anÁlise bacteriolÓgica de utensÍlios usados no
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ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DE UTENSÍLIOS USADOS NO PROCESSAMENTO EM
CARNES DE AÇOUGUES LOCALIZADOS NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE –
CE
BACTERIOLOGICAL ANALYSIS OF UTENSILS USED IN THE PROCESSING OF BUTCHER
MEATS LOCATED IN THE CITY OF JUAZEIRO DO NORTE – CE
Aparecida Pinto Tomaz¹; Maria de Fátima Guedes Monteiro²; Raimundo Luiz Silva Pereira³; Dárcio Luiz de Sousa Júnior4; Pedro Everson Alexandre de Aquino5; Cícero Roberto
Nascimento Saraiva6; Maria Karollyna do Nascimento Silva Leandro7; Rakel Olinda Macedo da Silva8; Lívia Maria Garcia Leandro9
¹ Biomédica pelo Centro Universitário Leão Sampaio (UNILEÃO). ² Biomédica (UNILEÃO), Pós-graduanda em Saúde Pública e Vigilância Sanitária (FAVENI). ³ Biólogo e mestrando em Bioprospecção Molecular (URCA). 4Biomédico, Especialista em Microbiologia Clínica (UNILEÃO) e Farmacologia Clínica (URCA), Mestre em Química Biológica (URCA). Contato: (88) 981685288 5 Biomédico (UNILEÃO), Mestre e doutorando em Farmacologia (UFC). 6 Biomédico (UNILEÃO), Mestre em Química Biológica (URCA). 7 Biomédica (UNILEÃO), Mestre em Bioprospecção Molecular e doutoranda em Química Biológica (URCA). 8 Biomédica (UNILEÃO), Mestre em Bioprospecção Molecular (URCA). 9 Biomédica (UNILEÃO), Especialista em Microbiologia Clínica (UNILEÃO). Evangelical College of Goianésia, Brazil Avenue nº 2020, Covoá, Goianésia, GO, Brazil.
Abstract
The contamination of utensils used in the handling of meat has become a concern, besides being an eminent health problem. This study aimed at the bacteriological analysis of utensils used in the meat processing of butchers located in the City of Juazeiro do Norte - CE. Forty samples were analyzed, obtained randomly from establishments (10 Private and 10 Public). During the processing, Staphylococcus aureus, Salmonella sp. and Escherichia coli. After growth in Brain Heart Infusion (BHI), sowing was done in Mannitol Agar, Salmonella-Shigella Agar (SS) and Eosin Methylene Blue Agar (EMB), incubated in a 37 ° C incubator for 24 hours. Subsequently, catalase and coagulase and other biochemical tests were performed to confirm the species found. For the bacterial resistance
profile, the disk diffusion method (Antibiogram) was performed. In both establishments, microbial growth of all species surveyed was found, S. aureus in both types of establishments proved to be the most prevalent microbial agent reaching 62.5%, however the presence of Salmonella sp. also in the two research sites, it was a worrying fact, since this bacterium should be absent in food according to the legislation. Given this analysis, it is confirmed that there is a precariousness in the hygiene of these utensils. Therefore, it is necessary to enable measures that can be effective in raising awareness and practices for cleaning and handling the utensils used, as well as the personal hygiene of the handlers. Resumo
A contaminação dos utensílios utilizados no manuseio de carnes vem se tornado preocupante além de ser um problema eminente a saúde. Este estudo teve como objetivo a análise bacteriológica de utensílios usados no processamento de carnes de açougues localizados na Cidade de Juazeiro do Norte – CE. Foram analisadas 40 amostras, obtidas aleatoriamente de estabelecimentos (10 Privados e 10 Públicos). Durante o processamento foram realizadas as identificações de Staphylococcus aureus, Salmonella sp., e Escherichia coli. Após o crescimento em meio Brain Heart Infusion (BHI), foi feito o semeio em Agar Manitol, Agar Salmonella-Shigella (SS) e Agar Eosin Methylene Blue (EMB), incubados em estufa a 37 °C
Info
Recebido: 09/2020 Publicado: 12/2020 DOI: 10.29247/2358-260X.2020v7i2.4755 ISSN: 2358-260X
Palavras-Chave Alimento; Staphylococcus aureus; Enteropatógenos; Contaminação. Keywords: Food; Staphylococcus aureus; Enteropathogens; Contamination.
