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Aquicultura: Biofiltro Zona de Raízes A piscicultura, na criação de Tilápia e outros peixes é atividade em expansão em todo o mundo. Entre seus problemas principais, a manutenção da qualidade da água, determina o sucesso da exploração. Os peixes são demasiado sensíveis à falta de oxigênio, à poluição da água, à variação de temperatura, à salinidade, dureza, etc.. E podem interromper seu crescimento normal caso suas necessidades não sejam atendidas. Os peixes comem por dia 1-2% de seu peso, em ração, produzindo fezes e outros metabólicos que alteram a qualidade da água. A presença de amônia, gás sulfídrico (H2S), ácido carbônico e outros poluentes, são formados na decomposição anaeróbia desta matéria orgânica e na própria atividade metabólica dos peixes. Para tratamento efetivo desta água possibilitando seu reuso, a SNATURAL desenvolve estudos com aeração e filtros biológicos que possibilitam uma qualidade de água constante e renovada. O Filtro Biológico por Leitos Cultivados, sistema de tratamento europeu, mas de uso generalizado nos EUA e Austrália, é capaz de tratar esta água, de forma simples, permitindo seu reuso e recirculação em circuito fechado. Exemplo de projeto Na cidade de Cotia, próximo a São Paulo, construíram-se 02 tanques somando 24 m3 de água com o objetivo de produzir 120 kg/m3 de peixe ao fim do ciclo de 6 meses, sem renovação de água. O projeto de tratamento da água é feito com filtro biológico por leitos cultivados e esta em pleno funcionamento. A qualidade da água se mantém com transparência de 50 cm e a amônia em 0,8 mg/litro. A aeração dos tanques se faz com aeração por ar difuso constante a 5 mg/litro. Tanque do Projeto

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Page 1: Aqui Cultura

Aquicultura: Biofiltro Zona de Raízes

A piscicultura, na criação de Tilápia e outros peixes é atividade em expansão em todo o mundo. Entre seus problemas principais, a manutenção da qualidade da água, determina o sucesso da exploração. Os peixes são demasiado sensíveis à falta de oxigênio, à poluição da água, à variação de temperatura, à salinidade, dureza, etc..

E podem interromper seu crescimento normal caso suas necessidades não sejam atendidas. Os peixes comem por dia 1-2% de seu peso, em ração, produzindo fezes e outros metabólicos que alteram a qualidade da água. A presença de amônia, gás sulfídrico (H2S), ácido carbônico e outros poluentes, são formados na decomposição anaeróbia desta matéria orgânica e na própria atividade metabólica dos peixes. Para tratamento efetivo desta água possibilitando seu reuso, a SNATURAL desenvolve estudos com aeração e filtros biológicos que possibilitam uma qualidade de água constante e renovada. O Filtro Biológico por Leitos Cultivados, sistema de tratamento europeu, mas de uso generalizado nos EUA e Austrália, é capaz de tratar esta água, de forma simples, permitindo seu reuso e recirculação em circuito fechado.Exemplo de projetoNa cidade de Cotia, próximo a São Paulo, construíram-se 02 tanques somando 24 m3 de água com o objetivo de produzir 120 kg/m3 de peixe ao fim do ciclo de 6 meses, sem renovação de água. O projeto de tratamento da água é feito com filtro biológico por leitos cultivados e esta em pleno funcionamento. A qualidade da água se mantém com transparência de 50 cm e a amônia em 0,8 mg/litro. A aeração dos tanques se faz com aeração por ar difuso constante a 5 mg/litro.

Tanque do Projeto

Redes para coleta

Vista do Filtro Biológico

Page 2: Aqui Cultura

Compressor de Aeração

Aeração com difusores

Filtro Biológico com PapiroVeja o Vídeo

Tratamento de Água - Filtro biológico, ETE com Leitos CultivadosO filtro biológico com leito cultivado pode ser usado também para tratamento de água produzida de efluentes industriais e de esgotos domésticos transformando-se numa estação de tratamento de efluentes – ETE de aplicação e soluções bem amplas no tratamento de água. O filtro é construído ao nível do solo, com diversas camadas de substratos específicos, de granulometrias variadas e com impermeabilização para evitar contaminação do lençol freático. Na superfície se plantam vegetais com capacidade de filtração biológica e de efeito visual agradável.

Plantas utilizadas: Papiro, Junco, Taboa, Copo de Leite, Banana d'Água, Jibóia, Lírio do Brejo, Biri etc..Vegetais como a alface, o agrião também podem ser usadas gerando uma atividade em desenvolvimento a aquaponia. Na aquaponia se usa os dejetos dos peixes como fonte de minerais para as plantas substituindo a adubação química normal. Tanto os peixes lucram com a limpeza da água como as plantas.

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Aspectos da construção/funcionamento

Estação de Condomínio

Estação Domiciliar Formada

Projetos de Aquaponia

Projetos de hidroponia com produção conjunta de peixes(aquaponia) estão sendo implantados: Peixe e a alface com a mesma água, dobrando o faturamento sem adição de produtos químicos e adubos onde, no consórcio, as plantas se alimentam da rica água adubada retirando os elementos para seu desenvolvimento e, em contrapartida, os peixes lucram com a água limpa, cristalina e sem nutrientes. Poluentes como o nitrogênio e fósforo, responsáveis pelo desenvolvimento de algas, doenças e intoxicação de peixes são retirados para o desenvolvimento das plantas.

Agrião e Alface

Criação e cultivo

Page 4: Aqui Cultura

Água cristalina e PeixesNum projeto de circulação de 2000 litros/hora se colhem 2000 pés de agrião ou alface em 20 dias com a produção de 200 kg de peixe por m3 de água. Este é um tempo recorde se considerarmos que na terra normalmente se conseguem estes rendimentos em 45 dias e na hidroponia em 25 dias. A qualidade do produto produzido é excelente, com aparência muito melhor e saudável comparada com a produzida em terra, em sistemas tradicionais.http://www.snatural.com.br/Aquicultura-Filtros-Biologicos-Zona-Raizes.html

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PARTE7.PROCESSAMENTO E CONSERVAÇÃO DO PESCADO

José Raimundo Bastos*

7.1 Salga e Secagem do Pescado

7.1.1 Introdução

A salga é um dos mais tradicionais métodos de preservação de alimentos. A sua aplicação em peixes remonta às civilzações do Antigo Egito e da Mesopotâmia, há 4 mil anos A.C. Atualmente este processo tem ampla aplicação, tendo no Canadá, lslândia e Noruega os mais importants produtores de pescado salgado, Beatty (1957).

Genericamente falando, salga é uma combinaçães que visam a preservaçães do peixe pelo sal comum, tendo início na sua lavagem e evisceração finalizando com a embalagem do produto salgado. Pode também ser considerada com um processo físico-químico no qual verifica-se a penetração do sal e a saída de umidade do músculo, produzindo uma perda de peso. A penetração do sal e à saída de água denomina-se processo osmótico, o qual termina quando não mais se verifica a ocorrência de ambos, dizendo-se que neste caso estabeleceu-se o equilíbrio osmótico do processo de salga, o que significa na prática, o seu fim. O período durante o qual o peixe permanece em contato com o sal em forma cristálina ou em solução salina é o tempo de salga ou tempo de cura pelo sal, Zaitsev (1969).

7.1.2 Matéria prima para a salga

A matéria prima para a salga deve apresentar uma qualidade elevada, condição para um produto adequado para o consumo, Zaitsev (1969). Considerando este aspecto, alguns autores recomendam cuidados especiais com o produto capturado. Burgess (1971) descreve as etapas do processo de manipulação do pescado à bordo e em terra, afirma ainda que um correto uso do pescado no barco tem por finalidade conservar o seu estado de fresor inicial, não se produzindo alterações consideráveis na qualidade do produto capturado até o memento do processamento.

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Para a verificação da matéria prima no tocante à sua qualidade, submete-se a mesma à testes sensoriais químicos e bacteriológicos. Tendo em vista a rapidez da execução, bem como a sua confiabilidade, os testes sensoriais são bastante empredgados para a avaliação da qualidade do pescado após sua chegada a indústria, de acordo com os procedimentos recomendados por Shewan (1953).

* Professor Adjunto do Curso de Engenharia de Pesca, Centro de Clênis Agrárias da UFC- Campus do Pici-60.000-Fortaleza, Ceará, Brasil.

Toda a matéria prima aprovada nos testes acima é então encaminhada ao salão de processamento onde os peixes são escamados (peixes com escama) ou removida a pele (peixes com pele), eviscerados, espalmados (com ou sem cabeça). As operaçães acima são precedidas por lavangem da matéria prima com água clorada a 5 ppm.

7.1.3 Princípios básicos da salga

A salga é um método de preservação baseado na penetração do sal no interior dos tecidos, o que é governado por fatores físicos e químicos, tais como a difusão e a osmose, e uma série de complicados processos bioquímicos associados com mudanças em vários constituintes dos peixes, principalmente as proteínas, Sanchez (1965). Tais processos são observados quando o nível de sal no músculo atinge 8 a 10%, verificando-se a partir desta concentração uma redução da solubiidade das protcinas e da capacidade de retenção de água nos tecidos, Lassen (1965). Segundo Sanchez (1965), o sal não é um preservativo no sentido estrito da palavra, mas sim tem uma ação preservativa, extraindo água ao mesmo tempo em que penetra nos tcidos do músculo do pescado, convertendo, convertendo estes líquidos em uma solução concentrada de cloreto de sódio, quando há penetrado suficiente sal, as proteínas coaguláveis se estabilizam e os tecidos do peixe se contraem pela perda da água. A pentração do sal e a saída da água é um típico exemplo de osmose, na qual a pele e membranas celulares atuam como superfícies semipermeáveis. O sentido do fluxo é sempre da soluçáo fraca para a forte, até que se estabeleça o equilíbrio entre ambas, o que indica o fim do processo de salga.

Durante a salga ocorre desnaturação das proteínas do pescado, verificando-se o desdobramento destas em peptídeos e aminoácidos este fato também é observado para as gorduras do pescado.

7.1.4 Métodos de salga

A salga é praticada por métodos artesanais e industriais, mediante a aplicação dos processos conhecidoscomo a salga seca, salga úmida ou em salmoura e salga mista, Zaitsev (1969). Além dos processos acima, outros são descritos com a denominação de salga rápida, Anderson (1972), Del Valle(1973) Mendelson (1974), o processo gaspê canadense e o “klépfish” - norueguês, Burgess (1971). Outros autores defendem o processo de salga e secagem natural e/ou artificial do pescado, Noguchi (1972), Bastos (1977).

A escolha do processo de salga é optativa por parte dos produtores de peixe salgado, entretanto, alguns fatores de natureza econômica e/ou de conservação para determinados produtos são limitantes, havendo portanto a necessidade de adoção de processos mais adequados para o aproveitamento racional de determinados produdos.

Em qualquer processo utilizado, a salga termina quando se estabelece o equilíbrio osmótico do processo, observando que tal equilíbrio poderá ocorrer num período que vai de dois a vinte dias. Para reduzir esse período, alguns autores idealizaram o processo de salga rápida, no qual a salga tem um tempo de duração de aproximadamente oito horas, Del Valle(1973).

7.1.5 Salga seca

Pelo processo de salga seca, o peixe é salgado na proporção de 30% de cloresto de sódio em relação ao peso da matéria prima eviscerada, espalmada em forma de filés ou mantas. Por esse processo, o cloreto de sódio cristalizado é colocado sobre o peixe, onde se dissolve formando uma solução concentrada. Por osmose, a umidade do peixe exuda, e uma parte do sal penetra no seu músculo, Sanchez (1965). Este processo tem as seguintes vantagens:

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a. Um forte efeito desidratante; b. A velocidade de penetracão do sal é muito rápida, o que protega o peixe da deterioração

desde o início do processo.; c. Este processo pode ser praticado em barcas comuns.

Desvantagens do processo acima:

a. A penetração do sal não é homogênea e a forte desidratação produz uma grande desnaturação produz uma grande desnaturação, verificando-se como consequência uma aparência desagradável e um baixo rendimento do produto elaborado. O produto também está sujeito a oxidação da gordura, Noguchi (1972).

7.1.6 Salga úmida ou mista

O método de salga úmida é basicamente igual ao anterior, com a differença que a matéria prima é colocada em tanques, onde se acumula uma salmoura obtida a partir da umidade do músculo do peixe, devido a penetração do sal.

A salmoura é formada pela dissolução do sal as custas da água que exuda do músculo do peixe.

7.1.7 Salga em salmoura

A matéria priva é colocade em tanques onde se encontra uma salmoura saturada, previamente preparda, em quantidade suficiente para submergir a matéria prima. Durante este processo a água do músculo do peixe flui no sentido da salmoura, diliundo-a. Tendo em vista este problema devemos medir a concentração de sal na salmoura e adicioná-lo a fim de manter a referida salmura sempre saturada, Sanchez (1965).

Para isso devemos efetuar o seguinte cálculo:

A porcentagem da concentração de uma solução é expressa pela fórmula:

onde:

S = Concentração de salW = Concentração de água, Zaitsev (1969).

A solubilidade do cloreto de sódio à 20°C é de 36g em 100g de água; aplicando a fórmula acima, teremos a quantidade de sal necessána para uma solução saturada de cloreto de sódio:

Portanto, sabemos que 26g de sal à temperatura de 20°C correspondem à quantidade teoricamente necessária para saturar 74g de água (26 partes de sal/74 partes de água).

Obs: Para efeito de segurança usa-se 30% de sal/74 de água, Sanchez (1965).

7.1.8 Vantagens do processo de salga em salmoura úmida ou mista

a. A oxidação das gorduras pelo oxigènio do ar durante o processo de salga é evitada; b. A concentração do sal na salmoura poderá ser ajustada;e c. A desidratação do produto é moderada, Noguchi (1972).

7.1.9 Salga rápida

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Este processo é praticado segundo técnica descrita por Del Valle (1973), na qual a matéria prima é moída simultaneamente com o sal, a seguir homogeineiza-se o sal com a carne moída. A matéria prima é então prensada, obtendo-se um produto comprimido em forma de bolo, que é submetido a seguir à uma secagem natural.

O bolo salgado e seco é utilizado como fritura doméstica.

7.1.10 Salga tipo Gaspê

Este produto é produzido na península de Gaspê, provincia de Quebec, e em outras partes do Canadá da seguinte maneira: Os peixes são eviscerados, descabeçados e slgados em tonéis de aproximadamente 90 cm de diâmetro, na proporção de 7 a9%. No período de clima mais quente deve-se adicionar mais sal. O peixe e o sal são dispostos em camadas alternadas até encherem o tonel. Após 24 horas de salga já terá formado suficiente salmoura, e neste caso devemos pôr pesos (madeira) para conservar o pescado sempre submerso. Transcorridas 48 a 72 horas, retiramos o peixe do tonel, lavamos na própria salmoura, empilhamos para que escorra o excesso de umidade e, finalmente, submetemos o produto salgado á uma secagem natural ou artificial.

7.1.11 Salga “klipfish”

Este processo é praticado na Noruega e lslándia; é uma variedade de uma forte salga seca, onde coloca um excesso de sal de tal maneira que duas camadas de peixe sobrepostas não possam se tocar. Esta salga é mantida apenas durante 3 ou 5 dias, Burgess (1971).

7.1.12 Fatores que podem influenciar o processo de salga

A salga poderá ser influenciada por uma série de fatores, relacionados ao próprio sal, à matéria prima destinada à salga e até à fators climáticos. Entre estes fatores relacionados ao sal, temos a pureza, a concentração granulométrica e de microflora do sal; os fators relacionados à matèria prima: o índice de frescor conteúdo de gordura, espessura do músculo; entre os fatores relacionados ao clima temos temperatura ambiente e umidade relativa.

Fatores relacionados ao sal:

a) Pureza do sal

Para se produzir um peixe salgado de boa qualidade, é necessário que seja utilizado também um sal de boa qualidade na salga do produto. Segundo o Instituto Nacional do Sal, um sal de boa qualidade é aquele que contém 98% de cloreto de sódio. Com relação ainda à qualidade do sal, alguns autores recomendam que o mesmo tenha 99% de cloreto de sódio e impurezas devido aos sais de cálcio e magnésio, nunca superiores a 0,4 e 0,05%, respectivamente, Sanchez (1973), Vieira (1967).

Estas impurezas causam brancura, rigidez e ligeiro sabor amargo no pescado salgado, Sanchez (1965). Este autor afirma ainda que os compostos de ferro e cobre em proporçães superiores a 30ppm e 0,2 a 0,4ppm, respectivamente, causam manchas de cores marrom e amarelo no pescado salgado.

7.1.13 Concentração do sal

A concentração do sal é fator limitante d sua penetração nos tecidos musculares do peixe. Assim, quanto mais elevada for a concentração do sal, maior será sua penetração nos tecidos, aré que seja estabelecido o equilíbrio osmótico do processo de salga.

7.1.14 Granulometria do sal

Com relação a granulómetria, o sal tem maior ou menor eficiência na penetração e conservação do pescado. O sal fino, constituído por pequenos cristais, tem uma penetração rápida no início do processo, diminuindo o seu poder penetrante face à concentração que ocasiona a coagulação das proteínas da superfície do músculo, contribuindo para uma conservação deficiente do produto.

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O sal grosso atua lentamente, e não se verifica a coagulação das proteínas; entretanto, a sua lenta ação ao longo do processo de cura conduz à alterações indesejáveis, principalmente se a salga for processada em dias quentes. Para uma salga mais adequada e, para eliminar os problemas acima, recomenda-se a utilização de partes iguais de al fino e al grosso, Freixo (1961).

7.1.15 Microflora do sal

O sal é portador de uma flora contaminante, halófila ou haloresistente considerável, salientando-se entre estes microorganismos as sarcinas, halófilas cromogênicas causadores da coloração vermelha indesjável em produtos proteícos salgados. Nem todos os germes halófilos são prejudiciais aos produtos salgados, verificando-se entre eles a ocorrência de algumas espécies que contribuem para a maturação desses produtos, Schneider (1960 a 1963). Entre as espécies de interesse da indústria da salga, podemos citar algumas pertencentes aos gêneros Halobacterium e Micrococus. As primeiras são halófilas obrigatórias, crescendo em meios com 16 a 32% de cloreto de sódio, enquanto as Micrococáceas crescem em meios contendo 5 a 15% deste sal, Breed (1957).

7.1.16 Fatores relacionados à matéria prima

a. índice de frescor

Para a obtenção de um peixe salgado de boa qualidade, devemos processar apenas peixes em condições sanitárias adequadas. Peixes salgados em estado de “rigor mortis” perdem menos peso do que salgados em estado de “autolisis”, Zaitsev (1969).

Além deste aspecto, devemos eviscerar a cavidade abdominal com a finalidade de introuzir as ações bacterianas e enzimática, Noguchi (1972).

b. conteúdo de gordura

O índice de penetração do sal nos tecidos do peixe é inversamente proporcional ao conteudo de gordura do músculo. Além de retardar o processo de saíga, a gordura ainda produz a rancidez que confere sabor desagradável ao peixe. O bacalhau, quando salgado e seco, possui um teor de gordura da 25% esta quantidade de gordura é totalmente rancificada, o que confere ao bacalhau sabor peculiar e próprio de gordura rançosa, Beatty (1958).

c. espessura do músculo

Quanto maior for a espessura do músculo, mais longo será o tempo de salga. Isto porque, por maior que seja a velocidade de penetração do sal, este terá de percorrer um longo percurso até chegar ao centro do filé.

7.1.17 Fatores relacionados ao clima

a. temperatura ambiente

A temperatura do ambiente onde se processa a salga é de grande importância, pois sabemos da sua influência acelerando a salga; quanto mais elevada for a temperatura, mais rapidamente se dará o processo.

b. umidade relativa

No inverno o processo de salga se desenvolve com maior velocidade do que no verão, devido a eievada umidade relativa do meio ambiente; favorece assim a rápida formação de salmoura e, consequentemente, uma rápida penetração do sal no músculo do peixe, Sanchez (1973)

c. ação preservativa do sal

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Quando o sal comum entra em contato com o músculo do peixe em suficiente quantidade, paralisa a autólise e a decomposição. Sua ação preservativa repousa na capacidade que tem o cloreto de sódio de produzir uma elevada pressão osmótica nas células becterianas, dando como consequência o sue rompimento ou plasmolise. Atualmente sabe-se que o sal comum não apenas causa a plasmolise como também bloqueia o núcleo das proteínas, desnaturando as enzimas. Sua ação preservativa se manifeta mediante alterações provocadas na estrutura das proteínas e enzimas, tornando estas substâncias inativas. O cloreto de sódio possui ação bacteriostática e bactericida, ou seja, paralisa o crescimento e causa a morete das bactérias, Zaitsev 91969).

7.1.18. Estabilização das proteínas em função do conteúdo de sal nos tecidos do pescado.

De acordo com o método de salga empregado, o sal começa a difundir-se dentro de 72 a 74% de água retirada pelas proteínas do pescado. À medida que o sal penetra nos tecidos, começa tembém a inibição das bactérias e a coagulação das proteínas, quando o nível de sal atinge 10% no músculo. Tão logo isto ocorre, parte da água retirada sai fora do músculo pela ação osmótica, tendo então início a formação de salmoura.

O sal continua gredativamente penetrando no músculo, paralelo ao processo de formação da salmoura. Após 3 ou 4 dias, o conteúdo de sal poderá atingir 13 a 15% no centro do músculo, Sanchez (1965); este autor considera ainda que com esta porcentagem o pescado está salgado, isto é, as proteínas estão estabilizadas.

Quando o conteúdo de cloreto de sódio no músculo atinge níveis de 14 a 16%, a água do peixe deverá ter sido reduzida em torno de 52%.

7.1.19 Empilhamento do pescado salgado

Quando a salga chega ao fim, retira-se o peixe e lava-se em uma salmoura fraca, para que se elimine alguma matéria estranha aderida ao excesso de sal. A seguir o peixe é empilhado em estrados de madeira com o lado da carne para baixo; a altura do estrado é de aproximadamente 15 cm, enquanto que a pilha dos peixes deverá atingir em torno de um metro de altura.

O objetivo desta operação é diminuir o excesso de umidade (salmoura), e ainda conferir ao produto uma superficie suave, favorecendo posteriormente a operação de secagem.

7.1.20 Secagem do pescado salgado

a) introdução

A salga é um método de preservação peixe uma operação preliminar para os processos de defumação e secagem.

A ação isolada do sal não constitui uma prevenção definitiva contra a deterioração do pescado, sendo necessária uma complementação através da refrigeração, defumação ou secagem dos produtos salgados, Botelho (1968). A secagem pode ser efetuada por métodos naturais e/ou artificiais. No primeiro caso a secagem se realiza expondo-se o pescado ao sol e ao vento, enquanto a secagem artificial é procedida em secadores onde as condições termodinâmicas são preestabelecidas.

7.1.21 Secagem natural do pescado salgado

A secagem ao ar livre só é efetiva quando a umidade relativa é baixa, quando há calor solar e movimento do ar, Beraquet (1974). O produto elaborado por este processo tem uma umidade média final da ordem de 50%, o que determina um tempo de conservaçãó limitado, Botelho (1971–1972).

Além desta desvantagem, esse método ainda apresenta os seguintes inconvenientes:

a. Depende de condições climáticas, o que impossibilita uma previsão da produção;

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b. Os processos de oxidação ocorrem com maior intensidade em virtude da exposição dos produtos ao ar, verificando-se ainda reações de peroxidação, catalizadas pela radiação ultravioleta; e

c. Em climas tropicals poderá haver uma dissecação drástica do produto.

A principal vantagem do processo de secagem natural consiste na utilização da energia solar gratuita, Beatty (1958).

7.1.22 Secagem artificial do pescado

A secagem controlada do pescado foi iniciada em 1940, pela Torry Research Station (Inglaterra), mediante c uso de equipamento dotado de condições termodinâmicas de secagem controladas. Para alcançar tal objetivo, foram experimentados vários modelos de secadores, citando-se entre eles os de camisa de vapor, de vapor, de rolos e secadores providos de ar quente, constituindo este último o modelo mais adequado para a secagem de produtos marinhos, Burgess (1971). Atualmente vários modelos de secadores são usados em diferentes países. No Japão, a indústria pesqueira utiliza estufas, ferros e secadores rotativos para a secagem de peixes e farinha de pescado, respectivamente, Tanikawa (1965).

A secagem artificial reduz o conteúdo de umidade do produto até níveis adequados para a sua conservação, Jarvis (1950). De acordo com o nível de concentração água, os produtos marinhos salgados e secos classificamse em dois tipos:

a. Produtos em que a secagem alcança níveis impriós para o crescimento microbiano, podendo seren conservados à temperatura ambiente por longo tempo; e

b. Produtos em que a perda de umidade não atingiu os níveis finais da secagem, ficando apenas parcialmente secos; neste caso, esses produtos devem ser conservados à baixas temperaturas para que seja evitada a sua deterioração.

Um produto efetivamente seco é aquele em que o conteúdo de umiade residual é inferior a 25%, enquanto um produto parcialmente desidratado é o que tem a sua umidade residual em torno de 50% sendo considerado, por fim, um produto ótimo aquele; em que sua umidade está na faixa compreendida entre 35 e 40%, Sanchez (1965). No processo de secagem é necessário que se conheça a temperatura em questão, a umidade relativa e a velocidade do ar dento do secador ou ambiente condicionado, Jason (1965).

Para as variáveis acima, também chamadas de condições termodinâmicas de secagem, alguns autores recomendam para a temperatura de secagem porcentagens entre 30 e 40°C, 45 a 55% de umidade relativa e 1 a 3 m/s para a velocidade do ar dentro do acondicionador, Beatty (1957), Jason (1965) e Legendre (1953).

7.1.23 Princípios básicos da secagem

Denominamos velocidade de secagem à quantidade de água removida por unidade de tempo, sendo que esta quantidade expressa em hg/h.

A operação consiste em dois fenômenos físicos distintos:

a. A evaporação da água de superfície; e b. Passagen da água do cento do produto que se deseja secar até a sua superfície.

Considerando que a velocidade e distribuição do ar sejam uniformes, distinguiremos duas diferentes etapas de secagem, a saber:

a. Período de velocidade constante; e b. Período de velocidade decrescente.

Durante o període de velocidade constante, a superffcie do pescado se encontra úmida e a secagem depende apenas das condições do ar que circunda a matéria prima, quais seja, sua

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velocidade, temperatura e conteúdo de umidade. Possuindo o ar estados adequados de secagem, a evaporação da água da superfície procede como se a matéria prima não estivesse presente, tendo o pescado que assumir uma temperatura correspondente à temperatura do bulbo úmido do ar circundante. O período de velocidade constante é muito curto, enquanto o de velocidade decrescente é bastante prolongado, Sanchez (1965), Burgess (1971).

O conteúdo umidade que divide as duas estapas se denomina umidade crítica de secagem. No período de velocidade constante, verifica-se que o peixe seca gradativamente; à medida que prosseque o processo de secagem a umidade de superffcie vai sendo removida e reduzida, até que a superffcie do pescado torne-se seca. A partir dai, a água evaporada provém de partes do peixe localizadas abaixo da superfície, o que torna o processo de secagem mais lento; tem então iníodo de velocidade decrescente.

Considerando que a superfície está seca, a água a ser evaporada terá que se deslocar dos pontos do interior do músculo, distantes da superfície, seguindo portanto um caminho longo, fazendo com que o processo ocorra lentamente.

O período de velocidade descrescente tem prosseguimento até que se estabeleça o equilíbrio entre a pressã de vapor do material úmido e a pressão do vapor do ar circundante, que depende principalmente do conteúdo de umidade do ar. Neste ponto éimpossível a remoção da água do pescado.

Durante os períodos de velocidade constante e descrescente, a magnitude da velocidade de secagem depende do coeficiente de transmissão de calor, que pode ser calculado considerando-se a área média do pescado exposta à secagem e diferença de temperatura entre o bulbo seco o bulbo úmido. Estas variáveis externas são influenciadas pelas temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do ar e a disposição do material para a secagem, Sanchez (1965) e Burgess (1971).

A evaporação da água produz uma redução na temperatura; este fenômeno é denominado de resfriamento evaporativo. A temperatura do pescado, que está baixando, alcança após algum tempo um valor estacionário; esta temperatura estacionária, sempre inferior à temperatura do ar e acusada na escala do termômetro de bulbo seco, é medida pelo termômetro de bulbo úmido. A diferença entre as temperaturas de bulbo seco (ar) e bulbo úmido (evaporação) é chamada de depressão do bulbo úmido.

A magnitude de depressão do bulbo úmido está diretamente relacionada com a diferença entre a pressão de vapor da água do ar e a pressão do água do ar saturado, a mesma temperatura. A velocidade de evaporação da água da superffcie do músculo do pescado depende diretamente desta e, portanto, está ligada a pressão do bulbo úmido, Burgess (1971).

7.1.24 Condições termodinâmicas de secagem

a. Secagem natural

A secagem natural do pescado é procedida mediante exposição da matéria prima a radiação solar e ao vento. Este método é antigo e depende de condições climáticas para a sua realização. Em dias de forte calor e sol brilhante não se deve expor o pescado à radiação solar e sim à sombra. Deve-se também proteger o pescado contra umidade de qualquer origem. A operação de secagem se realize durante o dia, enquanto à noite o pescado é empilhado. Na secagem natural ou ao ar livre é impossével controlar as condições termodinâmicas de secagem (temperatura, umidade relativa e velocidade do ar), porém em certas épocas do ano tais condições sã bastante apropriadas para a secagem natural, Sanchez (1965).

b. Secagem artificial

A secagem artificial do pescado é efetuada em secadores artificiais projetados para operar em condições termodinâmicas que permitam um processo artificial de secagem adequado. No referido secador, a temperatura, a velocidade do ar e a umidade relativa podem ser

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ajustadas para operarem em feixas de valores perfeitamente controladas, levando-se em consideração a matéria prima, Furuya (1958). De acordo com alguns autores, a temperatura de secagem dentro do secador deverá estar na faixa de 30 a 40°C, a velocidade do ar entre 2 e 3 m/s e a umidade relativa deverá ser de 45 a 55%, Jason (1965) e Wirth (1975).

