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CHINA: A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS Fernando 1 Eliana Beatriz Velasco 2 RESUMO A importância da relação professor e aluno para o sucesso é fundamental. Enfatiza-se também as relações afetivas em sala de aula e coloca-se este relacionamento como um desafio para o educador pós-moderno, devendo este agir de forma que expresse o seu interesse pelo crescimento dos alunos, e assim respeitando suas individualidades, criando um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem. Cada vez mais as atividades físicas tem assumido uma importância cada vez maior nas escolas do país e na formação dos cidadãos. A preocupação com o ensino vem crescendo e uma maneira de motivar os alunos deve ser buscada e desenvolvida no que concerne a atividade física no contexto escolar. Por isso, justifica-se a importância deste estudo, focando a visão dos alunos e dos profissionais que atuam nas escolas de forma a obter possíveis respostas para a questão a motivação nas aulas e da relação professor aluno. Assim, este estudo se justifica por tentar esclarecer a influência do relacionamento entre professores e alunos e verificar que as dificuldades e sucessos caminham juntos. Através destes esclarecimentos poderá identificar os pontos relevantes, que possam estimular tanto professor como aluno à convivência com motivação no processo educativo levando-os a uma educação física de qualidade. Diante disso levanta-se as seguintes questões: Qual o papel principal do professor de Educação Física: provocar e promover mudanças no comportamento motor com a interação dos fatores biológicos, ambientais e da ação (tarefa) com intuito de alcançar o otimizar o desenvolvimento motor, atentando para outros fatores, como a interação dos domínios: cognitivo, afetivo e motor? Como deve se estabelecer a relação do professor com o aluno de forma a privilegiar a questao da motivação nas aulas de educação fisica? Qual a importancia desta relação para o 1 Aluno do Curso de Licenciatura em Educação Física, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. 2 Professora Orientadora.

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Page 1: ARTIGO - MOTIVAÇÃO EDUCAÇÃO FISICA - FERNANDO

CHINA: A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS

Fernando 1

Eliana Beatriz Velasco2

RESUMO

A importância da relação professor e aluno para o sucesso é fundamental. Enfatiza-se também as relações afetivas em sala de aula e coloca-se este relacionamento como um desafio para o educador pós-moderno, devendo este agir de forma que expresse o seu interesse pelo crescimento dos alunos, e assim respeitando suas individualidades, criando um ambiente mais agradável e propício para a aprendizagem. Cada vez mais as atividades físicas tem assumido uma importância cada vez maior nas escolas do país e na formação dos cidadãos. A preocupação com o ensino vem crescendo e uma maneira de motivar os alunos deve ser buscada e desenvolvida no que concerne a atividade física no contexto escolar. Por isso, justifica-se a importância deste estudo, focando a visão dos alunos e dos profissionais que atuam nas escolas de forma a obter possíveis respostas para a questão a motivação nas aulas e da relação professor aluno. Assim, este estudo se justifica por tentar esclarecer a influência do relacionamento entre professores e alunos e verificar que as dificuldades e sucessos caminham juntos. Através destes esclarecimentos poderá identificar os pontos relevantes, que possam estimular tanto professor como aluno à convivência com motivação no processo educativo levando-os a uma educação física de qualidade. Diante disso levanta-se as seguintes questões: Qual o papel principal do professor de Educação Física: provocar e promover mudanças no comportamento motor com a interação dos fatores biológicos, ambientais e da ação (tarefa) com intuito de alcançar o otimizar o desenvolvimento motor, atentando para outros fatores, como a interação dos domínios: cognitivo, afetivo e motor? Como deve se estabelecer a relação do professor com o aluno de forma a privilegiar a questao da motivação nas aulas de educação fisica? Qual a importancia desta relação para o aluno e para o professor? A partir deste questionamento o objetivo geral deste estudo é entender e analisar a relação professor-aluno pelo viés da motivação como um dos principais mecanismos utilizados pelo primeiro no contexto da aula de educação física.

Palavras-Chave: motivação, relação professor-aluno, educação física.

1 INTRODUÇÃO

Abordar a atuação de profissionais para qualquer área do conhecimento é

uma questão que demanda uma série de questionamentos, considerações,

verificações e levantamentos de diferentes vertentes, explicitação de pontos muitas

vezes polêmicos e controversos.

1 Aluno do Curso de Licenciatura em Educação Física, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.2 Professora Orientadora.

