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    SUMRIO

    1. TEORIA DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO.................................................02

    1.1 As Descobertas de Piaget sobre Desenvolvimento Mental....................................04 1.2 O que Fazem os Psiclogos do Desenvolvimento?................................................04 1.3 Uma Delimitao do Conceito de Psicologia do Desenvolvimento..........................05 1.4 Formas De Adaptao............................................................................................07

    1.5 Os estgios do desenvolvimento Humano..............................................................09

    1.6 As consequncias do modelo piagetiano para a ao pedaggica........................13

    2. ASPECTOS PSICOLGICOS NO PROCESSO DE ENVELHECER.........................15

    3. MUDANA DE COMPORTAMENTO (NINHO VAZIO). .............................................17

    4. VIVENCIAR O LUTO..................................................................................................18

  • 2

    1. TEORIA DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

    A Psicologia do Desenvolvimento estuda as mudanas que passamos ao longo de

    toda a vida, desde o nascimento at a morte. A ideia central de que todos ns temos fases

    do desenvolvimento que so comuns, fases que compartilhamos com toda a humanidade.

    A partir desta ideia inicial, entretanto, surgem diversas teorias para explicar quais

    so estas fases, como so o que acontece nelas e quando h a mudana para a fase

    seguinte.

    As principais teorias so as de Freud, Erik Erikson, Vigotsky e Jean Piaget.

    Podemos estudar na psicologia do desenvolvimento as mudanas que ocorrem no

    corpo, na inteligncia, na memria, na cognio, na moral, nos sentimentos, na

    personalidade, no comportamento, no inconsciente.

    E justamente por abranger o ser humano como um todo, a questo do

    desenvolvimento no interessa apenas psicologia, mas tambm s outras cincia

    humanas: sociologia, antropologia, pedagogia e filosofia.

    Na psicologia do desenvolvimento, as principais questes so:

    - O que inato e o que adquirido? H influncia do meio ambiente nas

    mudanas?

    - Nascemos com um padro de desenvolvimento ou o o meio que permite a

    mudana para a fase seguinte?

    - Qual a influncia do meio em que vivemos? Da cultura, do pas, da famlia?

    - O desenvolvimento um contnuo ou apresenta rupturas?

    Passamos de uma fase e deixamos a fase anterior para trs ou levamos a fase

    anterior conosco para as fases seguintes?

    - A infncia influencia totalmente o adulto?

    - O que voc viveu quando criana vai te marcar para a vida toda? Ou o adulto

    pode mudar totalmente o que vivenciou na infncia?

    - Podemos falar de 4 fases? Infncia, adolescncia, adulto e terceira idade? Ou

    existem mais fases?

    So questes muito importantes!

    Imagine que voc tem um filho ou uma filha. Ao longo dos anos a criana passar

    por determinadas fases. Cada ms traz uma novidade, uma mudana, um crescimento. A

    comeam as perguntas:

    - Esse e aquele comportamento so normais (ou seja, todas as outras crianas

    passam por isso)?

    - O que eu posso fazer, para ele ou ela, crescerem bem e saudveis?

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    - Qual a melhor maneira de educar?

    O que a criana sentir e viver na infncia vai marcar para a vida toda?

    Vocs concordam comigo que tais perguntas so muito importantes? Pois , e

    dentro da rea da Psicologia do Desenvolvimento estudamos todas elas, as principais

    abordagens e teorias que foram elaboradas atravs de dcadas e dcadas de pesquisa em

    escolas, laboratrios, consultrios.

    Nas prximas postagens falaremos mais sobre as principais teorias, entre elas as

    teorias elaboradas por Sigmund Freud, Jean Piaget, Erik Erikson e Vigotsky.

    A psicologia do desenvolvimento se caracteriza como um ramo que tem a finalidade

    de estudar a interao dos processos fsicos e psicolgicos e s etapas de crescimento, a

    partir da concepo at ao final da vida de um sujeito. Nesse sentido, baseando-se nas

    consideraes tecidas sobre essa rea, esse artigo visa fazer uma reviso bibliogrfica

    tendo como base um recorte e explanao da teoria proposta por Jean Piaget, bem como

    propor o entendimento sobre o que fazem os psiclogos do desenvolvimento e possibilitar

    discusses acerca da delimitao desse conceito. A partir desse contexto, conhecer

    princpios e mtodos que fomentam as teorias do desenvolvimento humano.

    O desenvolvimento um processo continuo que tem incio desde a concepo, e

    tem continuidade aps a fecundao do vulo, percorrendo a partir da subdiviso celular at

    que milhes de clulas sejam formadas. medida que as clulas assumem funes

    especializadas, d-se incio a formao dos sistemas que do base para a parte fsica do

    desenvolvimento. Porm, o desenvolvimento fsico, cognitivo, social, afetivo tem

    continuidade durante todas as fases da vida de um sujeito e termina com a morte.

    Assim, o fenmeno do desenvolvimento, faz articulaes e interfaces com vrias

    reas do conhecimento como: a educao, biologia, sociologia, antropologia, medicina,

    entre outros, interagindo com diversos saberes a fim de fomentar suas explicaes.

    A psicologia do desenvolvimento traz uma compreenso sobre as transformaes

    psicolgicas que ocorrem no decorrer do tempo, com auxlio de algumas teorias e tericos,

    bem como Jean Piaget, esses modelos se propem em explicar como as mudanas

    ocorrem na vida do sujeito e de que modo podem ser compreendidas e descritas.

