[artigo]seis_linhas_do_sorriso

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  • 8/7/2019 [ARTIGO]Seis_linhas_do_sorriso

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    Ar t i g o i n d i t o

    Dental Press J. Orthod. 118 v. 15, no. 1, p. 118-131, Jan./Feb. 2010

    Esttica em Ortodontia: seis linhas

    horizontais do sorriso

    Carlos Alexandre Cmara*

    Introduo: a anlise do sorriso uma importante etapa para o diagnstico, planejamento,tratamento e prognstico de qualquer tratamento odontolgico envolvido com objetivos est-ticos. A avaliao das caractersticas intrnsecas do sorriso um procedimento necessrio para

    que se possa atuar de orma consistente nos tratamentos ortodnticos, necessitando para issoque sejam reconhecidos os componentes e os atores que intererem nessas caractersticas.Objetivo: o objetivo desse trabalho apresentar seis linhas horizontais do sorriso e a sua im-portncia para a obteno de resultados desejados nos tratamentos ortodnticos. Concluso:a anlise das seis linhas horizontais do sorriso acilita o entendimento das caractersticas in-trnsecas que intererem na esttica bucal. Alm disso, a harmonizao dessas linhas traz paracada prossional uma maior chance de sucesso nos seus tratamentos que incluam objetivosestticos.

    Resumo

    Palavras-chave: Ortodontia. Esttica em Ortodontia. Esttica dentria. Esttica bucal. Sorriso.

    * Especialista em Ortodontia (FO-UERJ). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

    INTRODUOA obteno de um sorriso bonito sempre o

    objetivo principal de qualquer tratamento estti-co odontolgico. Anal, a beleza do sorriso quear a dierena entre o resultado esttico aceit-vel ou agradvel em qualquer tratamento. Entre-tanto, apesar da sua importncia, as caractersticasintrnsecas desse so pouco discutidas. Muito seala das consequncias clnicas dos procedimentosodontolgicos sobre o sorriso, mas pouco se avaliaas suas caractersticas intrnsecas. Caractersticas

    essas que algumas vezes podem ser alteradas eoutras no, pois so partes integrantes do prprioindivduo, e a Odontologia no tem alcance sobreelas, restando apenas a sua avaliao.

    Avaliar o belo sempre subjetivo. No entanto,

    necessitamos de erramentas adequadas para suprira diculdade dessa subjetividade. Na Ortodontia,no suciente apenas perceber o que interere nosorriso, necessrio diagnosticar o que se encontraora da normalidade, para que se possa estabelecerum plano de tratamento. Assim como nos proble-mas uncionais seguimos condutas que nos levamao diagnstico das anomalias, os problemas est-ticos tambm necessitam de parmetros para queencontremos os deeitos. Na busca da visualizaode problemas, vrias regras e suposies so criadas,

    levando algumas vezes subestimao de deeitosou supervalorizao de regras, criando paradig-mas que no so sustentados por dados cientcoscomprovados. A prpria essncia da OdontologiaEsttica, que envolve critrios artsticos, contribui

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    para esse ato. O uso de mecanismos simples e con-veis pode, se no eliminar os erros de conduta,melhorar as possibilidades de acerto.

    Algumas erramentas podem ser utilizadaspara tal propsito. O Diagrama de Reerncias Es-tticas Dentrias (DRED) um meio auxiliar dediagnstico que se presta adequadamente a essem. Esse diagrama constitudo de seis caixasque englobam os incisivos e caninos superiores; eos seus limites iro ser especcos para cada ree-rncia esttica. A sua nalidade dar uma nooexata dos posicionamentos e propores que osdentes guardam entre si e tambm a relao des-

    ses com a gengiva e os lbios5

    . Concebido original-mente para auxiliar a viso dos dentes anterioressuperiores, o DRED, acrescido de novas inorma-es, cria condies para uma avaliao objetivado sorriso, acilitando o diagnstico e prognsticoesttico. Portanto, ser o objetivo desse trabalhoapresentar as novas caractersticas do DRED e asua participao nas seis linhas horizontais dosorriso, que iro auxiliar de orma muito prticao diagnstico, tratamento e prognstico da est-tica bucal.