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Será visto neste estudo essa questão, com relação à atuação de um

profissional que tenha como objetivo o desenvolvimento de atuação numa situação

de ensino.

Não é uma tarefa simples, nem fácil, mas extremamente desafiadora a

análise da atuação de um profissional de Educação Física. Esse profissional

trabalha com uma atividade que se diferencia de outras atividades humanas, uma

vez, que para esse profissional, a vivência do conhecimento é fator determinante do

aprendizado.

A importância da relação professor e aluno para o sucesso é fundamental.

Enfatiza-se também as relações afetivas em sala de aula e coloca-se este

relacionamento como um desafio para o educador pós-moderno, devendo este agir

de forma que expresse o seu interesse pelo crescimento dos alunos, e assim

respeitando suas individualidades, criando um ambiente mais agradável e propício

para a aprendizagem.

A escola hoje, mais do que em qualquer outro tempo, é um espaço onde se

constroem relações humanas. Por tanto, é de fundamental importância trabalhar não

só conteúdos, mas também as relações afetivas. A interação entre ambos é ainda

importante para a adaptação do aluno ao processo escolar. O bom relacionamento

do professor com o aluno se desenvolve na busca pelo desejo que o indivíduo tem

de conhecer a si próprio, de encontrar uma definição para sua vida.

2 1 RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NO ÂMBITO GERAL

Segundo Silva e Santos (2002) a relação professor/aluno deve ser vista

como um dos suportes na busca da afetividade e eficiência no que tange ao

prepraro do aluno para a vida, numa redefinição do processo ensino-aprendizagem.

Diante disso, as autoras acima citadas acreditam que cada profissional deve

definir de maneira inequivoca o seu papel nesse contexto social, empreendendo

para tal, pesquisas, busca do diálogo, livre debate de idéias, interação social e

diminuição da importância do trabalho individualizado, privilegiando o trabalho em

grupo.

Ainda Silva e Santos (2002) mostram que a interação professor/aluno deve

ultrapassar os limites profissionais, escolares, do ano letivo e de semestres, pois é

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uma relação que deixa consequências para a vida adulta, e por isso deve-se buscar

a afetividade e o diálogo como forma de construção do espaço escolar.

De acordo com Bronfenbrenner (apud WAGNER; DOTTA; LÓPEZ, 2006, p.

636-637)

tanto no ambiente familiar quanto no escolar, quanto mais houver afeto, reciprocidade e equilíbrio de poder nas relações, mais esses espaços poderão ser considerados fatores de proteção eficazes, proporcionando novos modelos ao alcance da criança. Tal pensamento reforça a importân-cia do papel da confiança, da empatia e da afetividade, necessários na inter-relação família-escola.

Ser professor não é tarefa simples, requerendo para seu desenvolvimento

amor, compreensao e habilidade. Para Rodrigues (apud SILVA E SANTOS, 2002, p.

5) “O educador não é simplesmente aquele que transmite um tipo de saber para

seus alunos, como um simples repassador de conhecimentos. O papel do educador

é bem mais amplo, ultrapassando esta mera transmissão de conhecimentos”.

Para Raiser (2007, p. 3)

Trabalhar com arte na educação demanda um comprometimento maior do que simplesmente ‘dar aulas’. O convívio diário desperta reflexões sobre o que ocorre numa sala de aula, envolvendo também ponderações sobre a postura do professor e dos alunos. Infelizmente, em grande parte das escolas, o trabalho em sala de aula ocorre mais de forma expositiva por parte do professor, não instigando o aluno à participação efetiva em seu processo de aprendizagem.

No âmbito escolar, o professor deve utilizar seu saber pedagógico como

forma de possibilitar mudanças, tanto no nível da escola, quanto no nível do sistema

social, econômico e político. O professor deve manter-se como fonte inesgotável de

conhecimentos no cotidiano de sala de aula, retirando desse conhecimento,

elementos teóricos que possibilitem compreensão e um direcionamento a uma ação

consciente. Superando as possiveis deficiências, recuperar o real significado do seu

papel como professor, apropriando-se de um fazer e de um saber fazer adequados

ao momento que vive a escola atual. Segundo Freire (1992, p. 11),

É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão.

