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Curso de Criação Comercial de Avestruzes Com o apoio da: Engº Agrônomo Paulo Cesar Melo Matos CREA/SP: 5060198211

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Page 1: APOSTILA DE CRIA..O DE AVESTRUZES - … · Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em ... de asas rudimentares, as quais não possui amplitude

Curso de Criação Comercial de Avestruzes

Com o apoio da:

Engº Agrônomo Paulo Cesar Melo Matos CREA/SP: 5060198211

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INTRODUÇÃO O avestruz vem sendo utilizada para a produção de penas há mais de mil anos. Aparece citado no Antigo Testamento, e o comércio foi intenso na Era Egípcia, Assíria e Babilônica. Também nos tempos das cruzadas, suas plumas foram trazidas para a Europa e tornaram-se famosos adornos da realeza como das rainhas Maria Antonieta, da França e Elizabeth, da Inglaterra (séc. XVI e XVII). O habitat do Avestruz se estendia das regiões secas e áridas da África, incluindo a África do Sul, África Leste e o Saara, até os desertos do Oriente Médio. No entanto a caça excessiva colocou em risco esta espécie. Em 1875, devido a grande matança para a coleta de plumas, muitos avestruzes do Norte da África haviam sido exterminados (JENSEN et al. 1992). No final do século XIX, existiam poucos avestruzes no Norte da África e foram considerados extintos na Ásia Ocidental. Depois, desapareceram da Síria e, por volta de 1930 o avestruz quase que é exterminado na Ásia. Foi a domesticação que salvou a espécie. Na África do Sul, em 1863, foram estabelecidas as primeiras fazendas de avestruzes, destacando-se os trabalhos de Arthur Douglas, que publicou em 1881 o primeiro livro sobre o assunto: “Ostrich Farming in South Africa”. Em 1913, as penas do avestruz ocupavam o 4º lugar nas exportações daquele país, ficando atrás da Lã, da Prata e do Ouro. Com a chegada das I e II Guerras Mundiais, houve um colapso desse mercado, e em razão disto, os fazendeiros sul-africanos começaram a explorar outros produtos do avestruz: a carne e o couro. Em poucas décadas esta atividade se expandiu e as aves foram levadas para outros países na América do Norte, destacando-se os EUA, que hoje possui o segundo maior plantel de animais; América do Sul, tendo no Brasil chegado comercialmente em 1994; Índia; Europa, destacando-se a Alemanha; Israel e Austrália.

SITUAÇÃO ATUAL Tabela: Número de Avestruzes Criados no Mundo (estimativa).

País Ano de Referência Número de Animais África do Sul 2004 1 milhãoEstados Unidos 2004 300 milUnião Européia 2004 200 milChina 2004 150 milBrasil 2004 120 milIsrael 2004 80 milZimbábue 2004 60 milAustrália 2004 80 milCanadá 2004 40 mil

Fonte: ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil. Com a produção média de 40 ovos por fêmea, pode-se concluir que há potencial para um aumento significativo destas aves. Na África do Sul, há dois tipos diferentes de exploração de avestruz: para a produção de penas e para a produção de carne e couro. Nas fazendas voltadas para a exploração de penas, tanto os machos quanto as fêmeas são depenados por ocasião da muda natural, o que ocorre cerca de três vezes a cada dois anos. Nestas fazendas, os ovos são incubados artificialmente, para evitar que as penas sejam danificadas quando a ave fica no ninho. Na incubação natural, os machos e as fêmeas se revezam para chocar os ovos,

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deitando-se sobre eles. Em geral, os ovos são levados para serem incubados fora da propriedade, em incubatórios de terceiros. Após o nascimento, os filhotes retornam para o dono. Este sistema poderá vir ser adotado no Brasil como forma de baratear a produção, podendo ser efetuado através de cooperativas. Na África do Sul, a carne e o couro representam 95% do faturamento da indústria de avestruzes. As aves, na sua maioria criadas confinadas, são abatidas entre os 12 a 14 meses de idade. São, poucas a as fazendas que realizam todas as etapas de produção, do ovo ao abate. Geralmente as tarefas são divididas em etapas: um produtor cria os pintinhos até a idade de três meses e meio, vende para um outro produtor que faz a recria até os sete ou oito meses, vendendo-as então para serem terminadas até a idade do abate, ou seja, em torno dos quatorze meses. Cerca de 50 mil a 120 mil avestruzes são abatidos anualmente para a obtenção de carne, couro, produtos secundários e penas. Estes dados, relativamente baixos, indicam que um número significativo de aves é mantido para a produção de penas. A África do Sul mantém uma venda regular de penas de avestruz. As melhores são exportadas para a Europa e América, enquanto as penas menores são usadas na fabricação de espanadores. As melhores penas são produzidas por avestruzes geneticamente selecionadas e com idade entre 3 e 12 anos. Nos EUA, estão sendo usadas também pela indústria automobilística, para a limpeza do carro antes da pintura, e pelos fabricantes de computadores, em virtude das suas propriedades antiestáticas.

CLASSIFICAÇÃO A classe das aves divide-se em duas superordens, a superordem Paleognathae (aves sem quilha, ou crista lamelar mediana, no osso esterno) e superordem Neognathae (aves com quilha no osso esterno). Pelo estudo dos fósseis, é possível reconhecer que as aves Paleognatas eram muito mais numerosas que na atualidade.

Avestruz (superordem Paleognathae) Pombo (superordem Neognathae)

O avestruz pertence ao grupo das aves ratitas, da superordem das Paleognatas, e apresenta características anatômicas e fisiológicas que a diferenciam das aves carinadas, entre as quais: a ausência de quilha no osso esterno, a perda da capacidade de vôo, a falta da glândula uropigiana e a separação de fezes e urina na cloaca (SICK, 1985). As ratitas são, em geral, consideradas as aves atuais mais primitivas do ponto de vista filogenético ou, mais exatamente, constituem um grupo muito antigo, atualmente especializado (CRACRAFT, 1974; SICK, 1985).

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Conhecem-se quarenta e sete espécies de aves ratitas extintas, entre as quais mencionam-se as moas (Dinornithidae), as aves elefantes (Aepyornithidae), o Sylvornis de Nova Caledônia e outras espécies, relacionadas com os grupos viventes (SIBLEY & ALQUIST, 1981). Existem dez espécies de aves ratitas atuais: o avestruz (Struthio camelus) da África e Arábia, duas espécies de emas (Rhea americana e Pterocnemia pennata) da América do Sul, o emu (Dromaius novaehollandiae) das planícies da Austrália, três espécies de casuares (Casuarius bennetti, C. casuarius, C. unappendiculatus) da Austrália, Nova Guiné e ilhas vizinhas, e três espécies de kiwis (Apterix haastii, A. owenii, A. australis) da Nova Zelândia (NATURA, 1987).

Distribuição geográfica da Rhea americana Distribuição geográfica do Struthio camelus As semelhanças morfológicas, bioquímicas, moleculares, genéticas, parasitológicas e comportamentais entre as aves ratitas fazem supor uma origem comum ou monofilética, destas aves. No caso dos avestruzes e das emas, consideradas, entre as aves ratitas, as mais especializadas (CRACRAFT, 1974), supõe-se que sua separação tenha ocorrido há 80 milhões de anos (SIBLEY & ALHQUIST, 1981; SIBLEY & ALHQUIST, 1986), quando se completou a separação das duas placas tectônicas que deram origem à América do Sul e África.

Ema Emu Casuar Kiwi

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As evidências geológicas indicam que estes dois continentes começaram a se separar pelo sul. É provável que o contato existente entre o Brasil e o oeste da África, durante o período Cretáceo médio, há cerca de 100 milhões de anos, já teria sido desfeito no Cretáceo tardio, há aproximadamente 80 milhões de anos, por uma separação de cerca de 800 Km. Por outro lado, a separação entre África e as Ilhas Canárias parece não ter sido completada antes de 12 milhões de anos atrás, a julgar pelas evidências obtidas nas análises das cascas dos ovos de avestruz encontradas na Ilha de Lanzarote, a leste das Canárias (SAUER & ROTHE, 1972).

Moa (Dinornis maximus) – extinta Epiórnis (Aepyornis maximus) – extinta Diatryma (Diatryma sp) - extinta A classificação Zoológica do avestruz é a seguinte: Classe Aves Subclasse Neornithes Superordem Paleognathae Ordem Struthioniformes Família Struthionidae Gênero Struthio Espécie Struthio camelus, Linn. Existe uma única espécie de avestruz e seis subespécies, vulgarmente agrupadas em três tipos: AFRICAN BLACK (a doméstica), REDNECK e BLUENECK: • Struthio camelus massaicus (Redneck) - pele avermelhada - encontrado no Quênia e Tanzânia; • Struthio camelus molybdophanes (Blueneck) - pele azulada - encontrado na Somália, Quênia e Etiópia; é a variedade mais distinta; apresenta o topo da cabeça sem penas; a pelagem do pescoço e das coxas é azulada; a plumagem do corpo dos machos é preta e branca e nas fêmeas a coloração é cinza mais suave; • Struthio camelus syriacus (Blueneck) - considerado extinto na década de 1940; habitavam os desertos da antiga Palestina e Pérsia; • Struthio camelus camelus (Redneck) - pele vermelha - encontrado no Norte da África, tinham sua área nativa da Mauritânia até a Etiópia; tem a parte superior da cabeça desprovida de penas e rodeada de pequenas penas duras de coloração parda, que descem pela parte posterior do pescoço; as penas do corpo são pretas, enquanto que as das asas e da cauda são brancas; a pele do pescoço é rósea; as penas do corpo da fêmea são marrom-escuro, sendo as das asas e da cauda mais descoradas; • Struthio camelus australis (Blueneck) - animal oriundo do Sul da África, Zimbábue e Namíbia, atualmente limitado aos parques e pequenas regiões da Namíbia; Struthio camelus var. domesticus (African Black) - oriundo do cruzamento entre syriacus, camelus e australis, geralmente identificado como S. c. australis; apresenta penas na cabeça, seu pescoço é cinza, avermelhando-se na estação de reprodução, e a cauda é marrom.

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Da esquerda para a direita, um macho e uma fêmea “Blue

Neck”, e um macho “Red Neck”.

CARACTERÍSTICAS

O avestruz é a maior ave existente, com altura média, do chão até a cabeça, variando de 2,1 a 2,5 m, sendo aproximadamente 0,9 m de pescoço e 1,0 m de pernas. O comprimento do corpo é cerca de 2,0 m. As aves adultas pesam, em média, 130 a 150 Kg. A longevidade é outro aspecto positivo desta espécie. Na natureza, o avestruz se reproduz até os 30 a 40 anos. Em cativeiro, as domésticas são capazes de procriar até os 50 anos, podendo viver até 60 a 70 anos. Uma fêmea adulta põe em média 30 a 50 ovos por ano no período. Algumas poedeiras chegam a pôr mais de 100 ovos. Os ovos pesam em média 1200 a 1800g (equivalente a mais de 20 ovos de galinha); se férteis, quando incubados, levam de 42 a 43 dias para eclodirem. Os pintinhos nascem com 25 cm de altura e cerca de 1Kg de peso vivo. Com relação à vocalização, pode-se dizer que esta ave é muda. Os filhotes do avestruz piam desde a fase final da incubação, ainda dentro dos ovos, até os primeiros meses de vida. Depois, com o tempo, deixam de emitir sons. Na época do acasalamento, no entanto, o macho infla o pescoço e emite sons parecidos com rugidos, primeiro curtos, depois longos. Existe um mito de que o avestruz enterra a cabeça no chão quando amedrontada, que não é verdade. O comportamento defensivo destes animais é bem característico. Quando pegos de surpresa, os filhotes, os animais mais jovens e eventualmente algum adulto, agacham-se, esticando o pescoço rente ao chão procurando camuflar-se na vegetação. Somente quando no ninho, a fêmeas escondem a cabeça na areia, para não serem vistas a distância. Talvez venha daí o popular mito sobre o seu comportamento. A variedade doméstica atinge a maturidade sexual entre dois a três anos, sendo as fêmeas mais precoces do que os machos. O macho, quando adulto, é maior que a fêmea e tem plumagem diferenciada, plumas pretas pelo corpo e brancas nas pontas das asas e cauda. A fêmea possui plumagem acinzentada ou amarronzada. O dimorfismo sexual é evidente aos 6 a 10 meses de idade.

