apostila educação cristã 1

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO “REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO” “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” Cl 1:28 EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ CRISTÃ CRISTÃ CRISTÃ GILDÁSIO JESUS B. DOS REIS 2006 Copyright @ 2006 Gildásio Jesus Barbosa dos Reis. Proibida a Reprodução sem a autorização por escrito do autor

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  • SEMINRIO PRESBITERIANO REV. JOS MANOEL DA CONCEIO

    O qual ns anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo Cl 1:28

    EDUCAOEDUCAOEDUCAOEDUCAO CRISTCRISTCRISTCRIST

    GILDSIO JESUS B. DOS REIS 2006

    Copyright @ 2006 Gildsio Jesus Barbosa dos Reis. Proibida a Reproduo sem a autorizao

    por escrito do autor

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    FUNDAMENTOS TEOLGICOS PARA UMA EDUCAO CRIST REFORMADA

    Rev. Gildsio Reis

    VVVVivemos em uma poca de diversidade de conceitos, ideologias e paradigmas, fruto de um ambiente pluralista. Diversidade esta que se faz presente em todos os segmentos da sociedade. Na educao no diferente. Penso que desejo de todo lder cristo oferecer a sua igreja uma educao que seja eficaz, mas tambm bblica. Sendo assim, para no cair na armadilha das muitas filosofias ps-modernas, precisamos estabelecer alguns pressupostos para a educao crist.

    1. O QUE EDUCAO (CRIST)? Antes de vermos o que educao crist, precisamos primeiramente ver o que educao. A educadora Maria Lcia Aranha nos d uma definio, escreveu ela:

    A educao um conceito genrico, mais amplo, que supe o desenvolvimento integral do ser humano, quer seja da sua capacidade fsica, intelectual e moral, visando no s a formao de habilidades, mas tambm do carter e personalidade social.1

    Este tem sido um conceito de educao quase que universalmente aceito; ou seja, a educao, pelo menos em tese, visa tambm desenvolver o carter do ser humano. Tendo isso em mente, podemos dizer que a educao crist tambm se prope a desenvolver o ser humano de maneira integral, em suas habilidades e carter. No entanto, trata-se de um processo distinto daquela educao, pois a educao crist assim adjetivada, em razo de ter seus fundamentos e princpios baseados nos ensinamentos das Escrituras Sagradas.

    Algumas definies de Educao Crist:

    Educao Crist um processo de educao e aprendizado sustentado pelo Esprito Santo e baseado nas Escrituras. Procura guiar indivduos a todos os nveis de crescimento atravs de mtodos do ensino em direo ao conhecimento e vivncia do plano e propsito divinos mediante Cristo em todos os aspectos da vida. Tambm equipa as pessoas para o ministrio efetivo com uma nfase geral em Cristo como Mestre Educador por excelncia e seus mandamentos de fazer e treinar discpulos.2

    A Educao Crist o processo Cristocntrico, baseado na Bblia e relacionado com o estudante, para comunicar a Palavra de Deus atravs do poder do Esprito Santo com o propsito de levar outros a Cristo e edific-los em Cristo.3

    A Educao Crist o esforo divino-humano deliberado, sistemtico e contnuo de comunicar ou apropriar-se do conhecimento, valores, atitudes, habilidades, sensibilidades

    1 ARANHA, Maria Lcia de Arruda. Filosofia da Educao.So Paulo, SP: Ed. Moderna. 1989. p.49

    2 Werner Graendorf, citado por Pazmino in: Cuestiones Fundamentais de la educacin Cristiana, Dadeland,

    Miami: Editorial Caribe. 1995. p. 96 3 PAZMINO, Roberto. Op Cit., p. 96

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    e o comportamento que constituem ou so consistentes com a f crist. Apia a transformao e a renovao de pessoas, grupos e estruturas pelo poder do Esprito Santo para conformar-se vontade de Deus, tal como expressa do Velho e Novo Testamentos e preponderantemente na pessoa de Jesus Cristo.4

    Educao Crist um processo que ocorre tanto informalmente como atravs de uma srie de eventos planejada, sistemtica e contnua, objetivando levar o crente conformar-se imagem de Cristo (maturidade), tendo como base autoritativa as Escrituras Sagradas e sustentada pelo Esprito Santo, visando a glria de Deus.5

    Desdobrando esta ltima definio temos sete distintivos teolgicos importantes:

    1.1. Educao Crist um processo

    Devemos ver a educao crist como um processo de desenvolvimento do ser humano. Por processo entendemos uma ao progressiva que ocorre atravs de uma srie de atos e eventos que produzem mudanas, e no importa se so rpidas ou lentas,6 desde que conduza a um progresso, a uma melhora. (Cl 3:9,10 santificao progressiva)

    Jos Abraham tambm v a educao crist como um processo. Diz ele que a educao :

    O processo atravs do qual a comunidade de f se conscientiza e se transforma, luz de sua relao com Deus em Jesus como o Cristo, que o chama a viver em amor, paz e justia consigo mesmo, com seu prximo e com o mundo, em obedincia ao Reino de Deus.7

    Ele continua explicando a razo em se ver Educao Crist como um processo, usando a natureza como ilustrao:

    Uma forma de entender isto observar os processos da natureza, como por exemplo, uma semente. A semente tem a potencialidade de se transformar em uma rvore de onde se colha os frutos, porm, isto no ocorre instantaneamente. Ela requer que a semente seja plantada em um lugar onde h terra e gua. Atravs do tempo e das diferentes mudanas que vo ocorrendo nela, germinar e comear seu processo de crescimento e em um dia nos dar os seus frutos. E tudo isso tomar tempo, em alguns casos mais do que outros.8

    A educao crist entendida como um processo vai nos ajudar a planejar uma srie de passos sistemticos para que, aplicados e luz das Escrituras Sagradas, possamos promover mudanas e crescimento. E no devemos esquecer, que este processo altamente pessoal e individualizado. Isto porque, cada um de ns recebeu uma educao ou formao diferente

    4 Idem Ibidem., p. 97

    5 REIS, Gildasio. Apostila Fundamentos Teolgicos e Filosficos da Educao Crist. JMC. 2004

    6 A. Hoekema definindo a santificao progressiva, ensina que este processo de crescimento varia de pessoa

    para pessoa e em graus diferentes ( Veja o captulo 12 de Salvos pela Graa, pp. 199-239 ) 7 JESS, Jos Abraham. En Busca de una Definicin de educacin Cristiana., in:

    http://www.receduc.com/educacioncristiana/defincn.html ( capturado em 12/08/04) 8 Idem

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    da dos outros, e cada um tambm se encontra numa fase de desenvolvimento espiritual. Educao crist um processo, e este no igual para todos.

    2. Educao Crist ocorre informalmente (Piedade pessoal do educador)

    Educao informal aquela realizada no intencionalmente (ou, pelo menos, sem a inteno de educar). Freqentemente, o exemplo de um lder cristo mais educacional do que os contedos que ele ensina, pois seus alunos podem aprender mais contedos valiosos em decorrncia da observao de suas atitudes e de seu comportamento do que em conseqncia de seu ensino (Mt 5:19).

    Um exemplo desta educao informal pode ser visto quando pais freqentemente, procuram educar seus filhos, e em grande parte das vezes tentam faz-lo atravs do ensino (via de regra verbal). As atitudes, o comportamento dos pais, porm, podem ensejar a aprendizagem e compreenso de contedos bblicos, sem que os pais tenham a inteno de que seus filhos aprendam alguma coisa em decorrncia da maneira pela qual se comportam. E assim por diante.

    Para Timteo no ser desprezado em seu trabalho na Igreja de feso, Paulo orienta-o a ser um modelo, no grego tipos (pio,)9 para seus ouvintes. Entre outras coisas, Timteo deveria ser padro na conduta (Cf. I Tm 4:12). Ele j havia sido orientado a respeito da necessidade de os presbteros e diconos serem irrepreensveis (cf. I Tm 3:2,8). Mas uma conduta irrepreensvel tambm era exigida dele. No obstante Timteo ser muito jovem, precisava conquistar o respeito de seus ouvintes atravs de um comportamento exemplar. Isto porque a influncia do testemunho do pregador sobre a aceitao do sermo requer que nossa vida esteja posta sob o domnio da Escritura10.

    Entende-se por conduta o modo de vida, maneira de tratar as pessoas, nos costumes, hbitos, vida no trabalho, relacionamento familiar, modo de lidar com as finanas, etc.11 Timteo deveria manifestar uma conduta educadora que manifestasse a vida de Cristo. Uma conduta que estivesse acima da reprovao. A conduta um reflexo do carter, o qual nutrido e alimentado num relacionamento crescente, submisso e comprometido com Cristo.12

    O educador cristo vai ensinar muito com sua vida, desde que ela esteja em harmonia com as Escrituras.

    9 Das 14 ocorrncias do substantivo tipos no N.T., metade faz referncia exemplificao. Cf. O Exemplo

    por George J. Zemek in: Redescobrindo o Ministrio Pastoral, Rio de Janeiro, RJ: CPAD. 1995. pp.294-313 (Cf. tambm em HOHLENBERGER III, John R. ., Edward W. Goodrick e James A. Swanson. The Exhaustive Concordance To The Greeck New Testament. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House. 1995) 10

    CHAPELL, Bryan. Pregao Cristocntrica. So Paulo, SP: Ed. Cultura Crist. 2002. p. 29 11

    HENDRIKSEN, William. Comentrio do Novo Testamento 1 Timteo, 2 Timteo e Tito. So Paulo, SP: Editora Cultura Crist. 2001. p. 199 12

    STOWELL, Joseph M. Pastoreando a Igreja. So Paulo, SP: Ed. Vida . 2000. p. 174

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    Paulo, em duas passagens em sua carta aos Filipenses, nos convida a olhar para a sua vida e imitar o seu comportamento: Irmos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em ns (Fl 3:17) e O que tambm aprendestes, e recebestes e vistes em mim, isso praticai (Fl 4:9). Perry Dows chama a isto de aprendizado por observao e afirma que a imitao dos modelos um conceito bblico para conduzir o povo maturidade.13

    1.3 Educao Crist um processo planejado, sistemtico e contnuo

    A educao formal aquela realizada e organizada com o objetivo de educar. Exige-se um planejamento de temas, com horrios determinados e uma srie de eventos e atividades de ensino elaboradas sistematicamente com a inteno clara de educar. Os alunos sabem exatamente quando a educao comea e quando termina.

    Muitas igrejas possuem um departamento educacional interno denominado de Comisso de Educao Crist ou Religiosa. Seu objetivo formular um programa unificado de educao, onde objetivos so fixados e uma srie de esforos so programados e organizados para a eficcia do ensino. A Educao sistemtica e contnua exige, portanto, um bom programa de educao crist, e este normalmente apresenta os seguintes aspectos:

    a) Um estudo cuidadoso das necessidades da igreja local, quais os pontos fortes e fracos, qual rea necessita de um investimento mais emergente; b) O contedo bblico a ser estudado adequado s atuais necessidades. Pois no suficiente estudar a Bblia, mas que o tema adotado seja relevante para a vida da igreja; c) Tem objetivos claramente fixados, ou seja, sabe-se onde pretende chegar; d) Tem um programa de recrutamento, treinamento e capacitao de lderes e professores; e) Reunies peridicas para avaliao do que foi realizado at ento, com possibilidade de remanejamento.

