artigo irleide2

27

Click here to load reader

Upload: kedinhamj

Post on 30-Jun-2015

355 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ARTIGO IRLEIDE2

FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS

FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

IRLEIDE MARIA JANUARIO

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE

DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

OURICURI – PE

2010

Page 2: ARTIGO IRLEIDE2

IRLEIDE MARIA JANUARIO

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE

DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Trabalho de conclusão de curso – Artigo

Científico apresentado à Coordenação do

curso de Especialização em Psicopedagogia,

ministrado pelas Faculdades Integradas de

Patos, em cumprimento às exigências para a

obtenção do título de

Especialista. Professor Ms. Mônica Maria

Feitosa Braga Gentil

OURICURI – PE

2010

Page 3: ARTIGO IRLEIDE2

IRLEIDE MARIA JANUARIO

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE

DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

TRABALHO APROVADO EM: _________/__________/___________

NOTA:____________________________________________________

PROFESSOR(A): ___________________________________________

OURICURI – PE

2010

Page 4: ARTIGO IRLEIDE2

RESUMO: Este artigo visa apresentar uma reflexão sobre o papel que o

psicopedagogo representa diante das dificuldades de aprendizagem, bem como a

importância da Psicopedagogia em estabelecer diretrizes para sanar essas

dificuldades, ajudando a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que

a escola nos coloca, trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o

desejo de aprender.

Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem – Psicopedagogia – Construção de

conhecimento

Abstract: This article presents a reflection on the role that the psychologist is on

learning disabilities and the importance of Educational Psychology in establishing

guidelines to resolve these problems, helping to promote change, intervening before

the difficulties that the school puts us, working with balances / imbalances and

reviving the desire to learn.

Key-words: Learning disability - Educational Psychology - Construction of knowledge

Professora, graduada em Letras pela Faculdade de Formação de Professores

de Araripina – FAFOPA, pós-graduada em Psicopedagogia pelas Faculdades

Integradas de Patos – FIP.

Page 5: ARTIGO IRLEIDE2

1. INTRODUÇÃO

Este artigo visa investigar qual o papel que assume o psicopedagogo diante

das dificuldades de aprendizagem e o que poderia ser feito para abordar e minimizar

estas dificuldades. Pois, ao perceber o quanto à educação de qualidade é importante,

comecei a me interessar pela temática. Mediante tais inquietações, realizou-se uma

pesquisa bibliográfica, buscando na literatura pertinente, documentos que

promovessem a solução destes questionamentos em estudo; objetivando um

conhecimento mais aprofundado do tema.

Se todo ser humano possui facilidades para executar determinadas ações e

dificuldades para realizar outras, então o papel do psicopedagogo seria lidar com

estas dificuldades, levando em conta aspectos sociais, culturais, econômicos e

psicológicos, fazendo com que o ser humano construa o próprio conhecimento por

meio de estímulos.

O modo como o psicopedagogo irá favorecer a aprendizagem e as ações

pedagógicas que serão adotadas para facilitar a construção de conhecimentos, são

questionamentos que serão desvendados ao longo da pesquisa.

Tem por objetivo principal, compreender o papel do psicopedagogo e sua

atuação diante das dificuldades de aprendizagem, identificando técnicas e estratégias

utilizadas pelo psicopedagogo no trabalho de intervenção dirigido para os problemas

de aprendizagem e analisando as abordagens e as dificuldades do “fazer”

psicopedagógico apontados pelo psicopedagogo.

O psicopedagogo conta com a contribuição de várias áreas do conhecimento,

Psicologia, Sociologia, Antropologia, e outras. Assume o papel de minimizar as

deficiências de aprendizagem, compreendendo a dificuldade apresentada pelo sujeito

no processo de construção do seu conhecimento.

Portanto o papel do psicopedagogo diante as dificuldades de aprendizagem

não é sanar, encontrar a cura para a doença, mas sim, intervir em um momento deste

processo de transformação, de forma que esta dificuldade seja minimizada.