    Tradicionalmente, os primeiros estudos referentes psicologia do desenvolvimento

    faziam meno somente ao desenvolvimento da criana e do adolescente. Entretanto, esse

    foco vem mudando ao longo dos anos, e hoje, tem-se uma idia que o estudo sobre o

    desenvolvimento humano deve abranger todo processo de ciclo vital.

  • 4

    1.1 As Descobertas de Piaget sobre Desenvolvimento Mental

    Jean Piaget foi o responsvel pela introduo das fases sobre o desenvolvimento

    mental do indivduo. Ele acreditava que o desenvolvimento cognitivo do indivduo poderia

    ser subdividido em uma srie de quatros estgios ordenados e descontnuos. Esse terico

    supe que as crianas progridam atravs dessas fases.

    O primeiro perodo, sensrio-motor (0 a 24 meses), baseia-se em uma inteligncia que

    trabalha as percepes e as aes atravs dos deslocamentos do prprio corpo. Neste

    perodo a criana no possui representao mental, ou seja, para eles os objetos s existem

    se estiverem em seu campo visual. A conduta social, neste perodo, de isolamento e

    indiferenciao, onde o mundo se volta inteiramente a prpria criana (o mundo ela)

    (FERREIRA, 2009).

    O estgio pr-operatrio vai mais ou menos dos dois anos aos sete anos de idade. O

    grande avano cognitivo nesta fase do desenvolvimento uma melhor capacidade de

    representar, mentalmente, objetos que no estejam fisicamente presentes. Com exceo

    desta evoluo, Piaget caracteriza o estgio pr-operatrio de acordo com aquilo que a

    criana no consegue fazer. Por exemplo, ele acreditava que o pensamento pr-operatrio

    das crianas pequenas fosse marcado pelo egocentrismo, isto a incapacidade de ver as

    coisas pela perspectiva de outra pessoa (GERRIG, 2005).

    O terceiro perodo (7 aos 11/12anos), o das operaes concretas, a criana conhece

    e organiza o mundo de forma lgica ou operatria. A conversao torna-se possvel (j

    uma linguagem socializada), pois a fala egocntrica desaparece devido o desejo de

    trabalhar com os outros (idade escolar), sem que no entanto possam discutir

    diferentes pontos de vista para que cheguem a uma concluso comum (FERREIRA, 2009).

    O estgio operatrio formal cobre o perodo que comea em torno dos 11 anos. Neste

    estgio final do desenvolvimento cognitivo, o pensamento se torna abstrato. Os

    adolescentes conseguem entender que sua realidade especfica apenas uma entre vrias

    imaginveis, e comeam a questionar temas profundos relacionados a verdade, justia e

    existncia (GERRIG, 2005).

    1.2 O que Fazem os Psiclogos do Desenvolvimento?

    De acordo com GERRIG (2005) os psiclogos do desenvolvimento propem teorias

    para explicar como e por que as pessoas mudam durante a vida. Eles utilizam investigaes

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    normativas para descrever as caractersticas de determinadas idades ou estgios do

    desenvolvimento. Os estudos longitudinais acompanham os mesmos indivduos com o

    passar do tempo; os modelos transversais estudam simultaneamente diferentes grupos

    etrios.

    As investigaes normativas se caracterizam como um conjunto de procedimentos que

    avaliam como seria uma pessoa, em termo de aparncia fsica, habilidades cognitivas, com

    a finalidade de descrever aquilo que caracteriza uma determinada idade ou estgio do

    desenvolvimento. O modelo longitudinal uma tcnica para entender os possveis

    mecanismos de transformao. Nesse aspecto, denomina-se uma forma de observar os

    indivduos repetidamente durante vrios anos.

    Conforme MOTA (2005) psiclogos do desenvolvimento enfrentam novos desafios no

    sculo XXI. As novas concepes de atuao profissional que enfatizam a preveno e a

    promoo de sade fazem com que profissionais de vrias reas busquem na psicologia

    desenvolvimento subsdios tericos e metodolgicos para sua prtica profissional.

    Um dos fatos discutidos em questo o desenvolvimento harmnico do sujeito, que

    integra vrios aspectos da vida, bem como as caractersticas biolgicas, sociais, cognitivas,

    afetivas que compem toda a estrutura de um indivduo.

    1.3 Uma Delimitao do Conceito de Psicologia do Desenvolvimento

    Ainda existe uma dificuldade em conceituar o processo de desenvolvimento

    humano tendo em vista o vasto campo de estudo que envolve essa disciplina. Nesse

    aspecto, alguns tericos vm fazendo algumas especulaes a fim de propor novas formas

    de estudar o desenvolvimento, a partir de todo o ciclo vital do indivduo.

    Papalia e Olds (2000), por exemplo, definem desenvolvimento como o estudo

    cientfico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde a concepo at a

    morte.

    Biaggio (1978) argumenta que a especificidade da psicologia do desenvolvimento

    humano est em estudar as variveis externas e internas aos indivduos que levam as

    mudanas no comportamento em perodos de transio rpida (infncia, adolescncia e

    envelhecimento).

    Algumas teorias contemporneas do desenvolvimento aceitam que as

    transformaes no processo de desenvolvimento acontecem em todas as fases da vida,

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    mas que so mais marcantes em perodos rpidos de transio. Desse modo, necessrio

    ampliar o escopo em que se configura o desenvolvimento humano.

    A viso ampliada acerca da concepo da psicologia do desenvolvimento faz desse

    conhecimento bastante importante para elaborao de programas de interveno de cunho

    preventivo e, sobretudo, na promoo da sade, tendo em vista que possibilita uma maior

    compreenso dos processos de desenvolvimento humano.

