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ANÁLISE DE FUNDAÇÕES DE MÁQUINAS ROTATIVAS CONSIDERANDO A MATRIZ DE RIGIDEZ DO SOLO CONDENSADA NA SUPERFÍCIE Caio Ramiro Torres Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos Rio de Janeiro Março de 2019

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ANÁLISE DE FUNDAÇÕES DE MÁQUINAS ROTATIVAS

CONSIDERANDO A MATRIZ DE RIGIDEZ DO SOLO

CONDENSADA NA SUPERFÍCIE

Caio Ramiro Torres

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil, Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro Civil.

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho

Santos

Rio de Janeiro

Março de 2019

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ANÁLISE DE FUNDAÇÕES DE MÁQUINAS ROTATIVAS

CONSIDERANDO A MATRIZ DE RIGIDEZ DO SOLO CONDENSADA NA

SUPERFÍCIE

Caio Ramiro Torres

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_________________________________________

Prof Sergio Hampshire de Carvalho Santos, D.Sc.

_________________________________________

Prof. Silvio de Souza Lima, D.Sc.

_________________________________________

Prof. Bruno Martins Jacovazzo, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL.

MARÇO DE 2019

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Torres, Caio Ramiro

Análise de Fundações de Máquinas Rotativas

Considerando a Matriz de Rigidez do Solo Condensada na

Superfície/ Caio Ramiro Torres. - Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2019. IX, 41 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia

Civil, 2019.

Referencias Bibliográficas: p.41.

1. Rigidez do Solo. 2. Amortecimento do Solo. 3.

Funções de Impedância. 4. Interação Solo-Estrutura. I.

Santos, Sergio Hampshire de Carvalho. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Civil. III. Análise de Fundações de Máquinas

Rotativas Considerando a Matriz de Rigidez do Solo

Condensada na Superfície

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iv

Agradecimentos

Ao professor Sergio Hampshire, pela orientação acadêmica e profissional

essencial ao longo dos últimos anos.

À minha família, pelo apoio constante e incondicional.

Aos professores, pelo crescimento profissional e pessoal.

Aos amigos, por serem um pouco de tudo ao mesmo tempo.

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v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Análise de Fundações de Máquinas Rotativas Considerando a Matriz de Rigidez do

Solo Condensada na Superfície

Caio Ramiro Torres

Março/2019

Orientador: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Curso: Engenharia Civil

RESUMO

A análise dinâmica de estruturas é uma disciplina não contemplada em grande

parte dos projetos de Engenharia Civil. Isso ocorre porque a maior parte das forças e

carregamentos sofridos pela estrutura tem caráter estático (a amplitude desses não varia

em intervalos curtos de tempo). Também é comum que algumas ações dinâmicas, como

o impacto de caminhões numa ponte, sejam aproximadas por um carregamento estático

equivalente. Contudo, em instalações industriais é comum que a amplitude e a variação

das forças dinâmicas envolvidas sejam elevadas, tornando-se necessária uma avaliação

mais criteriosa. O mecanismo de máquinas rotativas, muito comuns na indústria,

consiste na rotação de uma massa excêntrica em torno de um eixo. As vibrações

produzidas nesse sistema geram uma frequência circular de excitação (rad/s). Esse

trabalho pretende analisar a influência de na rigidez do solo que apoia a estrutura de

fundação. A interface fundação-solo foi discretizada numa malha de elementos

retangulares nos quais as propriedades são consideradas uniformes e concentradas no

seu ponto central, buscando-se calcular a matriz de rigidez do solo. Fez-se uma análise

paramétrica em função de de forma a se avaliar a influência da frequência de

excitação na resposta do solo à rotação do eixo.

Palavras-chave: Rigidez do Solo, Amortecimento do Solo, Funções de Impedância,

Interação Solo-Estrutura.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Civil Engineer.

Analysis of Rotating Machine Foundations Considering the Soil Condensed Stiffness

Matrix

Caio Ramiro Torres

Março/2019

Advisor: Sergio Hampshire de Carvalho Santos

Course: Civil Engineering

Structural dynamic analysis is often not contemplated in the current Civil Engineering

design. This happens because most loadings acting on structures have a static nature

(their amplitude does not change over short periods of time). It is also common that

some dynamic actions, like the impact of a moving truck on a bridge, be sometimes

considered as an equivalent static load. In industrial buildings, however, it’s common

that the dynamic actions involved have elevated amplitude and frequency, thus being

necessary a more cautious evaluation of its effects. Rotating machinery, largely used in

several fields of industry, presents an eccentric mass spinning around an axis. The

vibrations generated in this system have an angular frequency (rad/s). This work

intends to analyze the influence of in the stiffness of the soil that supports the

foundation. The soil-foundation interface is discretized in a rectangular element mesh in

order to obtain the soil’s stiffness matrix. A parametric analysis is made for evaluating

the influence of the angular excitation frequency in the soil response.

Keywords:Soil Stiffness, Soil Damping, Impedance Functions, Soil-Structure

Interaction.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 Motivação ............................................................................................. 1

1.2 Objetivo ................................................................................................ 1

1.3 Revisão da Literatura ............................................................................ 2

1.4 Organização do Trabalho...................................................................... 3

2 MODELAGEM DE FUNDAÇÕES DE MÁQUINAS .................................. 4

2.1 Sistema com um grau de liberdade ....................................................... 5

2.1.1 Amortecimento viscoso ..................................................................... 6

2.1.2 Amortecimento viscoelástico ............................................................ 7

2.1.3 Expressões de RICHART (1970) para blocos circulares ................ 10

2.1.4 Expressões de WOLF (1994) para blocos retangulares .................. 11

2.2 Sistema com múltiplos graus de liberdade ......................................... 12

2.2.1 Cálculo dos deslocamentos no solo ................................................ 13

2.2.1.1 Solução de Boussinesq (ABMS/ABEF, 1998) ............................. 13

2.2.1.2 Solução fundamental de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) .... 14

2.2.1.3 Solução de DOMÍNGUEZ E ABASCAL para baixas

frequências............. ................................................................................................. 16

2.3 Tensão de contato em placas apoiadas sobre o solo ........................... 17

2.4 Parâmetros adimensionais de frequência e rigidez ............................. 18

2.4.1 Frequência adimensional ................................................................. 18

2.4.2 Parâmetros de impedância adimensionais ....................................... 18

3 PROPAGAÇÃO DE ONDAS EM MEIO ELÁSTICO ............................... 19

3.1 Ondas em meio infinito, homogêneo, isotrópico e elástico ................ 19

3.2 Ondas em um semiespaço elástico ..................................................... 23

4 ESTUDO DE CASO .................................................................................... 24

4.1 Apresentação do problema ................................................................. 24

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4.2 Apresentação dos modelos ................................................................. 27

4.2.1 Modelo 0 ......................................................................................... 28

4.2.2 Modelo 1 ......................................................................................... 28

4.2.3 Modelo 2 ......................................................................................... 29

4.3 Comparação com o bloco perfeitamente rígido .................................. 29

4.4 Comentário sobre os termos da diagonal principal das matrizes........ 30

5 ANÁLISE E RESULTADOS ...................................................................... 32

5.1 Matrizes de rigidez ............................................................................. 32

5.1.1 Modelo 0 ......................................................................................... 32

5.1.2 Modelo 1 ......................................................................................... 32

5.1.3 Modelo 2 ......................................................................................... 33

5.2 Comparação com o bloco perfeitamente rígido .................................. 35

5.2.1 Comparação com outras metodologias ........................................... 35

Análise paramétrica em função de .............................................. 36

6 CONCLUSÃO ............................................................................................. 39

6.1 Análise dos resultados ........................................................................ 39

6.2 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................ 40

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Máquina rotativa apoiada sobre fundação direta. (SANTOS, 2017) 4

Figura 2.2 – Sistema massa-mola-amortecedor com um grau de liberdade.

