Prof. Dra. Zilda Elizabeth de
Albuquerque Santos
Porto Alegre
2016
Laura Henz
AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE FÓRMULAS PREDITIVAS DE PESO E
ESTATURA: UMA REVISÃO NARRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Departamento de
Nutrição, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição.
Aprovado em: ____ de _____________ de 2016.
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________________________________
Profª Drª Carolina Guerini de Souza – UFRGS
___________________________________________________________
M.ª Mariana Dihl Schiffner - UFRGS
__________________________________________________________
Profª Drª Zilda Elizabeth de Albuquerque Santos – Orientadora - UFRGS
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, à minha família, pai, mãe e Arthur, por sempre me
incentivarem a aprender, trabalhar e conquistar. E principalmente, por serem meu
porto seguro, onde quer eu esteja. Onde sempre encontro forças para superar
obstáculos e abraços para comemorar vitórias.
Ao meu amado, Bruno, pela paciência, apoio, amor e compreensão em todos
os momentos.
À minha querida orientadora Zilda, por toda a atenção, paciência e conselhos
e por ser um exemplo de profissional, o qual com muito esforço desejo seguir.
Às minhas colegas de Graduação, que se tornaram grandes amigas, onde
sempre encontrei apoio e incentivo.
À Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela oportunidade de ter uma
formação dentre as melhores do Brasil.
Aos meus professores, que contribuíram no meu crescimento e
amadurecimento.
A todos que, de alguma forma, influenciaram positivamente no meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
Agradeço às experiências boas e ruins que tive, pois elas foram
determinantes para me tornar a pessoa que sou hoje.
RESUMO
Introdução: A antropometria tem sido apontada como o parâmetro mais indicado
para avaliação e acompanhamento nutricional. Métodos de estimativa auxiliam na
conduta do nutricionista quando há impossibilidade de mensurar peso e estatura de
forma direta. Objetivo: buscar evidências e discutir resultados sobre o uso de
fórmulas preditivas de peso e estatura. Metodologia: Foi realizada busca por estudos
publicados nas bases de dados PUBMED e Scielo, publicados nos últimos 10 anos,
nos idiomas português e inglês, com população adulta e idosa. Resultados: Foram
selecionados 6 estudos que avaliaram a aplicabilidade clínica das fórmulas
comumente utilizadas na prática profissional. De uma forma geral, houve
discordância entre os resultados. As fórmulas propostas por Chumlea et al. (1988)
para estimar peso corporal mostraram boa correlação entre peso real e estimado.
Quanto à altura, as fórmulas preditivas de Chumlea et al. (1985) também mostraram
boa correlação com a estatura real. Para a obtenção de resultados satisfatórios,
mostrou-se necessário ter conhecimento das características específicas das
populações e dos métodos de aferição empregados pelos autores. Conclusão: São
necessárias mais pesquisas para avaliar a aplicabilidade clínica das fórmulas
preditivas de peso e estatura propostas, uma vez que houve diferença significativa
em vários métodos frequentemente utilizados na prática clínica.
Palavras-chave: Fórmulas preditivas. Peso. Altura. Nutrição.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Fórmulas preditivas de estatura propostas por Chumlea et al. (1985)
Quadro 2 - Fórmulas preditivas de peso propostas por Chumlea et al. (1988)
Quadro 3 - Fórmulas preditivas de peso propostas por Ross Laboratories (2002)
Quadro 4 - Fórmulas preditivas de peso e estatura propostas por Rabito et al. (2006)
Quadro 5 - Fórmulas preditivas de estatura propostas por Cereda et al. (2010)
Quadro 6 - Estudos que avaliaram as fórmulas propostas na literatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
2 OBJETIVOS ………………………………………………………………………........… 8
2.1 Objetivo geral ………………………………………………………………......…..... 8
2.2 Objetivos específicos ………………………………………………………......….... 8
3 METODOLOGIA....................................................................................................... 8
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 9
4.1FÓRMULAS PREDITIVAS DE PESO E ESTATURA ......................................... 9
4.1.1 Estimativa de estatura a partir da altura do joelho para pessoas de 60 a 90
anos de idade (Chumlea, 1985) ……………………………...................................... 9
4.1.2 Predição de peso corporal para idosos não ambulatoriais através da
antropometria (Chumlea et al, 1988) ...................................................................... 10
4.1.3 Ross Laboratories (2002) ........................................................................ 11
4.1.4 Estimativa de peso e estatura em pacientes hospitalizados e imobilizados
(Rabito et al, 2006) ................................................................................................. 12
4.1.5 Fórmula preditiva de estatura para caucasianos de meia idade (30 – 55
anos) (Cereda et al, 2010) ...................................................................................... 14
4.2 APLICABILIDADE DAS FÓRMULAS PREDITIVAS DE PESO E
ESTATURA............................................................................................................. 16
5 DISCUSSÃO ............................................................................................................. 19
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 23
7
1 INTRODUÇÃO
Alterações do estado nutricional, principalmente em pacientes hospitalizados,
comprometem a imunidade e a capacidade funcional, interferindo de maneira
negativa na recuperação dos mesmos; contribuindo para o aumento do número de
complicações, da mortalidade e no prolongamento no tempo de internação
(CORREIA, 2003; WAITZBERG et al, 2001). A desnutrição hospitalar é um problema
de saúde de elevada prevalência (BEGHETTO et al., 2007). O maior estudo
brasileiro sobre o tema, o Inquérito Brasileiro de Desnutrição Hospitalar
(IBRANUTRI), identificou desnutrição em praticamente metade dos 4000 indivíduos
avaliados (WAITZBERG et al., 2001).