O psicopedagogo atinge seus objetivos quando tem a compreensão das

necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abrindo espaço que atendam

às necessidades de aprendizagem.

Page 6: ARTIGO IRLEIDE2

2. PSICOPEDAGOGIA – UMA INTRODUÇÃO

De acordo com Bossa (2000, p.37):

A Psicopedagogia surgiu na Europa, mais precisamente na França, em meados do século XIX, onde a Medicina, Psicologia e a Psicanálise, começaram a se preocupar com uma alternativa de intervenção nos problemas de aprendizagem e suas possíveis correções.

A corrente européia influenciou a iniciação psicopedagógica na Argentina, e a

mesma influenciou a identidade da Psicopedagogia Brasileira.

No Brasil, a Psicopedagogia surge aproximadamente nos anos 70, a partir da

necessidade de atendimento a crianças com distúrbios na aprendizagem,

consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional, porém, os cursos

na área só começam a se multiplicarem na década de 90.

A Psicopedagogia é uma área de conhecimento e de atuação dirigida para o

processo de aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o ser cognoscente, ou

seja, o sujeito que se dirige para a realidade e dela retira um saber. Vista no âmbito

de um sistema complexo e inerente à condição humana, a aprendizagem não é

estudada pela Psicopedagogia no espaço restrito da escola, ou num determinado

momento da vida, posto que ocorra em todos os lugares, durante todo o tempo da

existência. Difere da Pedagogia porque não se ocupa de métodos ou técnicas de

ensino, assim como da Psicologia escolar, porque não reduz sua investigação e

trabalho ao âmbito da Escola.

Enquanto conhecimento interessa a todo aquele que se dedica à Educação, na

medida em que possibilita uma análise das teorias relacionadas com as ações de

aprender e ensinar, não apenas no sentido da prática didático-pedagógica, mas no

substrato epistemológico que delas se origina para a formação do sujeito

“aprendente”. Nutre-se de conhecimentos oriundos, sobretudo da Epistemologia

Genética, da Psicologia Social e da Psicanálise. Tem na Psicopedagogia Operativa

de Sara Pain; na Epistemologia Convergente, de Jorge Visca e na Psicopedagogia

Clínica, de Alícia Fernandez, suas formulações teóricas mais expressivas.

Page 7: ARTIGO IRLEIDE2

Enquanto atuação dirigiu-se, em seus primórdios, para os problemas

relacionados com as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar, mas, hoje,

visa favorecer a apropriação do conhecimento no ser humano, ao longo de sua

evolução, ou seja, tem por objetivo a promoção de aprendizagens e configura-se

como uma prática clínica que integra diferentes campos de conhecimento,

envolvendo elaboração teórica a respeito do ponto de convergência em que opera.

As relações com o conhecimento, a vinculação com a aprendizagem, as significações

contidas no ato de aprender, são estudadas pela Psicopedagogia a fim de que possa

contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas e para a

ressignificação de atitudes subjetivas.

Nesse sentido, a Psicopedagogia surge como nova área de conhecimento na

busca de compreender e solucionar os problemas de aprendizagem, tendo em sua

configuração institucional a função de pensar e refazer o trabalho no cotidiano

escolar.

O trabalho psicopedagógico pode assumir feição preventiva ou terapêutica e

estar relacionado com equipes ligadas aos campos da Educação e Saúde. Evoluiu a

partir de uma demanda da sociedade, que passou a valorizar a aprendizagem a partir

de paradigmas integradores e geradores de sínteses, e tem respondido a ela com

uma práxis que busca responder às necessidades de compreensão do ser humano

em toda sua complexidade, com ampla aceitação nos mais diversos segmentos da

comunidade.

A Associação Brasileira de Psicopedagogia é o órgão de classe que

representa esta categoria e luta por seus direitos, além de promover a continua

revisão teórico-metodológica do conhecimento psicopedagógico.

