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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: PROBLEMA OU DESAFIO PARA A PRÁTICA DOCENTE? MICHELE ZAUPA JANUCCI FABIANA CORREIA DA SILVA

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Page 1: Apresentação DA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL:

PROBLEMA OU DESAFIO PARA A PRÁTICA DOCENTE?

MICHELE ZAUPA JANUCCI

FABIANA CORREIA DA SILVA

Page 2: Apresentação DA

FRACASSO ESCOLAR

•CULTURA E “SUBCULTURA”

CULTURAS

Page 3: Apresentação DA

EXPLICAÇÕES PARA O

FRACASSO•IDEOLOGIA DO DOM

•IDEOLOGIA DA DEFICIÊNCIA CULTURAL

FATALISMO

Page 4: Apresentação DA

Possíveis DEFINIÇÕES para “DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM”

Em resumo, as teorias das dificuldades de aprendizagem são controversas, conceitualmente

confusas e raramente apresentam dados de aplicação educacional imediata. Mesmo com uma grande

panorâmica e com um grande potencial de investigações as teorias das DA, continuam a ser

muito complexas e muito pouco consistentes (FONSECA, 1995, p. 57 e 58).

Page 5: Apresentação DA

Possíveis DEFINIÇÕES para “DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM

•MÉDICOS;•PSICÓLOGOS;

•FONOAUDIÓLOGOS•EDUCACIONAL

Page 6: Apresentação DA

A MEDICALIZAÇÃO DO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM

•BIOLOGIZAÇÃO – PATOLOGIZAÇÃO

•PRECONCEITOS

•PROFECIAS AUTO-REALIZADORAS

•PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E EXCLUSÃO

Page 7: Apresentação DA

PESQUISANDO A REALIDADE: UMA

DISCUSSÃO SOBRE O FRACASSO ESCOLAR•Entrevistas – Profª da 1ª série

– Profª da 2ª série

A presente investigação não foi realizada com intuito de apontar culpados, mas seu principal objetivo foi discutir o que realmente está sendo vivenciado na escola, pois talvez nunca se encontre um único

culpado, mas a vítima dessa situação sempre será a criança com dificuldades de aprendizagem e esse fato não pode mais ser aceito em

nossa sociedade.

Page 8: Apresentação DA

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

•Há quanto tempo você exerce a função docente?•Neste período, você sempre trabalhou com crianças com dificuldades de aprendizagem?•Você acha que é possível reconhecer logo no início do ano o aluno que não vai aprender?•Quais são as dificuldades mais freqüentes?•Na sua opinião, qual a principal causa das dificuldades de aprendizagem? (aluno, família, sistema, professor etc).•Você acredita que o fator sócio econômico baixo gera fracasso escolar?•Você acha que a desnutrição está diretamente ligada ao fato da criança não aprender?•E quanto à imaturidade, você acredita que esse é um fator existente na educação e determinante de fracasso escolar?•Quanto ao sistema escolar, você acha que ele contribui para o fracasso dos alunos?•Como educadora, o que você tem feito para sanar as dificuldades de aprendizagem em sua sala?

Page 9: Apresentação DA

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E A REALIDADE ESCOLAR

•Na sua carreira docente, você sempre trabalhou com crianças com dificuldades de aprendizagem?

“Sempre existiu, sempre. Só acho que agora está aumentando, porque nunca fiz tanto laudo de criança, como eu estou fazendo esse ano” (Profª da 2ª série).

“Sempre existiu. Sempre trabalhei com crianças que por algum motivo não conseguem aprender. Só que eu acho que está aumentando. Antigamente não era tanto. Agora, não sei, por diversos fatores as salas estão com mais crianças com dificuldades, até mesmo devido à inclusão, que está intensa” (Profª da 1ª série).

Page 10: Apresentação DA

•Você acha que é possível reconhecer logo no início do ano o aluno que não vai aprender?

“Logo no começo. Porque a criança que é esperta, tudo que você dá, ela pega. Ai tem criança, coitadinha, que logo no começo do ano, da até dó (...) todo mundo fala, esse não vai bem” (Profª da 2ª série).

“Eu acho que você sabe já no inicio do ano os alunos que tem mais dificuldade, e ai é que está a questão. Eu não entendo isso, se o professor faz o diagnóstico e sabe que o aluno está com dificuldade, tem que trabalhar isso. Porque deixar o barco andar desse jeito e chegar no final do ano e constatar aquilo que no início já sabia, é incompetência do docente” (Profª da 1ª série).

Page 11: Apresentação DA

•Quais são as dificuldades mais freqüentes?

“(...)a dificuldade mais freqüente é a falta de atenção, sendo este fator para ela um obstáculo na aprendizagem e um desafio para o educador, que tem que criar estratégias de superação para esse problema (Profª da 1ª série).

Para a professora da 2ª série as dificuldades mais freqüentes estão relacionadas com problemas de saúde:

“Não foi diagnosticado nada, não sei se é o caso de mudar o médico, fazer outros exames. Mas ela não para na carteira então isso atrapalha a aprendizagem dela” (Profª da 2ª série).

Page 12: Apresentação DA

•Na sua opinião, qual a principal causa das dificuldades de aprendizagem?

Quanto a essa questão a professora da 1ª série colocou que para ela são várias as causas e que depende muito do caso de cada criança. (...) podem ser causadas por problemas neurológicos, psicológicos e até mesmo como o professor ensina (metodologia).