    DIAGRAMA DE REFERNCIAS ESTTICASDENTRIAS - DRED(novas caractersticas)

    O Diagrama de Reerncias Estticas Dent-rias (DRED) oi criado para acilitar a visualizaodos dentes anteriores superiores, sugerindo o quedeve ser criado ou alcanado com esses dentes,

    objetivando a melhor esttica dentria. A nali-dade desse diagrama dar uma noo exata dosposicionamentos e propores que os dentes guar-dam entre si, e tambm a relao desses com agengiva e os lbios, numa vista rontal. Como j oidito, esse diagrama constitudo de seis caixas queenglobam os incisivos e caninos superiores; e osseus limites iro ser especcos para cada reern-cia dentria. Cada caixa engloba o seu respectivodente, obedecendo os seus limites (Fig. 1). Emboraessas caixas possam servir de reerncia nos vriosplanos de observao, o DRED avaliado em umavista de 90 com relao ao plano rontal, ou seja,

    perpendicular a esse plano. A sua utilizao acilitao planejamento e a visualizao do melhor posi-cionamento esttico dos dentes anteriores, sendoo seu objetivo ornecer inormaes que auxiliamnas suas reorganizaes e reestruturaes, quandoesses dentes necessitam ser reposicionados e/ourestaurados. Entretanto, embora a concepo ori-ginal do DRED sirva para auxiliar de orma muitoprtica a avaliao da esttica bucal, algumas ree-rncias de estruturas dentrias, gengivais e labiaispodem ser acrescentadas no seu ormato, melho-

    rando e acilitando a visualizao do sorriso.No seu ormato original, o DRED az reern-

    cia aos znites gengivais, que so os pontos maisapicais do contorno gengival. Na presente reava-liao sero acrescentadas as localizaes das ex-tremidades das papilas gengivais (pontas da papi-las) e enatizados os pontos de contato (Fig. 2).

    FIGURA 1 - Diagrama de Reerncias Estticas Dentrias (DRED). FIGURA 2 - DRED com novos pontos de reerncia: pontos de contato epontas das papilas gengivais.

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    avaliativa. A variao da altura cervical dos dentesestar sujeita s condies periodontais de cadadente, assim como o tamanho dentrio, as suasinclinaes, o padro eruptivo e a inclinao doplano oclusal.

    LINHA INCISALA linha incisal segue as bordas dos dentes ante-

    rossuperiores. O ideal que nos pacientes jovens,em uma vista rontal, as bordas incisais do incisi-vos centrais estejam abaixo das bordas dos incisivoslaterais e caninos. Nessa congurao, a orma dalinha incisal lembra o desenho de um prato undo

    (Fig. 9). A alterao do posicionamento das bordasincisais modica esse desenho. Quando a incisaldos incisivos centrais no mais estiver abaixo doslaterais, haver uma alterao do desenho, passandoesse a ser chamado de prato raso ou, dependendo

    da relao, prato invertido. Normalmente, a con-gurao da linha incisal est relacionada com a ida-de. Desgastes dos incisivos centrais ocorrem com otempo, levando a essas alteraes. Entretanto, nos as alteraes causadas por desgastes aetam o de-senho da linha incisal. Assim como a linha cervical,

    FIGURA 6 - Forma plana da linha cervical. FIGURA 7 - Forma cncava da l inha cervical.

    FIGURA 5 - Forma convexa da l inha cervical.

    FIGURA 8 - Linha cervical assimtrica. FIGURA 9 - Linha incisal com orma de prato undo.

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    o tamanho dos dentes, inclinaes dentrias, ato-res eruptivos e inclinao do plano oclusal tambmpodem alterar o desenho. O termo mais utilizadoquando a linha incisal orma um prato invertido o sorriso invertido. A linha passa a ser cncava emrelao ao plano oclusal rontal, dando uma apa-rncia envelhecida e antiesttica. A classicao dalinha incisal tambm pode utilizar a nomenclaturacncava (prato invertido), plana (prato raso) econvexa (prato undo). Outros termos bastanteutilizados para descrever a linha incisal so: arcodo sorriso25, curvatura incisal6 e asa de gaivota16.