    Conclui-se que a psicologia do desenvolvimento uma rea de estudo que se

    articula com diversos saberes a fim de explicar por que as pessoas mudam durante suas

    vidas, a partir das mudanas fsicas e psicolgicas do sujeito, desde a concepo at a

    morte. Na contemporaneidade, novas teorias defendem a idia de estudar o processo de

    desenvolvimento de todo o ciclo vital tendo em vista que esse conhecimento possibilita

    maiores benefcios para os estudos do desenvolvimento cientfico, uma vez que amplia a

    discusso e fomenta a metodologia de estudo. Ainda h um interesse em concentrar os

    estudos somente no desenvolvimento da criana e do adolescente, sendo necessrio que

    novas pesquisas sejam realizadas a fim de produzir um impacto na produo desse

    conhecimento e auxiliar na compreenso da complexidade do desenvolvimento humano.

    O Desenvolvimento humano no modelo Piagetiano, explicado segundo o

    pressuposto de que existe uma conjuntura de relaes interdependentes entre o sujeito

    conhecedor e o objeto a conhecer. Esses fatores que so complementares envolvem

    mecanismos bastante complexos e intrincados que englobam o entrelaamento de fatores

    que so complementares, tais como: o processo de maturao do organismo, a experincia

    com objetos, a vivncia social e, sobretudo, a equilibrao do organismo ao meio.

    O conceito de equilibrao torna-se especialmente marcante na teoria de Piaget

    pois ele representa o fundamento que explica todo o processo do desenvolvimento humano.

    Trata-se de um fenmeno que tem, em sua essncia, um carter universal, j que

    de igual ocorrncia para todos os indivduos da espcie humana mas que pode sofrer

    variaes em funo de contedos culturais do meio em que o indivduo est inserido.

    Nessa linha de raciocnio, o trabalho de Piaget leva em conta a atuao de 2 elementos

    bsicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes e os fatores variantes.

    Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o indivduo recebe

    como herana uma srie de estruturas biolgicas - sensoriais e neurolgicas - que

    permanecem constantes ao longo da sua vida. So essas estruturas biolgicas que iro

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    predispor o surgimento de certas estruturas mentais. Em vista disso, na linha Piagetiana,

    considera-se que o indivduo carrega consigo duas marcas inatas que so a tendncia

    natural organizao e adaptao, significando entender, portanto, que, em ltima

    instncia, o 'motor' do comportamento do homem inerente ao ser.

    Os fatores variantes: so representados pelo conceito de esquema que

    constitui a unidade bsica de pensamento e ao estrutural do modelo piagetiano, sendo um

    elemento que se transformar no processo de interao com o meio, visando adaptao do

    indivduo ao real que o circunda. Com isso, a teoria psicogentica deixa mostra que a

    inteligncia no herdada, mas sim que ela construda no processo interativo entre o

    homem e o meio ambiente (fsico e social) em que ele estiver inserido.

    Em sntese, pode-se dizer que, para Piaget, o equilbrio o norte que o organismo

    almeja mas que paradoxalmente nunca alcana (La Taille, op.cit.), haja vista que no

    processo de interao podem ocorrer desajustes do meio ambiente que rompem com o

    estado de equilbrio do organismo, eliciando esforos para que a adaptao se restabelea.

    1.4 Formas De Adaptao

    Essa busca do organismo por novas formas de adaptao envolvem dois

    mecanismos que apesar de distintos so indissociveis e que se complementam: a

    assimilao e a acomodao.

    A assimilao:

    Consiste na tentativa do indivduo em solucionar uma determinada situao a partir

    da estrutura cognitiva que ele possui naquele momento especfico da sua existncia.

    Representa um processo contnuo na medida em que o indivduo est em constante

    atividade de interpretao da realidade que o rodeia e, consequentemente, tendo que se

    adaptar a ela. Como o processo de assimilao representa sempre uma tentativa de

    integrao de aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao entrar em

    contato com o objeto do conhecimento o indivduo busca retirar dele as informaes que lhe

    interessam deixando outras que no lhe so to importantes (La Taille, vdeo), visando

    sempre a restabelecer a equilibrao do organismo.

    A acomodao, por sua vez, consiste na capacidade de modificao da

    estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento. Quer

    dizer, a acomodao representa "o momento da ao do objeto sobre o sujeito" , emergindo,

    portanto, como o elemento complementar das interaes sujeito-objeto. Em sntese, toda

    experincia assimilada a uma estrutura de ideias j existentes (esquemas) podendo

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    provocar uma transformao nesses esquemas, ou seja, gerando um processo

    de acomodao.

    Como observa Rappaport (1981:56), os processos de assimilao e acomodao

    so complementares e acham-se presentes durante toda a vida do indivduo e permitem um

    estado de adaptao intelectual (...) muito difcil, se no impossvel, imaginar uma

    situao em que possa ocorrer assimilao sem acomodao, pois dificilmente um objeto

    igual a outro j conhecido, ou uma situao exatamente igual a outra.

    V-se nessa idia de "equilibrao" de Piaget a marca da sua formao como

    Bilogo que o levou a traar um paralelo entre a evoluo biolgica da espcie e as

    construes cognitivas. Tal processo pode ser representado pelo seguinte quadro:

    Dessa perspectiva, o processo de equilibrao pode ser definido como um

    mecanismo de organizao de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a

    levar o indivduo a construo de uma forma de adaptao realidade. Haja vista que o

    "objeto nunca se deixa compreender totalmente" (La Taille, op.cit.), o conceito de

    equilibrao sugere algo mvel e dinmico, na medida em que a constituio do

    conhecimento coloca o indivduo frente a conflitos cognitivos constantes que movimentam o

    organismo no sentido de resolv-los.