    1.4. Educao Crist tem como objetivo levar o crente maturidade

    Para alguns, maturidade espiritual significa conhecer a Bblia. Quanto mais uma pessoa conhece a Bblia, mais espiritual ele ou ela . Para outros, maturidade espiritual significa a habilidade de louvar e adorar. Se as pessoas valorizam e amam o louvor Deus, elas podem ser consideradas maduras. E ainda para outros, maturidade piedade. O mais profundo que algum ande com Deus, mais maduro aquela pessoa . Para outros, maturidade significa ao social. Maturidade espiritual estar envolvido com o povre e oprimido, aliviando seus problemas. E outros dizem que maturidade significa ganhar almas. A pessoa verdadeiramente espiritual ser um evangelista pessoal. E para outros, maturidade significa experimentar a totalidade do Esprito Santo e exercitar os dons do Esprito de maneiras espetaculares.

    13 DOWS, Perry G. Introduo Educao Crist Ensino e Crescimento. So Paulo, SP: Editora Cultura

    Crist. 2001. p. 194

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    A Bblia usa uma variedade de termos e metforas para descrever maturidade espiritual. Tais termos como provado (2 Co 9.13), maduro (Ef 4.13), santo (1 Ts 4.3), e completo (Tg 1.4) referem-se ao conceito de maturidade espiritual. Metforas tais como Cristo habitando nos crentes (Ef 3.17), permanecendo em Cristo (Jo 15.5), e crentes andando como Jesus andou (1 Jo 2.6) tambm descrevem o conceito de maturidade. Mas nenhuma definio nica e simples oferecida. Portanto uma definio teolgica dever ser estabelecida para trazer a profundidade do dado bblico para ser significativa

    Paulo em Cl 1:28 diz: o qual ns anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.

    Note bem que Paulo diz que ensinava com uma finalidade: apresentar todo homem perfeito em Cristo. Obviamente que perfeito aqui no significa ausncia de pecados, mas maturidade espiritual. O que queremos dizer por maturidade crist o processo de santificao, o caminho progressivo para a conformidade imagem de Cristo no crente. A imagem original, desfigurada com a Queda (Gn 1:26-27), porm agora renovada em Cristo quando da converso (Cl 1:15; Rm 8:29; I Jo 3:2, II Co 9:18). Sabemos que a converso apenas d incio a uma nova vida, mas, ao nascer o novo crente inicia uma longa caminhada na espiritualidade, a qual necessitar de uma educao e que seja crist, a fim de proporcionar-lhe crescimento na f, e assim, torn-lo perfeito em Cristo, ou seja, um crente maduro. Esta maturidade crist (santificao progressiva) pode ser vista em passagens como Cl 3:9,10, onde o apstolo Paulo lembra a seus ouvintes de que eles se despiram do velho homem e se revestiram do novo. Este novo homem descrito como aquele que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (v.10). A palavra grega avnakainou,menonavnakainou,menonavnakainou,menonavnakainou,menon (anakainoumenon ) traduzida por que se refaz ou que est sendo refeito, um particpio e encontra-se no tempo presente. Com isto o significado pretendido pelo autor uma renovao que perdura por toda a vida do crente.14 Um crente maduro aquele que est crescendo progressivamente e continuamente sendo transformado imagem de Cristo, e sob a obra graciosa do Esprito Santo, ele prossegue mortificando as prticas pecaminosas a que era inclinado. (cf. 2 Co 3:18; Cl 3:3; Rm 6:6; 8:13; Ef 4:22-24)15

    1.5. Educao Crist deve se fundamentar nas Escrituras Sagradas

    Calvino dizia que para algum chegar a Deus, o Criador, necessrio que tenha a Escritura por guia e mestra.16 O verdadeiro conhecimento de Deus est na Bblia. Isto porque, a Escritura a nica regra inerrante de f e prtica da vida da igreja.

    14 Robertson, Archibald Thomas. Word Pictures In The New Testament. Grand Rapids, Michigan: Backer

    Book House. 1931 15

    HOEKEMA, Antony. Salvos Pela Graa A Doutrina Bblica da Salvao. So Paulo, SP: Cultura Crist. 1997. p. 214 16

    CALVINO, Joo. Institucin de la Religin Cristiana. Apartado, Paises Bajos: Felire. 1986. I, 6

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    Devemos proclamar a palavra como medida nica daquilo que justo e verdadeiro, e o evangelho como a nica proclamao da verdade salvadora. A verdade bblica indispensvel para a educao crist na Igreja. Alis, sem a Escritura no existe educao crist. Todo o processo educativo da igreja deve estar fundamentado na palavra, e s quando ela estiver sendo estudada e crida como nosso guia e mestra, que cresceremos em direo a estatura de Cristo. Creio que uma educao que nos leva em direo maturidade espiritual no pode prescindir do conhecimento das Escrituras

    Argumentando sobre a importncia da Palavra na educao crist, Perry Dows faz a seguinte observao:

    Porque a verdade que santifica e liberta, e porque a Palavra de Deus a verdade, uma educao eficaz deve ensinar a Palavra de Deus. A interao com a Escritura essencial para a sade espiritual da congregao e sem ela o crescimento espiritual impossvel17

    fato que vivemos dias confusos, e uma significativa parcela do evangelicalismo moderno est vivenciando uma crise doutrinria e teolgica. Num cenrio em que tantas opinies pessoais querem ter a primazia, preciso reportar-se s Escrituras que sempre tem a palavra final em qualquer questo. A Confisso de F de Westminster assim se expressa:

    O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvrsias religiosas tm de ser determinadas, e por quem sero examinados todos os decretos de conclios, todas as opinies dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opinies particulares; o Juiz Supremo, em cuja sentena nos devemos firmar, no pode ser outro seno o Esprito Santo falando na Escritura.18

    Um dos pressupostos da Hermenutica Reformada a crena na inspirao e autoridade das Escrituras. Paulo afirma que toda a Escritura inspirada por Deus (2Tm 3.16,17). Toda a Escritura, portanto, o sopro de Deus; a prpria vida e Palavra de Deus. Isto significa dizer que as Escrituras por serem divinamente inspiradas, no contm erros; sendo absolutamente inerrantes, verdicas em todas as suas afirmativas e, portanto, autoritativas quanto a todos os assuntos sobre os quais faz seguras afirmaes. Esta verdade permanece inabalvel em tudo o que ela diz sobre a salvao, valores ticos e da moral, bem como tudo aquilo que acontece na histria e no mundo (cf. 2Pe 1.20,21; note tambm a atitude do salmista para com as Escrituras no Sl 119).

    A Confisso de F de Westminster declara a autoridade da Escritura:

    A autoridade da Escritura Sagrada, razo pela qual deve ser crida e obedecida, no depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque a palavra de Deus. (Ref. II Tim. 3:16; I Joo 5:9, I Tess. 2:13.) 19

    17 Downs, Op Cit., p. 164

    18 Confisso de F de Westminster. Cap. I, pargrafo X

    19 Confisso de F de Westminster, Cap. I, pargrafo IV

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    Uma educao crist reformada prima pela relevncia e indispensabilidade da Palavra de Deus. Em dias confusos como os nossos, temos que nos voltar para o Sola Scriptura e resgatar nossa confiana no seu ensino, a nica que mediante o seu poder capaz de transformar vidas.

    1.6. Educao Crist sustentada pelo Esprito Santo

    Falando da inspirao das Escrituras, Pedro afirma que "Homens santos falaram ao serem movidos pelo Esprito Santo" (2 Pe 1.21). Assim, cremos que as Escrituras so o produto do Esprito Santo, que no apenas no-las d, mas tambm nos capacita a entend-las, iluminando as nossas mentes e aplicando a verdade de Deus no corao da Igreja. (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13)

    Vemos a importncia do Esprito Santo na educao no seguinte texto da nossa confisso de F:

    Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreo pela Escritura Sagrada; a suprema excelncia do seu contedo, a eficcia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que dar a Deus toda a glria), a plena revelao que faz do nico meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelncias incomparveis e completa perfeio so argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a Palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuaso e certeza da sua infalvel verdade e divina autoridade provm da operao interna do Esprito Santo que, pela Palavra e com a Palavra, testifica em nossos coraes.20

    Cremos que Deus o autor supremo das Escrituras, e estas nos foram dadas para nos guiar e nos fazer ver a vontade de Deus para as nossas vidas. Cremos tambm que apenas o Esprito Santo pode nos fazer compreender a mente de Deus nas Escrituras. Portanto, devemos ter como pressuposto que ningum pode prescindir do Esprito de Deus, caso contrrio, seremos incapazes de conhecer o que Deus quer para ns.21

    Em crculos reformados, h uma ao trplice do Esprito em relao Escritura. Primeiramente, ele inspirou os autores sagrados, colocando em seus coraes aquilo que deveria ser registrado; em segundo lugar, tem preservado22 de distores a sua Palavra pura atravs dos sculos; e em terceiro lugar, ele age sobre os ministros e ouvintes, iluminando suas mentes para que compreendam corretamente o significado dos textos, e sua aplicao para a edificao do povo de Deus.

    20 Idem., cap. I, pargrafo V (grifo nosso )

    21 SILVA, Moiss. A Funo do Esprito Santo na Interpretao da Bblia, Fides Reformata vol II- Nmero

    2 (Julho-Dezembro 1997). p.91 22

    Falando sobre a preservao das Escrituras, Paulo Anglada a define da seguinte forma: O texto bblico, revelado e inspirado por Deus para garantir seu fiel registro nas Escrituras, foi cuidadosamente preservado por Ele no decorrer dos sculos, de modo a garantir que aquilo que foi revelado e inspirado continue disponvel a todas as geraes subseqentes cf. Sola Scriptura A Doutrina Reformada das Escrituras. Ed. Puritanos. P. 163,164

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    A Confisso de F fala sobre o Testemunho Interno do Esprito Santo, e sobre isso B.B. Warfield afirma:

    O Testemunho Interno do Esprito Santo um ato sobrenatural do Esprito por meio da Palavra de Deus atentamente lida e ouvida, pela qual o corao do homem movido, aberto, iluminado, voltado para a obedincia da f, de tal forma que o homem iluminado, verdadeiramente percebe a Palavra que proposta a ele, como tendo procedido de Deus, e d a ela, portanto, uma aprovao inabalvel.23

    Como educadores reformados devemos ensinar a necessidade deste testemunho interno do Esprito, mesmo porque, sabemos que a razo no suficiente para nos convencer de que a Bblia a Palavra de Deus, em razo de nosso intelecto ter sido afetado pela queda, e por isso que Calvino diz que o testemunho do Esprito mais excelente do que toda a razo.24

    Nas Institutas, Calvino assevera que:

    Aqueles a quem o Esprito Santo tem ensinado interiormente verdadeiramente descansam sobre a Escritura, e que a Escritura de fato auto-autenticada. Portanto, no correto sujeit-la prova do raciocnio. E a certeza de que ela merece confiana vem do Esprito Santo. Mesmo que ela ganhe reverncia por si mesma, pela sua prpria majestade, ela nos afeta seriamente somente atravs do Esprito Santo.25

    O que Calvino est afirmando que a Palavra s ser crida e obedecida como Palavra de Deus, quando confirmada pelo Testemunho interno operado pelo Esprito. (cf. I Co. 2:14 ; Atos 16:14 ; II CO. 4:3,4,6). Paulo diz que o homem natural, no regenerado, no tem condies de compreender a Bblia. Ele no tem capacidade para isto, e necessita portanto, que o Esprito Santo lhe abra os olhos para que ele venha deslumbrar as maravilhas da Lei do Senhor. Sl 119: 18:Desvenda os meus olhos para que eu veja as maravilhas da Tua Lei

    Desta forma, o educador cristo deve insistir que a iluminao do Esprito Santo necessria na interpretao, compreenso e aplicao das Escrituras.