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por 24 horas. Posteriormente foi realizado catalase e coagulase e as demais provas bioquímicas para confirmação das espécies encontradas. Para o perfil de resistência bacteriana foi realizado o método de difusão em disco (Antibiograma). Em ambos os estabelecimentos foram encontrados crescimento microbiano de todas as espécies pesquisadas, S. aureus nos dois tipos de estabelecimentos mostrou-se como o agente microbiano mais prevalente chegando a 62,5%, entretanto a presença de Salmonella sp. também nos dois locais de pesquisa foi um fato preocupante, devido que esta bactéria deveria estar ausente em alimentos segundo a legislação. Diante desta análise confirma-se que há uma precariedade na higienização destes utensílios. Sendo, necessário viabilizar medidas que possam ser eficazes na conscientização e práticas de limpeza e manipulação dos utensílios utilizados, bem como, a higiene pessoal dos manipuladores. INTRODUÇÃO
A qualidade do alimento que é ingerido pelo
consumidor e sua segurança alimentar é um direito de
todo ser humano. A saúde pública é o órgão
responsável que deve garantir a segurança sanitária dos
alimentos ofertados para consumo da população
tornando-se um desafio para conseguir que o
mantimento seja isento de microrganismos prejudiciais
à saúde humana (Pinheiro, et al., 2010; Montezani, et
al., 2017).
As Doenças Transmitidas por Alimentos
(DTAs) é uma síndrome geralmente constituída de
anorexia, náusea, vômitos e/ou diarreia relacionada à
ingestão de alimentos ou água contaminados
(Lombardi, et al., 2020). Podem se causadas por
bactérias, vírus, parasitas, toxinas, príons, agrotóxicos,
produtos químicos e metais pesados (Sousa Júnior, et
al., 2015). No Brasil, dados sobre surtos de DTAs entre
os anos de 2000 a 2015, indicaram que o maior número
ocorreu em residências, panificadoras, supermercados,
salões de festas, escolas e restaurantes, sendo que as
carnes bovinas, de aves e suína, somam 7,7% e estão
entre os alimentos incriminados neste surto (Brasil,
2015).
Sabendo que os alimentos podem ser veículos
transmissores de patógenos prejudiciais à saúde do
consumidor, as unidades responsáveis pela produção de
alimentos, bem como os manipuladores merecem
especial atenção, sendo que, a limpeza e a desinfecção
de utensílios, equipamentos e superfícies de cozinha
que entram em contato com os alimentos constituem
ponto importante para evitar a veiculação desses
microrganismos (Lara, et al., 2019).
Portanto, se as carnes podem ser contaminadas
mediante contato com os equipamentos, utensílios e
superfícies inanimadas onde estes são manipulados
deve-se adotar medidas de higiene que inviabilize a
presença de microrganismos potencialmente
patogênicos ou indicadores de contaminação fecal
nestes equipamentos, estes, devem ser atingidos pela
lavagem com água e sabão com ou sem desinfecção
final (ABERC, 2015). Ainda assim para uma maior
segurança Silva Júnior (2014) indica que os
equipamentos e utensílios que entram em contato com
o alimento devem ser confeccionados em material que
apresente as seguintes características: Transmissão de
substâncias tóxicas, odores e sabores; não absorventes
e resistentes à corrosão e às repetidas operações de
limpeza e desinfecção.
De certa forma o uso de antimicrobianos traz
benefícios para o controle e tratamento de doenças nos
animais, mas, no entanto, há produtores que faz uso
exagerado e sem orientação, isso se dá ao fato de que
sua comercialização não é fiscalizada, ou seja, qualquer
produtor pode obter (Barreto, 2007). Entretanto,
mesmo dispondo desses benefícios, o uso dessa
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medicação em animais traz sérios riscos à saúde
humana, e isso deve-se ao fato da resistência bacteriana
cruzada em humanos (Quesada, et al., 2016).
