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ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA NO SEGMENTO DE HATCHES COMPACTOS DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NO BRASIL Débora do Couto Ramos Gama [email protected] Natanny Mousinho [email protected] Julianna Cunha Paes [email protected] Sebastião Décio Coimbra de Souza [email protected] O objetivo deste trabalho foi caracterizar e analisar o padrão de concorrência do segmento de hatches compactos das principais marcas no Brasil, durante um período de queda de demanda. Na abordagem adotou-se o modelo ECD, a fim de considerar e identificar as variáveis e fatores mais relevantes em termos de dinâmica competitiva setorial. Na sequência, foram avaliados: a estrutura do mercado, o nível de concentração no mercado e a distribuição das vendas por marca. Foram identificadas as principais condutas e práticas no segmento industrial e foi avaliado o desempenho das principais montadoras, com ênfase nas duas marcas líderes. O método de estudo foi exploratório e a coleta de dados foi realizada através de pesquisa bibliográfica sobre o período de maior depressão econômica no Brasil (2013 a 2016). Os resultados mostraram que o segmento avaliado apresentou uma tendência de contínua desconcentração no mercado. Com a queda na demanda por veículos em momentos de crise, as estratégias mais adotadas pelas duas concorrentes foram: - fortalecimento da imagem de confiança pela tradição, - descontos no preço de venda, - foco no desempenho com nivelamento de produção, - ofertas de itens diferenciais e, - pacotes de melhor rendimento. Palavras-chave: Dinâmica competitiva, Padrão de concorrência, Organização Industrial, Modelo ECD, Indústria automotiva brasileira XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil” Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

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Page 1: ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA NO SEGMENTO DE ...ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA NO SEGMENTO DE HATCHES COMPACTOS DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NO BRASIL Débora do Couto Ramos Gama dcoutoramos@gmail.com

ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA NO

SEGMENTO DE HATCHES

COMPACTOS DA INDÚSTRIA

AUTOMOTIVA NO BRASIL

Débora do Couto Ramos Gama

[email protected]

Natanny Mousinho

[email protected]

Julianna Cunha Paes

[email protected]

Sebastião Décio Coimbra de Souza

[email protected]

O objetivo deste trabalho foi caracterizar e analisar o padrão de

concorrência do segmento de hatches compactos das principais marcas

no Brasil, durante um período de queda de demanda. Na abordagem

adotou-se o modelo ECD, a fim de considerar e identificar as variáveis

e fatores mais relevantes em termos de dinâmica competitiva setorial.

Na sequência, foram avaliados: a estrutura do mercado, o nível de

concentração no mercado e a distribuição das vendas por marca.

Foram identificadas as principais condutas e práticas no segmento

industrial e foi avaliado o desempenho das principais montadoras, com

ênfase nas duas marcas líderes. O método de estudo foi exploratório e

a coleta de dados foi realizada através de pesquisa bibliográfica sobre

o período de maior depressão econômica no Brasil (2013 a 2016). Os

resultados mostraram que o segmento avaliado apresentou uma

tendência de contínua desconcentração no mercado. Com a queda na

demanda por veículos em momentos de crise, as estratégias mais

adotadas pelas duas concorrentes foram: - fortalecimento da imagem

de confiança pela tradição, - descontos no preço de venda, - foco no

desempenho com nivelamento de produção, - ofertas de itens

diferenciais e, - pacotes de melhor rendimento.

Palavras-chave: Dinâmica competitiva, Padrão de concorrência,

Organização Industrial, Modelo ECD, Indústria automotiva brasileira

XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”

Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

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1. Introdução

O setor industrial automotivo passou por diversas transformações ao longo dos anos que

modificaram toda sua cadeia produtiva, resultando em forte disputa de mercado,

diversificação produtiva, desenvolvimento de novos produtos e inovações tecnológicas

diversas.

