ascite e punção abdominal diagnóstica dr.ricardo vasconcelos
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Ascite e punção abdominal diagnóstica
Dr.Ricardo Vasconcelos
ASCITE
O que é?
Acumulação patológica de fluido na cavidade peritoneal
Compartimento supracólico
Saco menor
Compartimento infracólico
A cavidade peritoneal, normalmente, contém ~100 ml de líquido A partir de 500 mL de líquido acumulado é clinicamente detectável
O líquido peritoneal: é um transudado e tem um turnover de 50% por hora é produzido pelos capilares viscerais é drenado pelas vias linfáticas diafragmáticas
ASCITE: Grau 1: detectada apenas por ecografia
Grau 2: abdómen de batráquio (dilatação dos flancos, com o doente em decúbito dorsal) e sinal da macicez variável, ao exame físico
Grau 3: diretamente visível, confirmada pelo sinal da onda ascítica
ascite
ASCITEPatogênese
1. Aumento da pressão hidrostática
2. Diminuição da pressão osmótica coloidal
3. Saída de fluidos para a cavidade peritoneal
4. Aumento da permeabilidade dos capilares peritoneais
Doença Hepática Cirrose Hepatite alcoólica Insuficiência hepática fulminante Metástases hepáticas
Obstrução da veia porta
Congestão Hepática Síndrome de Budd-Chiari Doença veno-oclusiva Pericardite constritiva Insuficiência tricúspide Insuficiência cardíaca congestiva
1. Aumento da Pressão Hidrostática
2. Diminuição da pressão osmótica coloidal
Síndrome Nefrótica
Enteropatia
desnutrição com anasarca
3. Saída de fluidos para a cavidade peritoneal
Ascite quilosa
Ascite pancreática
Ascite biliar
Ascite quilosa
Presença de linfa na cavidade peritoneal
Fisiopatologia
Obstrução dos canais linfáticos na base do mesentério dilatação vasos linfáticos saída de linfa para a cavidade peritoneal
Passagem de linfa através de uma fístula nos vasos linfáticos
Passagem de linfa através das paredes dos vasos linfáticos retroperitoneais sem fistula visível ou obstrução do ducto linfático
Patogénese
Maligna Traumatismo operatório Cirrose Tuberculose Pancreatite
Ascite pancreática
Presença de secreções pancreáticas na cavidade peritoneal
Fisiopatologia Extravasamento crónico de pseudocisto
pancreático Ruptura de um ducto pancreático
Patogénese Adultos pancreatite alcoólica Crianças pancreatite traumática
Ascite biliar
Presença de bile na cavidade peritoneal
Etiologia
complicações cirúrgicas do tracto biliar
biópsia percutânea do fígado
traumatismo abdominal
4. Aumento da permeabilidade dos capilares peritoneais
Infecções
Peritonite bacteriana Peritonite tuberculosa
Neoplasias do Peritoneo e Retroperitoneo
Carcinomatose peritoneal Mesotelioma primário Pseudomixoma peritoneal
Peritonite
Primária Secundária
Ausência de perfuração do TGI Presença de perfuração do TGI
Bactérias ChlamydiaFungos
Polimicrobiana
Peritonite Bacteriana Primária (espontânea)
Disseminação bacteriana hematogenica
Ocasionalmente, infecção transluminal ou direta da cavidade peritoneal
Presença de neutrófilos no líquido ascítico
Mais frequente em doentes com ascite provocada por cirrose ou outra doença hepática avançada e doença renal
Exame Objetivo Febre Dor abdominal Distensão abdominal Evidência de choque séptico
Alto grau de recorrência na cirrose e doença renal
Peritonite Tuberculosa
Reativação de um foco peritoneal latente, derivado da disseminação hematogénea
Exame Objectivo
Aumento do volume abdominal devido a ascite sintoma mais comum Febre Sudorese noturna Dor abdominal Alteração do trânsito intestinal Perda de peso
da susceptibilidade nos imunodeprimidos
Carcinomatose Peritoneal
Segunda causa mais frequente de ascite
Responsável por 2/3 das ascites de causa maligna
