arquitectura funerária do antigo egipto

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Centra-se sobretudo no Antigo e Médio Império.

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ARQUITECTURA FUNERRIA DO ANTIGO EGIPTO IMPRIO ANTIGO E IMPRIO MDIO

Unidade Curricular: Histria de Arte e Civilizaes do Mundo Antigo Realizado por: Joana Filipa Sousa Sequeira Professora: Maria Clara Paulino Faculdade de Letras da Universidade do Porto 2011/2012

INDICE: 1. Introduao..............................................................................3 2. Antigo Egipto 2.1 . Localizaao e Caracteristicas.........................................4 2.2 . Objectivo da Arte...........................................................7 2.3 . Arquitectura Funeraria: Casas para a eternidade...........8 3. Imperio Antigo 3.1 . Djoser............................................................................10 3.2 . Snefru............................................................................16 3.3 . Quops, Qufrer e Miquerinos......................................18 4. Imprio Mdio 4.1 . Sesstris........................................................................23 5. Conclusao.............................................................................28 6. Bibliografia...........................................................................29

INTRODUOO meu trabalho ir tratar do Egipto, ou melhor, de uma das suas variadssimas particularidades, a arquitectura funerria do Antigo e Mdio Imprio. Como se sabe, a civilizao egpcia uma das civilizaes mais importantes da histria Antiga. Desenvolveu-se na regio do Crescente Frtil, mais exactamente no nordeste de frica, uma regio caracterizada pela existncia de desertos e pela vasta plancie do rio Nilo. A antiga civilizao egpcia era bastante complexa na sua organizao social e muito rica no seu desenvolvimento cultural. Como havia a forte crena na vida depois da morte, a arte voltava-se excessivamente para esse aspecto da religiosidade. E tinha-se na figura do Fara uma centralizao e uma representao de todo o povo pois preservar o corpo do Fara e dot-lo dos meios prprios para a segunda vida, era garantir a todo o povo as mesmas possibilidades. O Fara era mais do que um simples governante, este englobava o prprio povo, o seu destino e a sua eternizao. Combinando arte, arquitectura, faras e todo esse simbolismo to caracterstico desta civilizao egpcia, ser por estes pontos que irei guiar a minha investigao e o meu trabalho.

4

2.

Antigo Egipto 2.1 . Localizaao e Caracteristicas

Para falarmos do Egipto, da sua civilizao, da arte que o caracteriza, da importncia de certos faras, temos que antes de mais, nos situar no tempo e no espao, comeando por definir a localizao do Antigo Egipto, apelidado de, O Dom do Nilo. Ora, a este muito se deve a origem, a vida, e o desenvolvimento desta antiga civilizao tendo sido utilizado como meio de transporte para movimentar todo o tipo de mercadorias para as diferentes zonas onde eram necessrias, e tendo sido atravs deste que viajaram os grandes blocos de pedra para depois serem devidamente trabalhados. Geograficamente, o Egipto pode dividir-se em duas reas caractersticas: o Vale e o Delta. Os antigos egpcios concebiam o seu pas como as duas terras, sendo o territrio separado como Alto Egipto (zona do Vale) e Baixo Egipto (zona do Delta). No conjunto das civilizaoes mediterranicas, a arte egipcia, a de maior longevidade, pois estende-se por um espao de 30 sculos de uma historia variada e complexa. Com base nas dinastias que se sucederam, distinguem-se-lhe seis grandes periodos, o primeiro dos quais a Monarquia Antiga (3100-2181 antes de Cristo, I-VI dinastias faranicas) que se inicia com o final da epoca pre-dinastica, ou seja, com a unificaao do Alto e do Baixo Egipto, segue-se o primeiro periodo intermedio (2181-2133, VIIX dinastias), obscura fase de guerras civis e divisoes interna, cuja resoluao da inicio Monarquia Mdia (2133-1786, XI-XII dinastias). Com a invasao dos Hiasos, o pas passar por um periodo de divisoes denominado, o Segundo periodo intermedio (17861567, XIII-XVII dinastias). 1

1 - Howarth, Eva - Antigo Egpto : breve histria da arte. Lisboa : Editorial Presena, cop.1993.