Considerando este cenário, a avaliação do estado nutricional do paciente
hospitalizado vem ganhando destaque dentro do tratamento clínico (VANNUCCHI et
al., 1996), por possibilitar identificar distúrbios nutricionais e assim o planejamento
de uma intervenção nutricional que auxilie na recuperação e/ou manutenção do
estado de saúde do indivíduo. Além disso, a avaliação nutricional sistemática
possibilita o acompanhamento da evolução do estado nutricional (KAMIMURA et al.,
2006).
A antropometria consiste na avaliação das medidas corporais, cujo método é
aplicável em todas as fases do curso da vida e permite a classificação adequada a
cada uma delas (WHO, 1995). A antropometria destaca-se entre os métodos
objetivos de avaliação nutricional por ser não invasivo, de baixo custo, fidedigno
(desde que mensurado e avaliado por profissionais capacitados), que pode ser
realizado “à beira do leito” e proporciona resultados rápidos com uso de
equipamentos de fácil aquisição (PASSONI, 2005; FONTANIVE et al., 2007).
A partir do peso e estatura pode também ser calculado o índice de massa
corporal (IMC), um indicador simples do estado nutricional que, apesar de não
indicar a composição corporal, possui estreita relação com taxas de
morbimortalidade, tendo, portanto validade clínica (KAMIMURA, 2005; FONTOURA,
2006; MAICÁ, 2008). Apesar da sua importância no acompanhamento e tratamento
do paciente, a aferição de peso e estatura nem sempre é possível de ser realizada,
sobretudo nos pacientes críticos, idosos, acamados ou com doenças ósseas que
8
não podem deambular (MONTEIRO et al, 2009). Para estes casos, fórmulas
preditivas, a partir de medidas de segmentos corporais, têm sido desenvolvidas por
autores como Chumlea et al. (1985), Rabito et al. (2006), Cereda et al. (2010) e
Ross Laboratories (2002).
Considerando a divergência de resultados de fórmulas preditivas de peso e
estatura, o que acaba por comprometer a confiabilidade da avaliação nutricional,
este estudo tem por objetivo revisar a literatura e discutir resultados de estudos que
avaliaram a aplicabilidade de fórmulas preditivas de peso e estatura.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Revisar a literatura e discutir resultados de estudos que avaliaram a
aplicabilidade de fórmulas preditivas de peso e estatura.
2.2 Objetivos específicos
- Selecionar e avaliar os resultados dos estudos que validaram fórmulas
preditivas de peso e estatura.
- Descrever as características de cada população estudada.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa consiste de uma revisão narrativa da literatura científica,
com objetivo de buscar evidências e discutir resultados sobre o uso de fórmulas
preditivas de peso corporal e estatura na prática clínica do nutricionista.
Foram analisados estudos publicados nas bases de dados PUBMED e Scielo.
Os descritores utilizados, de forma isolada e/ou combinada, foram: nutrição,
fórmulas preditivas, peso, estatura e seus correspondentes em inglês.
Os critérios de inclusão utilizados na seleção dos artigos para a revisão foram:
estudos que avaliaram a aplicabilidade de fórmulas preditivas de peso e estatura,
realizados com população adulta e idosa e publicados nos últimos 10 anos, nos
idiomas português e inglês.
9
Foram excluídos os estudos que não esclareceram o tipo de amostra e
metodologia, e aqueles que aplicaram fórmulas preditivas que não as seguintes:
Chumlea et al., 1985, Chumlea et al., 1988, Ross Laboratories, 2002, Rabito et al.,
2006 e Cereda et al., 2010.
4 RESULTADOS
4.1 Fórmulas preditivas de peso e estatura
A primeira proposta para estimar a estatura foi de Harris et al. (1930), que
demonstraram a relação entre envergadura e estatura na fase adulta. Em 1982,
Mitchel & Lipschitz desenvolveram uma equação para estimar a estatura em idosos
e validaram seu uso na avaliação nutricional. Em 1985, Chumlea et al. (1985)
desenvolveram uma equação de predição de estatura, para idosos americanos, a
partir da medida da altura do joelho, sendo os pioneiros nesse segmento corporal;
no mesmo estudo, apresentaram equações preditivas de peso, as quais foram as
primeiras a serem elaboradas a partir de medidas corporais consideradas
indicadores da composição corporal, como circunferências de braço e panturrilha, e
dobras cutâneas subescapular e tricipital. Até então a estimativa de peso era feita
considerando apenas o sexo, a altura e a idade, limitando a avaliação da variação do
peso (Chumlea et al., 1988).
