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Limaetal.RevistaRiosSaúde20�8,�:3http://www.fasete.edu.br/revistariossaude
PERFIL NA MORTALIDADE DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO POR IDADE E SEXO NO MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO NO ESTADO DA BAHIA.
PROFILE OF ACUTE MYOCARDIAL INFARCT MORTALITY BY AGE AND SEX IN THE MUNICIPALITY FROM PAULO AFONSO – BAHIA.
AristotelysEudenFerrazLima�,LaizaDantasLima2,ThawanneKaturrySiqueiraSandes3,Jo-safáFernandesOliveiraNeto4,KirleyMichellyMarquesdaSilva�,RafaellBatistaPereira�.
ResumoOestudoobjetivouanalisardeformaquantitativaospotenciaisfatoresderisconãomodificáveisparaamortalidadeporinfartoagudodomiocárdio,comofaixaetária,sexo,earelaçãoentresexoefaixaetáriacombinados,nacidadedePauloAfonsonoestadodaBahia.Tratasedeumestudoquantitativo,observacionaledescritivoemumgrupodepacientesqueforamaóbitoporIAM,foramreali-zadoscálculosparaasestimativasdeóbitoscombasenataxabruta,especificaeajustadademortalidade,comdadoscoletadossegundooDepartamentodeIn-formáticadoSistemaÚnicodesaúdedoBrasil.Osresultadosencontradosapon-tarammaiormédiadataxademortalidadeparaogrupomasculinoemrelaçãoaofeminino,enogrupomasculinoporfaixaetáriahouvemortalidademenordeformasignificativaentre30a3�anosemrelaçãoàsfaixasde�0,�0e80anos,eparaogrupode40anosemcomparaçãoaosgruposde�0e80anostambémobtevemenormortalidade.Nogrupoetáriofemininoeambosossexoshouvedi-ferençasignificativaemenordemortalidadeparaogrupode40anoscomparadoaosde�0,�0e80anos,etambémmenormortalidadenogrupocom�0anosemrelaçãoaosgruposde�0e80anos.ConcluisequeogrupomasculinodemonstramaiormortalidadeporIAM,bemcomoidadesmaisavançadasequeprogramasdesaúdepoderiamserdesenvolvidosparaaprevençãoereduçãodestesóbitos.Palavras-chave: Infarto agudo do miocárdio. Fatores de risco. Mortalidade.Epidemiologia.
AbstractThe objective of this study was to quantify the potential non-modifiable riskfactorsforacutemyocardial infarctionmortality,suchasage,gender,andthe
ARTIGO ORIGINAL
�Autorparacorrespondência:Arystotelys_�@hotmail.comBacharelemenfermagempelaFaculdadeSetedeSetembro(FASETE).
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relationbetweengenderandagegroup,inthecityofPauloAfonsointhestateofBahia.Thisisadescriptive,quantitativeandobservationalstudyinagroupofpatientswhodiedofAMI.Calculationsweremadeforestimatesofdeathsbasedonthecruderate,specificandadjustedmortalityrate,withdatacollectedaccor-dingtotheDepartmentofInformaticsoftheBrazilianUnifiedHealthSystem.Theresultsshowedahigheraveragemortalityrateforthemalegroupinrelationtothefemalegroup,andinthemalegroupbyagegrouptherewasasignificantlylowermortalityratebetween30and3�yearsinrelationtothe�0,�0and80ye-ars,andforthegroupof40yearsincomparisontothegroupsof�0and80yearsalsoobtainedlowermortality.Theconclusionis,themalegroupdemonstrateshighermortalityduetoAMI,aswellasmoreadvancedagesandthathealthpro-gramscouldbedevelopedforthepreventionandreductionofthesedeaths.Key words:Acutemyocardial.Infarction.Riskfactors.Mortality.Epidemiology.