5 A XVII dinastia, com o seu fundador Ahmose, consegue libertar e reunificar o pais, dando inicio Monarquia Recente pertencente s XVIII-XX dinastias, visto como o momento de maior esplendor da civilizaao egipcia, enquanto que com a dinastia XXI, inicia-se o periodo de decadencia, a poca Baixa a que permanece sem alteraao at conquista pelos romanos, no ano 300 antes de Cristo.2 Dada j uma abordagem sobre as diferentes fases desta civilizao convem relembrar a sua localizaao, j referida acima, esta que se desenvolve na regiao do Crescente Frtil, mais exactamente no Nordeste de frica, uma regiao caracterizada pela existencia de desertos e pela vasta planicie do Rio Nilo. A arte egipcia atraves dos tempos caracterizada pela grande unidade de estilos e objectivos: as vivencias historicas e culturais das outras civilizaoes jamais tiveram sobre o Egipto uma influencia determinante, acontecendo ate o contrario, a propria Roma depois de ter subjugado o pais, absorveu muitos dos seus usos e costumes. Antes de entrarmos numa abordagem precisa da arquitectura funeraria de dois dos imperios do Egipto, preciso termos em conta alguns factores que, ajudam a entender o porque da existencia destas arquitecturas. Visto assim, o denominador comum do mundo egipcio a corte do rei, que no so alberga o aparelho civil do Estado, como tambem o religioso, baseado no principio da propria divindidade do soberano, a quem se chamava o deus vivo. O rei est presente em todas as manifestaoes artisticas, pelo menos como inspirador. Numa introduao arte e arquitectura egipcia, necessario recordar a esplendida escrita que constitui nesta civilizaao uma forma artistica bem individualizada. Nela, desenhos e cores fundem-se harmoniosamente, com definidas intenoes decorativas, alem de descritivas. 3

2 - Lise, Giorgio - Como reconhecer a arte egpcia / Giorgio Lise ; trad. Carmen de Carvalho ; desenho Mariarosa Conti. - Lisboa : Edies 70, [D.L.1985]. 3 - Jacq, Christian O Egipto dos grandes faras : a histria e a lenda / Christian Jacq ; trad. Maria Bragana. - Porto : Asa, 1999

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Numa breve referncia aos primordios, ou seja, s manifestaoes artisticas da arte das civilizaoes do Egipto pr-dinstico ou pr-histrico, temos a apontar, as figuras de argila de Nagad, os vasos de pedra esculpida e tambem ceramicas, tecidos pintados, objectos de silex, marfim, osso ou pedras semipreciosas, de uma requintada execuao, testumanham a existencia de uma cultura j evoluida e que dispoe de tecnicas artisticas avanadas, ainda antes das origens oficiais. Voltando sua localizaao, o Vale do Nilo pode ser considerado o bero da civilizaao tendo as inundaoes anuais do rio criado um ecossistema favoravel agricultura e sedentarizaao. Os temas fundamentais da existencia humana apresentavam-se prescritos pelo espao natural, onde as suas caracteristicas dominantes eram as de uma arquitectura propensa a reproduzir uma ordem natural, isto inclui uma organizaao rigorosa do espao seguindo determinada orientaao: disposiao axial dos edificios, e divisao ortogonal das areas, privilegio das formas geometricas na construo e emprego de qualidades formais abstratas e naturalizantes, procura expressiva da fora natural e da capacidade humana de se valer dela, arte monumental decorativa rica em simbolismo.

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2.2 . O Objectivo da Arte no Egipto Para o povo do Antigo Egipto, a arte no era um conceito abstracto. Os trabalhos dos artistas egpcios tinham um objectivo prtico, no eram apenas as expresses tangveis de inspirao e de imaginao. Se, na arte, se representava um objecto, uma pessoa, ou at mesmo um acontecimento, e se nestes fosse inserida a correcta frmula religiosa, ou apenas recitada, estes continuavam a existir para sempre. Deste modo, alguns objectos ou cenas pertencentes aos tmulos podiam tornarse reais, equipando o defunto para a sua vida alm-tmulo. O objectivo dos relevos que decoravam os templos era estabelecer a ligao entre o povo e os seus deuses, atravs da pessoa do deus vivo e rei do Alto e Baixo Egipto. O culto funerrio ganha ento um significado total, onde o facto de o corpo ser imprescindvel no outro mundo far com que seja conservado mediante o processo de mumificao e seguidamente o culto funerrio. A principal finalidade de uma esttua era assegurar a sobrevivncia da pessoa representada para a eternidade. Como j referi acima, ao ser inserida com o seu nome e os seus ttulos, ficava magicamente revestida com a sua personalidade e tornar-se-ia uma residncia eterna para o esprito, aps a morte. Uma vez enterradas com os seus donos nos tmulos, passavam a pertencer ao mundo espiritual da eternidade. Qualquer representao tinha como objectivo ser intemporal. 44 - O grande livro da arte : tesouros artsticos do mundo / coord. Geoffrey Hindley ; pref. Norman Reid ; trad.