    LINHA DOS PONTOS DE CONTATOO contato interdentrio dos dentes anteros-superiores eito de orma descendente a par-tir do canino. O contato entre canino e incisivolateral se posiciona mais alto do que o contatoentre o incisivo lateral e o central; o contato en-tre os incisivos centrais se posiciona mais baixoainda. Esses pontos de contatos devem ser justos,a menos que exista uma discrepncia no dime-tro mesiodistal da coroa2. A posio do contatointerdentrio est relacionada posio e mor-

    ologia do dente16. Sendo assim, a linha que uneesses pontos ser paralela linha incisal, quan-do no houver uma discrepncia entre tamanho,ormato e angulao dos dentes anteriores. Em-bora exista um ponto de contato toda vez queum dente encosta no outro, o ideal quando essecontato acontece em uma rea mais larga do queum ponto, ormando um espao conector. Osespaos conectores so as reas onde os dentesparecem se tocar. Como ser visto adiante, esseato repercute avoravelmente na esttica dent-

    ria. Para ns prticos, quando o contato dentriose der em uma rea ao invs de um ponto, consi-deraremos o local mais apical como a reernciapara o ponto de contato (Fig. 10).

    LINHA PAPILARA linha papilar ormada pelas pontas das pa-

    pilas gengivais que cam entre caninos e incisivos

    laterais superiores e incisivos laterais e incisivos

    centrais superiores. No existem estudos que ava-liaram a altura padronizada dessa relao. Em ou-tras palavras, no existe denio de um modeloideal da relao entre a altura das papilas. Entre-tanto, baseado em trabalhos que zeram a avalia-o da altura ideal nos incisivos centrais e a relaoque a altura da ponta das papilas tem com o po-sicionamento e o tamanho dos dentes13,27, pode-sededuzir que uma linha ideal seria paralela linhaormada pelos pontos de contato. Explicando me-lhor, segundo o trabalho de Kurth e Kokich13, a

    papila nos incisivos centrais superiores preenchemetade do tamanho desses dentes, quando emcondies normais. Sendo assim, seria de se espe-rar que esse padro se repetisse para incisivos la-terais e caninos. Como o incisivos laterais so me-nores do que os incisivos centrais, e a papila devepreencher a metade da altura da sua coroa, a po-sio da papila entre incisivo central e lateral devecar apical dos incisivos centrais, assim como apapila do incisivo lateral e canino (Fig. 11).

    Faixa dos conectoresO local onde os dentes anteriores parecem se

    tocar chamado de espao conector. Como ditoanteriormente, existe uma dierena entre o espaoconector e ponto de contato. Os pontos de contatoso pequenas reas onde os dentes se encostam.Os conectores so mais largos, amplos e podemser denidos como zonas em que dois dentes

    FIGURA 10 - Linha dos pontos de contato. Essa linha deve guardar umcerto paralelismo com a linha incisal.

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    adjacentes parecem se tocar. A melhor relao es-ttica dos dentes anteriores a que segue a regrado espao conector 50-40-3019. Essa regra dene

    que o espao conector entre os incisivos centraisseja de 50% do tamanho desse dentes. O espaoconector ideal entre o incisivo central e o lateral 40% do comprimento dos incisivos centrais e o es-pao conector entre incisivo lateral e canino 30%da mesma reerncia. Embora Morley e Eubank19no tenham denido os pontos reerenciais paraa determinao do espao conector, pode-se criaressas reerncias a partir dos pontos de contato epapila gengival. Portanto, toda vez que no existirespao negro ou diastema entre dois dentes, sen-

    do esse preenchido pela papila gengival, a rea dosconectores ser delimitada pela ponta das papilase os pontos de contato. Sendo assim, utilizando alinha das papilas e a linha dos pontos de contatocomo reerncia, teremos uma aixa que se cha-mar aixa dos conectores. O desenho dessa aixalembra a orma de uma asa delta (Fig. 12). Peque-nas alteraes nessa aixa podem azer dierena na

    esttica dentria. O recontorno dentrio pode au-mentar ou diminuir o espao conector, dando umamelhor congurao dessa aixa (Fig. 13).