(SANTOS, 2017) .............................................................................................................. 4

Figura 2.3 – Diagrama de corpo livre. (LIMA e SANTOS, 2008) ....................... 5

Figura 2.4 – Modelo Kelvin-Voigt de um material. ............................................ 10

Figura 2.5 – Semi-larguras a e b de uma fundação retangular. (SANTOS, 2017)

........................................................................................................................................ 11

Figura 2.6 – Malha de elementos finitos que representa a interação solo-estrutura

........................................................................................................................................ 13

Figura 2.7 – Deslocamento no solo produzido por uma carga P ........................ 14

Figura 2.8 – Força harmônica atuando num espaço infinito............................... 16

Figura 2.9 – Tensão de contato em placa apoiada no solo (ABMS/ABEF, 1998)

........................................................................................................................................ 17

Figura 3.1 – Tensões num elemento infinitesimal de um meio elástico infinito

(RICHART et al., 1970) ................................................................................................. 19

Figura 4.1 – Vista superior da estrutura. (ALBUQUERQUE, 2015) ................. 24

Figura 4.2 – Corte A-A. (ALBUQUERQUE, 2015) .......................................... 25

Figura 4.3 – Boletim de sondagem do solo de fundação. (ALBUQUERQUE,

2015) ............................................................................................................................... 26

Figura 4.4 – Associação de molas em paralelo. .................................................. 29

Figura 4.5 – Gráfico distância (r) × deslocamento (). ...................................... 30

Figura 4.6 – Área de influência de um nó. ......................................................... 31

Figura 5.1 – Coeficientes de rigidez em Y=0 ..................................................... 33

Figura 5.2 – Coeficientes de rigidez em X = 0 ................................................... 33

Figura 5.3 – Coeficientes de impedância em Y = 0 ............................................ 34

Figura 5.4– Coeficientes de impedância em X = 0 ............................................. 35

Figura 5.5 – Rigidez vertical para blocos rígidos ............................................... 37

Figura 5.6– Amortecimento vertical para blocos rígidos ................................... 37

Figura 5.7– Variação de k e c em função de a0. ................................................. 38

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

O desenvolvimento da ciência torna a Engenharia capaz de operar em situações e

ambientes cada vez mais extremos. O avanço tecnológico muitas vezes traz consigo um

aumento nos riscos envolvidos, como é o exemplo da engenharia nuclear que, apesar de ser

uma alternativa limpa à dependência de combustíveis fósseis — cada vez mais usados como

arma política —, tem elevado potencial de dano ambiental, social e econômico.

A necessidade de estruturas com níveis de segurança condizentes com os de uma usina

nuclear, por exemplo, motivou nas últimas décadas o estudo dos efeitos de ações de caráter

dinâmico nas estruturas, como vibrações de motores/geradores, impactos de martelos e até

mesmo ações de caráter excepcional, como sismos e acidentes aéreos.

A energia produzida por essas ações leva à propagação de ondas no solo, podendo

afetar pessoas, estruturas e equipamentos vicinais. Máquinas rotativas produzem forças

dinâmicas e harmônicas, que podem levar a deslocamentos excessivos caso a frequência de

operação se aproxime da frequência de ressonância do sistema.

Diversos trabalhos na literatura estudam o efeito de forças harmônicas na base de

fundações, apoiadas tanto em solo homogêneo quanto estratificado, onde a estrutura (bloco)

de fundação é quase sempre considerada como perfeitamente rígida: as deformações sofridas

pelo bloco são consideradas muito menores que as sofridas pelo solo. Essas simplificações,

apesar de válidas para muitos projetos correntes de fundações de máquinas, não fornecem

informações importantes acerca da interação solo-estrutura.

1.2 Objetivo

O presente trabalho visa determinar os coeficientes de rigidez e amortecimento que

traduzem a resposta do solo para a vibração de uma máquina rotativa, através do cálculo de

uma matriz de rigidez na interface fundação-solo. Discretiza-se a superfície que representa

essa interface numa malha de elementos retangulares, considerando as propriedades de cada

elemento como uniformes e concentradas no seu centro geométrico, reduzindo o problema a

um número finito de graus de liberdade. Com isso, torna-se possível obter uma matriz de

rigidez desta superfície, a partir dos parâmetros de rigidez do solo e da geometria do bloco de

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fundação. Busca-se analisar como esses coeficientes se distribuem espacialmente na base da

fundação.

Faz-se também uma análise paramétrica em função da frequência de excitação do

sistema (), comparando-se os resultados com diversas expressões aproximadas para blocos

rígidos.

1.3 Revisão da Literatura

Simplificadamente, o problema de uma fundação rígida sujeita a um carregamento

harmônico, pode ser modelado como um sistema massa-mola-amortecedor com seis graus de

liberdade (três translações e três rotações, assumindo que o bloco seja muito mais rígido que o

solo adjacente e só haja movimento como corpo rígido). A cada grau de liberdade, atribui-se

uma mola (K) e um amortecedor (C), cujos coeficientes são funções dos parâmetros do solo e

da frequência circular de excitação 𝜔 (𝜔 = 2f, sendo f a frequência de operação da máquina,

em Hertz).

O problema da vibração de um bloco rígido apoiado num semiespaço infinito e

elástico levou à formulação de diversas expressões matemáticas que representam as

propriedades físicas desse sistema. Buscam-se os parâmetros que quantificam a rigidez do

meio ao movimento do bloco, que se traduz nos coeficientes de rigidez (resistência elástica do

meio) e de amortecimento (que representam a capacidade de dissipação de energia do sistema,

RICHART et al., 1970). Observa-se que, no estudo de fundações de máquinas, o solo que

apoia essas fundações é muitas vezes tratado de maneira simplificada, pois se considera que

esse seja perfeitamente homogêneo e semi-infinito. Tratar o bloco de fundação como rígido

também é uma simplificação, reduzindo o problema a seis graus de liberdade. Para a maior

parte dos problemas correntes de fundações de máquinas, essa simplificação não implica em

perda de acurácia significativa, além de reduzir o problema a um sistema de apenas seis

equações diferenciais.

RICHART et al. (1970) desenvolveram expressões para blocos com base circular e

retangular, que permitem determinar coeficientes K e C para todos os graus de liberdade de

um bloco rígido. WOLF (1994) desenvolveu expressões para blocos retangulares. Essas

expressões fazem uso de uma terceira simplificação: adotar os parâmetros de rigidez e

amortecimento como independentes da frequência de excitação. Assumir tal hipótese é

recomendável apenas para solos homogêneos (SANTOS, 2017).

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Expressões posteriores, como as desenvolvidas por PAIS e KAUSEL (1988) e

GAZETAS (1983), fornecem os parâmetros K e C como funções de impedância (dependentes

da frequência circular de excitação. LUCO (1974) obteve funções K() e C() para solos

estratificados.

Quando se torna necessário considerar as deformações sofridas pelo bloco de fundação,

o sistema passa a apresentar infinitos graus de liberdade. O modelo proposto por SANTOS e

GUIMARÃES (1988) faz a análise de uma placa apoiada no solo, tratando a interface

fundação-solo como uma malha de elementos retangulares, calculando a matriz de rigidez do

solo condensada na superfície. Os resultados obtidos com esse trabalho são independentes de

, pois as equações envolvidas na metodologia tratam de carregamentos estáticos (→ 0).