Isabel Correia. Lisboa : Verbo, imp. 1982

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2.2 Arquitectura Funerria: Casas Para A Eternidade Quem no ouviu falar de uma pirmide ou de um templo? O Imprio Antigo foi assinalado como o progresso na arquitectura do que em propriamente mudanas sucessivas da realeza. A poca inaugurada por Djoser inovadora, pois este rei contribuiu muito para a evoluo a nvel religioso, artstico, e social do Antigo Egipto. A cultura funerria do Antigo Egipto impressionante. Nas Necrpoles, que corresponderiam ao que actualmente so os cemitrios, podem ver-se autnticas cidades habitadas por defuntos. Entre elas as mais importantes so: Saqqara (Sakarah), que foi a necrpole do Imprio Antigo, onde se encontra o grande complexo funerrio do Rei Djoser, e Giz tambm importantssima durante este mesmo Imprio, conhecida pelas suas trs grandes pirmides e pela Grande Esfinge. Todos estes grandes cemitrios situavam-se estrategicamente na margem ocidental do Nilo. necessrio salientar tambm a importncia do material ptreo utilizado neste tipo de construes. A sua dureza e resistncia aos factores climatricos adversos fazem da pedra um material to frequente como ptimo para perdurar eternamente. Assinala-se que, at V dinastia, o direito a ser enterrado num destes grandes complexos estava reservado, em primeiro lugar ao fara, e aos seus sbditos e familiares em tmulos secundrios. 5 Comeamos ento pela III dinastia, onde Djoser reina sobre um Egipto unido. Disso podemos ter a certeza pois o complexo monumental de Saqqara exigiu um forte poder central para ser edificado.

5 - Smith, W. Stevenson - The art and architecture of ancient Egypt. ed. revised . New Haven : London : Yale University Press, 1998.

9 Este rei tinha as caractersticas necessrias para poder elevar tamanho imprio, como fora de carcter, a vontade feroz e a autoridade natural inscritas no comportamento deste ser excepcional. Este tinha como objectivo, construir uma morada eterna para abrigar um corpo divino. A tarefa de construir to grande ordem arquitectnica no teria sido possvel de concretizar sem o extraordinrio projecto do mestre-de-obras, Imotep, este nomeado directamente pelo fara, inventa a pedra talhada e estabelece mtodos de transporte e de assentamento a larga escala. Para um egpcio, ver criar ou recriar o mundo. ter a possibilidade de discernir a obra divina na Natureza, de perceber a intensidade do deus da Luz e faz-la resplandecer nas suas prprias obras. () A sua obra arquitectnica no ter, pois, finalidades estticas. Imotep tem a sensao de construir muito mais do que um tumulo destinado a um individuo; a aventura de Sacara a salvaguarda de todo o Egipto no Alm, uma necessidade para que o pas continue a ser protegido pelos deuses.6

6 - Jacq, Christian - O Egipto dos grandes faras : a histria e a lenda / Christian Jacq ; trad. Maria Bragana. - Porto : Asa, 1999, p. 56.

10 3. Imprio Antigo 3.1 Djoser Os monumentos desse perodo mostram a inteligncia e capacidade de organizao de arquitetos para constru-los, juntamente com a habilidade e a capacidade dos artesos egpcios, e destaca o alto grau de esplendor que sucedeu a civilizao egpcia. O complexo funerrio do Imprio Antigo, feito de pedra, era parte de uma srie em que eles tinham geralmente a pirmide principal, o templo funerrio com uma pirmide, um templo no vale, com uma mola e um caminho processional que ligava os edifcios. Complementado com pirmides subsidirias, poos de barco solares, capelas, lojas, etc. Espaos arquitetnicos extraordianrios foram projetados para tornar mais solenes as cerimnias fnebres. Cabe-nos agora dirigirmo-nos ao complexo funerrio de Sacara, obra-prima do sculo de Djoser. Este, o segundo monarca da III dinastia, e com ele iniciouse o primeiro grande complexo arquitectonico, formado por uma piramide escalonada ou de degraus e os seus edificios complementares. Ao seu nome, Djoser juntava-se outro de suma importancia, pois tratava-se do arquitecto criador do projecto, Imhotep. Este personagem que alem de arquitecto foi, sacerdote e chanceler, foi considerado um semi deus e venerado como patrono da ciencia e da medicina. O rei confiou-lhe a criaao do seu palacio funerario. Sacara considerado um lugar mgico onde sopra o o esprito egpcio em toda a sua pureza. Neste planalto desrtico onde o gnio da velha civilizao faranica quase palpvel, somos bruscamente transportados para muito longe da nossa poca. A pirmide em degraus de Djoser e Imotep, o recinto sagrado do complexo funerrio e os monumentos que se erguem aos cus no nos so estranhos.