    Aplicao clnicaA avaliao clnica do DRED com as quatro li-

    nhas e a aixa de conectores permitir a utilizaode um check list que poder detectar os erros deposies dentrias e as suas relaes com a gengiva.Com a observao do ormato de cada linha, cria-seum planejamento que ter como oco a correodos deeitos, a harmonizao das linhas e a posterioravaliao dos resultados conseguidos. Essa avaliaoacilita o diagnstico e torna mais cil e prtica a

    deteco de problemas para todos os prossionaisque tratam de problemas estticos (Fig. 14).

    Anlise labialAlm dos dentes, o DRED tambm envolve

    os lbios. Com a avaliao labial, chega-se s seislinhas horizontais do sorriso, isto , alm das qua-tro linhas dentogengivais, somam-se as linhas dos

    FIGURA 11 - Linha papilar. Representa a ponta das papilas gengivais. FIGURA 12 - Faixa dos conectores. Essa aixa delimitada pelas linhasdos pontos de contato e linha papilar. O desenho da aixa lembra a ormade uma asa delta.

    FIGURA 13 - Proporo desavorvel da aixa de conectores 30-40-30-40-30 (A). Um simples recontorno com acrscimo de resina composta entre osincisivos centrais proporcionou a ormao de uma aixa de conectores avorvel: 30-40-50-40-30 (B).

    A B

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    Esttica em Ortodontia: seis linhas horizontais do sorriso

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    lbios superior e inerior. Tanto o lbio superiorquanto o inerior intererem de orma marcante nabeleza do sorriso. Individualmente, cada lbio irinfuenciar no conjunto dentolabial e, juntos, irocriar desenhos que determinaro a exposio den-tria aparente. O aastamento labial que ocorre du-rante o sorriso permitir a exposio das estruturasdentrias e gengivais durante esse ato. Esse aasta-mento pode ser chamado de descortinamento la-bial, uma vez que ser esse descortinamento que

    dar a oportunidade aos trabalhos odontolgicosestticos serem mostrados (Fig. 15). O descortina-mento labial o que proporciona a avaliao da re-lao da esttica branca (dentes) e rsea (gengiva)entre si e com os lbios. A relao tridimensionalque essas estruturas guardam umas com as outras o que causar ou no o eeito de agradabilidade.

    Esse conceito undamental, pois leva ne-cessidade de se conhecer uma srie de atores queinfuenciam esse descortinamento. A maior ou me-nor exposio dentria ser infuenciada pelo des-cortinamento labial e todos os atores intrnsecos aele, como a sua ormao, estgios, ases e envolvi-mento labial. Sendo assim, antes de iniciar a avalia-o das linhas dos lbios superior e inerior, seromostrados os atores que intererem no sorriso.

    Formao do sorrisoO sorriso pode ser denido como uma mudana

    na expresso acial, que envolve o brilho dos olhos,uma curvatura superior dos cantos dos lbios, a noemisso de som e menos distoro das ormas dosmsculos do que uma risada12. Inicia-se nas comis-suras e se estende lateralmente; os lbios inicial-mente podem permanecer em contato, exceto naspessoas que apresentam ausncia de selamento la-bial passivo ou lbio superior curto. medida que

    o sorriso se expande, os lbios se separam, as comis-suras curvam-se para cima e os dentes so expos-tos. Os maxilares so separados e desenvolve-se umespao negro entre os dentes ineriores e superioresque conhecido como espao negativo18. No sorri-so, a altura do lbio superior diminui e a largura daboca aumenta numa variao de 23% a 28% comrelao ao lbio em repouso26.

    FIGURA 14 - CHECK LIST Linha cervical: cncava (acentuada) e assimtrica. Linha incisal: orma de prato undo invertido (cncava) e assimtrica.Faixa de conectores: 30% (13/12) 20% (12/11) 40% (11/21) 20% (21-22) 20% (22/23) (A). CHECK LIST Linha cervical: cncava (suave) e simtrica.Linha incisal: orma da prato undo (convexa) e simtrica. Faixa de conectores: 30% (13/12) 35% (12/11) 40% (11/21) 35% (21/22) 30% (22/23) (B).