7.1.25 Fatores que influenciam a secagem

O tempo de secagem é influenciado por alguns fatores como a umidade do produto, tamanho e forma do peixe, teor de gordura, superfície do músulo ou filé, espaçamento entre as amostras no ambiente, efeito da pelfcula e condições termodinâmicas de secagem.

a. umidade do produto

Nos produtos frescos, a concentração de umidade no músculo é da ordem de 79 a 85%. Nos produtos salgados destinados à secagem, o seu conteúdo de umidade está em torno de 55%, tendo a matéria prima fresca perdido uma quantidade substancial de umidade em função do seu tratamento com sal.

O conteúdo de umidade do músculo do peixe após a salga tem grande importância no processo de secagem, considerando-se que, se o processo de salga não for tecnicamente adequado, o conteúdo de água residual do músculo será elevado e, portanto, influenciará o tempo de secagem.

b. tamanho e forma do peixe

O músculo do peixe de grande espessura tem um tempo de secagem mais longo do que os peixes de músculo delgado. Isto deve-se ao fato de que, durante a secagem de um músculo de grande espessura a água a ser evaporada terá de-percorrer um longo caminho desde o centro até a superfície do músculo. Nos filés delgados, este caminho é muito menor, difundindo-se água desde o centro até a superfície, onde é evaporada em curto espaço de tempo.

c. teor de gordura

A gordura do peixe retarda a difusão da água. Portanto a uma dada temperatura, a secagem do pescado gordo é mais extensa do que a de um pescado magro da mesma espessura, Burgess (1971).

d. superficie do músculo ou filé

A superficie do músculo ou dos filés do pescado das suas dimensóes e portanto, do seu peso.

O tamanho do músculo ou do filé tem influência na secagem, o que poderá ser evidenciado na tabela abaixo:

Relação entre a velocidade relativa de secagem e o peso do músculo do filé do peixe

Peso do filé(kg)

Velocidade relativa de secagem(%)

0,5 1

1,0 4/5

2,0 2/3

lsto é:

Page 13: Aqui Cultura

Um filé de 0,5 kg é seco a uma velocidade de 1% de perda por hora. Um filé de 2,0 kg a velocidade de 2 a 3% de perda por hora. Para se obter uma perda de peso semelhante, é necessário secar a matéria prima com peso mais ou menos igual.

e. espaçamento da matéria prima no secador

Este fator é muito importane; para uma secagem uniforme, devemos dispor os peixes no secador de forma que não fiquem uns sobre os outros.

f. efeito de película

O efeito de película influencia o processo de secagem porque verifica-se um endurecinmento superficial da carne, que isola o músculo, ainda úmido, da corrente externa do ar. Tal endurecimento se dá em virtude da desnaturação das proteínas do músulo, motivada por processo inadequado de salga e secagem, Furuya (1958).

g. condições termodinâmicas de secagem

De acordo com alguns dados de secagem obtidos no Canadá, a velocidade ótima de secagem é de 200 a 300 ft/minuto. Velocidades inferiores à esta em nada contribuem para melhorar a secagem. A temperatura de secagem situa-se, segundo o mesmo autor, entre 16 e 27°C, preferencialmente 24° centígrados; Furuya (1958), trabalhando com corvina salgada, observou que à 40°C este peixe, não apresentou aspecto de cozinhamento, apesar da eievada temperatura. Tal fato, entretanto, foi assinalado quando a temperatura de secagem da referida corvina elevou-se para 42°C. A umidade relativa do ar dentro do secador foi da ordem de 45 a 55%, acima ou abaixo destas faixas de valores a secagem torna-se vagarosa; e acima de 76% de umidade relativa o produto salgado submetido à secagem absorve a umidade do ambiente, Jason (1965).

7.1.26 Secadores artificiais

A secagem artificial do pescado salgado teve início em 1940, na Torry Research Station (Inglaterra), mediante o uso de secadores dotados de condições termodinâmicas reguláveis. Tais secadores foram projetados para a secagem do pescado em regiões onde as condições climáticas fossem inadequadas para tal processo, Burgess (1971). No Instituto Del Mar do Peru foi projetado um secador para a secagem artificial do pescado dotado das seguintes características: uma câmara de madeira para o aquecimento do ar do meio ambiente e outra para a secagem do pescado. É provido ainda de comportas para regular o fluxo de ar na entrada e, consequentemente, também a temperatura e umidade relativa mediante o emprego de bulbo seco e bulbo úmido. O secador dispõe também de um ventilador que impulsiona o ar do meio ambiente à câmara de aquecimento. Na parte final do secador existe um exaustor para remover o ar saturado de seu interior, descarregando-o no meio ambiente. No Brasil, a Indústria Brasileira de Peixes S.A.-Rio Grande, projetou um secador para peixes salgados, Furuya (1958). Além dos modelos acima, outros secadores são descritos na literatura, destacando-se entre eles os secadores microondas, de rolo, atomizadores, rotativos e a energia solar, Burgess (1971) e Tanikawa (1965).

7.1.27 Controle da umidade final no produto

O pescado salgado contém uma certa proporção de proteínas, gordura, sal e água. Durante a secagem somente se reduz a quantidade de água, o que permite calcular matematicamente a perda de peso do produto no processo.

Na prática, podemos controlar a secagem até uma determinada porcentagem de umidade no produto, que deve variar 35 a 40% aplicando-se a seguinte fórmula:

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X = Perda de pesoY = Conteúdo inicial de umidade do produto salgadoZ = Conteúdo final de umidade no produto salgado e seco (umidade estabelecida).

Um outro método simples para o cálculo da porcentagem das perdas de peso do pescado durante a secagem baseia-se no emprego do monograma de Fulgere, Bratty (1957).

EX: Calcular a perda de peso ocorrida em 100 kg de peixe salgado, com um conteúdo de umidade inicial de 51,3% (após a salga), até uma umidade final de 38% (após a secagem).

Sol. 53,3% corresponde ao eixo Y;

38,5% corresponde ao eixo Z

Seguimos a linha horizontal correspondente a 51,3% até a sua intersecção com o eixo X, obtendo-se desta forma o ponto zero. Traçamos outra linha desde 52,3% até 38,5%, no eixo Z; conta-se então o número de divisões verificadas entre o ponto zero e a intersecção Y/Z no eixo X. Para o nosso caso, № de divisões no eixo X é de 20,8; portanto, a perda de peso terá de ser verificada num produto com 51,3% de umidade incial submetido à secagem até 38,5% de umidade inicial, isto, é, final será de 20,8%.

O ponto zero varia com o conteúdo de umidade incial, se conhecemos a umidade inicial e a porcentagem de perda de peso, podemos calcular de modo semelhante o conteúdo de umidade final, Sanchez (1973).

7.1.28 Decomposição do pescado salgado e seco

A qualidade do pescado salgado é comprometida quando incidem sobre ele as seguintes formas de decomposição:

a. Muscosidade (Slimming)

A muscosidade écaractrizada por uma viscosidade de cor amarelada, de um ligeiro sabor acre e aparéncia áspera. Isto ocorre geralmente durante o empilhamento/prensamento do pescado salgado e no início da secagem. Os fatores responsáveis por este tipo de deterioração são: salga inadequada, período de empihamento demorado, pescado salgado em condiçães de frescor impróprias, condições atmosféricas não propícias, circulação de ar deficiente.

b. Bactérias vermelhas

Um dos perigos para os produtos salgados e secos é o “vermalhã” do pescado, que se inicia superficialmente mas logo produz alterções nas proteínas. Este problema é causado por um grupo de bactérias: a Sarcina littoralis e a Pseudomona salinaria; ambas são proteoliticas, sendo a última responsável pelo odor desagradável do pescado contaminado. O sulfeto de hidrogênio e o indol são os produtos resultantes da decomposição.

As bactérias vermelhas se desenvolvem em soluções contendo 5 a 17% de sal e em temperaturas situadas na faixa de 15 a 55°C, sendo por esta razão conhecidas como temófilas.

c. Fungos

O pescado salgado também está sujeiro ao ataque de diversas espécies de fungos, sendo o principal Sporendonema epizoum, que se caracteriza pela produção de manchas de con marrom-alaranjado. Estes morfos diferenciam-se dos comuns por se desenvolverem em meios com 5 a 15% de salinidade; a presença deste fungo indica que o produto foi armazenado em lugares úmidos e de temperaturas elevadas, Sanchez (1965), Noguchi (1972) e Bedford (1932).

Page 15: Aqui Cultura

7.1.29 Estocagem do peixe salgado

Apesar de se constituir em um produto bastante estável, a qualidade do peixe salgado depende do estado de frescor da matéria prima, do método de salga e da pureza do sal.

Em casos de estocagem prolongada a sua qualidade depende da eficiéncia do processo.

A preservação do pescado salgado estáem dependência não apenas da quantidade do sal, mas também da umidade do músculo. Durante a estocagem poderão ocorrer a putrefação e a rancidez. Como foi visto anteriormente, a putrefaçã causada por microorganismos contaminantes, enquanto a rancidez é ocasionada pela oxidação da gordura, tornando o produto com a aparência, sabor e odor desagradáveis. Para a prevenção da rancidez deve-se adicionar anti-oxidantes ao produto salgado. Entre estes anti-oxidantes temos o BHA (Butirato hidroxi anizol) e o BHT (Butirato hidroxi tolueno). Além destas substâncias devemos usar embalagem anti-vapor e estocar em baixa temperatura; desta forma recomenda-se não conservar o pescado salgado em lugares úmidos, aonde haja bastante calore fiquem expostos á ação direta do sol.

7.2 Defumação do Pescado

7.2.1 Introdução

Foi provavelmente o homem pré-histórico quem descobriu que a carne poderia conservar-se durante longos períodos, processando-a através da salga e da defumação. Durante a ldade Média surgiram uma série de alimentos tradicionais, sendo um do mais importantes o arenque vermelho, que se preparava defumando-o durante algumas semanas e previamente submetido à uma salga forte. O intenso aroma de produto salgado e do alcatrão, bem como a textura dura, característica do arenque vermelho e produtos similares tradicionais não teriam hoje em dia muita aceitabilidade.

Atualmente o pescado é defumado com o objetivo de dar-lhe um sabor agradável, mais que para conserválo, sabendo-se entretanto que a ação conservadora da defumação é devida aos efeitos combinados da secagem e dos principios ativos da substâncias químicas bactericidadas presentes no fumo da madeira em combustão.

7.2.2 Tipos de defumação

A defumação é processada mediante a utilização de dois processos:

a. Defumação à frio, empregada na majoria dos produtos curados britânicos; éprocessada em temperaturas inferiores a 30°C.

b. Defumação à quente, na qual os produtos ficam cozidos ao mesmo tempo em que são defumados; neste processo a temperatura da fumaça chega a atingir 121°, enquanto no centro do filé fica em torno de 60°C. Na maioria dos produtos defumados na Europa continental, Utiliza-se o processo à quente. No Japão, o principal produto defumado érepresentado pelas lulas; neste caso a temperatura de defumação é escalonada, isto é: Na primeira etapa, cujo tempo de duração é da ordem de uma a duas horas, a temperatura está entre 20e 25°c, no período intermediário do processo, esta temperatura chega aos níves de 50 a 60°, enquanto no final da operação está entre 60 e 70°, durante duas à três horas. O tempo de defumação total para a lula é de sete à nove horas.

No processo à frio e no processo à quente são utilizados defumadores tradicionais de chaminé e mecânicos. No processo de defumação de produtos marinhos japoneses são utilizados defumadores elétricos bastante eficientes.

7.2.3 Defumadores

a. Defumadores tradicionais - São representados por uma chaminé na qual se pendura o pescado sobre uma fogueira de serragem de madeira nã resinosa, desprovida de odor, e que arde produzindo fumaça, não ocorrendo, porém, a presença da chama. Estes defumadores oferecem uma série de inconvenientes, estando entre eles os seguintes:

Page 16: Aqui Cultura

Dificuldade para controlar a quantidade de calor e fumaça produzidos na combustão da serragem;

Poderá ocorrer a queima da serragem, produzindo elevadas chamas e muito calor, que podem ocasionar a cocção do produto;

O fluxo de fumaça muda de direção ocasionalmente; Não é possível a dissecação uniforme do pescado, tendo em vista que a fumaça

entra sempre saturada de vapor; Nas noites quentes e úmidas é impossível operar em defumador tradicional, em

virtude de se tornar minima a capacidade de secagem do ar; Além destes, ainda podem ocorrer outros inconvenientes, como muita mão-de-obra,

tarefa desagradável, etc.

7.2.4 Defumadores macânicos

Com o objetivo de melhorar o processo de defumação foi projetado o defumador mecânico. Infelizmente alguns desses defumadores oferecem desvantagens, tal qual os tradicionais. Na Inglaterra, foi projetado pela Torry um defumador mecânico que tem sido adotado satisfatoriamente, tal defumador foi desenhado em 1939, de tal forma que a fumaça é produzida em fogueiras acesas em queimadores especiais, localizados fora do defumador.

As fogueiras são preparadas com serragem de madeira dura; a fumaça é conduzida ao forno por condutos, sendo misturada com ar; a temperatura é mantida por aquecedores elétricos ou a vapor que são controlados por termostatos; a umidade do ar quente pode ser também controlada, regulando-se a entrada da quantidade de ar ambiente que adentra ao defumador.

A fumaça quente é impulsionada por ventilador à uma velocidade uniforme sobre os carrinhos contendo o pescado, e dispostos no corpo de um defumador. Uma quantidade determinada de fumaça passa seguidamente à chaminé, porém grande parte dessa fumaça é recirculada, e em seu retorno se mistura ao ar fresco. Na metade do processo faz-se um remanejamento dos carros para outros lugares, a fim de que haja uma defumaçã uniforme.

Existem defumadores mecanicos para diversas capacidades:

a. Para 600 a 1000 kg de peixe/4 horas - defumadores grandes; b. Para 500 kg/4 horas - defumadores médios; c. Para 60 kg/4 horas - defumadores pequenos.

7.2.5 Defumadores elétricos

O defumador elétrico foi construído por Toriyama. Neste defumador, a fumaça gerada por um queimador de serragem de madeira é submetida à uma corrente elétrica. Tendo este tratamento, afumaça adere mais facilmente a superficie do produto do que se não fosse eletricamente carregada.

No defumador elétrico, uma parelha de ganchos de ferro que podem ser eletrizados são dispostos sobre a serragem em combustão, os peixes são pendurados nos ganchos de ferro na parte superior da câmara de defumação; cada dois peixes são usados como eletrodos. Os ganchosde ferro onde se encontram pendurados os peixes são submetdos à uma corrente direta ou indireta com elevado potencial elétrico (10 a 20 mil volts). No piso do defumador a serragem de madeira é queimada; a fumaça sobe sendo positiva ou negativamente carregada. Se estiver com eletricidade positiva flui em direção ao peixe que funciona então como eletlodo negativo; inversamente, se estiver carregada negativamente o peixe funciona como eletrodo positivo. Quanso a corrente direta é usada, o potencial elétrico é elevado por meio de um indutor de corrente elétrica. No caso de ser utilizada corrente indireta, sua elevação será procedida pelo uso de um transformador neon para processamento contínuo, um arame transportador sem fim deverá ser utilizado.

Na defumação elétrica a água do músculo do peixe mão é removida rapidamente, tal como ocorre no processo de defumação comum.

7.2.6 Defumação líquida

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Como um dos mais rápidos métodos de defumação ,a defumação líquida é usado na carne de peixes e baleias, um dos principais componentes do líquido é o vinagre obtido da destilação à seco da madeira; Para seu uso na defumação líqida, o vinagre deve ser sepoardo do alcartã da madeira por meio de deposição em um tanque onde este sedimenta. Uma vez refinado, é diluída a sua terça parte com água, sendo adicionada à parte diluída uma quantidade de sal adequada.

Em um depósito que contém o vinagre diluído, o pescado é submerso por várioas horas. É importante con hecer a concentração do vinagre, a temperatura da solução e o tempo de imersão do peixe. Depois de removidos do tanque, os peixes sño secos à sombra.

Recentemente, no Japão, um líquido de defumação sintético tem diso usado na preparçõ de salsicha e presunto de peixe.

7.2.7 Aciência da defumação

A fumaça da madeira contém tanto vapores como gotículas, isto é,acha-se formado de milhões de gotículas de breu ou alcatrão. Os vapores entretanto sõ invisíveis, embora possam possuir odor.

Os vapores desprendidos das paredes de um defumador aberto são os responsáveis pelo odor de fumaça.

Tanto nas gotículas como nos vapores se encontram presentes as mesmas substàncias químicas, sendo que as proporção, relativas entre estas são diferentes em ambos os casos. As substâncias que evaporam com major facilidade estão presentes principalmente nos vapores; as outras substâncias, que precisam ser aquecidas para se evaporarem, encontram-se fundamentalmente nas gotículas.

Mediante um processo denominado precipitação eietrostática, é possível eliminar as gotículas sem afetar os vapores. Durante a defumaçã, o pescado capta principalmente os vapores; as gotível eliminar as gotículas não sõo essenciais na defumaçã do pescado.

As substâncias presentes nos vapores se dissolvem no líquido existente na superfície do pescado. Quanto mais úmido estiver o músculo do pescado e mais rápido for o fluxo de fumaça sobre a superfície, mais depressa serão absorvidas as substâncias químicas dos vapores, as quaisconferem seu aroma característico e seu efeito conservador as produto defumado.

A composição química precisa da fumaća depende de muitos fatores. No fogueiro de serragem, é produzida uma ampla gama de processos que ocorrem paralelamente. A combustã completa da serragem dá origem ao dióxido de carbono e água, mediante um conjunto de complicadas reações entre a madeira e o oxigênio do ar.

Recentemente, cientistas da Torry identificaram algumas substâncias químicas presentes na fumaça da madeira, especialmente aquelas pertencentes ao grupo de fenóis, e que são responsáncias pela diminuićão da atividade bacteriana. Não existe nada comprovado sobre os efeitos dessas substâncias em relaçã ao aroma, cor e conservação. O aroma caractrístico do pescado defumado é devido principalmente à fumaça e ao sal, enquanto a textura depende em grande parte da secagem.

As substâncias químicas presentes na fumaça são as principais reponsáveis pela conservação.

7.2.8 Processos de defumação

Até bem pouco tempo, os processos de defumaç ão de peixes eram apenas orientados pela prática. Ultimamente, porém, encara-se igualmente o aspecto cientifico e técnico do problema, procurando-se através da pesquisa determinar os efeitos da fumaça, do sal e do repouso sobre o pescado, durante e após o processo.

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A defumação tem por princípio a exposição dopeixe submetido à uma salga leve, a ação do calor e da fumaça produzidos pela combustão de uma mistura de lenha, sarrafos e serragem de madeira isenta de resina e odor.

Do ponto de vista científico, a defumação de peixes se processa em três fases distintas, indispensáveis para a boa qualidade do produto elaborado:

a. Salmouragem ou salga b. Repouso c. Defumação

A salmouragem ou salga é uma fase muito importante, tendo em vista que a matéria prima, sendo submetida a ação do sal em soluçõos salinas de elevadas concentraçes, tem retardado o seu processo de autólise, e, consequentemente, o de putrefação.

Nesta fase Verifica-se ainda a desidratação do músculo, adquirindo este major resisténcia, e evidenciando-se também o seu sabor. Na salmouragem ou salga a matéria prima é submersa na salmoura, se desejamos um produto defumado colorido, misturando-se a salmoura corantes permitidos em alimentos. O tempo de permanência do produto na salmoura depende da concentração desta, do tamanho e teor de gordura do pescado e da agitação do pescado na salmoura. Para todos os tipos de defumação de peixes emprega-se usualmente salmoura com 70 a 80% de saturação. Caso seja utilizada uma salmoura de 100% de saturação, a superfície do pescado elaborado poderá ficar impreganadade de um pó fino de cristais de sal, que se depositará sobre os opérculos e a pele. Em uma salmoura de 50%, o pescado intumesce ligeiramente, ganhando 2 a 3% em peso. Esta àgua adicional terá de ser evaporada durante a defumação. Em uma salmoura a 90–100%, produz-se uma perca de peso de 2 a 3%.

O procedimento normal de salga em salmoura não dá origem à um produto de conteúdo salino uniforme, embora o peixe possua tamanho uniforme, se agitarmos a salmoura durante a salmoura durante a salga, obteremos melhores resutados.

À medida em que vai sendo usada, a salmoura vai se diluindo. Esta diluição é devida a água que sai do músculo do peixe para a salmoura, enquanto, ao mesmo tempo, o peixe absorve sal. Neste caso, para manter constante a concentração de salmoura adicona-se cristais de cloreto de sódio, que com frequência sedimenta, formando uma camada de sal no fundo do tanque. A sedimentação pode ser evitada agitando-se a salmoura.

O instrumento mais conveniente para medir a concentração éo salinômetro. Na tabela abaixo, indicamos quantas gramas de sal devemos adicionar à 1,0 litro de água para cada 10% de saturado:

Preparação de Salmoura

Graus salinométricos

(%de saturação)

Gramas de sal necessários p/ adicionar

á1 litro de águaà 20°C

10 28

20 56

30 87

40 120

50 154

60 190

70 229

80 270

90 315

100 363

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Repouso - Nesta fase, o pescado submetido à salmouragem é pendurado no próprio defumador, para que escorra o excesso de umidade. A proteína é dissolvida pela ação da salmoura, formando uma solução consistente. Durante este período a proteína dissolvida seca sobre a superfície do músculo, produzindo a chamada película lustrosa, que constitui um dos critérios comerciais da qualidade. A Melhor película lustrosa équando o peixe é imerso em salmoura a 70–80% os melhores produtos são obtidos em período de aproximadamente 18 horas.

7.2.9 Embalagem

Depois de removido do defumador, deixamos que a produto esfrie para que possamos efetuar a sua embalagem. Durante o período de resfriamento o pescado continua perdendo peso. Se embalarmos o produto ainda quente, ele adquirirá um aspecto úmido e fofo o que favorece ao crescimento de morfos sobre o pescado defumado.

Os esporos germinados são encontrados na serragem da madeira e transportados ao produto pela corrente de ar, durante a defumação.

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PARTE8:OUTROS SISTEMAS DE CULTIVO EM PISCICULTURA

José William Bezerra e Silva*

8.1 Piscicultura intensiva e semi-intensiva

8.1.1 Conceito e condições básicas para sua realização

8.1.1.1 Conceito

A piscicultura é o ramo da aqüicultura que se preocupa com a criação de peixes, atividade que remonta a mais de 3.000 anos e teve origem na China.

Ela tem sido classificada em extensiva, semi-intensiva, intensiva e superintensiva.

É extensiva quando utiliza apenas os alimentos naturais, que se desenvolvem nas águas, para os peixes criados. Como exemplo, cita-se as explorações feitas em açudes, lagoas, represas, lagos e outros mananciais, nos quais normalmente o homem não tem controle sobre os fluxos de entrada e de saída da água, ou se o tem, este controle não se faz visando a piscicultura. Hoje há uma tendência em se considerar este tipo de exploração como atividade de pesca, ou seja, exploração pesqueira propriamente dita. Muito embora, o homem possa exercer as seguintes intervençõoes, visando melhorar a exploração pesqueira nos reservatórios: (a) desmatá-los total ou parcialmente, possibilitando as atividades de pesca e melhoria nas condições da água; (b) erradicar espécies daninhas, tais como as piranhas Serrasalmus nattereri e S. piraya, e pirambeda, S. rhombeus, que atacam o homem e os animais domésticos, destroem os aparelhos de pesca e predam os peixes de interesse econômico; (c) introdução de espécies selecionadas; (d) controle da intensidade da pesca, a fim de manter as capturas equilibradas; (e) melhoria nas artes pesqueiras e (f) controle de poluição.

Nos pequenos açudes podem ser eliminadas as espécies carnívoras, através do tinguijamento ou a secagem do reservatório, principalmente se o mesmo apresenta comporta (galeria), implantando-se uma exploração do tipo semi-intensiva, mediante a fertilização do meio ambiente ou a consorciação com bovinos, suínos e marrecos.

Na semi-intensiva o alimento natural desempenha papel preponderante na produtividade piscícola, contudo, em virtude de uma major densidade de estocagem (major concentração dos peixes) há necessidade de se fertilizar as águas e/ou fornecer alimentos suplementares aos peixes, tais como grãos (milho, sorgo etc.), farelos (trigo, arroz, milho, sorgo, soja etc.), tortas (algodão, babaçu, mamona etc.) e farinhas (carne, sangue, peixe etc.). Estes produtos podem ser fornecidos isoladamente ou em misturas. Esta piscicultura é realizada em tanques, viveiros, bebedouros de outros animais domésticos e demais reservatórios, nos quais o homem tem total controle sobre a entrada e saída da água. Ela pode ser consorciada com outros animais (bovinos, suínos, marrecos etc.) ou com vegetais (rizipiscicultura, p. ex.). As principais intervenções do homem na piscicultura semi-intensiva são: (a) construção das instalações (tanques, viveiros etc.); (b) preparação das instalações (limpeza, calagem, adubação e abastecimento de água); (c) estocagem dos peixes; (d) controle de predadores e parasitas; (e) alimentação dos peixes; (f) acompanhamento do crescimento dos peixes, mediante amostragens mensais, as quais servem para reajuste na

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quantidade diária do alimento a ser fornecido a estes animais; (g) despesca e (h) manutenção dos viveiros (recuperação de pisos, taludes e dos sistemas de abastecimento e de esvaziamento).

* Engo Agrônomo do DNOCS e Professor Assistente da UFC - Caixa Postal 423 - 60.035 - Fortaleza, Ceará.

A piscicultura intensiva caracteriza-se pelo uso de rações balanceadas na alimentação dos peixes, em virtude das densidades de estocagem bastante altas, o que torna os alimentos naturais por demais insuficientes, embora estejam presentes e possam mesmo ser incrementados através de fertilizantes. Ela é realizada em tanques e viveiros e as formas de intervenções do homem são as mesmas referidas para a piscicultura semi-intensiva.

Na piscicultura superintensiva as densidades de estocagem são elevadas, devendo os peixes receberem rações bem balanceadas e com altos teores protéicos e energéticos. É realizada em gaiolas, tanques e viveiros. Estes dois últimos comumente apresentam renovação constante de água e/ou recebem aeração artificial. As intervenções do homem são idênticas às descritas para a piscicultura semi-intensiva, com exceção da adubação da água.

No presente curso nos restringiremos a piscicultura semi-intensiva e intensiva, doravante chamadas simplesmente de piscicultura.

8.1.1.2 Condições básicas para a piscicultura semi-intensiva e intensiva

As condições básicas para a realização da piscicultura são:

a. tanques e viveiros devidamente preparados;b. emprego de técnicas apropriadas para os cultivos;c. um meio econômico favorável, inclusive com infra-estrutura de estradas, energia elétrica,

fábrica de gelo etc., e existência de mercado consumidor;ed. disponibilidade de insumos, compreendendo: fertilizantes, alimentos (subprodutos agrícolas,

rações balanceadas etc.) material para calagem, alevinos etc.

Se o cultivo for implantado nas proximidades de uma Estação de Piscicultura, possibilitará que o piscicultor adquira aí seus alevinos, diminuindo assim, os investimentos na produção dos mesmos.

A integração da piscicultura com as demais atividades agropecuárias é importante, pois possibilita: (a) cultivos consorciados (peixes/suínos, peixes/bovinos, peixes/galinhas ou frangos, peixes/marrecos, peixes/arroz ou rizipiscicultura etc.); (b) cultivo alternado de peixes com culturas vegetais (arroz, soja, feijões, milho, sorgo etc.); e (c) uso de subprodutos (cuim de arroz, xerém de milho ou de sorgo, farinhas de sangue, carne, osso etc.; farelos de trigo e de soja, tortas de algodão, babaçu, mamona etc; além de outros); gräos (milho, sorgo etc.); tubérculos de mandioca; vegetais (cunhã, pirrichiu, marianinha etc.) e frutos diversos na allmentação dos peixes, dependendo da(s) espécie(s) cultivada(s).

Além do mais, a água fértil oriunda do esvaziamento dos viveiros, pode ser utilizada na irrigação de hortas. pomares e culturas diversas.

8.1.2 Tanques e viveiros de piscicultura

Viveiro de piscicultura é um reservatório escavado em terreno natural, dotado de sistemas de abastecimento e de drenagem de água de tal modo que o permita encher ou secar no menor espaço de tempo possível. Ele pode ser parcial ou totalmente elevado acima do terreno natural, mediante o erguimento de diques ou barragens.

O tanque tem estrutura semelhante ao viveiro, sendo, contudo, revestido com alvenaria de pedra ou tijolo ou em concreto.