11 Sacara fica no deserto, na orla do planalto lbio, este local fora escolhido com um propsito, este que se baseia no facto de dominar a capital de Djoser e no distava muito das necrpole dos faras da primeira e segunda dinastias, assegurando assim uma espcie de continuidade espacial. Como comearam estas obras? As fases de construao apresentavam alguns problemas que foram estudados ao longo da historia por varios teoricos , sendo que a hipotese mais aceite explica que a construao da primeira piramide da historia se efectuou a partir de uma mastaba. At a construo da pirmide de Djoser (Zoser), os tmulos reais consistiam em camaras subterrneas cobertas por uma estrutura de madeira na forma delustrao 1: Pirmide escalonada de Djoser.

uma pirmide truncada, chamadas

de mastabas. A Pirmide de Djoser feita de pedra e consiste de seis mastabas enormes, uma sobre a outra, assim como os cinco revises e desenvolvimentos do plano original: uma mastaba com a base quadrada, 63 metros de largura e oito de profundidade.7 A pirmide parte de um gabinete que um complexo funerrio, chegou a sessenta metros de altura e 140 m de comprimento por 118 m de largura na base, sendo cobertas com calcrio branco polido. A Pirmide de Degraus est no centro do recinto retangular de 554 m de norte7 - Janson, H. W., 1913-1982 - Histria da arte / H. W. Janson ; trad. J. A. Ferreira de Almeida, Maria Manuela Rocheta dos Santos ; colab. Jacinta Maria Matos. - 6 Edio. - Lisboa : Fundao Calouste Gulbenkian, 1998.

a sul e 277 de leste a oeste. 12 A parede de calcrio, originalmente mede cerca de 10 ps de altura e tinha catorze portas falsas e um acesso nico, fornecido num dos recessos que imitam uma porta falsa. Os edifcios tm fachadas exteriores cuidadas, no entanto, os interiores so slidos. Esta entrada leva a um pequeno ptio e uma sala hipostila com quarenta colunas inerentes aos pilares, arredondadas no interior, imitando feixes de hastes de papiro, competindo em duas linhas, 6,60 metros de altura e metros na base, sobre a qual repousava um telhado de lintel, estas so as primeiras colunas de pedra conhecidas de arte egpcia. Abaixo est um grande ptio, ao sul da pirmide, com um pequeno altar e quatro marcadores que podem representar os limites do reino. Imotep mandou retirar a areia e aplanar a superfcie calcria, de seguida abriram-se os poos na pedra a uma profundidade de vinte e cinco metros. O seu fundo foi guarnecido de granito. Sacara comea por ser uma pirmide em degraus, ficando no centro da superfcie de quinze hectares ocupada pelo domnio funerrio e tambm no centro do admirvel ideal de Djoser: subir aos cus utilizando esta gigantesca escadaria de pedra, aceder ao paraso terrestre pelos degraus da pirmide, a fim de viver na companhia dos deuses seus irmos. Este complexo de Djoser em Saqqara fora construdo cerca de 2650 a. C., de se revelar neste mesmo a linha seguida pela arquitectura do Antigo Egipto na Pr-Histria e nos primeiros tempos do Periodo Dinastico. Entre os numerosos e complexos edifcios concebidos por Imotep, a pirmide em degraus impe-se imediatamente ao nosso olhar, pois como sabemos, sob esta pirmide que o corpo mortal do fara depositado e no seu vrtice,

confundido com o Sol, que se encontra o seu corpo imortal. 13 Mas aparte o simbolismo deste complexo, passemos sua construo, ao rigor em si. Esta Piramide dos Degraus com os seus cerca de 70 m de altura excede largamente a escala de toda a arquitectura egpcia anterior. A ala sul, parcialmente destruda, da pirmide de 7 Degraus permite-nos perceber qual a estrutura interna deste 1 edifcio monumental em pedra no Egipto. No ncleo da Piramide em Degraus existe uma estrutura rectangular plana que corresponde forma funerria da mastaba, e imps-se a necessidade de uma linha vertical, de um impulso em direco ao mundo celeste, pois ento, horizontal do recinto devia corresponder a vertical de outra forma arquitectnica: pirmide. Os sete degraus da pirmide que se erguem acima deste tumulo acentuam a forma do monte funerrio, constituindo uma espcie de escadaria para o cu que o rei podia subir no seu caminho para o alm. Uma imensa muralha rodeava o conjunto funerrio que, medindo mais de mil e quinhentos metros de comprimento, se erguia a uma altura de cerca de onze metros, era uma fachada fortificada, a guardar uma espcie de relquia, onde todos os edifcios so estruturas slidas sem divises internas e portanto desprovidas de qualquer funo prtica. De todo este conjunto funerrio faz tambm parte o Muro de Vedao volta da Piramide em Degraus, onde uma nica entrada da acesso ao complexo funerrio de Djoser, este muro com nichas, com salincias semelhantes a baluartes e reentrncias imita os muros volta da cidade residencial de Menfis. 8 Para alem disto, temos outras construoes do complexo, tais como: O templo das trs colunas caneladas. Ao longo da parede leste, sudeste da pirmide, num patio menor , existe um templo dos quais trs colunas caneladas, foram reconstrudas por Jean Philippe Lauer altura dos capiteis originais.8 - Aldred, Cyril - Egyptian art : in the days of the pharaohs-3100-320B.C.. London : Thames and Hudson, 1996.