    1.7. Educao Crist visa a Glria de Deus.

    Quais sos os objetivos finais do processo de educao crist? Qual o ponto principal do ensino bblico? Por que nos gastamos tempo, esforos e energia no processo educacional dentro da igreja?

    O Catecismo Maior de Westminster em resposta a pergunta 1 diz: O fim supremo e principal do homem glorificar a Deus e goz-lo plena e eternamente26 Existem muitas passagens bblicas que sustentam esta proposio27. Se concordarmos que este nosso

    23 Citado por Benjamim Warfield. Calvin and Calvinism p. 77

    24 CALVINO. Institucin de la Religin Cristiana. Livro I, VII. 6

    25 CALVINO. Op Cit., I, VII.5

    26 Catecismo Maior de Westminster. So Paulo, SP: Editora Cultura Crist.

    27 Apenas para citar algumas: Rm 11:36; I Co 10:31; Sl 73:24-26; Joo 17:22-24

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    objetivo ltimo na educao crist, ento isso ir mudar a forma como ensinamos as Escrituras. Iremos ensinar no apenas para que os membros em nossas igrejas aprendam o contedo bblico, mas tambm para que eles venham a ter uma relao com o Autor da Bblia. Ns no iremos apenas ensinar para que aprendam mais sobre Deus, mas para crescerem em sua relao com Deus.

    Jesus Cristo disse a seu Pai na orao sacerdotal: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer. Ns glorificamos a Deus com a educao crist, fazendo aquilo que ele nos confiaste para fazer: levar os crentes maturidade em Jesus Cristo. Isto glorifica a Deus. Entendemos que o fim ltimo da Educao Crist atender ao chamado de Deus para sermos educadores, e assim colaborando em Seu projeto que o de transformar os homens renovando-os Imagem de Cristo. A Educao da alma a alma da educao.

    Portanto, o processo de educar (edu cere = trazer para fora) o povo de Deus, fazendo-o crescer no conhecimento e na graa do Senhor Jesus, , com toda certeza, algo que glorifica a Deus.28

    H 3 questes que talvez precise de uma esclarecimento melhor:

    1) O que significa glorificar a Deus?

    Calvino disse que a glria de Deus quando sabemos o que ele 29. Isto significa dizer, que reconhecemos quem Deus e, assim, o valorizamos acima de todas as outras coisas (I Co 10;31). Calvino novamente enftico: No busquemos nossos prprios interesses, mas antes aquilo que compraz ao Senhor e contribui para promover sua gloria30

    bvio que glorificar a Deus no significa torn-lo mais glorioso, pois Deus tem glria intrnseca sua prpria natureza (cf. Is 6:3). Sua glria no algo que lhe foi dada, mas esta lhe pertence em virtude daquilo que ele . Mesmo que ningum viesse a dar glria a ele, ainda assim ele continuaria sendo glorioso, pois tal glria uma combinao de todos os seus atributos.

    2) Por que devemos glorificar a Deus?

    2.1. Devemos glorificar a Deus porque ele o criador de todas as coisas. (Salmo 100; Sl 19:1; Is 43:20).

    O apstolo Joo escreveu: Tu s digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glria, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, e para o teu agrado que elas existem e

    28 KISTEMARKER, Simon. Comentrio do Novo Testamento I Corntios. So Paulo, SP: Editora Cultura

    Crist. 2004. p. 498 29

    Calvino, Joo. Citado por Leonard T. Van. Estudos no Breve Catecismo de Westminster. So Paulo,SP: Editora Os Puritanos. 2000 p.7 30

    Calvino, Joo. A Verdadeira Vida Crista. So Paulo, SP: Editora Novo Sculo, p.30

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    fora criadas (Ap. 4:11). Deus nos criou para a sua glria (Is 43:6,7); portanto, nossa obrigao viver com este objetivo (I Co 10:31). Nossa misso vem do desgnio de Deus.

    2.2. Devemos glorificar a Deus porque ele fez todas as coisas com esta finalidade.

    Deus no criou o mundo por causa de alguma necessidade existente nEle, visto no haver insuficincia em Deus. Mas Deus, em todo sua grandeza, sendo o todo-poderoso, criou o mundo para exibir as qualidades de sua majestade e assim manifestar a sua glria. (Sl 19:1-3; Rm 11:36; Is 43:7)

    3.) Como podemos glorificar a Deus?

    1) Glorificamos a Deus, crendo nele. Fl 2:9-11 2) Glorificamos a Deus, colocando-o em primeiro lugar em nossa vida.(I Co10:31). 3) Glorificamos a Deus, fazendo a sua vontade (Joo12:27,28; Mt 26:39,42; Mc 14:36; Lc 22:42) 4) Glorificamos a Deus, quando confiamos e descansamos nele. (Fl 4:11,12 ; 2Co 1:30) 5) Glorificamos a Deus, quando testemunhamos dele. (2 Ts 3:1; At 13:48)

    II. DISTINTIVOS TEOLGICOS DA EDUCAO CRIST REFORMADA

    Os educadores reformados pressupem quatro distintivos teolgicos que orientam sua viso educativa. Afirmamos que a filosofia educacional da Igreja transformar o Corpo de Cristo atravs de uma formao que seja: bblica, confessional, eclesial e contextual.

    1) Bblica porque entendemos que as Escrituras Sagradas constituem o alicerce que deve nortear todas as nossas atividades. A Bblia o manual, o livro texto do professor cristo e sem a Escritura no haver crescimento espiritual. De acordo com Paulo Toda a Escritura inspirada por Deus e til para o ensino, para a repreenso, para a correo, para a educao na justia, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra II Tm 3:16.

    2) Confessional: Valorizamos a historicidade da nossa f. Entendemos que os catecismos e a Confisso de F de Westminster so importantes para ns que vivemos no terceiro milnio. Isto porque no somos essencialmente diferentes dos crentes que viveram nos primeiros sculos da era crist.31 A importncia destes smbolos que eles nos ajudam dando o alicerce para uma teologia sadia. A nossa f tambm tem razes histricas e esta a razo porque julgamos serem to importantes estes documentos para os nossos dias to cheios de confuso teolgica. (cf. Salmo 44:1-2).

    3) Eclesial: Os membros de nossas igrejas, alunos em nossos Seminrios e Institutos Bblicos foram dotados de dons para o servio, os quais precisam ser descobertos e

    31 CAMPOS, Hber Carlos de. A Relevncia dos Credos e Confisses. Fides Reformata. Vol. II Nmero 2

    (Julho-Dezembro 1997). P.98

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    desenvolvidos para o fortalecimento e para o bem de toda a Igreja. Note que Paulo em Ef 4:12 descreve o resultado da educao. Diz ele que os pastores e mestres foram dados igreja com vistas ao aperfeioamento dos santos para o desempenho de seu servio, para a edificao do corpo de Cristo.

    Hendriksen ao comentar esta passagem diz:

    A idia resultante que Cristo deu alguns homens na qualidade de (...) mestres, com o propsito de aperfeioar (cf. I Ts 3:10; Hb 13:21; I Pe 5:10) ou prover o equipamento necessrio para todos os santos com vistas obra de ministrar uns aos outros bem como edificar o corpo de Cristo.32

    Ainda mais sabemos que uma educao crist no ser adequada se no atentar para o fato que no desenvolvimento de relacionamentos e num contexto de amor, servio, pacincia, apoio, correo, disciplina, perdo e aceitao que a f cresce e amadurece.

    Existem pelo menos cinco reas no contexto eclesistico, onde o cristo pode desenvolver seus dons, fazendo assim, uma conexo entre sua f e os propsitos da igreja:

    3.1. Liturgia: Ao Senhor Teu Deus adorars, e s a ele servirs (Mt 4:10) 3.2. Kerigma: de por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura Mc 16:15 3.3. Mathetes: Ide e fazei discpulos . . . Mt 28: 19-20 3.4. Didaskalia: 2 Tm 4:1-5. 3.5. Diakonia: Mt 25:31-46 3.6. Koinonia: I Co 12:25 b

    4) Contextual: porque estamos inseridos em uma sociedade, em uma cultura, e obrigao nossa como cristos vivermos nesta sociedade ativamente de modo a sermos sal e luz, promovendo uma transformao. tarefa educacional da igreja ajudar as pessoas a terem uma cultura crist em que elas usem a teologia interagindo com tudo o que h na vida. Mt 9:35-38. Expressar a glria de Deus em todas as reas da vida: na famlia, na sociedade, na igreja. A Educao reformada em sua melhor expresso visa capacitar as pessoas a lidar com as implicaes de uma viso crist para toda a vida.33

    Sabemos da importncia de Calvino tambm na educao.34 Ele foi um grande educador e, nesta qualidade, tinha como objetivo formar pessoas no apenas para o ministrio, mas tambm para servirem na sociedade.35

    32 HENDRIKSEN, Willian. Efsios Comentrio do Novo Testamento. So Paulo, SP: Ed. Cultura Crist.

    1992. p.246 33

    CORNLIUS Van Til, Essays On Christian Education. Presbyterian & Reformed, Nutley, Nueva Jersey. 1977. pp.78-80. 34

    Indico a leitura do artigo do Dr. Hber Carlos de Campos intitulado A Filosofia Educacional de Calvino e a Fundao da Academia de Genebra publicado na Revista Fides Reformata 5/1 de 2000. 35

    T.M. Moore. Some Observations Concerning The educational Philosophy Of John Calvin, Westminster Theological Journal 46 1984, p. 140

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    Wilson Castro Ferreira ao descrever um pouco da influncia que Calvino exerceu em Genebra com a sua Academia afirma:

    Calvino quis fazer da educao um instrumento hbil para produzir indivduos capazes de servir na vida pblica ou qualquer outra funo, com a conscincia do dever e sentido de vocao, tudo para a mais alta finalidade a glria de Deus.36

    III. QUE OBJETIVOS EDUCACIONAIS A EDUCAO CRIST DEVE PROCURAR DESENVOLVER?

    Quando falamos de objetivos educacionais, temos em mente um certo desempenho esperado daqueles que ensinamos. Dito em outras palavras, onde queremos chegar? O que desejamos que nossos alunos sejam no futuro como fruto de nosso ensino?

    Para responder a esta questo, formulamos nossos objetivos em termos comportamentais considerando a j conhecida trade expressa nos trs aspectos humanos: CONHECER-SER-FAZER.

    1) Conhecer: Este aspecto intelectual (notitia) ou cognitivo, se refere a como as pessoas reconhecem as coisas e pensam sobre elas. Jesus disse: Amars o Senhor, teu Deus, de todo o teu corao, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.... (Mt 22:37)

    A Bblia deixa bem explcito que h uma relao direta entre como pensamos e como agimos. Paulo descreve os inimigos da cruz de Cristo como aqueles que s se preocupam com as coisas terrenas (Fl 3:19), em oposio aos crentes, os quais devem pensar nas coisas l do alto, e no nas que so daqui da terra. (Cl 3:2)

    Podemos ver tambm esta relao feita pelo apstolo, em Rm 12:2: E no vos conformeis com este sculo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus.