Existem grandes diversidades de tanques e viveiros de piscicultura, conforme suas finalidades (manutenção de reprodutores, preparo de reprodutores, acasalamento, criação de pós-larvas e de alevinos, engorda etc.). No entanto, estruturalmente os viveiros se dividem em dois tipos:

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a. Viveiro de barragem - Construído no fundo de um vale por onde corre um pequeno curso de água (córrego ou olho d'água), mediante o erguimento de uma pequena barragem ou dique. No Nordeste do Brasil estes viveiros necessitam, quase sempre, receber suprimentos de água, oriunda de um açude, rio etc., no período seco. Isto porque sua alimentação de água é feita por uma ou várias nascentes, um lençol freático ou um curso de água, cujo caudal recebe em sua totalidade, sem possibilidade de controle (BARD et alii, 1974);e

b. Viveiro de derivação - escavado ou elevado no terreno natural, sendo abastecido por derivação da água a partir de uma nascente, de um curso de água principal, de um canal de irrigação etc; de uma represa ou açude (mediante o uso de sifão, galeria etc.), sendo a água conduzida através de canais abertos ou tubulados ou, finalmente, por bombeamento a partir de um curso de água ou de um reservatório. Deste modo, a entrada e saída de água do mesmo são controladas.

O tanque é uma estrutura menor que o viveiro, sendo sempre de derivação.

8.1.2.1 Escolha do local para construção de tanques e viveiros de piscicultura

Na escolha do local para a construção de tanques e viveiros de piscicultura deve-se levar em conta dois aspectos: a água para abastecê-los e existência de terreno adequado.

8.1.2.1.1 A água para abastecimento de tanques e viveiros de piscicultura.

A água para abastecimento de tanques e viveiros de piscicultura deve ser examinada sob os aspectos qualiquantitativos.

a) Qualidade da água

No exame da qualidade da água deve-se levar em conta suas características físicas e químicas. Entre as primeiras, as mais importantes são:

Temperatura: Tem grande influência sobre a reprodução, sobrevivência e crescimento dos peixes, bem como sobre a produtividade natural das águas, ou seja, a produção dos alimentos naturais para os peixes. Ela deve se manter dentro dos limites compatíveis com a vida normal da(s) espécie(s) criada(s). Lembra-se que dentro desses limites quanto mais alta a temperatura maior a produtividade natural e, consequentemente, maior a produção de peixe. No entanto, temperaturas baixas ou muito elevadas influenciam negativamente na alimentação dos peixes. Estes limites máximos e mínimos, bem como suas variações, são atenuados nas partes mais profundas dos viveiros.

As temperaturas das águas nos tanques e viveiros de piscicultura devem ser medidas na superfície e no fundo, usando-se termômetro de imersão com escala de 0 a 50°C. A água de fundo é retirada com um frasco com tampa, o qual é destampado quando atinge a profundidade desejada. Então, o mesmo é levado rapidamente para a superfície e a temperatura da água em seu interior medida.

Transparência e a cor: A luz é um dos fatores mais importantes para a produtividade dos tanques e viveiros de piscicultura, pois os seres produtores da matéria orgânica na água (fitoplâncton, bactérias fotossintéticas e macrófitas aquáticas) utilizam a energia luminosa na fotossíntese.

Deste modo, quanto mais transparente é a água maior será a penetração da luz e, consequentemente, mais espessa será a coluna onde se processará a produção orgânica.

As águas turvas, isto é, que contêm argilas ou outros materiais em suspensão, não são favoráveis ao cultivo de peixes, principalmente, larvas, pós-larvas e alevinos, pois a argila adere as suas guelras, impedindo as trocas gasosas, podendo até matá-los. Portanto, deve-se evitar abastecer tanques e viveiros com águas de cores vermelha, amarela ou cinzenta, bem como, impedir que pessoas e animais penetrem nos viveiros, pois causam turbidez da água.

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As águas negras ou escuras das florestas ou aquelas alaranjadas de ambientes ricos de matéria orgânica em decomposição não são boas para o abastecimento de tanques e viveiros, vez que são geralmente ácidas (pH < 7,0) e trazem gases tóxicos (sulfídrico, metano, amônia etc.), além de não permitirem boa penetração de luz e possuirem baixos teores de oxigênio dissolvido, necessário para respiração dos peixes.

As melhores águas para abastecer tanques e viveiros de piscicultura são as claras, ligeiramente azuladas ou esverdeadas. Quando estas instalações são bem adubadas, suas águas apresentam cor verde escura sinal de boa produtividade orgânica, pois reflete a grande incidência de algas clorofíceas nas mesmas.

A transparência da água pode ser medida com o disco de SECCHI, que é um disco metálico, com mais ou menos 0,25 m de diâmetro, contendo quatro faixas brancas e pretas, alternadamente, sendo o mesmo mergulhado na água, com o auxílio de cabinho de náilon de 3/16", até que não seja mais visto. Mede-se então, no cabinho, a profundidade em que se extinguiu a luz na coluna d'água. A transparência da água dos viveiros deve ser menor do que 0,30 m.

As características químicas das águas para abastecimento de tanques e viveiros de piscicultura são importantes: Poucas águas não podem ser utilizadas para tal, mas a produção dos alimentos naturais para os peixes está ligada a sua qualidade. Torna-se necessária a presença do nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio, enxofre e ferro, assim como dos chamados oligoelementos (boro, manganês, cobre e zinco). É em contato com o solo que a água se enriquece pela dissolução dos sais que pele se encontram. Deste modo, quanto mais rico o solo em minerais mais rica será a água.

Lembra-se, contudo, que parte desses sais pode provir da decomposição orgânica dos animais e vegetais mortos no viveiro ou, ainda, serem cólocados através dos adubos.

Pode-se apreciar a qualidade de uma água medindo-se o seu pH. Este deve ser neutro ou ligeiramente alcalino. Valores inferiores a 5 e superiores a 9 são indícios de água não recomendável para a piscicultura.

Outros indicadores da qualidade da água para a criação de peixes são dados pelas suas dureza e alcalinidade. Águas com dureza acima de 15 mg/l em seu equivalente em CaCO3 e com alcalinidade superior a 40 mg/l também em seu equivalente em CaCO3 são boas para aquele fim.

Torna-se necessário, ainda, a presença de gases dissolvidos na água, principalmente o oxigênio, imprescindível à respiração dos peixes, e o gás carbônico, essencial à fotossíntese.

No entanto, gases oriundos da decomposição da matéria orgânica (sulfídrico, amônia, metano etc.) são tóxicos e fatores de depleção na taxa do oxigênio dissolvido. Nesta situação, as águas exalam mau cheiro. Deve-se, pois, evitar o acúmulo de matéria orgânica nos viveiros.

De uma maneira geral, as águas poluídas por esgotos industriais e/ou domésticos e por defensivos agrícolas não se prestam para a piscicultura.

Na análise química de uma água destinada a piscicultura, tornam-se necessárias as seguintes determinações, com respectivas indicações dos níveis desejados:

Especificação da análise Níveis desejados

pH 5 a 9

Alcalinidade 40 a 200 mg/l em seu equivalente em CaCO3

Dureza Acima de 15 mg/l em seu equivalente em CaCO3

O2dissolvido Acima de 4 mg/l

CO2livre Abaixo de 20 mg/l

Amônia Abaixo de 0,5 mg/l

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Gás sulfídrico Abaixo de 1,0 mg/l

Metano Abaixo de 0,5 mg/l

Ferro Abaixo de 1,0 mg/l

Alumínio Abaixo de 0,5 mg/l

Presença de nitratos, fosfatos, carbonatos e sulfatos.

b) Quantidade de água

A piscicultura necessita de água para encher tanques e viveiros e compensar as perdas por evaporação e infiltração. Esta praticamente não ocorre nos tanques, por serem revestidos em alvenaria.

A água necessária para encher um viveiro depende da capacidade de acumulação deste, que, por sua vez, é calculada com base em sua área e profundidade média. Quando ele possui área de 1 ha e profundidade média de 1 m são necessários 10.000 m3 de água para enchê-lo. Isto, contudo, deve ocorrer em curto espaço de tempo, sendo recomendável que não seja superior a 72 horas. Neste limite, a vazão necessária de água para abastecimento será de 38,6l/s (10.000.000 l divididos par 259.200 s).

Após cheio o viveiro, nele só deve colocar água para compensar as perdas por evaporação e percolação. Salvo se houver depleção na taxa de oxigênio dissolvido na água. Caso isto ocorra, far-se-á renovação dela.

As perdas por evaporação dependem dos fatores climáticos, normalmente temperatura, insolação, umidade do ar, ventos etc. Nas regiões tropicais podem chegar a 25 mm/dia. Isto origina uma demanda diária de água da ordem de 250 m3/ha, ou seja, uma vazão de 2,9 l/s de água por ha (250.000 l divididos por 86.400 s).

É difícil calcular com exatidão as perdas de água por infiltração, pois as mesmas dependem da idade dos viveriros (os novos perdem mais água), das técnicas de construção deles (os impermeabilizados com terra argilosa compactada têm as perdas sensivelmente diminuidas), da natureza dos solos (os argilosos possuem baixa percolação) e a posição de seus pisos com relação ao lençol freático (quanto menor o espaço que os separa menor a infiltração). Com boa margem de segurança pode-se considerar uma perda média de 1 mm/dia de lâmina de água por infiltração. Isto requer reposição de 10 m3/ha/dia, ou seja, uma vazão de 0,1 l/s de água por ha (10.000 l divididos por 86.400 s).

Desse modo, nas regiões tropicais mais críticas, com lâmina de evaporação da ordem de 25 mm/dia, serão necessários 104.900 m3/ha/ano de água para encher uma vez o viveiro (10.000 m3) e compensar as perdas por evaporação (91.250 m3) e por percolação (3.650 m3).

No litoral nordestino, com lâmina de evaporação média em torno de 7 mm/dia, necessitar-se-ia de 70 m3/dia/ha de água, ou seja, 25.550 m3/ano/ha. Aqui, o volume requerido para abastecer uma vez um viveiro de 1 ha e compensar as perdas por evaporação e infiltração será de 39.200 m3/ano.

Além do volume mínimo necessário, há que se obter informações sobre o volume máximo de água que passa em um determinado terreno onde se vai construir viveiros de piscicultura. Isto por dois motivos, primeiro para se calcular o sangradouro ou vertedouro dos viveiros de barragem e segundo para se evitar inundação da área dos viveiros de derivação.

O volume máximo de água que passa num dado trecho de um vale, no fundo do qual corre um curso d'água, pode ser calculado através de: (a) conhecimento da área da bacia hidrográfica do curso de água, acima do local de medição, e da altura máxima de precipitação pluvial, obtida através de séries históricas de dados, coletados pelas estações meteorológicas: volume (m3) = área (m2) × altura da major precipitação (m); (b) informações colhidas junto às populações ribeirinhas, que podem indicar as marcas das cheias seculares; (c) verificação das marcas deixadas pelas

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grandes enchentes em pilares de pontes, pedras, árvores etc.; (d) limnômetro, aparelho que mede a velocidade da água de um rio, riacho etc.; e (e) secções imersas de forma regular.

8.1.2.1.2 Terreno para construção de tanques e viveiros de piscicultura

Na escolha do terreno para construção de tanques e viveiros de piscicultura, levamos em consideração suas características químicas, isto é, sua composição química, e físicas, compreendendo sua natureza e forma.

a) Características químicas do terreno

Conforme referimos antes, é do solo que a água retira os minerais necessários a produtividade primária, isto é, a alimentação do fitoplâncton, das macrófitas aquáticas e das bactérias fotossintéticas. Portanto, a riqueza das águas dos viveiros depende dos minerais presentes nos solos onde eles estão assentados.

As águas que escorrem em campos e savanas são melhores do que as de floresta. No entanto, as primeiras podem ter bastante argila em suspensão, ou seja, serem turvas.

Na análise dos solos torna-se necessário conhecer: pH; dureza; alcalinidade e teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, enxofre, ferro e alumínio. Estes dois últimos quando em doses elevadas inviabilizam o uso de um solo para a construção de viveiros de piscicultura.

b) Características físicas do terreno

Textura; profundidade e estrutura do solo

Um dos fatores importantes a considerar é a textura dos solos. Os argilosos são os mais indicados, em virtude do elevado grau de impermeabilidade e de serem ricos em minerais, quase sempre. Os arenosos não se prestam para viveiros, pois são pobres e não retêm água; neles podem ser construídos tanques. Solos sílico-argilosos, isto é, formados por areias contendo cerca de 25% de argila, podem ser utilizados, contudo necessitam receber camada(s) compactada(s) de piçarra (terra argilosa), a fim de reterem água. Os pedregosos também não podem ser utilizados para construção de viveiros.

Outro fator a considerar é a profundidade do solo, pois as vezes torna-se necessário escavar os viveiros em terreno natural, alcançando-se profundidades de 2,00 m ou pouco mais.

A estrutura do solo também deve ser considerada, podendo acontecer que, além de ser raso, ele apresente, próximo a superfície, rochas com fraturas. Isto provoca enormes perdas de água por percolação, mesmo sendo os viveiros elevados sobre o terreno.

Para se estudar textura, profundidade e estrutura de um solo, escava-se uma trincheira (buraco) no mesmo ou usa-se um trado pedológico, instrumento que funciona como saca-rolha, retirando as diversas camadas do solo.

Forma, relevo ou topografia

A topografia do terreno é um dos principais fatores a considerar na escolha do local para construção de tanques ou viveiros de piscicultura. Ela indica:(1°) se é possível construir tanques e viveiros; (2°) tipo de viveiro (barragem ou derivação); (3°) superfície dos viveiros; (4°) forma dos viveiros; (5°) profundidade dos viveiros e(6°) número de viveiros a construir. Isto porque nos viveiros de derivação há que se levar água a uma altura tal que eles possam ser abastecidos e esvaziados por gravidade, qualquer que seja o nível da água no dreno natural. Nos de barragem não se deve construir diques muito compridos nem muito altos.

Na prática observa-se os declives ao longo do curso de água, corre no fundo de um vale, e o perfil tansversal deste.

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Terrenos com forte declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do vale não se prestam para construção de viveiros. Os de derivação ficam impossibilitados de serem construídos e os de barragem necessitariam de diques muito altos, para formar pequenas bacias de acumulação. Quando, porém, o declive transversal do vale é fraco, torna o terreno ideal para construção de viveiros de derivação, pois eles são facilmente abastecidos e esvaziados por gravidade. Nestas condições os de barragem não podem ser construídos, pois necessitariam de diques muito cumpridos, ficando os viveiros geralmente rasos.

Quando o terreno apresenta fraco declive ao longo do curso de água e forte declive transversal do vale, desde que não muito pronunciado, poderão ser construídos viveiros de barragem, ficando impossibilitados os de derivação. Contudo, quando o declive transversal do vale também é fraco, não se pode construir viveiros de barragem e tão somente os de derivação. No entanto, estes ficam, quase sempre, caros, pois podem necessitar de longos canais de abastecimento, em virtude da captação de água ser feita na parte mais alta do curso d'água. Quase sempre os canais caminham sobre atorros. A não ser que se faça bombeamento d'água, o que envolve gastos com bombas e energia elétrica ou combustíveis.

Para melhor se projetar tanques e viveiros, há que se fazer o levantamento plani-altimétrico do terreno, em curvas de níveis de 0,50 em 0,50 m ou de 1,00 em 1,00 m, desenhando a respectiva planta nas escalas de 1:500 ou de 1:1.000. Nela devem constar cercas, edificações, estradas, linhas de transmissão de energia e, principalmente, as fontes fornecedoras de água para tanques e viveiros (rios, riachos, açudes, represas, poços etc.), com cotas dos coroamentos das barragens, soleiras de sangradouros, espelho d'água, fundo dos reservatórios, mananciais etc. Isto para que se possa planejar os sistemas de captação de água e de esvaziamento dos tanques e viveiros.

De posse desse levantamento, projeta-se os viveiros, definindo-se o tipo deles (derivação ou barragem), conforme a topografia do terreno; o número, forma, dimensões, profundidade e cotas de chegada de água e do ponto de esvaziamento dos mesmos. Tanto quanto possível, deve-se evitar bombeamentos de água.

8.1.2.2 Partes constituintes dos tanques e viveiros e suas construções

8.1.2.2.1 Características gerais de um tanque ou viveiro

Forma

Um tanque de piscicultura pode ter formato circular, como os de preparação para desova, que apresentam movimentos circulatórios da água, fazendo com que os peixes se movimentem contra a correnteza, imitando o que ocorre na natureza. Eles hoje são raros e tendem a ficar em desuso. Comumente, os tanques são quadrados (os pequenos e médios) ou retangulares (os maiores).

Um viveiro para a criação de peixes pode ter forma quadrática, normalmente quando sua área é inferior a 2.500 m2, ou retangular, no caso em que sua área é maior do que 2.500 m2. Isto porque viveiro muito largo exige redes maiores para a despesca e, consequentemene, maior número de pessoas para arrastá-la durante esta operação.

Lembra-se que se deve escolher a forma de maneira a reduzir ao mínimo o perímetro do viveiro e, consequentemente, os volumes e custos das escavações. O quadro a seguir mostra que os perímetros dos viveiros aumentam a medida que crescem as diferenças entre largura e comprimento deles:

Para um viveiro de 1 ha (10.000 m2)

FormaDimensões (m) Perímetro dos Viveiros

(m)Largura Comprimento

Circular Diâmetro = 112,85 354,45 (circunferência)

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Quadrada 100 100 400,00

Retangular 80 125 410,00

Retangular 60 167 454,00

Retangular 40 250 580,00

Retangular 20 500 1.040,00

Adaptado de bard et alii (1974).

O que se afirmou antes só é válido para os viveiros de derivação, pois os de barragem apresentom formas impostas pela topografia do terreno da bacia de captação.

Dimensões

A área de um tanque ou viveiro é a superfície do espelho de água. A do primeiro dificilmente ultrapassa a 100,00 m2, quando usado para alevinagem ou engorda; o de larva tem-na em torno de 3,00 m2.

As áreas dos viveiros variam segundo suas finalidades: 200 a 5.000 m2 para os de alevinagem e os de reprodutores; de 0,04 a 40 ha ou mais para os de engorda. Muito embora o mais comum é estes últimos possuirem áreas entre 0,5 a 4,0 ha, pois quando muito grandes acarretam o seguinte: (a) dificuldade na comercialização, em virtude da produção de elevada tonelagem de pescado de uma só vez acarretando grande oferta de produto altamente perecível; (b) em caso de depleção na taxa de oxigênio ou qualquer outro problema na água dos viveiros, fica impossibilitada sua rápida renovação dado o grande volume; e (c) construção cara dos viveiros.

Lembra-se que quando a forma do tanque ou viveiro permanece constante, quadruplica-se sua superfície quando se duplica seu perímetro. Por exemplo, um tanque quadrado de 100 m2 tem perímetro de 40 m. Duplicando-se este, isto é, elevando-se para 80 m, a área do tanque passa a ser de 400 m2 (20 × 20 m).

Do exposto antes, vê-se que, na prática, não é aconselhável construir-se tanques e viveiros demasiados pequenos ou grandes.

Quase sempre os viveiros de barragem apresentam maiores áreas do que os de derivação.

Profundidade

A profundidade de um tanque ou viveiro de piscicultura refere-se a sua lâmina de água. No primeiro a máxima dificilmente ultrapassa a 1,10 m e a mínima é superior a 0,60. A média fica entre 0,80 a 1,00 m.

Quanto ao viveiro, profundidades acima de 3,00 m são inaceitáveis, pois dificilmente a luz penetra além deste valor nas águas dos viveiros, o que acarreta diminuição ou cessação da produção orgânica. Além disto, quanto mais profundos os viveiros, mais se tornam caros. Deste modo, recomenda-se profundidades máximas variando de 1,20 a 1,80 m, dependendo da superfície, de finalidade do viveiro e da topografia do terreno. Quanto a profundidade minima, sugere-se, para nossa região, valores entre 0,80 a 1,10 m. Viveiros muito rasos facilitam a invasão de vegetais neles, tais como gramíneas e ciperáceas. Normalmente, as profundidades médias dos viveiros variam de 1,00 a 1,40 m. Os de barragem tendem a ser mais profundos do que os de derivação.

Cotas do cano de abastecimento, do nível da água no viveiro e do cano de esvaziamento.

Para o viveiro de barragem estas cotas são determinadas pela topografia do terreno.

Conforme dito antes, o viveiro de derivação deve ser cheio e esvaziado no menor espaço de tempo, e, se possível, por gravidade. Para isto, é necessário: (1o) que a cota do espelho máximo de água no viveiro esteja 0,30 m, no mínimo, abaixo da cota do fundo do canal ou do ponto onde sai o cano

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de abastecimento e(2o) que a cota do cano de esvaziamento, posicionado no ponto mais profundo do viveiro, esteja acima da cota do nível máximo da água no dreno que pode ser um riacho, rio, canal escavado etc., para que o mesmo se esgote por gravidade. O ideal é que a diferença entre estas duas cotas seja de, no mínimo, 1,00 m, a fim de permitir o uso de caixas de despesca.

Caso a profundidade máxima do viveiro seja de 1,60 m e ele apresente uma altura de 1,00 m entre a saída do cano de esgotamento e o fundo do dreno, tem-se que a diferença de nível entre este último ponto e o fundo do canal será de 2,90 m, considerando-se que a altura do espelho de água do viveiro e o fundo do canal de abastecimento é de 0,30 m, necessária para que os peixes não galguem este cano e saiam do viveiro através do canal.

8.1.2.2.2 Viveiro de barragem

Conforme referido antes, é formado pelo erguimento de pequena barragem ou dique no fundo de um vale, interceptando pequeno curso de água. Suas partes constituintes com as respectivas técnicas de construção vão a seguir descritas. A sequência apresentada deve ser obedecida.

8.1.2.2.2.1 Levantamento plani-altimétrico

Feito nos moldes anteriormente referidos, devendo abranger os locais pré-escolhidos para as futuras barragens e bacia hidráulica.

8.1.2.2.2.2 Projeto do(s) viveiro(s)

Deve abranger estudos da barragem (localização, fundação, altura, inclinação dos taludes, larguras da saia e do coroamento e volume do maciço); do sistema de esvaziamento e de renovação de água do sangradouro (quando necessário); do piso (regularização e declividade); da profundidade da água; da área da bacia hidráulica e do volume de acumulação. Devem ser levados em conta, ainda, estradas de acesso, vedação da área, eletrificação e edificações, no caso de grandes instalações.

No estudo da fundação coloca-se piquetes (pequenos pedaços de madeira com uma extremidade em ponta) no caminhamento do que poderá ser o futuro eixo da barragem, os quais são espaçados, normalmente, de 10 em 10 m. Para que o piquete fique bem visível, finca-se junto ao mesmo uma estaca (pedaço de madeira com cerca de 0,40 m de comprimento e com uma extremidade em ponta). Cava-se, no local de cada piquete, um buraco até que se encontre a rocha ou outro material impermeável (terra argilosa ou piçarra). Estabelece-se escalas vertical e horizontal e marca-se em papel milimetrado o caminhamento supracitado e as profundidades encontradas em cada furo. Deste modo, estabelece-se, no papel, duas linhas: a superior, correspondente ao nível atual do terreno, e a inferior, correspondente as profundidades de escavação da fundação da barragem. Assim, calcula-se os volumes de terra a cavar e para enchimento da fundação.

8.1.2.2.2.3 Desmatamento e destocamento da área

Deve abranger os locais da barragem e do sangradouro e a bacia hidráulica, todas as raízes, troncos e galhos serão removidos. As operações de desmatamento e de destocamento podem ser manuais ou mecânicas.

8.1.2.2.2.4 Barragem ou dique

A barragem compõe-se de:

a. Fundação - a barragem não se sustenta sobre a lama, terra vegetal, areia (que permite a infiltração de água) e outros materiais permeáveis. Daí surge a fundação, formada pela escavação e retirada desses materiais, compreendendo toda extensão da barragem e na largura de sua saia, até que se encontre material impermeável. Quando o terreno tem certo grau de firmeza, a fundação pode se restringir a uma vala central ou no pé da saia, parte de montante. A largura dela pode corresponder a 1/3 da da saia.

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A fundação deve ser cheia com terra argilosa (piçarra), compactada em camadas de até 0,15 em 0,15 m, se a compactação for manual, e de até0,30 em 0,30 m, se mecânica.

b. Saia - A barragem tem forma trapezoidal e a saia corresponde a base maior (inferior) do trapézio, cuja largura depende da altura, da largura do coroamento e da inclinação dos taludes. Quanto maior os dois primeiros e mais inclinados os taludes mais large será a saia e, consequentemente, mais caro o viveiro. A saia fica assente sobre a fundação, desta cheia.

c. Altura - Normalmente a barragem do viveiro é baixa. Quando ele apresenta 1,80 m de lámina máxima de água, aquela tem 2,50 m de altura, ficando uma revenche de 0,70 m (diferença entre o espelho máximo de água e o coroamento). Rarissimamente o dique alcanća 4,00 m de altura.

d. Inclinação dos taludes - Depende do material usado na construção da barragem e do grau de compactação da mesma. Normalmente o de montante é menos inclinado (2:1 a 3:1), os de jusantes apresentam inclinações variando de 1,5:1 a 2:1.

Largura e coroamento - se se pretende a passagem de veículos deve ser de 5,00 m, no mínimo, caso contrário, poderá ser de 1,00 a 3,00 m

Após a marcação, limpeza do terreno e a escavação e enchimento da fundação, inicia-se o erguimento da barragem propriamente dita. Utiliza-se terra argilos (piçarra) se possível de primeira qualidade, isto é, que apre- sente bom grau de compactação. Isto pode ser verificado num laboratório de solo. O local onde se retira a piçarra é chamado de jazida ou empréimo, sendo aquela escavada, transportada para a barragem em construção, umedecide, espathada e compactada. Antes de se colocar a primeira camada, o solo que a vai receber deve ser aguado, a fim de permitir boa aderência entre os materiais. Deste modo, a medida em que se coloca camadas sucessivas de piçarra compactada, nos moldes descritos para o enchimento da fundação, elas vão se estreitando, no sentido do coroamento do dique, dando, assim, a inclinação dos taludes. As larguras das camadas sucessivas podem ser marcadas com estacas ou acompanhadas por um topógrafo.

Concluído o erguimento da barragem, faz-se o seu taludamento ou regularização dos taludes, de modo que eles fiquem com as inclinações desejadas. Neste momento, to da terra solta que repousa sobre eles é retirada.

Lembra-se que quando a barragem atingir a cota do fundo do viveiro, no ponto de esvaziamento, coloca-se o cano de esgotamento, que pode ser manilhas de concreto ou de barro, cimento-amianto, plástico (PVC) rigido ou de ferro. Os melhores são as manilhas, as quais devem ser bem unidades com argamassa de cimento e areia, e os canos de cimento-amianto. Os tubos plásticos podem sofrer danos com o peso da barragem e os de ferro são caros, além de ficarem sujeitos a oxidação. Seja qual for o material utilizado, o cano precisa repousar sobre base de concreto simples, com 5 a 10 cm de espessura, e ser bem fixado com bases ou anéis de alvenaria ou de concreto, a fim de que não se desloguem e causem infiltrações de água através da barragem. Esta éatravessada, em sua saia, pela tubulação de esgotamento do viveiro, que deverá ter declividade de 1% no sentido de jusante. Para calcular seu diâmetro utiliza-se a fórmula

na qual:

Q = vazão (m3s),r = raio da tubulação,g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2), eh = altura (m) da lâmina de água na boca do tubo.

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Conhecendo-se a vazão requerida (Q) e a altura da água (h), calcula-se r, cujo dobro é o diâmetro buscado. Q é calculado dividindo-se o volume de água do viveiro em m3 pelo tempo em que se pretende secá-lo, em segundo.

Como sugestão pode-se usar os seguintes diâmetros: 0,10 m para viveiros até 400 m2; 0,15 m para viveiros entre 400 a 1.000 m2; 0,20 m para viveiros entre 1.000 a 2.500 m2; 0,25 m para viveiros entre 2.500 a 5.00 m2; 0,30 para viveiros entre 5.000 e 10.000 m2 e 0,40 m para viveiros com áreas acima de 10.000 m2.

8.1.2.2.2.5 Sistema de esvaziamento e de renovação da água

Os principais sistemas de esvaziamento utilizados são:

a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro - Utilizado nos pequenos viveiors, consistindo em se vedar, na parte de montante, o cano de esgotamento com rolha de madeira ou de borracha. Quando se quer renovar a água do viveiro ou seu total esvaziamento, retira-se a rolha e coloca-se tela na boca do cano, para que os peixes não saiam. Nesta operação, o piscicultor tem que mergulhar, daí a precariedade deste sistema, pois a cada chuva ou enchurrada no riacho pode ficar comprometida a segurança do viveiro, se ele não tiver sangradouro. lsto torna este sistema de esvaziamento mais usado nos pequenos viveiros de derivação. Melhores resultados são obtidos colocando-se um registro na parte de jusante do cano de esgotamento e tela em sua extremidade de montante. Caso se necessite renovar, secar o viveiro ou dar escoamento ao excesso de água que chega no mesmo, abre-se o registro.

b. Cano/cotovelo - Este sistema consiste em se enroscar na extremidade de montante ou de jusante do cano de esgotamento um cotovelo de mesmo diâmetro e material, e na sua extremidade livre um cano móvel, também do mesmo material e diâmetro, cuja altura é igual a profundidade máxima projetada para a água do viveiro. Quando o cano móvel está na vertical, em relação ao piso do viveiro, este pode permanecer em seu nível máximo de repleção; a medida que se inclina o cano, graças ao cotovelo, o viveiro vai esvaziando até que quando aquele fica na horizontal, este último seca completamente. Na extremidade livre do cano móvel coloca-se tela, a fim de evitar a saída dos peixes. Quando ele fica à jusante da barragem, a tela fica na extremidade oposta do cano de esvaziamento. Este sistema é utilizado nos pequenos e médios viveiros de barragem (volume até 5.000 m3 de água).

c. Monge - O monge é uma estrutura em forma de U, com abertura voltada para o interior do viveiro, construída na extremidade de montante do cano de esgotamento. Ele pode ser construído em concreto armado, alvenaria de tijolo ou de pedra ou em madeira. Em qualquer caso, deve ficar assente sobre base de concreto simples, com 7 a 10 cm de espessura, se o solo não for bastante sólido.