A cadeia industrial automotiva tem forte contribuição para a geração de emprego e renda, e

nas últimas décadas, diversas marcas instalaram unidades montadoras no Brasil, em cidades e

regiões variadas, o que contribuiu para maior diversificação territorial da indústria. Conforme

dados da Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores (ANFAVEA), devido

à queda da demanda nos anos recentes, o Brasil que ocupava em 2013 o quarto maior

mercado de vendas de veículos leves do mundo, atrás de China, EUA e Japão, caiu em 2015

para sétima posição, sendo ultrapassado por Alemanha, Índia e Reino Unido (PORTAL G1,

2018).

Entretanto, um nicho de mercado específico que apresenta características de maior resiliência

frente às variações do ambiente econômico e financeiro, é o segmento de modelos da

categoria hatch compacto (considerada também como linha B).

Apesar do grande interesse despertado por estudos que possam revelar mais sobre o setor

automotivo do que as simples variações nas vendas e a distribuição das participações no

mercado por cada marca, há uma carência de estudos de análise da concorrência no mercado

por segmentos ou categoria.

Visando suprir em parte a carência mencionada, e também como uma forma de contribuir

para avançar na linha de pesquisa de análise da dinâmica competitiva e do padrão de

concorrência em segmentos industriais, esse trabalho teve como objetivo analisar o nível de

concentração, conduta e desempenho no segmento de hatches compactos, no período de

maior queda nas vendas no Brasil. Na análise de mercado foi aplicado o modelo Estrutura-

Conduta-Desempenho (ECD), buscando-se estabelecer uma relação de causalidade entre os

fatores e variáveis considerados, em uma abordagem integrada.

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O artigo está dividido nos seguintes tópicos, além dessa introdução, apresentação dos

fundamentos dos modelos adotados, uma síntese do segmento abordado, metodologia da

pesquisa, resultados e conclusão, com as referências ao final.

2. Modelo Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD)

O modelo ECD tem como principal objetivo analisar a organização industrial e

competitividade de estruturas de mercado e setores produtivos (CHURCH e WARE, 2000.

BASTOS e SOUZA, 2016). A Figura 1, a seguir, mostra uma ilustração desse modelo, com

seus respectivos fatores e elementos.

A análise é realizada partindo-se das condições básicas de oferta e demanda, com o foco nos

três aspectos principais: a estrutura do mercado/setor, a conduta/estratégias e o desempenho,

econômico e no mercado (SCHERER e ROSS, 1990; SOUZA e BASTOS, 2018).

Nos tópicos seguintes são abordados os aspectos e fatores considerados na análise.

Figura 1 – Modelo Estrutura-Conduta-Desempenho

Fonte: Adaptado de Scherer e Ross (1990)

2.1 Estrutura de Mercado

A estrutura é caracterizada pelas condições básicas de oferta e demanda e na observação de

como os mercados se organizam. Vasconcelos (2001) afirma que as estruturas de mercado

dependem de três condições: número de firmas no mercado; diferenciação do produto; e

barreira de entrada de novas empresas.

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Segundo Bastos e Souza (2016), para definir a estrutura e concentração em um mercado,

geralmente, utilizam-se os métodos da Razão de Concentração (Cr) e o índice Herfindahl-

Hirschman (HH).

A Razão de concentração (Cr) calcula a parte do mercado representada por um número fixo

(k) das maiores empresas de um mercado em relação ao total que atuam neste mercado

específico. O cálculo da razão de concentração é dado por:

(1)

Sendo:

k = número das maiores empresas de um mercado;

Pi = fração da capacidade produtiva ou de vendas compartilhadas de cada empresa no

mercado.

O Índice de Herfindahl-Hirschman (HH) é caracterizado pelo somatório dos quadrados da

participação percentual de cada empresa em relação ao tamanho total do mercado. Este índice

leva em conta todas as empresas do mercado, ou a maior parte delas, e é calculado pela

seguinte fórmula:

(2)

Sendo:

n: número de empresas no mercado;

Pi2: fração da capacidade produtiva ou de vendas de cada empresa no mercado elevado ao

quadrado.