    Observe bem a relao feita por Paulo. Escreveu ele: Renove a mente, pois ela moldar o comportamento, fazendo-o experimentar a vontade de Deus. Portanto, se a maturidade crist moldada pela maneira como pensamos, deve ser um de nossos objetivos educacionais levar nossos ouvintes a conhecerem corretamente a Deus e a maneira como ele quer que nos comportemos.

    Precisamos trabalhar para o crescimento intelectual (cognitivo) de nossos alunos. Precisamos ensin-los a pensar teologicamente, conhecer as verdades bblicas e refletir nos conceitos (categorias) bblicos e teolgicos.

    Conhecer a verdade conhecer o alicerce sobre o qual se erguer o edifcio da f crist. Sem um bom alicerce, o edifcio ser frgil. Sem um bom conhecimento bblico, teremos um crente frgil.

    36 FERREIRA, Wilson Castro. Calvino: Vida, Influncia e Teologia. So Paulo: Campinas. Ed. Luz Para o

    Caminho. 1990. p.189

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    Se verdade que a mente molda o corao e a vontade, ento imperativo que os cristos aprendam a pensar sobre a verdade. Uma educao crist eficaz molda os alunos a conhecerem a verdade e a pensarem com a verdade, para que seus comportamentos sejam moldados pela verdade.37

    Em Cristo, o homem antes rebelde, encontra sua plena satisfao em Deus.38 A educao crist deve ser cristocntrica procurando capacitar as pessoas a conhecer atravs da Palavra, a pessoa de Cristo e crescer nele. Por isto, o educador cristo tem a responsabilidade de ajudar as pessoas a lidar pessoal e corporativamente, com as implicaes do Senhorio de Jesus.

    2) Fazer: tarefa da Educao Crist ajudar as pessoas a pensarem corretamente sobre Deus, contudo, no queremos que nossos ouvintes, alunos ou nossas ovelhas tenham uma f meramente intelectual. Fazendo meno de Lucas 6:46 onde Jesus disse: Por que me chamais Senhor, Senhor, se no fazeis o que vos mando? Observe, que Jesus critica uma f que se limita ao aspecto cognitivo.

    A teologia, ou seja, aquilo que conhecemos a respeito de Deus no pode estar divorciado das nossas experincias de vida. No suficiente conhecer o contedo da verdade, precisamos aplicar este contedo em nosso dia a dia. Jesus em Joo 13:17 afirmou: Se sabeis (conhecer) estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes (fazer). Saber e fazer, um binmio inseparvel.

    Esta uma excelncia educacional que devemos almejar alcanar. Devemos ter como objetivo promover uma educao que leve ao aprendizado prtico da verdade conhecida.

    Maturidade crist significa viver a verdade nas diversas situaes da vida. Tiago nos exorta dizendo que a f (conhecer) sem obras (fazer) morta. No resta dvida, de que a Educao crist um processo em aprender a viver. Sem prtica no h aprendizagem. E se no h aprendizagem, no h educao. Detesto qualquer informao que dada, que aumenta minha instruo, mas no muda minha atividade.39

    A relao entre Saber e Fazer:

    Se fosse verdade que saber fazer, tudo que precisaramos fazer seria ensinar as pessoas a verdade e elas ento as fariam. Mas tanto a experincia quanto a Escritura ensinam que o conhecimento no conduz automaticamente ao. Ns todos temos momentos quando sabemos o que deveramos fazer, mas por uma variedade de razes escolhemos no faze-lo. Ns pecamos ao falhar em viver de acordo com o conhecimento que ns temos. As pessoas no devem somente conhecer o que fazer; mas tambm estar desejosos em faze-lo.

    37 DOWS, Perry G. Op Cit., p. 222

    38 PIPER, John. Teologia da Alegria- A Plenitude da Satisfao em Deus. So Paulo,SP: Edies Shed. 2001 p. 9

    39 Goethe in: Dimenstein, Gilberto, Fomos Maus Alunos, Editora Papirus ( Campinas: SP 2003 ) p. 33

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    s vezes ns no temos uma idia real do que a coisa certa a fazer. Ns precisamos de conhecimento moral naquele assunto, dizendo-nos o que bom e certo para se fazer. Mas em outros momentos ns sabemos o que ns devemos fazer, mas sem medo ou por pura pecaminosidade ns simplesmente no queremos faze-lo. A Escritura nos avisa desta possibilidade e conclui, Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e no o faz nisso est pecando (Tg 4.17).

    Mas o problema mais complicado ainda quando ns tanto sabemos o que deveramos fazer e queremos faze-lo, mas no temos a habilidade para faze-lo. Paulo falou desta condio quando escreveu, Porque eu sei que em mim, isto , na minha carne, no habita bem nenhum, pois o querer o bem est em mim; no, porm, o efetu-lo (Rm 7.18). Seu problema no era no nvel do desejo, mas no nvel da habilidade. Para que as pessoas faam a coisa certa, elas devem ter (1) conhecimento moral do que certo, (2) estar desejosas em fazer o que certo, e (3) ter fora moral para de fato levar adiante seu desejo. A linha do conhecimento moral para a ao moral no direta; est tambm includo o desejo e a fora para fazer a coisa certa.

    Educacionalmente, no suficiente ensinar valores morais. Certamente a igreja tem um contedo para comunicar, mas ela deve tambm falar vontade e o poder de fazer o que certo. Uma estratgia educacional que capacita as pessoas a crescerem em uma ao moral necessria.

    3) SER: Afirmamos que o conhecer no pode estar divorciado do fazer, seno, o saber se transforma numa ortodoxia morta. Mas verdade tambm que o fazer sem o conhecer pode se transformar numa mera religiosidade vazia, pois sabemos ser possvel fazer a coisa certa sem ter qualquer relacionamento com Deus. Da a necessidade de uma terceira excelncia a ser buscada.

    Para uma educao crist eficaz imprescindvel educar o aluno a ser. Nosso desejo e desafio conduzir as pessoas maturidade crist, e esta produto de uma experincia prtica que tem como contedo a Palavra de Deus. Contudo, o fazer no deve ser uma mera repetio do conhecimento adquirido, mas sim, fruto de uma transformao do corao. Fao (fazer), no apenas porque sei (conhecer), mas porque sou (ser) assim.

    Mais uma vez o texto de Mt 22:37 nos til: Amars o Senhor teu Deus de todo o teu corao (ser), de toda a tua alma/fora (fazer) e de todo a tua mente (conhecimento).

    Quando falamos em educar o aluno para ele SER, estamos fazendo referncia ao conceito bblico de corao. Conforme o ensino das Escrituras, o corao o rgo central da personalidade humana (Pv 27:19), de onde emanam todas as coisas (Mt 15:19). O profeta Jeremias disse que o corao desesperadamente corrupto (17:9). O corao do homem entregue a si mesmo sempre estar produzindo afeies, emoes e aes desordenadas. As nossas aes so resultado daquilo que somos Pv 4:23. Em razo disso que em nossa teologia e filosofia educacional, primamos pela educao do ser, ou melhor, do corao.

    Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus...prega a Palavra, insta, quer seja oportuno quer no, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haver

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    tempo em que no suportaro a s doutrina; pelo contrrio cercar-se-o de mestres segundo suas prprias cobias...e se recusaro a dar ouvidos verdade, entregando-se s fabulas. (II Tm 4:1-4)

    IV. A EDUCAO CRIST PENSAR E VIVER OS PRINCPIOS MORAIS

    A Educao Crist precisa ajudar os crentes a aprender a pensar bem sobre questes morais.40 A moralidade vai alm do julgamento moral; considera tambm a ao moral. Mas incluso na moralidade est o aspecto cognitivo do julgamento moral. A respeito do relacionamento do julgamento moral com a ao moral, Kohlberg escreveu:

    Se a razo lgica uma condio necessria, mas no suficiente para um julgamento moral maduro, o julgamento moral maduro uma condio necessria, mas no suficiente para uma ao moral madura. No se pode seguir princpios morais sem o entendimento (ou a crena) nos princpios morais. No entanto, pode-se pensar em termos de princpios e no viver ao nvel destes princpios.13

    Trs princpios educacionais41, enraizados tanto na teologia quanto na experincia podem ser mencionados aqui:

    1.) Pergunte por que sobre assuntos morais

    Porque o contedo moral apoiado pela estrutura moral, ns no podemos nos satisfazer quando aqueles a quem ensinamos sabem simplesmente resposta certa . Ns tambm conhecemos o sentimento de vazio ao descobrir que as pessoas que esto sendo ensinadas por ns sabem as respostas corretas, mas no praticam essas respostas.

    Ted Ward conta uma estria muito boa sobre um pastor que recebeu um pedido para falar numa reunio de uma classe de primrio na Escola Crist de sua igreja. Eu estou pensando em uma das criaturas de Deus, ele disse classe. Vive nas rvores e ajunta bolotas para o inverno. Ele tem um rabo grande e peludo e cinza. Quem pode me dizer que animal este? ele perguntou. Aps um longo e doloroso silncio, ele perguntou ao filho de um dicono, e ele disse eu sei que a resposta Jesus, mas que a descrio parece com a de um esquilo, parece!

    O perigo de lidar somente com o contedo e no com a estrutura que se no h estrutura adequada, o contedo pode ser abandonado. Adolescentes podem sair doa faculdade bem preparados com todas as respostas certas, mas no preparados para defende-las. Quando seu pensamento atacado e eles no desenvolveram um raciocnio adequado para dizer por que eles crem, o contedo moral deles ser abandonado rapidamente.

    40 As reflexes que se seguem, foram extradas e adaptadas da obra a Perry Downs,

    13 Lawrence Kohlberg, A abordagem do Desenvolvimento cognitivo educao moral, Phi Delta Kappa

    56, n. 10 (Junho 1975): 670-677. 41

    Os trs princpios a seguir foram extrados da obra de Perry Downs, Ensino e Crescimento uma introduo educao crist. Editora Cultura Crist.

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    Ns nunca devemos ensinar a teologia sem considerar as implicaes da vida e nunca fazer exigncias ticas sem base teolgica.

    2.) Entenda que os por ques da vida Crist so baseados na teologia, principalmente no carter de Deus.

    As exigncias ticas da Escritura emanam do princpio que ns devemos refletir a santidade de Deus para o restante da criao. Ns devemos amar porque Deus nos amou primeiro. Ns devemos ser moralmente puros porque Deus moralmente puro. Ns devemos nos interessar pela justia porque Deus se preocupa com a justia. Ns devemos ser misericordiosos porque Deus misericordioso.

    Nossos imperativos so encontrados em Deus e sua Palavra. Educadores Cristos devem pensar teologicamente sobre as questes da vida, encontrando uma base estrutural na natureza e no carter de Deus. Ns nunca devemos ensinar a teologia sem considerar as implicaes da vida e nunca fazer exigncias ticas sem base teolgica.

    3.) Reconhea que a estrutura de julgamentos das pessoas no melhora ao dizer ou ensinar, mas atravs da prpria experincia deles ao resolver problemas de valor moral.

    O desenvolvimento moral no uma questo de ouvir palestras, mas na verdade de fazer o trabalho de um filsofo moral. Todas as pessoas so foradas pelas experincias da vida a pensar sobre aspectos morais e determinar como se comportaro. A vida e cheia com dilemas morais reais que devem ser resolvidos se ns queremos funcionar moralmente na sociedade.