    FIGURA 15 - Descortinamento labial.

    REA DE EXPOSIO DENTRIA

    A B

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    No se deve superestimar a simetria da ativi-dade muscular. Em pessoas normais, observa-seuma variabilidade individual da uno motorana comparao lado a lado em um mesmo indi-vduo. Medies combinadas tanto da mobilidadeda pele ou quanto da atividade muscular indicamque, na ace humana, existe em mdia uma assi-metria de 6% entre os lados4.

    Estgios do sorrisoNa anlise do sorriso deve-se observar os seus

    estgios. Na sua ormao existem dois estgios: oprimeiro (sorriso voluntrio) eleva o lbio superior

    em direo ao sulco nasolabial pela contrao dosmsculos elevadores que se originam neste sulcoe tm insero no lbio. Os eixes mediais elevamo lbio na regio dos dentes anteriores e os late-rais na regio dos dentes posteriores. O lbio entoencontra resistncia devido ao tecido adiposo dasbochechas. O segundo estgio (sorriso espontneo)inicia-se com maior elevao tanto do lbio comodo sulco nasolabial sob a ao de trs grupos mus-culares: o elevador do lbio superior, com origemna regio inraorbital; o msculo zigomtico maior

    e as bras superiores do bucinador23. A aparnciade olhos semicerrados deve acompanhar o est-gio nal e representa a contrao da musculaturaperiocular (msculos orbiculares dos olhos) para

    apoiar a elevao mxima do lbio superior atra-vs da prega nasolabial. O olhar semicerrado queacompanha o sorriso mximo um gatilho mus-cular da ace que ativa os centros cerebrais na re-gio temporal anterior que regula a produo dasemoes agradveis. Assim, sem essa ao nal desemicerramento dos olhos, o sorriso perceptvel deelicidade, provavelmente um also sorriso semalegria da pessoa que est sorrindo9 (Fig. 16).

    Fases do sorrisoAlm dos estgios, o sorriso segue ases. Essas

    ases se do em trs etapas. A primeira chamada

    ase inicial de pico, que corresponde ao perodoem que os lbios saem de uma posio neutra ata posio de mxima contrao dos lbios duranteo sorriso espontneo. Nessa ase, a largura da bocaaumenta e a altura do lbio diminui, as comissurasse movem para cima e para o lado nas mesmaspropores, sendo que a direo do movimentodesses pontos apresenta grande variabilidade entreos indivduos. Essa a ase mais curta do ciclo eleva em mdia menos de 0,5 segundos. A segundaase a de sustentao labial. nessa ase que o

    sorriso se mantm dependente do estmulo. A du-rao dessa ase muito varivel porque dependeda vontade de cada indivduo. A ltima ase ade declnio, na qual os lbios voltam a se echar. A

    FIGURA 16. Posio de repouso (A). Primeiro estgio do sorriso Sorriso social (B). Segundo estgio do sorriso Sorriso espontneo. Notar que nesteestgio a paciente est com o olhar semicerrrado (C).

    A B C

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    de tecido gengival3,10,30. Essa dierena de opini-es leva descrio de conceitos inadequados econusos, que no ajudam na padronizao declassicaes do sorriso. Embora a maneira maissimples de classicar a linha do sorriso que o relacionamento entre os incisivos superiores eo lbio superior seja atravs da altura (baixo,mdio e alto), ainda encontram-se inadequaesna descrio dos parmetros. Por exemplo, a clas-sicao de alturas do sorriso descrita por Tjanet al.29, e utilizada por Dong et al.8, consideracomo alto todo sorriso no qual a coroa do incisivocentral superior esteja totalmente exposta. Desse