O monge apresenta o dorso, de onde sai o cano de esgotamento, parte voltada para fora do viveiro, e duas asas laterais, cada uma da qual apresenta duas filas de ranhuras com 0,04 m de largura e 0,04 m de profundidade, espaçadas de 0,10 a 0,15 m uma da outra. Nelas põem-se tábuas, com 0,15 m de largura e comprimento tal que se ajuste entre duas ranhuras frontais, e entre as duas filas coloca-se serragem de madeira ou argila para vedação. Sobre a última tábua, que fica 0,15 a 0,20 m abaixo do cimo do monge, coloca-se a grade telada, para renovação da água e saída do excedente da mesma. A altura do monge é igual a do coroamento do dique e o comprimento das asas e largura do dorso dependem do volume de água do viveiro. BARD et al. (1974), recomendam o seguinte:

Monge para pequenos viveiros - Altura 1,50 m

Largura 0,57 m

Comprimento das asas 0,44 m

Espessura 0,12 m

Monge para viveiros médios - Altura 2,00 m

Largura 0,70 m

Comprimento das asas 0,54 m

Espessura 0,15 m

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Quanto a espessura das paredes do monge, depende do material de que é confeccionado. Os de tijolo têm-na com 0,15 m (parede simples) ou 0,30 m (parede dupla), dependendo da altura dele; nos de concreto as paredes têm 0,07 a 0,10 m de espessura; os de pedra 0,15 a 0,30 m de espessura e os de madeira 0,025 m.

Nos grandes viveiros de barragem o monge por si só, as vezes, não dá escoamento ao excedente de água que nele chega, havendo necessidade de um sangradouro.

Existe variações nos tipos de monges utilizados, no entanto, o que aqui descrevemos é o modelo mais utilizado.

d. Comporta com ou sem galeria-Dispositivo pouco usado hoje, em virtude dos altos custos e de estarem sujeitos a oxidação. A comporta pode ser instalada entre duas paredes de alvenaria, geralmente de tijolo, posicionadas na parte mais profunda do viveiro, juntas da barragem e tendo por trás o cano de esgotamento, ou na parede anterior de uma galeria. As paredes contêm ranhuras onde se encaixa uma grade telada destinada a impedir a saída dos peixes.

A galeria é uma pequena edificação vertical, construída em alvenaria de tijolo, rejuntada com argamassa de cimento/areia, sobre terreno sólido ou base de concreto simples. De sua parte dorsal sai o cano de esgotamento e na anterior posiciona-se a comporta ou adulfa e a janela com grade telada em ranhuras, as quais permitem a saída da água de renovação ou excedente e a permanência dos peixes no viveiro. A altura da galeria é a mesma do coroamento da barragem, ficando ela coberta com placa de concreto, dotado de janela com tampa removível, para inspeção. As vezes a placa de concreto comunica-se com a crista da barragem através da passarela de madeira ou concreto.

A galeria somente é utilizada nos grandes viveiros de barragem, pois é uma estrutura muito cara.

8.1.2.2.2.6 Piso do viveiro

Deve ser regularizado, sem depressões ou morros, e todo com declive fraco em direção ao cano de esgotamento. A regularização pode ser feita manualmente ou mecanicamente (auxílio de patrol ou trator). É preciso, pois, que o viveiro seque completamente.

8.1.2.2.2.7 Sangradouro

O sangradouro ou vertedouro visa dar vazão ao excedente de água que chega ao viveiro de barragem. Nor malmente ele é construído em uma das ombreiras do dique. Constitui-se numa escavação do terreno até a cota desejada para o máximo espelho de água no viveiro. Suas ombreiras são cortadas em taludes inclinados ou verticais, sendo neste caso protegidas por muros de alvenaria de pedra ou de tijolo contra a erosão. Sua soleira também pode ser protegida com revestimento de concreto ou alvenaria, caso contrário, deve ter pouca inclinação de montante para jusante.

O sangradouro deve ser suficiente largo para que a lâmina máxima da água que nele passe seja menor possível, dificultando ou impedindo, assim, a saída dos peixes. Com este objetivo, pode-se, também, nele colocar telas de arame, náilon ou outro material. Contudo, nestas se concentram ramos, folhas e detritos diversos que podem lhes causar vedação e subida da água na barragem, comprometendo sua segurança. Para amenizar este problema, a tela pode formar um vértice para o interior do viveiro, de modo que os detritos se concentrem em seus cantos, podendo serem removidos daí facilmente.

Como medida de segurança, pode-se dar ao sangradouro a largura do riacho barrado, com alguma folga. Contudo, melhor é dar-lhe uma vazão tal que escoe todo o excedente de água, a qual é calculada com base no volume deste líquido que passa, num dado momento, no local da barragem.

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8.1.2.2.3 Viveiro de derivação

Conforme dito antes, é formado por escavações do terreno natural ou elevação parcial ou total de diques sobre aquele, sendo dotado de sistemas de abastecimento e de esvaziamento, de maneira que seja abastecido e esgotado no menor espaço de tempo possível.

A sequência e técnicas de construção de um viveiro de derivação, bem como suas partes constituintes, são vistas a seguir.

8.1.2.2.3.1 Levantamento plani-altimétrico da área

Feito nos moldes anteriormente descritos, devendo o mesmo ficar circunscrito numa poligonal no interior da qual fique toda a área destinada ao projeto do(s) viveiro(s) e das edificações, se houverem.

8.1.2.2.3.2 Elaboração do projeto

Nele devem constar as seguintes plantas: levantamento plani-altimétrico da área; baixa (situação) dos viveiros e de outras instalações, contendo contorno da área, estradas de circulação interna, edificações, arborização etc; de detalhes dos viveiros e outras instalações, com cortes; dos sistemas de abastecimento e de drenagem; além de outras que se fizerem necessárias.

Para elaboração do projeto dos viveiros ueve-se levar em conta as indicações de forma, superfície, profundidade etc., sugeridas antes.

8.1.2.2.3.3 Desmatamento e destocamento da área

Deve ser realizado nos moldes descritos para os viveiros de barragem. Na área dos viveiros as raízes das grandes árvores, devem ser arrancadas até a profundidade de pelo menos 1,00 m,a fim de se evitar futuras infiltrações de água através delas.

8.1.2.2.3.4 Marcação dos viveiros

De posse das plantas baixa e dos viveiros, uma turma de topografia, munida de teodolito, balisas, estacas, piquetes e trena, procede a marcação dos viveiros e de outras instalações.

Caso não se disponha de topógrafos com aqueles instrumentos, pode-se fazer a marcação utilizando esquadro, linha náilon, balisas, piquetes, estacas e trena. Com o esquadro e a linha mede-se ângulos retos. Com a trena as distâncias. As balisas são usadas nos alinhamentos, sendo necessárias três para as visadas. Piquetes e estacas utilizam-se para marcar os bordos dos viveiros e outros alinhamentos, como canais, drenos etc.

8.1.2.2.3.5 Escavação do viveiro

Pode ser manual, utilizando-se picaretas, chibancas, pás, enxadas, alavancas, carrinhos de mão etc., ou mecânica, com o uso de trator de esteira, pá-mecânica, caçambas, “motor-scraper” etc.

No que se refere a escavação, lembra-se que os viveiros podem ser totalmente escavados ou parcial ou totalmente elevados no terreno. No caso dos parcialmente elevados, parte da terra escavada pode ser usada na construção dos diques.

Após marcado o viveiro, escava-se uma vala central, cuja largura e comprimento são iguais às do piso dele e as profundidades iguais as determinadas para o viveiro. Toda a terra escavada é retirada.

Pronta a vala, faz-se, então, o taludamento ou regularização dos taludes, operação realizada, quase sempre, manualmente, usando-se picaretas, pás, enxadas e carrinhos de mão, consistindo

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em se dar a inclinação desejada aos mesmos. Nos internos de 2:1 a 3:1 e nos externos, se houverem, 1,5:1 a 2:1.

Quando se torna necessária a impermeabilização do viveiro com piçarra, escava-se a mais pisos e taludes, numa profundidade correspondente a altura da camada compactada de piçarra que aqueles vão receber.

8.1.2.2.3.6 Impermeabilização do viveiro

Quando o terreno escolhido para a construção do viveiro apresenta certo grau de permeabilidade, há que se fazer a impermeabilização do piso e taludes do mesmo, usando-se, para isto, piçarra compactada, manual ou mecanicamente, como descrito na construção das barragens. Dependendo do solo ser mais ou menos permeável, a camada de piçarra compactada varia de 0,15 a 0,30 m.

8.1.2.2.3.7 Construção dos diques ou barragens

A constituição e a construção dos diques dos viveiros de derivação são idênticas às descritas para os viveiros de barragem. Contudo, a fundação se restringe a retirada da terra vegetal, lama e areia solta, não necessitando de escavações até o material totalmente impermeável. Conforme dito antes, parte da terra de escavação do viveiro pode ser usada no erguimento dos diques, contribuindo para diminuir os custos daquele, pois, quando isto não ocorrer, há que se trazer terra de fora, aumentando os gastos de transporte. Se o material local não for muito bom (contiver muita areia, por exemplo), pode-se revestir os diques com piçarra, como referido no item anterior.

Pode acontecer que os diques separem viveiros contíguos. Neste caso a inclinação de seus taludes deve ser de 2:1 a 3:1, dependendo da qualidade do material usado e do seu grau de compactação. Os taludes externos podem ter inclinação de 1,5 a 2:1.

A largura do coroamento do dique varia de 1,00 a 5,00 m conforme se deseje ou não a passagem de veículos. As vezes, quando se projeta uma bateria de viveiros contíguos, a cada 3 a 5 deles, dependendo de suas larguras, deixa-se o coroamento com largura maior (4,00 a 5,00 m), para passagem de viaturas, ficando os demais com 1,00 a 2,00 m. Isto é necessário para transporte e adubos, alimentos e dos próprios peixes. Também sobre os diques poderão passar canais e/ou drenos.

8.1.2.2.3.8 Piso do viveiro

Deve ser bem regularizado, livre de depressões ou elevações, e todo com declividade entre 0,5 a 1,0%, para médios e grandes viveíros, e entre 1 a 2%, para os pquenos, em direção ao sistema de esvaziamento (cano de esgotamento), onde se reúnem os peixes durante a secagem daqueles. Por isto, é preciso que os viveiros sequem total e lentamente.

Nos locais onde foram arrancadas grandes árvores, o piso deve ser reconstruído com piçarra compactada.

8.1.2.2.3.9 Caixa de coleta

Viveiros de reprodutores e alevinagem podem ter caixa de coleta. Esta se constitui num rebaixamento de 0,30 a 0,40m do piso do viveiro, em sua parte anterior (mais profunda), de tal modo que dela parta o cano de esgotamento daquele, para cuja extremidade todo o piso da caixa deve a presentar declividade de 2%.

A caixa é construída em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa de cimento e areia. Sua largura é em torno de 2,00 m e seu comprimento pode alcançar ou não toda largura do viveiro.

O sistema de esgotamento (cano, cano/cotovelo, monge etc.), posiciona-se dentro ou no bordo da caixa de coleta. Nesta os peixes (alevinos ou reprodutores) são capturados na água limpa e sem turbidez.

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8.1.2.2.3.10 Sistema de abastecimento

Visa levar água da fonte (rio, riacho, açude, lago, nascente, canal, poço etc.) até o viveiro. Compõe-se de três partes:

Tomada de água da fonte para o canal- Varia segundo a fonte fornecedora de água. No caso de nascente ou riacho pode-se usar:

a. Cano de ferro, plástico (PVC) ou cimento-amianto, vedado com rolha, ligando o curso de água ao canal. As vezes aquele precisa ter seu nível elevado. Usa-se, para isto, pequenos anteparos feitos com estacas de madeira colocadas transversalmente ao riacho, amarradas com arame, cordas ou cabos de náilon, ou pequena barragem de concreto ou alvenaria de pedra. Lembra-se que o cano de ferro é caro e está sujeito a oxidação.

b. Comporta imersa - Consiste em duas paredes frontais de alvenaria de tijolo ou pedra, revestidas com argamassa de cimento/areia, providas de ranhuras onde se encaixa uma comporta de madeira que controla a saída da água. Por isto, é que as paredes são erguidas na margem do curso de água.

Quando a fonte de água é um rio ou poço, emprega-se, normalmente, o bombeamento, usando-se motorbomba ou eletrobomba, cuja vazão deve ser a requerida pelo(s) viveiro(s).

Na tomada de água de um canal utiliza-se, além dos dispositivos referidos para os riachos, comporta, constituída de prancha de metal e varão, ou registro. Este é bastante caro.

No caso de açude pode-se empregar:

a. Cano vedado com rolha ou dotado de registro para controle da saída da água. Pode ser de ferro (caro e sujeito a oxidação), cimento-amianto, plástico (PVC) rígido (que não suporta grandes pesos) ou manilhas de barro ou de concreto armado e atravessa a barragem do açude de montante à jusante.

b. Cano com galeria - Constitui-se no mesmo sistema descrito para esvaziamento do viveiro de barragem.

c. Sifão - Constituído por canos plásticos (PVC) rígido, cimento-amianto ou ferro em forma de três ramais, um horizontal que atravessa a barragem do açude, a uma profundidade máxima de 2,00 m do coroamento, e dois descendentes, um no talude de montante, até uma profundidade de 6,00 m na água, e um de jusante, que desemboca no canal. O sifão apresenta, ainda a válvula, na extremidade do cano de montante, a escorva, na parte superior do cano horizontal, e o registro, próximo a extremidade do cano de jusante.

A escorva é uma abertura, fechada com tampão, destinada a encher o sifão com água; a válvula é usada para mentê-lo cheio de água, quando não estiver operando, e o registro para controle de vazão da água.

O diâmetro dos canos depende da vazão desejada.

d. Bombeamento.

Canal de abastecimento - Visa conduzir a água da fonte até o(s) viveiro(s), chegando a mesma a uma altura tal que aquele(s) seque(m) por gravidade, seja qual for o nível da água no dreno natural (riacho, rio etc.).

O canal seguirá sempre uma curva de nível e caso seja necessária queda acentuada do mesmo, ela deve se processar em trecho revestido com alvenaria de tijolo ou pedra ou em concreto, devendo o mesmo constar no projeto dos viveiros.

A marcação do canal deve ser feita por topógrafo e auxiliares. No seu caminhamento são necessárias sondagens, a fim de se verificar a ocorrência de rochas.

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O canal pode ser:

a. De terra - É o mais barato, sendo, contudo, de pequena vida útil e de manutenção cara, pois está sujeito a constantes desmoronamentos, assoreamentos e rompimentos. Além do mais, podem causar turbidez na água que chega aos viveiros, em virtude da erosão dos taludes e piso do canal. Por isto, a declividade de seu piso deve ser de 0 a 0,5% o (0,5 cm em 10 m) e a velocidade máxima da ável de 0,15 m/s.

O canal de terra tem formato trapezoidal, a presentando piso, taludes internos e externos e passeio (parte superior). Após marcação no terreno, inicia-se sua construção cavando-se, manual ou mecanicamente, uma vala cuja largura é igual a do piso e cuja profundidade é a mesma do canal. Após isto, faz-se o taludamento, nos moldes descritos para a construção do viveiro. Os taludes internos têm inclinações variando de 2:1 a 3:1, conforme a qualidade do material local, ou se os taludes são revestidos. As vezes o canal precisa atravessar áreas baixas (depressões), o que tem de ser feito sobre aterro. Neste caso, é conveniente usar piçarra compactada, ficando os taludes externos com inclinação de 1,5:1. No local de saída do canal, dependendo do sistema de tomada de água, pode ter pequena caixa de alvenaria de tijolo, revestida com argamassa de cimento/areia, destinada a amortecer a velocidade da água. Suas dimensões podem ser de 1,00×1,00×0,80 m.

Para dimensionar o canal usa-se a fórmula de MANNING

Q = 1/n A.R2/3. i1/2

em que: Q = vazão em m3s; n=coeficiente de rugosidade (0,025 nos canais de terra); A = área molhada (largura) do piso × altura máxima da água) em m2; R = raio hidráulico (R = A/P, em que A = área molhada, em m2, e P = perímetro molhado, em m); e i = declividade do piso em m/m. O perímetro molhado é igual a 2 × altura máxima da água + largura do piso. Cohecendo-se Q (vazão desejada), n e i, estipula-se a largura do piso e a lâmina de água do canal, obtendo-se, assim, A e R.

b. De alvenaria - que pode ser de tijolo ou de pedra; em ambos os casos revestida com argamassa de cimento/areia. Normalmente, as paredes são simples (0,15 m de epsessura). Em virtude de ser revestido o canal de alvenaria tem piso com declividade de até 1%o (1 cm em 10 m) e água com velocidade de até 1 m/s. Ele pode ter forma trapezoidal (taludes com inclinações de 1:1), contudo, normalmente apresenta forma retangular (paredes verticais).

Na construção do canal de alvenaria escava-se uma vala no terreno, após sua marcação, cuja largura é igual a que se deseja para o canal mais duas vezes a espessura da alvenaria do piso. Isto quando as paredes são verticais. No caso em que elas são inclinadas, após a escavação da vala faz-se o taludamento e, em seguida, o revestimento com a alvenaria.

Para o cálculo deste canal, emprega-se também a fórmula de MANNING, sendo que n varia de 0,017 a 0,02, conforme as paredes apresentem menor ou maior rugosidade. Ele é mais caro do que o de terra, contudo, tem vida útil muito maior e exige menores gastos com manutenção.

c. De concreto armado - É o canal mais caro, porém o de maior duração e que apresenta menores gastos com manutenção. Sua forma é retangular (paredes verticais), piso com inclinação de até 1%o e velocidade da água máxima de 1 m/s.

O canal pode ser formado por peças de concreto pré-moldados ou ser concretado no local, após escavação de uma vala cuja largura é a do piso + 2 vezes a espessura do concreto, que varia de 0,05 a 0,10 m, e cuja profundidade é a do canal + espessura do concreto no piso. Neste último caso, após colocação das formas de madeira, contendo a armação de ferro, na vala enche-se a mesma com o concreto (cimento, brita e areia), traço 1:3:7, vibrando-o intensamente, para melhor distribuição do concreto em seu interior. Há necessidade de se colocar juntas de dilatação, em intervalos regulares. As mais usadas são as de borracha. Retiradas as formas de madeira, o canal está pronto.

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A fórmula de MANNING é também empregada para cálculo deste canal, sendo n = 0,013.

d. Tubulado ou fechado - Formado por tubulações de plástico (PVC) rígido, cimento-amianto ou por manilhas de barro ou de concreto. Sua declividade dificilmente ultrapassa a 1%o e eles são normalmente enterrados, ao contrário dos demais que correm sobre o terreno.

O cálculo do canal tubulado é feito usando-se a fórmula de Hafén-Willians, que é a seguinte:

em que: I = declividade do canal em m/m; Q = vazão em m3/s; D = diâmetro da tubulação em m e K = constante, variando com a rugosidade do material do tubo (no concreto K = 0,00129).

Qualquer que seja o canal ele pode apresentar:

a. queda de nível - quando se deseja passar de uma curva de nível superior para uma inferior. O trecho em queda deve ser revestido em alvenaria, para que não haja erosão.

b. caixas de decantação e de distribuição da água - São caixas de alvenaria de tijolo, com profundidades e dimensões variáveis destinadas a decantação de materiais sólidos que vêm na água do canal e/ou permitir a saída da água para os tanques e viveiros. Elas apresentam paredes simples e seus lajões ficam abaixo do piso do canal. Delas partem, portanto, as tubulações para abastecimento de tanques e viveiros. Na saída destas, podem ser colocadas telas para impedir passagens de peixes. Normalmente isto é feito numa pequena reentrância da caixa.

c. sifão invertido - Quando o canal atravessa estrada não pode caminhar na superfície do terreno e sim deve ser enterrado, usando-se, para isto, duas caixas de alvenaria de tijolo e tubulações, ou seja, o sifão invertido, que funciona como sistema de vasos comunicates.

d. filtro - Pequena construção em alvenaria simples de tijolo, revestida com argamassa de cimento/areia, dotada de dois ou três compartimentos, contendo seixos rolados ou brita números 1 ou 2, nos quais passa a água para abastecimento de tanques e viveiros, ficando retidos peixes alienígenos, nas diversas fases de desenvolvimento. As vezes o filtroé formado por um simples alargamento do canal, tipo caixa, contendo em seu interior compartimentos com 0,30 a 0,50 m de largura cheios com seixos rolados ou brita 1 ou 2.

Tomada de água do canal para o viveiro - Formada por tubulação de plástico (PVC) rígido, cimentoamianto ou manilha de barro. Esta última pouco usada. O tubo parte diretamente de uma reentrância do canal ou, mais comumente, de uma caixa de distribuição, devendo regularizar a entrada de água no viveiro e impedir a circulação dos peixes antre este e o canal. Por isto, sua extremidade livre deve ficar 0,30 m acima do nível máximo da água no viveiro.

O cano é colocado a nível, ficando perpendicular ao canal, sendo sua vazão regulada com rolha ou comporta de madeira (esta correndo em duas ranhuras) ou com registro (geralmente caro). As vezes na saída dele na caixa ou da reentrância do canal existe duas filas de ranhuras, uma para a comporta e outra para a grade de madeira telada, destinada a reter peixes alienígenos. Com este objetivo pode-se colocar, também, na extremidade livre do cano de abastecimento tela milimetrada de náilon ou arame ou, ainda, uma caixa de proteção (armação de madeira e fundo de tela milimetrada), que se encaixa no cano. Tanto a tela quanto a caixa devem ser limpas pelos menos umas duas vezes por dia. Nesta operação fecha-se a entrada da água no viveiro.

8.1.2.2.3.11 Sistema de esvaziamento ou drenagem e de renovação de água

Utiliza-se os mesmos descritos para o viveiro de barragem, com exceção da galeria. Os mais usados são cano/cotovelo e o monge. Este sistema fica no interior ou na borda da caixa de coleta, quando o viveiro a possui, e na extremidade de montante do cano de esgotamento, o qual se posiciona na parte mais profunda do viveiro. A extremidade de jusante desse cano termina no dreno, que pode ser natural (baixada, riacho, rio, lagoa, açude etc.) ou artificial (escavado no terreno ou tubulado). É bom que ela termine 1,00 m acima do nível máximo da água no dreno a fim

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de permitir o uso de uma caixa de despesca. Esta se constitui numa armação de madeira ou de alvenaria simples de tijolo, conforme seja móvel ou fixa, contendo tela de naílon ou arame no fundo e/ou nos lados, por onde sai a água, ficando os peixes em seu interior, de onde são facilmente retirados com puçà.

O dreno artificial pode ser aberto ou fechado (tubulado). No primeiro caso ele pode ser simplesmente escavado no terreno natural, com taludes 2:1 a 2,5:1, ou revestidos em alvenaria de tijolo ou pedra ou, ainda, com lajotas de concreto. Há necessidade de juntas de dilatação, quase sempre. A declividade do piso deve ter, no máximo, 1%. Nos de terra menor. A inclinação dos taludes do dreno revestido deve ser de 1:1. Todos apresentam, pois, forma trapezoidal.

O dreno fechado é formado por tubos de plástico PVC, cimento-amianto ou manilhas de barro ou de concreto armado. Seus diâmetros dependem da vazão da água a escoar e, por conseguinte, do volume de água do(s) viveiro(s). A declividade dos tubos ou manilhas deve ser, no máximo, 1%. Este dreno pode apresentar caixa de decantação ou de passagem e sifão invertido, nos moldes descritos para os canais.

8.1.3 Escolha das espécies para os cultivos

As espécies de peixes para os cultivos intensivos e semi-intensivos, devem apresentar as seguintes características:

a. Sejam adaptadas ao clima da região - para o Nordeste temos, como opção, tambaqui, Colossoma macropomum pirapitinga, C. brachypomum; carpa comum, Cyprinus carpio; macho da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus; híbrido de tilápias (Oreochromis hornorum × O. niloticus) e curimatã pacú, Prochilodus marcggrawii. Esta última para policultivos, somente. Dependendo de maiores estudos, poderemos contar com as carpas chinesas: capim, Ctenopharyngodon idella; prateada, Hypophthalmichtys molitrix; e cabeça grande, Aristichthys nobilis;

b. Apresentem crescimento rápido - É necessário que atinja peso comercial antes de 1 ano de cultivo. Isto acontece com todas as espécies citadas no item a;

c. Reproduzam-se naturalmente em cativeiro, de preferência, ou sejam passíveis de se obter a propagação artificial (hipofisação). - No primeiro caso, estão as tilápias e a carpa comum. As demais só se propagam em cativeiro através da hipofisação;

d. Aceitem alimentos artificiais com bom índice de conversão alimentar. Com exceção da curimatã pacu, as demais espécies citadas no item a atendem a esta necessidade;

e. Suportem elevadas densidades de estocagem. - Sob este aspecto as tilápias são imbatíveis, vindo em seguida tambaqui, pirapitinga e carpa comum. A curimatã pacu tem seu crescimento bastante afetado pela elevação na densidade de estocagem;

f. Sejam resistentes ao manuseio e as enfermidades. - Sob este aspecto, as tilápias são também imbatíveis, vindo em seguida tambaqui, pirapitinga, curimatã pacu e carpa comum; e

g. Sejam de boa aceitação comercial - Isto acontece com todas as espécies citadas no item a. Não temos informações ainda sobre o valor econômico das carpas chinesas no Nordeste brasileiro.

8.1.4 Mono e policultivo de peixes

A piscicultura no Nordeste brasileiro vem utilizando mono e, principalmente, policultivos. No primeiro caso são criados o híbrido de tilápias, o tambaqui, a pirapitinga a carpa comum (variedades escamosa e espelho) e machos da tilápia do Nilo.

Para as tilápias usam-se, além do alimento natural, subprodutos agrícolas e da agroindústria (xerém de milho e sorgo; cuim de arroz; tortas de algodão, babaçu, mamona, amendoim etc.; farelos de trigo, soja etc.) como alimentos artificiais e a consorciação com suínos, bovinos, galináceos e marrecos. Alguns piscicultores têm utilizado ração balanceada, tipo engorda para galináceos, com teores protéicos oscilando de 19 a 22%. As densidades de estocagem variam de 10 a 20 mil peixes/ha, com peso médio inicial entre 20 a 40 g. As taxas de sobrevivência variam de 90 a 100% e as produtividades são boas (tabela 1).

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As tilápias se constituem em excelentes peixes para cultivos nesta região, mercê de suas rusticidades, maturação sexual precoce (4 a 6 meses), desovarem em ambientes muito restritos (aquários, por exemplo), alimentarem-se nos primeiros elos da cadeia trófica (consomem macrófitas aquáticas, algas, zooplâncton etc.), aceitarem uma variada gama de alimentos artificiais (principalmente subprodutos agroindustriais) e terem ótima aceitação comercial. Algumas espécies têm crescimento rápido, como a do Nilo. No entanto, as tilápias apresentam problemas de superpopulação em viveiros, devido as suas precocidade, prolificidade e rusticidade. Daí ser necessário criar somente machos, que crescem cerca de duas vezes mais do que as fêmeas de mesma idade e criadas nas mesmas condições. Elas são de origem africana.

Tambaqui e pirapitinga são nativos da bacia amazônica com regime alimentar onívoro (consomem zooplâncton, frutos, sementes, insetos, moluscos, ramos tenros de macrófitas aquáticas etc.) e não se reproduzem em cativeiro, exigindo, para isto, a propagação artificial. A primeira maturação gonadal é atingida após três anos de idade. Apresentam crescimento rápido, podendo atingir 1,5 kg em um ano de criação e aceitam uma grande variedade de alimentos artificiais (grãos, tortas, farelos, rações balanceadas etc.), podendo serem alimentados com frutos (juá, melão, melancia, maxixe etc.).

TABELA 1

PRODUTIVIDADES OBTIDAS EM MONOCULTIVOS DE MACHOS DE TILÁPIA DO NILO, OREOCHROMIS NILOTICUS L., E DE HÍBRIDOS DE TILÁPIA (O. HORNORUM TREW. × O. NILOTICUS L.), NO NORDESTE BRASILEIRO.

ESPÉCIE PEIXE/HA ALIMENTO FORNECIDO ADUBO USADOPRODUTIVIDADE

(KG/HA/ANO)

Tilápia do Nilo

10.000 Ração de Galinha (3%) - 7.238

Tilápia do Nilo

7.000 Torta de Babaçu (5%) - 3.856

Tilápia do Nilo

10.000 Farelo de Arroz (3%) - 5.878

Híbrido 10.000 Torta de Mamona (3%) - 5.290

Híbrido 10.000 Torta de Babaçu (3%) - 4.002

Híbrido 10.000 Torta de Algodão (3%) - 3.771

Híbrido 21.000Torta de Algodão + Torta de Babaçu

(3%)*- 9.983

Híbrido 31.000 Idem, Idem (3%)** - 11.816

Híbrido 8.000Esterco de Galinha (1kg/4m2/mês)

2.760

Híbrido 10.000 Farelo de Arroz (3%) - 6.496

Híbrido 10.434 Farelo de Arroz (3%)Esterco de bovino (1Kg/2m2/mês)

7.964

Híbrido 11.428 - Esterco de bovino*** 11.166

Fonte: DNOCSOBS.:* e** 50% Torta de Algodão + 50% Torta de Babaçu*** Oriundo de um bezerreiro com 120 animais em estabulação permanente.