A carne por ser um alimento rico em nutrientes
pode apresentar condições bastante adequadas para o
desenvolvimento e multiplicação dos microrganismos
causadores de várias doenças (Lima, et al., 2016). Diante
do apresentado, é indispensável à verificação, através de
análise microbiológica dos utensílios utilizados na
manipulação das carnes, da eficácia da higienização,
visto que, elas sofrem interferências constantemente de
fatores externos que podem comprometer a qualidade
da carne.
Com este estudo foi possível detectar se há
precariedade no aspecto higiênico dos utensílios e assim
colaborar na conscientização da higienização dos
utensílios utilizados na manipulação das carnes nos
açougues. Tendo em vista a necessidade de higienização
sanitária para obtenção satisfatória de um alimento
seguro, nos quais os mesmos, promovam a manutenção
da saúde de seu consumidor e a fim de se evitar a
ocorrência de surtos e doenças transmitidas por
alimentos, este estudo teve como objetivo realizar a
análise microbiológica de utensílios usados no
processamento de carnes de açougues localizados na
Cidade de Juazeiro do Norte – CE.
MATERIAIS E MÉTODOS
Local de realização do estudo e amostragem
O estudo foi de caráter analítico descritivo para
avaliar a presença de Staphylococcus aureus, Salmonella sp
Escherichia coli. As análises das amostras foram realizadas
no Laboratório de microbiologia do Centro
Universitário Leão Sampaio – UNILEÃO, localizado
na Cidade de Juazeiro do Norte-CE. Foram adquiridas
aleatoriamente de estabelecimento (10 Privados e 10
Públicos) da Cidade de Juazeiro do Norte-Ceará, 40
amostras de utensílios (facas, afiadores).
Coleta das amostras e processamento
Antes da realização da coleta foi entregue o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
e explicado o procedimento de todo o trabalho. As
coletas foram realizadas nos meses de fevereiro a março
de 2017, as amostras adquiridas foram coletadas
passando um swab umedecido com solução salina estéril
e colocado no meio de enriquecimento Brain Heart
Infusion (BHI) e levados para o laboratório de
microbiologia da UNILEÃO, que foi incubado por 24
horas a 37°C em estufa bacteriológica.
Identificação de Staphylococcus aureus,
Salmonella sp. e Escherichia coli
A identificação de Staphylococcus aureus, foi
realizada a partir do BHI com crescimento
bacteriológico sendo feito o semeio em Agar Manitol
através da técnica de estria simples, e posteriormente
incubado em estufa a 37º C pelo período de 24 horas.
Com a observação do crescimento em Agar Manitol foi
realizado a coloração de Gram e realizado o teste de
catalase e coagulase para confirmação da espécie.
Para realização do teste da catalase foi
depositada uma gota de peróxido de hidrogênio (H2O2)
em uma lâmina estéril e em seguida retirada com o
auxílio de uma alça de platina estéril, uma colônia do
meio de cultura. Esta foi colocada sobre a gota para
observação da formação de bolhas (Brasil, 2013). As
colônias com positividade nos testes da catalase foram
submetidas ao teste de coagulase, a fim de confirmar a
espécie de Staphylococcus aureus (Cordeiro, et al., 2017). O
teste da coagulase em tubo foi realizado, com o auxílio
de uma alça de platina estéril, uma colônia suspeita e
colocada juntamente com 0,5 mL de plasma com citrato
em um tubo estéril. Este foi incubado por no mínimo 4
horas à 37°C em estufa para posterior observação do
coágulo (Brasil, 2013).
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Para a identificação de Salmonella sp. e
Escherichia coli a partir do BHI com crescimento
bacteriano sendo feito o semeio de todas as amostras,
através da técnica de esgotamento, no meio Agar
Salmonella-Shigella (SS) e no meio Agar Eosina Azul de
Metileno (EMB), os quais foram incubados em estufa a
37º C por 24 horas. Com a observação das placas de
Petri com crescimento bacteriano, foi realizada a
coloração de Gram e os microrganismos foram
submetidos aos testes bioquímicos de Agar TSI, Agar
Citrato de Simmons, meio SIM, Agar Fenilalanina e
Agar Ureia de Christensen.