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Para Grossi (1994) o relacionamento professor/aluno é peça fundamental na

realização comportamental e profissional. Assim sendo, a análise dos

relacionamentos entre ambos deve envolver interesses e intenções, pois esta

relação traz conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do

desenvolvimento comportamental e agregação de valores.

Corroboram com esta posição Silva e Santos (2002) quando destacam que a

interação estabelecida entre professor e aluno deve caracterizar-se pela seleção de

conteúdos, organização, sistematização didática, de modo a facilitar o aprendizado

dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.

Ainda sobre esta relação tao importante Gadotti (1999, p. 2) afirma que

(...) O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.

Percebe-se que desta forma, a aprendizagem se torna mais interessante

pois o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de

aula. Para que este aluno possa sentir prazer pelo aprender o professor deve

despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das

atividades.

Sobre isso coloca Silva (2007, p. 2)

O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.

Para Abreu e Masetto (1990, p. 115) o trabalho do professor em sala de aula

e sua relação com os alunos se traduz pela relação que ele tem com a sociedade e

com cultura. Eles colocam que

(...) É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.

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Ainda sobre esta relação, Freire (1996, p. 96) afirma que

O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Pode-se dizer que a relação entre professor e aluno depende, de maneira

direta, do clima que o professor consegue estabelecer com seus alunos, da empatia

com seus alunos, de capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão

dos alunos e da criação da ligação entre o seu conhecimento e o deles.

3 RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO CONTEXTO DA AULA DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

De acordo com Silva; Gomes; Abranches (2007) uma análise da educação

física tem a tarefa de reduzir a complexidade do ensino para torná-lo palpável, essas

têm a função de ensinar como lecionar. Há duas formas diferentes de análises, uma

que parte de um processo analítico de interação diferenciando os processos

desejáveis dos indesejáveis (que facilitam ou dificultam a aula); outro que parte da

análise de regras e dos objetos a serem usados para formar a estrutura cognitiva.

Para as autoras acima citadas, quando se entende a educação física como

um processo de interação social, a análise da aula concentra-se nas exigências e

nas regras que constroem e desenvolvem as situações de aula.

Interação são as regras e condições que determinam as relações entre os

seres humanos e suas experiências e vivências, isto significa que as regras valem

para os esportes e para a convivência social.

Segundo Betti (1999) há regras que são fixas, válidas e conhecidas

mundialmente nas competições, mas há também regras que fixadas por acordos

feitos entre os desportistas e jogadores. As regras decodificadas dão sentido às

modalidades esportivas e podem ser chamadas de regras constitutivas. Por outro

lado existem regras que determinam como as relações entre os desportistas devem

ocorrer e como recebem as instruções, são conhecidas como regras regulativas.

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São as regras que determinam a aula, elas prescrevem como os alunos e

prefessores devem relacionar-se entre si e seu processo de interação.

De acordo com Faria Júnior; Correa; Bressane (1982) numa aula de

educação física sobre um determinado esporte podem ocorrer dois tipos de regras a

serem estipuladas: a) as regras da aula; b) as regras do esporte que vai ser

ensinado. As regras da aula compreendem o relacionamento entre o professor e o

aluno; as regras do jogo compreendem aquelas que determinarão o espaço de

movimentação, o tempo, as atividades motoras e tudo o que possa contribuir para a

execução do jogo sem acidentes graves.

A relação entre as regras dá-se no momento em que o professor decide

consciente ou inconscientemente as suas ações em aula, definindo a situação na

qual os alunos agem; o papel do aluno e o rendimento de cada um que executa ou

participa da aula. Cabe ainda estipular de que regras se necessita para definir as

relações sociais na aula de educação física.

4 A MOTIVAÇÃO NA SALA DE AULA

Antes de se abordar o tema da motivação na sala de aula, especificamente

na aula de educação física, é necessário entender, à luz dos autores, como é

conceituada a motivação, entre outras coisas.

4.1 CONCEITOS E ESTUDOS

A motivação é fundamental para que ocorra a aprendizagem. É ela que

impulsiona o indivíduo a agir de determinada maneira, a buscar novos

conhecimentos. Portanto a motivação influencia a aprendizagem em sala de aula,

bem como o desempenho escolar do aluno.

De acordo com Friedmann (1996, p. 66) "(...) A motivação é fator que

influencia o desenvolvimento: se a motivação é grande, a criança irá se esforçar

para fazer as coisas mais complexas." A aprendizagem depende da motivação, do

interesse e da necessidade da criança. Para que haja desenvolvimento afetivo e

cognitivo, deve-se encorajar a criança à autonomia e pensamento crítico, levando

em consideração o fato de o desenvolvimento depender do equilíbrio afetivo.