As percentagens colocadas entre parênteses referem-se as taxas diárias de alimentação, em relação ao peso vivo.

Nos monocultivos de tambaqui adotam-se densidades de estocagem que variam de 5 a 10 mil peixes/ha, partindo do peso médio inicial variando, geralmente, de 20 a 40 g. Como alimentos, usam-se grãos (milho e sorgo), farelos, tortas e rações balanceadas, tais como as comercialmente

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vendidas para galináceos. Contudo, como nos demais cultivos, é básico que os viveiros permaneçam bem férteis, mediante o uso de adubos orgânicos. Daí estas espécies virem sendo criadas em corsorciação com suínos e marrecos. A tabela 2 mostra alguns resultados de monocultivos do tambaqui e da pirapitinga em nossa região.

A carpa comum é de origem asiática, daí foi levada para as diversas regiões do mundo, de tal modo que hoje se constitui no único peixe domesticado e o mais cosmopolita dos cultivados. Vivem em temperaturas que variam de 0 a 40°C. É rústico; dos mais prolíficos; atinge a primeira maturação gonadal entre 1 a 2 anos (em nossas condições climáticas); se reproduzem em cativeiro, desde que o ambiente tenha vegetação submersa ou sobrenadante para fixação dos ovos; tem regime alimentar onívoro (consome plâncton, organismos bentônicos, folhas e ramos tenros de macrófitas aquáticas, sementes, insetos etc.) e aceitam variada gama de alimentos artificiais (os mesmos citados para o tambaqui e pirapitinga).

Nos monocultivos de carpa comum têm sido empregada a mesma metodologia descrita para o tambaqui e pirapitinga, sendo utilizada, ainda, a ração comercial CARPYL para alimentar este peixe. A tabela 2 dá alguns resultados dos monocultivos da carpa comum, salientando que são criadas apenas as variedades escamosas e espelho, oriundas da Hungria e de Israel.

TABELA 2PRODUTIVIDADES OBTIDAS EM NOMOCULTIVOS DE TAMBAQUI, COLOSSOMA

MACROPOMUM CUVIER, DA PIRAPITINGA, COLOSSOMA BRACHYPOMUM CUVIER, E DA CARPA ESPELHO, CYPRINUS CARPIO L. VR. SPECULARIS, NO NORDESTE BRASILEIRO.

ESPÉCIE PEIXES/HA ALIMENTO FORNECIDOPRODUTIVIDADE

KG/HA/ANO

Tambaqui 5.000 Milho (3%) 4.470

Tambaqui 5.000 Torta de Babaçu (3%) 4.276

Tambaqui 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 6.636

Tambaqui 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 9.240

Pirapitinga 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.200

Pirapitinga 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 8.260

Carpa espelho 5.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.407

Carpa espelho 7.500 Ração p/Galináceos (3%) 4.910

Carpa espelho 10.000 Ração p/Galináceos (3%) 4.440

Carpa espelho 5.000 Raçao Carpyl (3%) 4.891

Fonte: DNOCS

OBS: As percentagens referem-se as taxas diárias de arraçoamento, em relação ao peso vivo.

O policultivo é uma das técnicas mais antiga e salutar da piscicultura, pois na água se desenvolvem variados ti-pos de alimentos naturais (fito e zooplâncton, bentos, insetos, ologoquetas, moluscos, algas filamentosas, macrófitas etc.) e, se se praticar o monocultivo, apenas um ou dois desses alimentos serão aproveitados, dependendo do regime alimentar do peixe criado. No entanto, se se cria duas ou mais espécies, com exigências tróficas diversas, quase todo o alimento natural será consumido e a produção piscícola sensivelmente elevada.

Em nossa região têm sido usadas nos policultivos, além das espécies indicadas para monocultivos, as carpas capim, prateada e cabeça grande e a curimatã pacu.

As associações de espécies mais adotadas são as seguintes, com suas respectivas densidades de estocagem:

Tambaqui (2.500 a 5.000/ha) + híbrido de tilápias ou machos da tilápia do Nilo (5.000/ha) + carpa espelho (2.500/ha);

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Pirapitinga (2.500/ha) + híbrido de tilápias ou machos da tilápia do Nilo (5.000/ha) + carpa espelho (2.500/ha);

Híbrido de tilápias ou machos da tilápia do Nilo (10.000/ha) + carpa espelho (2.500/ha); Híbrido de tilápias ou machos da tilápia do Nilo (5.000/ha) + tambaqui ou pirapitinga

(5.000/ha); Tambaqui ou pirapitinga (5.000/ha) + carpa espelho (2.500 a 5.000/ha); Carpa comum (2.000 a 2.500/ha) + tambaqui (2.000 a 2.500/ha) + carpa prateada (2.000 a

2.500/ha) + carpa cabeça grande ou carpa capim (500/ha) + curimatá pacu (200/ha). Carpa prateada (4.000 a 5.000/ha) + carpa cabeça grande (500/ha) + carpa comum

(1.000/ha) + tambaqui (1.000/ha) + carpa capim (500/ha); e Carpa capim (2.000/ha) + carpa prateada (3.000 a 4.000/ha) + carpa cabeça grande

(1.000/ha) + tambaqui (2.000/ha).

Lembramos que a carpa prateada é fitoplânctófaga, a cabeça grande consome zooplâncton e a capim é vegetariana. Todas necessitam da propagação artificial, não se reproduzem em cativeiro, e apresentam crescimento rápido.

Nos policultivos se tem utilizado consorciações com suínos e marrecos, fertilizações dos viveiros com esterco de bovinos e galináceos (1 kg/4m2/mês) e arraçoamento dos peixes com vegetais, subprodutos agroindustriais, grãos (milho e sorgo) e rações balanceadas (principalmente o tipo engorda para frangos do corte). Os peixes são estocados com 20 a 40 g de peso médio, na maioria dos casos, e suas produtividades são vistas na tabela 3.

8.1.5 Fornecimentos de alimentos artificiais

Conforme referido no item 1.4, diversos subprodutos agroindustriais, grãos e rações balanceadas são fornecidos aos peixes em cultivo semi-intensivos e intensivos. Eles são ofertados na base de 3 a 5% da biomassa daqueles no viveiro. Alevinos e peixes muito jovens, em crescimento ativo, recebem 4 a 5% e os maiores em engorda 3%. As vezes inicia-se com uma taxa maior de arraçoamento, sendo a mesma diminuida a medida em que os peixes crescem.

TABELA 3RESULTADOS DE CULTIVOS CONSORCIADOS PEIXES/SUÍNOS REALIZADOS NO

NORDESTE BRASILEIRO

ESPÉCIE(S)DENSIDADE DE

ESTOCAGEM (PEIXES/HA)

SUÍNOS/HA*TEMPO DE CULTIVO

(DIAS)

PESO MÉDIO FINAL (G)

DOS PEIXES

PRODUTIVIDADE (KG/HA/ANO)

Híbrido de Tilápia* * 10.000 60 193 304 5.577

Tilápia do Nilo 8.000 70 189 205 2.878

Híbrido de Tilápias 10.000 120 118 447 13.827

Tambaqui + 2.500 360

Híbrido de Tilápias 5.000 90 89 360 14.530

Carpa Espelho 2.500 337Fonte: DNOCSOBS:* Suínos/ha viveiro de pisciultura* * Oreochromis Hornorum Trew. x O. Niloticus L

Para se calcular a taxa de alimentação para um dado mês, retira-se, com rede de arrasto, alguns peixes e deles se obtém o peso médio, o qual multiplicado pelo número de indivíduos no viveiro fornece a biomassa. Desta se tira a quantidade diária do alimento, de acordo com a taxa adotada.

A ração diária deve ser dividida em duas ou mais refeições, podendo o alimento ser lançado diretamente na água do viveiro ou colocada em comedouros, preferentemente pela manhã bem cedo e a tardinha. Caso a água do viveiro se apresente muito verde e com baixo teor de oxigênio dissolvido, o que pode ser verificado na prática pela vinda à superfície e pela não captação do alimento pelos mesmos, deve-se suspender a alimentação e proceder uma renovação da água do

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viveiro. O mesmo procedimento deve ser adotado quando houver excesso de matéria orgânica naquele em consequência das adubações.

8.1.6 Despesca dos tanques e viveiros

Pode ser feita parcelada ou totalmente. No primeiro caso, realizam-se várias pescarias, utilizando-se redes de arrasto (as mais usadas) ou de espera, tarrafas ou anzóis e quando restarem poucos peixes no viveiro este é esvaziado e todos os indivíduos capturados. Na despesca total o viveiro é esvaziado e todos os peixes capturados para a comercialização.

No esvaziamento do viveiro deve-se ter cuidado com o sistema de drenagem para que por ele os peixes não escapem.

No uso da rede de arrasto o número de operários para arrastá-la no viveiro depende da largura deste, daí não ser recomendável que eles sejam muito largos.

Como os peixes são destinados a imediata comercialização não tem problema que eles sejam capturados na lama. No entanto, logo que isto aconteça eles devem ser lavados em água limpa e colocados no recipiente de transporte.

8.1.7 Conservação das instalações piscícolas

Há necessidade de se manter as diversas partes dos tanques e viveiros em boas condições de operacionalização, para isto deve-se ter cuidado com os taludes, o piso e com os sistemas de abastecimento e de drenagem.

Sempre que o viveiro for esvaziado, deve-se examinar os taludes dos diques e caso eles apresentem desmoronamentos serão reconstituídos com piçarra compactada. Quanto ao piso do viveiro, convém evitar que animais de grande porte nele penetre ou que o homem nele muito ande. Em ambos os casos ficarão buracos que terão de ser posteriormente recuperados. Conforme afirmou-se antes, o piso do viveiro deve ser livre de depressões ou morros para que ele seque completamente e os peixes sejam capturados na parte mais baixa do viveiro. Caso hajam depressões e elevações no piso, há necessidade de que o mesmo seja retificado com auxílio de enxadas e picaretas.

Conforme referido antes, quando o viveiro é muito raso pode haver invasão de gramíneas, ciperáceas e de outros vegetais ciliares em seu piso. Caso isto aconteça as plantas devem ser removidas logo que o viveiro seja esvaziado. Nesta oportunidade, inspeciona-se os sistemas de abastecimento e drenagem, principalmente se não há furos nas telas, devendo as mesmas serem trocadas se isto acontecer.

No que diz respeito aos tanques, é preciso verificar, quando de seus esvaziamentos, a existência de possíveis rachaduras na alvenaria, as quais devem ser imediatamente obstruídas, bem como as condições dos sistemas de abastecimento e de esvaziamento.

8.2 Consorciação de Peixes Com Outros Animais Domésticos

8.2.1 Considerações gerais

Vários têm sido os métodos de se aumentar a produtividade primária de um ambiente aquático, possibilitando meios de alimentação para os peixes em cultivo. O uso de excrementos de animais vem sendo adotado em todo o mundo, notadamente os de bovinos, suínos, galináceos e marrecos. As vantagens desta fertilização são, além do fornecimento de minerais para a produtividade primária, promover a colmatagem do piso e taludes do viveiro, originar o grande número de bactérias que servem de alimento diretamente para o zooplâncton, diminuir o pH da água quando ela é muito alcalina, facilitar a absorção do fósforo pelos seres autotróficos e fornecer CO2 para a fotossíntese. Além disto, os estercos de suínos e de galináceos são consumidos diretamente por alguns peixes tais como as tilápias.

8.2.2 Bovinopiscicultura

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Algumas criações de peixes, notadamente tilápias, têm sido realizadas em nossa região em consórcio com a bovinocultura. Para isto os estábulos são construídos em planos superiores aos viveiros, sendo os dejetos dos bovinos carreados para o interior daqueles, numa proporção nunca superior a 5t/ha/mês, distribuídos em parcelas diárias. A tabela 4 mostra os resultados de dois destes cultivos.

8.2.3 Suinopiscicultura

Uma das consorciações mais adotadas em nossa região é a de peixes com suínos, mediante a construção de pocilgas sobre o viveiro (sistema de palatifas) ou em suas margens. Neste caso, os dejetos dos porcos são lavados diariamente para o interior do viveiro, juntamente com restos de comida caída dos cochos. No sistema de palafitas estes produtos caem diretamente na água do viveiro.

Na suinopiscicultura tem sido criados 60 a 120 porcos por hectare de viveiro de piscicultura, tendo os animais peso médio em torno de 20 kg e recém desmamados. O manejo que lhes são dados é o usual adotado na suinocultura da região, no que se refere a castração, uso de vacinas e vermífugos e alimentação.

As densidades de estocagem dos peixes variam de 8 a 12,5 mil indivíduos/ha, com peso médio de 20 a 40g, sendo os mesmos utilizados em mono e policultivos. As espécies mais criadas são as tilápias, tambaqui e carpa comum. A tabela 3 mostra algumas produtividades obtidas na suinopiscicultura da região, salientando-se que a duração dos cultivos varia de 4 a 6 meses.

TABELA 4RESULTADOS DA CRIAÇÃO DE HÍBRIDO DE TILÁPIAS (OREOCHROMIS HORNORUM TREW x O. NILOTICUS L.) NA FAZENDA COLUMINJUBA (MPARANGUAPE, CEARÁ) E NO PERÍMETRO

IRRIGADO DE MORADA NOVA (MORADA NOVA, CEARÁ).

ESPECIFICAÇÃO UMIDADE FAZENDA COLUMINJUBA *PERÍMETRO IRRIGADO MORADA NOVA**

Área do viveiro m2 5.500 2.300

Densidade de Estocagem Peixe/ha 11.428 10.434

Peso médio de estocagem Grama 48 15

Período de criação Dias 130 180

Peso médio final Grama 400 383

Ganho de peso Grama/Dia 2,6 2,0

índice de conversão alimentar - - 3:1

Produtividade kg/ha/ano 11.166 7.964

Sobrevivência % 87 99,5Fonte: DNOCSOBS.:* Os peixes não receberam ração. Contudo, foi colocado no viveiro esterco oriundo da lavagem de um curral com 120 bezerros na idade de 1 a 6 meses.Os peixes receberam farelo de arroz, com 14% de proteína bruta, fornecido na base de 3% do peso vivo, diariamente. O viveiro foi fertilizado com 154 kg de esterco de bovinos, semanalmente.

8.2.4 Consorciação com galináceos e marrecos

A consorciação peixes com galináceos (frangos de corte e galinhas poedeiras) é uma das melhores, dada a excelente qualidade de seus estercos, principalmente para tilápias, pois lhes servem como alimento direto. As gaiolas das poedeiras ou os galinheiros podem ficar posicionados sobre os viveiros, para cujas águas cai diretamente o esterco. As condições ambientais ficam mais amenas para os galináceos, em virtude de água logo abaixo. Normalmente são criadas 200 a 250 galinhas ou frangos por hectare de viveiro de piscicultura.

Realiza-se, também, a consorciação galináceos, suínos e peixes. Segundo WOYNAROVICH (1985) “A pocilga é construía sobre o viveiro e cerca de 1,6 m de altura acima desta, são colocadòs os galinheiros. Desta forma, todos os desperdícios da produção de ovos e porcos são utilizados pelos peixes”.

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A consorciação peixe e pato vem sendo bastante adotada nesta região, pelas vantagens que apresenta, pois a ave retira do viveiro importantes e valiosos alimentos (vermes, moluscos, insetos, sementes, ervas aquáticas etc.) e fornece o esterco para uma continuada fertilização do viveiro, mantendo-o com boa produtividade de alimentos naturais para os peixes. Lembra-se que cada marreco origina, em média, 2 kg de esterco por mês, o suficiente para produzir 0,4 kg de peixe (BÓDIS E ROSA, 1987).

Em criações isoladas os marrecos necessitam de rações com 18 a 20% de proteínas, mas quando criados em viveiros de piscicultura esta exigência cai para 14 a 15%, pois o restante eles retiram da água. Além do mais seus músculos adquirem, com a natação, mais consistência, menos gordura e melhor sabor (BÓDIS E ROSA, op. cit.). Salienta-se que o movimento das aves no viveiro provocam ondulações na água do mesmo e, consequentemente, melhor oxigenação.

A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), está disseminando nesta Região uma linhagem húngara do marreco de Pequim, o qual alcança 2,4 a 2,6 kg em 50 a 55 dias de criação consorciada com peixes. Estes atingem 0,8 a 1,0 kg em 10 a 12 meses de cultivo. Segundo BÓDIS E ROSA (op. cit.), as produtividades são de 6,8 t/ha/ano de marreco abatido e 5,1 t/ha/ano de peixes, o que perfaz um total de 11,9 t de carne/ha/ano.

Na técnica de cultivo os marrecos são levados para os viveiros com 14 a 15 dias de vida, quando são bastante resistentes. Eles podem ser mantidos em plataformas construídas sobre as águas daqueles, sistemas de palafitas, nas quais são colocados comedouros e ninhos de postura, devendo as mesmas possuirem rampas de madeira ou de tela, a fim de que as aves transitem delas para a água do viveiro e vice-versa. As plataformas podem ser cobertas com telhas comum ou folhas de palmeiras.

Outro sistema de cultivo é o de se construir galpões nas margens do viveiro, onde ficarão comeduros e ninhos. Para 10.000 m2 de viveiros são necessários 200 m2 de área coberta, considerando-se a criação de 500 marrecos. Em idêntica situação de cultivo necessitar-se-á de 150 m2 de plataformas.

Há necessidade de se construir, em volta do viveiro, um cercado de tela de arame ou náilon, com cerca de 0,40 a 0,50m de altura, para que os patos não passem de um viveiro para outro. É bom que o cercado seja móvel, a fim de que possa ser utilizado em diversos viveiros.

Na consorciação utiliza-se 400 a 500 marrecos por hectare de viveiro de piscicultura, sendo os mesmos alimentados com ração para engorda de frangos, com índice de conversão alimentar médio de 3,13:1. São necessários 2 cm de comedouro para cada pato. Este pode ter sua ração preparada pelo próprio piscicultor, sendo necessário que a mesma contenha 14 a 15% de proteína e ser ministrada em mistura com gramíneas ou outras plantas de alto valor nutritivo, cortadas em pedaços.

8.3 Rizipiscicultura

8.3.1 Definição e características gerais

A rizipiscicultura consiste na criação consorciada ou alternada de peixe e arroz, se constituindo numa das formas mais racional de utilizar um meio aquático já existente, aproveitando-o para outros fins. É viável somente em cultivo de arroz irrigado.

Em virtude da pequena lâmina de água nos arrozais e da fertilidade da vasa onde está plantado o arroz, notadamente quando se usam planos de adubação, há, normalmente, formação de abundante massa de fito e zooplâncton, que não é aproveitada por essa cultura podendo, no entanto, ser utilizada pelos peixes. Estes, entretanto, terão que se ajustar às condições adversas da água dos arrozais, no que se refere à pequena lâmina, temperaturas elevadas e, em algumas ocasiões, baixas taxas de oxigênio dissolvido. Também pode acontecer casos de elevada turbidez da água.

8.3.2 Preparação das parcelas para a rizipiscicultura

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Na rizipiscicultura há necessidade da adaptação dos locais de plantio do arroz para a criação de peixe, principalmente no que diz respeito aos sistemas de abastecimento e de esvaziamento de água, consubstanciadas na elevação dos diques das parcelas, uso de telas e construção de refúgios. O cultivo de variedades de portes médios e altos e de ciclos médios e longos torna-se necessário.

Denomina-se de viveiro-maracha as parcelas ou marinhas onde se pratica a rizicultura adaptadas para rizipiscicultura, compreendendo: (a) levantamento dos diques a uma altura de até 0,50 m, a fim de possibilitar uma lâmina de água máxima de 0,40 m; (b) dar maior solidez aos diques para que não ocorram maiores infiltrações de água nem desmoronamentos; (c) construção de refúgios para os peixes, que consiste numa área mais profunda da maracha, em torno de 0,80 m, e abrangendo cerca de 10% de sua superffcie, para onde poderão se dirigir os peixes nas horas mais quentes do dia, quando a lâmina de água estiver pequena, ou mesmo quando do esgotamento da água para a colheita do arroz; e (d) colocação de comportas e telas para evitar a passagem de peixes de um viveiro-maracha para outros ou deles para o exterior do sistema. Na extremidade do cano de abastecimento coloca-se tela e na saída água do viveiro-maracha pode-se construir um pequeno monge ou posicionar-se uma grade telada em ranhuras.

O refúgio pode ser construído na extremidade anterior, mais profunda, do viveiro-maracha, em volta do mesmo ou em seu ponto central. O primeiro posicionamento parece ser o ideal. Neste caso o monge fica em seu interior.

8.3.3 Espécies de peixes indicadas para a rizipiscicultura

Em nossa região foram criadas a carpa comum, o híbrido de tilápias e machos da tilápia do Nilo, todas com bom sucesso;as curimatãs pacu e comum, Prochilodus cearaensis, com resultados apenas regulares. Não se dispõe de dados dobre o tambaqui e a pirapitinga. Rizipiscicultores do Baixo São Francisco têm criado, ainda, o mandi amarelo, Pimelodus clarias, e o piau verdadeiro, Leporinus elongatus.

Excelentes resultados foram obtidos no DNOCS com o policultivo da carpa comum e o híbrido de tilápias. Nele pode ser incluída ainda a curimatã pacu.

8.3.4 Técnicas de plantio do arroz, estocagem dos peixes e manejo dos cultivos.

O arroz pode ser plantado diretamente no viveiro-maracha ou ser encanteirado para posterior transplante. No primeiro caso obedece-se os espaçamentos entre fileiras e entre covas recomendados para a variedade cultivada. O solo deverá, no momento do plantio, se encontrar devidamente preparado (aradado, se necessário, gradeado e planeado), a fim de se constituir numa boa cama para as sementes, estas devem ser selecionadas. A adubação pode ser feita no momento do plantio ou antes do mesmo. Na maioria dos casos, além do adubo fosfatado e potássico, aplica-se metade do nitrogenado, sendo o restante deste aplicado 30 a 40 dias após a semeadura. Estas adubações facilitarão proliferação de organismos aquáticos que servirão de alimentos para os peixes. Após o plantio o solo é umedecido e assim deve ser mantido até que o arroz germine. A medida que a plantinha cresce colocase água no viveiro-maracha, de forma que decorridos 20 dias do nascimento do arroz a lâmina já está em torno de 0,10 m, podendo-se soltar os peixes no refúgio da parcela.

Quando o arroz é plantado em sementeira com 15 dias as mudinhas podem ser transplantadas para o viveiromaracha, devidamente preparado (aradado, gradeado, planeado, adubado e bem úmido), obedecendo-se os espaçamentos requeridos pela variedade. Decorridos 15 dias do transplante as plantinhas estão pegadas e firmes no solo, elevando-se, então, a lâmina de água da parcela e soltando-se os peixes no refúgio. Antes da estocagem devem ser observadas as condições das telas nos sistemas de abastecimento e de esvaziamento.

A densidade de estocagem mais utilizada é de 2.500 peixes/ha (carpa comum, híbrido de tilápias ou machos da tilápia do Nilo). Quando em policultivo emprega-se 1.250 carpas comum e 1.250 híbridos ou machos da tilápia/ha. Recomenda-se, também, 1.000 carpas, 1.000 híbridos ou machos da tilápia do Nilo e 500 curimatãs pacu/ha. O peso médio inicial dos peixes deve variar de 20 a 50g.

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Caso seja necessário o esvaziamento da parcela para a segunda adubação nitrogenada ou tratamento com defensivos agrícolas (combate das pragas do arroz), aquele deve ser feito lentamente, para que os peixes se dirijam ao refúgio. Quando isto acontece, faz-se o tratamento desejado. Se for realizada aplicação de pesticidas deve ser feito com muito cuidado e somente sobre a plataforma do arroz, não atingindo os refúgios onde se encontram os peixes. Decorridos 48 horas, caso tenha sido aplicado adubo, ou 72 horas, se tiver sido o pesticida, eleva-se, lentamente, à água da parcela, até atingir o nível desejado para o tamanho do arroz.

8.3.5 Colheita do arroz e dos peixes

A colheita do arroz é feita três meses e meio a cinco meses e meio após o plantio, dependendo da variedade cultivada. Neste momento pode acontecer duas coisas com os peixes: encontram-se ou não em tamanho comercial. No primeiro caso, esvazia-se, lentamente, o viveiro-maracha para que eles se dirijam ao refúgio, onde são capturados com rede de arrasto ou mediante esvaziamento do refúgio. Só, então, colhe-se o arroz, cortando-o 0, 10 a 0, 15 m acima do solo. No caso dos peixes não se encontrarem em tamanho e peso comerciais, esvazia-se a parcela, como dito acima, permanecendo os peixes no refúgio até que o arroz seja colhido. Logo que isto aconteça, eleva-se a água da parcela ficando aí os animais até que atinjam peso do mercado. Neste caso é possível o aproveitamento da soca do arroz (segunda colheita), quando dá-se então a despesca.

8.3.6 Cultivo alternado peixe a arroz

É uma técnica de cultivo muito adotada e consiste na utilização das parcelas do arroz irrigado, logo após a colheita deste, para a criação de peixes. Neste caso obtém-se alternadamente, culturas de arroz e peixe. Logo após a colheita da gramínea o solo é gradeado, para incorporação dos restolhos da cultura, e inundado para a piscicultura. Neste caso a parcela não necessita do refúgio tão somente o fortalecimento de seus diques e as adaptações dos sistemas de abastecimento e de esvaziamento.

No cultivo alternado o resto dos adubos aplicados na lavoura, juntamente com a matéria orgânica deixada pelo arroz, servirão de fertilizante para a água, aumentando a produção de peixe. Este, por sua vez, deixará seus excrementos no solo, que fica adubado para a próxima cultura da gramínea.

8.3.7 Vantagens e desvantagens da rizipliscicultura

As principais vantagens são as seguintes:

a. Obtenção de um alimento básico (arroz) e de um alimento de um alto valor proteíco (peixe) numa mesma área, sem muito acréscimo nas despesas;

b. Os peìxes aproveitam os alimentos naturais que se desenvolvem na água do arroz e que não seriam utilizados por este;

c. Os peixes se alimentando de insetos, molusco etc. contribuem para diminuir ou eliminar as pragas do arroz, bem como quebrar o ciclo biológico de alguns parasitas do homem que vivem na água do arroz, co mo o agente etiológico da esquistossomose, que tem nos moluscos seu hospedeiro intermediário;

d. Os excrementos dos peixes adubam o solo onde cresce o arroz;e. Algumas espécies de peixe usadas na rizipiscicultura consomem pequenas plantinhas

invasoras do arrozal, não provocando, contudo, nenhum dano a este, quando bem pegado (crescido);

f. Alguns peixes, como a carpa comum, têm hábito de fuçar o solo, melhorando suas condições para o crescimento do arroz;

g. No talo do arroz desenvolve-se o perifiton, que serve de alímento aos peixes.

As desvantagens são as seguintes:

a. Necessita-se criar peixes rústicos, em virtude das condições do cultivo (pequena lâmina de água, temperaturas altas turbidez e baixos teores de oxigênio dissolvido na água etc.;

b. Necessidade de se criar peixes de crescimento rápido;c. Necessidade de se cultivar variedades de arroz de portes médio ou alto e de ciclos médio

ou longo;

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d. Necessidade de se adaptar as parcelas para a rizipiscicultura, o que provoca diminuição na área plantada com o arroz, em virtude dos refúgios; e

e. Perigo do rompimento dos diques das parcelas, se não forem bem construídos, o que põe em risco a vida dos peixes.

8.3.8 Produção e produtividade da rizipiscicultura

Em virtude das vantagens acima referidas, a produção do arroz consorciado com peixes tem alcançado 6,8 t/ha, para a variedade SUVALE l, sem se usar nenhum fertilizante, a não ser o originado pelos excrementos dos peixes. Nesta produção está incluída a primeira colheita (6,1 t/ha) e a soca (0,7 t/ha). Em quatro cultivos realizados no DNOCS, com aquela variedade, a média de produção, incluindo a soca, foi de 6 t/ha. A gramínea foi plantada em sementeira e transplantada para o viveiro-maracha.

Quanto ao peixe (policultivo da carpa espelho com o híbrido de tilápias) as produtividades variaram de 640 a 966 kg/6 meses, equivalentes a 1.280 e 1.932 kg/ha/ano. Nos 6 meses de cultivo as carpas alcançaram peso médio de 790,7 g e os híbridos 412,0 g.

8.4 Referências Bibliográficas

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PARTE10:NOÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DE REGISTRO E DE ANÁLISE ECONÔMICOS PARA A AQÜICULTURA.

N. Merola*

A aqüicultura continua sendo um setor em rápida expansão, orientado para um crescente número de mercados. Ao se estabilizar a oferta de proteínas de pescado, devido ter sido atingida a produção máxima sustentável pela pesca extrativa na maioria dos países, esta forma de cultivo adquire sempre maior importância como único método disponível para satisfazer a crescente demanda de produtos aquáticos.

A produção mundial da aqüicultura, no ano de 1987, foi de 10,2 milhões de toneladas, enquanto a produção estimada para o ano 2.000 é de 22,2 milhões de toneladas. O setor está crescendo a uma taxa anual de 5,5% e a produção relativa de pescado deveria aumentar sua participação na cota total. Estes dados são também representativos para o Nordeste brasileiro, dado que estimativas realizadas pelo BNB indicam um déficit de produção superior a 300.000 toneladas, com projeção para o ano 2.000 de 900.000 toneladas. Considerando a difusão e relevância que a proteína de pescado assume na dieta da família nordestina e o aspecto do déficit previsto, se pode entender o significado econômico e social que a produção obtida, através de qualquer forma de piscicultura, representa para o povo nordestino.