No Brasil, em 2006, foram realizados estudos por Rabito et al. (2006) para
obtenção e validação de equações de estimativa de peso e estatura específicas para
a população brasileira maior que 18 anos (MONTEIRO et al, 2009). E assim
surgiram estudos em diversos países avaliando diferentes etnias, como Alemanha
(LORENZ et al., 2007), México (BERNAL-OROZCO et al., 2010) e Índia
(CHITTAWATANARAT et al., 2012).
10
4.1.1 Estimativa de estatura a partir da altura do joelho para pessoas de 60 a
90 anos de idade (Chumlea et al., 1985)
Neste estudo, Chumlea et al. (1985) apresentam equações específicas para
cada gênero para estimar a estatura a partir de uma medida da altura do joelho em
pessoas de 60 a 90 anos de idade.
A amostra do estudo foi constituída por 236 idosos brancos
institucionalizados, sendo 106 homens e 130 mulheres, todos capazes de
deambular. As medidas aferidas foram: estatura, altura do joelho com o indivíduo
sentado e deitado. Primeiramente, a estatura foi medida com um antropômetro,
após, a altura do joelho foi medida com antropômetro na perna esquerda de cada
participante, estando estes deitados. Em 19 participantes, a altura do joelho também
foi aferida com o participante sentado. Todas as medidas foram coletadas de cada
participante no mesmo dia, por dois observadores, de forma independente.
A inclusão da idade não melhorou a precisão da estimativa de estatura nos
homens, mas nas mulheres, sim. Por isso, a informação da idade é apenas utilizada
na equação proposta para mulheres. Abaixo as equações:
Quadro 1 - Fórmulas preditivas de estatura propostas por Chumlea et al., 1985
Estatura (homens) = 60,65 + (2,04 x altura do joelho)
Estatura (mulheres) = 84,88 + (1,83 x altura do joelho) + (0,24 x idade)
Fonte: Chumlea et al, 1985
Nos resultados, os autores indicam que a medida da altura do joelho pode ser
obtida de forma mais precisa se o participante estiver deitado, e não sentado, já que
o erro médio da altura do joelho com o indivíduo deitado é menor do que o erro
médio da altura do joelho com o indivíduo sentado.
Os erros de estatura são cerca de duas vezes maiores do que os valores
correspondentes relatados na literatura, e os autores apontam que isso está
possivelmente relacionado ao fato de que no presente estudo a estatura foi medida
com um infantômetro, em vez de um estadiômetro.
11
4.1.2 Estimativa de peso corporal para idosos através da antropometria
(Chumlea et al, 1988)
Neste estudo, Chumlea propôs fórmulas preditivas de peso que desenvolveu
a partir de uma amostra de 228 idosos, 105 homens e 123 mulheres, de etnia
branca, com idade entre 65 e 104 anos. As fórmulas utilizam as medidas de
circunferência do braço e panturrilha, altura do joelho e dobra cutânea subescapular.
Não foi localizado o artigo original em que o autor propõe estas fórmulas, bem
como a metodologia, resultados e conclusão. As fórmulas e informações sobre a
amostra utilizada foram obtidas do estudo de Monteiro et al. (2009).
Quadro 2. Fórmulas preditivas de peso propostas por Chumlea et al., 1988
Mulher [1,27 x circunferência da panturrilha (cm)] + [0,87 x altura do joelho
(cm)] + [0,98 x circunferência do braço (cm)] + [0,4 x dobra cutânea
subescapular (mm)] – 62,35
Homem [0,98 x circunferência da panturrilha (cm)] + [1,16 x altura do joelho
(cm)] + [1,73 x circunferência do braço (cm)] + [0,37 x dobra cutânea
subescapular (mm)] - 81,69
Fonte: Monteiro et al., 2009.
4.1.3 Ross Laboratories, 2002
As equações abaixo foram selecionadas de estudo (MELO et al., 2014) que
analisou sua aplicabilidade clínica, comparando os resultados obtidos com as
medidas reais de peso. Não foram encontrados artigos de origem, autores ou
critérios de validação.
Da mesma forma que Chumlea et al. (1988), esta fórmula utiliza medidas da
altura do joelho e circunferência do braço.