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Detalhes morfológicos entre avestruzes machos e fêmeas Avestruz macho Avestruz fêmea

Detalhe dos Dedos

O avestruz possui apenas dois dedos, diferindo da ema, que tem três. É dotado de um par de asas rudimentares, as quais não possui amplitude para vôo, mas auxiliam no equilíbrio do animal nas corridas. Esta ave pode alcançar velocidades de até 80 Km/h, conseguindo manter um ritmo de 30 Km/h durante 4 horas. Possui temperatura corporal entre 38,5 a 39ºC (é uma temperatura baixa para uma ave; a galinha, por exemplo, tem uma temperatura corporal em torno de 41ºC). É dotado de um aparelho digestivo, que se inicia no bico, seguindo pela faringe, esôfago, não apresentando papo (comum nas aves Neognatas), com dois estômagos, um glandular e outro musculoso, um duodeno com intensa atividade microbiológica (o que promove um elevado aproveitamento da fibra vegetal), intestino delgado longo, intestino grosso (dotado de dois cecos bem desenvolvidos), encerrando na cloaca. As fezes são excretadas separadas da urina, a qual apresenta parte líquida e parte sólida. É um animal que não sente o paladar dos alimentos.

Raio X.

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São aves sociáveis, vivem em bandos. Na natureza, vivem em conjunto com outros animais. Seu comportamento se modifica por ocasião do período reprodutivo, quando alguns machos e fêmeas dominantes tomam atitudes agressivas. Seu comportamento agressivo é manifestado através de chutes que são bastante perigosos. Podem ser agrupados para acasalamento em colônias, em pares ou trios (duas fêmeas e um macho), onde uma das fêmeas é dominante (o macho a escolhe). Há uma difícil coabitação entre machos adultos, ou seja, numa criação comercial, os grupos devem ficar em piquetes separados. Na natureza, os machos chocam os ovos à noite, as fêmeas durante o dia. A idade que exige maior atenção é do nascimento aos três meses, freqüentemente com maior taxa de mortalidade até as 4 semanas (DEEMING et al. 1993). Até os 3 meses de idade, devem ser alojados em galpão coberto, arejado, onde permanecerão durante a noite e por ocasião das chuvas. Anexo aos galpões, há a necessidade de piquetes para exercício das avezinhas, fundamental para o seu bom desenvolvimento. A avestruz é um animal que vive e se reproduz em áreas semi-áridas, podendo vir a ser criado nos campos, cerrados e caatingas, sem necessitar desmatamento. Os seus predadores na natureza são lagartos, gaviões, cachorro do mato, raposa e outros que poderiam pisar nos ninhos.

CRIAÇÃO INTENSIVA - INSTALAÇÕES A criação de avestruzes é dividida em 3 fases: inicial, de crescimento e de reprodução. A fase inicial compreende do nascimento até os três meses de idade. Em seguida, a fase de crescimento que vai até os 24 a 30 meses. Finalizando, a fase de reprodução, quando as aves iniciam sua vida reprodutiva. Os filhotes até três meses de idade necessitam de calor artificial e abrigo durante a noite e nos dias de chuva. Depois dos 3 meses, já podem permanecer em piquete sem abrigo, pois já adquiriram resistência aos intempéries. Para que os filhotes possam exercitar-se e tomar sol, o ideal é que o abrigo seja anexo a um piquete cercado. Estudos mais recentes apontam para a criação de filhotes até 90 – 100 dias de idade em criadouros migratórios. Os criadouros migratórios são instalações simples, construídos em estrutura metálica, semelhantes a estufas agrícolas, e revestidos com lonas plásticas translúcida ou leitosa, colocada diretamente sobre área de pasto, revestindo o piso do abrigo e área de piquete com tela de sombrite, evitando o consumo do capim, porém proporcionando um piso confortável e boa drenagem da urina. Por se tratar de uma instalação de baixo peso, permite ao tratador a mudança do criadouro de lugar, promovendo a desinfecção da área anteriormente coberta através da luz solar e aeração. O período de permanência do criadouro no mesmo local é de 2 a 3 dias, devendo a área permanecer em descanso por um período mínimo de 7 dias. O criadouro nas dimensões 4m por 4m, permite manter até 60 filhotes nos primeiros 45 dias e após este período, monte outro abrigo e divida a lotação. O piquete externo possui a mesma área do abrigo, delimitado com tela de 80 cm de altura e parte do mesmo deve estar sombreada. Neste tipo de instalação, comedouros e bebedouros mais usados são os manuais.

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Detalhes de um criadouro migratório: abrigo e piquete externo

Após os 3 meses de idade os avestruzes podem ser criadas em piquetes sem abrigo com área disponível de no mínimo 50m² por ave. Pode-se montar piquetes exclusivos para esta fase ou montar definitivamente os piquetes de reprodução, diminuindo a lotação dos mesmos com o crescimento das aves.

Aves com 6 meses de idade.

As instalações dos adultos exigem cercas bem mais simples, feitas de arame liso com quatro fios, de 1,5 a 1,8 m de altura, mourões espaçados a cada 4 metros, com um balancim entre os mourões. Os piquetes de casais reprodutores podem ser construídos um ao lado do outro, mas, mantendo um corredor separando os mesmos, com largura mínima de dois metros. O corredor tem o objetivo de evitar brigas de contato entre os machos e também facilitar o manejo entre os piquetes, já que a experiência vem mostrando uma criação mais eficiente em piquetes mais retangulares, e que o avestruz tem o hábito de caminhar principalmente no perímetro do piquete. Piquetes mais retangulares e mais estreitos apresentam maior metragem linear, o que aumenta o espaço de percurso da ave. Um Piquete de 50m x 20m tem 140 metros lineares e um piquete de 10m x 100m tem 220 metros lineares (e ambos são de 1000 metros quadrados). Cochos de água e ração devem ser instalados em posições opostas, o que evita o avestruz sujar a água com resíduos de alimento. Os cochos de água podem ser manuais ou automáticos, devendo lembrar sempre que as aves necessitam de água a vontade e de boa qualidade.

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Piquetes para reprodutores.

À esquerda, modelo de cocho de água automático, construído com tambor de plástico,

adaptado uma protegida por uma tábua; à direita, cocho de ração e volumoso construído com tambor de plástico.

Não se deve usar arame farpado ou tela de alambrado na construção dos piquetes, pois o arame farpado pode causar lesões no animal, e na tela de alambrado o avestruz pode enroscar a cabeça no vão da tela podendo morrer por enforcamento. A prática demonstra também que piquetes feitos com arame liso com mais de 4 fios também podem causar acidentes por enforcamento.

Avestruzes criadas em piquete com tela de alambrado. Atualmente, esta

prática é pouco recomendada.

MANEJO NAS INSTALAÇÕES: Os avestruzes comportam-se de forma imprevisível em diferentes situações de manejo. Os machos, em particular, durante a estação de reprodução podem ter comportamento muito agressivo, o mesmo podendo ocorrer com algumas fêmeas adultas, tornando-se tão agressivas quanto os machos. Lembrando sempre da imprevisibilidade do comportamento do animal, deve-se tomar os devidos cuidados: as pessoas não devem entrar nos piquetes sem um gancho de manejo para conter, caso se faça necessário, as aves agressivas. Os filhotes e a maioria das aves adultas são facilmente controlados por uma ou duas pessoas. Para o manejo dos adultos é importante a utilização do gancho de manejo e de um capuz colocado sobre a cabeça do avestruz porque, de olhos vedados, tornam-se mais dóceis. No entanto, o capuz deve permitir a entrada suficiente de ar para que a ave possa respirar livremente. O uso do capuz todas as vezes que for segurar as aves, desde filhotes, faz com que elas se habituem, reduzindo o stress.

À esquerda, modelo de gancho de manejo para captura e defesa; à direita, gancho de manejo para captura; ambos modelos disponíveis no mercado.

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Por outro lado, é preciso evitar o stress, que é um dos fatores mais importantes a ser considerado na criação de avestruz. Para reduzir o stress, é necessário observar cuidadosamente a ventilação, a nutrição, a medicação em excesso, a densidade populacional, o transporte e o manejo. É comum os animais se habituarem com o tratador e com o ambiente onde estão alojados; portanto, deve-se evitar mudanças que possam levar a situações de stress e acidentes. Habituar o tratador a usar uniformes de mesma cor auxilia bastante contra o stress, principalmente nos períodos inicial e de postura. As aves podem ser presas, usando um brete ou capturadas com o gancho de manejo. Na hora de capturar, leve um grupo de aves para dentro do pátio de manejo, mesmo que apenas algumas delas devam ser capturadas. Elas devem ser tocadas e cercadas num canto do pátio. Então, a pessoa que vai fazer a captura deve se aproximar calmamente, com o gancho de manejo e com a ajuda de dois ou três auxiliares. A aproximação deve ser feita pela lateral ou por trás, para evitar os chutes defensivos do avestruz. Então, o pescoço é preso pelo gancho de manejo, na junção da cabeça, puxando, sem torcer, pois o pescoço quebra facilmente.

Modelo de brete de contenção.

Os auxiliares ajudam a segurar o animal, um na cauda e um em cada asa, enquanto é colocado o capuz na cabeça. Deve-se ter cuidado para que a ave não caia com o gancho em volta do pescoço. Faz-se então o manejo desejado ou o animal é conduzido ao transporte. Para um transporte mais seguro, algumas condições devem ser levadas em consideração: • Par de aves jovens - recomenda-se uma área de 1,2 m por 0,9 m, e altura suficiente para permitir que as aves fiquem de pé sem desconforto. Este recinto de transporte deve ser delimitado por grades, ou tabiques de madeira no formato de uma gaiola, sem saliências ou fendas que possam ferir as aves e com piso que não seja escorregadio, podendo ser forrado com uma boa camada de feno. • Cobrir a “gaiola” com lona durante todo o transporte para que seu interior fique o mais escuro possível e, ao mesmo tempo, permita uma ampla ventilação. Se for por poucas horas, não fornecer ração durante o transporte, apenas água para refrescar as aves que ficarem quentes e estressadas. • De preferência, o transporte das aves deve ser efetuado no período da noite, quando é mais fresco e as aves ficam mais calmas e descansam. Áreas intensamente iluminadas devem ser evitadas, pois a luz estimula as aves a pular subitamente, o que pode causar ferimentos. • Ao chegar ao destino, retira-se a lona para que os animais se acostumem com a luz, estimulando-os também a ficarem em pé durante 15 a 20 minutos antes do desembarque. Evitar introduzir as aves em piquetes estranhos durante a noite, pois, após serem soltas, elas podem correr em qualquer direção e ir ao encontro de objetos ou cercas.

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• Após o transporte, alimento e água devem estar disponíveis. • O transporte de ovos também requer alguns cuidados. Eles devem ser limpos e embrulhados individualmente em panos ou em papel macio, colocados numa caixa ou outro recipiente, com o lado da câmara de ar voltada para cima e transportado sob temperatura de aproximadamente 15 a 18ºC. O transporte descuidado dos ovos pode quebrá-los, ou causar deslocamento do embrião, levando a perdas por baixa eclodibilidade. Ao planejar a estrutura da propriedade, levar em consideração os cursos d’água, a direção dos ventos e outras influências naturais. Esses fatores são importantes na implantação de quebra-ventos, corredores entre piquetes, localização de abrigos, cochos e bebedouros e melhor utilização de outras facilidades, como disponibilidade de água. - Galpão e piquete de quarentena e manejo sanitário: o IBAMA e o Ministério da Agricultura exigem uma área para quarentena dos animais introduzidos na propriedade. Mesmo que a quarentena seja feita em outro local, é muito importante ter na propriedade instalações para alojar animais vindos de outros criatórios, animais doentes da propriedade e que estejam sob tratamento ou observação. Um ambulatório veterinário onde possam ser realizadas pequenas cirurgias e algumas análises clínicas ou preparado os materiais para encaminhamento para exames (fezes, sangue, animais mortos para necropsia, por exemplo). Destina-se, portanto, a múltiplos usos. Deve possibilitar o manejo, inspeção, tratamentos e outros atendimentos às aves com grande presteza e rapidez. - Incubatório: o incubatório deve ficar localizado distante dos animais jovens (recria) e dos reprodutores, conforme as normas do Ministério da Agricultura. É formado por área de recepção e estocagem dos ovos, incubação, nascimento e lavagem das bandejas.