    Em ltima instncia, a concepo do desenvolvimento humano, na linha piagetiana,

    deixa ver que no contato com o mundo que a matria bruta do conhecimento

    'arrecadada', pois que no processo de construes sucessivas resultantes da relao

    sujeito-objeto que o indivduo vai formar o pensamento lgico.

    bom considerar, ainda, que, na medida em que toda experincia leva em graus

    diferentes a um processo de assimilao e acomodao, trata-se de entender que o mundo

    ambiente

    desequilbrio

    Adaptao

    equilibrao majorante

    acomodao

    assimilao

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    das ideais, da cognio, um mundo inferencial. Para avanar no desenvolvimento

    preciso que o ambiente promova condies para transformaes cognitivas, id est,

    necessrio que se estabelea um conflito cognitivo que demande um esforo do indivduo

    para super-lo a fim de que o equilbrio do organismo seja restabelecido, e assim

    sucessivamente.

    No entanto, esse processo de transformao vai depender sempre de como o

    indivduo vai elaborar e assimilar as suas interaes com o meio, isso porque a visada

    conquista da equilibrao do organismo reflete as elaboraes possibilitadas pelos nveis de

    desenvolvimento cognitivo que o organismo detm nos diversos estgios da sua vida. A

    esse respeito, para Piaget, os modos de relacionamento com a realidade so divididos em 4

    perodos, como destacaremos na prxima seo deste trabalho.

    1.5 Os estgios do desenvolvimento humano

    Piaget considera 4 perodos no processo evolutivo da espcie humana que so

    caracterizados "por aquilo que o indivduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas

    faixas etrias ao longo do seu processo de desenvolvimento (Furtado, op.cit.). So eles:

    1 perodo: Sensrio-motor (0 a 2 anos)

    2 perodo: Pr-operatrio (2 a 7 anos)

    3 perodo: Operaes concretas (7 a 11 ou 12 anos)

    4 perodo: Operaes formais (11 ou 12 anos em diante)

    Cada uma dessas fases caracterizada por formas diferentes de organizao

    mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivduo relacionar-se com a realidade

    que o rodeia (Coll e Gilliron, 1987). De uma forma geral, todos os indivduos vivenciam

    essas 4 fases na mesma seqncia, porm o incio e o trmino de cada uma delas pode

    sofrer variaes em funo das caractersticas da estrutura biolgica de cada indivduo e da

    riqueza (ou no) dos estmulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver

    inserido. Por isso mesmo que "a diviso nessas faixas etrias uma referncia, e no

    uma norma rgida", conforme lembra Furtado (op.cit.). Abordaremos, a seguir, sem entrar

    em uma descrio detalhada, as principais caractersticas de cada um desses perodos.

    Perodo Sensrio-motor (0 a 2 anos):

    Segundo La Taille (2003), Piaget usa a expresso "a passagem do caos ao cosmo"

    para traduzir o que o estudo sobre a construo do real descreve e explica. De acordo com

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    a tese piagetiana, "a criana nasce em um universo para ela catico, habitado por objetos

    evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo da percepo), com tempo e

    espao subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida ao poder das aes, em uma forma

    de onipotncia" (id ibid). No recm nascido, portanto, as funes mentais limitam-se ao

    exerccio dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criana

    conquistado mediante a percepo e os movimentos (como a suco, o movimento dos

    olhos, por exemplo).

    Progressivamente, a criana vai aperfeioando tais movimentos reflexos e

    adquirindo habilidades e chega ao final do perodo sensrio-motor j se concebendo dentro

    de um cosmo "com objetos, tempo, espao, causalidade objetivados e solidrios, entre os

    quais situa a si mesma como um objeto especfico, agente e paciente dos eventos que nele

    ocorrem" (id ibid).

    Perodo pr-operatrio (2 a 7 anos):

    Para Piaget, o que marca a passagem do perodo sensrio-motor para o pr-

    operatrio o aparecimento da funo simblica ou semitica, ou seja, a emergncia

    da linguagem. Nessa concepo, a inteligncia anterior emergncia da linguagem e por

    isso mesmo "no se pode atribuir linguagem a origem da lgica, que constitui o ncleo do

    pensamento racional" (Coll e Gilliron, op.cit.). Na linha piagetiana, desse modo, a

    linguagem considerada como uma condio necessria mas no suficiente ao

    desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganizao da ao cognitiva que no

    dado pela linguagem, conforme alerta La Taille (1992). Em uma palavra, isso implica

    entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligncia.

    Todavia, conforme demonstram as pesquisas psicogenticas (La Taille, op.cit.;

    Furtado, op.cit., etc.), a emergncia da linguagem acarreta modificaes importantes em

    aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criana, uma vez que ela possibilita as

    interaes interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com

    representaes para atribuir significados realidade. Tanto assim, que a acelerao do

    alcance do pensamento neste estgio do desenvolvimento, atribuda, em grande parte, s

    possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem.

    Contudo, embora o alcance do pensamento apresente transformaes importantes,

    ele caracteriza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a criana no concebe uma

    realidade da qual no faa parte, devido ausncia de esquemas conceituais e da lgica.

    Para citar um exemplo pessoal relacionado questo, lembro-me muito bem que me

  • 11

    chamava ateno o fato de, nessa faixa etria, o meu filho dizer coisas do tipo "o meu

    carro do meu pai", sugerindo, portanto, o egocentrismo caracterstico desta fase do

    desenvolvimento. Assim, neste estgio, embora a criana apresente a capacidade de atuar

    de forma lgica e coerente (em funo da aquisio de esquemas sensoriais-motores na

    fase anterior) ela apresentar, paradoxalmente, um entendimento da realidade

    desequilibrado (em funo da ausncia de esquemas conceituais), conforme salienta

    Rappaport (op.cit.).