12
Quadro 3 - Fórmulas preditivas de peso propostas por Ross Laboratories
Mulheres brancas: Peso corporal (kg) = (altura do joelho x 1,01) + (circunferência do
braço x 2,81) – 66,04
Mulheres negras: Peso corporal (kg) = (altura do joelho x 1,24) + (circunferência do
braço x 2,81) – 82,48
Homens brancos: Peso corporal (kg) = (altura do joelho x 1,19) + (circunferência do
braço x 3,21) – 86,82
Homens negros: Peso corporal (kg) = (altura do joelho x 1,09) + (circunferência do braço
x 3,14) – 83,72
Fonte: Melo et al., 2014.
4.1.4 Estimativa de peso e estatura em pacientes hospitalizados e
imobilizados (Rabito et al, 2006)
Em 2006, Rabito et al. (2006) propuseram equações para estimativa de peso
e estatura, utilizando medidas realizadas em indivíduos hospitalizados. Neste estudo
foram avaliados 368 pacientes adultos, de ambos os sexos, com idade média de 49
anos, desvio padrão de 17 anos, submetidos a antropometria e bioimpedância. As
medidas foram realizadas nas enfermarias de dois Hospitais, durante um período de
quatro meses, sendo selecionados pacientes capazes de deambular. Aqueles com
membros amputados ou imobilizadas, mulheres grávidas, puérperas, pacientes com
edema e / ou ascite foram excluídos. Os pacientes foram avaliados sob condições
de jejum.
As medidas aferidas foram: peso e estatura, altura do joelho, comprimento do
braço, circunferência abdominal, meia envergadura, dobras cutâneas bicipital,
tricipital, suprailíaca e subescapular, e espessura do músculo adutor do polegar. As
medições foram feitas no lado esquerdo do corpo em triplicata e a média foi
considerada para a análise. Os autores identificaram que as variáveis estatura,
circunferência abdominal, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e
dobra cutânea subescapular, mostraram correlação positiva significativa com o peso;
e as variáveis sexo, idade, comprimento do braço e meia envergadura mostraram
13
correlação positiva significativa com a estatura. A partir destas correlações, foram
desenvolvidas cinco equações preditivas peso e duas de estatura (quadro 4).
Quadro 4 - Fórmulas preditivas de peso e estatura propostas por Rabito et al.
(2006)
Peso corporal
I (0,5149 x altura) + (0,7416 x circunferência do braço) + (0,308 x circunferência
abdominal) + (0,5317 x circunferência da panturrilha) + (0,364 x espessura da
dobra cutânea subescapular) – (0,0137 x resistência) – 82,723
II (0,4550 x circunferência do braço) + (0,3867 x circunferência do abdome) +
(0,7826 x circinferência da panturrilha) + (0,2654 x espessura de dobra cutânea
subescapular) – (0,0238 x resistência) + 1.6760
III 0,5030 x circunferência de braço) + (0,5634 x circunferência de abdome) +
(1,3180 x circunferência de panturrilha) + (0,0339 x espessura de dobra cutânea
subescapular) – 43,1560
IV (0,4808 x circunferência de braço) + (0,5646 x circunferência de abdome) +
(1,3160 x circunferência de panturrilha) – 42,2450
V (0,5759 x circunferência de braço) + (0,5263 x circunferência de abdome) +
(1,2452 x circunferência de panturrilha) – (4,8689 x sexo*) ± 32,9241
Estatura
VI 58,6940 – (2,9740 x sexo*) – (0,0736 x idade) + (0,4958 x comprimento de braço)
+ (1,1320 x semi-envergadura)
VII 63,525 – (3,237 x sexo*) – (0,06904 x idade) + (1,293 x semi-envergadura)
Fonte: Rabito et al., 2006.
De uma forma geral, as equações preditivas de peso mostraram boa
correlação com o peso real, mas a que melhor se correlacionou foi a equação I, com
um erro médio de 5,1%. No entanto, esta não se mostrou apropriada para pacientes
com IMC maior que 30kg/m², tendo em vista a dificuldade de medição da dobra
14
cutânea subescapular, devido ao excesso de tecido adiposo, e aumento significativo
de fluido em relação a indivíduos não-obesos. As equações de estatura também
mostraram boa correlação com a altura real, especialmente a equação VI, com erro
médio de 2,1%. Tendo em vista a complexidade envolvida na realização das
medidas e do número de instrumentos necessários, as equações preditivas de peso
foram simplificadas a partir da equação I até V, com uma remoção gradual das
medidas de acordo com a complexidade de sua execução.
Após determinação das fórmulas, as equações propostas por Chumlea et al. e
Mitchell & Lipschitz et al. foram aplicadas à amostra deste estudo. A estimativa de
estatura de Chumlea et al. (1985) e Mitchell & Lipschitz (1982), ambas validadas em
população idosa, mostrou diferenças significativas quando comparada à estatura
real. Quanto à estimativa de peso proposta por Chumlea et al. (1988) também
validada em população idosa, a média foi estatisticamente diferente da real. A
diferença estatística encontrada entre valores aferidos e estimados pode ser
explicado pela diferença na faixa etária da população dos estudos.