A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos

de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se

iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia

na Clínica Médico – Pedagógica de Porto Alegre, com duração de dois anos.

Page 8: ARTIGO IRLEIDE2

De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p.21).

Com esta visão de uma formação independente, porém complementar, destas

duas áreas, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área

psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann,

Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros.

Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores contribuintes

da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente,

linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se de integração

de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra – Psicogenética de Jean Piaget (já

que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola

Psicanalítica – Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos

investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a

Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma

paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas

aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as

influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991,p.66).

Visa propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência

dos achados teóricos da escola de genebra, em que o principal objeto de estudo são

os níveis de inteligência, com as teorizações da Psicanálise sobre as manifestações

emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta,

as proposições da Psicologia Social de Pichon Rivière, mormente porque a

aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também

com relações interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos.

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico

concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando

origem ao método clínico psicopedagógico.

Page 9: ARTIGO IRLEIDE2

Visa implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e Campinas,

Salvador e Curitiba. Deu aulas em Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo,

Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu e muitas outras.

Muitos outros cursos de Psicopedagogia foram surgindo ao longo deste

período até os dias atuais e este crescimento não para de acontecer o que indica

uma grande procura por essa profissão.

2.1. PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

O psicopedagogo assume papel relevante na abordagem e solução dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgência. De acordo com Bossa (2000, p.14),

“ É comum, na literatura, os professores serem acusados de si isentarem de sua culpa e responsabilizar o aluno ou sua família pelos problemas de aprendizagem”, mas há um processo a ser visto, às vezes, os métodos de ensino tem que ser mudados. O afeto, o amor, a atenção, isto tudo influi muito na questão. Nesse caso, o psicopedagogo procura avaliar a situação da forma mais eficiente e proveitosa. Em sua avaliação, no encontro inicial com aprendente e seus familiares, que é um recurso importantíssimo, utiliza a “escuta pedagógica”, que o auxiliará a captar através do jogo, do silêncio, dos que possam explicar a causa do não aprender.

Segundo Alícia Fernandes (1990, p.117), a [...] intervenção psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas o poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino aprendizagem.

Portanto a Psicopedagogia não lida diretamente com o problema, lida com as

pessoas envolvidas. Lida com as crianças, com os familiares e com os professores,

levando em conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

Um dos aspectos importantes sobre a profissão do psicopedagogo é a

formação continuada, não basta fazer um curso de pós-graduação é necessário

Page 10: ARTIGO IRLEIDE2

sempre estar atualizado realizado cursos nas mais diversas áreas como na

Lingüística, Neurociência, Psicologia entre outras.

O psicopedagogo é o profissional indicado para assessorar e esclarecer a

escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-aprendizagem e tem

uma atuação preventiva. Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no

esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas

deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas escolares, tais

como: organização da instituição, métodos de ensino, relação professor-aluno,

linguagem do professor, dentre outros.

Ele poderá atuar preventivamente junto aos professores: explicitando sobre

habilidades, conceitos e princípios para que ocorra a aprendizagem; trabalhando com

a formação continuada dos professores; na reflexão sobre currículos e projetos junto

com a coordenação pedagógica; atuando junto coma família/alunos que apresentam

dificuldades de aprendizagem, apoiando em uma visão holística, levando-o a

aprender com seu próprio modelo de aprendizagem, considerando que esses

problemas podem ser derivados de suas estruturas cognitivas, suas questões

emocionais, sua resistência em lidar com o novo ou outra derivação que possa se

apresentar.