Neste trabalho consideramos e apresentamos uma série de estudos metodológicos ligados às avaliações e análises econômicas de uma atividade piscícola, tratando de prover com instrumentos adequados para o extensionista completar e melhorar a qualidade e a eficiência de sua intervenção no processo produtivo.

10.1 Manutenção de Registros

Uma grande quantidade de informação é exigida para o planejamento da atividade produtiva de uma granja ou de uma piscicultura, assim como para efetuar análises da produção de diferentes produtos. A maioria das informações necessárias não é disponível nos registros financeiro,

Page 50: Aqui Cultura

portanto, se pretende obter dados adicionais físicos e de custo, para realização do trabalho, quer a nível de planejamento e/ou de avaliação.

Sempre existindo o problema de inclusão de detalhes no processo de manutenção de registros, a quantidade e profundidade dos dados necessários deverá ser avaliada comparando os custos adicionais ligados ao tempo (trabalho) necessário. Entretanto, é sumamente importante manter pelo menos os registros básicos, particularmente em uma atividade como a de piscicultura, que não é consolidada e se ressente da falta de parâmetros técnicos e econômicos aplicados aos diferentes casos considerados. É fundamental possuir esta gama de informações se se deseja aplicar princípios econômicos necessários para a boa condução de uma atividade agropecuária e/ou para avaliar e considerar que melhorias se deve introduzir e que mudanças efetuar no projeto.

* Especialista em aqüicultura do Projeto FAO-GCP/RLA/075/ITAC.p.07.1058, Brasília, DF, Brasil

10.1.1 Registros de Dados Biológicos

O acompanhamento da produção pode e deve se efetuar através de fichas que reunam a informação biológica necessária para avaliar os aspectos técnicos da produção. Na Tabela 1 mostra-se uma forma de registro utilizável para recolher diariamente os dados relativos a alimentação e fertilização, seja orgânica ou inorgânica. Ao final de cada mês somam-se os totais e se registra na tabela o resumo anual de cada tanque ou viveiro de piscicultura.

Na Tabela 2 apresenta-se outro tipo de registro diário que permite manter um controle dos principais parâmetros associados à produção, como a temperatura, a biomasa, a mortalidade e a alimentação, além de se dispor de um espaço para observações que pode ser utilizado para outros tipos de dados. Como na ficha anterior, os dados devem ser somados no final do mês e registrados na ficha anual.

Uma ficha/quadro anual é apresentada na Tabela 3. Esta ficha contém toda a informação relativa ac ambiente de cultivo, passando desde a estocagem até a colheita, via amostragens e outras etapas da produção. Os dados podem ser registrados por espécie ou reunindo tudo concernente ao viveiro, inclusive os dados processados e dos indicadores biológicos (produção, produtividade, conversão, etc.) mais comumente utilizados para avaliar a eficiência do cultivo.

10.1.2 Registro de Dados Econômicos

Como foi visto no item anterior, existem registros para uso diário e outros para uso anual (ou sazonal). Os diários devem ser mantidos para os insumos (entradas) e para os produtos (saídas).

10.1.2.1 Registro de insumos e produtos (diários)

Existem dois tipos de insumos: os fixos e os variáveis. Os fixos não mudam com a variação da produção, enquanto os variáveis estão diretamente ligados ao nível de intensidade aplicado e a produção resultante.

Cada custo deve ser descrito com todos os detalhes possíveis, especificando origem, uso, tipo e quantidade. Na Tabela 4 apresenta-se um modelo para custos fixos e na Tabela 5 um para entradas variáveis. O item se refere ao insumo (p.ex.: alimento, alevinos, etc.) e o tipo à descrição do mesmo (torta de arroz, milho, “pellet”, etc).

Todas as atividades de piscicultura requerem mão-de-obra, que também deve ser registrada a fim de se avaliar seu custo e sua eficiência. Na Tabela 6 mostra-se um modelo em que se define o tipo de atividade na qual se emprega a mão-de-obra (p.ex.: fertilização, alimentação, etc.), a qualidade (adulto, jovem, homem, mulher, etc.), a quantidade expressa em homem/dia ou homem/hora e o custo unitário (por dia ou por hora) e total.

Os menores custos de comercialização podem ter importância sobre o custo total e talvez se queira comparar diferentes opções de venda. Neste caso é bom manter um registro separado destes custos e detalhar tudo que se refere a este rótulo. A Tabela 7 mostra um modelo que permite diferenciar custos e receitas de acordo com a atividade (vendas na granja, etc.)

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O registro de produtos (saídas) se apresenta na Tabela 8, que prevê a anotação de tudo que foi produzido no viveiro, seja para consumo interno como para venda. No primeiro caso estima-se qual seria o valor perdido por não tê-lo wendido no mercado (custo/receita de oportunidade), assim como a produção que foi utilizada em troca, total ou parcial, de pagamentos (salários).

10.1.2.2 Registro de inventário, produção e uso de máquinas (anuais ou sazonais)

Os dados coletados diariamente são resumidos em tabelas anuais, as quais são utilizadas depois para calcular a rentabilidade e a eficiência do seu uso. A Tabela 9 mostra um modelo para um viveiro ou um produto, donde se calcula, ao final, uma série de informações necessárias para a análise econômica desejada e indicadores para estimativas, projeções e planejamento em geral.

Tabela 1REGISTRO DE CONTROLE DE ALIMENTAÇÃO, ADUBO ORGÂNICO E ADUBO INORGÂNICO

Mês Mês

Dias AlimentaçãoAdubo

Orgânico

Adubo InorgânicoDias Alimentação

AduboOrgânico

Adubo Inorgânico

Uréia Fosfato Uréia Fosfato

1 1

2 2

3 3

4 4

5 5

6 6

7 7

8 8

9 9

10 10

11 11

12 12

13 13

14 14

15 15

16 16

17 17

18 18

19 19

20 20

21 21

22 22

23 23

24 24

25 25

26 26

27 27

28 28

29 29

30 30

31 31

Total Total

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Alimento: Kg

Adubo Orgânico: Kg

Adubo Inorgânico: Kg

Uréia: Kg

Fosfato: Kg

RESPONSÁVEL

OBSERVAÇÕES:

Tabela 2

REGISTRO DE CONTROLE DE ALIMENTAÇÃO E BIOMASSA

Tanque: Período

(Gaiola)Mês

Dias Temp.(°C) No de PeixesPeso Unit.

(Kg)Peso Total

(Kg)

AlimentaçãoObservações

Tipo (1) % (2) Kg/dia

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

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26

27

28

29

30

31TOTAL NO MÊS1) Tipo: pó; “pellet” (tamanho); úmido; seco, etc.2) % : 5-4-3 etc.

Tabela 3FICHA RÉSUMO ANUAL DO AMBIENTE DÉ CULTIVO

Tanqueno Superfície e Volume Período

Estocagem

Período Espécie Data da Estocagem№ de Peixes Peso (Kg) Fonte e Data

Data de EclosãoObservações

Total Por ha Total P/Peixe

Colheita

Esp. DataDias de

Cresc.

№ de Peixes Perda/ha Aumento LíquidoPermanece no Tanque

Alim. Total Por ha

ConverçãoTotal Por ha % № de Peixes Total ha Dia Peixe

Tabela 4REGISTRO DE ENTRADAS FIXAS

DATA ITEM CUSTO MENSAL CUSTO ANUAL OBSERVAÇÕES

Entradas:

Terreno Salário de Gerente Imposto sobre imóveis Juros Energia Elétrica Telefone Seguro Manutenção

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Tabela 5REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS VARIÁVEIS

Data Tanque ENTRADAS

№ área Item Tipo Quantidade Custo Unitário Custo Total

Entradas:

Larvas Alevinos Reprodutores Ração Fertilizantes Cal Virgem Drogas Conserto de Equipamentos Oxigênio Sacos Plástico Combustível Gelo Energia Elétrica Impostos

Tabela 6REGISTRO DIÁRIO DE ENTRADAS DE MÃO-DE-OBRA

DataTanque Atividade

EconômicaTipo de Mão-

de-ObraTotal Hom/dia

ou Hom/hTaxa de Sal.

e TipoCusto Total de Mão-de-obra

Observações№ Área

Page 55: Aqui Cultura

Atividades:

Preparação de Tanques Peixamento Alimentção Manutenção Captura Limpeza Manejo de Tanques Transporte

Tabela 7

REGISTRO DAS ATIVIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO

Mês Ano Comprador/Mercado

Data AtividadeCustos Variáveis Vendas

Transporte Gelo Caixas Salários Outros Total Kg Preço Unit. Receita

TOTAL

Page 56: Aqui Cultura

Tabela 8REGISTRO DE SAÍDAS

Data

Tanque

Espécie Capturada

Quant Capturada(Kg)

Ouantidade Vendida

Quant. Consumida na Fazenda

Quantidade Doada

Pagamentos em Objetos

Valor da Produção

№ ÁreaQuant.(kg)

Preç. Unit($/kg)

Valor($)

Quant.(kg)

Valor

($)

Quant.(kg)

Valor

($)

Quant.(kg)

Valor($)

Tabela 9

REGISTRO RESUMO PARA PRODUTOS OU AMBIENTE DE CULTIVO

Ano Produto Obsercações

Tanque no Superfície

DataAlevinos Fertilizante Alimento Mão-de-obra Maquinária

OutrosTipo Quant. Tipo Quant. Tipo Quant. Tipo Quant. Tipo Custo Hora

Total

Page 57: Aqui Cultura

Produção Total Valor total da Produção Lucro por Tanque Colheita por ha Custos Totais Lucro por ha

A Tabela 10 apresenta um quadro resumo para o uso de máquinas agrícolas, com todos os indicadores e custos necessários para sua avaliação.

As Tabelas 11 e 12 apresentam modelos para a estimativa do inventário e sua variação inicial e final no período considerado.

10.2 Conceitos de Custos

Neste capítulo são analisados os principais tipos de custos utilizados em economia e sua aplicação no processo decisório.

10.2.1 Custo de oportunidade

O custo de oportunidade é um conceito muito importante, que frequentemente não é considerado quando se tomam decisões. Este conceito reconhece que cada insumo tem um potencial uso alternativo mesmo quando este uso não existe. Uma vez que o insumo se compromete para uma atividade, perde-se a possibilidade de usá-lo em outra alternativa e assim se perde a possível receita derivada daquela alternativa. Portanto, o custo de oportunidade é definido como a receita que se teria recebido se o insumo tivesse sido empregado na melhor alternativa possível.

O custo real de um insumo pode não ser o seu preço de aquisição, senão o seu valor alternativo. Este conceito se pode aplicar muito bem para tomar decisões relativas a como e onde aplicar os recursos limitados (fazendo-se uma comparação entre vários produtos) ou para selecionar a atividade mais rentável. Neste caso, quando a terra, a mão-de-obra e a administração ou o uso do capital têm um custo de oportunidade mais alto, então vale a pena reconsiderar o uso desses recursos/insumos.

Em alguns casos é difícil determinar o custo de insumos como o terreno ou as edificações; isto pode-se definir estimando seu valor em moeda e usando como custo de oportunidade a taxa de juros que se poderia obter no mercado financeiro (geralmente a poupança).

Nos cálculos de custos de produção e nas análises econômicas, muitos custos não são diretos, mas bem de oportunidade. isto é particularmente comum quando se refere à mão-de-obra familiar, administração, uso do capital, etc.

10.2.2 Custos

Vários outros conceitos se aplicam em economia. Os mais utilizados são:

a. Custos Fixos Totais (CFT) b. Custos Fixos Médios (CFM) c. Custos Variáveis Totais (CVT) d. Custos Variáveis Médios (CVM) e. Custos Totais (CT) f. Custos Totais Médios (CTM) g. Custos Marginais (CMg)

Todos estes custos estão relacionados com a produção. O Custo Marginal é o custo adicional derivado da produção de uma unidade adicional do produto. Na prática representa a diferença entre os custos quando se passa de uma quantidade de produto para outra superior.

Estes conceitos se aplicam em deciões para curto ou longo prazos. Define-se como curto prazo o período de tempo em que um ou mais de um dos insumos de produção é fixo em quantidade e não pode ser mudado. A longo prazo, a terra por exemplo pode ser vendida, arrendada, etc., permitindo assim mudança na estrutura produtiva considerada.

Page 58: Aqui Cultura

Tabela 10

REGISTRO DA MAQUINÁRIA

Item № de identificação

Ano Data da Compra

Mês/Data Horas de UsoCombustível Óleo e Lubrificante Reparo e Manutenção

Custo (inclus.mão-de-obra)Descrição

Litros Custo Quantidade Custo

TOTAL

Depreciação Impostos Total Custos Fixos Custo Fixo Médio por hora

Juros Seguro Total Custos Variáveis Custo Variável Médio por hora

Custos Totais Custo Total Médio por hora

Tabela 11INVENTÁRIO DOS BENS

DescriçãoAquisição ou Construção Estimativa de Vida Útil

(anos)Proporção Utilizada no Cultivo(%)Data Custo

TANQUES

Diques

Monges

Canaletas de Água

Escavação de Tanques

Poço

Outros (especificar)

EDIFÍCOS

Casa de vigilante

Depósito

Oficinas

Outros (especificar)

TRANSPORTES

Page 59: Aqui Cultura

Barco

Caminhão

Outros (especificar)

REDES

Fixas

de Arrasto

Tarrafas

Outros (especificar)

EQUIPAMENTOS

Bomba de Água

Compressor

Gerador Elétrico

Máquina para Alimentar

Refrigerador (freezer)

Misturador de Alimento

Máquina de Moer

Outros (especificar)

Tabela 12INVENTÁRIO INICIAL E FINAL

Tanque №

Data Espécie Tipo de Produto (a) Número ou Kg (b) Preço Unitário ($) Valor($)

Inventário

Inicial

Inventário

Final

Mudança ao

Inventário (c)a) Como larvas, alevinos, engorda, tamanho, de mercado, etc.b) Número ou quilo de cada tipo de produto no tanque.c) Diferença entre o valor inicial e final do inventário.

10.2.2.1 Custos Fixos

São os custos associados à propriedade de um insumo ou recurso fixo. Geralmente eles não variam, mesmo se não utiliza o insumo e a produção venha a ser alterada a curto prazo. Portanto eles existem independentemente do muito ou pouco uso que se dê ao recurso.

O Custo Fixo Total (CFT) é a soma dos vários custos fixos. Os principais componentes desta categoria são:

depreciação seguro reparos impostos (de propriedade, não de receita) taxa de juros

Para calcular o valor médio anual do CFT deve-se calcular o valor médio anual da depreciação e dos juros. A depreciação é o valor que um bem perde anualmente devido à sua utilização (na prática é o dinheiro que se guarda para a sua reposição) e se calcula como:

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onde o custo é o preço de compra, a vida útil é o número de anos que se espera usar o bem e o valor residual é o valor esperado ao terminar a vida útil (preço de revenda).

Os juros são incluídos porque o capital investido tem um custo de oportunidade. Sem dúvida, o valor de um bem depreciável diminui a cada ano, pelo que se calcula os juros segundo a fórmula:

onde a taxa de juros é o custo de oportunidade do capital.

Por exemplo, se o custo de um trator é $ 20.000 com um valor residual de $ 5.000 depois de 5 anos de vida útil, o custo fixo, assumindo os outros valores anuais será:

Depreciação 3.000

Juros (12%) 1.500

Impostos 25

Seguro 50

4.575

Os custos fixos podem ser expressos como uma média por unidade de produto e, portanto, o Custo Fixo Médio (CFM) é igual:

onde a produção é medida em unidade física. Portanto, uma maneira de reduzir o custo fixo médio é é aumentar a produção.

Os custos fixos podem ser gastos efetuados em dinheiro ou simplesmente ser custos de oportunidade. Isto é importante quando se analisa os resultados de uma produção em termos econômicos, porque em termos reais o que é disponível em dinheiro poderia ser muito superior.

A depreciação é sempre um gasto fictício (não em dinheiro) e os juros podem ou não ser em dinheiro (depende, caso se retire um empréstimo ou se é custo de oportunidade), assim como é o seguro.

10.2.2.2 Custos Variáveis

Os custos variáveis são aqueles sobre os quais existe alguma forma de controle e que aumentam ou diminuem de acordo com a produção. Itens como alevinos, fertilizantes, rações, etc. são custos variáveis clássicos.

O Custo Variável Total (CVT) é igual a soma de todos os custos variáveis e o Custo Variável Médio (CVM) se calcula como no caso do custo fixo, expressando o valor por unidade de produto.

Os Custos Variáveis existem a curto prazo e a longo prazo sendo aplicados à produção.

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10.2.2.3 Custo Total e Marginal

Custo Total é a soma dos Custos Fixos e Variáveis (CT = CFT + CVT). A curto prazo aumenta com o aumento do custo variável, sendo o custo fixo constante.

O valor médio do custo total é igual a CFM + CVM ou

O Custo Marginal (CMg) é definido como a variação do custo total (aumento ou diminuição) dividida pela variação da produção, resultante da adição de uma unidade de produto.

10.2.3 Aplicação dos conceitos de custos

Na Tabela 13 se apresenta um exemplo da aplicação dos conceitos de custos em um problema de maximização do lucro em relação à taxa de produção. Suponhamos que no caso sejam peixes, mas poderia ser qualquer outro animal ou produto.

Os Custos Totais Fixos correspondem a $3.000 e cobre o custo de oportunidade anual do terreno, a depreciação da infraestrutura, seguros e manutenção. Custos Variáveis no valor de $295 correspondem a cada unidade, incluindo ração, fertilização, alevinos, remédios, etc. Devido a tamanho do ambiente de cultivo, além de uma certa taxa de produção, o aumento no peso médio por unidade diminui (limitações na qualidade da água, alimento natural, doenças, etc).

Os dados apresentados são bastante comuns com Custos Fixos Totais que permaneceram constantes e Custos Variáveis Totais que aumenta junto ao Custo Total. O Custo Fixo Médio declina rapidamente para depois reduzir sua queda. Outros custos médios declinam até certo ponto para depois voltarem a crescer.

O ponto de lucro máximo é igual a RMg = CMg (segundo um princípio econômico). Neste axemplo o valor não é exatamente igual, mas corresponde aproximadamente ao nível de 60 peixes. No nível seguinte o Custo Marginal é maior que a Receita Marginal, o que significa que o custo de produção de uma unidade adicional é mais alto do que a receita adicional. Sem dúvida o valor depende do preço de venda. Se este for maior do que $53.64, então o nível máximo de lucro corresponde a 70 peixes, assim como se fosse menor que $50, o ponto seria outro mais abaixo na taxa de estocagem.

Tabela 13EXEMPLO DOS CONCEITOS DE CUSTO EM UM AMBIENTE DE TAMANHO FIXO (ISTO É 1 HA)

Número de Peixes

Produção(kg)

PFMg1CFT($)

CVT($)

CT($)

CFM($)

CVM($)

CTM($)

CMg Rmg2

0 0 7.2 3.000 0 3.000 - - - 40.97 50.00

10 72 7.6 3.000 2.950 5.950 41.67 40.97 82.64 38.82 50.00

20 148 7.7 3.000 5.900 8.900 20.27 39.86 60.13 38.31 50.00

30 225 7.0 3.000 8.850 11.850 13.33 39.33 52.66 42.14 50.00

40 295 6.5 3000 11.800 14.800 10.17 40.00 50.17 45.38 50.00

50 360 6.0 3.000 14.750 17.750 8.33 40.97 49.30 49.17 50.00

60 420 5.5 3.000 17.700 20.700 7.14 42.14 49.28 53.64 50.00

70 475 5.0 3.000 20.650 23.650 6.32 43.47 49.79 59.00 50.00

80 525 4.5 3.000 23.600 26.600 5.71 44.95 50.66 65.56 50.00

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90 570 4.0 3.000 26.550 29.550 5.26 46.58 51.84 73.75 50.00

100 610 3.000 29.500 32.500 4.92 48.36 53.281) Produto Físico Marginal (PFMg)= diferença unitária entre um nível de produção e o seguinte.Ex.: 0 a 72 = 72 Kg : 10 peixes = 7,2 Kg de incremento por cada unidade2) Receita Marginal (RMg) = diferença unitária na receita entre um nível de producção e o seguinte.

Portanto, a um preço de $ 50 e com 60 peixes se obterá um lucro de $ 300 (Receita Total = 50×420-Custo Total). Se o preço for $ 45.38 o ponto de lucro máximo será de 50 peixes, que corresponde a um Custo Total Médio superior que o preço de venda e portanto a um prejufzo.

Caso se trabalhe com prejufzo, parando-se de produzir permanecem os custos fixos representados por um valor de $ 3.000. Este prejufzo existe a curto prazo, mas pode ser eliminado a longo prazo vendendo a terra e assim eliminando os custos fixos. O problema de curto prazo levanta uma pergunta de como minimizar os prejufzos, ou seja, podemos perder menos de $ 3.000 se produzirmos algum pescado? A resposta é não se o prejufzo for superior a $ 3.000; sem dúvida, sabemos que os custos variáveis estão sob controle e que podem ser reduzidos de acordo com a produção. Portanto não se poderia produzir se o preço de venda não fosse pelo menos igual ou superior ao mínimo CVM. Isso geraria suficiente receita para cobrir os custos variáveis totais, o que resultaria em cobertura parcial dos custos fixos, portanto minimizando o prejufzo. Se o preço for menor que CVM, a receita não cobriria o CVT e portanto o prejufzo seria superior a $ 3.000; para minimizar o prejufzo é melhor não produzir. Na Tabela 13 o menor CVM é $ 39.33 e o CTM $ 49.28. O prejufzo se minimiza não produzindo se o preço é menor que $ 39.33 é produzindo algo com preços compreendidos entre $ 39.33 e $ 49.28. Nesta situação a minimização máxima se obtém seguindo a regra RMg = CMg.

Portanto:

1. Preço esperado maior que CTM- Um lucro se obterá maximizando com a regra RMg = CMg

2. Preço esperado menor que CTM, mas maior que o menor CVM - um prejufzo que pode minimizar-se produzindo até o ponto onde RMg = CMg

3. Preço esperado menor que o mínimo CVM - prejufzo que se minimiza não produzindo e será igual a CFT.

10.3 Análise Econômica

Os princípios econômicos e os orçamentos são importantes instrumentos que auxiliam no processo de planejamento ou de avaliação da atividade. Eles podem ser muito úteis para comparar alternativas, provar ou comprovar a rentabilidade de uma troca proposta ou da produção recém colhida. Existem vários tipos de orçamentos e análises utilizáveis, algumas para avaliar a situação atual ou pequenas trocas e outros mais adequados para analisar inversões.

10.3.1 Análise custo-benefício ou orçamento de atividade

Este tipo de análise pode ser aplicado a cada atividade ou para o total da produção. Necessita de dados detalhados de insumos e produção e se aplica sobre dados reais ou estimados de acordo com o tipo de informação requerida: uma avaliação de uma projeção/comparação de atividades (isto é produtos), ou sistemas e técnicas de produção. Cada orçamento se desenvolve na base de uma unidade, como 1 ha ou outra que permita a comparação do benefício (lucro) ou de outros indicadores selecionados.

Estes orçamentos estão geralmente organizados e apresentados em três seções: receitas, custos variáveis e custos fixos. Um típico exemplo se apresenta na Tabela 14.

O primeiro passo na construção de um orçamento é o de estimar ou calcular a produção total e o preço de venda. Estes valores influenciam muitíssimo no resultado final, portanto e sobretudo no caso de projeções, há que se ter muito cuidado em como e de onde se obtém esses dados. Os registros da granja são sempre uma excelente fonte de informação tanto para avallar, como para

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analisar possíveis trocas ou alternativas e constituem com o passar dos anos um material muito valioso para gerir a atividade produtiva.

Os custos variáveis são facilmente calculáveis, conhecendo-se os gastos anotados nos registros ou estimando os parâmetros técnicos do cultivo em tela. Também se deve incluir um custo de oportunidade do capital empregado no período compreendido entre a compra dos insumos e a colheita.

Os custos fixos são os associados com depreciação, lucro sobre capital investido, seguro, imposto de propriedade e uma taxa para o terreno. Este último valor é um custo de oportunidade e representa um retorno por haver empregado esse recurso na atividade. Pode-se calcular de três maneiras: a) como custo de oportunidade baseado no valor atual do terreno; b) o valor do aluguel corresponde a uma parte da produção; e c) um típico valor médio de arrendamento. Este último método é o preferido por muitas razões.

10.3.1.1 Interpretação dos resultados

O exemplo anterior nos diz que a atividade foi rentável, tendo remunerado todos os ftores inclusive os de oportunidade. Mesmo se o lucro fosse “O” (zero), esta atividade poderia ser considerada boa, porque estaria cobrindo todo o empenhado na atividade a seu estimado custo de oportunidade.

Analisando o orçamento, vê-se que não contém um valor atribuído à gerência, portanto o lucro pode ser considerado como o retorno à gerência.

O orçamento pode-se empregar para calcular a análise do ponto de equilíbrio e outros dados úteis para avaliar, decidir e/ou comparar. O ponto de equilíbrio de produção ou seja a produção necessária para cobrir todos os custos se calcula como:

no nosso exemplo é igual a $ 2.933,14 : 1,00, ou seja 2.933Kg/ha. Em caso de estimativas esse valor pode ser calculado para vários preços.

Tabela 14ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO PARA CULTIVO DE TAMBAQUI EM UM TANQUE DE 1 HA EM

8 MESES

Item Valor por ha

RECEITA

3,537,30 Kg (a $ 1.00/Kg) 3.527,30

CUSTOS VARIÁVEIS

Alevinos (12.000 a 0.02 cada) $ 240,00

Ração (6.474 Kg a 0.24/Kg) 1.553,76

Cal (400 Kg a 0.09/Kg) 36,00

Fertilizante (125 Kg a 0.13–0.19) 19,25

Adubo (3.750 Kg a 0.012–0.037) 58,40

Mão-de-Obra (200 homem/hora a 0,45) 89,00

Manutenção 58,90

Juros s/Custos variáveis (3% para 8 meses) 61,66

Custo variável total 2.116,97

Diferença entre receita e o custo variável 1.410,33

CUSTOS FIXOS

Depreciação 146,90

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Terreno ($ 44 ha/ano) e juros (12%) 669,27

Custos fixos totais 816,17

Custos Totais 2.933,14

Lucro 594,16

O ponto de equilíbrio de preço nos informa sobre o preço necessário para cobrir os custos e é igual a

no nosso exemplo seria $ 2.933,14 : 3.527,30 Kg ou seja $ 0,83/Kg. O estudo de várias combinações desses valores pode auxiliar efetivamente na tomada de decisões.

O custo de produção é outro valor útil e se calcula dividindo o custo total por hectare pela produção. Em nosso caso seria $ 2.933,14 : 3.527,30 Kg, ou seja $ 0,83/Kg. Este valor, igual ao ponto de equilibrio, permite tomar decisões a respeito da produção e fazer comparações de diferentes métodos de cultivo ou de outras mudanças que se queira fazer. Este conceito é muito útil também para estabelecer preços e estratégias de comercialização, ou preços máximos a serem pagos pelo aluguel do terreno ou dos insumos de produção.

Cada orçamento pode também ser interpretado em termos de gastos em dinheiro contra gastos não em dinheiro ou gastos totais contra gastos em dinheiro. Se o proprietário não tem dívida sobre o terreno e não deve pelos animais que cria então os custos fixos são custos de oportunidade e não são em dinheiro. Assim, a mãoe- obra familiar não se constitui em custo real; afora estas condições, o ganho real do criador é extremamente superior ao puro cáculo econômico e pode-se comparar favoravelmente com outras atividades agrícolas.

10.3.2 Análise parcial do orçamento

Quando há uma troca menor no sistema de produção que ressalta em uma troca parcial na estrutura de custo-retorno, o método do orçamento parcial pode ser usado para recalcular a viabilidade econômica sem ter que recorrer ao meticuloso procedimento da análise de custo-retorno.

Esta análise pode ser utilizada tanto para analisar mudanças a longo prazo quanto para pequenas alterações a curto prazo. Corresponde a três tipos de mudanças, generalizadas da seguinte maneira.

a. Substituição do produto: Isto inclui a substituição parcial ou total de um produto por outro.b. Substituição de insumos ou troca do nível de intensidade: Inclui a substituição de

insumos (p.ex.: adubo orgânico por inorgânico) ou aumentos/diminuições do nível de intensidade (p.ex.: fertilização por alimentação artificial).

c. Tamanho da operação: Considera mudanças no tamanho da piscicultura ou só na produção ou produto.

Quatro passos básicos são vistos nesta análise.

Benefícios

1. Estimar o aumento de receita devido á mudança. Não levar e conta aquelas receitas que não mudem como resultado da operação.

2. Estimar a redução nos custos se se procede com a operação.

Custos

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3. Estimar o custo que se adicionará devido a mudança. Novamente não considerar o custo que não se modifique.

4. Estimar a receita perdida devido a mudança.

Uma vez que esses cálculos foram completados, a soma dos custos deve ser diminuída da soma dos beneffcios. Um resultado positivo significa que a mudança seria lucrativa. Um resultado negativo significa que a troca nao é economicamente viável.

Exempro:

Acrescentar um tanque de alevinagem a umitanque de produção custa aproximadamente $ 2.000 com uma vida útil de 10 anos. O dinheiro que se precisa para a construção se consegue de uma conta de poupança, a qual paga um juro de 5%. Acrescentar o tanque de alevinagem reduzirá a taxa de mortalidade ao semear e portanto aumentará a produção de aproximadamente 500 kg a um preço na granja de $ 3/Kg. O aumento na produção adicionará também um custo de ração de $500/ano. Estimar a viabilidade econômica dessas mudanças.