Os autores concluíram que a aplicação das equações preditivas de peso e
estatura, usando uma fita métrica como única ferramenta, é uma alternativa viável,
simples e segura para a estimativa do peso e estatura de indivíduos acamados.
4.1.5 Fórmula preditiva de estatura para caucasianos de meia idade (30 – 55
anos) (Cereda et al., 2010)
Em 2010, Cereda et al. (2010), propuseram um conjunto de equações
preditivas de estatura. Neste estudo, utilizaram uma amostra de 635 indivíduos (316
homens e 319 mulheres) saudáveis, caucasianos, italianos, de meia-idade (30 a 55
anos de idade), selecionados no Centro Internacional de Avaliação do Estado
Nutricional da Universidade de Milão. Foram selecionados, aleatoriamente, outros
240 indivíduos para uma amostra controle. Todos foram submetidos a antropometria
e bioimpedância. Foram selecionados pacientes capazes de deambular. Os critérios
de exclusão foram a presença de moldes de gesso, próteses, amputação de
membros, curvatura espinhal anormal e outras anomalias congênitas ou adquiridas
(artrose, osteoporose e lesões traumáticas), que impediam o indivíduo de se manter
15
de pé ou caminhar corretamente. Apenas na amostra controle, também foram
excluídos os indivíduos obesos.
As medidas realizadas foram: peso, estatura, altura do joelho e comprimento
da tíbia com o indivíduo sentado (medidos na perna não dominante) e
bioimpedância. Todas as medidas antropométricas foram realizadas em triplicata
pelo mesmo avaliador e a média foi considerada para a análise.
Os autores identificaram que as medidas de altura do joelho, idade e sexo se
correlacionaram significativamente com a estatura, e a partir destes dados,
observaram que a equação preditiva que mostrou melhor aplicabilidade foi aquela
válida para ambos os sexos:
Quadro 5 - Fórmulas preditivas de peso e altura propostas por Cereda et al.
(2010)
Altura (cm): 60,76 + (2,16 x altura do joelho) – (0,06 x idade) + (2,76 x sexo*)
*Onde: Sexo feminino = 0 e Sexo masculino = 1
Fonte: Cereda et al., 2010
Foram calculados IMC, composição e área de superfície corporal e gasto
energético de repouso utilizando a altura aferida, e após, calculadas as mesmas
variáveis utilizando a altura estimada. Não foram detectadas diferenças
estatisticamente significativas entre as amostras de validação e de controle para
todas as variáveis. A estatura estimada apresentou erro médio de 0,1% e o IMC
obtido com estatura estimada apresentou erro médio de -0,3%, ou seja, os autores
não encontraram diferença significativa ao calcular o IMC com estatura estimada e
aferida. Os autores observaram uma tendência significativa para a superestimação
em indivíduos mais baixos e com sobrepeso/obesidade e uma subestimação em
pacientes mais altos e de peso normal/baixo. Além disso, a exclusão de pacientes
obesos da amostra de controle resultou em uma estimativa mais precisa da estatura
em ambos os sexos.
Finalmente, a fórmula preditiva de estatura proposta por Chumlea et al.
(1985), validada em uma população idosa, foi aplicada na amostra de validação
deste estudo, e com isso, foi observada uma precisão semelhante na predição de
16
estatura. Além disso, parece que a equação proposta por Chumlea et al. (1985)
apresenta menor erro padrão quando aplicada à população deste estudo
(caucasianos de meia idade), do que àquela em que foi originalmente obtida.
4.2 APLICABILIDADE DAS FÓRMULAS PREDITIVAS DE PESO E ALTURA
Para esta análise, foram selecionados 6 estudos que avaliaram a
aplicabilidade de fórmulas para estimativa de peso e/ou altura, no período de 2006 a
2016, publicados em inglês e português (quadro 5). Dentre estes, 5 trabalhos
avaliaram tanto fórmulas para estimativa de estatura quanto de peso e 1 avaliou
apenas estatura. Todos os estudos foram realizados com população brasileira.
Quadro 6 - Estudos que avaliaram as fórmulas preditivas propostas na
literatura
Autores Amostra Objetivos Metodologia Resultados Conclusão
Rezende
et al,
2009
98 homens
saudáveis,
com média
de idade
de 50 anos
Avaliar a
validade de
fórmulas
preditivas de
peso e
estatura, bem
como a
composição
corporal
Foram
realizadas
medidas de
peso, estatura,
segmentos
corporais e
bioimpedância
elétrica para
aplicar as
seguintes
fórmulas de
estimativa de
peso e
estatura:
Chumlea et al.
(1985),
Chumlea et al.
(1988),
O peso estimado
diferiu
significantemente do
peso aferido, com
exceção da equação
que utiliza altura do
joelho. Tanto a
medida de
envergadura, quanto
de semienvergadura
resultaram em
superestimação da
estatura aferida. A
maioria das fórmulas
preditivas
superestimou o baixo
peso e subestimou o
sobrepeso.