Resultante da disseminação de adenocarcinomas do ovário, útero, pâncreas, vias biliares, estômago, cólon, pulmões ou mama
Pode ocorrer como consequência de cirurgia sementeira peritoneal
Mau prognóstico impossibilidade de ressecção cirurgica completa
Tratamento quimioterapia
MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO
Paracentese abdominal
Imagiologia
Radiografia abdominal simples Ecografia abdominal TAC
Laparoscopia
Meios complementares de diagnóstico
Paracentese abdominal
Punção do abdómen com uma agulha para a extração de líquido
Pode ser diagnóstica ou terapêutica
É o método mais rápido e eficaz para determinar a etiologia de ascite
Deve ser efetuada em todos os doentes com ascite
Contra-indicações:
Coagulopatias Diagnóstico ja definido
Sítio de punção:
quadrante inferior esquerdo entre a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca antero-superior
linha Alba 3 a 4 cm abaixo da cicatriz umbilical
Paracentese abdominal
Líquido ascítico:
Aspecto macroscópico
Conteúdo proteico
Contagem total e diferencial de células
Coloração Gram e para bacilos álcool-ácido resistentes
Cultura
Exame citológico
Paracentese abdominal
Aspecto macroscópico
Cor de palha, tinto de bile, transparente ► Cirrose
Turvo ► Infecção
Sanguinolento ► Paracentese traumática ► Ascite maligna
Leitoso ► Ascite quilosa
Castanho ► Perfuração de úlcera duodenal ► Ruptura da vesícula biliar
Paracentese abdominal
Conteúdo proteico:
Proteína total:
Transudado ► densidade inferior a 1,016 ► menos de 25g/L de proteína ► Peritoneo Normal
Exsudado ► mais de 25g/L de proteína ► Peritoneo Doente (Infecção ou Tumor)
Nota: A concentração de amílase no líquido ascítico é sugestiva de ascite pancreática ou perfuração intestinal
Paracentese abdominal
Contagem total e diferencial de células
<500 leucócitos/μL e <250 PMN’s/μL ►Normal
>250 PMN’s/μL ► processo inflamatório agudo ► peritonite bacteriana
► iniciar tratamento empírico com antibiótico de largo espectro
Leucocitose com predomínio linfocitário ▼
Tuberculose Peritoneal Carcinomatose
Paracentese abdominal
Cultura e coloração de Gram:
inoculação de frascos de hemocultura com líquido ascítico junto ao leito
▼↑ sensibilidade para detectar peritonite
bacteriana
Paracentese abdominal
Entidade Asp. Mac. Prot. g/L SAAG g/dL
Erit.>10000/µL
Leuc. por µL Outros ex
Cirrose Cor de palha ou tinto bile <25 >1,1 1% <250
NeoplasiaCor de palha, hemorrágico, mucinoso ou
quiloso
>25 <1,1 20% >1000 Citologia, bloco de cél., biópsia peritoneal
Peritonite tuberculosa
Claro, turvo, hemorrágico,
quiloso>25 <1,1 7% >1000 (+
linfócitos)
Biópsia peritoneal, coloração e cultura p/
bacilos
Peritonite piogénica
Turvo ou purulento
>25 (purulento) <1,1 Pouco
comum PMN Coloração de Gram e cultura+
I.C.C. Cor de palha 15 a 53 >1,1 10% <1000
Nefrose Cor de palha ou quiloso <25 <1,1 Pouco
comum <250Extracção c/ éter,
coloração por sudão (qdo quiloso)
Ascite pancreática
Turvo, hemorrágico ou
quiloso>25 <1,1 Variável Variável Amilase
Paracentese abdominal
fim
Conteúdo proteico:
Albumina:SAAG (gradiente de albumina soro-ascite)Correlação directa com a pressão portal
Alto gradiente ► valor igual ou superior a 1,1g/dL ► Hipertensão Portal
Baixo gradiente ► valor inferior a 1,1g/dL ► Sem Hipertensão Portal
Paracentese abdominal
Alto gradiente (≥1,1g/dL) Baixo gradiente (<1,1g/dL)Cirrose Carcinomatose peritoneal
Hepatite alcoólica Peritonite tuberculosa
Ascite cardíaca Ascite pancreática
Metástases hepáticas Ascite biliar
Falência hepática fulminante Síndrome nefrótico
Síndrome de Budd-Chiari Fuga linfática pós-operatória
Trombose da veia porta Serose em doenças do tecido conjuntivo
Mixedema
Paracentese abdominal