    Perodo das operaes concretas (7 a 11, 12 anos):

    Neste perodo o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no

    ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior d lugar emergncia da

    capacidade da criana de estabelecer relaes e coordenar pontos de vista

    diferentes (prprios e de outrem ) e de integr-los de modo lgico e coerente (Rappaport,

    op.cit.). Um outro aspecto importante neste estgio refere-se ao aparecimento da

    capacidade da criana de interiorizar as aes, ou seja, ela comea a realizar operaes

    mentalmente e no mais apenas atravs de aes fsicas tpicas da inteligncia sensrio-

    motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual a vareta maior, entre vrias, ela ser capaz

    de responder acertadamente comparando-as mediante a ao mental, ou seja, sem precisar

    medi-las usando a ao fsica).

    Contudo, embora a criana consiga raciocinar de forma coerente, tanto os

    esquemas conceituais como as aes executadas mentalmente se referem, nesta fase, a

    objetos ou situaes passveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta.

    Alm disso, conforme pontua La Taille (1992:17) se no perodo pr-operatrio a criana

    ainda no havia adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a capacidade de pensar

    simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformao efetuada sobre

    os objetos (por exemplo, a ausncia de conservao da quantidade quando se transvaza o

    contedo de um copo A para outro B, de dimetro menor)", tal reversibilidade ser

    construda ao longo dos estgios operatrio concreto e formal.

    Perodo das operaes formais (12 anos em diante):

    Nesta fase a criana, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, j

    consegue raciocinar sobre hipteses na medida em que ela capaz de formar esquemas

    conceituais abstratos e atravs deles executar operaes mentais dentro de princpios da

    lgica formal. Com isso, conforme aponta Rappaport (op.cit.:74) a criana adquire

  • 12

    "capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos cdigos de conduta: discute

    valores morais de seus pais e contri os seus prprios (adquirindo, portanto, autonomia)".

    De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indivduo adquire a sua

    forma final de equilbrio, ou seja, ele consegue alcanar o padro intelectual que persistir

    durante a idade adulta. Isso no quer dizer que ocorra uma estagnao das funes

    cognitivas, a partir do pice adquirido na adolescncia, como enfatiza Rappaport (op.cit.:63),

    "esta ser a forma predominante de raciocnio utilizada pelo adulto. Seu desenvolvimento

    posterior consistir numa ampliao de conhecimentos tanto em extenso como em

    profundidade, mas no na aquisio de novos modos de funcionamento mental".

    Cabe-nos problematizar as consideraes anteriores de Rappaport, a partir da

    seguinte reflexo: resultados de pesquisas* tm indicado que adultos "pouco-

    letrados/escolarizados" apresentam modo de funcionamento cognitivo "balizado pelas

    informaes provenientes de dados perceptuais, do contexto concreto e da experincia

    pessoal" (Oliveira, 2001a:148). De acordo com os pressupostos da teoria de Piaget, tais

    adultos estariam, portanto, no estgio operatrio-concreto, ou seja, no teriam alcanado,

    ainda, o estgio final do desenvolvimento que caracteriza o funcionamento do adulto (lgico-

    formal). Como que tais adultos (operatrio-concreto) poderiam, ainda, adquirir condies

    de ampliar e aprofundar conhecimentos (lgico-formal) se no lhes reservada, de acordo

    com a respectiva teoria, a capacidade de desenvolver "novos modos de funcionamento

    mental"? - alis, de acordo com a teoria, no dependeria do desenvolvimento da estrutura

    cognitiva a capacidade de desenvolver o pensamento descontextualizado?

    Bem, retomando a nossa discusso, vale ressaltar, ainda, que, para Piaget, existe

    um desenvolvimento da moral que ocorre por etapas, de acordo com os estgios do

    desenvolvimento humano. Para Piaget (1977 apud La Taille 1992:21), "toda moral consiste

    num sistema de regras e a essncia de toda moralidade deve ser procurada no respeito que

    o indivduo adquire por estas regras". Isso porque Piaget entende que nos jogos coletivos as

    relaes interindividuais so regidas por normas que, apesar de herdadas culturalmente,

    podem ser modificadas consensualmente entre os jogadores, sendo que o dever de

    'respeit-las' implica a moral por envolver questes de justia e honestidade.

    Assim sendo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases:

    anomia (crianas at 5 anos), em que a moral no se coloca, ou seja, as

    regras so seguidas, porm o indivduo ainda no est mobilizado pelas relaes bem x mal

    e sim pelo sentido de hbito, de dever;

  • 13

    heteronomia (crianas at 9, 10 anos de idade), em que a moral = a

    autoridade, ou seja, as regras no correpondem a um acordo mtuo firmado entre os

    jogadores, mas sim como algo imposto pela tradio e, portanto, imutvel;

    autonomia, corresponde ao ltimo estgio do desenvolvimento da moral, em

    que h a legitimao das regras e a criana pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o

    respeito a regras entendido como decorrente de acordos mtuos entre os jogadores,

    sendo que cada um deles consegue conceber a si prprio como possvel 'legislador' em

    regime de cooperao entre todos os membros do grupo.

    Para Piaget, a prpria moral pressupe inteligncia, haja vista que as relaes

    entre moral x inteligncia tm a mesma lgica atribuda s relaes inteligncia x linguagem.