INTRODUÇÃO
Oinfartoagudodomiocárdio(IAM)aco-
meteasartérias,eemseguidaostecidospróxi-
mos,consequênciageradapelafaltadesangue
nomiocárdiooqueestáassociadoànecrose
domesmo,caracterizaadoença,aausênciade
sanguetecidual,podeserocasionadoporobs-
truçãodapassagemdosangue,ouumextrava-
samentodesangue�.Oinfartocardíacoéuma
dasdoençasmais comunsdamodernidade e
dealtamortalidade,algunspotenciaisfatores
derisconãomodificáveisparecemestáasso-
ciado a esse problema cardiovascular, esses
fatoresderiscosãoligadasagenética,assim
como gênero e idade, e fatores modificáveis
comoobesidade,sedentarismo,máalimenta-
ção,hipertensãoarterial,diabetes,tabagismo,
dislipidemia, aparentemente desempenham
relação com o índice de óbitos2-4. Devido
aos danos decorrentes do infarto aos tecidos
pode levar a sequelas e complicações, entre
os principais agravos então a insuficiência
cardíaca, arritmia, a pericardite que costuma
surgirporvoltade24horasdepoisdoinício
deIAM,entreoutraspericardiopatias,disfun-
çõesdasválvulascardíacas,aneurismacardí-
acoprovenientedaextensãodaáreanecrótica
eausênciadecirculaçãocolateral,distúrbios
deconduçãoebloqueios,rupturacardíacade
septointerventricularoudaparedeexternado
coração, tromboembolia sistêmica e choque
cardiogênico�.
NoBrasil segundooMinistériodaSaúde
noanode2000foramregistrados��.2��óbi-
tosIAM,sendoasuamaiorianafaixados�0
a80anos,estesnúmerosacabampormostrar
umacarêncianabuscadaprevençãodasdoen-
çascardiovasculareseexposiçãoafatoresde
risco.Em20�3divulgaramqueo IAMfoia
principalcausadeóbitosdevidoàdoençacar-
díacanoBrasil,ondefoiobservadoaumento
de48%entre����a20���.
Há um aumento nos números de óbitos
por doenças cardiovasculares em regiões
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desenvolvidas aparenta estar ligada a fato-
res como reduções da mortalidade por do-
ençasagudas,entreelasasinfectocontagio-
sas, avidaemambientesurbanosque leva
aalteraçõeseconômicase sociais,comum
aumento na expectativa de vida, associado
a fatores não modificáveis como genética,
idadeegênero�-�.
Aidadeavançadatendeaalterarometa-
bolismo orgânico e em especial as artérias
perdemelasticidadeseenrijecemoquepode
tornarmaissusceptívelalesões,assimcomo
facilitaaformaçãodetrombosnoqualobs-
trui o vaso sanguíneo, esse fator contribui
com o aparecimento do IAM. Comumente
os hábitos de vida do sexo masculino ten-
demasofrermaiorexposiçãoariscospara
diversas doenças incluindo o IAM eAVC,
dessaformaéimportantedeterminaratéque
pontoessasdiferenças influenciamnoapa-
recimento da doença e consequentemente
emsuamortalidade�0.
Esteestudotemcomoobjetivoanalisaros
potenciais fatoresderisconãomodificáveis
paraamortalidadedeIAM,comofaixaetá-
ria, sexo, bem como a relação entre sexo e
faixaetáriacombinados,nacidadedePaulo
AfonsonoestadodaBahia,duranteosanos
de200�e20�4.
MÉTODOS
Tratasedeumestudoquantitativo,obser-
vacional do tipo descritivo em um grupo de
pacientesqueforamaóbitoporIAMnacidade
dePauloAfonso–BA.Osdadosforamcole-
tadossegundooDepartamentodeInformática
doSistemaÚnicodesaúdedoBrasil(DATA-
SUS)nosdadosdeóbitosobtidosnoSistema
deInformaçõesdeMortalidadedoMinistério
daSaúde(SIM),noperíodode200�–20�4,
levando em consideração as variáveis inde-
pendentes:Sexoefaixaetáriaeavariávelres-
posta de número de óbitos por IAM em um
determinadoperíodo.
OsdadosdapopulaçãoresidenteemPau-
loAfonso – Bahia foram coletados de acor-
do como sensodemográficodo IBGE,bem
comoasestimativaspreliminaresparaosanos
intercensitários dos totais populacionais, es-
tratificadas por idade e sexo pelo Ministério
daSaúde /SecretariadeGestãoEstratégicae
Participativa(SGEP)/DATASUS.