Beneffcios

1. Receita adicional = $ 500 × 3 = $ 1.500 2. Redução nos custos = nenhum

Custos

3. Custos adicionais = $ 2.000 : 10 = $ 200/ano 4. Ração = $ 500 = 500/ano 5. Receita perdida = $ 2.000 × 5% = 100

Beneffcio menos custos

$ 1.500 - ($ 200 + $ 100 + 500) = 700

Neste caso, é conveniente acrescentar um tanque de alevinagem.

10.3.3 Análise da Inversão

A análise de inversão é o processo utilizado para avaliar a rentabilidade de uma inversão ou para comparar alternativas de inversões. Para realizar esta análise se necessita de 4 informações básicas: 1) o retorno liquido da inversão, 2) o custo, 3) o valor final ou remanescente da inversão, e 4) a taxa de juros ou de desconto a utilizar-se.

O retorno liquido se estima para cada ano na vida útil da inversão; a receita menos despesas (em dinheiro) resulta no retorno liquido. A depreciação e os juros não se incluem, o primeiro porque é um gasto não em dinheiro e o segundo porque os métodos empregados são estimativos dos retomos antes de qualquer pagamento de juros.

O custo da inversão é o custo total e não o custo do pagamento se este é financiado. O valor final será igual ao valor remanescente de um item depreciável; para os não depreciáveis (p.ex.: terra) se estima o valor de marcado ao tempo de terminar a inversão.

A taxa de desconto é a mais diffcil de ser escolhida, ela representa o custo de oportunidade do capital ou o mínimo que o mesmo deve receber para que a inversão seja viável (p.ex.: no mínimo o que se recebe numa conta de poupança). Essa taxa pode ser ajustada para fatores como a inflação e taxa de risco.

Deve haver algum valor remanescente que será acrescentado à receita do último ano. Na Tabela 15 se apresenta um exemplo comparativo de duas inversões, utilizado para calcular os possíveis métodos de análise.

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Tabela 15RECEITA LÍQUIDA EM DINHEIRO PARA 2 INVERSÕES DE $

10.000 CADA

Ano Inversão A Inversão B

1 3.000 1.000

2 3.000 2.000

3 3.000 3.000

4 3.000 4.000

5 3.000 6.000

TOTAL 15.000 16.000

Retorno médio 3.000 3.200

Depreciação anual 2.000 2.000

Receita Líquida 1.000 1.200

10.3.3.1 Período de recuperação do capital

Este período corresponde ao número de anos que a inversão necessita para restabelecer o custo original através da receita liquida gerada. lsto é calcuiado como:

donde P é o período em anos, l a inversão e E a receita liquida anual esperada. No caso A é igual a 31/3 anos. Caso o retorno liquido não seja constante anualmente, deve-se proceder e somar cada ano até alcançar o valor da inversão, assim no caso B o capital se recupera em 4 anos.

Este método pode ser utilizado para classificar inversões de acordo com sua velocidade de recuperação, ou para estabelecer qual inversão correspondente ao limite de recuperação estabelecido pelo investidor. É íacil de aplicar-se, mas não considera aspectos fundamentais como o fluxo de caixa ao final do período e não mede acuradamente a rentabilidade.

10.3.3.2 Taxa de retorno

A simples taxa de retorno expressa o retorno líquido médio anual como percentagem da inversão. A receita líquida se encontra diminuindo a depreciação média anual da receita média líquida em dinheiro. Isto se calcula como:

Nos exemplos atrás descritos será:

Este método é melhor do período de recuperação do capital porque considera os lucros de uma inversão sobre toda a vida. Sem dúvida este método não considera o tempo nos quais se fazem pagamentos e se recebe a receita, o que pode levar a considerações erradas. Esta consideração mostrará que as duas inversões são bastante distinta entre elas.

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10.3.3.3 Valor Atual Líquido (VAL)

Este método permite considerar o problema tempo. Sabemos que o dinheiro futuro não vale tanto quanto o dinheiro atual. Geralmente o custo do capital incorre no começo (ano 0) enquanto as receitas se obtêm nos anos seguintes (de 2 a n). Portanto, para medir a viabilidade econômica de um projeto é necessário considerar esta diferença no valor do dinheiro gasto e recebido, fazendo com que tudo tenha o mesmo valor de forma que se possa fazer uma comparação entre o que entra e o que sai nos diferentes anos de vida do projeto. Isto se consegue através da atualização ou desconto do dinheiro para retroagir ao valor inicial da época na qual se efetuou a inversão.

O Valor Atual Líquido de uma inversão é a soma dos valores atuais para cada ano considerado como receita líquida em dinheiro (fluxo líquido de caixa) menos o custo inicial.

Cada fluxo líquido de caixa anual se desconta pelo respectivo fator de desconto para obter o valor atual. Os fatores são mostrados no Anexo 1.

Se o resultado final é positivo a inversão é viável, se negativo é inviável se igual a zero é indiferente. Isso significa que a inversão proporciona um retorno superior à taxa de desconto utilizada, ou seja, superior ao custo de oportunidade do capital (se foi empregado este valor) ou superior à taxa estabelecida pelo investidor (em tal caso usa-se esta taxa arbitrária).

Na Tabela 16, pode-se verificar que o investidor pode pagar $ 11.979 pela inversão A e $ 12.048 pela B e ainda receber um retorno de 8% sobre o capital investido. A taxa de desconto usada é a que influencia o resultado, portanto é fundamental selecionar a adequada para cada situação.

Tabela 16CÁLCULO DO VALOR ATUAL LÍQUIDO PARA 2 INVERSÕES DE $ 10.000

Taxa de desconto 8%, sem valor terminal)

Inversão A Inversão B

AnoFluxo Líquido de Caixa

×Fator de desconto

=Valor Atual

Fluxo Líquido de Caixa

×Fator de desconto

=Valor Atual

1 3.000 0,926 2.778 1.000 0,926 926

2 3.000 0,857 2.571 2.000 0,857 1.714

3 3.000 0,794 2.382 3.000 0,794 2.382

4 3.000 0,735 2.205 4.000 0,735 2.940

5 3.000 0,681 2.043 6.000 0,681 4.086

TOTAL 11.979 TOTAL 12.048

- CUSTO 10.000 -CUSTO 10.000

Valor Atual Líquido 1.979 Valor Atual Líquido 2.048

10.3.3.4 Taxa Interna de Retorno (T.I.R.)

Este método fornece informações adicionais ao do Valor Atual Líquido. No nosso exemplo ambas as inversões eram positivas, mas qual é sua taxa de retorno?

A taxa real de retorno de uma inversão é considerando o procedimento adequado de cálculo, a taxa interna de retorno, que define o valor o “retorno” do investimento, ou seja, o que paga em termos percentuais o dinheiro investido na atividade em objeto. lsso permite realizar comparações, tomar decisães com relação a investir ou não investir e avaliar a possibilidade de tomar o dinheiro emprestado se a taxa de retorno for superior à taxa aplicada no mercado de capitais.

A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que iguala a zero o valor atual líquido. Na falta de uma calculadora financeira se estima através de um processo de provas e erros. Sabemos do exemplo anterior que VAL é bastante alto, portanto a taxa de desconto deverá ser superior à

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utilizada (8%). Aplicamos a de 14% como primeira estimativa. O cálculo (Tabela 17) nos dá um valor positivo de $ 296, então aplicamos a seguinte de 16% que nos dá um valor atual líquido negativo de $ 178. Portanto a taxa real será um valor entre os dois. No caso A é de 15,2% e no caso B de 13,8%.

A taxa interna de retorno permite avaliar se a inversão analisada é rentável, o que se obtém comparando o rendimento do capital na inversão com o que obteria em outro investimento (custo de oportunidade; geralmente o mercado financeiro). Também permite estabelecer se o investimento alcança o desejado nível de retorno, o qual pode ser modificado assumindo valores arbitrários que cubram a inflação e o risco incluído na atividade. Por exemplo, se a taxa do mercado financeiro é 6% anual (poupança) e a inflação prevista 4%: e a taxa de prêmio pelo risco assumido em desenvolver uma atividade nova ou sujeita a mudanças não controláveis (preço de venda, preço de insumos, etc. comum no mercado agrícola), estimada ou estabelecida em 5%, a taxa mínima de desconto aceitável pela inversão será igual a 6 + 4 + 5 = 15%, ou seja, uma taxa interna de retorno de no mínimo 15%, para que o investimento seja interessante e aceitável).

A taxa interna de retorno ademais pode ser utilizada para proceder uma comparação entre investimentos de diferentes custos iniciais e vida produtiva. A principal limitação consiste em que o cálculo é trabalhoso e que a taxa interna de retorno (TIR) assume que a receita líquida anual seja reinvestida para ganhar um retorno igual ao que produz a TIR (o que nem sempre é possível, causando às vezes sobre estimativa da TIR total da inversão).

Tabela 17ESTIMATIVA DA TAXA INTERNA DE RETORNO PARA O INVESTIMENTO A

AnosReceitaLíquida

14% 16%

Fator Valor Atual Fator Valor Atual

1 3.000 0,877 2.631 0,862 2586

2 3.000 0,769 2.307 0,743 2.229

3 3.000 0,675 2.025 0,641 1.923

4 3.000 0,592 1.776 0,552 1.656

5 3.000 0,519 1.557 0,476 1.428

TOTAL 10.296 9.822

-CUSTO 10.000 10.000

Valor Atual Líquido 296 -178

ANEXO 1VALOR ATUAL DE $ 1, RECEBIDO AO FINAL DE UM DE TERMINADO PERÍODO

Taxa de Juros

Anos 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18%

1 0.9434 0.9259 0.9091 0.8929 0.8772 0.8621 0.8475

2 0.8900 0.8573 0.8264 0.7972 0.7695 0.7432 0.7182

3 0.8396 0.7938 0.7513 0.7118 0.6750 0.6407 0.6086

4 0.7921 0.7350 0.6830 0.6355 0.5921 0.5523 0.5158

5 0.7473 0.6806 0.6209 0.5674 0.5194 0.4761 0.4371

6 0.7050 0.6302 0.5645 0.5066 0.4556 0.4104 0.3704

7 0.6651 0.5835 0.5132 0.4523 0.3996 0.3538 0.3139

8 0.6274 0.5403 0.4665 0.4039 0.3506 0.3050 0.2660

9 0.5919 0.5002 0.4241 0.3606 0.3075 0.2630 0.2255

10 0.5584 0.4632 0.3855 0.3220 0.2697 0.2267 0.1911

11 0.5268 0.4289 0.3505 0.2875 0.2366 0.1954 0.1619

12 0.4970 0.3971 0.3186 0.2567 0.2076 0.1685 0.1372

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13 0.4688 0.3677 0.2897 0.2292 0.1821 0.1452 0.1163

14 0.4423 0.3405 0.2633 0.2046 0.1597 0.1252 0.0985

15 0.4173 0.3152 0.2394 0.1827 0.1401 0.1079 0.0835

16 0.3936 0.2919 0.2176 0.1631 0.1229 0.0930 0.0708

17 0.3714 0.2703 0.1978 0.1456 0.1078 0.0802 0.0600

18 0.3503 0.2502 0.1799 0.1300 0.0946 0.0691 0.0508

19 0.3305 0.2317 0.1635 0.1161 0.0829 0.0596 0.0431

20 0.3118 0.2145 0.1486 0.1037 0.0728 0.0514 0.0365

21 0.2942 0.1987 0.1351 0.0926 0.0638 0.0443 0.0309

22 0.2775 0.1839 0.1228 0.0826 0.0560 0.0382 0.0262

23 0.2618 0.1708 0.1117 0.0738 0.0491 0.0329 0.0222

24 0.2470 0.1577 0.1015 0.0659 0.0431 0.0284 0.0188

25 0.2330 0.1460 0.0923 0.0588 0.0378 0.0245 0.0160

26 0.2198 0.1352 0.0839 0.0525 0.0331 0.0211 0.0135

27 0.2074 0.1252 0.0763 0.0469 0.0291 0.0182 0.0115

28 0.1956 0.1159 0.0693 0.0419 0.0255 0.0157 0.0097

29 0.1846 0.1073 0.0630 0.0374 0.0224 0.0135 0.0082

30 0.1741 0.0994 0.0573 0.0334 0.0196 0.0116 0.0070

31 0.1643 0.0920 0.0521 0.0298 0.0172 0.0100 0.0059

32 0.1550 0.0852 0.0474 0.0266 0.0151 0.0087 0.0050

33 0.1462 0.0789 0.0431 0.0238 0.0132 0.0075 0.0042

34 0.1379 0.0730 0.0391 0.0212 0.0116 0.0064 0.0036

35 0.1301 0.0676 0.0356 0.0189 0.0102 0.0055 0.0030

36 0.1227 0.0626 0.0323 0.0169 0.0089 0.0048 0.0026

37 0.1158 0.0580 0.0294 0.0151 0.0078 0.0041 0.0022

38 0.1092 0.0537 0.0267 0.0135 0.0069 0.0036 0.0019

39 0.1031 0.0497 0.0243 0.0120 0.0060 0.0031 0.0016

40 0.0972 0.0460 0.0221 0.0107 0.0053 0.0026 0.0013

ANEXO 2

Amostragem Alimentação Adubos e Fertilizantes

Data№ Dias

Esp.

Peso Médio por Peixe

Crescimento Diário

Biomassa

Tipo Alim.

Quant. de Alim.

Conserção Adubo P N DataPor peixe

Por ha

TotalPor Tanque

Por ha

Por Dia

Total por Tanque

Por ha

10.4 Leituras Adicionais

Boechlje, M.D. and R. Vernon, 1984. Farm Management. John Wiley & Sons New York.

Schaefer - Kehnert, W., 1981. Methodology of farm Investment Analysis. EDI Training Materials, Course Note 030/031, Economic Development Institute of the World Bank, World Bank, Washington, D.C., U.S.A., 36pp.

Shang, Y.C.y.N. Merola, 1987. Manual de Economia de la Acuicultura. Documento de Campo 3. projeto FAO - GCP/RLA/075/ITA, Brasília - D.F., Brasil, 60 pp.

Shaw, S.A., 1986, Marketing tre Products of Aquaculture. FAO Fish. Tech Pap., (276) : 106p.

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Balde filtro caseiro

meu filtro ecologico feito com balde e produtos reciclados, feito para o meu laguinho, se alguem quiser a ceramica tenho cerca de 30kg me contacte no meu twitter.com/bugalooduff

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CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES

INTRODUÇÃO

O Brasil e a região Cacaueira da Bahia destacam-se no cenário da piscicultura devido ao seu tamanho e a riqueza de suas bacias hidrográficas.

Apesar desse potencial o consumo atual de pescado no Estado é estimado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 72.000 toneladas/ano. Esse número gera um déficit de aproximadamente 60.000 toneladas/ano o que implica na importação de pescado, principalmente de outros Estados.

Estimular a criação de peixes de água doce, incentivar as organizações comunitárias e capacitar os recursos humanos são alternativas para o processo de inclusão social uma vez a piscicultura representa uma excelente alternativa e ótima oportunidade de negócio diante da demanda desse alimento.

TIPOS DE PISCICULTURA

Extensiva

É aquela praticada em reservatórios, lagos, lagoas e açudes que não foram construídos para o cultivo de peixes, mas para outra finalidade, a exemplo de bebedouro de animais, geração de energia elétrica etc.. Este tipo de piscicultura apresenta os menores índices de produtividade uma vez que a alimentação dos peixes depende da produção natural dos corpos d'água.

A taxa de estocagem utilizada é de um peixe para cada 10 m2.

Semi-intensiva

É a criação de peixes praticada em aguada disponível na propriedade, geralmente viveiro de barragem, e que o homem contribui com alguns melhoramentos a exemplo do enriquecimento da água com adubações - orgânicas ou inorgânicas, visando aumentar a quantidade de alimentos naturais - fitoplâncton e zooplâncton, e com a oferta aos peixes de subprodutos disponíveis na propriedade tais como mandioca, milho, frutas, verduras, etc.

A taxa de estocagem utilizada é de 3 a 5 peixes por m2.

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Intensiva

Essa criação é realizada em viveiros projetados especialmente com o fim de se criar peixes. Os viveiros possuem sistema de abastecimento e escoamento controlados e são povoados com peixes de valor comercial, a taxa de estocagem é programada como manda uma criação comercial de alta produtividade e, para aumentar o crescimento dos peixes usa-se, além da fertilização, a ração balanceada. Para a criação ser economicamente viável, a ração deve proporcionar elevada conversão alimentar capaz de promover um crescimento rápido, e o peixe, por sua vez, deve alcançar alto valor de mercado.

Os parâmetros ligados à qualidade da água nos viveiros devem ser monitorados através de equipamentos próprios. Considerando a taxa de estocagem a ser utilizada, necessário se torna a renovação periódica - geralmente à noite - da água do viveiro ou a utilização de aeradores para elevar o nível de oxigênio dissolvido

A produção estimada é de 10.000 a 15.000 kg de peixe por hectare/ano.

Superintensiva

É a criação de peixes realizada em ambientes confinados _ tanques-rede, fabricados de materiais não perecíveis onde uma única espécie de peixe é cultivada em alta densidade de povoamento. Os peixes são alimentados somente com ração balanceada, preferencialmente na forma extrusada.

Os tanques-rede são utilizados em lagos, grandes reservatórios e em rios de pequeno fluxo. As águas desses locais devem ser livres de poluição e bem oxigenadas.

Os tanques-rede de volume inferior a 5m³ são os mais recomendáveis por permitirem troca de água mais eficiente.

Neste tipo de piscicultura cultiva-se peixes de alto valor de mercado, a exemplo da tilápia, não podendo contar com os alimentos naturais da água.

O Brasil, com mais de 5 milhões de hectares de águas represadas, surge como o maior potencial do mundo para esse sistema de cultivo de peixes em água doce.

Para tilápia, a produção estimada varia de 60 a 120 kg/m³.

INSTALAÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS

Localização

Em uma represa, nascente, ou baixada onde haja controle dos fluxos de entrada e saída de água, você pode criar peixes. Os principais fatores a serem observados são:• Tipo de solo• Disponibilidade de água• Topografia do terreno• Proximidade do mercado consumidor• Facilidade de acesso ao local.

Tipos de Solo

O tipo de solo indicado à construção de viveiros é o argilo-arenoso ou sílico argiloso com composição mínima de 40% de argila, pois não se encharca

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tanto como o argiloso e não é tão permeável quanto o arenoso.

Disponibilidade de Água

A quantidade de água necessária para o desenvolvimento da piscicultura é calculada observando-se a área e a profundidade do viveiro. No dimensionamento de um projeto deve considerar-se uma vazão suficiente para encher o maior viveiro em quatro dias , noventa e seis horas, e repor a água perdida pelos processos de infiltração e evaporação. Esta perda diária é da ordem de 1cm.

Tipos de Viveiros

Viveiro em piscicultura é um reservatório escavado em terreno natural, dotado de sistema de abastecimento e drenagem que permita encher ou secar em um espaço de tempo relativamente curto.Os viveiros são divididos, de forma estrutural, em três tipos:• Viveiros de barragem• Viveiro de derivação• Tanques

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA

As características físicas e químicas da água são fundamentais para os organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientais que favorecem o crescimento e a sobrevivência de espécies vegetais e animais aquáticos.

As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo de peixes são:

Temperatura

A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática e desempenha papel preponderante na alimentação, respiração e reprodução dos peixes. Ela também influência diretamente na disponibilidade de oxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Daí a vantagem das regiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes comem praticamente durante todo o ano.

pH

É a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala que varia 0 a 14. O pH intervém freqüentemente na distribuição dos organismos aquáticos. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e poluição são fatores capazes de alterar o pH na água.

Oxigênio dissolvido

O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que ocorrem submersos e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. O oxigênio é consumido pelos animais (como os peixes) pelos vegetais (algas e plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de decomposição da matéria orgânica.

Turbidez

As águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritos orgânicos e os próprios microorganismos que vivem na água.

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Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração da luz, impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Este efeito de redução de luz ao atravessar a coluna d'água é chamada de TURBIDEZ.

Sais Dissolvidos

Muitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos, como o nitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas, como a amônia, e provocam mortalidade e insucesso nos cultivos.

Manejo dos peixes nos viveiros

A produtividade de um viveiro de peixe depende basicamente das técnicas de cultivo empregadas, das espécies criadas, da disponibilidade e qualidade da água, das condições de solo, assim como do maior ou menor grau de dedicação do produtor ao cultivo.

Tipos de cultivo

A capacidade de suporte de um viveiro depende da qualidade da água e do teor de oxigênio dissolvido que ela contém.

· Monocultivo

Neste sistema somente uma única espécie é criada. No Brasil, este tipo de sistema na maioria das vezes, apenas é praticado onde não existe oferta de alevinos de diferentes espécies uma vez que as fontes de alimentos existentes no viveiro ficam subtilizadas por não fazerem parte do hábito alimentar da espécie cultivada

· Policultivo

Praticada quando mais de duas espécies de peixes com hábito alimentar diferente são cultivadas no mesmo viveiro, explorando melhor as fontes de alimento existentes.

Neste tipo de sistema deve-se estabelecer a densidade de estocagem dos viveiros e a proporção relativa ideais das espécies - principal ou secundária - a serem neles criadas buscando uma maior produtividade.

Calagem

Por calagem se entende a aplicação de calcário dolomítico ou cal virgem, de forma homogênea, no fundo limpo e seco do viveiro para:

· Realizar assepsia contra ovos e larvas de predadores e parasitas;· Corrigir o pH do solo ou da água;· Corrigir a turbidez causada pela mineralização da matéria orgânica;· Melhorar a produtividade primária dos viveiros.

A calagem provoca a elevação do pH, aumenta o teor de alcalinidade e a dureza da água, o que torna mais saudável a vida dos microorganismos e dos peixes nos viveiros. A calagem interfere nas características físicas e químicas do solo do fundo dos viveiros, provocando melhor aproveitamento dos fertilizantes orgânicos e minerais.

Adubação

É uma técnica utilizada para incrementar a produção de alimento natural no

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meio aquático ou seja, através da adubação nós forneceremos às algas, que são as mais importantes produtoras de matéria orgânica de um viveiro, elementos básicos necessários à fotossíntese - processo através do qual as plantas clorofiladas - fitoplâncton - transformam materiais inorgânicos (compostos de carbono, fosfato e nitratos), em materiais orgânicos (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas etc.), na presença da energia solar e da água

Os adubos mais utilizados na piscicultura são os orgânicos.

Alimentação

Para se obter sucesso na piscicultura é fundamental a administração de uma alimentação adequada aos peixes. A alimentação tem efeito direto na sobrevivência, no crescimento e na produção.

O alimento dos peixes necessita conter proteínas, hidratos, vitaminas, minerais etc.. Sem estes elementos os peixes não crescem.

Existem dois tipos de alimentos:

• Natural;• Artificial.

Os alimentos naturais são aqueles produzidos no viveiro e que são consumidos pelos peixes.

Exemplos de alimentos naturais:

_ Fitoplâncton - algas_ Zooplâncton - microorganismos animais_ Matéria orgânica morta.

Todos os organismos que vivem em um viveiro, direta ou indiretamente, participam da produção de carne de peixe.

Os alimentos artificiais são as rações balanceadas para peixes ou similares, extrusadas, peletizadas ou em pó e todos os subprodutos agropecuários locais que o piscicultor possa oferecer aos peixes, a exemplo de raízes, grãos e farelos, verduras, legumes e frutas.

Os peixes crescem mais rapidamente quando há disponibilidade de alimentos. O crescimento pode paralisar quando há escassez de alimentos, sejam eles naturais ou artificiais.

ALIMENTO CRESCENTE POUCO ALIMENTO

MANTEM O CRESCIMENTO CONTÍNUO DOS PEIXES

ALIMENTO DECRESCENTE

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PERDEM PESO E ENFRAQUECEMO alimento artificial deve ser administrado diariamente na quantidade de 3-5% da biomassa dividido em duas refeições, durante pelo menos 5 dias por semana, de preferência no mesmo local e às mesmas horas do dia (pela manhã e final da tarde).

A quantidade de alimento a ser administrado é calculada através da biometria mensal de uma amostra da população de peixes de um viveiro, que são capturados através da utilização de rede ou tarrafa.

Quando da utilização de subprodutos na alimentação, o piscicultor deve observar a quantidade ofertada e a quantidade consumida, de modo que não haja excesso de alimento artificial no viveiro de um dia para o outro pois o acúmulo de matéria orgânica traz mais desvantagens do que vantagens.

A forma de preparo dos alimentos e a sua distribuição são fatores importantes.

Para pós-larvas e alevinos a ração, em forma de farinha, deve ser distribuída ao longo das margens dos viveiros.

Para peixes de 10 a 50 gramas, as raízes, grãos, verduras, frutas e sementes devem ser oferecidas em pequenos pedaços de modo que o peixe possa abocanhar.

Uma boa prática é deixar as sementes, raízes e grãos de molho pelo menos 24 horas antes da distribuição.

Taxa de Estocagem nos Viveiros

O número de alevinos adequado para se povoar um viveiro depende de diversos fatores dentre os quais destacamos os mais importantes:

• A boa qualidade do solo e da água• Disponibilidade de adubo orgânico e inorgânico• Disponibilidade de subprodutos na propriedade e de recurso para aquisição de ração• Tipo de cultivo adotado considerando a produção final que deseja o piscicultor obter com seus peixes.

A densidade de povoamento dos peixes normalmente ocorre de acordo com o tipo de cultivo.

Cultivo extensivo - 1 peixe para cada 10m2;

Cultivo semi-intensivo - 5 peixes para cada 10m2;

Cultivo intensivo - 1 a 3 peixes por metro quadrado.

Na utilização de tanques-rede para criação de machos de tilápia são estocados de 50 a 100 alevinos/m3 em gaiolas de volume maior que 5m3. Para gaiolas pequenas (mais eficientes por unidade de volume devido a maior facilidade para a troca de água) a taxa de estocagem pode chegar até 300 alevinos/m3. A produtividade varia de 50 a 150kg de tilápias/m3.

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Espécies Recomendadas ao Cultivo

• Carpa Comum (Cyprinus carpio)

Seu regime alimentar é omnívoro, alimentando-se de zooplâncton na fase juvenil e animais de fundo - minhocas, larvas de insetos, detritos etc. - quando adulta. Em um ano de cultivo atinge peso médio de 1,0kg. No sistema de policultivo, se adapta bem com o tambaqui, a carpa capim, a carpa prateada e a tilápia.

• Carpa Prateada (Hypophthalmichthys molitrix)

Alimenta-se das menores algas do viveiro e somente consome alimentos artificiais quando na forma farelada. Sua alimentação é incrementada através da adubação. Em policultivo, se adapta bem com a carpa comum e o tambaqui. Alcança com um ano de vida peso aproximado a 2,0kg.

• Carpa Cabeça Grande (Aristichthys mobilis)

Alimenta-se de algas em colônias, rotíferos e pequenos microcrustáceos . Cresce bem junto a carpa prateada, a curimatã e o tambaqui. Atinge cerca de 2,0kg com um ano de cultivo.

• Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella)

É um peixe herbívoro que consome não somente as plantas aquáticas mas também gramas e capins verde e fresco (não seco). É um peixe de piracema. Excelente produtor de adubo orgânico - pode consumir diariamente de 30 a 80% do seu peso. Alcança cerca de 1,8kg com um ano de cultivo.

• Curimatã Pacu (Prochilodus marggravii)

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É um peixe lodófago e seu alimento natural constitui-se de matéria orgânica em decomposição ou de plantas e pequenos animais que vivem aderidos em pedras ou qualquer outro substrato no fundo do viveiro. Pode ser usado no policultivo com carpa prateada, carpa cabeça grande e tambaqui. Alcança com um ano de cultivo 1,0kg.

• Tambaqui (Colossoma macropomum)

A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceos planctônicos e frutas. Come também algas filamentosas, plantas aquáticas frescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem na água, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras e moles. Nos viveiros os tambaquis podem ser alimentados com frutas, tubérculos, sementes e rações peletizadas e extrusadas. O tambaqui alimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixes comerem, no entanto, em sistema de policultivo pode ser cultivado junto com a curimatã, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça grande e carpa capim. Atinge peso médio de 1,5kg em um ano de cultivo.

Despesca

É a colheita ou retirada dos peixes dos viveiros ao alcançarem o peso de mercado ou de consumo.

A despesca pode ser parcial - quando se retira o peixe a ser comercializado com rede de arrasto e total - quando o viveiro é totalmente esvaziado e o peixe coletado no final.

A drenagem do viveiro deve ser feita lentamente, de modo a provocar o refúgio dos peixes na parte mais profunda reduzindo o tempo em que os mesmos ficam em contato com a lama do fundo.

Os viveiros devem ser secos anualmente para manutenção e assepsia.

MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO

O pescado é um produto que se decompõe em um curto espaço de tempo e a velocidade de deterioração depende de vários fatores:

- Temperatura;- Método de captura;- Espécie de peixe trabalhada;- Manuseio

A conservação do pescado tem por objetivo retardar o processo de deterioração e torná-lo disponível durante todo o ano em diversas localidades onde se faça presente o mercado consumidor.

• Resfriamento

É o método mais simples de conservação. Os peixes e o gelo devem ser armazenados em camadas alternadas de modo que um peixe não toque em

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outro nem nas paredes da caixa coletora.

• Congelamento

Embora seja um dos métodos mais eficientes, é pouco utilizado para peixes de água doce pela necessidade de armazenamento em túnel de congelamento.