    As crianas encontram dilemas morais na escola quando elas sabem que seus amigos colam na prova e so ento tentadas a colar tambm. Os adolescentes vivem em um mundo cheio de decises morais durante este perodo to difcil de suas vidas. Os adultos enfrentam questes morais continuamente ao passo que tentam decidir como ser um Cristo em um sociedade fundamentalmente pag.

    Os educadores Cristos devem estar abertos a confrontos e discusses dos difceis assuntos morais do dia para ajudarem os alunos a aprenderem a pensar. Em lugar de negar os conflitos morais, ns enfrentamos ou tentamos resolv-los somente com o contedo (A Bblia diz), ns devemos estar abertos e permitir que nossos alunos enfrentem as questes e ajud-los a aprender a pensar usando nveis morais mais altos ao abordar os assuntos.

    As pessoas ficam frustradas quando o seu modo de pensar no pode acomodar um problema moral. este processo de viver o conflito, que d o crescimento moral. Mas se ns tentamos negar ou ignorar o conflito, ou tentamos concert-lo com uma ou duas lies, ns falhamos em deixar que as pessoas tenham as experincias necessrias para o crescimento.

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    Algumas abordagens Educao Crist impedem o desenvolvimento moral. Alguns grupos fecham as pessoas dentro de uma moralidade convencional ao passar regras e regulamentos sobre vrias questes. muito mais arriscado oferecer s pessoas um princpio do que uma regra, mas necessrio ajud-las para que se desenvolvam alm das regras-e-regulamentos do raciocnio moral.

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    FUNDAMENTOS PEDAGGICOS DA EDUCAO CRIST

    Rev. Gildsio Reis

    1. Entendendo o Conceito Ensino-Aprendizagem

    Nosso estudo agora tem como objetivo a reflexo sobre o que aprender e o que ensinar. Como o prprio nome sugere ensino-aprendizagem, trata-se de um binmio inseparvel. Estes dois termos aprendere ensinar no podem se separar. Eles esto intimamente relacionados e um depende do outro para existir.

    Em Dt 4:1 vemos o termo ensinar dMel;mdMel;mdMel;mdMel;m. e em 5:1 o termo aprender ~T,d>m;l.W~T,d>m;l.W~T,d>m;l.W~T,d>m;l.W. Na lngua Hebraica tirando o sufixo e o prefixo das duas palavras vamos notar que trata-se da mesma raiz. Isto mostra que trata-se de dois vocbulos que so dependentes. No existe ensino sem aprendizagem e tambm no existe aprendizagem sem ensino. O que o professor faz e o que aluno faz esto ligados entre si42.

    1.1. O QUE ENSINAR?

    Ensinar a tarefa do professor. o processo de facilitar que outras pessoas aprendam e cresam. Ensinar todo o nosso esforo de levar algum a aprender. No se trata de passar informaes de uma mente para outra como objetos de uma gaveta para outra. O mero derramar diante do aluno o contedo do seu conhecimento, no significa que o professor est ensinando.

    Na pedagogia tradicional, a proposta da educao centrada no professor cuja funo define-se por vigiar os alunos, ensinar a matria e corrigi-la. A metodologia decorrente desta concepo tem como princpio a transmisso de conhecimento atravs da aula do professor. O professor fala, o aluno ouve e aprende. O professor no d espao para o aluno participar de seu aprendizado. O aluno passivo neste processo, pois o professor que detm o saber.

    Ensinar, entretanto, no somente transmitir, no somente transferir conhecimentos de uma cabea a outra, no somente comunicar. Ensinar fazer pensar, estimular para a identificao e resoluo de problemas; ajudar a criar novos hbitos de pensamento e ao43

    Na pedagogia moderna, chamada de Escolanovista44, o professor visto como facilitador no processo de busca do conhecimento que deve partir do aluno. Cabe ao professor

    42 Bruce Wilkinson, As 7 Leis do Aprendizado ( Venda Nova: Ed. Betnia , 1998), 21

    43 Juan Diaz Bordenave e Adair Martins Pereira, Estratgias de Ensino-Aprendizagem

    ( Petrpolis: Ed. Vozes 1977 ), 185 44

    Maria Lcia de A. Aranha, Filosofia da Educao ( So Paulo: Ed. Moderna, 1989), 167-171

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    organizar e coordenar as situaes de aprendizagem, adaptando suas aes s caractersticas individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades intelectuais.

    1.2. O QUE APRENDER?

    Assim como o papel do mdico levar o paciente a se curar, o papel do professor levar o aluno a prender. Aprender adquirir domnio sobre o contedo ensinado, mas mais que isto; traduzir na prtica o que foi e est sendo ensinado. A aprendizagem acontece dentro do indivduo, mas seus efeitos so comprovados exteriormente em comportamentos externos. Em outras palavras, a mudana de vida evidncia de que houve aprendizagem.

    bom que se diga, que no se trata de uma mudana mecnica ou condicionada. Ser treinada a fazer determinadas coisas no caracteriza aprendizado. Uma coisa saber que no se deve tirar a vida da outra pessoa. Outra coisa saber porque no se deve fazer isso.

    2. Princpios do Processo Ensino-Aprendizagem

    A aprendizagem contm cinco princpios bsicos:

    1.1.A Aprendizagem tem incio quando parte de onde o aluno se encontra.

    Se pretendemos ensinar algo a algum, faz-se necessrio partir do ponto de conhecimento que o aluno j possui. Ensinar explicar o novo baseando-se no antigo; o desconhecido, partindo do conhecido e o difcil em relao ao fcil. Precisamos como professores entender que o estudo a ser ministrado precisa ter relao com o conhecimento j adquirido pelo aluno. Nosso grande desafio como professor no sobrecarregar os nosso ouvintes com informaes; ao contrrio, conduzi-los domingo aps domingo, a um crescimento simtrico.

    1.2. A Aprendizagem ser eficaz se levar em considerao os interesses do aluno.

    Temos que despertar o interesse daqueles a quem queremos ministrar ( Jo. 4:10 ). O aluno precisa sentir que vale a pena ouvir o que voc tem a dizer.

    Os coraes tambm tm orelhas - e estai certos de que cada um ouve, no conforme tem os ouvidos, seno conforme tem o corao e a inclinao Sermo

    do 5 Domingo de Quaresma - (Padre Vieira)7

    John Stott, nos lembra que Jesus conhecia os coraes de seus ouvintes e lhes falava ao corao ( Jo. 2:25 ). Jesus o grande kardiognw,sthjkardiognw,sthjkardiognw,sthjkardiognw,sthj ( Atos 1:24 ), aquele que conhece os coraes.45

    45 John Stott, O Perfil do Pregador, Ed. Sepal ( So Paulo, 1986 ) p, 117

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    1.3. A aprendizagem ser mais eficaz se levar em conta a necessidade do aluno.(Jo. 4:5-30)

    Muitos professores ficam angustiados porque no conseguem prender a ateno de seus alunos. O aprendizado ocorre quando os alunos esto motivados a aprender, e para que haja motivao, precisamos levar em conta suas necessidades.

    Para que o processo ensino-aprendizado seja eficaz o professor precisa conhecer seus alunos. Precisa olhar e tratar seus alunos como ovelhas e adequar seus mtodos didticos s diferenas individuais, visando a uma aprendizagem mais satisfatria

    nosso trabalho como professor conhecer nossos alunos, suas lutas e fraquezas, suas tentaes e alegrias. Voc conhece seus alunos? Sabe quem so seus pais, onde eles estudam, onde trabalham, quais so seus sonhos ? etc..

    O modelo de Abrahan Maslow nos mostra quo importante e eficaz se torna o ensino e a aprendizagem se ns como professores considerarmos as necessidades dos nossos alunos.46 Ele apresentou uma teoria da motivao, segundo a qual as necessidades humanas esto organizadas e dispostas em nveis, numa hierarquia de importncia e de influncia, numa pirmide, em cuja base esto as necessidades mais baixas (necessidades fisiolgicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto realizao)

    46 PISANDELLI, G. M. A Teoria de Maslow, e sua relao com a educao de adultos Psicopedagogia On

    line, So Paulo. Disponvel em: www.psicopedagogia.com.br/artigos , 0utubro 2003

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    NECESSIDADE SIGNIFICADO

    Necessidades de auto realizao

    so as mais elevadas, de cada pessoa realizar o seu prprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente.

    Necessidade de status e estima

    envolvem a auto apreciao, a autoconfiana, a necessidade de aprovao social e de respeito, de status, prestgio e considerao, alm de desejo de fora e de adequao, de confiana perante o mundo, independncia e autonomia

    Necessidades sociais (afeto) incluem a necessidade de associao, de participao, de aceitao por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor

    Necessidades de segurana constituem a busca de proteo contra a ameaa ou privao, a fuga e o perigo

    Necessidades fisiolgicas

    constituem a sobrevivncia do indivduo e a preservao da espcie: alimentao, sono, repouso, abrigo, etc.

    Jesus no pregava sermes enlatados. Ele os pregava na casa, na sinagoga, nos montes ou a beira-mar sempre muito naturalmente e partindo do interesse e das necessidades de seus ouvintes e de suas necessidades. (Lc 10:25,26; Jo 4:10; Lc 4:16-30)

    O contedo pode ser bblico e correto, mas se no atender as necessidades do aluno no ter muito valor. como dar gua e no po para quem tem fome. Ns como professores precisamos manter uma relao mais pessoal e ntima com nossos alunos.

    Jesus era relacional: O corao de Jesus pulsava no s pelas idias, mas tambm pelas pessoas. Ele estava mais preocupado com as pessoas do que com o trabalho a ser realizado. Jesus era um mestre que criava pontes e no muros entre as pessoas. (Jo 5:1-15)

    1.4. A aprendizagem ter mais sucesso se for baseada em atividades.

    Este princpio aquilo que temos visto na frase: Aprender a fazer, fazendo47 Nossos alunos aprendem quando ouvem, vem e fazem. Existe o prazer puro do conhecimento, mas o aprendizado deve produzir mudanas em nossas vidas.

    1.5. A Aprendizagem ocorre quando se observa o professor como modelo.

    Poucas coisas tocam to de perto o corao de um aluno quando este verifica que o professor pratica aquilo que ensina. A aula no um mero discurso, mas o compartilhar de experincias reais. Veja o exemplo de Jesus. O que ele pregava e fazia eram a mesma coisa. Nele no havia contradies. ( Mt 7:29; Lc 4:32; At 7:22 )

    47 Famosa frase do pedagogo Moraviano, Joo Ams Comnio ( 1592-1670 )

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    1.6. O professor precisa conhecer aquilo que vai ensinar.

    Conhecimento imperfeito gera aprendizado imperfeito.

    H trs perguntas que um professor deve fazer a si mesmo quando ele prepara a sua lio.

    Primeiro, QUAIS so os princpios nesta lio? Ele precisa decidir quais so os fatos e princpios que contribuiro para o aluno possuir uma vida tal como Cristo.

    Segundo, POR QUE importante ensinar estes princpios para os meus alunos? O professor precisa decidir quais os fatos e princpios que podem ajudar seus alunos a se tornarem mais como Cristo neste momento de suas vidas. Um manual do professor bom para idias, mas no pode fazer este tipo de deciso. O manual pode lhe dar uma idia geral sobre as necessidades a serem ensinadas, mas o professor precisa fazer as decises que especificamente ajudaro os seus alunos mais eficientemente.