    modo, um sorriso que apresente uma aixa de te-cido gengival de apenas 1mm vai receber a mes-ma classicao de um sorriso que apresente, porexemplo, 5mm de exposio de tecido gengival.O mesmo pode ser dito sobre a classicao des-crita por Teo28, que classica como Classe I todosos sorrisos nos quais a ace vestibular do incisivoest totalmente exposta, independentemente daquantidade de tecido gengival aparente. De or-ma anloga, a classicao do sorriso quando olbio superior no expe os incisivos superiores

    tambm conusa na descrio de alguns auto-res3,11. Na classicao de Goldstein11, um sorrisoque apresente o lbio superior cobrindo apenas1mm da coroa do incisivo central superior vai re-ceber a mesma classicao de um que apresente,por exemplo, o lbio superior cobrindo mais quea metade ou at mesmo toda a coroa do incisivocentral superior.

    Como j oi dito, o ideal que a altura da li-nha do sorriso seja classicada usando-se comoreerncia o relacionamento entre a borda inerior

    do lbio superior e a margem gengival do incisivocentral superior. No entanto, deve ser estabele-cido um limite de 2mm acima e abaixo da mar-gem gengival, sendo estabelecidas as trs classesde altura do sorriso: alto, mdio e baixo (Fig. 17).Sendo assim, um ponto que pode ser considera-do positivo que, com uma dierena de 4mm,a dierenciao de sorrisos altos e baixos, que so

    os que normalmente motivam o paciente a procu-rar tratamento, acilitada clinicamente21. Almdisso, cria-se uma dierenciao numrica entre asalturas, acilitando a mensurao da classicao.

    A altura do sorriso infuenciada pela idade epelo gnero. Quanto mais velho o indivduo, maiora tendncia para que apresente o tipo baixo7. Essainormao se torna clinicamente relevante, umavez que sorrisos altos tendem a se tornar mdioscom a idade, e os sorrisos baixos tornam-se cadavez mais baixos. Em outras palavras, existe umapossibilidade de autocorreo para os sorrisosgengivais com o passar do tempo, o mesmo no

    acontecendo com os sorrisos baixos.O gnero tambm parece infuenciar na alturado sorriso. Embora no existam muitos estudos arespeito do assunto, o trabalho de Puppin21 mostraque existe uma maior tendncia para as mulheresapresentarem a linha do sorriso mdia (55,9%) ealta (37,7%), e os homens a mdia (54%) e bai-xa (23,8%). Esses achados so semelhantes aosvalores encontrados no trabalho de Peck, Peck eKataja20, que tambm observaram que os sorrisosmdios (52,2%) e altos (32,5%) so mais comuns

    nas mulheres, e os sorrisos mdios (48%) e baixos(33%) nos homens.

    A linha do sorriso pode ser considerada comoator determinante na avaliao da esttica bu-cal. Os resultados estticos dos tratamentos or-todnticos sempre guardam uma orte relaocom essa linha. No incomum a nalizao de

    FIGURA 17 - Sorriso Alto (A); Sorriso Mdio (B) e Sorriso Baixo (C).

    ASorriso Alto

    B

    Sorriso Mdio

    C

    Sorriso Baixo

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    Esttica em Ortodontia: seis linhas horizontais do sorriso

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    tratamentos ortodnticos ser comprometida pelaaltura do sorriso. Tanto o sorriso alto quanto obaixo podem comprometer os resultados. Essetalvez seja o grande desao da Ortodontia con-tempornea na busca da excelncia. A integraoentre as especialidades odontolgicas precisar serampliada tambm para reas mdicas que possamintererir positivamente na soluo de problemasestticos bucais que estejam comprometidos pelainfuncia negativa da linha do sorriso (em outraspalavras, pela atuao da linha do lbio superior).Intervenes mdicas e odontolgicas que sejamcapazes de corrigir a infuncia labial negativa se-

    ro sempre bem-vindas. Essa atuao integrada deequipes prossionais trar novas possibilidades naobteno de melhores resultados, ampliando aspossibilidades de tratamento, criando, talvez, umamaior demanda para a soluo de problemas queenvolvem a esttica bucal, acial e dentria.

    LINHA DO LBIO INFERIOREmbora a infuncia do lbio inerior no sorriso

    seja menos estudada do que a do lbio superior,ela no menos importante. o conjunto orma-

    do pelos lbios superior e inerior que ir propor-cionar o descortinamento labial.