Os trabalhos de LUCO (1974) e PAIS e KAUSEL (1988) levam em consideração o

caráter dinâmico das forças envolvidas na estrutura, porém consideram o bloco de fundação

como perfeitamente rígido. Os trabalhos de SANTOS e GUIMARÃES (1988) e RIBEIRO

(2010), consideram as deformações sofridas pela fundação, porém consideram os

carregamentos como estáticos. O presente trabalho pretende unificar as duas formulações,

analisando a influência da frequência de excitação na rigidez de blocos flexíveis.

1.4 Organização do Trabalho

A partir do que já foi mencionado, pretende-se organizar este trabalho da seguinte

maneira:

O Capítulo 1 apresenta a motivação e principais objetivos do trabalho. As principais

referências bibliográficas são discutidas neste ponto.

O Capítulo 2 discorre sobre a base teórica para a modelagem de fundações de

máquinas. São apresentados sistemas com um grau de liberdade e com múltiplos graus de

liberdade, bem como os principais modelos de amortecimento.

O Capítulo 3 discute as bases matemáticas relacionadas à propagação de ondas em

meio elástico.

O Capítulo 4 apresenta um estudo de caso, no qual são obtidas as matrizes de rigidez

para diversas situações, usando como base um bloco de fundação de um projeto real.

O Capítulo 5 exibe os resultados das análises.

O Capítulo 6 relata as conclusões do trabalho. Também são apresentados possíveis

desdobramentos futuros.

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2 MODELAGEM DE FUNDAÇÕES DE MÁQUINAS

A Figura 2.1 apresenta uma representação esquemática de um problema comum de

fundações de máquinas: uma máquina rotativa, produzindo uma força harmônica F(t), apoiada

sobre o solo em fundação direta.

Figura 2.1 – Máquina rotativa apoiada sobre fundação direta. (SANTOS, 2017)

As forças decorrentes da rotação do eixo do rotor, oriundas da rotação de uma massa

desequilibrada em torno desse eixo, produzem deslocamentos na fundação e a rigidez que o

solo apresenta sobre esses pode ser representada esquematicamente por sistemas massa-mola-

amortecedor, conforme a Figura 2.2.

Figura 2.2 – Sistema massa-mola-amortecedor com um grau de liberdade. (SANTOS, 2017)

A Figura 2.2 representa as forças e deslocamentos verticais, porém esse modelo pode

ser estendido para os demais graus de liberdade de um bloco perfeitamente rígido. Em geral,

pode-se tratar cada grau de liberdade separadamente como um sistema independente de um

grau de liberdade, salvo os acoplamentos entre rotação e deslocamento horizontal (SANTOS,

2017).

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2.1 Sistema com um grau de liberdade

A partir do princípio de d’Alambert é possível fazer o diagrama de corpo livre (DCL)

de um corpo sujeito à ação de forças externas (LIMA e SANTOS, 2008):

Figura 2.3 – Diagrama de corpo livre. (LIMA e SANTOS, 2008)

Escrevendo-se a equação de equilíbrio na direção x a partir do DCL da Figura 2.3,

obtém-se a equação do oscilador harmônico:

𝑚𝑥 + 𝑐𝑥 + 𝑘𝑥 = 𝐹(𝑡) (2.1)

Onde:

m – massa do sistema;

k – coeficiente de mola;

c – coeficiente de amortecimento;

F(t) – força aplicada.

A solução da Eq. (2.1) é composta por uma solução homogênea, correspondente ao

problema de vibração livre, e uma particular, que representa a resposta à força excitadora F(t).

A equação do movimento se relaciona ao sistema massa-mola-amortecedor

representado na Figura 2.2, onde K[kN/m] e C[kN∙s/m] representam as constantes da mola e

do amortecedor, respectivamente.

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2.1.1 Amortecimento viscoso

O amortecimento matematicamente representado pela adição de um termo )(txc

na

equação do movimento é chamado de amortecimento viscoso. Esse termo resulta em uma

solução homogênea x(t) que tende a zero à medida que t aumenta. Essa definição matemática

concorda com a observação empírica de um sistema em vibração livre — sem ação de forças

externas — que finalmente atinge o repouso, pois a energia é dissipada ao longo do tempo.

A solução homogênea da Eq. (2.1) tem a forma:

(2.2)

Onde ae são constantes a serem determinadas. Substituindo-se a Eq. (2.2) e suas

derivadas primeira e segunda em (2.1) obtém-se:

(2.3)

Para que se tenha solução diferente da trivial, deve-se ter:

(2.4)

A Eq.(2.4) chama-se equação característica do sistema, cujas raízes são dadas por:

(2.5)

As raízes podem ser reais ou complexas, dependendo do valor do discriminante, c² -

4km. O coeficiente de amortecimento crítico ccr é o valor do coeficiente de amortecimento que

anula o termo , igual a:

(2.6)

Onde n é a frequência natural de vibração (não-amortecida). Define-se então o fator

de amortecimento:

taetx )(

02 tae)kcm(

0)( 2 kcm

m

k

m

c

m

c

2

2,122

kmmc ncr 22

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(2.7)

Reescrevendo as raízes dadas na Eq.(2.5) em função de , tem-se:

(2.8)

Observa-se que as raízes 1 e 2 podem ser reais, nulas ou complexas, dependendo do

valor de . Para 0 << 1, tem-se que as raízes são complexas e o movimento é

subamortecido. Para > 1, as raízes são reais, resultando em movimento superamortecido.

Para = 1, o discriminante da Eq. (2.8) é nulo, resultando no movimento criticamente

amortecido. Isto corresponde ao valor de que separa movimento oscilatório do não-

oscilatório. O desenvolvimento matemático de cada um desses tipos de movimento não faz

parte do escopo deste trabalho.

2.1.2 Amortecimento viscoelástico

A fórmula de Euler relaciona as funções trigonométricas do movimento harmônico

com a função exponencial:

(2.9)

Onde =tg-1

(b/a) e A é o módulo do número complexo, obtido através do produto de

seu conjugado por si próprio:

(2.10)

Tendo em vista essa notação, é possível reescrever a função que representa a força

externa na Eq.(2.1) através de uma função exponencial harmônica Aeit

:

𝑚𝑥 + 𝑐𝑥 + 𝑘𝑥 = 𝐹0.𝑒𝑖𝜔𝑡 (2.11)

tisentAibaAe ti cos

22*2baAAA

km

c

m

c

c

c

ncr 22

12

2,1 nn

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Assume-se que a solução particular tenha a forma:

(2.12)

Onde X é uma constante complexa a ser determinada. Substituindo-se(2.12) em (2.1)

chega-se a:

(2.13)

Como o termo eit

nunca é nulo, esse pode ser cancelado, obtendo-se a expressão para

a constante X:

(2.14)

Onde H(i) é definido como o fator de resposta em frequência (complexa).

Aplicando (2.10)em (2.14), obtém-se o módulo da constante X:

(2.15)

Assim, X pode ser reescrito na forma exponencial:

(2.16)

Onde:

(2.17)

Substituindo (2.16)em (2.12), obtém-se a solução particular:

(2.18)

ti

p Xetx )(

titi eFXekcim 0

2

02

0 F)i(Hcimk

FX

i

/e

)c(mk

FX

21

222

0

21222

0

21

2

0

2

0

/

/

cmk

F

cimk

F

cimk

FX

mk

ctg

2

1

ti

p e

CMK

Ftx

2/1222

0

)(

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Seja a equação do movimento definida em (2.11). Substituindo-se a solução particular

obtida em (2.18) e dividindo ambos os lados por eit

tem-se:

(2.19)

Que pode ser reescrita como:

(2.20)

Ou:

(2.21)

Onde:

(2.22)

E:

(2.23)

é chamado de fator de perda e corresponde à energia dissipada no sistema.O fator

k*é denominado função de impedância (LUCO, 1974) ou rigidez complexa. A partir de (2.23)

observa-se que a dissipação de energia é diretamente proporcional à frequência da força

excitadora. Esse modelo representa um material do tipo Kelvin-Voigt, conforme a Figura 2.4.