    Quer dizer, a inteligncia uma condio necessria, porm no suficiente ao

    desenvolvimento da moral. Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em 3

    dimenses:

    a) regras: que so formulaes verbais concretas, explcitas (como os 10

    Mandamentos, por exemplo);

    b) princpios: que representam o esprito das regras (amai-vos uns aos outros, por

    exemplo);

    c) valores: que do respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo

    entender de onde so derivados os princpios das regras a serem seguidas.

    Assim sendo, as relaes interindividuais que so regidas por regras envolvem, por

    sua vez, relaes de coao - que corresponde noo de dever; e de cooperao - que

    pressupe a noo de articulao de operaes de dois ou mais sujeitos, envolvendo no

    apenas a noo de 'dever' mas a de 'querer' fazer. Vemos, portanto, que uma das

    peculiaridades do modelo piagetiano consiste em que o papel das relaes interindividuais

    no processo evolutivo do homem focalizado sob a perspectiva da tica (La Taille, 1992).

    Isso implica entender que "o desenvolvimento cognitivo condio necessria ao pleno

    exerccio da cooperao, mas no condio suficiente, pois uma postura tica dever

    completar o quadro" (idem p. 21).

    1.6 As consequncias do modelo piagetiano para a ao pedaggica

    Como j foi mencionado na apresentao deste trabalho, a teoria psicogentica de

    Piaget no tinha como objetivo principal propor uma teoria de aprendizagem. A esse

    respeito, Coll (1992:172) faz a seguinte observao: "ao que se sabe, ele [Piaget] nunca

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    participou diretamente nem coordenou uma pesquisa com objetivos pedaggicos". No

    obstante esse fato, de forma contraditria aos interesses previstos, portanto, o modelo

    piagetiano, curiosamente, veio a se tornar uma das mais importantes diretrizes no campo da

    aprendizagem escolar, por exemplo, nos USA, na Europa e no Brasil, inclusive.

    De acordo com Coll (op.cit.) as tentativas de aplicao da teoria gentica no campo

    da aprendizagem so numerosas e variadas, no entanto os resultados prticos obtidos com

    tais aplicaes no podem ser considerados to frutferos. Uma das razes da difcil

    penetrao da teoria gentica no mbito da escola deve-se, principalmente, segundo o

    autor, "ao difcil entendimento do seu contedo conceitual como pelos mtodo de anlise

    formalizante que utiliza e pelo estilo s vezes 'hermtico' que caracteriza as publicaes de

    Piaget" (idem p. 174). Coll (op.cit.) ressalta, tambm, que a aplicao educacional da teoria

    gentica tem como fatores complicadores, entre outros:

    a) as dificuldades de ordem tcnica, metodolgicas e tericas no uso de provas

    operatrias como instrumento de diagnstico psicopedaggico, exigindo um alto grau de

    especializao e de prudncia profissional, a fim de se evitar os riscos de srios erros;

    b) a predominncia no "como" ensinar coloca o objetivo do "o qu" ensinar em

    segundo plano, contrapondo-se, dessa forma, ao carter fundamental de transmisso do

    saber acumulado culturalmente que uma funo da instituio escolar, por ser esta de

    carter preeminentemente poltico-metodolgico e no tcnico como tradicionalmente se

    procurou incutir nas idias da sociedade;

    c) a parte social da escola fica prejudicada uma vez que o raciocnio por trs da

    argumentao de que a criana vai atingir o estgio operatrio secundariza a noo do

    desenvolvimento do pensamento crtico;

    d) a ideia bsica do construtivismo postulando que a atividade de organizao e

    planificao da aquisio de conhecimentos esto cargo do aluno acaba por no dar conta

    de explicar o carter da interveno por parte do professor;

    e) a ideia de que o indivduo apropria os contedos em conformidade com o

    desenvolvimento das suas estruturas cognitivas estabelece o desafio da descoberta do

    "grau timo de desequilbrio", ou seja, o objeto a conhecer no deve estar nem alm nem

    aqum da capacidade do aprendiz conhecedor.

  • 15

    2. ASPECTOS PSICOLGICOS NO PROCESSO DE ENVELHECER

    A nossa existncia fundamentada to somente no tempo presente, mas nos

    angustiamos com a passagem do tempo. O tema da meia idade, da passagem do meio, do

    processo de envelhecimento, envolve muitas significaes, mistrios, medos, mitos e

    preconceitos, numa sociedade cada vez mais impregnada pelos valores e padres da eterna

    juventude. Para alm das especulaes poticas e filosficas, muitos encaram a confuso e

    a ansiedade que freqentemente acompanham a virada da meia-idade como sintomas de

    um distrbio. C. G. Jung as v como parte de uma transio normal e arquetpica, a crise da

    meia idade como dramatizao de uma condio humana universal. Ele escolheu para

    abordar estes processos o termo metania, que provm do grego e quer dizer processo

    que vai alm, transcendncia, movimento, mudana, metamorfose de sentimentos.

    Segundo Hillman (2001), envelhecer uma forma de arte. uma aventura. Algo

    necessrio e pretendido pelo Self. Ele anuncia que precisamos de idias criativas para

    embelezar a velhice e que a principal patologia da velhice a nossa prpria idia da velhice.

    Para este autor, os ltimos anos confirmam e realizam o carter. Assim como o carter

    dirige o envelhecimento, o envelhecimento revela o carter. Ele intensifica suas

    peculiaridades caractersticas, os traos positivos e negativos se tornam mais fortes.