• Salga

Método utilizado para preservar o pescado através da penetração do sal no interior dos tecidos musculares, reduzindo a quantidade de água presente e inibindo a atividade bacteriana.

• Defumação

O pescado é submetido a um tratamento térmico de modo a perder toda a água contida nos tecidos e ao mesmo tempo receber partículas de fumaça que lhe conferem gosto, aspecto e proteção especial.

BENEFICIAMENTO

Inúmeras são as formas de beneficiar as espécies atualmente mais trabalhadas na piscicultura brasileira, destacamos entre elas:

· Peixe inteiro eviscerado· Peixe em posta· Filé de peixe· Peixe defumado· Fishburguer· Costelinhas, almôndegas e quibe· Patê congelado e defumado· Peixe salgado· Caldo de peixe.

Do peixe ainda podemos beneficiar as peles através do curtimento, produzir a farinha de peixe e extrair a hipófise - glândula sexual utilizada no estímulo à propagação artificial de peixe de piracema.

COMERCIALIZAÇÃO

Os peixes podem ser comercializados "in natura" nas feiras livres ou diretamente para áreas de lazer e pesque-pague. Quando beneficiado, o pescado pode ser comercializado junto a bares, lanchonetes, restaurantes, hotéis e supermercados.

BIBLIOGRAFIA

BOYD, C.E. Water quality in warmwater fishponds. 3 ed. Auburn: Auburn University, 1984. 344p.

HONDA, E.M.S. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes do Amazonas. Alimentação do tambaqui, Colossoma bidens (Spix). Acta Amazonica, v.4, n.2. p.47-53. 1974.

PRIETO, A . Manual para la prevenciión y el tratamiento de enfermedades en peces de cultivo en agua dulce. Santiago: ONU/FAO, 1991. 65p.

WOUNAROVICH, E., HORVATH, L. A propagação artificial de peixes de águas tropicais. Manual de Extensão. Brasília - DF.: FAO/CODEVASF/CNPq., 1983.

Page 79: Aqui Cultura

220p.

BOYD, C.E. 1990. Water Quality in Ponds for Aquaculture. Birmingham Publishing Co., First printing, Alabama. 482p.

Marta Emilia Moreno do Rosário Caldas

Bióloga, Mts. CEPLAC/CENEX

http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo14.htm

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CRIAÇÃO DE TILÁPIA Apresentação

Setor da Economia: primárioRamo de Atividade: aqüiculturaTipo de Negócio: criação de tilápiaProdutos Ofertados/Produzidos: carne de tilápiaInvestimento inicial: 122mil reaisÁrea: 1000m²

A tilápia foi o primeiro peixe a ser criado em cativeiro. Há mais de dois mil anos antesde Cristo os egípcios cultivavam tilápias em tanques ornamentais visando o consumoem ocasiões especiais. No Brasil, entretanto, os primeiros registros da pisciculturadatam da década de 30, quando foram feitas as experiências iniciais para obter adesova de espécies nativas em cativeiro. Nas décadas de 30 e 40 foram introduzidasno Brasil a carpa comum, a tilápia do Nilo e a truta arco-íris.

Os fatores primordiais para o sucesso de uma criação de peixes são a qualidade doproduto, o preço competitivo, a localização adequada, a facilidade para distribuição ea diversificação de espécies. E de todos esses fatores, a qualidade sanitária doproduto é a principal. Para isso, são essenciais os cuidados veterinários com acriação, a limpeza geral dos tanques, a boa saúde dos empregados e a qualidadedas rações, além de boas instalações e manutenção adequada.

A tilápia deu a volta por cima. Tida como praga no Brasil até meados da década de1970, em pouco tempo tornou-se um dos peixes mais requisitados do mundo.Versátil, de sabor suave e agradável, a espécie, de origem africana e introduzida nopaís na década de 1940, vive seu apogeu. O filé branco sem espinhas e o saborquase neutro possibilitam que ela seja adaptada a qualquer cozinha internacional.Ela não concorre com nenhum outro peixe. Ganha um espaço próprio. Os pólos decultivo e processamento de tilápia se multiplicam no Brasil, impulsionadosprincipalmente pelo interesse dos consumidores dos Estados Unidos e da Europa

Mercado

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O progresso nas técnicas de reprodução, manejo e alimentação em conjunto com amelhoria de instalações, tem gerado condições básicas para se expandir apiscicultura, visando ganhos econômicos com o suprimento de um mercadopromissor. Esse mercado é representado pelo aumento crescente da demanda tantode peixes in natura, destinados a peixarias, supermercados, feiras e outros, quanto oconsumo industrial, para a produção de filés, e o abastecimento dos pesque-pagues,que se multiplicam em áreas próximas dos centros urbanos, como atividaderecreativa. De acordo com José Lopes Germano, gerente de pecuária da Empresade Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (EMATER-DF), osprojetos de desenvolvimento da piscicultura podem ser realizados em váriostamanhos, mas só passam a ser rentáveis quando feitos em tanques a partir de1000m2.

O público-alvo compõe-se de três tipos distintos de consumidores: consumidoresindividuais para consumo direto e imediato e que adquirem seus produtos em feiraslivres, peixarias e supermercados; consumidores que adquirem os peixesindustrializados, ou já preparados em restaurantes, bares e similares, e finalmenteoutra categoria que vem crescendo muito nos últimos anos que são os proprietáriosdo Pesque-pague.

É importante mencionar a existência de um forte mercado internacional,principalmente para os EUA e Canadá, disposto a fornecer seus produtosconsorciados a alguma empresa que esteja articulada e industrializando este produtovisando o atendimento do mercado exterior.

E é justamente o aquecimento da demanda externa que está dando novos contornosà aqüicultura brasileira. Estatísticas indicam que a produção global crescerá 50% até2010, quando o mundo estará produzindo algo próximo de três milhões de toneladasda espécie "tilápia". O desenvolvimento da atividade no Brasil tende a acompanhar oritmo do mercado internacional. E, se depender dos esforços internos, tanto dainiciativa privada quanto do poder público, o país promete não fazer feio diante dosmaiores produtores mundiais, entre os quais já se destaca no oitavo lugar doranking.

Decididos a abocanhar uma fatia expressiva do mercado externo, piscicultoresbrasileiros se organizam e investem no aumento da produção nacional, situada em70 mil toneladas em 2004, segundo a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca -órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Os investimentos refletem oaquecimento das vendas externas. As exportações brasileiras para os EstadosUnidos, maior comprador mundial, e Canadá devem dobrar este ano, situando-se em2,1 mil toneladas e movimentando cerca de 15 milhões de dólares.Esta realidade está mudando a rotina de cidades como Ilha Solteira, municípiopaulista de 24 mil habitantes situado entre os rios Paraná e Tietê. Lá, sem alardes,pequenos agricultores implantaram um consistente pólo de produção, com enormepotencial de crescimento.

Pode-se dizer que tudo começou há três anos pelas mãos do comerciante HumbertoEduardo dos Reis. Interessado em produzir tilápia em sua propriedade de 12hectares, banhada pelo rio Paraná, Reis se inscreveu num curso da Abracoa -Associação Brasileira dos Criadores de Organismos Aquáticos, e adquiriu cincotanques-rede para iniciar o cultivo de alevinos, as formas jovens do peixe. Aexperiência deu certo e outros 35 tanques foram adicionados à sua propriedade.

O peixe em números:- O Brasil produz cerca 70 mil toneladas de tilápia;

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- Esse negócio já movimenta 105 milhões de dólares por ano no país;- Os Estados Unidos são os maiores compradores do peixe, adquirindo 135 miltoneladas por ano no mercado mundial;- A China é o maior produtor do planeta e responde por 45% da oferta global;- Em 2010 o mundo produzirá 3 milhões de toneladas por ano.- Pequenos pólos de criação se distribuem pelo Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil,somando uma produção de 70 mil toneladas por ano- Paraná - O vice-campeão na criação desta espécie de peixe, com 12 mil toneladas- Santa Catarina - Praticamente o mesmo patamar da Bahia, com 7,13 mil toneladas- Ceará - É o maior pólo de criação brasileiro, com cerca de 18 mil toneladas por ano- Bahia - Empata com Santa Catarina na quarta posição do ranking nacional, osbaianos obtêm por ano 7,12 mil toneladas do peixe- São Paulo - Os criadores paulistas mantêm o terceiro lugar em produção brasileira,com 9 mil toneladas

Localização

Para decidir o local de seu criatório, o produtor deverá avaliar os seguintes aspectos:Se o terreno tiver água, optar pela criação em tanques-rede e avaliar:o A temperatura da água deve oscilar entre 26 e 29 graus. "E o Ph (índicede acidez da água) deve ser entre 6,5 e 7";o Existência de fornecedores de alevinos nas proximidades;o E o mais importante: existência de mercado consumidor para a suaprodução.Se o terreno não tiver mananciais apropriados optar pela criação em tanques dealvenaria e nesse caso avaliar:o Existência de água suficiente para abastecer os viveiros;o Existência de lugares adequados para a construção de viveiros;o Existência de lagoa ou açude no local;o Adequação do terreno para a retenção de água (argiloso, por exemplo);o Necessidade de bombas para abastecer os viveiros de água;o Existência de fornecedores de alevinos nas proximidades;o E o mais importante: existência de mercado consumidor para a suaprodução.

Recomenda-se que seja consultado um centro tecnológico de aqüicultura da regiãopara uma orientação mais detalhada sobre a localização, bem como as informaçõestécnicas para construção do criatório como: topografia, tipo de solo, a quantidade e aqualidade da água, as condições climáticas da região e as características davegetação (áreas de preservação), além de fatores ligados à logística doempreendimento, como facilidade de acesso e proximidade a grandes centros.

Estrutura

Para a implantação de um viveiro de peixes, inicialmente, o produtor deve analisar setem condições efetivas de desenvolvê-lo, uma vez que, para se tornar lucrativo,demanda investimento inicial considerável em instalações, equipamentos econhecimentos técnicos e mercadológicos.

Existem várias maneiras de construção de viveiros. Deve-se optar pelo modelo maispropício ao terreno disponível e de menor custo possível.

Os viveiros ideais para a prática da piscicultura apresentam forma retangular, comabastecimento e drenagem localizadas em faces opostas no sentido de seucomprimento e profundidade média de 1m com um leve desnível (0,5 A 1,0%) em

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seu fundo, visando favorecer a remoção de metabólitos e facilitar o manejonecessário.

O sistema de drenagem deve ser planejado de forma a drenar a água de fundo, queapresenta menores níveis de oxigênio e maiores concentrações de amônia emetabólitos.

São exemplos de viveiros: o de barragem; o parcialmente circulado com diques; ototalmente circundado com diques; o escavado; o viveiro-berçário e o de tanquerede.

O Tamanho dos Tanques-Rede

Quanto mais próximos da tela os peixes ficarem, melhor será seu acesso à água deboa qualidade. Portanto, quanto menores os tanques-rede, maior poderá ser alotação por metro cúbico, e maior será a produtividade. Entretanto, tanques-redemuito reduzidos ficam impraticáveis, pois requerem uma série de cuidadosindividuais, tornando muito onerosa a atividade. Tanques-redes de 5 ou 6 metroscúbicos são os ideais para tilápias, pois permitem despesca de até 1 tonelada porunidade (lotação 1.250 Kg.). Além do que, essas medidas permitem a utilização demateriais mais leves, como o alumínio. Algumas operações de manejo, como umarecontagem ou redistribuição permitem por vezes ser feitas por uma única pessoa.

Equipamentos

Os equipamentos básicos são:- Tanques;- Sistema de aeração da água.Informatização: uma empresa informatizada tem grandes chances de sair na frentedo concorrente. Além de facilitar os processos, garantem a segurança na tomada dedecisões, melhora a produtividade e diminui os gastos.Escolha um projeto abrangente que atenda toda a empresa, desde o gerenciamentode conteúdo para web sites, até os controles administrativos (financeiro, estoque,caixa, cadastro de clientes, etc.).Existem no mercado atualmente, três grandes grupos de softwares: SGE Sistema deGestão Empresarial; SGC Sistema de Gerenciamento de Clientes e Básicos. Elespodem ser encontrados nas empresas especializadas ou na Internet, através dossistemas disponibilizados nas Provedoras de Serviços de Software (ASP -application service provider).

Investimento Inicial:

Conforme a estrutura do empreendimento, o valor estimado, para o empreendedor iniciar esse tipo de negócio, pode ficar em torno de: 122mil reais

Obs.: Os valores apresentados são indicativos e servem de base para o empresário decidir se vale a pena ou não aprofundar a análise do investimento.

Pessoal

Todas as pessoas que trabalham com você devem ter algumas características para saber atender bem, tais como a habilidade em ouvir e atender os clientes, naturalidade na orientação dos clientes, boa vontade, persistência e paciência, saber negociar, equilíbrio emocional, identificar as necessidades dos clientes, iniciativa, agilidade e presteza no atendimento, identificar o perfil do usuário. Essas características podem ser adquiridas através de treinamentos o que deve ocorrer periodicamente para você e seus funcionários.

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Processo produtivo

Passo a passo

A reprodução da tilápia e a obtenção de alevinos é uma atividade altamentetecnificada. Acompanhe abaixo os detalhes desse processo.

Matrizes - são elas que geram as tilápias que produzirão alevinos em grande escala.Desova - as fêmeas guardam os ovos na boca para proteger as crias.Incubação - os ovos são mantidos num recipiente (berçário) até a eclosão.Reversão Sexual - os alevinos recebem uma ração que define o sexo que terão.Recria - os peixes jovens são adaptados em tanques escavados antes de ir para orio.Engorda - a tilápia pronta para o abate pesa entre 700 gramas e um quilo.Curiosidades- Nome popular: tilápia- Nome científico: Tilápia rendali, Oreochromis niloticus- Família: Chichlidae- Distribuição geográfica: espécies da África, introduzidas em quase todo o Brasil- Número de espécies: cerca de 100- Ecologia: são oportunistas, e por isso têm grande capacidade de adaptação- Características: peixes de escamas; suportam grandes variações de temperatura- Reprodução: a partir dos seis meses, dependendo da espécie- Hábitos alimentares: podem ser oníveras, fitoplanctófagas e herbívoras

Tilápia é um peixe que se reproduz com muita facilidade, mesmo em tanques,apesar de não apresentar um ritmo de crescimento muito rápido.Os meses frios (maio a julho) são desaconselháveis para a reprodução, pois osanimais ficam praticamente em repouso. Em propriedades onde se pretende realizar2 ciclos de engorda, iniciar o primeiro ciclo de reprodução em fevereiro e o segundoem agosto. Para um só ciclo de engorda, iniciar a reprodução em Janeiro.

Tilápia Nilótica

Entre as várias espécies existentes, esta é a mais utilizada para o cultivo, porapresentar um melhor desempenho, principalmente os machos. É um peixe africanomuito rústico e com carne saborosa. Possui hábito alimentar planctófago, doplâncton e em menor proporção de detritos orgânicos, aceita bem rações artificiais.Atinge cerca de 400g a 600g no período de seis a oito meses de cultivo. É tambémutilizado como peixe forrageiro, servindo de alimento na criação de peixescarnívoros. A maior restrição ao seu cultivo é sua reprodução precoce, a partir dequatro meses de idade, o que gera o superpovoamento de tanques. Este problemapode ser contornado com a utilização apenas de alevinos machos, sexados (separarmacho e fêmea) manualmente ou revertidos através de hormônio sexual,encontrados facilmente encontrados em vários fornecedores de alevinos.

Criação

A produção pode ser dividida em industrial, produzindo exclusivamente para omercado, e de subsistência, cujo produto é consumido pelo produtor rural e suafamília, ou pelos membros de uma cooperativa, em que a venda se torna limitada àregião da propriedade.

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Existe um terceiro tipo de criação, que envolve a produção de alevinos para repovoarou estocar águas interiores.

1. Cultivo IndustrialO uso de uma ração composta de alto teor protéico, com aporte nutritivo à criação depeixes é uma escolha inerente à prática da aqüicultura, que tem suas própriascaracterísticas e princípios.

No caso da aqüicultura industrial, a alimentação é quase totalmente artificial. O meioaquático, neste caso, intervém como suporte físico-químico, veiculando o oxigênio eeliminando os dejetos do metabolismo dos animais aquáticos.Geralmente, a criação industrial tem somente uma espécie de animal aquático(monocultura) como estamos tratando ¿tilápia¿, estocada em altas densidades, emtanques com renovação de água ou um sistema de tanques-rede.Este tipo de aqüicultura visa transformar um ingrediente de boa qualidade biológica(por exemplo, a farinha de peixe) em outro produto de valor sensivelmente igual, comuma importante perda energética. Calcula-se que sejam necessários 1,25Kg defarinha de peixe (entre outros ingredientes) para produzir um quilo de matéria secade peixe.

Tal atividade necessita do uso de tecnologias muito mais sofisticadas, tanto no queconcerne à infra-estrutura física, quanto à criação propriamente dita. Há altoconsumo de energia (casa de bombas, fabricação do alimento, planta deprocessamento), além de despesas com mão-de-obra, transporte, refrigeração, etc.

Na aqüicultura, os investimentos são elevados, ligados estreitamente às condiçõesexternas do meio, como o material, a ração, os serviços. Trata-se de uma atividadeisolada, sem ligação com outras atividades agrícolas vizinhas.

2. Criação de SubsistênciaA aqüicultura industrial opõe-se à aqüicultura de subsistência, que visa, sobretudo, omeio ambiente aquático. Neste contexto, a água não é mais considerada unicamentecomo o "meio em que vive e cresce o animal aquático", mas também como oambiente em que se desenvolve o seu alimento. Para estimular os processosprodutivos naturais do viveiro, os fertilizantes orgânicos e minerais são os meios deassegurar o aporte dos elementos nutritivos necessários. Todavia, o emprego defertilizantes químicos eleva os custos de produção tornando-a pouco acessível àmaioria dos pequenos produtores rurais. Neste tipo de aqüicultura, o uso de raçõesnão está excluído, mas entra somente como complemento. A suplementação comração para viveiros que recebem a fertilização orgânica permite um aumentoimportante na produção, chegando-se a atingir o ganho de peso 36 a 40Kg/hectare/dia. Neste tipo de produção aquícola, é indicada a utilização dopolicultivo, que aproveita com maior eficácia as potencialidades naturais do meio. Elaé bastante integrada às outras atividades locais agrícolas, para-agrícolas e atéindustriais.

Existem quatro modos de criação de tilápias:

* Criação Extensiva: utiliza grandes áreas já existentes na propriedade, bem comorestos orgânicos. Possui custos mais baixos, porém ocasiona baixo rendimento;* Criação Semi-Intensiva: a aplicação de técnica começa a ser utilizada, asdensidades são maiores do que na criação extensiva e a alimentação écomplementada com ração balanceada;* Criação Intensiva: a criação passa a ser feita em tanques construídos de acordo

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com as informações do item Estrutura. Há aplicação de técnicas específicas ealimentação é feita à base de ração balanceada;* Criação Super-Intensiva: ao modo intensivo acrescenta-se aeração mecânica ealta rotação de água.

Entraves - Doenças e Parasitoses

O estudo de agentes causadores de patologias nos peixes é um campo de crescenteimportância, em virtude da expansão mundial da piscicultura, pois sabe-se que essesagentes podem provocar elevadas taxas de mortalidade, redução das capturas oudiminuição dos valores comerciais dos exemplares atacados.

É necessário destacar que, no Brasil, existem raríssimos estudos, objetivando testara eficiência e os efeitos secundários de drogas utilizadas no combate aos parasitasde peixes, principalmente no que se refere aos peixes criados na pisciculturaintensiva. No caso da maioria das parasitoses, a principal dificuldade encontrada notratamento decorre da impossibilidade de diagnosticar a doença logo no início.Quando se nota que o peixe está atacado, ele já se apresenta debilitado, razão pelaqual poderá não responder aos vários tipos de tratamentos preconizados.É mais conveniente e mais barato não fazer qualquer tratamento, pois não hácomprovação científica da eficácia, além de não ser possível prever a extensão doprejuízo que estes produtos causam, quando liberados no ambiente. Nesse caso, émelhor sacrificar o plantel, drenar e desinfetar o tanque e, a seguir, recomeçar acriação. Mas na tentativa de implementar algum tipo de tratamento, é indicado oacompanhamento de um especialista para diagnosticar e indicar o melhor tratamentopossível.

Tecnologia

Entre as tecnologias atualmente em uso na criação de peixes contam-se os sistemasde produção semi-intensivos, que incluem técnicas de exploração com baixarenovação da água (menos de 5% ao dia) e nível baixo de monitoramento de suaqualidade. Contando-se apenas o monitoramento de sua transparência, e emconseqüência, com uma produtividade anual por hectare inferior a 5.500kg de peixee baixa rentabilidade. Outro sistema semi-intensivo possível de ser desenvolvidoincorpora mais tecnologia, com uma taxa de renovação da água do viveiro entre 5%e 10% ao dia, nível intermediário de monitoramento da qualidade da água, comacompanhamento de sua transparência, das temperaturas máxima e mínimas, pH eníveis de alcalinidade, e uso de viveiros-berçários, de forma a aumentar a taxa desobrevivência dos alevinos, obtendo-se produtividade anuais médias entre 6 mil a 10mil Kg/ha/ano.

Por último, tem-se o sistema intensivo de criação. Caracteriza-se por uma tecnologiade produção que envolve a renovação de mais de 10% da água do viveiro por dia,intensivo monitoramento da qualidade da água, acompanhando-se a transparência,temperaturas máximas e mínimas, Ph, alcalinidade, oxigênio dissolvido e amônia,somando o uso de aeradores na proporção de 4 HP/ha e o uso de viveiros berçários,alcançando a produtividade média anual acima de 10 mil Kg/ha.

Algumas considerações técnicas:

- A quantidade e a qualidade da água deverão ser observadas constantemente.Temperaturas altas diminuem a quantidade de oxigênio disponível na água;- O esterco deverá ser usado com moderação, pois poderá diminuir os níveis deoxigênio;

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- Ao afundarmos um objeto claro na água, ele deverá desaparecer entre 15 cm e 30cm de profundidade. Isso demonstra que existe matéria orgânica dissolvida notanque;- O uso de ração balanceada aumenta a higiene do tanque e, conseqüentemente, aqualidade do peixe. Neste sistema, a densidade também poderá ser maior;- A ração granulada, atualmente, é a mais utilizada, porque se dissolve pouco naágua, não ocasionando perdas excessivas;

Divulgação

Conquistar a preferência dos clientes pelos seus produtos não é uma tarefa fácil, porisso, você deve traçar um plano para divulgar o estabelecimento e a marca de formaatraente e que desperte curiosidade nas pessoas.

Marketing é a técnica de criar, desenvolver e fixar a imagem de uma empresa junto aseus consumidores. Ele começa na escolha do nome da empresa e vai até ascampanhas publicitárias, passando pela decoração da loja e pela definição damelhor forma de atendimento ao público.

Componentes do marketing:- Nome - deve ser de fácil pronuncia e memorização. Estar associado ao nome doempreendedor pode ser um bom negócio, pois personaliza e aproxima o seurelacionamento com os clientes;- Logomarca e Slogan - a logomarca é a apresentação visual do nome da suaempresa e deve promover uma associação imediata com o estabelecimento. Oslogan é o recado chamativo que acompanha a marca.- A divulgação - está presente em três fases distintas: a primeira é o lançamento damarca no mercado - a campanha publicitária de lançamento da sua empresa podeser feita através de distribuição de folder, convites por mala direta, outdoor, espaçospublicitários em rádio, TV, revistas e jornais. A segunda é a divulgação permanente -feita dia a dia, através da qualidade do produto vendido. É a que mantém os clientesassíduos. A terceira é a específica - direcionada para aqueles momentos especiais -uma promoção no dia dos pais, por exemplo.

Diversificação

Para alcançar o sucesso neste mercado é importante oferecer diferenciais. Procurarnovas formas de apresentar os produtos tornando-os mais atrativos que os doconcorrente. Incrementar as vendas, usando os meios de comunicação disponíveisno mercado, optando pela demanda no atacado, implementar sistemas de vendasdiversificados. Uma boa forma de diversificar seu leque de atuação é agregandovalor ao produto principal. Mas, como agregar valor ao peixe? Eis então algumasrespostas que podem ser válidas:* Além de cultivar, pode-se investir no abate e na produção do filé da tilápia. Umamaneira de agregar valor é abater e filetar o peixe.* A variedade pode estar na escolha da tecnologia que vai ser usada: extensiva,semi-intensiva, intensiva ou super-intensiva.* Outra medida eficaz, e que vem dando certo onde é praticada é a vendaantecipada. O grande segredo deste negócio é vender antes de criar.

Legislação

Os passos para registro de uma empresa agroindutrial

Veja também

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Os riscos da informalidade Qualidades do Empresário de Sucesso

Plano de Negócio

Sugerimos sua participação no Negócio Certo Sebrae

O Negócio Certo é um programa de Auto-Atendimento oferecido pelo SEBRAE gratuitamente, por meio digital ou material impresso, especialmente destinado as pessoas que buscam orientações práticas sobre planejamento, abertura e gestão de novos negócios.

Além da internet o Programa Negócio Certo Sebrae, disponibilizará as informações em:

- estações de auto-atendimento nos Pontos de Atendimento ao Cliente do Sebrae em Santa Catarina; - em CD Rom, - em material impresso que podem ser solicitados através do 0800-6430401

Eventos

O empreendedor deve estar sempre em contato com as entidades e associações para obter informações sobre os eventos que ocorrerão dentro da sua área (tipo, data, local de realização). Os eventos como feiras, roda de negócios, congressos, etc., são muito importantes para o empresário ficar por dentro das tendências de mercado, conhecer novos produtos e tecnologias, realizar parcerias e fazer bons negócios.

Onde pesquisar: União Brasileira de Feiras e Eventos: UBRAFE

Sites Interessantes

Pesquise o assunto também no site do -Serviço Brasileiro de Resposta Técnica- http://www.respostatecnica.org.br que é uma rede de informações via internet que fornece informações a empreendedores, micro, pequenas e médias empresas, de qualquer ponto do país. Para utilizar gratuitamente os serviços do SBRT, é necessário apenas cadastrar-se no portal.

Portal do SEBRAE Nacional - Idéias de Negócios

Biblioteca On-Line do SEBRAE - Não importa qual é o seu negócio, uma biblioteca você já tem.

- Datamaq - http://www.datamaq.org.br/sebrae/ - Os empresários poderão consultar mais de quatro mil indústrias, 43 setores, cinco mil máquinas e equipamentos, além de 291 instalações. É um excelente espaço para as micro e pequenas empresas que necessitam de informações sobre fabricantes de máquinas, especificações técnicas e sobre aplicação no processo produtivo.

Fornecedores

SNatural Meio Ambiente Ltda.Fones: (11) 5594 2012 / (11) 9649 2951E-mail: [email protected]://www.snatural.com.br

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Bass - Tecnologia em PisciculturaComércio eletrônico, equipamentos para piscicultura, carcinicultura, produtos comosoprador de ar, filtro, aquecedor, análise de água, termômetros, venda de peixes,mangueiras perfuradas.Estrada do Tijuco Preto, 4270 - Caixa Postal 190 - CEP. 18550-000 - Boituva / SPTel.: (15) 3263-1195 / (15) 9709-1158E-mail: [email protected]://www.basspiscicultura.com.br

Bernauer AquaculturaFabricação de equipamentos para a criação e manuseio de peixes e camarõesRod. BR 470, Km 59 - Blumenau/SC - CEP 89070-205Tel.: (47) 3334-0089 / Fax: (47) 3334-0090E-mail: [email protected]://www.beraqua.com.br

Engepesca LtdaProjetos e construção de redes para a aquacultura, pesca industrial e projetosespeciais. Também atua nas áreas de treinamento e consultoria.Rua Brusque, 460, Centro - Itajaí/SC - CEP: 88303-000Tel.: (47) 3344-6929 / (47) 3344-6997 / (47) 3344-0101 / Fax: (47) 3349-4025E-mail: [email protected]://engepesca.com.br

Maccaferri - Filial São PauloRua Amazonas da Silva, 16 - Vila Guilherme, São Paulo/SP - CEP. 02051-000Tel.: (11) 2905-3383 / Fax: (11) 2905-3210e-mail: [email protected]://www.maccaferri.com.br

Sulpesca Aquicultura Ltda.Equipamentos para pesca e aqüiculturaAv. Ministro Cirne Lima, 2500 - Jardim Coopagro. Toledo/PRCEP: 85903-590Tel./fax: (45) 3252-7680 / (45) 3252-8578http://www.sulpesca.com.br

Trevisan - Equipamentos AgroindustriaisPiscicultura, peixes, aeradores, equipamentos agroindustriais, tanques de aeração,oxigenação, carcinicultura, alevinagem, reprodução pesqueira e larvicultura.Av. Independência, 2168. Palotina/PR - CEP. 85.590-000Tel.: (44) 3649-1754www.trevisanequipamentos.com.br

Sites de interesse

http:// www.cnpma.embrapa.br - Embrapa - Meio Ambientehttp:// www.snatural.com.br - SNatural Meio Ambientehttp://enciclopesca.vilabol.uol.com.br - Encliclopesca Brasilhttp:// www.panoramadaaquicultura.com.br - Revista Panorama da Aqüiculturahttp://abracoa.cjb.net - Associação Brasileira dos Criadores de OrganismosAquáticos

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http://www.sebrae-sc.com.br/ideais/default.asp?vcdtexto=5397&%5E%5E

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PRODUTIVIDADE E ECONOMICIDADE DA TILAPICULTURAEM TANQUES-REDE EM DIFERENTES DENSIDADES