    Em geral, a orma do lbio inerior e as bor-das incisais dos dentes anteriores superiores e in-eriores que criam um arranjo agradvel ou desa-gradvel do sorriso25. O importante que o planoincisal superior e a orma do lbio inerior mante-nham uma relao harmoniosa30. Essa harmonia representada pelo paralelismo do arco ormadopelas bordas incisais e oclusais dos dentes superio-res com a borda superior do lbio inerior.

    Deve haver uma harmonia entre a curvatura daborda incisal dos dentes anterossuperiores com acurvatura da borda superior do lbio inerior duran-te o sorriso voluntrio11. Esse relacionamento entreas bordas incisais de caninos e incisivos superiorescom o lbio inerior chamado de arco do sorri-so10,24. O ideal que a curvatura das incisais quemparalelas ao lbio inerior e as incisais ligeiramente

    aastadas ou tocando levemente o lbio. Entretanto,isso s possvel quando o lbio inerior cria umacurvatura natural, com os cantos da boca voltadospara cima e as bordas incisais acompanham essacurvatura. Em outras palavras, para que um eei-to agradvel seja possvel, necessrio que as es-truturas dentrias e labiais estejam simtricas. Ouseja, caso os lbios ou dentes limitem o paralelismoentre si, o arco do sorriso no ser possvel. A assi-metria labial tambm um ator limitante para essaharmonia entre dentes e lbios.

    Como j oi dito, o ideal ou desejvel quea linha ormada pelas bordas incisais dos dentes

    anteriores crie uma orma de prato undo, ondeos incisivos centrais se posicionem mais inerior-mente aos incisivos laterais e caninos, e que semantenham em harmonia com as outras linhas dosorriso5 (Fig. 18).

    Essa congurao varia com a idade: conormea idade avana, a orma de prato undo vai se al-terando, dando lugar a uma nova orma de pratoraso ou de prato invertido. Isto , a linha que con-torna a borda incisal vai se tornando mais plana oucncava. O desgaste das bordas incisais, com o tem-

    po, cria essas novas ormas. O conhecimento dessascaractersticas cria a possibilidade de rejuvenescerou envelhecer o sorriso. A alterao das ormas doprato possibilitar esse eeito5 (Fig. 19).

    FIGURA 18 - O posicionamento vertical dos incisivos e caninos superio-res orma uma curvatura, cuja linha que contorna essa relao lembraum desenho de prato undo.

    Arco do Sorriso

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    Dental Press J. Orthod. 129 v. 15, no. 1, p. 118-131, Jan./Feb. 2010

    Deve car claro que a relao ideal de para-lelismo entre dentes superiores e lbio inerior ditada pelo lbio. O padro de contrao dos l-bios ineriores e a sua relao com os dentes bemmenos uniorme do que nos lbios superiores. En-quanto na relao do lbio superior com os dentessuperiores pode-se estabelecer trs posies de-nidas em relao linha do sorriso (alta, mdiae baixa), com o lbio inerior isso no possvel.A prpria dinmica do sorriso complica essa ava-liao. A possibilidade do indivduo abrir mais oumenos a boca diculta uma avaliao padronizada.Algumas vezes os dentes superiores podem tocar

    o lbio inerior (posio contativa), outras vezesmanterem-se aastados (posio no-contativa) eoutras serem cobertos pelo lbio (posio cober-ta)10. Essa situao pode variar entre indivduos eat mesmo em uma mesma pessoa, dependendoda abertura bucal. As contraes musculares do l-bio inerior tambm alteram essa relao. Mscu-los como o risrio, mentoniano, triangular e qua-drado do lbio inerior so os responsveis pelacontrao do lbio inerior e a sua maior ou me-nor ao durante o sorriso interere na contrao

    labial, assim como na simetria labial23. Variaesna contrao e intensidade dos grupos muscula-res exercem um importante papel na criao dedierentes sorrisos. Contraes vigorosas puxam o

    lbio inerior para baixo, aumentando a exposiodentria. Indivduos com grandes contraes mus-culares do lbio inerior costumam expor tambmos dentes ineriores (Fig. 20).