    Terceiro, ele pode perguntar a si mesmo COMO posso ensinar estes princpios de maneira que possam ter um grande impacto na vida dos meus alunos para que sejam mais semelhantes a Cristo? Isto depender da maturidade mental e espiritual dos seus alunos.

    3. A Comunicao e o Processo Ensino-Aprendizagem

    O termo comunicao vem do latim communis, que quer dizer comum. Para que possamos comunicar algo a algum precisamos estabelecer pontos em comum com ele.

    3.1. Pontos de estrangulamento da comunicao48:

    1. Professor um mau comunicador e no percebe isto. 2. Professor est mais interessado em dar a matria do que despertar o interesse do aluno. 3. Professor se utiliza de termos e conceitos que no so da experincia dos alunos. 4. Professor parte da premissa de que todos os seus alunos tm o mesmo nvel de inteligncia. 5. Professor no parte do ponto em que o aluno est.

    3.2. Elementos Bsicos do Processo de Comunicao: No processo comunicao (tornar comum) humana intervm, necessariamente cinco elementos:

    1) - O Transmissor : aquele que transmite 2) - O Receptor : O que recebe

    A comunicao exige a participao, no mnimo de 2 pessoas. Se um indivduo fala e ningum ouve, o processo da comunicao humana no se completou.

    48 Juan Diaz Bordenave e Adair Martins Pereira, Estratgias de Ensino-Aprendizagem

    ( Petrpolis: Ed. Vozes 1977 ), 183-184

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    3) A Mensagem : o elo de ligao dos dois pontos do circuito.

    Toda mensagem no processo da comunicao humana precisa ser significativa, deve dizer qualquer coisa em comum para o transmissor e para o receptor. O professor precisa conhecer o assunto que vai ministrar.

    4) O meio: O meio pode prejudicar ou facilitar a comunicao. Dominar o meio da comunicao humana condio essencial sua efetividade.

    O meio da comunicao precisa atender a dois requisitos fundamentais:

    - Ser dominado tanto pelo transmissor quanto pelo receptor. - Estar de acordo com a mensagem que transporta.

    5) Finalidade Objetivo : A finalidade da comunicao deve ser evidente, para prevenir distores e mal-entendidos.

    A pergunta: Onde quero chegar? fundamental para a efetivao da comunicao.

    3.3. A Comunicao em Relao memria

    Nossos alunos aprendem quando ouvem, vem e fazem.

    Comunicao escrita 7% Comunicao com palavras: sendo ditas, tom de voz, volume, ritmo 38% Comunicao visual: Expresses faciais, gestos, etc... 55 %

    3.3.1. Os recursos audio-visuais melhoram a memria49

    Mtodos de Comunicao Lembrana 3 horas depois

    Lembrana 3 dias depois

    Quando o Professor fala

    70 %

    10 %

    Quando o professor s mostra

    72 %

    20 %

    Quando o Professor usa uma combinao de falar e mostrar

    85 %

    65 %

    3.3. Como Apresentar o Contedo ( a mensagem )

    Um fator muito importante na comunicao da mensagem a maneira como falamos quando temos a incumbncia de ensinar. Todos ns j ouvimos vrios tipos de professores, pregadores e oradores: alguns interessantes, outros fracos e sem nenhum

    49 Extrado do livro Manual de ensino para o educador Cristo, p. 224 Editora CPAD

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    brilho; alguns falando com idias breves e claras, outros demorando muito em expressar o que querem dizer; alguns com uma mensagem vital, outros sem nada para dizer, usando palavras destitudas de sentido, valor e clareza.

    Algumas recomendaes para se evitar os rudos na comunicao50 :

    Planeje cuidadosamente sua comunicao. Evite falar demais. Seja objetivo. Antes da comunicao decida qual o melhor meio Quando oralmente, fale de maneira clara e pausadamente Evite comunicar-se sob estado de tenso; voc poder dizer muita coisa e depois se

    arrepende Use a mesma linguagem do receptor Fale um assunto de cada vez. No misture os assuntos Verifique se foi compreendido atravs de perguntas dirigidas ao grupo Oua o que os outros tm a dizer. No menospreze qualquer opinio ou sugesto

    Pense um momento. Como podemos ser mais atraentes ao proferir ou apresentar as mensagens? O nosso desejo, por certo, segurar a ateno dos ouvintes para que ganhem o mximo daquilo que Deus tem colocado em nosso corao. Quais so alguns dos bons hbitos que o professor deve mostrar na sua fala?

    A. Use Linguagem Simples e Clara:

    O nosso Senhor Jesus Cristo, embora Deus-Homem, falou em termos claros e perfeitamente compreensveis para povo comum. Ele poderia ter usado uma linguagem profunda e difcil. Mas escolheu palavras simples para o povo.

    Creio que todo professor deveria aplicar o lema de Agostinho: A chave de madeira no to bonita quanto a de ouro, mas se ela abre uma porta que a chave de ouro no consegue abrir, muito mais til51

    Citando novamente Stott, ele nos conta a histria de um paciente num hospital de loucos que, aps ouvir o capelo por algum tempo, comentou: Se Deus no me ajudar, vou acabar assim tambm!52

    50 Extrado e adaptado de Nancy G. Dursilek; Liderana Crist , Ed. Juerp ( Rio de Janeiro 1988 ), p. 119-120

    51 John Stott, O Perfil do Pregador, Ed. Sepal ( So Paulo, 1986 ) p, 121

    52 Op Cit, p, 117

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    B. Procurar Usar o Prprio Estilo: No deve o professor imitar ningum, deve ser natural e usar a prpria personalidade que Deus lhe tem dado. Especialmente quanto ao tom de voz que usa ao falar, o professor deve usar o seu prprio tom habitual.

    C. Falar de Tal Forma Que Todos Possam Ouvir e Compreender: Uns dos principais problemas de muitas pessoas que falam em pblico o de serem ouvidas ou entendidas. s vezes o volume ou fora de voz no suficiente para que os que esto mais afastados possam ouvir sem dificuldade.

    O professor precisa pronunciar distintamente cada palavra. Alguns falam depressa demais, quase em ritmo de metralhadora ! Devemos tomar o mximo cuidado com a articulao ou enunciao de nossas palavras.

    D. Falar com o Corpo Todo: Se a exposio da aula uma espcie de conversa animada, devemos utilizar as nossas mos para dar nfase quilo que dizemos. Se a mensagem estiver cheia de vida, no teremos muito problema em reforar as nossas palavras com gestos.

    Qual o mais interessante para se escutar. Algum falando :

    Com variao no tipo de freqncia dos gestos ? Com muitos gestos semelhantes que se repetem continuamente ? Sem nenhum gesto ?

    E. Falar com Convico: Convico uma caracterstica dos grandes mestres de todos os tempos. Para alcanarmos xito no ensino, muito depende da convico com que falamos. Uma das fontes principais de popularidade e magnetismo pessoal na sala de aula uma convico inabalvel, uma alvo definido.

    Quando Charles H. Spurgeon, o grande pregador do sculo XIX, pastor da Igreja All Souls, em Londres deu incio a seu ministrio, um ateu bem conhecido informou a seus amigos que iria ouvir Spurgeon pregar.

    - Por que? Perguntaram seus amigos incrdulos. Voc no acredita em nada que ele prega. - Eu no acredito, concordou o ateu, mas ele acredita.

    F. Falar com Entusiasmo ( En+ Teos ): O entusiasmo uma outra qualidade que est ligada convico. O entusiasmo ajuda muito a qualquer palestra ou sermo. Esta qualidade atraente e contagiante. Entusiasmo por parte do professor gerar entusiasmo nos ouvintes.

    Devemos mostrar o nosso entusiasmo em nossa voz, expresso facial e tambm em nossa maneira de falar. Se vale a pena pregarmos a nossa mensagem, valer tambm sermos entusiasmados com ela. Se os professores e as pessoas que fazem palestras se

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    entusiasmam ao proferir aulas e palestras, quanto mais ns, que temos a boca-nova de salvao e perdo para os nossos ouvintes !

    G. Falar com Amor: Que prazer ouvir algumas pessoas falar ! O rosto delas parece radiar o gozo, a paz e o amor do Senhor. fcil prestar ateno quilo que dizem. Sentimos o amo de Deus quando falam. Como tm uma atitude simptica e no de condenao ou superioridade ! Sigamos o exemplo destes, e no o exemplo negativo de alguns que falam sem manifestar o amor e compaixo do nosso Mestre.

    H. Pregar no Poder do Esprito: O apstolo Paulo assim escreveu em I Corntios 2:4,5 : A minha linguagem e a minha pregao no consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstrao do Esprito e de poder; para que a vossa f no se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

    I. Variar a entonao e a velocidade da voz.

    Responda voc mesmo : Qual o mais interessante para se escutar ?

    O tempo todo voz triste ? Com variao de tom de voz ? O tempo todo com voz alegre ?

    Qual o mais interessante para se escutar ?

    Aquele que fala :

    O tempo todo depressa ? O tempo todo devagar ? Com variao de velocidade ?

    4. Os Mtodos no Processo Ensino-Aprendizagem

    Como incentivar a participao mais efetiva de nossos alunos ?

    A palavra mtodo vem do grego methodos. Da a nossa palavra metodologia (mtodo + logia) estudo dos mtodos. a arte de guiar o aprendiz na investigao da verdade.

    Mtodo portanto, o caminho para se atingir um objetivo, um resultado.

    A aprendizagem se realiza atravs da conduta ativa do aluno, que aprende mediante o que ele faz e no o que faz o professor. Ralph W. Tyler

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    Existem vrias maneiras, caminhos, mtodos para ensinar um assunto.

    O professor que busca transmitir ao aluno determinado ensino e deseja alcanar o objetivo do aprendizado efetivo, deve analisar e selecionar o mtodo mais adequado e mais eficaz.

    1 - Exposio - Preleo

    Devemos utilizar este mtodo :

    a) Para dar uma informao. b) Quando os alunos estiverem motivados. c) Quando o orador tiver fluncia e administrao do grupo. d) Quando o grupo for grande, impossibilitando o uso de outros mtodos. e) Para adicionar ou destacar algo novo ao conhecimento j adquirido.

    Exposio Verbal : Utilizado quando o assunto desconhecido ou quando as idias dos alunos so insuficientes ou imprecisas. Conforme o nvel de aprendizado do aluno, a exposio pode ser intercalada com a exposio dos alunos, ainda que informalmente.

    Desvantagens do mtodo expositivo:

    - A aprendizagem pode ser mecnica (no crescem, mas engordam) - Pode gerar um processo de memorizao sem aprendizado - O uso de linguagem e termos inadequados - Pode haver uma preleo sem cativar: No se conquista o aluno, ao contrrio, a

    tendncia de distanciamento.

    2. Trabalho Independente : Consiste de tarefas dirigidas e orientadas pelo professor. Efetuar uma pesquisa, elaborar um sermo, resolver uma questo... Deve ser utilizado aps anlise do objetivo do curso, do nvel de conhecimento do aluno, do tempo disponvel ... pois o principal objetivo ser o desenvolvimento da atividade mental do aluno, fixando o aprendizado. Exige acompanhamento do professor, corrigindo e estimulando.