    Assim, este autor afirma que, apesar do ritmo fsico mais lento, a capacidade de

    compensao e de estratgia esto mais aguadas nos velhos (pois ele procura evitar o no

    essencial). Apresenta percepo com mais exatido e objetividade (por estar menos

    exposto s emoes). H a conservao da capacidade de enfrentar o trabalho que requeira

    um olhar prtico, pacincia, experincia e preciso.

    A sabedoria tambm se refere ampliada sagacidade para manejar as

    experincias acumuladas e ampliar as relaes existentes. Ponderao, equilbrio e

    fidelidade, expanso da espiritualidade, so qualidades que se evidenciam. O

    comportamento do idoso depende de suas motivaes e do seu carter. As pessoas

    contidas, rgidas e controladas so velhas desde o comeo. J os indivduos

    excepcionalmente bem dotados intelectual e emocionalmente, conservam intactas suas

    capacidades intelectuais e criativas na senectude.

    Enfim, por tudo que expomos da Psicologia Analtica, afirmamos que envelhecer

    assumir todos os riscos. O fluxo espontneo da vida vai exigindo altos e baixos,

    esquentamentos e esfriamentos, apertos e afrouxamentos, sossegos e inquietaes. Nada

    se aquieta, por mais que se envelhea. O corpo pode decair rapidamente e o esprito, ao

  • 16

    contrrio, rejuvenescer e se aquecer. Envelhecer, portanto, exige a renovao constante da

    espontaneidade-criatividade.

    Assim, poderemos agora inserir a compreenso no processo de envelhecimento

    pela teoria Psicodramtica. Moreno afirmava que tudo provvel e possvel. Tempo e

    espao no existem. Sobre a frgil base da realidade, a imaginao tece novas formas (

    MORENO, 1975).

    Decerto precisamos nesta etapa da vida reforar, mais do que nunca, a importncia

    vital de seus conceitos: realidade suplementar e espontaneidade criatividade no

    desempenho de papis que continuam se renovando.

    Para a abordagem psicodramtica, envelhecer aprender a transformar antigos

    papis e a desempenhar novos papis. E re-aprender a viver espontnea e criativamente,

    no aqui e agora de uma nova realidade que vai se transformando, rumo ao desconhecido,

    ao mistrio, ao mais enigmtico dos mistrios, que a morte. E recorrer a uma realidade

    simblica, suplementar, quando necessrio.

    A realidade suplementar para Moreno vai mais alm do campo imaginrio, uma

    liberao das convenes. um encontro com o imaginrio e com a intuio; h quem diga

    que tambm um encontro com a espiritualidade, com a centelha divina, com uma

    realidade csmica, que tem um qu de ser sem tempo e sem espao.

    Proponho que evidenciemos tambm a afetividade, a intuio e a percepo tlica

    como sendo os recursos essenciais a serem desenvolvidos na passagem do meio e na

    terceira idade.

    Precisamos da expansividade afetiva nos nossos vnculos, da alegria, de nos

    mantermos ativos e aquecidos; precisamos da tele percepo co-criativa para enxergarmos

    o mundo com olhos que revelam significados profundos. E especialmente necessitamos da

    realidade suplementar para possibilitarmos o retorno da magia e as leituras intuitivas dos

    eventos sincrnicos. Enquanto somos jovens pouco pensamos neste processo, mesmo

    sendo ele uma constante. A maturidade que advm com ele algo que nos atrai e, talvez

    por isso, lidemos com ele de uma forma to subtil.

    Contudo, no decorrer do ciclo biolgico ocorre um declnio previsvel das funes

    do organismo. O processo de envelhecimento nota-se especialmente no sistema nervoso,

    acabando assim por atingir todos os outros sistemas.

  • 17

    Aspectos fsicos do envelhecimento

    A nvel fsico, vou aqui referir apenas os principais sinais neurolgicos de envelhecimento:

    Problemas visuais

    Reflexos lentos

    Tendncia vertigem

    Reduo do olfacto

    Diminuio da agilidade de movimentos e de equilbrio

    Reduo da fora muscular

    Alteraes de postura e marcha

    Aspectos psicolgicos do envelhecimento

    Tendncia a ser auto-centrado, rgido, conservador e excessivamente crtico, ou o

    oposto muito flexvel, vacilante e sem opinio.

    Acentuao do esquecimento de nomes, factos e eventos

    Reduo da facilidade de usar as palavras para exprimir sentimentos e/ou emoes

    Ficar preso a momentos do passado.

    3. MUDANA DE COMPORTAMENTO (NINHO VAZIO)

    Ver um filho sair de casa para estudar, morar sozinho, casar ou trabalhar em outra

    cidade costuma causar sentimentos distintos nos pais: felicidade, orgulho, sensao de

    dever cumprido, mas, tambm, uma estranheza mesclada dor que os especialistas

    costumam denominar sndrome do ninho vazio.

    " um processo de adaptao. Cada pessoa sente de forma singular as transformaes que

    acontecem na rotina", afirma a psicloga Denise Par Diniz, coordenadora do Setor de

    Gerenciamento de Estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de So

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    Paulo). "No importa que os pais saibam que sua prole est bem. Emocionalmente, h uma

    forte perda", diz a psicloga Maria Celia de Abreu, tambm de So Paulo.

    Existem pessoas que so mais suscetveis ao problema?

    "A sensao de estranheza e vazio quando um filho sai de casa natural. Porm,

    pessoas possessivas, depressivas ou com dificuldade de lidar com mudanas, em geral,

    sofrem mais nessa fase", diz Dorit Wallach Verea, psicloga da Clnica Prisma, em So

    Paulo.

    A histria se repete em muitos lares: o filho cresce, amadurece, torna-se

    independente e toma a deciso de morar sozinho. Esse o rumo natural da vida, mas,

    mesmo sabendo disso, difcil superar a falta.