Observa-se que muitos materiais apresentam este tipo de comportamento quando

vibrando em estado permanente, enquanto que respostas transientes ou em vibração livre são

mais bem representadas pelo modelo viscoso. O modelo de Kelvin-Voigt, apesar de mais

limitado, representa uma resposta mais acurada para vibrações em estado permanente.

Fundações de máquinas rotativas são um exemplo de ação que gera deslocamentos no solo em

regime permanente.

0

2 FXcikm

0

2 1 FXk

cikm

0

2 FXkm *

)i(kk* 1

k

c

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10

Figura 2.4 –Modelo Kelvin-Voigt de um material.

2.1.3 Expressões de RICHART (1970) para blocos circulares

RICHART et al. (1970) apresentamos valores das constantes de mola K e dos

amortecedores de radiação C, para fundações circulares de raio r,com massa M, apoiadas na

superfície de um semiespaço elástico, como resumido na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Parâmetros para fundações circulares com raio r

Grau de liberdade Mola KM2

C

C

C

C

Fração de massa (B)

Vertical

1

G4K

rZ

ZB

0,425Z

3

M

4

-1B

rZ

Horizontal

87

G132K

rX

XB

0,288Z

3

M

132

8-7B

rX

Rotacional

13

8GK

3r

BB1

0,15

58

13B

r

I

Torsional 3

16GK

3r

B21

0,5

5B

r

I

Para um disco circular, tem-se que:

(2.24)

e:

(2.25)

44

4 2MrhrI

II 2

Material com propriedades viscoelásticas

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11

Onde é a massa específica do material da fundação.

A Tabela 2.2 apresenta as expressões explícitas dos amortecedores de radiação (C).

Tabela 2.2 – Expressões para os amortecedores de radiação

Vertical (CZ) Horizontal (CX) Rotacional (C) Torsional (C)

G1

3,4 2

r G

87

-118,4 2

r

GB11

0,8 4

r

3

G16

B21

13

Ir

2.1.4 Expressões de WOLF(1994) para blocos retangulares

WOLF (1994) apresenta expressões para as constantes de mola K para os seis graus de

liberdade de um bloco rígido, resumidas nas Eqs. (2.26) a (2.31). As dimensões a e b são

indicadas na Figura 2.5. Os coeficientes de amortecimento C são avaliados com as mesmas

expressões das fundações circulares, considerando-se raios equivalentes que reproduzam a

área e a inércia da fundação retangular.

Figura 2.5 – Semi-larguras a e b de uma fundação retangular. (SANTOS, 2017)

(2.26)

(2.27)

4286

2

GbK

650

,b

a,

,

X

618086

2

GbK

650

,b

a,

b

a,

,

Y

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12

(2.28)

(2.29)

(2.30)

(2.31)

2.2 Sistema com múltiplos graus de liberdade

No caso da consideração das deformações sofridas pelo bloco de fundação (bloco

flexível), o sistema passa a ter infinitos graus de liberdade e, portanto, infinitos coeficientes de

rigidez e amortecimento distribuídos na interface fundação-solo (k e c).

O modelo proposto por SANTOS e GUIMARÃES (1988) permite obter uma matriz de

rigidez da interface fundação-solo para obter os coeficientes K e C que representam as

propriedades mecânicas do solo condensadas na superfície. Essa matriz é obtida a partir da

discretização desta interface em uma malha de elementos retangulares. Considerando-se as

propriedades de cada elemento como uniformes e concentradas no seu centro geométrico,

esses podem ser tratados como nós que se distribuem em toda a área da superfície do solo que

está em contato com a base da fundação, conforme a Figura 2.6.

6113

1

GbK

750

,b

a,

,

Z

8023

1

GbK

3

,b

a,XX

270733

1

GbK

423

,b

a,

,

YY

064254GbK

452

3 ,b

a,

,

ZZ

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13

Figura 2.6 – Malha de elementos finitos que representa a interação solo-estrutura

Calcula-se inicialmente a matriz de flexibilidade desta superfície, que relaciona os

deslocamentos sofridos pelos nós da base com as forças aplicadas no sistema. A inversão

dessa matriz resulta na matriz de rigidez do solo (condensada na superfície).

Os coeficientes dessa matriz têm unidade de força por deslocamento (kN/m3), ou seja,

representam a rigidez do solo ao deslocamento imposto pela vibração do sistema mecânico

assente sobre a fundação (motores, geradores, turbinas, etc.), por unidade de área.

2.2.1 Cálculo dos deslocamentos no solo

2.2.1.1 Solução de Boussinesq

É comum que as soluções disponíveis na literatura para o cálculo de deslocamentos no

solo considerem-no como um semiespaço infinito, homogêneo, isotrópico e elástico. Destaca-

se a solução de Boussinesq (ABMS/ABEF, 1998), que obtém deslocamentos no solo a partir

das equações da Teoria da Elasticidade. A equação que fornece o deslocamento vertical em

um ponto do solo, produzido por uma força também vertical, unitária e concentrada, aplicada

na superfície desse semiespaço é dada por:

(2.32) G2

1

r

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14

Onde:

G – módulo de deformação transversal do solo;

– coeficiente de Poisson do solo.

A Figura 2.7ilustra o problema resolvido por Boussinesq (ABMS/ABEF, 1998).

Figura 2.7 – Deslocamento no solo produzido por uma carga P

A Eq.(2.32) foi utilizada nos trabalhos de SANTOS e GUIMARÃES (1988) e de

RIBEIRO (2010) para o cálculo da matriz de rigidez do solo condensada na superfície.

Observa-se que a Eq.(2.32) é função apenas dos parâmetros do solo ( e G) e da

distância r de aplicação da força, ou seja, é independente da frequência circular de excitação.

Isso porque a solução de Boussinesq resolve um problema estático, ou seja, assume-se como

hipótese que a amplitude das forças aplicadas no solo não varia ao longo do tempo. Conclui-

se que isso leva a uma a simplificação do problema real de fundações que apoiam máquinas

industriais, onde as forças aplicadas têm caráter dinâmico ( é não-nulo). Tal simplificação é

recomendável apenas para solos homogêneos (SANTOS, 2017), enquanto em solos

estratificados deve-se preferencialmente considerar soluções a partir de métodos que

considerem a influência de.

2.2.1.2 Solução fundamental de DOMÍNGUEZ e ABASCAL

O trabalho desenvolvido por DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) determina os

deslocamentos produzidos por uma força concentrada e harmônica, com frequência de

excitação atuando num espaço infinito, homogêneo e elástico. A equação, escrita em

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15

notação indicial, calcula o deslocamento numa direção i para uma força unitária aplicada na

direção j:

(2.33)

Onde:

(2.34)

E onde:

Define-se pc como a velocidade de propagação da onda primária no solo e sc como a

velocidade de propagação da onda secundária (ver o item3.1). é a densidade do meio (solo).

Observa-se que, diferentemente da abordagem tradicional com a expressão de

Boussinesq esta considera a influência de no cálculo dos deslocamentos.