É um profissional licenciado que está preparado para atender

crianças/adolescentes com dificuldades de aprendizagem. A sua ação pode ter um

caráter preventivo ou interventivo (avaliação, diagnóstico e intervenção). Pretende

dar respostas às dificuldades que crianças e adolescentes sentem no seu percurso

escolar. O seu objetivo é investigar o processo de aprendizagem do aluno e o seu

modo de aprender, identificar os seus potenciais e as suas limitações, visando

entender as origens das dificuldades e/ou distúrbios apresentado. Orienta o aluno no

seu processo de aprendizagem, dando ênfase ás suas potencialidades. Nem sempre

as aptidões/potenciais dos alunos são postos em relevo pela escola. E essas

dificuldades podem se refletir por exemplo: em problemas de concentração, de

atenção, de memória, de capacidade de análise, na leitura, na escrita, no

pensamento lógico-matemático. O acompanhamento psicopedagógico contribui para

o sucesso escolar.

Page 11: ARTIGO IRLEIDE2

2.2. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NAS D.A.s

O termo D.A. (dificuldades de aprendizagem) refere-se não a um único

distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do

desempenho acadêmico. Raramente, elas podem ser atribuídas a uma única causa:

muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os

problemas psicológicos dessas crianças frequentemente são complicados, até certo

ponto, por seus ambientes doméstico e escolar.

Para crianças com D.A., a rigidez na sala de aula pode ser a problemática.

Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar ao seu próprio

modo. Sem a maneira certa de incentivo e apoio, essas crianças deixam rapidamente

de crer em si mesmas e em suas possibilidades de sucesso. Convencidas de que

fracassarão, não importando o que façam, a tendência é de que elas simplesmente

deixem de tentar. Eventualmente, a resistência à aprendizagem pode tornar-se a

maior parte dos problemas da criança na escola – uma deficiência que pode ser mais

grave que a dificuldade de aprendizagem original e mais difícil de ser superada.

Para ressaltar a contribuição do psicopedagogo, é necessário promover uma

análise mais aprofundada de tudo relativo à aprendizagem, proporcionando uma

reestruturação e reinterpretação do verdadeiro fator que leva às dificuldades de

aprendizagem, reconhecendo-se que essas dificuldades fazem parte de um sistema

bio-psico-social que envolve a criança, a família, a escola e o meio social em que

vive, e que só se consegue mediar as dificuldades de aprendizagem, quando

conseguirmos lidar com nossos alunos de igual para igual; quando fizermos da

aprendizagem um processo significativo, no qual o conhecimento a ser aprendido

faça algum sentido para o aluno não somente na sua existência educacional como

também na sua vida cotidiana.

O psicopedagogo contribui significativamente para o processo de ensino

aprendizagem. Cabe, ao professor a partir dos conhecimentos psicopedagógicos,

adotar um olhar e a escuta direcionados ao sujeito multidimensional, sujeito da

aprendizagem, rompendo com velhas práticas que não condizem com o nível de

formação do qual é portador.

São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode utilizar para ajudar

os alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na

Page 12: ARTIGO IRLEIDE2

escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com a maioria das crianças

com dificuldades de aprendizagem, e às vezes por motivos tão simples de serem

resolvidos. Problemas familiares, com os professores, com os colegas de turma, no

conteúdo escolar, e muitos outros que acabam por tornar a escola um lugar aversivo,

a qual deveria ser um lugar prazeroso.

Dentro da escola, a experiência de intervenção junto ao professor, num

processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e

enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas em suas

disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva, também com a

participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos seus filhos,

em conselhos de classe com a avaliação no processo metodológico, na escola como

um todo, acompanhando e sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio

necessários para cada criança com dificuldade.

Principais causas das dificuldades de aprendizagem e de ajustamento escolar:

Causas físicas – São aquelas representadas pelas perturbações somáticas

transitórias ou permanentes. São provenientes de qualquer perturbação do estado

físico geral da criança, como por exemplo: febre, dor de cabeça, dor de ouvido,

cólicas intestinais, anemia, asma, verminoses e todos os males que atinjam o físico

de uma pessoa, levando-a a um estado anormal de saúde.