    Tristeza, depresso, sentimento de inutilidade e saudade. Esses e outros sintomas

    caracterizam a Sndrome do Ninho Vazio, que atinge as mes e, muitas vezes, at mesmo

    os pais quando seus filhos batem as asas e saem de casa.

    Diante dessa situao, cada pessoa reage de uma forma diferente. Algumas mes

    no conseguem se controlar e acabam invadindo o espao do filho. Fazem compras do

    supermercado para garantir que est se alimentando direito, limpam, arrumam o armrio e

    chegam at a telefonar tarde da noite para se assegurar de que ele j est em segurana.

    Outras respeitam a privacidade, mas se sentem abatidas.

    4. VIVENCIAR O LUTO

    Estamos sujeitos a enfrentar diversas perdas durante a vida: o fim das relaes de

    trabalho em decorrncia da aposentadoria; a diminuio da acuidade visual e auditiva; a

    morte de amigos e companheiros. Essas situaes podem desencadear o processo de

    luto que foi dividido em quatro fases pelo estudioso John Bowlby:

    1) Fase de entorpecimento: dura de algumas horas a uma semana, onde os sentimentos

    predominantes so: a raiva, a tenso e a apreenso.

    2) Fase de anseio e busca pela figura perdida: a pessoa comea a vivenciar a realidade

    da perda. So frequentes o desnimo intenso, aflio e choros, ao mesmo tempo podem

    surgir inquietao, exploses de raiva, insnia.

  • 19

    3) Fase de desorganizao e desespero: nessa etapa a pessoa tenta se ajustar perda.

    4) Fase de maior ou menor grau de reorganizao: se houver elaborao positiva do luto

    inicia-se a aceitao de que a perda permanente e que o momento de reconstruir a vida.

    Entretanto, a sequncia, durao e enfrentamento dessas fases podem variar para

    cada indivduo. Por exemplo, uma mulher que acaba de receber a notcia de que seu marido

    faleceu vivencia diretamente a fase de anseio e busca pela figura perdida (segunda etapa)

    ao invs de enfrentar a fase de entorpecimento que elencada como a primeira etapa.

    Sensaes fsicas, muitas vezes, sentidas aps a perda

    Vazio no estmago, aperto no peito, n na garganta, hipersensibilidade ao barulho,

    sensao de despersonalizao, falta de ar (respirao curta), fraqueza muscular, falta de

    energia e boca seca.

    Comportamentos que podem ser comuns aps a perda

    Distrbios de sono, distrbios do apetite, comportamento areo, isolamento social, sonhos

    com a pessoa que morreu, evitar lembranas do falecido, procurar e chamar pela pessoa,

    suspiros, hiperatividade, choro, visitar lugares e carregar objetos que lembrem o falecido.

    Quanto tempo dura o luto?

    Aps a morte de algum que prezamos, muitas vezes, nos perguntamos quanto tempo esse

    perodo de luto ir durar. No existe uma resposta conclusiva e impossvel definir uma

    data precisa para o processo de luto. Alm disso, a cada estao, feriado, datas

    comemorativas, como o aniversrio da pessoa que faleceu, h o reaparecimento do

    sentimento de perda.

    A durao tambm depende de alguns fatores:

    a) Qualidade da relao se havia um companheirismo, cumplicidade e convivncia muito

    grande com a pessoa que faleceu pode ser que demore mais se compararmos a outra com

    quem nossa relao no era to estreita.

    b) Maneira como ocorreu a morte existem mortes repentinas, como acidente de carro ,

    assassinatos, e outras, como o cncer em estgio terminal em que a morte anunciada.

    O que pode ajudar a superar o luto?

    O sentimento de perda traz consigo muito sofrimento, por isso muito importante procurar

    ajuda para enfrentar esse perodo e evitar o luto complicado. Seguem alguns recursos que

    podem auxiliar na superao do luto:

  • 20

    Rede de suporte social no perodo de luto importante o apoio de pessoas com

    quem o enlutado possa partilhar o sofrimento.

    Descobrir novos potenciais e reencontrar o sentido na vida.

    Ncleos de convivncia e Universidades Abertas para a Terceira Idade a participao

    nesses tipos de servios voltados aos idosos contribui para um maior contato com

    outras pessoas e melhora do bem-estar psicolgico.

    Psicoterapia de luto possibilita alvio do sofrimento; adaptao nova situao;

    elevao ou auto regulao da autoestima; considerao de projetos para o futuro.

    Grupos de apoio para enlutados- o objetivo desses grupos oferecer apoio e

    facilitar a elaborao do luto.

    Religiosidade ou desenvolvimento da Espiritualidade.

    A morte no a maior perda da vida. A maior perda da vida o que morre dentro

    de ns enquanto vivemos. Pablo Picasso.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    1. BOSI, E. Memria e sociedade. 4. ed. So Paulo: Companhia das Letras, 1994.

    2. NERI, Anita Liberalesso. Qualidade de vida e idade madura. So Paulo: Papirus,

    2002.

    3. ______. Envelhecer num pas jovem. So Paulo: Papirus, 1991.

    4. SHEEHY, G. Novas passagens: um roteiro para a vida inteira. Rio de Janeiro:

    Rocco, 2002.

    5. TERRA, Newton Luiz; RODRIGUES, Nara Costa. Gerontologia social. Porto

    Alegre: EDIPUCRS - PUC RS, 2006.

    6. CHOPRA, Deepak. Corpo sem idade, mente sem fronteiras: a alternativa quntica

    para o envelhecimento. 6. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.