Elevar cada parcela da capacidade produtiva ao quadrado correlaciona a atribuir um peso

maior às empresas relativamente maiores. Assim, quanto maior for o valor de HH, maior será

a concentração e consequentemente, menor a concorrência entre as empresas.

Os valores de HH variam entre 1/n ≤ HH ≤ 1. Se HH = 1 pode-se dizer que se trata de

monopólio de mercado; se HH = 1/n, as empresas terão a mesma capacidade produtiva.

Seguindo a condição de n tender ao infinito, HH irá tender a zero e, dessa forma,

teoricamente, o mercado irá apresentar uma competição perfeita ou condição similar.

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2.2 Conduta de Mercado

De acordo com Landivar et al. (2013), a conduta refere-se ao comportamento das empresas

em relação ao mercado e aos concorrentes, e assim ela pode ser separada em três categorias: -

política de produtos, - política de preços e - comportamento coercitivo.

Na política de produto as firmas buscam diferenciar os produtos conforme critério dos

consumidores, investir em propaganda e serviços extras ao produto. A política de preços

depende da estrutura de custos e do mercado. O comportamento coercitivo é uma condição

em que as firmas tentam mudar a estrutura do mercado através da desestruturação ou retirada

dos concorrentes no mercado (CHURCH e WARE, 2000).

A conduta representa o comportamento das empresas no mercado onde ela se encontra. Suas

práticas, decisões e estratégias tanto competitivas como comerciais. A estrutura do mercado

molda a conduta, devido a fatores como, diferenciação entre produtos, número de agentes,

nível de integração vertical, barreira à entrada de novas empresas, entre outros

(BHATTACHARJEE e DEY, 2015; SOUZA e BASTOS, 2018).

2.3 Desempenho de mercado

Conforme os preceitos basilares do modelo ECD destacados por Church e Ware (2000), o

desempenho tem uma estrita relação com as condutas corporativas, assim como com a

estrutura do mercado, que por sua vez, depende das políticas públicas e das condições de

oferta e demanda.

Segundo Groppelli e Nikbakht (2006), para medir o desempenho geralmente são adotados

índices de resultados, como produção, vendas e o mercado compartilhado. Contudo, conforme

frisa David (2011), a comparação entre concorrentes não deve se restringir à análise

financeira, que são os índices mais tradicionais utilizados para comparação entre empresas

concorrentes. Outros índices também devem ser considerados, o mercado compartilhado,

crescimento de vendas, capacidade e recursos.

O desempenho de empresas em um contexto competitivo é dinâmico e, em muitos casos

cíclico, dependendo de variáveis internas (de gestão) e externas (de mercado), além de outros

fatores imprevisíveis, como movimentos políticos, sociais e ambientais (SOUZA, 2011; PAL

e TORSTENSSON, 2011).

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3. Segmentos da indústria de automóveis

Na indústria de automóveis, os veículos são divididos em categorias e segmentos de acordo

com suas características de carroceria. Há várias classificações que consideram não só o

tamanho, mas também o formato da carroceria, capacidade máxima de passageiros ou de

carga, tipo de terreno em que vai rodar, entre outras. Considerando tais características, uma

classificação comum é pelo número de volumes, geralmente dividindo o compartimento do

motor, habitáculo/cabine e bagagem/porta-malas, portanto, a carroceria pode ter de um a três

volumes (ANFAVEA, 2016; KOLLER, 2016).

Conforme Koller (2016), as categorias de automóveis tradicionalmente consideradas em

análise de mercado são as seguintes: a. Sedã, ou sedan; b. Hatch, ou hatchback; c. Perua ou

Station Wagon (SW); d. Coupé, cupê ou fastback; e. Picape ou pick-up; f. Van ou minivan; g.