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Para este autor, a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a

conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo.

Refere-se às forças que agem sobre um organismo, ou dentro dele, para iniciar e

direcionar o comportamento. Estudar a motivação consiste em analisar os fatores

que fazem as pessoas empreender determinadas ações dirigidas e alcançar

objetivos.

Segundo Piletti (1988, p. 63)

Sem motivação não há aprendizagem. Pode ocorrer aprendizagem sem professor, sem livro, sem escola e sem uma porção de outros recursos. Mas mesmo que existam todos esses recursos favoráveis, se não houver motivação não haverá aprendizagem. 

Para Piaget (1967, p.16) “(...) A criança, como o adulto, só executa alguma

ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e

este se traduz sob a forma de uma necessidade.” Dessa forma, neste trabalho, a

motivação será tratada como um fator fundamental da aprendizagem, identificando

os fatores motivacionais como também de estratégias de aprendizagem, para que o

aluno desperte para o desejo de aprender, se comprometendo com o seu processo

e realizando com eficiência sua aprendizagem.

De acordo com Huertas (2001) pode-se entender a motivação como sendo

um processo psicológico, de outra maneira, obtem-se motivação por meio dos

componentes afetivos e emocionais, que vão depender da pessoa, ou seja, cada

indivíduo apresenta diferentes tipos de motivação em relação a um tema pré-

estabelecido.

Este processo, segundo o autor acima citado, faz com que cada pessoa

desenvolva metas de, metas profissionais, metas de estudo, entre outras, e essas

metas serão a motivação das mesmas para atingir seus objetivos e propósitos.

E isto está relacionado com a aprendizagem como destaca Pozo (2002, p.

146) ao afirmar que “(...) a motivação pode ser considerada como um requisito, uma

condição prévia da aprendizagem. Sem motivação não há aprendizagem”.

Sobre a questão da motivação em sala de aula, os estudos de Tapia (1999, p. 19)

trazem a importante constatação de que é importante que os alunos aprendam

alguma coisa que faça sentido, como por exemplo,

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(...) descobrir, por trás das palavras que se constroem, significados conhecidos e experimentar o domínio de uma nova habilidade, encontrar explicação para um problema relativo a um tema que se deseja compreender.

Corroborando com as idéias de Huertas e Pozo, para Fita (1999, p. 77) “(...)

a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em

determinado sentido para poder alcançar um objetivo”. Desta forma, para este autor,

a motivação está relacionada à determinadas ações que conduzem os indivíduos a

alcançar seus objetivos.

De acordo com Pozo (2002, p. 142) “(...) a motivação não depende só dos

motivos que temos, mas do sucesso que esperamos se tentamos alcançá-los”.

Outro aspecto que deve ser analisado no contexto da motivação é a questão

do afeto e da auto-estima. Para Seber (1997), analisando a teoria de Piaget, o afeto

se desenvolve paralelamente a cognição ou inteligência e, tem participação

fundamental na ativação intelectual. Com a expansão de suas capacidades afetivas

e cognitivas por meio da construção contínua, as crianças estão capacitadas a

investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas. Neste contexto, a auto-

estima se relaciona de maneira muito próxima com a motivação ou interesse da

criança para aprender.

A partir do desenvolvimento do vínculo afetivo, da aprendizagem, da

motivação e da disciplina espera-se que a criança rume a conquistar o autocontrole

e seu bem estar escolar. Diante disso estabelece-se uma forte relação entre

professor e aluno, que vai influenciar a formação da auto-estima deste último, pois

se o professor trabalha desmotivado, e apresenta diferentes reações diante de um

aluno indiferente ou agressivo, certamente haverá um comprometimento do

desenvolvimento escolar dos alunos.

Segundo Bean et al, (1995), o aprendizado é afetado pela a auto-estima.

Diversas pesquisas sobre a auto-imagem e o desempenho escolar mostram a

existência de uma relação consistente entre a auto-estima e a capacidade de

aprender. A auto-estima elevada estimula a aprendizagem. O aluno que possui uma

auto-estima elevada aprende com maior facilidade e satisfação e por isso enfrenta

as novas tarefas de aprendizagem com mais confiança e entusiasmo. Nesta

perspectiva o desempenho deste aluno tende a ser um sucesso, pois a reflexão e o

sentimento precedem a ação, o que demonstra determinação e expectativas

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positivas, diferente de um aluno que se sente incompetente e assim acredita não ser

capaz.