Avestruzes em piquete de engorda

ALIMENTAÇÃO

Segundo GROEBBELS, 1932, as ratitas são consideradas animais onívoros. Os avestruzes selvagens são consumidores oportunistas de alimentos, comendo uma grande variedade de plantas, sementes, frutas, flores, brotos novos e insetos. Sendo nômades, percorrem grandes distâncias a procura de alimento, freqüentemente agrupando-se próximos a uma fonte de água ou comida. Praticam o coprofagismo (ingestão de fezes) em todas as idades, devendo este hábito ser atentamente observado, pois, sabe-se que, em caráter depravado, pode estar relacionado com stress de manejo e deve-se identificar a causa do distúrbio, além do que as fezes podem ser uma fonte de contaminação. Com a exploração comercial do avestruz, teve início em meados do século passado, uma série de estudos e propostas de regimes alimentares para esta ave, conforme literatura sul-africana. Entretanto, enquanto para outras espécies de aves para carne, tais como os frangos e perus, as exigências nutricionais estão bem definidas, as informações sobre a alimentação de avestruzes em cativeiro ainda estão em fase de intenso estudo. Na tabela que segue, são apresentados os níveis de nutrientes das rações comerciais para avestruzes disponíveis no mercado:

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Tabela: níveis de nutrientes típicos de rações para avestruzes (segundo MUIRHEAD, 1995): INICIAL CRECIM. / MANUT. REPRODUÇÃO Proteínas (%) 18 – 24 16 - 20 14 - 20 Fibras (%) 8 - 10 10 - 12 9 - 12 Gordura (%) 3 – 8 3 - 6 3 - 5 EM Kcal/Kg 2300 – 2600 2000 - 2400 2000 - 2300 Cálcio (%) 1,2 - 2,0 1,2 - 1,8 2,0 - 3,5 Fósforo (%) 0,9 - 1,2 0,85 - 1,2 1,0 - 1,2 FILHOTES A alimentação vai depender do tipo de manejo e qualidade do pasto nos piquetes. Como recomendação geral, pode ser utilizado o esquema apresentado a seguir: • 0 a 45 dias: ração balanceada com 19% de proteína, oferecida a vontade, estando o filhote com calor e iluminação artificiais. Iniciar a alimentação logo após o nascimento. A prática de fornecimento de uma fonte de probiótico logo após o nascimento até duas semanas de idade vem demonstrando uma excelente resposta quanto a redução da mortalidade dos filhotes. A suplementação com verde picado em partes bem pequenas (2 a 3 mm), fornecido em quantidade a ser ingerida pelos filhotes em 15 minutos de exposição, 3 vezes ao dia, de preferência da mesma espécie de forrageira encontrada no piquete em que o avestruz será confinado após 45 dias de idade; • 45 a 90 dias: ração balanceada oferecida a vontade e suplementada com o pasto do piquete; • Após 3 meses: fornecimento de ração de forma controlada, suplementada com feno triturado de leguminosas, capim picado e pasto. O acesso ao verde picado oferecido por 15 minutos, 3 vezes ao dia, até os 45 dias de idade, ajuda a treinar os filhotes a pastar e ainda promover uma função intestinal sadia. O limite sugerido de alimentos ricos em fibras longas é para que não venha a desequilibrar seriamente a absorção de cálcio e fósforo. A alfafa, por exemplo, tem relação cálcio/fósforo = 6:1. A redução nos níveis de proteína é necessária para evitar excessivo ganho de peso nesta fase, o que pode contribuir para o aparecimento da síndrome do entortamento das pernas (teoria), apesar de que atualmente, acredita-se que o entortamento de pernas e o entortamento de dedos estejam relacionados mais com questões de piso das instalações do que alimentação isoladamente. Deverá ser oferecida, em todas as faixas etárias, granito ou pedrinhas (variando a granulação de acordo com o tamanho da ave) para auxiliar na digestão. Não deve ser utilizado farinha de ostras para não desequilibrar a relação Ca:P. Uma maneira prática de se determinar a granulometria das pedrinhas para cada faixa de idade, basta calcular pela metade do tamanho da unha do dedo da ave. A recusa dos filhotes ao alimento ou à água pode ser superada através de uma das seguintes técnicas: • Introduzir filhotes mais velhos (duas a três semanas de idade) junto aos recém-nascidos; • Acrescentar alimento verde picado, como, por exemplo, o próprio pasto, grama, espinafre, beldroega, couve ou alfafa ao alimento; • Espalhar um punhado de ração no piso e ao redor do comedouro. Os filhotes preferem a cor verde e não sabem comer nos comedouros. Aos poucos, reduzir a área com alimento no chão para mais próximo do comedouro.

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AVES COM MAIS DE TRÊS MESES: É uma fase de crescimento muito rápida. O consumo de alimento é de 0,5Kg/dia as seis semanas de idade, aumentando gradativamente até os 2Kg/dia, com ganhos em peso variando de 100 a 400g/dia. Aproximadamente dos 14 aos 18 meses de idade, o avestruz deve atingir o pleno desenvolvimento de seu corpo, sendo que, a partir daí, será necessário alimento apenas para manutenção. Na tabela que segue, são apresentados os valores médios de ingestão de alimentos e ganho em peso de avestruzes de 6 a 50 semanas de idade. Tabela: valores médios de ganho de peso e ingestão de alimentos: IDADE (SEMANAS) 6 8 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50

PESO (Kg) 5,9 11,3 16,1 28,6 40,4 51,5 61,2 71,2 79,4 86,2 91,9 96,6 99,8

INGESTÃO (Kg/DIA) 0,5 0,7 0,8 1,1 1,5 1,8 2,0 1,9 2,0 1,9 1,9 2,0 2,0

G. PESO (Kg/DIA) 0,27 0,34 0,45 0,41 0,38 0,34 0,34 0,30 0,25 0,18 0,16 0,11 0,10

Na tabela seguinte, é verificado a média de altura do avestruz por idade. Tabela: média de altura do avestruz por idade: IDADE (MESES) 1 2 3 4 5 6 ALTURA (m) 0,5 a 0,7 0,65 a 1,2 0,9 a 1,65 1,0 a 1,8 1,4 a 2,0 1,75 Após atingir a maturidade sexual em aproximadamente dois anos, as aves reprodutoras devem receber uma ração especial. As taxas alimentares exigidas dependerão das condições de pastagem, mas, como uma orientação, os machos e as fêmeas que não estão acasalando podem consumir aproximadamente 1 a 1,5 Kg de ração peletizada ao dia, e as poedeiras até 2 a 3 Kg e livre acesso a um volumoso de qualidade. A ração deve conter no máximo 16% de proteína. Recomendam-se pesagens periódicas para controle do peso dos reprodutores, pois aves com excesso de gordura podem diminuir o desempenho reprodutivo e também vir a morrer. No final do período de postura, deve-se fazer a restrição alimentar. Trata-se da redução do consumo de ração para níveis de até 0,5 Kg / ave / dia, mantendo o volumoso e água sempre a vontade, desta forma, forçando uma redução no peso e conseqüente desaceleração do metabolismo, encerrando definitivamente o período da postura. Esta prática vem demonstrando bons resultados na questão da economia no consumo de ração e a interrupção da postura no final da estação, pois, geralmente estes ovos apresentam baixa eclodibilidade. Desta forma, poupamos o organismo da ave para o próximo período de postura. CONSELHOS ÚTEIS: O controle da taxa de crescimento é essencial; o ganho excessivo de peso corporal é um dos fatores para surgimento de problemas de entortamento das pernas nos avestruzes jovens. Algumas restrições alimentares podem ser adotadas a partir de três semanas de idade para reduzir o ganho de peso. Portanto, é necessário a pesagem periódica dos filhotes com registro destas e de outras informações em fichas zootécnicas para auxiliar no controle da alimentação e de todo o sistema de criação. O criador deve sempre: • Fornecer água em quantidade e qualidade (um avestruz adulta chega a beber até 10 litros de água por dia);

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• Manter o alimento fresco e os cochos limpos; • Diminuir os desperdícios; • Manter a suplementação da ração com fibras e pedriscos, a fim de assegurar função digestiva sadia e apetite.

REPRODUÇÃO Avestruzes selvagens podem não atingir a maturidade antes dos quatro anos. Geralmente, as fêmeas em cativeiro, recebendo alimento de qualidade e em quantidades adequadas, atingem a maturidade sexual em dois anos, enquanto os machos, na maioria das vezes, levam mais tempo para atingir esta maturidade (2,5 a 3 anos de idade). Em algumas regiões, a estação chuvosa dá início a estação de reprodução. No Sudeste do Brasil, a postura inicia em Julho-Agosto. Embora o avestruz seja uma ave sazonal, não é raro a fêmea pôr ovos durante todo o ano. A postura atinge o máximo na primavera (Setembro a Dezembro, no Hemisfério Sul), e depois cai até Fevereiro, quando ocorre pequeno pico de produção. As últimas observações práticas e informações colhidas em propriedades de criadores no Estado de São Paulo mostram que, apesar de as aves dependerem do fotoperíodo longo e das altas temperaturas como estímulos externos para a ovoposição, elas vêm procurando períodos de maior concentração de estiagens (dias secos). Conseqüentemente, a concentração de ovos na região centro-sul do Brasil vem ocorrendo principalmente de Junho a Novembro. Já, na região nordeste, algumas informações apontam para uma maior postura de Dezembro a Maio, com mais locais incidentes de aves com postura anual. O macho e a fêmea podem acasalar duas ou três vezes diariamente. A fêmea põe um ovo em dias alternados até completar 15 a 20 ovos. Após pequena pausa, de 7 a 10 dias, o ciclo recomeçará. O peso médio do ovo é de 1100 a 1600g. Uma fêmea saudável deve pôr durante cerca de 35 a 40 anos ou mais, e com produção de 15 a 70 ovos por ano (nos primeiros anos a postura é menor, tendendo a aumentar com a idade). Portanto, um avestruz é capaz de produzir cerca de 1600 ovos com sobrevivência de 640 descendentes de um ano, enquanto que uma vaca de corte, no máximo 8 a 12 bezerros durante a sua vida produtiva.

A esquerda, fêmea em posição para receber o macho; a direita, macho em estimulação.

Algumas aves podem botar até 120 ovos numa estação prolongada de postura. Entretanto, alguns fazendeiros da África do Sul preferem interromper a postura destas aves porque, segundo eles, os ovos mais tardios são menos férteis e na estação seguinte, a produção total diminuirá. A média ideal seria de 60 a 70 ovos por ano com uma interrupção de 60 a 90 dias entre os ciclos de postura. Este intervalo permitiria um descanso para a ave e um número satisfatório de ovos na estação seguinte, com alta

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percentagem de fertilidade.

Postura em ambiente selvagem.

Os machos e fêmeas devem ser separados 8 a 12 semanas antes do início da estação de reprodução e submetidos a uma dieta nas duas últimas semanas previstas para o início da reprodução, para redução do peso corporal. Os avestruzes gordas não têm bom desempenho reprodutivo. Como regra geral, o avestruz é acasalada aos pares, embora freqüentemente um macho forte e vigoroso seja colocado com duas fêmeas (trio). Em áreas extensas, pode ser adotado o sistema de colônias. "Como no Brasil, ainda não temos reprodutores com idade superior a 10 anos, acredito que o pico de fertilidade de machos e fêmeas aconteça após este período, quando muito mais machos atenderão mais que duas fêmeas, já que a vida útil dos mesmos supera os 40 anos em cativeiro"(Matos, 1999).