Utilitário; h. Sport Utility Vehicle (SUV, ou veículo utilitário esportivo); i. Crossover.

No Brasil os modelos mais populares e econômicos, tanto por serem básicos, atenderem todas

as necessidades e ainda possuírem preços menores, são os do segmento hatch compacto, que

possui como principal característica ter a carroceria dividida em duas partes principais: a

caixa do motor e a cabine de passageiros acoplada ao porta-malas. Essa categoria/segmento

compreende os modelos mais baratos e simples do mercado, com motorização geralmente

próxima de 1.0 cilindradas e muitas vezes equipados com motores flex. Devido ao seu

tamanho, são veículos indicados para deslocamento diário urbano, são mais práticos de

estacionar e dirigir, mas possuem pouco espaço interno, inclusive no porta-malas. Esse

trabalho focou especificamente esse segmento (SALÃO DO CARRO, 2015; 2016).

4. Metodologia

Este estudo foi de caráter aplicado e descritivo, com coleta de dados por meio bibliográfico,

em publicações especializadas do setor, das associações encarregadas da análise e de portais

online. O trabalho se fundamenta da teoria da organização industrial, com perspectiva

dinâmica e no modelo ECD. Primeiramente, o mercado foi analisado para se ter um panorama

geral e abrangente do setor e da estrutura do mercado específico, para em seguida proceder

identificação dos fatores e a análise de causalidade entre as variáveis. Para medir a

concentração do mercado, foram calculados a Razão de Concentração (Cr) e o índice de

Hirschman-Herfindahl (HH), com foco nas duas marcas que apresentaram a maior queda na

produção e venda no segmento de carros hatch compacto, considerando o período

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compreendido entre os anos de 2011 e 2016. A ênfase foi no último triênio, o de maior queda

na demanda de todo o período considerado. Para observar a conduta, foram verificadas as

estratégias e decisões adotadas pelas empresas para enfrentar a queda nas vendas, conforme

pesquisa de sites especializados. Para medir o desempenho, a variável considerada foram o

volume de produção e resultado das vendas. A seguir, os principais resultados são

apresentados e discutidos de acordo com os conceitos e fatores do modelo adotado e dos

métodos aplicados.

5. Resultados e análise da categoria de carros hatch

5.1 Estrutura

A estrutura de mercado do setor automobilístico no Brasil sofreu reflexos da grande recessão

entre 2014 e 2015. O índice Cr ou Razão da Concentração da indústria de automóveis no

Brasil foi calculado somando-se a participação de mercado (market share) nas k maiores

empresas do setor. Mais comumente calculado com as quatro e oito maiores empresas do

mercado, respectivamente Cr4 e Cr8, como ressaltam Church e Ware (2000).

A Tabela 1, a seguir, mostra a evolução na concentração do mercado das duas líderes (F1 e

F2), em parcela de vendas no período, no Brasil. A Tabela 2, na sequência, apresenta os

índices de concentração Crk e HH.

Tabela 1 – Concentração de mercado das duas principais montadoras (2011-2016)

Mercado Evolução do índice de concentração das duas líderes (Cr2)

Marca 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

F1 22.56% 23.05% 20.72% 20.97% 17.80% 15.10%

F2 22.13% 22.43% 18.24% 17.32% 14.80% 13.31%

Total 44.69% 45.48% 38.96% 38.29% 32.60% 28.41%

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em da Anfavea (2017).

*Nesse ano, houve uma mudança na liderança, que passou a ser ocupada por outra montadora.

Pelos dados apresentados (Tabela 1) percebe-se que o nível de concentração do mercado

apresentou uma trajetória de queda substancial. As líderes perderam participação relativa de

cerca de 7 e 9 pontos percentuais, respectivamente, com o nível de concentração caindo de

aproximadamente 45% para um percentual abaixo de 29%. Em 2016, a liderança do mercado

foi assumida por outra marca, devido ao grande sucesso de vendas obtido pelo seu modelo

hatch compacto, o que será abordado nos próximos tópicos.