Os bons sentimentos são reforçados pelo desempenho bem-sucedido. É

uma espiral crescente, pois a cada sucesso que o aluno alcança o torna mais seguro

e confiante na sua competência. Aumentam sua capacidade de enfrentar desafios

em relação aquele que não se vê como um aluno de sucesso, isto certamente leva-o

a ser psicologicamente mais saudável do que daquele que tem uma visão negativa

de si, já que este último acha-se um derrotado e seu temor diante de situações de

exposição que possam demonstrar seus pensamentos e sentimentos são

crescentes.

Segundo Souza (2002) os estudiosos do tema da afetividade como fator

preponderante para a construção do conceito que o aluno faz de si próprio, tem

aumentado, porque, hoje em dia, encontra-se no ambiente escolar a violência, a

agressividade e o desrespeito, e estes sentimentos podem ter causas de fundo

afetivo, por conta da falta de valorização da pessoa como ser humano. Essa

desvalorização do ser humano prejudica e altera o conceito que ela faz de si

mesma.

Oliveira (1998) traz os conceitos de Vygotsky que sempre estudou o

aprendizado inserido no desenvolvimento sócio-histórico da pessoa como um

processo que se desenvolve a partir de diferentes fases interligadas entre si. Diante

de qualquer fase que o sujeito esteja vivendo, este sempre estará convivendo com

grupos diversificados de pessoas que, contribuem a todo o momento para que se

construa a sua auto-estima.

Tratando-se da questão para a sala de aula, Knüppe (2006) mostra que

existem pesquisas que evidenciam o fato das crianças estarem chegando às escolas

cada vez mais desmotivadas com os estudos, o que leva a um processo de

repetência e de evasão escolar. Segundo Zenti (apud KNÜPPE, 2006), existem

inúmeros problemas causados pela desmotivação, contudo, sabe-se que não existe

uma forma pré-estabelecida e devidamente confirmada para fazer as aulas serem o

foco de atenção das crianças. Mas, neste contexto, o professor que tiver mais

sensibilidade e energia talvez consiga se sair melhor e superar, ao menos em parte

este problema.

Ainda Zenti (apud KNÜPPE, 2006, p. 278) coloca que

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os especialistas no assunto afirmam que os professores devem mostrar aos seus alunos que estudar pode ser divertido. Porém, a maior dificuldade está em competir com os atrativos tecnológicos e os brinquedos que encantam as crianças, e que na escola não existem.

De acordo com Torre (1999, p. 7), nas pesquisas realizadas com

professores, existe uma colocação recorrente com relação ao desinteresse dos

alunos em querer aprender e estes professores acreditam que “(...) esse fato afeta

diretamente professores e alunos em função das áreas de estudo, dos níveis do

sistema educacional e das características socioculturais de quem aprende, entre

outras variáveis” .

Ainda segundo Torre (1999, p. 9), “(...) a motivação escolar é algo complexo,

processual e contextual, mas alguma coisa se pode fazer para que os alunos

recuperem ou mantenham seu interesse em aprender”.

Também se deve pensar na motivação a partir da questão da linguagem.

Para Camargo (2004) é papel da escola disponibilizar o maior espaço possível, para

a palavra, para que os professores e alunos produzam sentidos originais para o que

vivenciam juntos. Como relembra o autor, a linguagem possibilita ao aluno, entre

outras funções, a percepção da realidade, o planejamento e a regulação de suas

atividades. Faz-se necessário pensar na inter-relação entre a afetividade, a

linguagem e a cognição, já que as funções envolvidas na maneira como se percebe

a realidade, o planejamento e a regulação de atividades suportam essa inter-

relação, demonstrando que não é possível uma educação que se ocupe de maneira

separada de tais instâncias ou que relegue alguma delas ao segundo plano.

O aluno necessita aprender a ser feliz e descobrir que existe prazer na

aprendizagem. Tambem o professor possui as mesmas necessidades. Necessita

estar feliz com o que faz para contagiar seus alunos, e desta forma motivá-los.