Na opinião da professora da 2ª série a principal causa das dificuldades de aprendizagem está centrada na família:

“As crianças que dão mais trabalho são aquelas que a mãe é separada (...) a gente escuta muito isso das outras professoras também (...) Tem uma classe que a turma inteira a mãe é separada, e é a classe que dá mais problema (...) É problema familiar porque eu estou sentindo assim, o pai tem outra mulher, a mãe tem outro namorado, cada irmão é de um pai. Isso eu estou vendo aumentar bastante, e influencia” (Profª da 2ª série).

Page 13: Apresentação DA

•Você acredita que o fator sócio econômico baixo gera fracasso escolar?

As duas professoras responderam não acreditar que a pobreza inviabiliza o aprender, mas o discurso apresentado por uma delas, revelou uma contradição ao referir-se às questões como desnutrição e agressividade como sendo produtos da periferia, ou seja, essas causas estão atreladas a condição financeira.

Page 14: Apresentação DA

•Você acha que a desnutrição está diretamente ligada ao fato da criança não aprender?

Diante dessa questão foi possível perceber que nenhuma professora possui conhecimento sobre o assunto, mas uma delas, mostrou-se bastante confiante em dizer que a desnutrição influencia na aprendizagem, ao ouvir relatos de outras professoras em reuniões de âmbito municipal.

Page 15: Apresentação DA

•E quanto à imaturidade, você acredita que esse é um fator existente na educação e determinante de fracasso escolar?

“Eu acho que influencia e como. Tem aluno que dá um pouco de trabalho” (Profª da 2 série).“Às vezes a criança não tem muito interesse em fazer as coisas, quer brincar, é difícil” (Profª da 1ª série).

Para Collares & Moysés (1996) dizer que uma criança é imatura, significa muitas vezes dizer que o que a escola pode fazer é esperar a criança

acordar, amadurecer, ficar pronta.

Page 16: Apresentação DA

•Quanto ao sistema escolar, você acha que ele contribui para o fracasso dos alunos?

“O professor era obrigado a reprovar e muitos alunos que tinham dificuldade acabava sendo considerado fracassado, repetente etc. Hoje nos trabalhamos em ciclos, eu acho que melhorou esse fato” (Profª da 1ª série).

Na opinião da professora da 2ª série, o sistema não gera o fracasso, mas colocou a sua indignação quanto à utilização do construtivismo, alegando que esse método incentiva o professor a deixar o aluno fazer errado etc.

Page 17: Apresentação DA

•Como educadora, o que você tem feito para sanar as dificuldades de aprendizagem em sua sala?

A professora da 2ª série colocou que o reforço é o instrumento utilizado por ela.- Hoje é dia de reforço? - Não, é de segunda e terça. Hoje é dia de preparo de materiais, mas eu não preparo aqui, eu faço em casa, porque agora eu to com fome, cansada... (Profª da 2ª série).- Mas então, e no caso das crianças, o reforço esse horário também não atrapalha, por elas estarem com fome, cansadas de cinco horas de aula?-É, mas não tem outro horário, porque se eles forem embora, não voltam mais. Então, eu preparo o material em casa (...) (Profª da 2ª série).

(...) Acho que é muito fácil trabalhar com as crianças que aprendem rápido, mas aquelas que não aprendem tem que ter atenção especial. Por exemplo, você tem um aluno com problema, vai pesquisar como ajudá-lo. Primeiro o professor tem que ser profissional e saber que ele está ali para ensinar e se o aluno não aprende, também é problema seu (...)” (Profª da 1ª série).

Page 18: Apresentação DA

Os diferentes olhares sobre a questão da Educação Continuada

“(...) antigamente você dava a sua aula, não tinha tanto curso, tanta reunião, tanta coisa, então eles tiram você da sala de aula (...) tem que ficar fazendo curso (...) na maioria das vezes não tem nada” (Profª da 2ª série).

“(...) hoje também, a gente tem muito curso, e eu vou em todos, e procuro ler para ficar por dentro e tentar melhorar meu trabalho” (Profª da 1ª série).

Page 19: Apresentação DA

Algumas sugestões para superação do fracasso escolar

•ESTRATÉGIAS E ATITUDES ADEQUADAS

• JOGOS EDUCATIVOS:

auto-descoberta

assimilação

interação com o mundo

formação de atitudes fundamentais, tais como o respeito, a solidariedade, e competências como disciplina, concentração, perseverança e flexibilidade

possibilitam a aquisição de experiências cognitivas relevantes

desenvolve competências, destreza, motivação, a autoconfiança e permite que o professor trabalhe uma proposta diferenciada, capaz de alcançar a todos

Page 20: Apresentação DA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

•Alguns professores consideram o aluno com DA como um problema na sala de aula.

•O primeiro passo para mudar a realidade do fracasso escolar é reconhecer que a pedagogia também fracassa.

•O estudo mostrou também que um dos principais problemas enfrentados pelos alunos com problemas na aprendizagem é o preconceito sofrido na sala de aula.

•Considerando-se que as crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de uma atenção especial e mais direcionada, a utilização de jogos e atividades lúdicas são instrumentos metodológicos muito importantes.

•A presente pesquisa demonstrou que o professor pode fazer a diferença.

Page 21: Apresentação DA

(...) o que se espera da escola é que seus planos se definam por uma educação para a cidadania global, plena, livre de

preconceitos e que se dispõe a reconhecer as diferenças, a interdependência, a complementaridade entre as pessoas

(MANTOAN, 2002 apud SARAVALLI, 2005, p. 103).

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