Avaliação do perfil de resistência
Foi realizada uma suspensão bacteriana na
escala 0,5 de MacFarland (1,5 x 108 bac/mL) de todas
as bactérias identificadas como Staphylococcus aureus,
Escherichia coli e Salmonella sp. A partir dessa suspensão,
utilizando um swab estéril, foi realizado o semeio em
tapete em Agar Muller-Hinton, meio específico para
realização de antibiograma segundo método de difusão
em disco. Após isso foram adicionados os discos de
amoxicilina, amicacina, gentamicina, ampicilina e
tetraciclina para a bactéria Gram-negativa e os discos de
oxacilina, vancomicina, eritromicina, rifampicina e
imipenem para a Gram-positiva, (Arantes, et al., 2013;
Montezani et al., 2017). As placas de antibiograma
foram incubadas em estufa à 37 ºC por 24 horas, por
fim, foi efetuada a análise do perfil de resistência através
da medição em milímetros dos halos de inibição
gerados, sendo estes comparados com a tabela
padronizada pelo Clinical and Laboratory Standards
Institute (CLSI, 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Açougues públicos
De acordo com as análises realizadas, pode-se
verificar que os açougues públicos da cidade de Juazeiro
do Norte-CE, tinham falhas no processo de
higienização dos utensílios o que se tornou um dos
fatores que contribuiu para o crescimento microbiano
de algumas espécies bacterianas patogênicas.
Gráfico 1: Crescimento de bactérias das amostras obtidas dos utensílios de açougues públicos da cidade de Juazeiro do Norte-CE.
40%
12,5%20%
60%
87,5%80%
S. aureus E. coli Salmonella sp
Positivo Negativo
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Verifica-se no gráfico 1 que o microrganismo
mais prevalente nos utensílios dos açougues públicos
foi Staphylococcus aureus, que ocorreu em 40% dos
estabelecimentos, em seguida está Salmonella sp. com
20% e 12,5% de Escherichia coli. Segundo Hennekinne et
al. (2012) Staphylococcus aureus pode invadir o nosso
corpo através de alimentos contaminados com as
toxinas da bactéria, causando intensa infecção
intestinal, vômitos, diarreia, além de que, essa bactéria é
uma das principais causas de surtos de intoxicação
alimentar através do homem ou animais.
Alguns estudos que verificaram qualidade
microbiológica de alimentos relataram a presença de S.
aureus como contaminante, de acordo com Silva et al.
(2011), analisando microrganismos em equipamentos e
utensílios de laticínios da região Rio Pomba em Minas
Gerais, também obtiveram o mesmo resultado
relacionado à ocorrência de Staphylococcus aureus.
Igualmente na pesquisa de Freitas Silva et al. (2020), que
demonstrou a ocorrência dessa bactéria em carnes
bovinas moídas comercializadas em açougues de
Itapetinga – BA, os quais relataram que houve presença
de S. aureus nesse tipo de carne, acima do permitido (5,0
x 103 UFC/g), e que a carga microbiana aumentou
quando comparado com o pedaço não moído,
reforçando que, alguns utensílios como o moedor
podem estar associados a essa contaminação (Brasil,
2001; Luz et al., 2015).
Gráfico 2: Perfil de resistência realizado para Staphylococcus aureus.
O antibiograma é um método utilizado para
obter conhecimento acerca da resistência bacteriana. É
um teste de baixo custo, fácil execução e tem a
capacidade de identificar qual antibiótico tem a
capacidade de inibir o crescimento bacteriano, fazendo
com que cesse o mecanismo patogênico desencadeado
no organismo (Andre, et al., 2006; CLSI, 2015).
O teste de sensibilidade a antibióticos dos
microrganismos crescidos nas amostras dos utensílios
de açougues da rede pública são descritos no gráfico 2,
neste foi possível observar que a espécie Staphylococcus
aureus demonstrou sensibilidade aos antibióticos
Vancomicina e Imipinem em 100% das amostras e
resistência a Eritomicina e Rifampicina em 81,81% e a
Oxacilina em 45% das mesmas.