PRODUÇÃO DE OVOS

MANEJO DOS OVOS: A coleta dos ovos deve ser feita cuidadosamente e com freqüência para evitar contaminação e danos físicos. Deve ser realizada logo após a fêmea deixar o ninho e a película de mucina que envolve o ovo estar seca. No momento da coleta deve-se utilizar luvas cirúrgicas ou saco plástico para evitar o manuseio direto, o que pode contaminar o ovo. Devido ao formato arredondado do ovo do avestruz, a posição da câmara de ar não pode ser determinada na ocasião da coleta, portanto poderão ser transportados na posição horizontal. Para verificar defeitos nos ovos, usa-se o ovoscópio, aparelho projetado para observação da casca e do interior do ovo. Há vários modelos de ovoscópios, caseiros ou industriais, inclusive um sofisticado sistema acoplado a uma câmera de vídeo: • Trincas ou pequenas rachaduras que geralmente só são visíveis quando passados pelo ovoscópio. Ovos de preços elevados com pequenos defeitos podem ser reparados com esmalte de unhas ou cera de vela. Não é vantajoso reparar ovos com vazamento de material, pois eles dificilmente eclodirão; • Ovos velhos, com câmara de ar maior do que o normal e a gema densa; • Ovos com manchas de sangue e coloração rosa-pálido na clara; • Gemas múltiplas ou duplas, que embora possam ser férteis, raramente chocam; • Massa escura, que é característica de ovo contaminado e que deve ser cuidadosamente manipulado, pois corre o risco de estourar e contaminar o ambiente.

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Ovoscópio

Qualquer ovo que apresente defeito antes ou durante a incubação deve ser removido imediatamente. Deve-se ter especial cuidado com a origem dos ovos, pois manejo inadequado dos ninhos e falhas no controle sanitário do plantel pode originar ovos com altas taxas de contaminação por fungos e bactérias, que, além de reduzir a eclodibilidade, resultam em morte dos filhotes nas primeiras semanas de vida. Os ovos contaminados podem rapidamente espalhar as infecções para os sadios. LIMPEZA DOS OVOS: Qualquer método de limpeza removerá pelo menos um pouco do filme de mucina que protege o ovo, tornando-o mais suscetível a contaminação ou infecção durante a incubação. Sujeira leve pode ser removida através de limpeza seca com uma lixa fina, tendo cuidado para não esfregar excessivamente os ovos. O ideal seria manter limpo o ninho e coletar os ovos freqüentemente para não ter ovos sujos. A lavagem só deve ser efetuada quando absolutamente necessária e, neste caso, utiliza-se água limpa e um desinfetante, observando-se as seguintes recomendações: • Manter a temperatura da solução de lavagem 10ºC mais quente do que os ovos; • Imersão total dos ovos na solução, procedendo-se a lavagem o mais rápido possível; • Enxaguar numa segunda solução ainda não utilizada; • Secar ao ar. A solução apresentada a seguir é de custo reduzido e muito eficaz como desinfetante e detergente tanto para lavagem dos ovos quanto para os equipamentos. Contém amônia quaternária 250ppm e EDTA 10ppm, e pH 8,0, com adição de carbonato de sódio. Solução estoque: 1. Amônia Quaternária 10% 75g/litro d’água2. EDTA 0,4% (sal dissódico ou cloreto de sódio) 3g/litro d’água3. Carbonato de Sódio 4,2% 32g/litro d’água

As soluções a serem utilizadas na limpeza dos ovos e equipamentos são preparadas com a Solução Estoque e água, conforme diluições apresentadas a seguir: • Lavagem dos ovos: use 20ml da solução estoque em 1 litro d’água; • Lavagem dos equipamentos: use 40ml da solução estoque em 1 litro d’água.

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Atualmente, em países como os Estados Unidos e Austrália, há disponibilidade de soluções patenteadas para lavagem dos ovos. Um exemplo é o PARVOCID R, usado em soluções de 10ml/litro d’água. Outro produto bastante eficiente para desinfecções, e de caráter natural, é uma solução a base de Citrex a 3000ppm (princípio extraído de sementes de laranja), a qual pode ser borrifada em toda a superfície dos ovos, sem risco de comprometimento do embrião, atuando como agente bactericida e fungicida. A fumigação pode ser feita com o gás formaldeído; porém, como ele potencialmente pode causar câncer, torna-se obrigatório uma ventilação adequada no ambiente onde é utilizado. A imersão dos ovos em antibiótico é uma prática que está se tornando amplamente empregada e pode ser útil no controle de doenças, embora não seja um substituto para a lavagem dos ovos. Uma solução recém preparada de mistura de antibióticos vai penetrar no ovo, através dos poros da casca, podendo ser usada tanto em tanque comum como a vácuo. ARMAZENAGEM: Os ovos podem ser armazenados com êxito por 5 a 10 dias, o que possibilita incubar de uma só vez a postura de uma semana. A concentração do nascimento uma vez por semana reduz as pressões de manejo. Na sala de estocagem ou armazenagem ou câmara fria, a temperatura deverá ser de 15 a 18ºC e a umidade relativa mantida a 70 a 75%. Nas temperaturas superiores a 20ºC, o embrião pode começar a desenvolver-se, sendo elevada a mortalidade quando cai a temperatura.

Estocagem de ovos na câmara fria.

A sala de estocagem dos ovos deve ser arejada e provida com sistema de circulação de ar para evitar o crescimento de fungos, que podem ser letais aos embriões em desenvolvimento. É recomendável viragem dos ovos pelo menos uma vez ao dia, durante a armazenagem para evitar a aderência de seu conteúdo à casca. As pessoas que manipulam os ovos devem lavar bem as mãos antes de cada contato com eles, pois a higiene é fundamental durante todas as fases da operação. O ideal é que usem luvas descartáveis. As mesmas, jamais devem ter contato com as aves e em seguida manipular os ovos, pois correm o risco de contaminação.

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Ovos estocados a temperaturas baixas não devem ser colocados diretamente dentro de uma incubadora aquecida para evitar choque térmico. Recomenda-se o pré-aquecimento que pode ser facilmente efetuado, transferindo-se os ovos da câmara fria para a sala de incubação e expostos a temperatura ambiente por 8 a 12 horas, antes de serem colocados na incubadora. INCUBAÇÃO: Recomenda-se incubar os ovos após pelo menos 24 horas de postura. É muito importante realizar a desinfecção da incubadora antes de cada incubação. Há divergências entre especialistas quanto a colocar os ovos na posição vertical com a câmara de ar para cima ou horizontalmente. Pesquisas recentes indicam que os melhores resultados com ovos de avestruz são obtidos quando na posição vertical e com inclinação de 45 graus. AZEREDO, 1992, relata a possibilidade de eclosão de até 100% quando ovos de ratitas são incubados artificialmente.

Modelos de incubadora para ratitas; à esquerda, uma incubadora-nascedora alemã e à direita, uma

incubadora nacional. A temperatura na incubadora deve ser de 35,5 a 36,7ºC (36,4°C). Umidade Relativa (UR) de 20 a 45%, em função do peso, formato e número de poros na casca dos ovos, e deverá ser regulada de acordo com a perda de peso dos ovos durante o período de incubação. Quando há grande número de ovos com pesos e formatos diversos, recomenda-se ter de três a quatro incubadoras com regulagens diferentes de umidade. Semanalmente, os ovos serão pesados, e calculada a perda de peso que deverá ser de 12 a 17% (ideal 15%). Ovos com perda maior ou menor que estes valores devem ser remanejados para incubadoras com maior ou menor umidade, conforme o caso. Em geral, requerem umidade maior os ovos de formato alongado, leves e de maior porosidade (30 a 40% de UR), e menor umidade os ovos redondos, pesados e com menor número de poros (20 a 22% de UR). Uma das formas de calcular a perda de peso é aplicando a fórmula: %PP = {[(PI-PD)/nD]/PI} . 36 . 100 Sendo: • PP = perda de peso; • PI = peso inicial, no dia do início da incubação; • PD = peso no dia da pesagem; • nD = número de dias do início da incubação até o dia da pesagem.

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Umidade muito alta, geralmente resulta em alta porcentagem de não eclosão e pintos maiores com aderências e sangue. Umidade baixa resulta em pintos muito pequenos, fracos, elevada mortalidade na casca e câmara de ar muito grande. O período de incubação dos ovos de avestruz é de aproximadamente 42 dias. Os ovos devem ser virados pelo menos três vezes ao dia. A viragem deve ser interrompida aproximadamente no 39º dia, quando o espaço da câmara de ar se encontrar bastante aumentado e o avestruzinho tiver perfurado a membrana da câmara de ar, o que deve ser determinado observando-se o ovo no ovoscópio. Nesta ocasião, os ovos são transferidos para o nascedouro. Aproximadamente no 41º dia, o pintinho passa a ocupar quase o ovo todo, perfurando a casca dentro de aproximadamente 24 horas. A ovoscopia, ou seja, a observação do embrião dentro do ovo deve ser feita semanalmente até o 39º e diariamente após, até a eclosão. A observação sistemática dos ovos na incubadora é muito importante. Ovos inviáveis podem adquirir tonalidade e temperatura diferentes, devendo ser descartados prontamente, de modo a não prejudicarem os demais. Toda manipulação de ovos, viáveis ou não, deve ser feita com cuidados de assepsia. Um ovo inviável é fonte de contaminação para todos os outros e para a incubadora. Os ovos viáveis devem ser poupados de substâncias contaminantes.

Ovoscopia: detalhe na parte superior da câmara de ar e no lado direito a sombra

do embrião.

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Fases de desenvolvimento do embrião.

Os filhotes de avestruz abrem caminho através da casca, que é relativamente resistente, usando as pernas e os grandes dedos. É a diminuição do nível de oxigênio dentro do ovo que faz com que o pintinho tenha convulsões e quebre a casca. No 42º dia, o criador deve marcar aqueles ovos nos quais os filhotes já romperam a membrana da casca; porém, não deve tentar ajudar os outros que ainda não o fizeram. Ocorrem mais perdas de filhotes intervindo-se no processo de eclosão do que deixando os ovos eclodirem naturalmente.

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Ao final do 43º dia, uma pessoa qualificada deve examinar os ovos não eclodidos para então decidir quando ajudar neste processo. O auxílio consiste em dar pancadinhas de leve na parte superior até ouvir um som oco. Neste ponto, o operador cuidadosamente quebra a casca, removendo-a para ver se o pintinho está em posição normal, com o bico exatamente acima do dedo. Se estiver em posição normal, deve-se deixá-lo sair sozinho. Se não, deve-se auxiliar na liberação do pintinho. BURNING & DOLENSEK, 1986, citam que muitas pessoas ficam impacientes neste ponto e tentam descolar a casca e as membranas do filhote. Ao fazer isto, deve-se tomar muito cuidado, pois vasos sangüíneos podem se romper ou, perdendo a possibilidade de se esforçar, o filhote poderá não absorver totalmente o saco vitelino e morrer depois. Como parâmetro de melhoramento genético, deve-se anotar na ficha zootécnica da ave quando a mesma for auxiliada no momento da eclosão e descartá-la da reprodução.

Etapas da eclosão.

Durante a eclosão, a umidade relativa deve deverá ser mantida, no mínimo, em torno de 80%. Se as membranas estiverem secando e aderindo ao filhote, os ovos devem ser borrifados com um fino spray d’água. Ao contrário da maioria das aves que, girando seu corpo vagarosamente dentro do ovo, desenham um círculo na ponta maior da casca até abrir uma calota, empurrando-a depois para nascerem, as aves ratitas não fazem a incisão circular. Após perfurarem a casca, os filhotes descansam um pouco, depois esticam suas pernas poderosas e “explodem” para fora do ovo, deixando-o em pedaços. Uma vez que eles tenham nascido, deve-se permitir que se enxuguem por algumas horas numa estufa ou incubadora a 32,2ºC. Depois serão colocados num recinto onde não possam distanciar-se muito de uma fonte de calor, geralmente uma resistência elétrica ou uma campânula a gás, jamais lâmpadas. As lâmpadas alteram o ritmo circadiano das avezinhas e podem provocar o surgimento de canibalismo. Criadeiras, cercados ou caixotes de 1m por 1,5m podem ser empregados no cativeiro para este fim, devendo-se tomar todo o cuidado em utilizar material apropriado para o piso dos locais onde se encontram os filhotes, principalmente nos primeiros dias de vida. Nunca se devem utilizar pisos lisos, para evitar escorregões e problemas com as pernas dos filhotes. Pisos cobertos com areia e serragem são proibidos, pois, ao serem ingeridos pelos avestruzinhos, provocam impactação e morte. Logo após o nascimento e durante três dias seguintes, recomenda-se tratar o umbigo com solução de álcool iodado para evitar infecções localizadas ou sistêmicas.

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Saco da gema infeccionado; dentre as possíveis causas, o não tratamento do

umbigo.