OsdadosdapopulaçãoresidenteemPaulo
Afonso foram coletado para calcular o Coe-
ficiente de Mortalidade por Causa (C.M.C)
queequivaleataxabrutademortalidadepor
�00.000habitantes.FoiutilizadooTabnetwin
doDATASUSparaselecionarasvariáveis�.O
cálculodoC.M.C.,=Nºdeóbitospelacausa
específica em determinado local e período /
População total domesmo local e períodox
�0(�).Paraosgruposdefaixaetáriafoicalcu-
lado a taxapadronizadademortalidadepelo
métododireto,utilizamoscomopopulaçãopa-
drão,apopulaçãodaOrganizaçãoMundialde
Saúde2000–202�,esebaseianamédiada
populaçãomundialporfaixaetáriaequevale
paraambosossexos��,�2.
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Para extração dos dados sobre causa de
mortalidadefoiconsideradocausaCID-BR�0
comcódigo0�8.�paraInfartoAgudodoMio-
cárdio,porlocalderesidência.Opresentees-
tudoseguiuasnormasdispostasnaResolução
4��/20�2 e ��0/20�� do Conselho Nacional
deÉticaemPesquisa,esetratandodedados
secundários,nãofoisubmetidoaocomitêde
éticaempesquisaviaplataformaBrasil,ainda
assimfoimantidaaconfidencialidadedosda-
doseresultados.
Análise Estatística
OIntervalodeConfiança(IC)adotadofoi
de��%dataxabrutademortalidadeeespecí-
fica.Paracalcularataxabrutademortalidade
geralporsexoefaixaetáriafoiutilizadaase-
guinteequação:
Os dados coletados foram tabulados e
analisados no software SPSS Statistics 22
win.FoirealizadootestedeShapirowilks
quando analisamos até �0 amostras para
testar a normalidade das variáveis, e para
aquelas que ultrapassaram �0 amostras foi
utilizadootestedeKomogorov–Smirnov.
O teste de Homogeneidade de Levene foi
aplicadoparaavaliarahomogeneidadedos
dados.Foirealizadotestede“Student”para
comparar média de amostras independen-
tesdeaté2grupos.Paracompararamédia
commaisde2gruposfoiutilizadoAnálise
deVariância(ANOVA),comopós-testede
Tukey,paraanalisarsehádiferençasignifi-
cativaentreosgruposequaisdiferementre
si.Nessescasosanalisouocomparativopara
2gruposporsexo(masculinoxfeminino)e
para mais de dois grupos por faixa etária,
comintervalosde�0anosparacadagrupo
etário,aindarelizouocomparativodefaixa
etáriaesexocombinados.Oníveldesignifi-
cância adotado foi de 5% p ≤ 0,05�3.
Taxabrutademortalidade:
Taxabruta=N◦ total de óbitos em um período x 100.000
Populaçãoparaoperíodo
Taxaespecíficademortalidade:
TaxaEspecífica=N◦ total de óbitos por faixa etária e sexo em um período x 100.000
Populaçãoparaomesmoperíodoporfaixaetáriaesexo.
Taxaajustadademortalidade:
TaxaAjustada=Σ (taxa especifica por idade) X (população mundial padrão na faixa etária)
Σ (população padrão mundial).
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Tabela 1-ComparativaentreamédiadaTaxabrutademortalidade/�00.000masculinoversus
feminino(200�a20�4)Média DP Diferençamédia PdeSignificância N
Masculino 2�,4 ±�,2 �,� 0,0� �0Feminino ��,� ±�0 �,� 0,0� �0
RESULTADOS
A mortalidade /�00.000 habitantes por
IAM para o sexo masculino foi maior em
relação ao feminino com uma diferença
médiade�,�pelataxabrutadeformabas-
tante significativa (p =0,0�), durante dez
anosdeacompanhamentodeacordocoma
tabela�.
Atabela2apresentaosresultadosdocom-
parativoentreamédiadataxapadronizadade
mortalidadeacada�00.000habitantesdeacor-
docomgruposcategorizadosporfaixaetária.
Nosexomasculinoobservouumamortalidade
menornogrupode30a3�quandocomparado
aogrupode�0a��anosqueapresentouuma
diferençasignificativa(p=0,002)enamédia
demortalidadede2�0amenosparaogrupo
de30a3�anosacada�00.000habitantes.Foi
verificadotambémdiferençadogrupode30a
3�comrelaçãoaogrupode�0a��e80anos
mais de forma significativa (p =0,00�), com
3�2e��0mortesamenosparaogrupode30
a3�respectivamente.Paraogrupode40a4�
observou-se uma diferença significativa na
taxademortalidadequandocomparadocomo
grupode80anosqueapresentoumaiormorta-
lidade,com�2�mortesamais(p=0,0003).