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Pelos dados mostrados na Tabela 2 (a seguir), pode-se observar que não apenas as líderes,

apesar de, nesse caso, a queda ter sido mais acentuada, mas todas as oito principais

montadoras (CR8) perderam mercado no período, caindo de cerca de 89% para um percentual

próximo de 87%.

Tabela 2 – Índices de Concentração de Mercado (2011-2016)

Índices 2011 2012 2013 2014 2015 2016

CR1 22.56 23.05 20.72 20.97 18.61 15.35

CR4 73.88 72.88 66.03 64.94 56.95 55.92

CR8 88.89 90.97 89.26 89.2 86.43 86.61

HH 1401 1380 1548 1276 1197 1076

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em dados da Anfavea (2017).

Em uma interpretação direta e preliminar, a tendência de queda apresentada pode significar

que a concorrência se tornou mais acirrada, e que as demais concorrentes menores ganharam

mercado. Uma explicação, por suposição, é que tal tendência seja reflexo também da entrada

de novas concorrentes e da estratégia de exportação para outros mercados, como alternativa

de contornar a queda no mercado doméstico brasileiro. Contudo, a confirmação dessa

hipótese extrapola os objetivos desse trabalho e pode ser interessante para pesquisas futuras.

5.2 Conduta e estratégias competitivas sob queda de demanda

Como forma de caracterizas os recursos e as estratégias adotadas pelas empresas em seus

veículos foram considerados testes realizados por sites especializados no setor automotivo.

De acordo com teste de avaliação de modelos hatches compactos, publicado no site da revista

Quatro Rodas (2016), os modelos Palio e Gol (ambos com motorização 1.0), foram

classificados, respectivamente, na quinta e terceira posição na avaliação geral. Nesse teste

foram considerados os seguintes critérios: a) direção/freio/suspensão; b) motor e câmbio; c)

carroceria; d) vida a bordo; e) segurança; e f) preço.

No teste citado, os modelos Chevrolet Onix LS 1.0 e o Hyundai HB20 1.0 foram,

respectivamente, primeiro e segundo colocados, o que, de certa forma, já antecipava o

declínio dos modelos das marcas líderes tradicionais nos anos seguintes.

O modelo Palio é o projeto mais antigo. Na edição avaliada (2016), o modelo evoluiu em

diversos aspectos. A carroceria, por exemplo, ficou maior e ganhou estrutura mais segura e ao

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mesmo tempo mais leve, com a utilização de aços de alta resistência. A principal novidade no

interior foi a melhoria do acabamento. Mesmo na versão básica Attractive, o modelo conta

com materiais de boa qualidade, com variação de cores e texturas, e com bom padrão de

manufatura, sem rebarbas e defeitos. O motor 1.0 é o Fire 1.0 EVO, que incorporou melhorias

técnicas para reduzir o atrito interno e melhorar rendimento. Apesar disso, nos testes

realizados, o Palio ficou com o pior desempenho na pista. Ele acelerou de 0 a 100 km/h em

18,3 segundos. E, em relação ao consumo, obteve as médias de 7,9 km/l na cidade e de 10,6

km/l na estrada (QUATRO RODAS, 2016). Com computador de bordo, direção hidráulica,

lavador e limpador do vidro traseiro, imobilizador e o dispositivo follow me home, no pacote

básico, o Palio Attractive 1.0 custava R$28.440, sem ar-condicionado, airbags ou ABS.