"Imediatamente após o nascimento, a administração por via oral de uma fonte probiótica (iogurte natural, na quantidade de uma colher das de chá por ave, repetindo após por até 20 dias), vem demonstrando uma sensível redução no número de aves que morrem nos primeiros dias de vida. Avestruzes precisam rapidamente povoar seu trato digestivo com bactérias benéficas, o que lhes garantirá uma resistência maior contra as doenças que podem ocorrer na fase inicial” (Matos, 2000). “Recentes práticas utilizando cupins macerados, oferecidos logo após o nascimento, vem apresentando um excelente resultado como agente probiótico” (Matos, 2004).

CRIAÇÃO DOS FILHOTES Os filhotes podem sobreviver sem alimento e sem água por aproximadamente 6 a 10 dias, dependendo das reservas do saco da gema; mas esta característica não deve ser explorada na criação comercial, devendo fornecer água e alimento já no 1º dia de vida. Durante este período, as aves são ensinadas a encontrar alimento e água que devem estar acessíveis.

Filhotes com 7 dias de idade, transferidos para

o abrigo maternidade. Detalhe do cocho de ração e da fonte de calor (campânula a gás).

O controle da temperatura ambiente é essencial para os filhotes jovens. Os mesmos tipos de fontes de calor empregados na criação de aves domésticas podem ser utilizados. Se a temperatura não está elevada o suficiente, o filhote ficará estressado e poderá sucumbir à infecção respiratória. Para evitar superaquecimento, é necessário que os filhotes sejam capazes de afastar da fonte de calor. A água, fornecida a vontade e de boa qualidade são fatores de extrema importância na criação. A falta da mesma causa desidratação, principalmente na fase inicial, quando a temperatura interna das instalações é mais elevada por causa do aquecimento artificial (cerca de 29ºC). Uma maneira de identificar a baixa hidratação em filhotes é “espichando” a pele do pescoço, que no caso de uma ave hidratada deve retornar imediatamente, e, em caso contrário, a mesma permanece esticada por alguns segundos.

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Após a eclosão, os filhotes comem qualquer alimento macio e podem ser alimentados com alfafa picadinha ou outro capim picado. O fornecimento de uma quantidade limitada de alimentos verdes em pequenos intervalos, usualmente permitirá aos filhotes comê-los antes que murchem. A aparência das fezes e da urina dos filhotes usualmente indica seu estado de saúde. As fezes devem ser macias, não muito secas ou granuladas como as de carneiro. A urina deve ser aquosa (rala) e não pegajosa. A cor da barriga é outra indicação de saúde. Ela deve ser amarelo cremoso. Os filhotes devem ser pesados regularmente. A perda de peso inicial deve se estabilizar em torno do 5º dia de vida, para depois iniciar um ganho de peso bem vagaroso. O exercício é muito importante para o bem estar dos filhotes e, se o tempo permitir, deve-se deixar as aves no pátio externo à luz solar. Em nível de manejo, é importante também agrupá-las de acordo com o tamanho e idade. ALIMENTAÇÃO: Em alguns casos, os filhotes não começam a comer. Para estimulá-los, é recomendável colocar filhotes mais velhos juntamente com os filhotinhos e esparramar uns punhados de ração em volta do comedouro. Em alguns criatórios, também usam-se coelhos ou cabritos para estimularem os filhotes ao consumo de ração e também compensar a ausência dos pais, que para os avestruzes é bastante influente. A impactação proveniente de areia, pedregulho, cascalho ou vegetais, pode ser um problema para os filhotinhos. Ela está relacionada a tendência do avestruz em ingerir matéria estranha de seu ambiente. Há uma alta incidência de impactação em filhotes com menos de duas semanas de idade, provocada pelo capim. Os filhotes com menos de 5 meses de idade, inclusive, não devem ficar em piquetes com árvores, pois eles apanham galhos. Para evitar a impactação, o material usado no piso dos piquetes de criação deve ser relativamente leve e fino. Práticas mais recentes apontam o uso de tela de sombrite ou similar cobrindo toda a área do piquete, para impedir o consumo de materiais diversos pelas aves jovens (até 90 – 100 dias de idade). Lembre-se que neste caso, deve-se manter o fornecimento de uma fonte de volumoso para os filhotes. No avestruz adulto, a impactação com areia e pedregulho (cascalho) é relativamente comum. Para impactações com areia, sujeira ou alimento, o tratamento é feito, utilizando-se eletrólitos orais e suplementação de energia. Para prevenir impactação por corpos estranhos nas aves adultas, deve-se remover materiais estranhos dos piquetes, como pedaços de arames. Excluindo a ingestão de materiais brilhantes, prego, etc., está provado que o maior fator para a impactação por capins, areia e outros produtos normais nas instalações, ou seja, o consumo excessivo destes produtos seria um distúrbio na alimentação provocado por situações de stress. Para estimulação do desenvolvimento normal dos filhotes, é fundamental que eles tenham um espaço adequado no qual possam se exercitar. Nas savanas, os filhotes com menos de três meses de idade viajam 8 a 30 quilômetros por dia seguindo seus pais.

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Empregar pais adotivos para motivar o exercício dos filhotes causa menos stress do que quando estes são forçados pelos proprietários das aves a se exercitarem. Na África do Sul, pais adotivos são usados para ajudar a criar os filhotes e assegurar exercício apropriado. Geralmente, as aves escolhidas como pais adotivos são mais velhas, dóceis, de fácil manejo e não ficam estressadas facilmente. Os filhotes mais velhos também tendem a ajudar os filhotes mais jovens introduzidos no rebanho. Os filhotes se acostumam com o tratador, reconhecendo o mesmo com um semelhante da sua espécie (memória por impressão), principalmente quando os filhotes nascem em cativeiro e não tiveram contato com animais adultos. Neste caso, observou-se que os filhotes ficam piando, principalmente a noite, sentindo a falta do tratador. Alguns estudos mostram que, mantendo um macacão do tratador, pendurado dentro do abrigo maternidade, transferem segurança às avezinhas, reduzindo o stress durante a noite.

Um macacão do tratador pendurado na

forma de um “espantalho” parece reduzir o stress dos filhotes pela

ausência do pai adotivo. Foto tirada em criatório na África do Sul.

SEXAGEM: Usualmente, o sexo dos filhotes é determinado aos três ou quatro meses de idade. Para facilitar a localização dos órgãos da ave dentro da cloaca, sem que seja necessária sua inversão, pode-se considerar o posicionamento conforme os ponteiros de um relógio. Com a ajuda de um assistente segurando a ave, que está normalmente em pé, o operador introduz o dedo indicador dentro da cloaca e passa o dedo na posição de 5 ao 9 do relógio. Se a ave for fêmea, uma protuberância uniforme carnuda e macia, do tamanho de uma semente de ervilha, será percebido na posição de 6 horas. A protuberância é o clitóris. Se a ave for macho, um órgão firme e cartilaginoso será percebido na posição de 7 horas. O órgão é o falo (pênis) que mede em torno de 2cm de comprimento, aos quatro meses de idade. Na técnica da sexgem pela reversão da cloaca, o pênis do macho geralmente projeta-se para fora, e curva-se para cima. Este método é mais fácil de ser executado em aves mais novas, nas primeiras semanas de vida, com acurácia de 90%, quando realizado por pessoas com certa prática, repetindo-se o exame aos 3 meses de idade para confirmação da sexagem.

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Sexagem de um filhote com cerca de 5 dias de

idade; observe pela reversão da cloaca a exposição do falo (pênis), confirmando o sexo (macho).

Freqüentemente, o sexo das aves com nove ou mais meses de idade, pode ser determinado pela observação dos atos de urinar e defecar, pois o pênis aparece ao desempenhar tais funções. Existe também disponível no mercado Norte Americano um método de sexagem pelo DNA através de amostra de sangue. Ao contrário de outras aves, no avestruz, as fezes e a urina são separadas. MARCAÇÃO: Os avestruzes podem ser marcadas por métodos provisórios e definitivos. Um método de marcação revolucionário é através da microchipagem, que consiste na implantação de um microchip no músculo da cabeça da ave, padronizando do lado esquerdo (feito no dia do nascimento), ou na cauda (feito em qualquer idade), o qual é reconhecido por um leitor, que informa a numeração do chip daquele animal. Este número, que nunca se repete, é a identidade da ave, onde através de planilhas de controle zootécnico (informatizadas ou não), fazemos o acompanhamento do manejo do animal sempre que necessário. Algumas vantagens do método podem ser citadas: facilidade de uso do sistema; marcação permanente, com baixíssimo risco de perder o chip (a vida-útil da bateria do chip é de cerca de 20 anos); fácil identificação em caso de roubo de um animal. O custo do uso deste método de marcação talvez viabilize apenas para animais reprodutores, mas, apesar de inicialmente ser caro (cerca de US$ 400.00 um leitor e cerca de US$ 10.00 um microchip), se encarado como custo fixo, a amortização anual é bastante baixa.

À esquerda, foto detalhando o músculo da cabeça, hipertrofiado, logo nas primeiras horas de vida, momento mais adequado para a implantação do microchip; à direita, tratadora fazendo a

leitura do microchip já implantado no filhote. O Ministério da Agricultura determina que todos os animais exóticos introduzidos no Brasil venham microchipados da sua origem. O avestruz importada enquadra-se nesta determinação.

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Outro método de marcação, e, certamente mais barato que o anteriormente citado, é a marcação com brinco de bovinos inserido na pele do pescoço, perto da base, o qual tem registrado um número que identifica o animal. Pode ser usado de duas cores diferentes, para distinção de machos e fêmeas. Dê preferência ao uso de brincos com tonalidade mais opaca, e não use o vermelho e nem o amarelo vivo. Uma grande vantagem deste método é o custo, e uma desvantagem é a chance de ficar mal colocado e cair posteriormente. Já se encontra no mercado brincos especiais para avestruzes (cuidado com a cor dos brincos, pois os fabricantes desconhecem este detalhe) e cintas para serem usadas acima da articulação da “canela”. O uso de fitas adesivas coloridas nas pernas dos animais seria um método de marcação provisório, com a intenção de identificar um animal em terapia, por exemplo, ou convalescente, etc. FICHAS ZOOTÉCNICAS OU DE CONTROLE: O uso de fichas de controle visam acompanhar o desenvolvimento dos avestruzes, além de registrar seu desenvolvimento ponderal e histórico veterinário. Existem vários modelos de fichas, as quais também podem ser criadas pelo fazendeiro, além de poder utilizar os recursos da informática e de possíveis programas de controle de planteis de avestruzes que podem ser desenvolvidos ou já existentes no mercado.

CUIDADOS MÉDICOS

“Consulte sempre um médico veterinário especializado para um correto diagnóstico” CONTENÇÃO: A contenção manual de ratitas é potencialmente perigosa, tanto para o tratador como para o animal. As aves ratitas reagem rapidamente quando se sentem ameaçadas e freqüentemente pulam e esperneiam, dando coices violentos para frente. As unhas e os dedos tornam-se então armas formidáveis, portanto o pessoal deve ser orientado a reagir apropriadamente. Os avestruzes jovens podem ser apanhadas segurando as pernas firmemente e elevando a ave acima do chão. No caso de animais adultos, a cabeça é apanhada e imediatamente encapuzada, para que a visão do animal seja bloqueada. O capuz pode ser feito com um pano escuro ou uma meia grossa, com elástico na extremidade mais larga e um orifício na extremidade oposta para o bico. Um gancho de manejo pode auxiliar a colocação do capuz e a condução da ave. Uma vez tendo a sua visão bloqueada, a ave sentir-se-á completamente dominada, podendo ser conduzida, agarrando-se suas asas e fazendo-se alguma pressão para baixo, para impedir que ela pule, especialmente quando passar de um tipo de piso para outro tipo com textura diferente. Uma pressão maior e contínua fará com que a ave se assente gradualmente. Deve-se lembrar que o avestruz não consegue chutar para os lados ou para trás. A dificuldade só existe quando se permite que a ave pule ou caia sobre um dos lados. Em todas as situações de contenção manual, deve-se instruir todos os auxiliares para que ajam de maneira coordenada, rápida e tranqüila. Deve-se ter todo empenho em não estressar os animais.