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As capelas da festa Sed sao simblicas, no acessveis, estas dependncias so apenas fachada, l dentro no nada, so preenchidos com escombros de pedra, imitando capelas para comemorar a celebrao do trigsimo ano do reinado do Fara, ou "festival Sed." Contra estes, h duas tribunas, o que provavelmente simbolizam os tronos do Egito Superior e Inferior.

Ilustrao 2: Piramide vista do ptio da festa "Sed". A Casa de Sur, localizada a leste da pirmide, um edifcio simblico decorado com

quatro colunas caneladas com quarenta metros de altura, com nichos para oferendas. A Casa do Norte, perto da anterior, tem uma fachada semelhante, variando apenas nos capiteis. Entre os restos apareceram os nomes gravados das princesas, Hetepherernebti e Inetkaus.

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O serdab uma pequena cmara fechada, perto do canto pirmide, de pedra nordeste onde do da foi fara

encontrada uma esttua sentado, com seu nome gravado "Necherjet" no ladoIlustrao 3: Esttua de Djoser no serdab do seu templo funerrio, Saqqara.

norte,

h

dois

pequenos

orifcios

circulares dos quais sev

podia ver a esttua do lado de fora. Esta a primeira estatua de tamanho real conhecida, o original est exposto no Museu Egpcio, no Cairo. O templo funerrio est localizado ao norte da pirmide, ao lado do serdab e est em runas. Uma passagem estreita leva a nveis mais baixos da pirmide e cmara

Ilustrao 4: Corredor com colunas do complexo funerrio de Djoser, Saqqara.

funerria

que

contem

o

tmulo

do

fara.

16

Ainda a salientar, uma inovaao importante a respeito dos tumulos reais mais antigos a orientaao relativamente precisa de todas as instalaoes, que assinalam os quatro pontos cardinais. 3.2 . Snefru

Por volta de 2575 a.C., um rei chamado Snefru funda a quarta dinastia. No espirito dos egipcios, Snefru ser o bom rei, ou o rei generoso, pois mesmo muitos seculos depois, a sua popularidade ainda permanecia grande, prestando-lhe culto, e ate integrarem o seu nome em numerosas localidades. Este fara, encarna a idade aurea na qual a autoridade do rei indissociavel da sua bondade, o que prova isso, as suas piramides, dotadas de uma extrema criatividade arquitectonica. Foi assim, um mestrede-obras genial, criando a piramide lisa e erguendo aos ceus tres grandiosos exemplares deste monumento. Durante o reinado de Snefru a construo de tmulos reais sofreu grandes mudanas, pois foi introduzida a separao no acesso templo e local de culto. De acordo com os dados, parece que foi este quem encomendou assim

a construao de uma piramide situada em Meidum e de duas em Dashur. Comeando pela primeira, a dezanove kilometros a sul de Sacara, no que toca construao desta piramide ha diversas hipoteses, sendo a mais credivel, o facto desta ter sido realizado em tres fases. Comeou-se, partindo de uma piramide escalonada de sete niveis, a seguir, houve que ampliar dois dos sete escaloes ou degraus e acrescentou-se um oitavo cobrindo a totalidade com pedra de Tura. Finalmente os estratos foram tapados com placas de pedra, dando origem a uma piramide lisa. Considerada a primeira pirmide "clssica" monumental. A cmara funeraria , pela primeira vez no na rocha sob a pirmide, mas sim na propria construo. De acordo com as fontes, foi comeada por um rei chamado Huni, o ultimo soberano da terceira dinastia. 9

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Ilustrao 5: Pirmide de Meidum.