Montezani et al. (2017), ao pesquisar cepas de
S. aureus resistentes à meticilina em carnes de frangos
em açougues de Tupã – SP, obtiveram em vez disso
cepas com resistência ao antibiótico Oxacilina,
assemelhando-se ao presente estudo, os autores
45,45%
81,81% 81,81%
100% 100%
54,54%
18,18% 18,18%
Vancomicina Imipenem Oxacilina Eritromicina Rifampicina
Resistente Sensível
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também reforçaram que esse dado é associado com a
expressão de genes de multirresistência dessa bactéria,
ao passo que a linhagem encontrada possui resistência
a três fármacos de classes diferentes (Ogata et al., 2012).
Ferreira et al. (2018) realizaram a identificação
fenotípica e genotípica de cepas de estafilococos
oriundas de uma unidade de abate de aves e,
diferentemente do presente estudo, obtiveram um
percentual de 1,5 % das cepas analisadas resistentes à
vancomicina, demonstrando um agravo importante
relacionado à resistência antimicrobiana
A vancomicina, um glicopeptídeo, usado como
um dos últimos antibióticos com ação efetiva contra
essas bactérias quando já multirresistentes a outras
classes de medicamentos, entretanto, já foram descritos
Staphylococcus aureus com resistência à vancomicina e
meticilina, o mecanismo de resistência está associado a
uma ativação da síntese da parede celular (Boyle-Vavra,
et al., 2001).
Gráfico 3: Perfil de resistência realizado para Escherichia coli.
No gráfico 3 é demonstrado o perfil de
resistência para Escherichia coli, o que chamou a atenção
foi a alta resistência dessa bactéria aos antibióticos
amicacina e gentamicina em 100% das amostras,
ampicilina em 80% e amoxicilina em 60%, sendo
sensível apenas para tetraciclina em 60% das mesmas.
Dentre as bactérias Gram-negativas mais
encontradas contaminado alimentos, além da própria
E. coli, se tem Citrobacter sp., Enterobacter sp. e Klebsiella
sp., esses microrganismos se caracterizam por colonizar
o trato gastrointestinal de animais de sangue quente,
inclusive o homem, e a sua presença é sugestivo que
houve má higienização desses utensílios por pessoas
que estava manipulando carnes sem as devidas
seguranças (Lara, et al., 2019).
100%
40%
80%
100%
60%60%
20%
40%
Amicacina Tetraciclina Ampicilina Gentamicina Amoxicilina
Resistente Sensível
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Gráfico 4: Perfil de resistência realizado para Salmonella sp.
No gráfico 4, verifica-se que Salmonella sp.
apresentam resistência a todos os antibióticos
principalmente Amicacina e Gentamicina com 100% de
resistência.
Na pesquisa microbiológica das tábuas de corte
de restaurantes comerciais de Santo André, realizada
por Sanches (2007), verificou-se a contaminação pelos
microrganismos Enterobacter, Proteus sp., Klebsiella,
Serratia sp., Citrobacter, Yersinia, Escherichia coli
Patogênica, Shigella spp.
Açougues privados
A higiene e a desinfecção de utensílios,
equipamentos de cozinha que entram em contato com
os alimentos constituem ponto importante para a
veiculação de microrganismos patogênicos que podem
causar doenças que estejam relacionadas à falta de
higienização (Germano; Germano, 2001).
. Gráfico 5: Crescimento de bactérias das amostras obtidas dos utensílios de açougues privados da cidade de
Juazeiro do Norte-CE.
100%
75%
87,5%
100%
62,5%
25%
12,5%
37,5%
Amicacina Tetraciclina Ampicilina Gentamicina Amoxicilina
Resistente Sensível
62,5%
37,5% 37,5%37,5%
62,5% 62,5%
S. aureus E. coli Salmonella sp.
Positivo Negativo
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Os resultados microbiológicos relativos aos
utensílios de manipulação obtidos neste trabalho
indicaram que 62,5% apresentou crescimento de
Staphylococcus aureus. Para Salmonella sp e Eschericia coli
houve 37,5% de crescimento.
Em pesquisas desenvolvidas por Freitas (1995),
observou-se que utensílios e equipamentos
contaminados participam do aparecimento de
aproximadamente 16% dos surtos bacterianos. Assim,
cortadores de carnes, cortadores de legumes, bandejas,
pratos, talheres, tabuleiros, placas de manipulação,
amaciadores de carne, entre outros, devem passar
diariamente por uma avaliação microbiológica para
controle da eficiência do procedimento de higienização,
evitando-se a contaminação dos alimentos produzidos,
mas na maioria das vezes isso não acontece. Para
Zegarra, et al. (2009), quando realizou estudos sobre
utensílios em diferentes preparos para se obter o leite
de fabricação do queijo, que observou diferentes
agentes bacterianos, como por exemplo Klebsiella sp.,
Serratia e Eschericia coli.