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Nunca se deve amarrar um avestruz para o transporte. O esforço violento da ave para se libertar acaba provocando lesões graves. A solução ideal consiste utilizar caixotes individuais de madeira ou madeirite, no tamanho da ave, com furos para a ventilação. O fundo destes caixotes pode ser revestido com capim seco. Os caixotes podem ser acondicionados em engradados, na carroceria de um caminhão ou caminhonete, jamais em caminhões-baú, em que a temperatura sobe demasiadamente e a ventilação é insatisfatória. O transporte deve ser feito na parte mais fresca do dia ou à noite. A utilização de drogas tranqüilizantes como os benzodiazepínicos (Diazepam, Valium, etc., na dose de 5 a 10mg/Kg de peso corporal) pode ser de grande valia para diminuir o stress dos animais durante o transporte. A administração intramuscular de hidrocloreto de ketamina, 25 a 50mg/Kg de peso corpóreo, e uma combinação de hidrocloreto de tiletamina e hidrocloreto de zolazepam, 2 a 5 mg/Kg de peso corporal, têm sido utilizados em ratitas, principalmente para captura, algumas vezes utilizando-se dardos e pistolas. As aves geralmente se acalmam com doses menores e desmontam com doses maiores. O uso de ketamina isoladamente pode provocar efeito paradoxal com doses baixas, ou seja, a ave pode ficar excitada. MENDES, 1990, comenta que em geral, a contenção química pode facilitar a movimentação de ratitas para dentro de gaiolas ou caixas de transporte, mas produz muitos problemas quando usada em dosagens maiores para imobilização total. ANESTESIA: O halotano é um agente satisfatório para produzir anestesia geral em ratitas. A dificuldade primária ocorre durante a indução ou recuperação, quando as aves precisam ser contidas para prevenir danos. O processo de indução por respiração na máscara precisa ser cuidadosamente observado porque o padrão de respiração rápida da ave estressada poderá resultar em rápida depressão. Uma vez que a ave tiver atravessado o período de indução, um tubo endotraqueal poderá ser facilmente passado e a anestesia mantida indefinidamente. Todas as espécies de aves irão experimentar quedas bruscas de temperatura corpórea, especialmente durante procedimentos prolongados. É recomendável que se isole o animal ou se providencie alguma fonte externa de calor para ajudar a manter a temperatura. Em algumas poucas situações, leituras cloacais de 34,5 a 35ºC, foram observadas durante procedimentos de uma a duas horas, sem que as aves desenvolvessem complicações pós-operatórias. Em aves previamente imobilizadas com hidrocloreto de ketamina a 25mg/Kg, via intramuscular, a ketamina dada via venosa pode produzir anestesia adequada em doses de 5 a 10mg/Kg. Doses adicionais de 5mg/Kg são requeridas a intervalos de 10 a 15 minutos para manter uma profundidade adequada de anestesia. DOENÇAS: Quando se consideram as doenças de qualquer espécie de ave, é importante lembrar que algumas aves especiais podem desenvolver doenças infecciosas semelhantes àquelas encontradas em aves domésticas. A única diferença parece residir na incidência de uma determinada doença em uma dada espécie. • Rinites: acredita-se que a causa seja o Haemophilus gallinarum, embora possam ocorrer infecções mistas. Sinais clínicos incluem um balançar da cabeça e uma descarga nasal clara ou purulenta.

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As aves infectadas estarão alertas, porém freqüentemente alimentam-se menos e perdem peso. Esta condição é mais predominante nas aves com menos de um ano de idade e sujeitas a stress proveniente do clima frio ou de superpopulação. Sinusite, conjuntivite e saculite aérea são vistas freqüentemente como extensões das infecções riníticas. A infecção é usualmente complicada com infecções secundárias por micoplasma ou fungos resistentes à terapia. Um edema abaixo e anteriormente aos olhos, incluindo as pálpebras, e uma descarga copiosa de um ou ambos os olhos e das narinas são os sinais primários da sinusite. Um som chocalhante na expiração, quando as aves são forçadas a se mover também pode ser observado. • Aspergilose: enquanto a maioria dos animais expiram ar saturado de vapor d’água, o avestruz reduz a umidade relativa do seu ar expirado a 85%. Essa adaptação única para sobrevivência num meio árido pode ser uma desvantagem para os criadores de avestruz em áreas de umidade relativa alta. O fungo Aspergillus sp se beneficia o ambiente quente e úmido para o seu ótimo desenvolvimento. O mecanismo trapping para apanhar água, no avestruz localiza-se nos seios nasais e pode fornecer ambiente ideal para a incubação dos esporos do Aspergillus. O Aspergillus sp tem sido reportado como causa comum das doenças respiratórias de muitas aves. Em aves jovens, ele causa alta mortalidade e em aves adultas, a infecção usualmente é esporádica. O diagnóstico ante-mortem é difícil. Para o tratamento, recomenda-se o uso de antifúngicos utilizados normalmente em outras espécies aviárias. • Candidíase (sapinho, monilíase): O agente causal desta condição é o fungo Candida albicans. O organismo é facilmente identificado numa preparação de exsudato oral montado em meio líquido. O sinal clínico mais característico é uma pseudomembrana amarelada que se forma na mucosa oral. Em casos mais avançados, deformidades no bico são observadas devido a necrose extensa da parte superior. As aves afetadas apresentam crescimento inadequado e depauperação e podem estar apáticas. Se algum material alimentar estiver ocluindo as lesões, poderá ser facilmente removido para revelar a membrana amarelada. Antibioticoterapia prévia pode promover o desenvolvimento desta doença, mas casos de aparecimento espontâneo são muito comuns. As lesões orais devem ser limpas, retirando-se os debris necróticos e tratadas três vezes ao dia com nistatina líquida pediátrica (100.000 unidades). Loções de tiabendazol e anfotericina também tem sido usado com sucesso comparável. Recentemente, o ketoconazol tem sido usado com sucesso em doses de 6mg/Kg de peso corporal, duas vezes ao dia, em infecções que envolvem a orofaringe. • Doenças bacterianas: são causadas por Escherichia coli, Salmonella sp, Klebsiella sp, Clostridium sp, e outros agentes que levam principalmente a quadros de enterite. É listado abaixo, alguns antibióticos testados em ratitas, com suas respectivas dosagens, vias de aplicação e intervalo entre doses.

ANTIBIÓTICO VIA DOSE INTERVALO ENTRE DOSES (HORAS) Ampicilina, triidratado (1) IM 15 a 20mg/Kg de PV 12 Cefalotina (2) IM 100mg/Kg de PV 6 Cefalexina (3) PO 35mg/Kg de PV 6 Tilosin (4) IM 25mg/Kg de PV 8 Legenda: IM = intramuscular PO = oral (1);(2);(3) - Bush et al., 1979; (4) - Locke et al., 1982.

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Experiências práticas mais recentes mostram um bom resultado terapêutico com o uso de Enrofloxacina ou Norfloxacina para controle de E. coli, principalmente, na dose de 1g do produto comercial por 5 litros de água por 3 dias. Quando o uso do antibiótico é inevitável, associar ao tratamento, pelo mesmo tempo, iogurte natural misturado com levedura de cerveja para o restabelecimento da flora intestinal (colocar 1 colher de sopa de iogurte e 3 comprimidos macerados de levedura por litro de água no último trato do dia). • Doenças virais: a única doença viral relatada é a Bouba Aviária, embora as ratitas sejam provavelmente suscetíveis a outros vírus de aves, como o Myxovirus e Aerovirus, atingindo avestruzes de todas as idades. Alguns autores têm relatado infecções de avestruzes com o vírus da doença de Newcastle (Kloppel, 1963; Corrado, 1966; Samberg et al.,1989). • Doenças Parasitárias: causadas por protozoários, nematóides, trematóides, cestóides e ectoparasitas, responsáveis por muitas perdas no plantel. Na África do Sul, principalmente as aves jovens costumam ser infestadas por tênia (Houttuynia struthionis) que provoca a morte dos animais de forma extremamente dolorosa. O malation (organofosforado) de 1 a 4% em pó tem sido usado para controlar piolhos (BURNING & DOLENSEK,1986), tratando-se todas as aves em um determinado grupo, pois estes parasitas passam todo seu ciclo vital no hospedeiro. A desvantagem do tratamento com o malation é a elevada toxidez desta substância, que pode levar algumas aves ao óbito. Com Bolfo (metil-carbamato) em pó, aplicado sob as asas, os piolhos podem ser facilmente controlados. Aves vizinhas de outras espécies precisam ser examinadas ou tratadas se o problema persistir. Outros inseticidas como carbaril (carbamato) tem sido usados em aves domésticas com resultados igualmente satisfatórios. Ovos dos endoparasitos das superfamílias Ascaridoidea e Strongiloidea são mais usualmente observados em testes simples de flutuação de fezes de ratitas. Os filhotes das aves parecem ser mais sensíveis às infestações, em comparação aos adultos. Corretas medidas de higiene, manejo adequado e vermifugação regular são fundamentais na prevenção deste problema. Tratamento com piperazina de 50 a 100mg/Kg para ascarídeos e tiabendazol ou mebendazol, a 50mg/Kg e 15mg/Kg, respectivamente, são efetivos contra strongilídeos. Esta terapia deve ser repetida após 15 dias, com controle posterior do tratamento, pelo exame de fezes. A fim de proporcionar uma distribuição mais homogênea do vermífugo, quando administrado a um grupo de aves, é recomendável pulverizar a dose total, diluída em água, sobre o alimento a ser fornecido. Neste momento é interessante que as aves estejam em jejum, para que a quantidade de alimento fornecida como veículo para o vermífugo seja totalmente consumida. O uso do Ivermectin no controle de endo e ectoparasitas em avestruzes já começou no Brasil, mas demanda ainda de muito estudo. Sabe-se da sua eficácia contra a maioria dos ectoparasitas artrópodes e com relação aos endoparasitas sua ação é eficaz contra os nematóides. Sabe-se também que cestóides e trematóides não são afetados por esta droga. O ivermectin é um útil produto no tratamento de parasitas de aves, mas deve ser diluído precisamente antes da sua administração. Recomenda-se a dosagem de 200mcg/Kg de peso vivo, aplicado via subcutânea.

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É importante ressaltar uma vez mais o papel desempenhado pelas medidas de higiene dos tratadores (uso de botas, macacões limpos, pedilúvios, restrição ao acesso de veículos e pessoas estranhas), pelo rodízio dos piquetes e recintos e sua desinfecção regular com desinfetantes (tipo hipoclorito de sódio a 1%, formaldeído ou formalina) ou com fogo (queimadas controladas nos pastos e lança-chamas nos recintos), na prevenção das verminoses e de outras doenças. A coccidiose, em todas as espécies aviárias, é encontrada primariamente em aves jovens ou em aves mais velhas, vivendo sob condições sanitárias inadequadas e superpopulação. O tratamento consiste no uso de sulfas ou amprolium e melhorias sanitárias. Vacinação: Até o ano de 2004, o Ministério da Agricultura ainda não publicara um programa de vacinação para avestruzes. Devido a este fato, e também à prática, que até agora não registrou nenhum caso de doença nesses animais, passível de vacinação. Então, a recomendação até este momento é NÃO VACINAR. DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS: • As aves ratitas são afligidas pela diástese úrica (gota) de maneira semelhante à vista em outras espécies de aves. • Corpos estranhos: é quase impossível executar uma necrópsia em uma ratita adulta e não encontrar corpos estranhos (vidro, pregos moedas, pedras ou outros materiais) no seu compartimento estomacal musculoso. Estes materiais agem como um abrasivo para possibilitar ao animal a quebra de materiais alimentares mais grosseiros. Em ratitas adultas, entretanto, ocasionalmente um corpo estranho poderá se alojar no trato intestinal e criar uma impactação. Objetos pontiagudos podem perfurar qualquer porção do trato gastrointestinal e isto freqüentemente leva a morte por peritonite. O diagnóstico de impactação ou perfuração em ratitas adultas raramente é feita em espécimes vivos, embora o diagnóstico radiográfico seja possível. Cirurgia para remoção do material ofensivo tem sido tentada em algumas aves, porém a maioria morre no pós-operatório, por peritonite ou choque. Corpos metálicos estranhos são uma fonte potencial de envenenamento por metais pesados em avestruzes. Em algumas áreas dos EUA, altos níveis de metais pesados e microelementos foram encontrados em avestruzes. Os sintomas reportados incluem anorexia, depressão e falta de coordenação. Algumas aves morreram. Os filhotes bicam e engolem toda a sorte de materiais durante suas primeiras semanas de vida É melhor mantê-los sobre um substrato simples (não derrapante!) até que tenham estabelecido seus hábitos alimentares e reconheçam a comida. Conforme descrito anteriormente, capins secos com folhas longas prestam-se bem como forro para o chão ou cama. Uma introdução gradual de novos materiais para cama, juntamente com observação rigorosa, poderá ser feito para diminuir a ingestão de material estranho. Pequenas impactações em filhotes causadas por areia, pedregulhos ou materiais de cama podem ser aliviadas pela administração de óleo mineral com um cateter gástrico, provavelmente devido ao aumento do peristaltismo provocado pelo óleo. Gravetos ou grandes acúmulos de pedregulhos só podem ser removidos cirurgicamente. A ingestão de objetos metálicos pode ser um perigo real, particularmente em ambientes confinados. Foi verificado que o estômago glandular de aves doentes ou mortas continham até 1Kg de fragmentos metálicos, além de areia, vidro e alumínio. Objetos comuns recuperados incluem: unhas, parafusos, porcas de parafusos, pinos arames, grampos, pregos, pedaços de solda, fragmentos de baterias, moedas e peças de chumbo.