O Gol nessa versão recebeu novas frente e traseira nos padrões do novo estilo mundial da

marca VW. O motor 1.0 foi melhorou em eficiência, porém não contabilizado em

desempenho, mas sim em consumo e redução de emissões, o que lhe valeu o melhor nível de

classificação no programa de etiquetagem do governo. Na pista de testes, entretanto, o Gol

testado se mostrou mais lento que o antecessor. O tempo de 0 a 100 km/h passou de 14,5

segundos para 16,6 segundos. Na eletrônica, a central do motor ficou mais inteligente e a rede

de comunicação ganhou capacidade, o que possibilitou a instalação de recursos como o

dispositivo follow me home. Na versão avaliada, o preço sugerido era de R$27.990 e inclui no

pacote básico, banco do motorista com ajuste em altura, vidros dianteiros e travas elétricos e

lavador e limpador do vidro traseiro, entretanto sem direção hidráulica, ar-condicionado, air-

bags ou ABS.

Conforme análise realizada pelo site Salão do Carro (2015;2016), as estratégias que mais

caracterizam a concorrência acirrada entre as líderes do mercado no período avaliado foram:

a) Confiança pela tradição; b) Preço de venda; c) Desempenho; d) Itens diferenciais e; e)

Consumo de combustível.

5.3 Desempenho de mercado

Após um período de forte crescimento, as vendas de automóveis no Brasil, a partir de 2013,

passaram a apresentar queda, devido ao cenário de forte crise econômica. O Gráfico 1 mostra

a trajetória da produção de automóveis no Brasil, entre 2012 e 2017.

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As quedas acentuadas verificadas de 2014 a 2016, contribuíram para acentuar a concorrência

entre as marcas em todos os segmentos. Nesse período, a produção de carros caiu mais de

40%, um fator que colaborou para a forte queda do PIB nacional.

Por outro lado, entretanto, após três anos de quedas no setor, o ano de 2017 parece ter

marcado a retomada do crescimento na produção de veículos no país (PORTAL G1, 2018).

Gráfico 1 - Produção total de veículos no Brasil (2012-2017)

Fonte: PORTAL G1 (2018)

Em 2015 foi registrado o pior número do setor, quando a venda total dos segmentos carros,

caminhões e ônibus novos caíram 26,55% em relação a 2014 (PORTAL G1, 2015).

O Gráfico 2, a seguir, mostra a evolução na produção de veículos leves, entre os anos de 2011

e 2016. De 2013 a 2016, a produção no segmento de veículos leves caiu de cerca de 3,5

milhões para algo próximo de 1,75 milhões de unidades.

Gráfico 2 - Total de veículos leves produzidos no Brasil.

Fonte: ANFAVEA (2017)

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As oito principais montadoras instaladas no país em parcela de mercado acumulado no

período (2011 a 2016), foram, respectivamente: Volkswagen, Fiat, GM/Chevrolet, Ford,

Renault, Hyundai, Toyota e Honda. Sendo que as duas primeiras tiveram juntas a maior fatia

de mercado no período analisado. Segundo o jornal Valor Econômico (2016), no período

considerado até 2015, a Fiat manteve-se pelo 14º. ano consecutivo como a montadora que

maior venda de automóveis e utilitários leves no país. Porém, em 2016 foi ultrapassada pela

pela GM/Chevrolet (2017).

No segmento de hatches compactos, as montadoras que mais se destacaram em volume de

vendas no período considerado, foram Volkswagen e Fiat (atual Fiat Chrysler Automobiles -

FCA, após junção em 2014), com os modelos Gol e Palio, respectivamente. O total de vendas

de modelos hatch compacto, as duas principais marcas em parcela do mercado nacional, no

período 2011-2015 é mostrado na Tabela 3.

Tabela 3 - Total de Vendas de Veículos Hatch das montadoras consideradas (2011-2015)

Mercado Total de vendas de veículos Hatch das duas montadoras consideradas

Marca 2011 2012 2013 2014 2015

Volkswagen 427,792 521,260 410,879 353,468 228,250

Fiat 421,274 465,105 407,334 350,884 207,908

Fonte: Anfavea (2017)

O Gráfico 3, a seguir, mostra a queda acentuada do número de vendas dos modelos das duas

montadoras. A Fiat, marca do modelo hatch compacto mais vendido fabricado no Brasil, teve

queda de 51.75%. A Volkswagen apresentou um declínio de 44.21%.