Paraogrupofemininoafaixaetária30a
3� anos, não foi inferida por não ter dados
suficientes.Ogrupode40a4�anosdiferiu
estatisticamentedosgrupos�0a��,�0a��
e80maisanos,comumadiferençamédiade
mortalidademenorparaogrupo40a4�em
relaçãoaos3grupos,de�0�,204,3��mor-
tespor�00.000habitantes,respectivamente.
Aindasobreosexofemininohouvediferença
entreosgruposde�0a��anosdosgruposde
�0a��e80anosmais,demonstrandomaior
mortalidadenosgruposde�0a��e80anos
mais,com���e3��mortesamais,respec-
tivamente.
Paraambosossexosfoialcançadodiferen-
çasignificativanafaixaetária40a4�quando
comparadoaosgrupos�0a��,�0a��e80
anos mais, demonstrando menor mortalidade
paraogrupo40a4�emrelaçãoaosoutrostrês
grupos,adiferençaentreamédiademortalida-
defoide�43(�0a��),3�0(�0a��)e��0(80
anosmais)amaisemrelaçãoaogrupoetário
40a4�.Comrelaçãoafaixaetáriade�0a��
nogrupodeambosossexosdiferiusignificati-
vamentedogrupo�0a��anose80mais,com
maiormortalidadeparaosgrupos�0a��com
2�0mortese80anosmaiscom��0.
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Tabela 2-ComparativoentreasmédiasdataxaajustadaporIAM/�00.000habitantesFaixaEtária IAM ANOVA NMasculino 0,000�
30a3� �2,�a �040a4� 4�,�ab �0�0a�� 223bc �0�0a�� 40�c �080mais ���c �0
Feminino 0,000�40a4� 2�,3a �0�0a�� ��ab �0�0a�� �3�,�bc �0�0a�� 232,2c �080mais 42�,8c �0
Ambos 0,000240a4� 3�,�a �0�0a�� ��,2ab �0�0a�� ���bc �0�0a�� 34�c �080mais �2�c �0
*IAMindicaamédiadataxaajustadademortalidadeem�0anosemumadeterminadafaixaetáriapor�00.000
habitantes.
† Pós-teste de Tukey - letras diferentes (a,b,c) diferem significativamente entre si, p de significância p ≤ 0,01.
‡N-frequênciadosanosemqueserealizouataxapadronizadademortalidade(200�a20�4).
Astabelas3,4e�resumemdadosdaes-
tatísticadescritivaarespeitodataxabrutade
mortalidadepelosexofeminino,masculinoe
ambos.Dadosdapopulação,númerodeóbitos
eataxaacada�00.000habitantes,bemcomo
amédiaeodesviopadrãosãodetalhadosdes-
de200�a20�4.
Podeserobservadooaumentononúmero
geralóbitosaoseguirdosanosemambosos
sexos,em200�natabela�foram3�mortes,
mostrandoumataxabrutade28,�,mesmoque
ovalortenhasemantidoestacionadodurante
ostrêsprimeirosanosamortalidadevoltoua
subircom3�óbitosem2008tendotaxabruta
de32,2, jánoanode20�0foiobservada38
óbitosporIAMcomtaxade33,2,eem20�3
asmorteschegama�8pessoasapresentando
taxabrutade��,�.