Causas sensoriais – São todos os distúrbios que atingem os órgãos dos

sentidos, que são os responsáveis pela percepção que o individuo tem do meio

exterior. Qualquer problema que afete os órgãos responsáveis pela visão, audição,

gustação, olfato, tato, equilíbrio, reflexo postural, ou os respectivos sistemas de

condução entre esses órgãos e o sistema nervoso, causará problemas no modo de a

pessoa captar as mensagens do mundo exterior e, portanto, dificuldade para ela

compreender o que se passa ao seu redor.

Causas neurológicas – São as perturbações do sistema nervoso, tanto do

cérebro, como do cerebelo, da medula e dos nervos. O sistema nervoso, comanda

todas as ações físicas e mentais do ser humano. Qualquer distúrbio em uma dessas

partes se constituirá em um problema de maior ou menor grau, de acordo com a área

lesada.

Causas emocionais – são distúrbios psicológicos, ligados às emoções e aos

sentimentos dos indivíduos e à sua personalidade. Esses problemas geralmente não

Page 13: ARTIGO IRLEIDE2

aparecem sozinhos, eles estão associados a problemas de outras áreas, como por

exemplo da área motora e sensorial.

Causas intelectuais ou cognitivas – São aquelas que dizem respeito à

inteligência do indivíduo, isto é, à sua capacidade de conhecer e compreender o

mundo em que vive, de raciocinar sobre os seres animados ou inanimados que o

cercam e de estabelecer relações entre eles.

Causas educacionais – O tipo de educação que a pessoa recebe na infância

irá condicionar distúrbios de origem educacional, que a prejudicarão na adolescência

e na idade adulta, tanto no estudo quanto no trabalho. Portanto, as falhas de seu

processo educativo terão repercussões futuras.

Causas sócio-econômicas – Não são distúrbios que se revelam no aluno.

São problemas que se originam no meio social e econômico do individuo. O meio

físico e social exerce influência sobre o individuo, podendo ser favorável os

desfavorável à sua subsistência e também às suas aprendizagens.

Todas essas causas originam distúrbios, que irão se constituir nos diferentes

problemas de aprendizagem.

Distúrbios da linguagem e da fala – Podemos dizer que há um problema de

linguagem em uma criança quando sua maneira de falar interfere na comunicação

(distraindo a atenção do ouvinte sobre o que ela diz para enfocá-la no como ela diz)

ou quando a própria criança se sente excessivamente tímida e/ou apreensiva com

seu modo de falar. Porem, é preciso muito cuidado ao classificar a linguagem, pois a

fala normal tolera muitas “anomalias”.

Mudez – Esta incapacidade de articular palavras, geralmente é decorrente de

transtornos do sistema nervoso central. Em boa parte dos casos, é decorrência de

problemas de audição.

Atraso na linguagem – As principais características da criança que tem

atraso na linguagem, são: deficiência no vocabulário; deficiência na capacidade de

formular idéias e desenvolvimento retardado da estruturação de sentenças.

Problemas de articulação – As crianças de mais de 7 anos que não

consegue pronunciar corretamente todas as consoantes e suas combinações

apresenta um problema de articulação. Podemos citar: dislalia, que é a omissão,

distorção, substituição ou acréscimo de sons na palavra falada; disartria – problema

articulatório que se manifesta na forma de dificuldade para realizar alguns ou muitos

dos movimentos necessários à emissão verbal; linguagem tatibite – distúrbio de

Page 14: ARTIGO IRLEIDE2

articulação (e também de fonação) em que se conserva voluntariamente a linguagem

infantil; rinolalia – ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala,

que pode ser causada por problemas nas vias nasais, vegetação adenóide, lábio

leporino ou fissura palatina.

Afasia – Se caracteriza, mais especificamente, por falhas na compreensão e

na expressão verbal, relacionadas à insuficiência de vocabulário, má retenção verbal,

gramática deficiente e anormal, escolha equivocada de palavras ou frase com outras

similares; tem dificuldade de evocação, exteriorizada por ausências de respostas ou

tentativas incompletas para achar a expressão ou emissões que a substituem.