A Figura 2.8 ilustra o problema resolvido pelas equações de DOMÍNGUEZ e

ABASCAL (1984).

jiij

s

ji rrc

U ,,24

1

r

rk

rkkkc

c

r

rk

rkrkr

rk

p

prpp

s

s

ss

s

)exp(11

)exp()

11(

)exp(

222

2

22

r

rk

rkkkc

c

r

rk

rkrk

p

prpp

s

s

ss

)exp(1

33

)exp()1

33(

222

2

22

pp

ss

cik

cik

/

/

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16

Figura 2.8– Força harmônica atuando num espaço infinito

Observar que:

(2.35)

2.2.1.3 Solução de DOMÍNGUEZ E ABASCAL para baixas frequências

O trabalho de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) também desenvolveu soluções para

forças estáticas (→ 0), que se assemelham ao problema resolvido por Boussinesq, com a

diferença de se tratar de uma força atuando num meio infinito, em vez de um semiespaço

infinito, conforme ilustrado nas Figuras 2.7 e 2.8. A equação que determina o deslocamento

numa direção i para uma força unitária aplicada na direção j é dada por:

(2.36)

222 zyxr

jiijji rrrG

U ,,431

)1(16

1

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17

A Tabela 2.3mostra uma comparação da razão entre o deslocamento vertical calculado

pelas Eqs. (2.32) e (2.36) para diferentes valores de coeficiente de Poisson().

Tabela 2.3 – Razão entre expressões de Boussinesq e DOMÍNGUEZ e ABASCAL para deslocamentos

verticais

v Boussinesq /

Domínguez e Abascal

0 2

0,25 1,5

0,5 1

2.3 Tensão de contato em placas apoiadas sobre o solo

Quando se trata o solo como um semiespaço infinito e elástico, podem-se usar as

equações da Teoria da Elasticidade para o cálculo de tensões e deslocamentos. A Figura 2.9

mostra uma comparação da tensão de contato de uma placa rígida apoiada sobre um

semiespaço: a linha cheia representa a distribuição real de tensões, enquanto a tracejada

representa a solução a partir da Teoria da Elasticidade (ABMS/ABEF, 1998). Observa-se uma

discrepância dos resultados na região do contorno da placa, que se dá devido à plastificação

do solo nestas regiões (ABMS, ABEF, 1998). O efeito da plastificação não é representado em

modelos puramente elásticos, sendo necessário o uso de modelos que considerem o solo com

comportamento elasto-plástico.

Figura 2.9 – Tensão de contato em placa apoiada no solo (ABMS/ABEF, 1998)

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18

2.4 Parâmetros adimensionais de frequência e rigidez

2.4.1 Frequência adimensional

A frequência circular de excitação pode ser adimensionalizada em função das

propriedades do solo e da geometria da fundação. A frequência adimensional a0 é dada por:

(2.37)

2.4.2 Parâmetros de impedância adimensionais

Conforme apresentado em 2.1.2, a impedância de materiais com comportamento

viscoelástico pode ser representada pela Eq.(2.22). Sabendo-se que os parâmetros K e C são

funções da frequência circular de excitação , esta expressão pode ser reescrita como:

(2.38)

Sabe-se que quando → 0, o sistema tende a uma situação estática, onde não há

dissipação de energia (C = 0). Chamando-se a rigidez do caso estático de Kest, a função de

impedância dinâmica K* pode ser adimensionalizada como:

(2.39)

Onde k e c são parâmetros adimensionais de rigidez e amortecimento, respectivamente.

Trabalhos como os de PAIS e KAUSEL (1988) e LUCO (1974) apresentam expressões para o

cálculo desses coeficientes.

sca

R0

CKK i*

ciak*

0estKK

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19

3 PROPAGAÇÃO DE ONDAS EM MEIO ELÁSTICO

3.1 Ondas em meio infinito, homogêneo, isotrópico e elástico

Seja o elemento infinitesimal definido na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Tensões num elemento infinitesimal de um meio elástico infinito (RICHART et al., 1970)

Pode-se expressar o equilíbrio translacional do elemento através do somatório de

forças atuando na direção de cada eixo. Na direção x a equação de equilíbrio— que relaciona

as forças atuantes com as tensões e despertadas — é dada por:

(3.1)

Onde u é o deslocamento na direção x.

Cancelando os termos comuns, chega-se a:

2

2

dt

uyxyxz

z

zxzxyy

zyzyxx

xz

xz

xz

xy

xy

xyx

x

x

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20

(3.2)

Pode-se, então, escrever as três equações de equilíbrio do elemento infinitesimal:

(3.3)

Onde v e w são os deslocamentos ao longo dos eixos y e z, respectivamente.

As equações constitutivas da Teoria da Elasticidade expressam as relações tensão-

deformação do elemento:

(3.4)

Onde e G são as constantes de Lamé (G também é chamado de Módulo de Elasticidade

transversal), são as deformações axiais e são as deformações angulares (ou distorções).

Estas constantes se relacionam com o coeficiente de Poisson( e com o módulo de

Elasticidade Longitudinal E através das seguintes expressões:

(3.5)

As equações geométricas relacionam deslocamentos e deformações no elemento

infinitesimal:

2

2

t

u)zyx(zyx

zyx

xzxyx

zyxdt

w

zyxdt

v

zyxdt

u

zzyxz

yzyyx

xzxyx

2

2

2

2

2

2

zxzzxzz

yzzyyzyy

xuyxxyxx

GG2

GG2

GG2

211

E

12

E

G

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21

(3.6)

Combinando as expressões (3.6) e (3.5) com (3.4) têm-se as equações do movimento

para o elemento intinifesimal (RICHART et al., 1970):

(3.7)

(3.8)

(3.9)

Onde =x + y + z e ∇2 é o operador Laplaciano, definido como:

A primeira solução para as equações do movimento pode ser obtida diferenciando-se

as Eqs. (3.7), (3.8) e (3.9) em relação a x, y e z, respectivamente, e somando-as resulta em:

Ou:

(3.10)

Onde:

x

w

z

u

z

wz

v

y

w

y

vy

u

x

v

x

u

zxz

yzy

xyX

uGx

Gt

u 2

2

2

2

2

2

2

2

22

zyx

vGy

Gt

v 2

2

2

wGz

Gt

w 2

2

2

2

2

2

G2

t

22

2

2

p

t

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22

(3.11)

Conclui-se que a dilatação se propaga a uma velocidade p.

A segunda solução para as equações do movimento podem ser obtidas derivando-se a Eq.

(3.8) em relação à z e (3.9) em relação à y e subtraindo-as, desta forma eliminando :

(3.12)

As rotações de corpo rígido do elemento infinitesimal são definidas por:

(3.13)

Logo, aplicando a Eq. (3.13) em (3.12), tem-se:

Ou:

(3.14)

Analogamente, para y e z tem-se:

(3.15)

G2p

z

v

y

w

z

v

y

w

t

2

2

2

G

y

u

x

vx

w

z

uz

v

y

w

x

y

x

2

2

2

xx

t

2

2

2

G

xsx

t

22

2

2

ys

y

t

22

2

2

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23

(3.16)

Conclui-se que a rotação se propaga com velocidade

(3.17)

Conclui-se que um meio elástico infinito apresenta dois tipos de onda, que se

propagam em diferentes velocidades (RICHART et al., 1970): a primeira, chamada de onda

dilatacional (onda primária, onda P, onda de compressão, onda irrotacional) que se propaga a

uma velocidade p e a segunda, chamada de onda distorcional (onda secundária, onda S, onda

de cisalhamento, onda equivolumial), que se propaga a uma velocidade s.

3.2 Ondas em um semiespaço elástico

No caso de um semiespaço elástico é possível obter uma terceira solução para a

equação do movimento, correspondente a onda que se propaga na fronteira desse semiespaço

(RICHART et al., 1970), denominada onda de Rayleigh, ou onda R, caracterizada por um

movimento elíptico das partículas de solo, num plano vertical paralelo à direção de

propagação da onda (SANTOS, 2017). Essas ondas são denominadas ondas de superfície.