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Os criadores devem posicionar suas instalações cuidadosamente e procurar minimizar o acesso das aves a objetos metálicos, além de fazer uma minuciosa vistoria nas instalações e piquetes após suas construções e repetir periodicamente. • Fraqueza nas pernas ou Síndrome do entortamento das pernas: a fraqueza nas pernas é um problema nos avestruzes jovens em crescimento, particularmente aqueles com idade abaixo de quatro meses. Esta fraqueza pode ser causada ou se desenvolver a partir de uma série de fatores, atuando sozinhos ou combinados. Para aves brandamente afetadas, deve-se restringir a alimentação. As aves severamente afetadas raramente se recuperam e o melhor neste caso é a eliminação. As causas prováveis para os problemas nas pernas são:

1. Qualidade genética ruim ou endogamia (consangüinidade); 2. Excesso de alimentação, especialmente dietas ricas em proteínas e pobres em

fibras; 3. Crescimento rápido de filhotes criados em fazendas (freqüentemente duas vezes

o das aves selvagens); 4. Desequilíbrio na relação cálcio: fósforo; 5. Falta de exercícios; 6. Stress; 7. Dietas muito energéticas; 8. Doenças infecciosas.

O crescimento rápido pode ser prevenido pela restrição alimentar. • FRATURAS: fraturas dos segmentos superior ou inferior do bico requerem uma fixação rígida por quatro a seis semanas. Pode-se empregar uma combinação de suturas metálicas e materiais plásticos como metacrilato de metil, com bons resultados. As asas das ratitas não são necessariamente para locomoção, portanto a fixação ou amarração da asa junto ao corpo numa posição natural quase sempre resulta numa união satisfatória em três ou quatro semanas. Fraturas de ossos longos envolvendo as pernas são quase sempre associadas a danos extensos aos tecidos moles. A natureza emocional das ratitas, aliada à alavancagem e poder de suas pernas fragmenta o osso e o dirige através da pele. Estes mesmos fatores fazem o reparo difícil em aves adultas e a eutanásia é quase sempre recomendável para prevenir sofrimentos adicionais. Ocasionalmente, a consolidação óssea pode ser tentada, mas o stress físico sobre o osso e sua textura pobre ou os materiais de fixação utilizados tornam a recuperação improvável, mas não impossível. • PATOLOGIA CLÍNICA: amostras de sangue podem ser obtidas pela punção das artérias ou veias braquiais - radiais ou ulnares, ou da veia jugular (muitas ratitas têm somente uma jugular), com agulhas nº 20 ou 22. O tamanho relativamente grande da ave adulta permite a coleta de amostras grandes, portanto uma variedade de testes pode ser executada. Em filhotes, as amostras limitam-se a 2ml. Os valores de hemoglobina em ratitas saudáveis geralmente variam de 10 a 14mg/dl e o hematócrito entre 35 a 45%. Contagens de leucócitos elevadas devido a presença de doenças infecciosas estão usualmente entre 7.000 a 14.000/mm3; cerca da metade das células são heterófilos e a maioria das restantes são linfócitos. Valores bioquímicos séricos normais para ratitas encontram-se na tabela abaixo:

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COMPONENTE VALORES NORMAIS (mg/dl) Bilirrubina 0,1 - 0,3 Cálcio 10,0 - 14,0 Creatinina 0,4 - 0,8 Colesterol 100 - 200 Glicose 150 - 200 Fosfatase alcalina 3 - 3000 Proteínas séricas 3,6 - 4,6g/dl (25% de albumina) Ácido úrico 4 - 15 Sódio 130 - 145 Potássio 3,5 - 4,5 SGOT 90 - 150 (unidades SF) SGPT 6 - 15 (unidades SF) Fonte: BURNING & DOLENSEK, 1986. • FARMÁCIA: esta relação é uma sugestão de produtos para compor uma pequena

farmácia para atender ocorrências emergências. Obviamente a mesma pode ser equipada com maior número de produtos. Mas lembre-se: uma criação saudável se faz com um bom manejo, com boa alimentação e boa genética, e não com uma boa farmácia.

ALGUNS MEDICAMENTOS IMPORTANTES: • Violeta Genciana; • Ampicilina veterinária; • Álcool; • Flotril: • Álcool iodado ou Iodo; • Azium; • Água Oxigenada; • Vitamina A-D-E; • Sal; • Terramicina; • Açúcar; • Nujol; • Fita crepe de fralda (várias

cores); • Ungüento Pearson; • Atadura elástica; • Ringer Lactato; • Seringas de 5ml e 10ml; • Eletrolítico ou Enerstid; • Seringas de insulina; • Glicopan ou Amisol. • Agulhas;

MATERIAIS • Esparadrapo; • Algodão; • Seringa de 20ml, acoplada a

um garrote para fornecer soro. • Gaze;

PRODUTOS DO AVESTRUZ • PRODUÇÃO DE CARNE: o avestruz é abatida entre os 10 e 12 meses de idade em

abatedouros especializados; porém, também podem ser usados abatedouros para bovinos, adaptados.

Antes do abate, as penas são cortadas e, em seguida, é feita a sangria após atordoamento elétrico. A fim de maximizar o aproveitamento das penas, do couro do corpo e das pernas, foram desenvolvidas tecnologias para o abate e esfola da avestruz. O processo exige retirada cuidadosa da pele, com técnica apurada.

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Um avestruz bem desenvolvida, com idade de 10 a 12 meses fornece entre 34 a 41Kg de carne. A carne das pernas e filé das coxas são processados separados e o resto da carcaça, em sua maioria, é usado para carnes processadas (hambúrgueres e embutidos) ou para carne seca. Os órgãos internos são usados para patês e farinha de carne.

Carcaça Limpa

Tabela: Aproveitamento da carne do animal abatido (14 meses de idade):

TIPO DE CORTE PESO (Kg) % DA CARCAÇA Filé mignon 3,5 11,7 Bife 6,3 21,0 Biltong (presunto) 9,7 32,3 Carne de segunda 10,5 35,0 Na África do Sul, o charque constitui o mercado principal para a maior parte da carcaça do avestruz. As carnes de primeira são exportadas para a Europa, especialmente para a Suíça e, em menor volume, para França e Alemanha. A Suíça tem potencial para consumir de 10 a 20 toneladas da carne por mês. A produção brasileira de avestruz para ser exportada para a Europa terá que atender as exigências da CEE. Atualmente, devido ao problema da “doença da vaca louca (Encefalopatia Bovina Espongiforme)”, estar teoricamente atribuída a animais que ingeriram rações cuja composição continha proteína de origem animal, e a rastreabilidade das carnes, o estrutiocultor deve preocupar-se quanto a origem das rações fornecidas, a fim de viabilizar a produção de carne e derivados para a exportação. Provavelmente, maior volume de exportação seria de carnes processadas, por ex., salsichas, hambúrgueres e almôndegas. Na Europa, os preços reportados para a carne de avestruz variam de US$ 13.00 a US$ 27.00 por quilo. Na África do Sul, onde os produtos de carne de avestruz são mais baratos, os preços de venda do charque são de US$ 10.00 a US$ 12.00 o quilo (US$ 3.00 a US$ 4.00 por quilo em “in natura”) e nos EUA, variam de US$ 17.00 a US$ 29.00 o quilo, dependendo do tipo de corte.

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Tabela: Comparação entre o valor de diferentes carnes (dados europeus) ESPÉCIE PREÇO DA CARNE (US$/Kg)

Bovino 8.00 Suíno 4.67 Peru 3.33 Avestruz 13.33 A carne do avestruz é muito saborosa. Apresenta coloração avermelhada, assemelhando-se muito com a carne bovina, fator positivo quanto a aceitação da mesma, principalmente pelo mercado interno. Considerando a tendência mundial em buscar fontes de proteína mais saudáveis em razão do sedentarismo do homem e o aumento da sua expectativa de vida, a carne de avestruz apresenta na sua composição baixos níveis de colesterol, gorduras, calorias e sódio, quando comparada com outras carnes. Observe a tabela abaixo: Tabela: Composição química média e valor calórico de diversas carnes (por 85g): ANIMAL CALORIAS(KCal) PROTEÍNAS(g) LIPÍDIOS(g) COLESTEROL(mg)Bovino 240 23,0 15,0 77 Suíno 275 24,0 19,0 84 Frango 140 27,0 3,0 73 Peru 135 25,0 3,0 59 AVESTRUZ 97 22,0 2,0 58 Fonte: Nutritiva vale of. foz USA - 1995

À esquerda, carne crua; à direita, carne preparada.

PRODUÇÃO DE COURO: O Couro de todo o corpo do avestruz, exceto cabeça, dedos dos pés e ponta das asas é aproveitado. Um avestruz com 12 meses produz de 0,9 a 1,1 m² de couro. No mercado internacional, o preço do couro de avestruz é de US$ 110.00 a US$ 320.00 por m² (cerca de US$ 200.00 por pele) para o produtor. O valor da pele curtida é de US$ 400.00 a US$ 800.00, enquanto o valor do couro processado é de US$ 500.00 a US$ 6,000. 00. O couro é resistente, macio, fácil de extrair e de tingir, e possui marcas características do implante das penas (folículos), o que é muito valorizado. A pele das pernas parece escamosa e assemelha-se ao couro de répteis. Com as peles são fabricados sapatos, cintos, carteiras, bolsas, pastas e pequenas peças de vestuário como coletes e almofadas para os ombros. Marcas famosas como Gucci, Christian Dior e outras usam couro de avestruz.

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O couro do African Black é mais valorizado quando comparado com o couro de um animal Blue ou Red Neck, devido ao maior numero de folículos inseridos na peça principalmente nas costas É difícil estimar a demanda por couros de avestruz; porém, segundo informações, o potencial seria de 300 mil a 750 mil peles por ano. Os principais mercados são os EUA, Japão, Itália, França, Alemanha, Inglaterra, África do Sul e alguns países da Ásia. O International Leather Guide (Guia Internacional Para o Couro - 1991) lista 40 curtumes de couro de avestruz entre os USA, África do Sul, Itália, França, Japão, Reino Unido e outros países. No Brasil, o IPT de Franca, SP, dispõe de tecnologia de curtição de peles de avestruz. Atualmente, já dispomos de curtumes especializados no tratamento do couro de avestruz.

Couro de avestruz curtido

• PENAS: O avestruz é famoso por causa de suas penas. O adulto pode produzir penas de excelente qualidade por 40 anos ou mais, desde que receba cuidados apropriados. No entanto, as melhores penas são produzidas por avestruzes de 3 a 12 anos de idade. As mais valiosas são aquelas penas longas, largas e completamente simétricas. As penas estão maduras para coleta aos 8 meses. Quando se faz a retirada, deve-se deixar uma camada de penas na parte superior do animal para evitar queimaduras de sol. Separam-se bem as plumas a arrancar, puxando com movimento de zíper. Arrancam-se em média 4 camadas de plumas. Arrancam-se também as penas da parte de trás das coxas. Na região da cauda, as penas são retiradas individualmente. Só arranca-se as penas que apresentam o cálamo bem maduro, pois se arrancado quando “verde”, causa dor e sangramento no animal. Arranca-se as plumas abaixo das brancas para deixá-las bem expostas. As penas brancas são cortadas, verificando se estão bem maduras. Geralmente consegue-se 3 produções a cada 2 anos.