Gráfico 3 - Total de vendas do modelo Hatch compacto.

Fonte: Anfavea (2016)

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6. Conclusões

O estudo teve o propósito de analisar o mercado automobilístico brasileiro no segmento, ou

categoria, de hatches compactos, em um estágio de crise econômica com a consequente queda

de demanda (2012-2015). A pesquisa teve como fundamentos a teoria da organização

industrial sob a ótica do modelo ECD, com ênfase na análise da concentração do mercado e

da concorrência entre empresas.

Sob o âmbito do modelo de concorrência aplicado ao setor e as duas maiores marcas no

período de forte crise econômica que teve como reflexo a queda acentuada da demanda.

Nessa perspectiva, foram analisados: os fatores de estrutura de mercado, os fatores de conduta

(estratégias competitivas) das empresas e o desempenho que elas tiveram ao longo dos

últimos anos.

Como foi mostrado, o mercado de automóveis no Brasil foi fortemente afetado pela grande

recessão entre 2013 a 2016, com queda de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016. Nesse período,

a produção de carros entrou em um declínio que superou os 40%.

Pelos dados apresentados (Tabela 1) percebe-se que o nível de concentração do mercado

apresentou uma trajetória de queda substancial. As líderes perderam participação relativa de

cerca de 7 e 9 pontos percentuais, respectivamente. O nível de concentração das duas líderes

caiu de aproximadamente 45% para um percentual abaixo de 29%.

Através da abordagem adotada com aplicação do modelo ECD e dos Índices de Concentração,

algumas importantes conclusões puderam ser obtidas, que estão sintetizadas na sequência:

- Estrutura - Em relação à estrutura do mercado e o nível de concentração, os dados

mostraram que todas as oito principais montadoras (CR8) perderam mercado no período (de

89% para 87%). Essa menor concentração no mercado tem como reflexo um padrão de

concorrência mais acirrado, pode ser explicada por parcelas de mercado obtidas pelas

montadoras menores, como também pela entrada de novas concorrentes, e a estratégia de

exportação das montadoras principais para outros mercados, como alternativa de reverter as

perdas no mercado doméstico. A tendência de queda do índice HH, a partir de 2013, reforça

essa hipótese, e a sua verificação pode ser uma interessante questão para pesquisa futura.

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- Conduta - Em relação à conduta e as estratégias das empresas em condições de queda da

demanda, foram relacionados entre os critérios principais a influenciar uma decisão de

compra pelo cliente, que são: a confiança pela tradição, o preço de venda, o desempenho,

itens diferenciais e, economia no consumo de combustível.

- Desempenho - Quanto ao desempenho, como resultado do cenário brasileiro de crise

econômica, conforme os dados apresentados, a partir de 2013, as vendas de automóveis no

Brasil passaram a apresentar queda acentuada, sendo que em 2015 foi registrado o pior

número da indústria, com declínio de cerca de 27% quando incluídos todos os segmentos. No

caso do segmento de hatches compactos, de 2011 a 2015, apesar da resiliência atribuída, as

duas montadoras líderes apresentam queda de vendas, sendo que o modelo mais vendido

fabricado no Brasil registrou queda próximo de 52%, e o da segunda marca, cerca de 44%.

Por fim, cabe ressaltar a contribuição desse trabalho para suprir em parte a carência verificada

na literatura de análises da dinâmica competitiva e do desempenho em segmentos industriais

em período de queda da demanda, tendo em vista que as tendências do mercado são cíclicas e,

portanto, os padrões verificados em períodos anteriores tendem a se repetir no futuro, por

isso, a relevância de seu estudo e caracterização.

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