No caso de perfis estratificados, surge um quarto tipo de onda na interface entre as

camadas de solo, denominada onda de Love, caracterizada por um movimento perpendicular

ao eixo de propagação da onda (SANTOS, 2017).

ys

y

t

22

2

2

Gs

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4 ESTUDO DE CASO

4.1 Apresentação do problema

É analisada a base do bloco de fundação de uma máquina rotativa, baseado em um

projeto real (ver ALBUQUERQUE, 2015). A vista em planta e a seção transversal do bloco

são apresentadas nas Figuras 4.1 e 4.2, respectivamente.

Figura 4.1 – Vista superior da estrutura. (ALBUQUERQUE, 2015)

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Figura 4.2 – Corte A-A. (ALBUQUERQUE, 2015)

Considera-se a base apoiada no solo, assumido como um semiespaço infinito, isotrópico,

homogêneo e elástico. As propriedades do solo foram determinadas com base na sondagem à

percussão (SPT) realizada no local, cujo boletim encontra-se reproduzido na Figura 4.3.

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Figura 4.3 – Boletim de sondagem do solo de fundação. (ALBUQUERQUE, 2015)

O bloco de fundação tem base retangular, com dimensões de 6,3 m × 3,6 m. A origem

do sistema de coordenadas cartesianas é posicionada no centro geométrico da base, conforme

ilustrado na Figura 4.1.

O sistema é composto por um conjunto motor-bomba posicionado no topo do bloco de

fundação, conforme a Figura 4.2. O motor tem massa de 20,60 Mg e a bomba, 14,56 Mg,

ambos com frequência de operação de 710 rpm (11,83 Hz ou 74,3 rad/s).

O módulo de deformação transversal do solo (G),o coeficiente de Poisson (),a massa

específica () e a velocidade de propagação da onda secundária do solo (cs), são dados abaixo,

considerando-se o solo como homogêneo:

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G = 50000 kPa

= 0,3

= 1,80 Mg/m³

cs = 166,7 m/s

ALBUQUERQUE (2015) obteve a matriz de rigidez condensada na interface fundação-

solo, conforme descrito em 2.2.1.1, utilizando a expressão de Boussinesq para o cálculo dos

deslocamentos no solo.

O presente trabalho busca obter a mesma matriz de rigidez, utilizando as diferentes

metodologias para o cálculo dos deslocamentos no solo apresentadas em 2.2.1.

A matriz é obtida a partir de uma rotina desenvolvida em Octave/Matlab, cujos dados de

entrada envolvem as propriedades do solo, dados da geometria da fundação e da operação do

conjunto motor-bomba.

4.2 Apresentação dos modelos

A seguir são apresentadas as diferentes metodologias usadas no cálculo das matrizes

de rigidez. A mesma malha foi utilizada em todos os modelos, sendo formada por elementos

quadrados de lado igual a 45 cm. Por se tratar de uma base de 6,3m × 3,6 m, a malha possui 8

× 14 elementos.

Considerando as propriedades de cada elemento como uniformes e concentradas no

seu centro geométrico, atribui-se um nó a cada elemento, sendo a malha formada por 8 × 14

nós. Conclui-se que o sistema possui 112 graus de liberdade, portanto a matriz de rigidez

obtida inicialmente tem 112 × 112 elementos. Faz-se uma condensação dessa matriz,

somando-se as linhas, resultando em um vetor 112 × 1. Cada linha i desse vetor representa a

força que surge no nó i quando todos os nós da malha sofrem um deslocamento unitário na

mesma direção. Os 112 elementos do vetor são então redistribuídos em uma matriz 8 × 14, de

acordo com a coordenada de cada nó da base da fundação.

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28

4.2.1 Modelo 0

Utilizou-se a expressão de Boussinesq para o cálculo dos deslocamentos apresentada

em 2.2.1.1, da mesma maneira que os trabalhos de SANTOS e GUIMARÃES (1988),

RIBEIRO (2010) e ALBUQUERQUE (2014). Este, portanto é um modelo de validação do

algoritmo desenvolvido em Octave/Matlab.

4.2.2 Modelo 1

Utilizou-se a expressão de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) apresentada em 2.2.1.3,

que calcula o deslocamento no solo a partir da ação de uma força unitária estática. Deve-se

observar que estas equações tratam de um carregamento atuando num espaço infinito (-∞ <Z

< +∞), enquanto o caso estudado é representado por uma força atuando na superfície de um

semiespaço infinito (-∞ <Z <0). Dessa forma, aplica-se um fator de correção f aos

deslocamentos calculados, definido como a razão entre o deslocamento obtido por Boussinesq

(semiespaço) e o obtido por DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) (espaço infinito):

(4.1)

Cancelando os termos comuns, tem-se:

(4.2)

Para v = 0,3:

(4.3)

Observar que no problema apresentado, tanto a força atuante quanto o ponto no qual

se deseja calcular o deslocamento encontram-se em Z = 0. Portanto o termo r,i∙r,j da Eq.(2.36)

é nulo quando i = j = 3 (deslocamento e força verticais).

rG

GrfDOMÍNGUEZ

BOUSSINESQ

1

)1(16

432

)1(

2

43

)1(8

f

18,2f

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29

4.2.3 Modelo 2

Usou-se a expressão de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) apresentada em 2.2.1.2 ,

para a frequência de operação do conjunto motor-bomba ( = 74,3 rad/s). Assim como no

Modelo 1, os deslocamentos foram multiplicados pelo fator de correção f definido em (4.3).

4.3 Comparação com o bloco perfeitamente rígido

Na hipótese de um bloco perfeitamente rígido, para uma carga vertical centrada, todos

os pontos da base da fundação têm o mesmo deslocamento e, portanto, as molas idealizadas

na base da fundação assumem uma associação em paralelo, conforme a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Associação de molas em paralelo.

Sabe-se da mecânica clássica que a rigidez da mola equivalente a uma associação de

molas em paralelo é igual à soma dos coeficientes individuais:

(4.4)

Sendo assim, o somatório de todos os coeficientes da matriz do solo fornece uma

rigidez equivalente, para o bloco considerado como perfeitamente rígido. Essa rigidez

neq K...KΚKK 321

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30

equivalente é então comparada com a obtida através de diferentes expressões aproximadas

para blocos rígidos, discutidas em 1.3.

4.4 Comentário sobre os termos da diagonal principal das matrizes

Sabe-se, pela definição de matriz de rigidez, que os termos kij que a compõem

representam a força que surge numa direção i, causada por um deslocamento unitário na

direção j (LIMA, 2017). Sendo assim, os termos onde i = j representam a força causada por

um deslocamento aplicado no próprio nó em que se deseja saber a força. Portanto, quando no

cálculo dos deslocamentos do solo para a determinação da matriz de flexibilidade, o termo r

nas equações (2.32), (2.33) e (2.36) é nulo, resultando numa singularidade, pois tende ao

infinito, conforme Figura 4.5.

Figura 4.5 – Gráfico distância (r) × deslocamento ().

Para contornar esse problema, atribui-se aos termos da diagonal principal uma

metodologia de cálculo diferente: usa-se a expressão aproximada de RICHART et al. (1970)

para a rigidez vertical, apresentada na Tabela 2.1, para calcular a rigidez do nó. Sabendo que

o coeficiente de flexibilidade é o inverso do coeficiente de rigidez (LIMA, 2017), tem-se que:

(4.5)

0

0,000005

0,00001

0,000015

0,00002

0,000025

0 5 10 15 20

r

jiij

ara p 1

GR41

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31

Onde:

ij – deslocamento que surge numa direção i, causado por uma força unitária na direção j;

R – Raio da fundação.