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Tabela 3-Estatísticadescritivamasculinataxabruta/�00.000habitantesAno População Óbitos Taxabruta200� �2�8� �8 34,�200� �33�� �� 28,�200� �3��0 20 3�2008 �4�0� �� 34,8200� ��03� 2� 38,�20�0 ���2� 2� 3�,820�� ��0�� 32 ��,�20�2 ��4�4 3� �3,�20�3 ��8�� 43 ��,�20�4 ��2�� 3� �8,�
MédiaeDP �����,�±��43 2�,4±�0 4�,3±��,8*DP=DesvioPadrão
Tabela 4-Estatísticadescritivafemininataxabruta/�00.000habitantesAno População Óbitos Taxabruta200� ��038 �3 23,�200� ����� �2 2�,�200� ���44 �� ��,42008 ��284 �� 2�,�200� ����8 �4 24,�20�0 �8�82 �� 28,�20�� ��3�2 �� 3220�2 ����4 2� 43,320�3 �0482 24 4�,320�4 ��0�� �3 2�,2
MédiaeDP �820�,2±203�,8 ��,�±�,� 28,4±8,3
Tabela 5-Estatísticadescritivaambostaxabruta/�00.000habitantesAno População Óbitos Taxabruta200� �0���� 3� 28,�200� �0��3� 3� 28,4200� ��04�4 3� 282008 ������ 3� 32,2200� ��302� 3� 30,�20�0 ��420� 38 33,220�� ���323 �� 44,220�2 ���3�8 �2 �3,220�3 ���3�� �8 ��,�20�4 ��8324 �2 43,�
MédiaeDP ��33��,8±3��3 43,�±�3,� 38±�0,�
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DISCUSSÃO
Asmortesnosexomasculinoforamcons-
tantemente maiores que as femininas como
observadonatabela�,estatendênciapodeser
vistaaolongodopaís.NomunicípiodeSão
Paulofoirelatadaaanálisesobreonúmerode
óbitosentreotriêniode����-���8emrelação
aotriênio2003-200�,ondeamortalidadefoi
maiornapopulaçãomasculinaemtodasasfai-
xasetáriaseperíodos.Oníveldemortalidade
masculinapeloconjuntodasdoençascardio-
vascularesnapopulaçãode20anosesuperior
foi cerca de 3�� para �00.000 homens entre
����e���8,aindaapresentandoumaqueda
para304por�00.000de2003a200�, tendo
umareduçãode��%.Ogrupofemininomos-
trouumaquedade��%,ondeosnúmerosdi-
minuíramde30�para2�0por�00.000�4.
A coleta de dados realizada em Salvador,
Bahia,duranteosperíodos��8�até����re-
latouqueonúmerodeobtidosmasculinosse
mostrou superior em todos os anos, mesmo
comapopulaçãofemininasendomaiorquea
masculina.Entreosanosde8�até88,foram
�.0��mortespara�.0�3.���habitantesmas-
culinos,enquanto8�8mortespara�.224.804
depopulaçãofeminina.Aindaoestudomos-
trou uma queda na diferença entre os sexos,
poisduranteosanosde�3e��foram�.0��
mortes masculinas para �.4��.��� homens,
enquanto o grupo feminino apresentou ���
paraumapopulaçãode�.�34.0�3mulheres��.
Umdospossíveismotivosqueinfluenciam
omaiornumeradeóbitosmasculinoséaten-
dênciadoshomenscuidaremmenosdasaúde,
unidoamenorprocuraaoscuidadosbásicos,o
queacarretanadescobertatardiadaspatologias.
UmapesquisarealizadapeloInstitutoBrasilei-
rodeGeografiaeEstatística(IBGE),noanode
���8,apontaque�2,3%dasmulheresentrevis-
tadas relatamque realizaramconsultamedica
emumespaçode�2meses,enquantoonúmero
de homens era de apenas 4�,�%.A coleta de
dados ressalta que 40,�% das mulheres bus-
camrealizarmaisatendimentosderotinacom
foco em prevenção, enquanto a procura mas-
culinaéde32,2%.Oshomenssãomaioriana
procuradosserviçosdesaúdepordoençacom
3�,3%,jáasmulherestêmtaxa3�,�%,também
éobservadoqueogrupomasculinoapresentam
umafrequênciamaiornabuscadeatendimento
poracidentesou lesões tendo�,�%,doquea
amostrafeminina2,�%��.
Essatendênciasemostrapermanenteatéa
atualidade,em20�3oIBGErefereque�3,�%
doshomensentrevistadosafirmamterempro-
curadoatendimentodesaúdenosúltimos�2
meses,emrelaçãoa�8,0%dasmulheres,ten-
do uma diferença de aproximadamente �4%
entreosgêneros,semelhanteaoanode���8
com��%.Aprocuradeatendimentoporaci-
denteou lesãocontinua sendomaior entreo
sexo masculino �,8%, enquanto o feminino
teve 3,�%. Esses dados demonstram que os
homens continuam a não procurar cuidados
básicos de saúde, que pode ser fundamental
paraidentificaçãoprecocedefatoresderisco
paraasdoençascardiovasculares,comoahi-
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pertensãoarterial,diabetes,obesidadepeloÍn-
dicedeMassaCorpórea(IMC),dislipidemias
ealgunsoutrosfatores��.