A equação de
estimativa de
estatura
proposta por
Chumlea et al.
(1985) foi a
que mostrou
menor
diferença
significativa.
Rodrigue
s et al,
2011
100
indivíduos
hospitaliza
dos, de 20
a 59 anos
Avaliar a
correlação dos
métodos de
estimativa de
peso e
estatura com
as medidas
antropométrica
s reais
As fórmulas de
estimativas de
peso e
estatura
propostas por
Chumlea et al.
(1985; 1988) e
Kwok &
Whitelaw
Todas as estimativas
de estatura
apresentaram fortes
correlações com a
estatura real: altura
recumbente,
meiaenvergadura e
Chumlea et al (1985).
para sexo masculino
Todas as
medidas
estimadas
apresentaram
boa
correlação
com as
medidas reais,
principalmente
17
(1991) e altura
recumbente
foram
comparadas
com as
medidas reais
pelo
coeficiente de
correlação de
Pearson
e feminino. O peso
apresentou forte
correlação com a
fórmula de Chumlea
et al. (1988) em
ambos os sexos
a estatura
recumbente e
o peso
estimado
pelas fórmulas
de Chumlea et
al (1988).
Campos
et al,
2012
62
pacientes
oncológico
s
hospitaliza
dos, de
ambos os
sexos
Calcular as
medidas reais
e estimadas de
peso e
estatura,
avaliar a
correlação e
concordância
destas
medidas e
identificar os
pacientes
desnutridos
Foram
realizadas
medidas de
peso, estatura
e segmentos
corporais para
aplicar
fórmulas de
estimativa
propostas na
literatura.
Realizou-se
estudo de
correlação
entre as
variáveis peso
e estatura
aferidos e
estimados.
Observou-se forte
correlação e
concordância entre o
peso real e estimado.
Além de correlação
significativa entre
estatura real e
estimada pelo
método proposto por
Chumlea et al (1985)
e Kwok & Whitelaw
(1991). Não houve
diferença na
prevalência de
desnutrição quando
da utilização de
medidas reais e
estimadas.
Houve forte
correlação
entre as
medidas reais
e estimadas
de peso e
estatura. A
reprodutibilida
de do método
de Chumlea et
al (1985). para
o cálculo da
estatura
mostrou
melhor
resultado. Não
houve
diferença
significativa no
cálculo de
IMC com
medidas
estimadas e
aferidas.
Souza et
al, 2013
131 idosos
instituciona
lizados, de
ambos os
sexos
Avaliar a
concordância
entre as
diferentes
classificações
de IMC e
verificar se as
fórmulas
propostas na
literatura para
estimativa de
peso e
estatura
podem ser
aplicadas na
população
As fórmulas de
estimativas de
peso e
estatura
propostas por
Chumlea et al
(1985; 1988). e
Rabito et al.
(2006) foram
comparadas
com as
medidas reais
e aplicado o
teste t Student.
Para a
comparação
Ao comparar as
medidas de peso e
estatura aferidos com
as estimadas,
percebe-se que a
única que não
mostrou diferença
significativa foi a
fórmula de estimativa
de estatura de Rabito
et al. (2006). De
acordo com a
classificação de IMC
da OMS, apenas dois
idosos são
classificados como
Somente a
fórmula de
estimativa de
altura de
Rabito et al.
(2006) pode
ser aplicada a
esta
população.
Foi observada
diferença
significativa na
classificação
de IMC
utilizando os
pontos de
18
idosa do sul do
Brasil.
das
classificações
de IMC entre a
OMS com
Lipschitz, foi
utilizado o
teste Qui-
quadrado de
McNemar
baixo-peso. Já os
pontos de corte
estipulados por
Lipschitz
determinaram que 21
idosos se encontram
com baixo-peso
corte da OMS
e Lipschitz.
Melo et
al, 2014
142
adultos
hospitaliza
dos, de
ambos os
sexos, com
média de
idade de
42 anos
Comparar
medidas de
peso e
estatura
aferidos com
valores
encontrados
mediante
métodos
preditivos
frequentement
e utilizados na
prática clínica
As medidas de
peso e
estatura reais
foram
comparadas
com aquelas
obtidas a partir
de fórmulas
preditivas
propostas na
literatura
(Mitchell &
Lipschitz,
1982; WHO,
1999; Rabito et
al., 2006; Gray
et al., 1985;
Chumlea et al.,
1985; Cereda
et al., 2010;
Chumlea et al.,
1988; Ross
Laboratories,
2002),
mediante teste
t pareado.
Em ambos os sexos,
as medidas de
estatura estimadas
diferiram
significativamente,
com exceção da
fórmula proposta por
Chumlea et al (1985).
As fórmulas
propostas por Rabito
et al. (2006)
apresentaram as
medidas mais
próximas da estatura
real para mulheres.