Precisa encontrar prazer também em aprender. Afinal, o educador é um eterno

aprendiz e encontrando prazer em ensinar, reconhecerá seu erro e o erro de seu

aluno, como parte do processo ensino-aprendizagem (BOMTEMPO, 1997, p. 9).

Assim, pode-se concluir que existe a necessidade de se trabalhar com e

para os professores a questão da afetividade, é entender o quanto o ser humano

precisa estar bem para poder lidar com os problemas das pessoas que fazem parte

do seu ambiente. Partindo desse pressuposto, um professor emocionalmente

equilibrado consegue intervir de forma adequada nas relações conflituosas de sua

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sala de aula, ou seja, sua participação na vida de seus alunos tenderá a basear-se

no respeito e na justiça.

4.1.1 Motivação nas Aulas de Educação Física

A motivação constitui para a educação um importante campo de

conhecimento que deve ser explorado pelos professores, uma vez que, por meio

dela podemos compreender a razão do comportamento humano, pois o que

impulsiona uma pessoa a agir de uma determinada forma são os motivos.

Segundo Knüppe (2006) a motivação deve fazer parte do processo ensino-

aprendizagem em todos os momentos na sala de aula e seguramente, tanto da parte

do professor, quanto do aluno. Esta afirmação encontra respaldo no que coloca Fita

(1999) sobre a importância do bom professor para o aluno seja motivado na sala de

aula.

Partindo-se desta idéia, pode-se dizer que um bom professor é aquele que

sabe como motivar seus alunos. Diante disso Huertas (2001) destaca que a

motivação precisa estar atrelada a metas e objetivos, e desta forma, para que o

professor possa motivar seus alunos deve também possuir metas de ensino, o que

levará estes últimos a aprender.

Ainda Huertas (2001) destaca que estas metas e objetivos podem

desencadear a conduta motivada, formando a base indispensável para considerar

uma ação como motivada ou não. Assim sendo, o autor faz a relação direta entre

desejo e metas e a motivação, destacando que uma prescinde da outra. E por

conseqüência, para existir aprendizagem é necessário haver a motivação.

Diante disso, o papel do professor para Huertas (2001) é o de facilitar a

construção pelos alunos do processo de formação do conhecimento, tentando em

contrapartida, não influenciar este aluno quanto às suas habilidades, conhecimentos

e atitudes. Desta forma, a influência do professor se dá no processo de

desenvolvimento da motivação da aprendizagem pelo aluno.

Concordando com o autor acima citado, Knüppe (2006) acredita que quanto

mais consciente for o professor com relação a motivação, melhor será a

aprendizagem de seu aluno.

A autora acima citada destaca também a importância de entender também o

processo de desmotivação porque este gera graves conseqüências como a

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repetência e a evasão escolar. Ela cita o exemplo da escola pública, onde alguns

alunos que ao repetirem várias vezes a mesma série, acabam saindo da escola para

ingressar no mundo do trabalho visando um retorno financeiro. Isso leva ao

processo de evasão escolar. Já no caso das escolas particulares, a repetência está

relacionada ao desinteresse dos alunos, o que segundo Pozo (2002, p. 139) está

intimamente relacionado a motivação ou a falta da mesma. Para ele “(...)

normalmente, não é que não estejam motivados, que não se movam em absoluto,

mas sim que se movem para coisas diferentes e em direções diferentes das que

pretendem seus professores”.

Outro ponto que merece destaque neste estudo é com relação a motivação

não estar ligada apenas aos alunos, ou seja, ela refere-se também aos professores.

Segundo pesquisa realizada por Knüppe (2006) a maioria dos professores acreditam

que para seus alunos serem motivados para a aprendizagem, elas também devem

estar motivadas. Para Jesus e Santos (apud KNÜPPE, 2006) a desmotivação dos

professores relaciona-se com a rotina de trabalho e a inibição. Assim, muitas vezes

os professores estão motivadas para o trabalho, às vezes não e essa atitude, quase

sempre é percebida pelos alunos, o que incentiva a desmotivação destes últimos.

Assim fica, claro que uma posição assertiva e intusiasmada por parte dos

professores certamente terá reflexos positivos nos seus alunos.

Concluindo, Huertas (2001) destaca que aos poucos o professor consegue

aperfeiçoar suas habilidades e seus esquemas motivacionais, estabelecendo metas

e objetivos que levarão os alunos a sentirem a motivação e assim, serem motivados

também.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

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