Asmulheressãopoupadasdedoençascar-
díacascoronáriasatéos��anosdeidade,pois
oestrogêniodesempenhaumpapelimportante
naproteçãocontradoençascardiovasculares,
ondemulheresquedesenvolvemaateroscle-
rosecoronáriaantesde��anospodemestar
predispostosaterumadoençaparticularmente
agressivaou,eventualmente,deinícioprecoce,
podendotermaisfatoresderiscoparadoença
cardíaca coronária, por sua vez substituindo
o efeito protetor do estrogênio, dando como
exemploadiabetes,anulandooefeitoprotetor
dosexofemininocontraadoençacoronariana
eamortepordoençacardiovascular�8.
Osresultadosdonossoestudomostrouque
asfaixasetáriasmaisavançadasemtodosos
sexosdemonstroumaiormortalidade,ediferiu
estatisticamentedosgruposdefaixaetáriame-
nor.Adoençaarterialcoronarianaéfacilitada
comoavançardaidade,poisasartériasper-
demelasticidadeecomissoabsorvemmaior
impactodapressãosanguínea,alémdefragi-
lizarsuascamadasdeixando-assusceptíveisa
descamaçãoendotelialvascular.Essefenôme-
noéchamadodearteriosclerose,observadohá
muitotempopelaprimeiravezporLeonardo
da Vinci. Dessa forma a arteriosclerose (en-
rijecimento da artéria) contribui diretamente
paraaHAS,ateroscleroseeisquêmicacardía-
ca,aumentandoconsideravelmenteoriscoda
DoençaArterialCoronariana(DAC)��,20.
Uma metanálise publicada apontou risco
maiorparaoIAMempessoascomdiversosti-
posdeArtrite.Inclusiveaartritedemonstrouser
fatorderiscotantoquantoostradicionais,alguns
fatoresinflamatóriosdaartriteinfluencianafor-
maçãodegordurapelaartéria.Sabe-sequeaar-
triteéumadoençaquetendeaacometerpessoas
comidademaisavançada,apesardeserumfator
derisconãoconvencional,podecausarinfluên-
cianaincidênciadoIAMeconsequentemortali-
dadeporpessoasdeidademaisavançada2�.
Umestudorealizadoemindivíduosapartir
de�0anos,usandooSistemaÚnicodeSaú-
dedeGoiânia,apontouqueentreosfatoresde
riscoahipertensãoarterialtevemaiorpreva-
lênciaatingindo80,4%dosidosos,seguidada
obesidade central com ��,2%, sedentarismo
afeta �4,8% dos idosos, e a obesidade total
que foiobservadaem2�,0%dos indivíduos,
sendoamaioriamulheres,afetando32,2%da
amostrafeminina22.
NacidadedeFortalezadoestadodoCea-
ráosidososestudadosduranteoanode200�
tambémapresentaramvárioshábitosquecon-
tribuemparaodesenvolvimentosdedoenças
cardiovasculares,aingestãodegordurasvege-
taiseanimaiserapresenteem33,�%dosido-
sosestudados,4�,4%mantémcomportamento
sedentário, 2�,�% fumavam e �3,8% faziam
usodebebidaalcoólica23.
UmestudorealizadoemMaringánoestado
doParaná, com�232pessoas, foiobservado
queosníveislipídicosfavorecemasdoenças
cardiovasculares,onde�0,3%dosindivíduos
3�
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jádoentesapresentavamníveis lipídicosele-
vados,eumachancedeocorrência2.�maior
quepessoascomníveisnormais,osvaloresli-
pídicosalteradossãoligadosàobesidadeeali-
mentaçãoinadequadaquefoivistoem�4,�%
dasamostras,otabagismotambémapresenta
valoresrelevantes,�,4vezesmaisderazãode
chance (Odds Ratio) de ocorrência de IAM
comparadoscomindivíduosnãofumantes24.