As fórmulas de peso
estimado mais
próximas do peso
real para os homens
foram as de Rabito et
al. (2006) (equações
III e IV) e para as
mulheres, as
equações de
Chumlea et al (1988).
Observou-se a
tendência dos
métodos em
superestimar
as medidas. A
única medida
estimada que
não
apresentou
diferença
significativa
em relação à
medida real foi
a estatura
para homens,
utilizando
altura do
joelho. Quanto
à estimativa
de peso
corporal,
nenhum
resultado
apresentou
semelhança
significativa
De Lima
et al,
2014
315 idosos
instituciona
lizados, de
ambos os
sexos
Comparar e
validar
métodos de
estimativa de
peso e
estatura e
analisar sua
aplicabilidade
na avaliação
nutricional
antropométrica
Foram
coletados
perímetros,
dobras
cutâneas e
comprimentos
corporais. O
resultado do
cálculo das
fórmulas
preditivas
(Chumlea et
al., 1985;
Chumlea et al.,
A análise das
equações de peso
mostrou a equação II
de Rabito et al.
(2006) como a de
melhor
reprodutibilidade e
aplicabilidade em
toda a população
avaliada.
A equação
preditiva de
peso II de
Rabito et al.
(2006)
mostrou boa
correlação
com peso real
na população
avaliada. Não
houve
equação
aplicável para
a estimativa
19
1988; Kwok &
Whitelaw,
1991; WHO,
1999;
Bermúdez et
al, 1999;
Palloni et al.,
2005; BAPEN,
2006; Rabito et
al., 2008; foi
comparado
com a medida
de peso e
altura aferidos.
de estatura de
idosos do
sexo feminino
ou com 70
anos ou mais
de idade.
Fonte: Elaborado pela autora
5 DISCUSSÃO
A antropometria é uma parte importante da avaliação nutricional. De fato, a
coleta de dados sobre características e segmentos do corpo por meio de
ferramentas de avaliação simples e não invasivas, como antropômetro ou fita
antropométrica, visa obter informações sobre o risco para a saúde e adaptar a
terapia nutricional às necessidades dos indivíduos.
Rodrigues et al. (2011), ao estudarem uma amostra de indivíduos adultos
hospitalizados, observaram valores médios de pesos estimados por Chumlea et al.
(1988) próximos aos valores reais. Em estudo semelhante, com uma amostra 62
pacientes oncológicos, de 18 a 69 anos, Campos et al. (2012) observaram que o
peso real e o peso estimado pela equação de Chumlea et al. (1988) também
apresentou correlação forte e significativa. O que mostra a eficácia da predição de
peso dessa fórmula, mesmo para indivíduos adultos, apesar de ter sido desenvolvida
para população idosa.
Por outro lado, Rabito et al. (2006) realizou estudo com uma amostra de 368
indivíduos, de 32 a 66 anos, de ambos os sexos, analisando a aplicabilidade da
fórmula de estimativa de peso de Chumlea et al. (1988) e os resultados encontrados
foram estatisticamente diferentes quando comparado o peso corporal real com o
peso estimado, em ambos os sexos.
20
Melo et al (2014), aplicou fórmulas preditivas de peso propostas por Chumlea
et al. (1988), Ross Laboratories (2014) e Rabito et al. (2006) em 142 adultos
hospitalizados, para comparar médias de peso estimado e aferido, e observou
diferença significativa, havendo superestimação do peso em ambos os sexos. Os
melhores resultados de estimativa de peso corporal neste estudo foram obtidos com
a utilização das equações III e IV de Rabito et al. (2006) para homens, e Chumlea et
al. (1988) e equação V de Rabito et al. (2006) para mulheres. Melo et al. (2014)
associa o bom resultado das fórmulas de Rabito et al. (2006) à facilidade de
aplicação, cujo cálculo é realizado utilizando as medidas de circunferência do braço,
circunferência abdominal e circunferência da panturrilha, aferidas apenas com fita
métrica, diminuindo a chance de erro técnico de medição (ETM). Já para o cálculo
de estimativa de peso corporal com a fórmula de Chumlea et al., destaca-se a
necessidade de aferição da dobra cutânea subescapular, o que pode representar um
fator dificultador, com possível viés de ETM. As maiores diferenças foram obtidas ao
utilizar a fórmula de Ross Laboratories (2002), que superestimou o peso corporal
real em 4,5 kg para o sexo masculino e 3,3 kg para o feminino.
De Lima et al (2014) aplicou as 5 fórmulas preditivas de peso de Rabito et al.
(2006) em 315 idosos institucionalizados, de ambos os sexos, e a análise dos
resultados indicou a equação II como a de melhor reprodutibilidade e aplicabilidade
em toda a população avaliada.
Em relação à estatura, em estudo realizado na década de 80, Chumlea et al.