    Essa situao merece ateno, uma vez que asnecessidades e possibilidades do tratamento est-tico mudam de perspectiva, pois costuma-se ava-liar a relao dos lbios com os dentes superiores eno com a arcada completa. Buscar, nesses casos, oparalelismo entre a linha incisal e o lbio inerior(arco do sorriso) totalmente invivel e mostra-nos que o estabelecimento de regras e objetivosestticos levando em considerao o lbio inerior

    no possibilita padronizaes. Outra situao quetambm cria diculdades para a obteno do arcodo sorriso quando o lbio inerior contrai deorma invertida. Explicando melhor: a contraodo lbio inerior maior na regio dos caninos doque na rea dos incisivos, provavelmente por umamaior atuao do msculo risrio. Quando o l-bio superior tambm contrai dessa mesma orma,cria-se uma aparncia de espelhamento entre oslbios. Normalmente, esse contorno labial inerior acompanhado por uma linha de sorriso baixa e

    o desenho ormado pelos lbios lembra o desenhodo smbolo do innito () (Fig. 21). Esse tipo dedesenho do sorriso indica um prognstico desa-vorvel para os tratamentos da esttica bucal.

    FIGURA 19 - O reposicionamento vertical dos incisivos e caninos superiores, aps um tratamento ortocirrgico de impactao e giro da maxila, propor-cionou um melhor relacionamento das bordas incisais dos dentes anterossuperiores com o lbio inerior, criando a orma de prato undo. Essa linhaconvexa d um aspecto esttico mais agradvel e jovial.

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    Esttica em Ortodontia: seis linhas horizontais do sorriso

    Dental Press J. Orthod. 130 v. 15, no. 1, p. 118-131, Jan./Feb. 2010

    CONCLUSOO conhecimento das caractersticas intrnsecas

    do sorriso auxilia a percepo esttica desse. Saberavaliar o sorriso de cada paciente garante ao pros-sional a possibilidade de enxergar o que precisa sereito, o que pode ser eito e o que deve ser aceito.Em outras palavras, saber interpretar as nuancesdo sorriso d a cada ortodontista a oportunidade

    de atuar de orma consciente na esttica bucal dosseus pacientes, permitindo que o diagnstico este-

    ja integrado com o prognstico, dando uma visorealista dos resultados que podem ser obtidos. Nes-sa perspectiva, as seis linhas horizontais do sorrisovm ao encontro desse propsito, uma vez que aanlise dessas linhas acilita o entendimento das ca-ractersticas intrnsecas do sorriso e traz para cadaprossional uma melhor viso das suas chances desucesso. Entretanto, sabemos que, na avaliao dosorriso, no suciente a observao apenas des-sas seis linhas, muitos outros atores tambm de-vem ser levados em considerao. Corredor bucal;quantidade de dentes expostos no sorriso; anliseacial rontal, oblqua e de perl; e a relao entrea posio de repouso e ala com o sorriso so a-tores que tambm devem ser observados para ummelhor diagnstico da esttica bucal. Embora es-ses componentes no tenham sido analisados nesse

    trabalho, no devem ser ignorados, pois, junto comas seis linhas, permitiro uma ampla observao dosorriso, acilitando a sua compreenso e possibilida-des de tratamento.

    AGRADECIMENTOAdilson Torreo, Adilson Torreo Filho, Aldi-

    no Puppin, Isana lvares, Jonas Capelli Jr., Marco

    Antnio Almeida e Vera Cosendey.

    FIGURA 21 - Espelhamento da orma do lbio inerior com o lbiosuperior. Notar que a regio do lbio inerior (seta amarela) est maisprxima do lbio superior do que nas regies laterais (setas brancas). Odesenho ormado pelos lbios lembra o smbolo do infnito ().

    FIGURA 20 - Contrao excessiva do lbio inerior expondo completa-mente os incisivos ineriores.

    Enviado em: maro de 2009Revisado e aceito: dezembro de 2009

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