Em Dashur, mandou erguer duas piramides de cem metros de altura, a primeira chamada de piramide romboidal ou curvada, sendo que o seu nome obedece ao facto9 - Andreu, Guillemette. Egypt in the Age of the Pyramids. Cornell University Press: Ithaca, 1997.

das arestas da construao mudarem de inclinao num determinado ponto. Tem duas entradas, uma no lado norte e outra no lado oeste. A primeira abertura a dez metros do chao, conduz a uma camara situada debaixo da terra , justamente no centro do edificio, a segunda liga com outro aposento situado no interior da piramide. Poder-se-ia dizer que a caracteristica mais importante durante o percurso destas dinastias foi a crescente importancia dos templos funerarios, deixando-se em segundo plano as piramides. de salientar a divisao dupla dos templos, uma parte aberta ao publico e outra de caracter mais privado, onde se realizavam as oferendas ao monarca defunto.

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3.3 . Quops, Qufren e Miquerinos Este triplo conjunto da IV dinastia, designado como o grande conjunto de Giz. A sua importancia advem-lhe no so da profunda impressao que a sua visao provoca, mas tambem das grandes soluoes tecnico-construtivas a que se chegou na sua construao. Nesta mesma juntam-se a estetica, a monumentalidade, a tecnica de construao, o rito funerario e ate, diversos calculos matematicos e astronomicos. A grande piramide Quops, de todo o conjunto inicial unicamente se conserva a piramide, que tem sido centro de muita polemica. A causa a existencia de tres camaras funerarias no interior do monumento. A primeira, uma camara situada no subsolo a trinta metros de profundidade, aonde se chega por um corredor descendente. Este aposento correspondia antiga crena de uma vida no alem nas escuras entranhas da Terra. A segunda, a camara intermedia ou camara da rainha. Situado nela existe um nicho destinado a albergar a estatua do K real. A terceira, a camara funeraria superior, situada no nucleo da piramide e ladeada por dois

corredores. O seu interesse radica-se no unicamente no facto de ser o verdadeiro lugar de repouso do defunto, mas tambem pela grande soluao tecnica adoptada, sendo a sua medida resolutiva mais complexa. Sobre a camara mortuaria colocoramse cinco vigas de granito separadas por espaos livres, as paredes na parte mais alta inclinam-se e encontram-se como um telhado de duas aguas. Esta soluao actua como uma aboboda de aresra deslocando o peso para os lados de muro macio. Perante esta diversidade, os estudiosos elaboraram diversas hipoteses: para uns, deve-se a sucessivas mudanas de planos que se operaram durante a construao, para outros continua com a tradiao que vinha da poca Tinita de construir tres salas funerarias. Embora j no exista, sabe-se que houve ao lado da piramide um templo funerario constituido por um patio rodeado de colunas e uma capela para as oferendas. 10 19

Ilustrao 6: Piramide de Quops.

10 - Janson, H. W., 1913-1982 - Historia del arte : panorama de las artes plsticas de la prehistoria a nuestros

das / H. W. Janson ; trad. Francisco Payarols. - Barcelona : Editorial Labor, 1965

Ilustrao 7: Interior da Piramide Quops.

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O conjunto de Qufren, um dos filhos mais novos de Quops, depois da morte repentina do seu irmao, subiu ao trono e, pela sua condiao de farao, teve direito a um recinto funerario que foi feito com todos os elementos caracteristicos: Templo do Vale que inclui uma entrada de duas portas ladeadas por duas esfinges cada uma, um vestibulo rectangular, de onde nasce um corredor que conduz ao templo, o templo com planta em forma de T invertido, com suportes de base quadrada sem decoraao e com estatuas do rei entronizado adossadas a paredes. Caminho ascendente, tendo 500m de comprimento e 4,5m de largura. Segue-se o Templo da piramide, que segue a tipologia basica de entrada, vestibulo, duas salas hipostilas, um patio porticado e dependncias privadas. No que toca piramide em si, esta situa-se num local mais elevado do que a primeira com maior declive dos seus lados, no seu interior constituise unicamente uma camara funeraria, ampla e com tecto de duas aguas. Por ultimo, temos a esfinge, situa-se ao lado do templo baixo contemplando o sol nascente, monumento que representa o farao sentado no seu trono, com um aspecto feroz e

monumental.

Ilustrao 8: Piramide de Qufren, e Esfinge.