Calcula-se um raio equivalente, visto que a geometria do problema analisado não é

circular, proporcional à área de influência de cada nó:

(4.6)

Onde a e b são as dimensões do retângulo definido na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Área de influência de um nó.

baeq

R

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32

5 ANÁLISE E RESULTADOS

5.1 Matrizes de rigidez

5.1.1 Modelo 0

A Tabela 5.1apresenta os coeficientes de rigidez (k) na direção vertical (z) do Modelo

0, calculados para um quadrante da fundação, pela formulação de Boussinesq (ABMS/ABEF,

1998)descrita em 2.2.1.1. Esses coeficientes se repetem nos outros três quadrantes, devido à

dupla simetria da base da fundação. Os nós de extremidade têm seus coeficientes reduzidos

proporcionalmente à sua área de influência.

Tabela 5.1 – Coeficientes de rigidez dos nós segundo Boussinesq.(ABMS/ABEF, 1998)

5.1.2 Modelo 1

A Tabela 5.2apresenta os coeficientes de rigidez (k) na direção vertical (z) do Modelo

1, calculados para um quadrante da fundação, pela formulação de DOMÍNGUEZ e

ABASCAL (1984) descrita em2.2.1.3.

Tabela 5.2 – Coeficientes de rigidez dos nós segundo DOMÍNGUEZ (1984).

As Figuras 5.1 e 5.2 mostram a variação dos coeficientes ao longo de planos

transversais ao bloco (planos Y=0 e X=0, respectivamente).

K (kN/m ) X = 0 X = ±0,45 X = ±0,90 X = ±1,35 X = ±1,80 X = ±2,25 X = ±2,70 X = ±3,15

Y = 0 3526 3549 3624 3770 4071 4415 8284 6007

Y = ±0,45 3663 3686 3762 3909 4211 4554 8461 6116

Y = ±0,90 3904 3927 4003 4148 4446 4762 8793 6356

Y = ±1,35 7309 7345 7460 7678 8092 8592 13175 8767

Y = ±1,80 5305 5330 5408 5554 5822 6177 8701 5523

K (kN/m ) X = 0 X = ±0,45 X = ±0,90 X = ±1,35 X = ±1,80 X = ±2,25 X = ±2,70 X = ±3,15

Y = 0 3521 3545 3620 3766 4066 4409 8276 6003

Y = ±0,45 3659 3682 3758 3905 4207 4548 8454 6113

Y = ±0,90 3898 3922 3997 4142 4439 4754 8784 6352

Y = ±1,35 7303 7338 7454 7671 8085 8583 13166 8763

Y = ±1,80 5302 5327 5405 5551 5819 6172 8697 5522

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Figura 5.1 – Coeficientes de rigidez em Y=0

Figura 5.2 – Coeficientes de rigidez em X = 0

5.1.3 Modelo 2

A Tabela 5.3 apresenta os coeficientes de rigidez (k) na direção vertical (z) do Modelo

2, calculados para um quadrante da fundação, pela formulação de DOMÍNGUEZ e

ABASCAL (1984) descrita em2.2.1.2.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

(kN/m)

X (m)

K (Modelo 0)

K (Modelo 1)

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2

(kN/m)

Y (m)

K (Modelo 0)

K (Modelo 1)

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Tabela 5.3 – Coeficientes de rigidez dos nós na direção vertical

A Tabela 5.4 apresenta os coeficientes de amortecimento (C) para um quadrante da

fundação.

Tabela 5.4 – Coeficientes de amortecimento dos nós na direção vertical

As Figuras 5.3 e 5.4 apresentam a variação dos coeficientes K eC ao longo de

planos transversais ao bloco (planos Y = 0 e X = 0, respectivamente).

Figura 5.3 – Coeficientes de impedância em Y = 0

= 74,33 rad/s

K (kN/m ) X = 0 X = ±0,45 X = ±0,90 X = ±1,35 X = ±1,80 X = ±2,25 X = ±2,70 X = ±3,15

Y = 0 991 1048 1228 1560 2147 2952 7976 6287

Y = ±0,45 1198 1256 1438 1774 2366 3173 8276 6477

Y = ±0,90 1722 1781 1965 2303 2896 3678 9023 6984

Y = ±1,35 5581 5673 5960 6477 7343 8519 14827 10251

Y = ±1,80 4562 4625 4820 5169 5740 6538 10092 6601

= 74,33 rad/s

C (kN/m) X = 0 X = ±0,45 X = ±0,90 X = ±1,35 X = ±1,80 X = ±2,25 X = ±2,70 X = ±3,15

Y = 0 3905 3908 3922 3962 4091 4230 7079 4944

Y = ±0,45 4031 4033 4045 4082 4208 4340 7203 5016

Y = ±0,90 4257 4258 4266 4294 4405 4504 7423 5166

Y = ±1,35 7585 7580 7573 7580 7673 7775 10904 7006

Y = ±1,80 5405 5401 5391 5388 5430 5496 7144 4384

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

(kN/m)

X (m)

K

ωC

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35

Figura 5.4– Coeficientes de impedância em X = 0

5.2 Comparação com o bloco perfeitamente rígido

Conforme discutido em 4.3, o somatório de todos os termos da matriz de rigidez

fornece a rigidez equivalente à de um bloco perfeitamente rígido. A rigidez equivalente Keq

dos modelos é apresentada na Tabela 5.5:

Tabela 5.5 – Rigidez equivalente de um bloco rígido.

Keq (kN/m) Ceq (kN∙s/m)

Modelo 0 810.370 –

Modelo 1 809.650 –

Modelo 2 697.200 10.206

5.2.1 Comparação com outras metodologias

A Tabela 5.6 apresenta os resultados obtidos para os casos estáticos (Modelos 0 e 1).

Utilizou-se como parâmetro de comparação a expressão aproximada — e independente de

— de WOLF (1994) para fundações retangulares.

Tabela 5.6 – Rigidez equivalente para blocos rígidos (independentes da frequência)

KEST (kN/m) Discrep. Relativa

(%)

WOLF (1994) 812.150 —

Modelo 0 810.370 0,2

Modelo 1 809.650 0,3

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2

(kN/m)

Y (m)

K

ωC

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A Tabela 5.7 apresenta a comparação da rigidez equivalente Keq obtidos no Modelo 2

(DOMÍNGUEZ e ABASCAL, 1984) com as expressões de LUCO (1974) e PAIS e KAUSEL

(1988), sendo ambas soluções dependentes da frequência circular .

Tabela 5.7 – Rigidez equivalente para blocos rígidos

K (kN/m)

Discrep. Relativa

(%)

DOMÍNGUEZ e

ABASCAL(1984)

(Modelo 2)

697.200 —

LUCO (1974) 672.031 3,7

PAIS e KAUSEL

(1988) 679.268 2,6

A Tabela 5.8 apresenta a comparação do amortecimento equivalente Ceq obtidos no

Modelo 2 (DOMÍNGUEZ e ABASCAL, 1984), com as expressões de LUCO (1974) e PAIS e

KAUSEL (1988).

Tabela 5.8 – Amortecimento equivalente para blocos rígidos.

C (kN∙s/m)

Discrep. Relativa

(%)

DOMÍNGUEZ e

ABASCAL (1984)

(Modelo 2)

10.206 -

LUCO (1974) 10.762 5,3

RICHART et al. (1970) 10.520 3,0

PAIS e KAUSEL

(1988) 12.729 22,0

Análise paramétrica em função de

Conforme discutido em 4.3, o somatório de todos os termos da matriz de rigidez

fornece a rigidez equivalente à de um bloco perfeitamente rígido. A Figura 5.5 apresenta a

variação da rigidez (K) do Modelo 2, calculada para blocos rígidos, em função da variação de

. A rigidez equivalente obtida através dessa metodologia é comparada com as calculadas

pelos métodos de PAIS e KAUSEL (1988) e LUCO (1974).