    3. Elaborao conjunta : O exemplo mais tpico de elaborao conjunta a conversao didtica. No um simples responder perguntas, mas um interagir professor-aluno. Exigir maior preparo metodolgico do professor, como tambm um conhecimento mais abrangente, pois ele no apenas coordenar o processo, mas far parte do processo. O resultado ser coletivo.

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    Professores inexperientes, autoritrios, formais ou dogmticos certamente enfrentaro dificuldades com este mtodo. Aparentemente pode no ter problemas, pois toda e qualquer expresso ou discrdia ser combatida.

    4. Trabalho em grupo: Distribuio de temas, perguntas, questes... para que em grupos de 3 a 5 alunos as questes sejam trabalhadas. Deve-se fixar um objetivo a ser atendido.

    Os grupos de alunos devem ser divididos, buscando a formao heterognea. O ambiente deve ser preparado antecipadamente para ganhar tempo e evitar baguna. (a no ser que a baguna faa parte do objetivo).

    Podemos utilizar este mtodo:

    a) Para obter a participao do aluno ( na maioria dos casos todos participam, mesmo aqueles mais tmidos e inibidos)

    b) Para avaliar o conhecimento do grupo c) Para reafirmar conceitos d) Para produzir ambiente descontrado, propcio ao aprendizado. (em ambientes

    tensos, autoritrios, formais, o aprendizado torna-se mais difcil)

    5) Representao, Dramatizao

    Apresentao de um problema humano por determinado nmero de alunos, para anlise e discusso pelo restante do grupo.

    O Teatro de sombras : Representaes de personagens, atrs de um lenol. Os personagens devem atuar de perfil (de lado) obviamente.

    Temos tambm o Teatro de Marionetes e o Teatro de Vareta

    Teatro de fantoches: Consiste em fantoches de papel, fixados numa vara de churrasco, bambu ou palitos de sorvete. ( Fantoches de Luvas, Fantoches de Mo, Fantoche Andarilho )

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    O fantoche pode ser preso mo por um elstico costurado na cintura. Fazer botas de cartolina que sero ajustadas aos dedos.

    6) Debates: Neste mtodo oradores falam a favor ou contra uma proposio, defendendo seus pontos de vista. Em um segundo momento, o grupo que assiste poder fazer perguntas aos debatedores.

    7) Painel de Oposio ou debate: Discusso diante de um auditrio sobre determinado tpico. Requer trs ou mais participantes e um lder.

    Os participantes e o lder devem ter conhecimento geral e especfico na rea e domnio prprio para que o painel no se transforme em pancadaria intelectual.

    Podemos utilizar este mtodo: a) Para apresentar pontos de vista diferentes. b) Quando houver pessoas qualificadas para compor o painel. c) Quando o assunto for complexo demais, dificultando a participao do grupo todo. d) Quando for melhor para o aprendizado somente observar e no discutir. e) Quando quiser analisar as vantagens e desvantagens na soluo de um problema.

    8) Seminrio: O nome desta tcnica vem da palavra semente, o que indica que o seminrio uma excelente ocasio para germinar a semente de novas idias, favorecendo assim o aprendizado.

    9) Atividades Especiais: Leitura complementar Visitas entre alunos Visitas a lugares especficos Piquenique

    5. Recursos pedaggicos no Processo Ensino-Aprendizagem

    A acelerao na histria nada mais do que o tempo entre a descoberta e a aplicao dos processos tecnolgicos. A fotografia levou 112 anos entre a descoberta e a aplicao. O telefone, 56 anos; o rdio, 35; a televiso, 12; o computador, 2 anos. O computador 286, 1 ano e do 486 para o Pentium, 1 ms53.

    Nossa sociedade est em constantes mudanas. Se ns professores, tambm no acompanhar estas mudanas e transformaes, vamos ficar para trs. Veja alguns recursos pedaggicos que podemos lanar mo para tornar nosso trabalho como professor, mas fcil:

    53 Ivone Boechat, O Desafio da Educao Para um Novo Tempo, Reproarte Grfica e Editora ( Rio de

    Janeiro, 1998 ), p. 51

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    1) Apostilas: O professor pode preparar a sua aula e colocar isto em forma de apostila. Assim os alunos podero acompanhar a aula, lendo, vendo e ouvindo.

    2) Quadro negro: s vezes se faz necessrio ao professor escrever alguma palavra para que o aluno visualize e entenda seu significado. Auxilia ao professor que vez ou outra precisa fazer um grfico, ou expor de maneira visual seu argumento.

    3) Retroprojetor: Exposio com ilustrao visual : Apresentao grfica de fatos, fenmenos ... atravs de grficos, mapas, esquemas, gravuras, etc. ( Ex. Viagens missionrias de Paulo (mapas) )

    4) Flip Chart: Tem a mesma funo do qudro negro, porm por ser mvel, pode ser levado para qualquer outro ambiente e tambm sua posio dentro da sala de aula.

    5) TV e Vdeo: Existem bons filmes que podem ser utilizados para favorecerem o ensino.

    6) Computador: Grficos, desenhos, Multimdia, etc....

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    AS SETE LEIS DO ENSINO

    GREGORY, J. M. As Sete Leis do Ensino. Trad: Waldemar W. Wey. 3. Edio. Rio de Janeiro: JUERP, 1977. 72 pp. (Ttulo original: The Seven Laws of Teaching).54

    John Milton Gregory publicou As Sete Leis do Ensino em 1886 para ajudar os professores de Escola Dominical a serem mais eficientes em suas aulas. Este livro foi uma obra clssica de princpios educacionais. Entretanto foi feita uma reviso em 1917, a qual mudou sutilmente alguns dos conceitos originais de Gregory. As mudanas refletem a viso pragmtica liberal dos revisores. Por exemplo, eles tiraram as suas referncias a Deus e Bblia. Eles tambm mudaram a definio de ensinamento do autor de comunicao do conhecimento para a comunicao da experincia. Embora primeira vista seja uma mudana sutil, faz uma profunda diferena. Ns precisamos ensinar o absoluto e imutvel conhecimento de Deus que Ele revelou a ns em sua Palavra, em vez de mudarmos para as experincias do homem as quais so duvidosas. Ainda que a edio revisada foi escrita para os crentes e distribudos no meio cristo, lamentavelmente no totalmente crist.

    1. A LEI DO PROFESSOR

    O professor precisa conhecer aquilo que vai ensinar

    A lei que limita e descreve o professor : O professor precisa conhecer aquilo que vai ensinar. A lei do professor uma verdade fundamental, pois, como uma coisa no pode provir do que no existe, ou como pode a treva trazer luz? Nenhuma outra qualificao to essencial ou seja: o que o professor ensinar, deve saber.

    Saber ou conhecer o material com que trabalha o professor, o que os homens chamam de conhecimento apresenta graus, desde o primeiro vislumbre da verdade at a inteira compreenso. Em diferentes estgios, a experincia da raa, como adquirimos, caracteriza-se em 4 fases, (1) por dbil reconhecimento; (2) pela habilidade de relembrar, ou descrever de modo geral, para os outros, aquilo que aprendemos; (3) pelo poder de prontamente explicar, provar ilustrar e aplicar o que aprendemos; e (4) por esse conhecimento e apreciao da verdade em sua mais profunda significao e mais largas relaes, por cuja fora e importncia atuamos, sendo por ela modificada a nossa conduta. A Histria histria somente para quem assim a l e a conhece.

    No se afirma que ningum possa ensinar sem essa inteireza de conhecimento, e nem e verdade tambm que qualquer que conhea inteiramente o seu assunto ou matria necessariamente ensine com xito.

    54 O livro do Dr. Gregory, "as sete leis do ensino," foi publicado primeiramente em 1884. As Sete

    leis do ensino uma obra voltada a todos aqueles que pretendem ser bem sucedidos na arte de ensinar. Seu pblico alvo constitui-se, portanto, de mestres e educadores. Contudo, de se destacar que embora as leis aqui discutidas se apliquem ao ensino em qualquer nvel, houve por parte do autor uma preocupao em particular com o ensino ministrado na escola bblica dominical, em especial com o ensino de crianas

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    Um conhecimento claro e pronto da parte do professor ajuda o aluno a confiar no seu mestre. Na verdade seguimos com prazer e expectao o guia que conhece bem o campo que desejamos explorar, e sempre seguimos sem interesses e com relutncia o lder incompetente e ignorante. Os grandes mestre Newton, Humboldt e Huxley despertaram o interesse pblico pelas cincias em que eles prprios trabalharam. De modo semelhante, o professor bem preparado aviva em seus alunos o ativo desejo de estudar mais e mais.

    Algumas regras surgem ou derivam da Lei do Professor, destaco aqui as que considerei mais importantes.

    a) Preparar cada lio com estudo renovado. O conhecimento adquirido no ano que se foi, necessariamente, j se diluiu um tanto. Somente novos conceitos nos inspiram para melhores esforos.

    b) Estudar a lio at que ela tome a forma da linguagem familiar. O que resulta do pensamento claro o discurso claro, o falar claramente.

    c) Consagrar tempo certo ao estudo de cada lio, antes de lecionar. Todas as coisas ajudam o dever feito a tempo. Persistir em aprender a lio antes da aula, e obter novo interesse e ilustraes.

    d) Fazer um plano de estudo, e no hesitar, quando necessrio, em estudar alm do plano.

    e) No deixar de buscar a ajuda de bons livros que tratem do assunto de suas lies.

    Alm dessas regras tambm precisamos falar sobre a violao desta lei.

    O melhor professor corre o risco de prejudicar o seu trabalho mui sincero e cuidadoso com erros impensados. O verdadeiro professor comete poucos erros, e aprende muito com os que comete.

    a) A prpria ignorncia dos alunos pode tentar o professor a negligenciar um cuidadoso preparo e estudo. Ele pode pensar que a qualquer tempo conhece mais a lio do que os alunos, e imaginar que sempre achar o que dizer, ou que sua ignorncia passara despercebida.

    b) Algo mais srio ainda na violao desta lei a dos professores que, no encontrando estmulo na lio, ou no magistrio, fazem disso mero cabide em que dependuram seus caprichos e extravagncias.

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    2. A LEI DO DISCPULO

    O aluno deve dedicar-se com interesse matria a ser aprendida

    Ateno e interesse caracterizam o estado mental do verdadeiro aprendiz, e constituem a base essencial sobre que descansa o processo de aprendizagem. Ento, podemos definir da seguinte maneira a lei do discpulo:

    O aluno deve dedicar-se com interesse matria a ser aprendida.

    Ateno significa a direo ou a concentrao da mente num objeto. O objeto pode ser externo, assim como quando algum observa cuidadosamente o funcionamento duma mquina ou escuta elevadamente uma pea musical; e pode ser mental, assim como algum rememora uma experincia passada, ou "medita" no significado de uma idia.