Transtorno de leitura – O transtorno da leitura, também conhecido como

dislexia, é um transtorno caracterizado por uma dificuldade especifica em

compreender palavras escritas. Dessa forma, pode-se afirmar que se trata de um

transtorno específico das habilidades de leitura, que sob nenhuma hipótese está

relacionada à idade mental, problemas de acuidade visual ou baixo nível de

escolaridade.

O DSM-IV classifica como critérios diagnósticos para o transtorno da leitura:

Rendimento da capacidade de leitura, como correção, velocidade ou

compreensão da leitura, significativamente inferior à media para a idade cronológica,

capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.

A dificuldade de leitura apresentada pelo indivíduo interfere de modo

significativo nas atividades cotidianas que requeiram habilidades de leitura.

Sob a presença de algum déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem

aquelas habitualmente a este associadas.

A leitura oral se caracteriza por distorções, substituições ou omissões, e junto

com a leitura silenciosa vem acompanhada por lentidão e erros na compreensão de

textos.

Dislexia – Entendemos por dislexia específica ou dislexia de evolução um

conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção pariental (o lobo do cérebro onde

fica o centro nervoso da escrita) geralmente hereditária, ou às vezes adquirida, que

afeta a aprendizagem da leitura num continuo que se estende do leve sintoma ao

sintoma grave. A dislexia é frequentemente acompanhada de transtornos na

aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. Afeta os meninos em uma

proporção maior do que as meninas.

Page 15: ARTIGO IRLEIDE2

Alguns erros de leitura e escrita encontrados na dislexia:

Confusão de letras, sílabas ou palavras com pequenas diferenças de grafias:

a/o, c/o,e/f etc.

Confusão de letras, sílabas ou palavras com grafia semelhante, porém com

orientação espacial diferente: b/d, p/b, b/q etc.

Confusão de letras que possuem sons parecidos: b/d, p/q, d/t, m/b etc.

Inversão parcial ou total de sílabas ou palavras: me/em, sol/los, sons/mos etc.

Adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras: casa/casaco, neca/boneca

etc.

Repetição de sílabas, palavras ou frases: mamacado, papai etc.

Escrita em espelho (em sentido inverso ao normal).

Mesmo com todas as dificuldades que a dislexia pode trazer para a vida

escolar de uma criança, é possível contornar o problema. O mais importante é que os

pais – e principalmente os professores – estejam atentos. O grau da doença varia

muito e os sinais costumam ser inconstantes. Eis algumas das características mais

comuns:

A criança é inteligente e criativa – mas tem dificuldades em leitura, escrita e

soletração. Costuma ser rotulado de imaturo ou preguiçoso.

Obtém bons resultados em provas orais, mas não em avaliações escritas.

Tem baixa auto-estima e se sente incapaz.

Tem habilidades em áreas como arte, música, teatro e esporte.

Parece estar sempre sonhando acordado.

É desatento ou hiperativo.

Aprende mais facilmente fazendo experimentos, observações e usando

recursos visuais.

Reclama de enjôos, dores de cabeça ou estômago quando lê.

Faz confusões com as letras, números, palavras, seqüências e explicações

verbais.

Quando lê ou escreve comete erros de repetição, adição ou substituição.

Diz que vê ou sente um movimento inexistente quando lê, escreve ou faz

cópia.

Parece ter dificuldade de visão, mas exames de vista não mostram o

problema.

Lê repetidas vezes sem entender o texto.

Page 16: ARTIGO IRLEIDE2

Sua ortografia é inconstante.

Transtorno da matemática - Também conhecido como discalculia, não é

relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e sim,

na forma com que a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca.

Discalculia – é o termo usado para dificuldades em matemática. O aluno pode

automatizar os aspectos operatórios (as quatro operações, contas, tabuada), mas

encontra dificuldade em aplicá-los em problemas.