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Há 200 tipos de classificação de penas, sendo as principais: • Brancas (da asa do macho); • Pretas (da asa do macho); • Ornamentais (da extremidade da asa); • Feminas (da asa da fêmea); • Pardas (da asa da fêmea); • Penugem (de baixo das asas); • Caudas (das caudas do macho e da fêmea).

Tabela: classificação e valor das plumas: TIPO MEDIDAS(cm) COR VALOR (US$/Kg) Macho branca 50 - 76 Branca 167.00 Fêmea 50 - 76 Branca 87.00 Cinza “Drabs” 13 - 56 Cinza 35.00 Pretas 23 - 50 Preta 43.00 Peitorais 23 - 50 Preta e branca 43.00 Cauda 25 - 40 Bege 27.00 Em média obtém-se 1 a 2Kg de plumas/animal/ano. A áfrica do Sul é o maior produtor de plumas do mundo exportando anualmente cerca de 400 toneladas, sendo o Brasil o maior importador absorvendo cerca de 20% da produção mundial. As penas brancas são as mais procuradas porque tingem bem, embora as cinzas e as pretas possam ser alvejadas. O preço das penas brancas de melhor qualidade é de US$ 80.00 a US$ 90.00 por quilo para o produtor, e as de qualidade secundária US$ 40.00 por quilo. As penas de excelente qualidade são exportadas para a Europa e América e as penas pequenas são usadas para fabricar espanadores, leques e enfeites. As indústrias automobilísticas utilizam equipamentos produzidos com plumas de avestruz para limpar as chapas dos carros antes de serem pintadas. As indústrias de computadores (hardware) utilizam “espanadores” para limpar as placas antes de serem montadas. Dados de 1993 mostram que o Brasil importou 8 toneladas de plumas só da África do Sul. No ano de 2000, a Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro importou 25 toneladas de plumas para serem usadas nas fantasias de carnaval.

À esquerda, detalhe da inserção das plumas na asa do avestruz; a direita, espanadores confeccionados com plumas de avestruz.

• OUTROS PRODUTOS DO AVESTRUZ: ovos inteiros e quebrados, unhas e bicos para

artesanato; gordura abdominal, para a produção de cosméticos; cílios, para a fabricação de cílios postiços; estudos para o emprego das córneas do avestruz em transplantes humanos.

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MERCADO Para início da discussão das questões mercadológicas da estrutiocultura, podemos citar algumas vantagens e desvantagens da criação: VANTAGENS: • Sensibilidade do consumidor a carnes alternativas mais saudáveis; • Grandes extensões de terra; • Mão de obra disponível; • Tradição no tratamento e utilização de couros; • Tradição Agropecuária; • Condições ambientais favoráveis. DESVANTAGENS: • Investimentos altos; • Inicialmente demanda a importação de muitos animais; • Falta de experiência técnica; • Carência no suporte da criação (rações, equipamentos, etc.). O mercado da criação de avestruz não foge muito à regra do início de uma atividade zootécnica em um país, como a própria história revela: os EUA começaram a criar avestruzes por volta de 1975 e somente 20 anos depois iniciou-se o abate naquele país. Na Itália cria-se avestruzes desde 1979 e só recentemente montou-se um abatedouro naquele país. Acompanhando a evolução mercadológica, dividimos em duas fases: • 1º Fase (Breeding phase), caracterizada pela comercialização de reprodutores, onde o valor agregado do animal é elevado, inviabilizando o seu abate. Dependendo da intensidade da criação, esta fase dura cerca de 10 anos ou mais. Tabela: média de preços nas diversas regiões dos Estados Unidos:

REPRODUTOR AVESTRUZ MACHO AVESTRUZ FÊMEA 0 a 3 meses US$ 300.00 US$ 450.004 a 9 meses US$ 200.00 US$ 500.00Acima de 12 meses (par) US$ 1,000. 00 US$ 3,000. 002 anos (par) US$ 4,000. 00 US$ 5,000. 00Reprodutores (par) US$ 5,000. 00 US$ 12,000. 00Ovos Férteis: de US$ 70.00 a US$ 125.00 Fonte: Ratite Markplace, fev. 1996. • 2º Fase (commercial phase), caracterizada pela comercialização de animais para o consumo. O numero de animais disponíveis, agora é elevado, reduzindo o seu valor de mercado como reprodutor, viabilizando a sua exploração no abate.

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Tabela: preços da carne de avestruz, vendida no atacado: * ** BAIXO MÉDIO ALTO

US$ 10.45 US$ 13.40 US$ 16.00 * aves classificadas no Grau 1 (EUA): saudáveis, sem medicação, sem defeitos visíveis, com peso entre 191 e 300lb. ** preço não inclui o transporte, taxas e outros gastos. Fonte: The Ostrich News, fev. 1996. PRODUTIVIDADE: Por se tratar de atividade nova no Brasil, os parâmetros apresentados a seguir se baseiam em literatura norte americana, ou seja, valores médios obtidos para a produtividade de avestruzes criados nos EUA. Tabela: Produtividade média verificada nas fazendas de avestruzes nos EUA: Período de vida produtivo 35 a 40 anos Esperança de vida 70 anos Porcentagem de reposição por ano 3% Número de ovos férteis/ave/ano 40 Porcentagem de pintos nascidos por ovos férteis 50% Número de pintos com 30 dias por fêmea 18 Porcentagem de perdas de 1 a 6 meses 16% Número médio de avestruzes de ano/fêmea/ano 14 Fonte: JOBES, 1995 A tabela a seguir, mostra a comparação da produtividade entre o Bovino e o Avestruz:

ESPÉCIE GESTAÇÃO / INCUBAÇÃO

TEMPO DE ENGORDA

ANIMAIS ABATIDOS / FÊMEA / ANO

CARNE COURO PLUMAS

BOVINA 9 meses 2 a 3 anos 1 bezerro 240Kg 3m² - AVESTRUZ 42 dias 1 ano 20 a 30 aves 750Kg 30m² 30Kg INVESTIMENTOS: Será mostrado um exemplo de investimento para a criação de 15 casais para a produção e comercialização de filhotes de 3 meses, 6 meses, 1 ano e animais para abate. É importante lembrar que em função da região e origem dos equipamentos, poderá haver algumas distorções nos valores, o qual deve ser visto apenas como exemplo para pesquisa. Antes de iniciar a atividade, o criador deve refazer os cálculos, adaptando-os para a sua realidade regional, ou consultar um técnico especializado para auxiliá-lo (planilha de custo em anexo). POTENCIALIDADE DO MERCADO: Avaliando o consumo de carne bovina no Brasil, que hoje é estimada pelo Sindicato da Indústria da carne e derivados em 4,9 milhões de toneladas por ano, façamos uma previsão de participação de 1% da carne de avestruz no mercado interno, o que significa 49 mil toneladas por ano. Se cada avestruz abatido fornecer em média 30Kg de carne, seria então necessário um abate anual de 1,64 milhões de aves. Para este potencial de produtividade, necessitaríamos formar um rebanho de 117.143 fêmeas, totalizando 234.286 reprodutores (cálculo com base em uma produção de 14 avestruzes de ano por fêmea por ano). Considerando que, até Junho de 2001, o efetivo nacional chegava próximo a 30.000 aves, o mercado da venda de aves jovens para reprodução é bastante favorável.

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Tabela: Potencialidade do mercado para avestruz (consumo interno): ESPÉCIE CONSUMO DE CARNE

(Ton./ano). CARNE / ANIMAL

(Kg) Nº DE FÊMEAS REBANHO

BOVINO 4,9 milhões 240 - - AVESTRUZ 49 mil 30 55 mil 110 mil

LEGISLAÇÃO

Toda Legislação Nacional, pertinente a atividade (regulamentação da criação), é encontrada na Internet, nas páginas do IBAMA e Ministério da Agricultura: • MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA

LEGAL. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. PORTARIA Nº 36, DE 15 DE MARÇO 2002:

http://www.ibama.gov.br/fauna/legislacao/port_36_02.pdf MINISTÉRIO DA ADGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

GABINETE DO MINISTRO

• MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. INSTRUÇÃO NORMATIVA No. 004, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1998:

http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=1763 ABINETE DO MINISTRO

• INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA Nº 2, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2003: http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=3273

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O potencial de criação e as tendências mundiais fazem da exploração do avestruz uma alternativa rentável para os criadores brasileiros. É importante dar continuidade a um trabalho sério de difusão de tecnologia a fim de suprir a demanda por tecnologia e equipamentos adequados para os animais. A pesquisa é necessária, pois apesar das condições nacionais serem favoráveis, a situação de criação é bastante diferente quando comparado com os outros países. É necessário uma atenção maior para a alimentação, programa sanitário, incubação, melhoramento genético, fertilidade, etc., ou seja, manter alta qualidade para alcançar também o mercado internacional. “O anseio de todo o setor se vê realizado, com o decreto de 15/03 do IBAMA, que classifica o avestruz como animal doméstico. A criação de avestruzes, com isto passa a ser controlada pelo ministério da agricultura, com status de animal de produção zootécnica. A estrutiocultura, sem duvida ganhara grande impulsão comercial”(revista struthio & cultura 08/2002). A criação de cooperativas de criadores de avestruzes facilitaria bastante as condições de compra de animais, insumos, e obtenção de tecnologia, principalmente para os pequenos criadores. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não estão maduros suficiente para adotarem esta política de trabalho.

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ANEXO ASSOCIAÇÕES: American Ostrich Association (AOA) 3950 Fossil Creek Boulevard - Suite 200 Fort Worth, TX 76137 USA Phone: 001 817 232-1200 Internet: http://www.ostrich.net/aoa/meatfax.html International Ostrich Association P. O. Box 50015 Austin, TX 78763 USA Phone: 001 512 473-2909 Ontario Raite Association (ORA) 26 Camden Place, Kitchener ON N2B1P8 Canada Phone: 001 519 579-0188 ACAB – Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil www.acab.org.br IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente www.ibama.gov.br Ministério da Agricultura www.agricultura.gov.br REVISTAS: The Ostrich News P. O. Box 860 Cache, OK 73527 USA Phone: 001 405 429-3765 Ratite Marketplace P. O. Box 1613, Boxie, TX 76230 USA Phone: 001 817 872-6189 Fax: 001 817 872-3559 [email protected] http://www.luk.net/ratite/index.html Struthio & Cultura – A revista nacional do avestruz www.struthio.com.br

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LITERATURA NACIONAL: GIANNONI, Miriam Luz: EMAS E AVESTRUZES - Uma Alternativa para o produtor rural. Jaboticabal: FUNEP, 1996. HUCHZERMEYER, F. W.: DOENÇAS DE AVESTRUZES E OUTRAS RATITAS. Jaboticabal: FUNEP, 2000; Trad. Miriam Luz Giannoni. LITERATURA ESTRANGEIRA: OSTRICH FARM MANAGEMENT - Andreas Kreibich, Mathias Sommer; LANDWIRTSLHAFTSZERLAG GMBH MÜNSTER - HILTRUP Onde adquirir: Ostriches on line 2218 N 75th. Ave., Elmwood Park Illinois, USA, 60707 Phone : 001 708 452 7596 Fax : 001 708 452 7510 Email : [email protected] Internet : http://www.ostrichesonline.com MATERIAL APOSTILADO ELABORADO POR: PAULO CESAR MELO MATOS Engenheiro Agrônomo - CREA/SP: 5060198211 CONTATOS: (12) 9719-0618 [email protected] [email protected]

PAULO CESAR MELO MATOS, Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade de Taubaté há 10 anos. Professor, Empresário e Consultor Técnico na área de Produção Animal, atuante na estrutiocultura desde 1997, desenvolvendo projetos para implantação da atividade em propriedades de pequeno e grande porte. Sempre inovador na criação de avestruzes, difunde tecnologias desenvolvidas em propriedades nacionais e busca também aprimorar seus conhecimentos através de grandes técnicos estrangeiros, como em cursos ministrados pelo alemão PhD em medicina veterinária, Dr. Fritz Huchzermeyer, um dos maiores conhecedores sobre doenças e comportamento de avestruzes da África do Sul.

PLANILHA DE CUSTO (SIMULAÇÃO).