Gráfico 6: Perfil de resistência realizado para Staphylococcus aureus.
Evidenciou-se no gráfico 6, que o antibiograma
realizado com as colônias de Staphylococcus aureus, foram
sensíveis para imipenem em 83,33% das amostras e
para rifampicina em 66,66% Para vancomicina houve
resistência em 66,66% das análises. Esta bactéria,
pertencente ao grupo dos cocos gram-positivos, pode
ser facilmente encontrada na pele e nas fossas nasais de
indivíduos saudáveis (Santos, 2007).
Segundo Cavalcanti et al. (2006), as infecções
causadas por essa bactéria frequentemente acometem a
pele e subcutâneo, muito comum sua associação com
dispositivos e aparelhos implantados, especialmente em
pacientes com sistema imunológico debilitado, como
por exemplo crianças e idosos.
16,66%
33,33%
66,66%
83,33%
66,66%
33,33%
Imipenem Rifampicina Vancomicina
Resistente Sensível
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Gráfico 7: Perfil de resistência realizado para Escherichia coli.
A partir dos resultados apresentados no gráfico
7, pode-se afirmar que houve uma maior sensibilidade
das amostras nos antibióticos amicacina (90%) e
gentamicina (60%). E teve resistência a tetraciclina em
70% dos casos. Já em relação à ampicilina houve
sensibilidade e resistência na mesma proporção.
Estudos mostram que a falta de fiscalização
dos antimicrobianos pode ser um dos fatores
responsáveis pelo aumento nas resistências e por
consequência dificultar a terapia antibiótica pós ainda
hoje encontrasse antibióticos em farmácias que são
vendidos sem prescrição medica (Agra, 2007).
As altas resistências verificadas para tetraciclina
decorrem do uso intensivo feito na saúde humana e na
produção animal. A disseminação de genes de
resistência no ambiente também é outro fator que
auxilia na manutenção dos índices de resistência
verificados nas populações humanas (Lindgren;
Karlsson; Hughes, 2003).
Gráfico 8: Perfil de resistência realizado para Salmonella sp.
Diante do gráfico 8, foi possível observar que
houve resistência a gentamicina em 66,66% das análises.
Já em relação à amicacina, tetraciclina e ampicilina
houve sensibilidade e resistência na mesma proporção
40%
10%
70%
50%
60%
90%
30%
50%
Gentamicina Amicacina Tetraciclina Ampicilina
Resistente Sensível
66,66%
50% 50% 50%
33,33%
50% 50% 50%
Gentamicina Amicacina Tetraciclina Ampicilina
Resistente Sensível
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no estudo realizado. A gentamicina é um
aminoglicosídeo utilizado para o tratamento de bacilos
gram-negativos com ação contra P. aeruginosa ou S.
marcescens. Sua eficácia é comprovada também em
esquemas combinados com ß-lactâmicos para infecções
mais graves por Enterococcus (Brasil, 2017).
CONCLUSÃO
Diante dos resultados das análises
bacteriológica dos utensílios utilizados na manipulação
das carnes em açougues públicos e privados, conclui-se
que, havia contaminação por microrganismos
considerados patogênicos a saúde humana,
considerando que, essa contaminação pode ser advinda
no momento da manipulação e falta de higienização
destes utensílios e de seus manipuladores, visto que a
maior porcentagem de contaminação ocorreu nos
açougues privados. Sendo assim, é necessário viabilizar
medidas que possam ser eficazes na conscientização e
práticas de limpeza e manipulação dos utensílios
utilizados, bem como, a higiene pessoal dos
manipuladores e suas condições de saúde, visto que, um
microrganismo que aparece na amostra é de
transmissão humana por falta de higiene das mãos,
sendo também necessária a implantação de medidas de
higiene do ambiente e a supervisão constante destas
medidas nos estabelecimentos.
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