    A psicologia diz que essa direo da mente consiste em localizar conscientemente um objeto. Existem trs diferentes qualidades de ateno. Cada uma delas mui importantes do ponto de vista do ensino e do aprendizado.

    a) A ateno adejante muitas vezes chamada de ateno passiva, pelo fato de no envolver esforo algum da vontade. Ento obedece-se simplesmente ao mando dos estmulos mais fortes. Diz-se passivo o individuo que deixa sua vida mental ser levada ou controlada por foras maiores. Esta a ateno de tipo primitivo, instintivo e bsico. a ateno que surge em algumas horas do dia, especialmente quando estamos cansados. notadamente a ateno da criana.

    b) A ateno ativa a caracterstica essencial da mente humana, atravs dela a pessoa pode controlar as foras que a rodeiam, mais do que ser controlada por elas. Esse tipo de ateno chamado ativo porque a sua primeira condio o esforo da vontade, uma determinao de fazer aquilo que deve ser feito, a despeito dos convites ou atraes para fazer algo talvez mais agradvel e mais atrativo.

    c) Mas a ateno dessa qualidade esforada e ativa nem sempre a mais econmica e eficaz para a do ensino. Falando-se de um modo geral, aprendemos mais facilmente e mais economicamente quando ficamos absorvidos em nossa tarefa, a ateno desta espcie freqentemente provm dum esforo persistente - (ateno ativa). Essa ateno assemelha-se a ateno passiva pelo fato de o seu objeto ser sempre atrativo em si, e exigir pouco ou nenhum esforo para ser levado ao foco da conscincia; mas tambm surge da ateno ativa, provindo do esforo e da persistncia. Esse terceiro tipo de ateno por isso chamado de ateno passiva secundria.

    Embora muitos professores negligenciem isto na prtica, esto prontos a admitir que sem ateno o aluno no pode aprender. Tentar ensinar uma criana inteiramente desatenta o mesmo que conversar com um surdo ou com um defunto.

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    O esforo do professor a todo tempo deve ser no sentido de tornar a apresentao to interessante que a ateno dos alunos a acompanhe. Ensinando os alunos a se concentrarem, logo passaro pelo estgio da ateno ativa e alcanaro o estgio efetivo da ateno passiva secundria.

    O poder de ateno aumenta com o desenvolvimento mental, e proporcional idade da criana. A ateno prolongada pertence j a mentes mais amadurecidas.

    Empecilhos Ateno

    Os dois maiores inimigos da ateno so a apatia e a distrao. O primeiro pode ser devido falta de gosto para com o assunto estudado, ou fraqueza, ou a condio fsica A distrao a ateno dividida e voltada para vrios objetos. terrvel inimigo de todo aprendizado: Se a apatia ou a distrao provm de fadiga e de enfermidade, o professor sbio no tentar forar a lio.

    Da lei do aluno emergem algumas das leis mais importantes do ensino como regras para os professores eis algumas delas:

    1. Nunca comear a lio sem Ter prendido a ateno da classe. 2. Parar, logo que a ateno deles for interrompida ou perdida, e esperar at tomar a

    prend-la inteiramente. 3. Nunca esgotar inteiramente a ateno dos alunos. Quando surgir os primeiros

    sinais de fadiga pare. 4. Adaptar o cumprimento ou durao da lio idade dos alunos; quanto mais

    novos os alunos, mais breves as 1ies. 5. Tornar a apresentao da lio a mais atrativa possvel, usando ilustraes e todos

    os meios legtimos.

    3. A LEI DA LINGUAGEM

    A linguagem usada no ensino deve ser comum ao professor e ao aluno

    Essa lei, como as outras j estudadas, simples como so os fatos de cada dia. Podemos express-la como segue:

    A linguagem usada no ensino deve ser comum ao professor e ao aluno. Noutras palavras deve ser entendida por ambos, tendo o mesmo significado para professor e aluno.

    Tem-se dito que a linguagem o veculo do pensamento. Mas a verdade que a linguagem no transporta pensamentos como os autos carregam mercadoria para encher armazns. melhor pensar que a linguagem transmite pensamentos assim como os fios ou as ondas hertzianas transmitem e carregam mensagens, como sinais aos operadores receptores, que devem retransmiti-las dos rudos que ouvem.

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    O que mede o poder comunicativo aquilo que o ouvinte ou receptor entende e reproduz em sua mente e no aquilo que o locutor expressa de sua mente.

    A linguagem tambm o instrumento de pensamento, como o seu veculo. As palavras so as ferramentas com que a mente fabrica da massa crua de suas impresses os conceitos claros e vlidos.

    A linguagem tem ainda outro uso: ela o celeiro do nosso conhecimento. Tudo quanto sabemos pode vir expresso nas palavras que lhe dizem respeito. As palavras no so o nico meio pelo qual falamos. H muitas maneiras de expressar o pensamento. Os olhos, a cabea, as mos, os ps, os ombros so, muitas vezes, usados para expressar bem inteligivelmente o que pensamos.

    Da Lei da Linguagem fluem algumas das mais importantes e teis regras de ensino. (pg. 37).

    4. A LEI DA LIO

    A verdade a ser ensinada deve ser aprendida atravs de alguma verdade j conhecida

    A lio o processo pelo qual o professor passa ao aluno a conhecida experincia da raa. o mtodo de transmisso dessa cristalizada experincia da raa deve ser tal que inspire nesses alunos princpios que sero foras atuantes em suas vidas, e que, ao mesmo tempo, lhes faculte um instrumento de pesquisa e de estudo posterior que constituem o verdadeiro cerne da obra do professor, a condio e o instrumento, bem como a culminao e o fruto de todo o resto.

    A verdade a ser ensinada deve ser aprendida atravs de alguma verdade j conhecida.

    Todo ensino deve comear nalgum ponto do assunto da 1io. Se o assunto inteiramente novo com algo conhecido ou j familiar. Mesmo entre as pessoas amadurecidas, o hbil narrador luta por achar um termo de comparao com experincias conhecidas, buscando descobrir alguma semelhana do desconhecido com algo j conhecido, isto antes de comear a contar sua histria.

    Todo ensino deve avanar numa direo, o aprendizado deve processar-se por passos gradativos. Atravs desta regra os professores devem obedecer algumas regras:

    1. Descobrir o que seus alunos sabem do assunto que vai lhes ensinar. Este ser o seu ponto de partida.

    2. Comear com idias ou fatos que estejam bem relacionados com os alunos, com coisas que possam ser alcanadas por meio dum simples passo ou degrau alm daquilo que j conhecem.

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    3. Os passos da lio devem estar em proporo com as idades e avanos dos alunos.

    4. Tomar familiar a seus alunos cada novo fato ou principio; procurar firm-lo de tal forma que possa utiliz-lo na explicao do novo material da lio seguinte.

    5. Fazer com que os alunos usem o seu prprio conhecimento e aquisies em todos os casos possveis, para assim aclharem e explicarem outros conhecimentos. Ensinar a eles que o conhecimento poder, mostrando-lhes como o conhecimento realmente ajuda a resolver os problemas.

    6. Lembrar que os seus alunos esto aprendendo a pensar, e de que, para pensarem apropriadamente, precisam aprender a enfrentar inteligente e refletidamente os problemas que surgem em conexo com suas tarefas escolares e com sua vida extra-escolar.

    5. A LEI DO PROCESSO DE ENSINO

    Estimular e dirigir as atividades do aluno e, se possvel, nada lhe dizer do que ele possa aprender por si

    Estimular e dirigir as atividades do aluno, e, se possvel, nada lhe dizer do que ele possa aprender por si.

    Esta lei deve fazer do seu aluno um descobridor da verdade, deixando que ele a encontre por si. O grande valor dessa lei tem sido tantas e tantas vezes afirmado de modo que dispensa qualquer prova. Nenhum grande escritor de assuntos educacionais deixa de consider-la duma forma ou de outra. Esta lei deve despertar a mente do aluno, estimular os discpulos a raciocinar, despertar o esprito da inquirio, fazer os seus alunos trabalharem. Todas estas so diferentes modos de expressar a mesma lei.

    Podemos aprender sem professor, sendo assim segue-se que a verdadeira funo do professor criar as condies mais favorveis ao autodidatismo. O aluno precisa conhecer por si, pois do contrrio o conhecimento dele ser s conhecimento de nome.

    Comenius disse, faz mais de duzentos anos: Muitos professores semeiam plantas em vez de partirem dos princpios mais simples, introduzem os alunos de cofre num caos de livros de estudos miscelneas.1 A figura da semente muito boa, e bem mais velha do que Comenius. Jesus Cristo, o maior dos mestres, disse: A semente a palavra.O verdadeiro mestre revolve a terra e 1ana a semente. obra do solo, por suas prprias foras, desenvolver o crescimento e amadurecer o fruto.

    A diferena entre um aluno que trabalha por si e aquele que opera s quando guiado to clara que dispensa explanao. Um agente livre e o outro uma mquina. Esta lei uma lei de funo enquanto que a lei do professor essencialmente uma lei de qualificao.

    Aprendemos a andar no por vermos outros andar, e, sim andando. O mesmo verdade quanto as habilidades mentais.

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    6. A LEI DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM

    O aluno deve reproduzir, em sua prpria mente, a verdade a ser aprendida.

    H vrias fases do processo de aprender que precisamos abordar para se ver e entender todo o significado da lei.

    1. Algumas vezes se diz que o aluno aprendeu, j que decorou e capaz de repetir a lio palavra por palavra, isso tudo que desejam muitos alunos, ou tudo quanto certos mestres exigem, achando assim que j realizaram sua tarefa de ensinar. A educao seria coisa fcil e barata, caso isso fosse ensino real e permanente.

    2. bem melhor quando os professores buscam cuidar s do pensamento e informar assim os alunos. No obstante, h isso um perigo, porque, em muitos casos, como se d no ensino de lies bblicas, coisa bem importante conhecer e lembrar as palavras.

    3. Melhor ainda quando o aluno pode traduzir acuradamente o pensamento usando suas prprias palavras ou palavras de outrem, sem prejuzo do significado.

    4. O aluno revelar ainda progresso maior quando comear a buscar as provas das afirmaes que est estudando. Aquele que pode dar a razo por que acredita nestas e naquelas coisas melhor estudante, bem como o crente mais forte do que aquele que cr mas no sabe por qu. O verdadeiro estudante busca as provas.

    5. Um estgio ainda mais frutfero e mais elevado do aprendizado est no estudo do uso e aplicaes do saber O estudante que encontra a ap1icao daquilo que aprendeu na lio toma-se duplamente interessado e vitorioso nas suas tarefas escolares. Aquilo que dantes era saber intil toma-se agora sabedoria prtica.

    Essa lei possui duas limitaes a primeira tem a ver com a idade dos alunos e a segunda diz respeito aos diferentes campos do saber.

    7. A LEI DA RECAPITULAO E DA APLICAO

    O acabamento, a prova e a confirmao da obra do ensino devem processar-se atravs da recapitulao e da aplicao

    Aps o ensino ter sido administrado, ou seja, o professor e os alunos se reuniram e juntos fizeram seu trabalho, a linguagem foi ouvida e entendida, o conhecimento adquirido foi avaliado pela mente dos alunos, e ali reside em maior ou menor completao, a alimentar o pensamento, a orientar e a modificar a conduta, e a formar o carter. Agora resta ainda um trabalho que justamente a ltima lei a tratar. Essa lei da confirmao e completamento dos resultados pode ser assim expressa: O acabamento, a prova e a confirmao da obra do ensino devem processar-se atravs da recapitu1ao e da aplicao. de extrema necessidade fazer sempre a recapitulao, separando tempo para isso, fazer recapitulao em blocos de lies voltando sempre do inicio (pg. 70 e 71).

    1 Joo

    Ams Comenius (1592 - 1671) foi um clrigo marvio, cujos esforos no sentido de reformar as prticas escolares lhe conferiram lugar perene na histria da educao.

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    Educando Jovens e Adolescentes

    Educando adultos

    Educando Crianas

    Elaborao Curricular

    Funo Superintendente ED

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    FUNDAMENTOS BBLICOS DA EDUCAO