21 Por ultimo, a piramide de Miquerinos ou Menkaure, a menor das tres famosas piramides da necropole do planalto de Giz. Conhecida na sua poca como "A Pirmide Divina" era parte do complexo funerrio com trs pirmides subsidirias, um templo funerario, o templo do vale e uma ponte processional estabelecendo a ligaao entre os dois templos. Entao, esta terceira construao situada a sudoeste da grande piramide, possui duas camaras funerarias subterrneas e o seu exterior foi construido com pedras de Tur e granito, mais especificamente, estava revestida com dezasseis fileiras de granito corde-rosa proveniente de Assu. Actualmente a piramide desprovida de quase toda a sua cobertura, podendo-se observar os cursos regulares que compoem o seu nucleo. Originalmente estava acompanhada por dois templos e pelo caminho ascendente, e por tres pequenas piramides que no se chegaram a acabar. A sua importancia tambem reside no facto de nela se ter encontrado numerosas estatuas do monarca e de divindades, como por exemplo, encontrou-se um sarcofago de basalto que continha

um caixao de madeira antropomrfico, com uma mumia no seu interior. 11

Ilustrao 9: Piramide de Miquerinos.

22 4. Imperio Mdio

O Imprio Mdio foi um periodo de grandes liberdades arquitectonicas, sendo que durante este tempo ainda se continuou a copiar modelos anteriores, mas tambem houve uma explosao de novas tipologias. Mesmo a mudana da capital de Tebas para Lisht, na regiao de Al Faium, por razoes militares, no travou o auge da arquitectura funeraria monumenal. Estamos na dinastia XI, e como j referido acima, o interesse deslocou-se para outro centro. A unificaao do Egipto conseguiu-se, graas aos que chegaram do Sul, factor que favoreceu que o governo mudasse para a nomos deorigem dos consquistadores: Tebas. Esta cidade tornou-se a capital religiosa e politica, mas toda esta importancia fez com qua a velha Tebas, mudasse a sua fisionomia com grandes construoes. Infelizmente, a maioria dessas perdeu-se ou sofreu remodelaoes durante o Imprio Novo, o que impediu o conhecimento directo das obras. Assim, dado os escassos vestigios arquitectonicos, os arqueologos e estudiosos trabalham mais com hipoteses e reconstituioes do que propriamente com realidades fisicas. Destaca-se, entre os conjuntos, o de Mentuhotep de que apenas se11 - Lehner, Mark - The Complete Pyramids Solving the Ancient Mysteries, Thames & Hudson, 1997.

conservam as bases das colunas e os antigos templos de Luxor e Karnak que estavam ligados por uma grande avenida de esfinges que atravessava a cidade de Tebas. Situando-nos agora na XII dinastia, temos presente a pressao das guerras, pois esta dinastia, nasceu mesmo desse fundo, e este caracter reflectiu-se ao longo do periodo. Os faraos (Amenemhat, Sesstris) decidiram abandonar Tebas como nucleo e deslocar a capital para a fresca regiao de Al Faium, mais ao norte, numa cidade chamada Lisht. Assim, passaram a governar-se a partir do Norte. No que toca arquitectura funeraria monumental, temos a dizer que os conjuntos funerarios reais, copiou-se o proprio esquema do Imperio Antigo: templo baixo, rampa, temlo alto e piramide. Esta mesma ordenaao pode ver-se em dois templos: o de Sesstris I em Lisht, e o de Sesstris II em Lahun. 12 23 4 . 1 . Senustret I Um dos milagres arqueolgicos do imenso terreno de Karnak um quiosque, ou seja, um templo tumular do rei Senusret I (Sesstris I), um dos faras do Mdio Imprio, que abrange a dcima primeira e a dcima quarta dinastias (2040 e 1640 a.e.c.). Este pequeno monumento de linhas de incrvel pureza desapareceu. Os prprios egpcios haviam desmontado cuidadosamente, arrumando as pedras que constitui os alicerces do terceiro pilar do grande templo de Karnak. O arquiteto Henri Chewier reconstituiu pacientemente esta obra-prima, oferecendo viso dos homens do sculo XX uma capela formada por um cubo de pedra com janelas que deixam entrar a luz e qual se tem acesso por meio de umas rampas pouco inclinadas. Observando este tmulo pode-se observar dois fenmenos: primeiro, os hierglifos gravados nas suas paredes so de uma perfeio absoluta, evocando bem o Mdio Imprio, poca literria por excelncia, em que a lngua egpcia considerada clssica.12 - W. Grajetzki, The Middle Kingdom of Ancient Egypt: History, Archaeology and Society, Duckworth, London 2006.