Os fumantes têm maiores chances no de-
senvolvimento de doenças cardiovasculares
principalmenteoIAM,poisohabitolevaare-
duçãodeoxigênionosglóbulosvermelhosde
��%a20%,omonóxidodecarbonoaspirado
mantémligaçãocomashemoglobinas,acarre-
tandona lesãodosvasosecriandopossíveis
depósitos de gorduras. A nicotina também
atuadeformatoxicaelevandoaliberaçãode
catecolaminas,queéresponsávelpeloaumen-
todafrequênciacardíaca,daresistênciaperi-
férica,edapressãoarterial,tambémfavorece
naformaçãodecoágulos,poisatuareduzindo
acapacidadedoorganismoquebra-los2�.
Oálcool tambéméobservadocomo fator
secundárioparaapioradoquadrodeIAM,no
sangueeleprovocaoaumentodapressãoar-
terialdeforma lentaeprogressivamente,em
umaquadrode2mmHgparacada30mlde
álcooletílicoingeridodiariamente.Quandoo
consumoé interrompidoosvaloresretornam
proporcionalmente ao normal, também é re-
latado que junto há redução no consumo de
álcooltambémévistoareduçãonoabandono
dostratamentosfarmacológicos23.
Os diversos fatores de risco citado possi-
velmente prevalecem nos grupos em que se
compararamosresultadosdamortalidadeno
nosso estudo observados na tabela � e 2, e
comissopodetercontribuídodiretamentena
mortalidade do IAM.Apesar dos grupos em
estudoporsexoefaixaetáriaseremnãomo-
dificáveis,aoinferiressesdadosnacidadeem
estudopode-seintervircommaiorveemência
nosfatorespreventivosaosgruposqueapre-
sentarammortalidadeestatisticamentemaior,
edessaformaentende-sequeháumacontri-
buiçãodiretanasaúdedapopulaçãoaodivul-
garediscutiressesresultados.
CONCLUSÃO
Odesenvolvimentodopresenteestudopos-
sibilitouumaanálisedainfluênciadossexose
idadessobreoscasosdecardiopatiaseóbitos
por infarto agudo do miocárdio, permitindo
colocaremdiscussãonãosóosaspectosbio-
lógicos dos gêneros, mas também os fatores
habituais da população. O envelhecimento e
sexo tiveram forte influência nos resultados,
e esses mesmos grupos sofreram interferên-
cia quando aos hábitos ao longo da vida do
indivíduo,oscomportamentosdanososcomo
alimentaçãoricaemgorduraseaçúcar, taba-
gismo e alcoolismo, aliado ao sedentarismo
queacabamporaceleraroprocessonaturalde
desgastecardiovascular.
Dada a importânciado temaeos resulta-
dosobtidos,chamaseatençãoquantoasaúde
públicanomunicípioemestudo,maiorescui-
3�
Limaetal.RevistaRiosSaúde20�8,�:3http://www.fasete.edu.br/revistariossaude
dadoparaosgruposquedemonstrarammaior
riscopara amortalidadepor IAMquantoao
sexo masculino e as idades mais avançadas,
diversosprogramasdesaúdeeducativosorien-
tandoparamelhoralimentaçãoeprevençãode
doençascomoHAS,tabagismo,DM,obesida-
de, bem como maiores estímulos em grupos
de atividade física para idosos e divulgação
quantoaimportânciadoscuidadosbásicosde
saúdenoshomensemulheres.
Detalhes dos autores:Autor para correspondência: Arystotelys_�@hotmail.com�BacharelemenfermagempelaFaculdadeSetedeSe-tembro(FASETE),2BacharelemenfermagempelaFaculdadeSetedeSe-tembro,3BacharelemenfermagempelaFaculdadeSetedeSe-tembro,4BacharelemenfermagempelaFaculdadeSetedeSe-tembro,� Bióloga, Pós Doutora pela Universidade Federal deAlagoas,�Fisioterapeuta,mestreemNutriçãoHumanapelaUni-versidadeFederaldeAlagoas.
Conflitos de interesse:Nãoháconflitosdeinteresse.
Recebido: 2� Setembro 20��. Aceito: 2� Dezembro20��.Publicado:30Março20�8.REFERÊNCIAS�.KnobelE,LaselvaR,MouraJ,DenisF.TerapiaIn-
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