(1985) observaram que a altura do joelho era a medida que melhor se
correlacionava com a estatura, evidenciando superioridade em relação ao
comprimento do braço, anteriormente recomendada por Mitchell e Lipschitz (1982)
como método preditivo.
No estudo de Cereda et al. (2010) observou-se uma tendência significativa
para a superestimação da estatura em indivíduos mais baixos e com
sobrepeso/obesidade, e uma subestimação em pacientes mais altos e de peso
normal/baixo. Além disso, a exclusão de pacientes obesos nas amostras de controle
resultou em estimativa precisa da estatura em ambos os sexos, demonstrando que a
equação preditiva de Cereda et al. (2010) não é indicada para indivíduos com
sobrepeso/obesidade. Neste mesmo estudo, a precisão das fórmulas preditivas de
altura propostas por Cereda et al. (2010) foi comparada com a precisão de equações
propostas por Chumlea et al. (1985), e apesar de Cereda et al. (2010) ter validado
21
suas equações em indivíduos de meia idade e Chumlea et al. (1985), idosos
americanos, os resultados encontrados foram semelhantes, e ainda, as equações de
Chumlea et al. (1985) mostraram melhor aplicabilidade quando aplicadas em
população jovem.
Melo et al. (2014) avaliou a aplicabilidade de equações preditivas de estatura
propostas por Chumlea et al (1985), Cereda et al. (2010) e Rabito et al. (2006) em
142 adultos, de ambos os sexos, e observou que a estatura média estimada diferiu
significativamente da real para homens e mulheres. A exceção foi a altura estimada
pela fórmula de Chumlea et al. (1985) para homens, que não apresentou diferença
média significativa em relação à medida real. A fórmula de Chumlea et al (1985) foi,
ainda, a única que subestimou a estatura real para o sexo feminino. No mesmo
estudo, a fórmula que apresentou maior diferença média em relação à estatura real
foi a que utiliza a medida da semienvergadura, superestimando a estatura em ambos
os sexos.
De Lima et al. (2014) avaliou a aplicabilidade de fórmulas de estimativa de
estatura em 315 idosos institucionalizados e verificou que, assim como Melo et al.
(2014) e Rezende et al. (2009), os métodos que utilizavam as medidas de meia
envergadura não apresentaram boa reprodutibilidade, estando este resultado
associado à rigidez articular consequente do envelhecimento. De Lima et al. (2014)
concluiu que as melhores correlações entre estatura estimada e real foi obtida
utilizando fórmulas validadas para a população brasileira e que o método de
Chumlea et al. (1985), mais utilizado na literatura e prática clínica, não se mostrou
aplicável para utilização em idosos institucionalizados brasileiros.
Rodrigues et al (2011), realizou estudo com o objetivo de avaliar a correlação
dos métodos de estimativa de peso e estatura com as medidas antropométricas
reais. Para isso, utilizou uma amostra de 100 indivíduos adultos, de ambos os sexos
e observou que não houve diferença significativa entre o peso estimado pela fórmula
de Chumlea et al (1988) e o peso real para mulheres. Entretanto, para os homens, a
média do peso estimado apresentou diferença significativa. Já a estimativa de
estatura, obtida com a equação de Chumlea et al. (1985) mostrou correlação
significativa apenas em homens. A média da altura recumbente e a média da
estatura estimada pela fórmula de Kwok e Whitelaw (1991) superestimaram a média
da estatura real, corroborando com Melo et al. (2014), em que a altura recumbente
superestimou a estatura real de forma significativa em ambos os sexos.
22
Ao avaliar os estudos selecionados, nota-se que a grande maioria dos
trabalhos que utilizaram fórmulas preditivas de estatura nas quais as variáveis eram
altura do joelho e idade obtiveram resultados satisfatórios e boa correlação entre a
estatura real e estimada. De um modo geral, quando as equações foram utilizadas
em populações com características próximas daquela que a originou, a diferença
entre a estatura estimada e real foi minimizada.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da divergência entre os resultados dos estudos avaliados, as fórmulas
propostas por Chumlea et al. (1988) para estimar peso corporal, elaboradas para a
população idosa americana, mostraram melhor correlação entre peso real e
estimado para a população idosa e jovem. Quanto à estatura estimada, as fórmulas
propostas por Chumlea et al (1985) também mostraram melhor correlação quando
comparadas à estatura real.
A escolha de método preditivo de peso e/ou estatura para a avaliação
nutricional deve se basear, entre outros aspectos, nas características da população
alvo, na disponibilidade de recursos e na praticidade e/ou possibilidade de obtenção
das variáveis.
Ainda são poucos os estudos que propõem validar fórmulas já existentes e
que comparam diferentes metodologias para estimativa de peso e estatura. Assim,
faz-se necessária a realização de novas pesquisas que avaliem a aplicabilidade
clínica das fórmulas preditivas de peso e estatura, uma vez que houve diferença
significativa em diversos métodos frequentemente utilizados na prática profissional.
23
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