Depois, tem-se a impresso que este edifcio sorri. Apesar da sua gravidade e do seu carter sagrado, animado por uma alegria interior, por um amor to intenso harmonia vvida que um sorriso gravou-se em suas pedras, smbolos vivos de um tempo em que viveram ilustres faras. A lenda apoderou-se da figura do rei Senusret para fazer dele um monarca universal. A sua fama ultrapassou largamente as fronteiras do Egito, porque Senusret, abenoado pelos deuses, governou o mundo. Primeiro travou uma guerra vitoriosa contra os Lbios antes de se lanar conquista da terra. Durante nove anos, batalhou na sia e na Europa, deixando em seu rastro estelas comemorativas de suas vitrias. Ao regressar ao Egito, escapou de um conluio instigado por seu irmo que queria assassin-lo. Mandou erigir muitos templos, construir barragens, abrir canais. A ele se deve nomeadamente o grande canal entre o Nilo e o mar Vermelho.

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Apoiado por um corpo de leis bem completo, exerceu uma justia equitativa. Generoso por natureza, Senusret libertou muitos prisioneiros de guerra e outros presos por dividas, tornando-se o smbolo da paz e da serenidade. Sob esta lenda dissimula-se uma realidade histrica. Senusret I, cujo reinado foi sinnimo de profunda paz, tambm foi um grande militar. Respeitando os seus antepassados, dedicou uma esttua a Inyotef I, o Grande, fundador da dcima primeira dinastia, e um altar a Mentuhotep. quase certo que no havia esquecido os tempos conturbados do Primeiro Perodo Intermedirio em que por pouco o Egito no se afundou definitivamente no caos. Se os Senusret I e III se mostraram particularmente enrgicos nos assuntos de Estado, foi para impedirem a volta de uma poca obscura em que o mal reinava por toda parte, em que os salteadores das estradas roubavam a populao, e a anarquia tomara o lugar da ordem.

Senusret I era denominado "Estrela que ilumina o Duplo Pas" (aluso ao seu papel de mestre espiritual, "falco que conquista graas ao poder" (o chefe militar, "filho de Aton" (herdeiro do Criador), "Senhor universal". Os Senusret beneficiaram-se, assim, de uma literatura destinada a cantar os seus louvores e a provar o seu aspecto benfico e protetor. Cada uma das cidades amava mais Senusret do que o seu prprio deus local, homens e mulheres enchiam-se de jbilo por sua causa. Sinu descreve o rei como "um deus sem igual, um mestre de sabedoria, perfeito nos planos". A todos se recomenda que venerem o rei no seu foro ntimo, pois ele d a vida aos seus fieis.

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Senusret I no fixa a sua capital em Tebas, mas no Mdio Egito, de onde mais facilmente pode controlar o Sul e o Norte. Nomeia "presidente da Cmara" de Tebas um dos seus prximos a fim de controlar a grande cidade. Concilia os favores do clero de Amon e do seu deus, sem negligenciar outras divindades como Ptah, em Mnfis. conhecido o admirvel relevo onde Senusret recebe o abrao fraterno de Ptah, e o deus concede ao fara o alento vital. O rei foi um grande construtor. A explorao das pedreiras fornece-lhe os materiais necessrios para erigir um grande nmero de monumentos: em Lisht, a capital, a sua pirmide; em Karnak, a sua magnfica capela e outras construes dedicadas ao deus Amon em Helipolis, um templo do qual apenas resta um obelisco.

Ilustrao 10: Sesostris I.

Assim, em Lisht, no h nenhuma diferena em relaao aos conjuntos anteriores, o templo divide-se em duas partes, uma privada e outra publica, marcadas pela colocaao de uma parede.

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Ilustrao 11: Piramide em Lisht.

Ilustrao 12: Interior da Piramide em Lisht.

27 Chamada de pirmide que domina os dois pases, com 105 m de cada lado e 61 m de

altura e dez pirmides subsidirias. Utilizou-se uma nova tcnica de construo: o ncleo da estrutura de pirmide possuia as paredes de adobe sob a forma de uma cruz, rodeada por outras paredes, criando compartimentos que foram encimados com areia e detritos, de um custo mais baixo. O revestimento foi realizado com blocos de corte de pedra talhada e polida.

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Concluso

Dado o trabalho como finalizado, acho que atingi os objectivos pretendidos, os quais baseavam-se numa referencia arquitectura funeraria do Antigo Egito tendo em conta o Imprio Antigo e o Imprio Mdio. Devo dizer que elaborar esta pesquisa, foi um projecto interessante, na medida em que ao faze-la, no s concretizava um trabalho, como tambem, me auxiliava em termos de matria do programa da unidade curricular respectiva, tendo sido assim uma autentica viagem s origens mais remotas e longiquas da construao do mundo.

29 Bibliografia

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Lehner,

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