O professor deve ter muito cuidado ao fazer um “diagnóstico” com base nestes

sintomas, pois corre o risco de rotular a criança injustamente. Às vezes a falha esta

no método de ensino, na falta de motivação das aulas.

A aquisição de conceitos matemáticos e outras atividades que exigem

raciocínio são afetadas neste transtorno, cuja baixa capacidade para manejar

números e conceitos matemáticos não é originada por uma lesão ou outra causa

orgânica. Em geral, o transtorno da matemática é encontrado em combinação com o

transtorno na leitura ou transtorno da expressão escrita.

Diversas habilidades podem estar prejudicadas neste transtorno, como as

habilidades lingüísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou

conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos

matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos,

ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras,

observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas,

contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).

Transtorno da expressão escrita – Um transtorno apenas de ortografia ou

caligrafia, na ausência de outras dificuldades da expressão escrita, em geral, não se

presta a um diagnostico de transtorno da expressão escrita. Neste transtorno

geralmente existe uma combinação de dificuldades na capacidade de compor textos

escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação dentro de frases, má

organização de parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, na

ausência de outros prejuízos na expressão escrita.

Disgrafia – É a dificuldade nas utilizações dos símbolos gráficos para exprimir

idéias. Caracteriza-se pelo trocado irregular das letras e pela má distribuição das

palavras no papel.

Page 17: ARTIGO IRLEIDE2

Disortografia – É a incapacidade de apresentar uma escrita correta, com o

uso adequado dos símbolos gráficos. Junta palavras, troca sílabas e omite sílabas ou

palavras.

Page 18: ARTIGO IRLEIDE2

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, buscamos refletir sobre o papel que o psicopedagogo ocupa

diante das dificuldades de aprendizagem, dificuldades que tem ocupado um espaço

cada vez maior no cotidiano de nossas escolas. Onde, precisamos entender melhor

estas dificuldades e, consequentemente, buscar auxilio que sejam considerados

benéficos para ambas as partes educando e educador.

O aluno com dificuldade de aprendizagem pode exigir um atendimento variado,

considerando-se as diversas causas que podem interferir no processo ensino

aprendizagem, investigar o ambiente no qual a criança vive e a metodologia

abordada nas escolas é importante antes de traçar o enfoque terapêutico, uma vez

que a criança pode não apresentar o distúrbio de aprendizagem, mas apenas não se

adaptar ou não conseguir aprender com determinada metodologia utilizada pelo

professor, como também a carência de estímulos dentro de casa.

Entender ou buscar um acompanhamento adequado para alterar esse quadro

das dificuldades de aprendizagem, mediante uma avaliação adequada, é a melhor

solução para o aluno que evoluirá de forma consistente. É importante entender que

não há um método a seguir, mas uma série de condições a respeitar. E o

psicopedagogo trabalhará as duas variantes aprendestes de forma preventiva para

que sejam detectadas as dificuldades de aprendizagem antes que o processo se

instale, como também na elaboração do diagnóstico e trabalho conjunto com a família

e escola, frente às intercorrências advindas das dificuldades no processo do

aprender.

Portanto, esse trabalho tem sua relevância por acreditar que todos têm um

potencial a ser desenvolvido, pois todos são como uma pedra preciosa que precisam

ser lapidadas para mostrarem o seu brilho, e ninguém melhor que o psicopedagogo,

a frente de seu papel para polir e destacar o brilho de cada um.

Page 19: ARTIGO IRLEIDE2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática.

Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

A psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre. Artmed, 2000.

Dificuldades de aprendizagem: o que são e como tratá-las. Porto Alegre: Artmed,

2000.

DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática,

1990.

FERNANDES, Alícia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artmed, 1990.

JOSÉ, Elisabete da Assunção & COELHO, Maria Teresa. Problemas de

aprendizagem. São Paulo: Ática, 1989.

VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas contribuições; Organização e tradução

Andréa Morais, Maria Isabel Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.