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Figura 5.5 – Rigidez vertical para blocos rígidos

A Figura 5.6 apresenta a comparação entre o amortecimento (C) calculado através das

mesmas metodologias.

Figura 5.6– Amortecimento vertical para blocos rígidos

0,00E+00

3,00E+05

6,00E+05

9,00E+05

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

K (kN/m)

a0=ωR/cs

K (Luco)

K (Pais/Kausel)

K (Domínguez)

0,00E+00

5,00E+03

1,00E+04

1,50E+04

2,00E+04

0,1 0,6 1,1 1,6 2,1 2,6 3,1

C (kN∙s/m)

a0=ωR/cs

C (Luco)

C (Pais/Kausel)

C (Domínguez)

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A Figura 5.7 apresenta uma comparação da variação dos parâmetros adimensionais k e

c em função de 0a . Segundo GAZETAS (1983), para solo homogêneo, os parâmetros k e c

podem ser considerados como constantes em 1,0 e 0,68, respectivamente.

Figura 5.7– Variação de k e c em função de a0.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

a0=ωR/cs

k (Domínguez)

c (Domínguez)

k (Gazetas)

c (Gazetas)

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6 CONCLUSÃO

6.1 Análise dos resultados

Os Modelos 0 e 1 apresentaram distribuição dos coeficientes de rigidez k praticamente

idêntica em toda a base da fundação, conforme as Figuras 5.1 e 5.2. Na comparação com a

rigidez equivalente de blocos rígidos, a discrepância relativa de ambos os modelos em relação

à expressão aproximada de WOLF (1994) foi menor que 1%, conforme a Tabela 5.6. A

concordância do Modelo 0 com a expressão de WOLF (1994) é importante para a validação

do algoritmo que obtém as matrizes de rigidez. A concordância do Modelo 1 com o Modelo 0

é importante para a validação das expressões de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) para o

cálculo das matrizes. Com esses resultados, pode-se analisar os resultados do Modelo 2 (que

trata de forças dinâmicas) com mais segurança.

As Figuras 5.3 e 5.4 mostram que o amortecimento C tem comportamento similar à

rigidez K: ambos se concentram nos contornos da fundação. A distribuição da rigidez, que

representa a reação do solo, concorda com outros resultados presentes na literatura, como os

baseados na Teoria da Elasticidade, conforme a Figura 2.9. Já o amortecimento C, por falta de

dados experimentais e estudos teóricos em blocos flexíveis, muitas vezes é tratado como

tendo distribuição homogênea na base da fundação. Os resultados deste trabalho sugerem que

tratar o amortecimento com uma distribuição similar à rigidez (concentrada nos contornos)

pode ser preferível em relação à distribuição homogênea.

Na comparação com a rigidez equivalente de blocos perfeitamente rígidos, o Modelo 2

apresentou discrepâncias relativas menores que 5% em relação às expressões de LUCO (1974)

e PAIS e KAUSEL (1988), conforme a Tabela 5.7. O amortecimento equivalente apresentou

discrepância relativa de 5,3% em relação a metodologia de LUCO (1974) e 22% em relação a

de PAIS e KAUSEL (1988), conforme a Tabela 5.8. Cabe ressaltar que a metodologia de

PAIS e KAUSEL (1988) é mais simplificada quando se trata do amortecimento,

considerando-o como independente da frequência de excitação (ou seja, assume valor

constante para qualquer , conforme a Figura 5.6).

A análise paramétrica mostra que o amortecimento do solo se comporta como um

material viscoelástico: a dissipação de energia devido ao amortecimento aumenta conforme

cresce, concordando com a Eq. (2.23). Essa conclusão também já havia sido apresentada

por LUCO (1974), que mostra que K diminui e C aumenta conforme a frequência de

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excitação aumenta. Esse comportamento pode ser observado nas Figuras 5.5 e 5.6, onde os

resultados de DOMÍNGUEZ e ABASCAL (1984) e LUCO (1974) apresentam

comportamento similar. GAZETAS (1983) considera os coeficientes k e c, das funções de

impedância apresentadas na Eq. (2.39), como independentes da frequência, conforme a Figura

5.7. Para a0 → 0, os coeficientes k e c do Modelo 2 concordam com os resultados

apresentados por GAZETAS (1983).

Deve-se observar que a metodologia aplicada no Modelo 2 usa equações para um meio

infinito e elástico, ou seja, esse é um modelo capaz de representar apenas as respostas

relacionadas às ondas de volume, discutidas em 3.1, não levando em conta a influência das

ondas de superfície (ondas de Rayleigh, localizadas na fronteira do semiespaço). Apesar disso,

o fator de correção aplicado aos deslocamentos mostrou resultados coerentes com outras

metodologias.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se a análise da influência das ondas de superfície — não contempladas na

metodologia deste trabalho — na rigidez do solo. Esses efeitos são relevantes sobretudo na

análise de solos estratificados, devido às ondas de Love (ondas Q), porém é possível que as

ondas de Rayleigh (ondas R) tenham influência sobre os resultados para solos homogêneos,

devido à consideração do solo como um semiespaço infinito.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA

GEOTÉCNICA (ABMS) e ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE ENGENHARIA

DE FUNDAÇÕES E GEOTECNIA (ABEF), Fundações, Teoria e Prática, 1ª ed., Editora Pini,

São Paulo, SP, Brasil, 1998.

DOMÍNGUEZ, A. e ABASCAL, R., On fundamental solutions for the boundary integral

equations method in static and dynamic elasticity, Engineering Analysis, Vol. 1, No. 3, 1984.

GAZETAS, G., Analysis of Machine Foundation Vibrations: State of the Art, Soil Dynamics

and Earthquake Engineering, Vol. 2, No. 1, 1983

LIMA, S. S., Análise de Estruturas com Computadores. 1ª ed. – Editora Ciência Moderna, Rio de

Janeiro – RJ, Brasil, 2017.

LIMA, S. S. e SANTOS, S.H.C., Análise Dinâmica das Estruturas. 1ª ed. – Editora Ciência

Moderna, Rio de Janeiro - RJ, Brasil, 2008.

LUCO, J. E., Impedance Functions for a Rigid Foundation on a Layered Medium, Nuclear

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PAIS, A. e KAUSEL, E., Approximate formulas for dynamic stiffnesses of rigid foundations,

Soil Dynamics and Earthquake Engineering, Vol. 7, No. 4, 1988.

RIBEIRO, M. A. A., Análise Comparativa de Métodos Utilizados no Cálculo da Interação Solo-

radier, Projeto Final de Graduação, UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Rio de Janeiro, 2010.

RICHART Jr., F. E., WOODS, R. D., HALL Jr., J.R., Vibrations of Soils and Foundations, 1ªed. -

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SANTOS, S.H.C. e GUIMARÃES, J.T.G., Análise de Placas de Fundação considerando a

Matriz de Rigidez do Solo Condensada na Superfície, IX Congresso Latino-Americano e Ibérico

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SANTOS, S.H.C., Fundações de Máquinas. (apostila), Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, Brasil, 2017.

SANTOS, J., Apontamentos sobre dinâmica de fundações, Mestrado em geotecnia para

Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico/Universidade Nova de Lisboa/LNEC, 2002.

WOLF, J. P., Foundation Vibration Analysis using Simple Physical Models. 1ª ed. – PTR Prentice

Hall, University of Michigan –MI, USA, 1994.