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Análise estrutural e síntese das características lineares e sistêmicas de modelos de desenvolvimento de produto 1 Carlos Fernando Jung 2 Carla Schwengber ten Caten 3 Márcia Elisa Soares Echeveste 4 José Luis Duarte Ribeiro 5 Resumo Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa descritivo-explicativa, de abordagem qualitativa, que teve por finalidade identificar e entender a influência dos tipos de pensamento linear e sistêmico na concepção de 21 modelos de Desenvolvimento de Produtos (DP) e Processos de Desenvol- vimento de Produtos (PDP). O trabalho teve como principais resultados: (i) uma análise estrutural contemplando a identificação e classificação das etapas metodológicas dos modelos em três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento, tornando possível a oferta de um referencial para futuras pesquisas na área; (ii) um quadro síntese relacio- nando os modelos de DP e PDP com a existência de etapas metodológicas nas três fases citadas anteriormente e as características lineares e sistêmicas; e (iii) a constatação de que a existência da característica sistêmica de “adaptatividade” em modelos de DP ou PDP indica que o modelo é mais adequado à implantação do PDP em empresas de qualquer porte. Palavras-chave: Desenvolvimento de produto; Pesquisa qualitativa; Métodos; DP; PDP. Abstract This paper describes the results of a qualitative approach to research designed to identify and understand the influence of linear and systemic thought processes on the conception of 21 Product Development (PD) models and Product Development Processes (PDP). The work produced two prin- cipal results: (i) A structural analysis identifying and classifying the methodological stages of the models in three phases - pre-development, development and post-development - thereby providing a reference for future research on the subject; (ii) a summary chart relating the DP and PDP with the existence of the methodological stages in the three phases cited above and the respective linear and systemic characteristics; and (iii) the conclusion that the existence of a systemic characteristic of “adaptability” in PD or PDP models confirms that such a model is the most adequate for the implementation of PDP in industries of any particular size Keyworks: Product development; Quality resource; Methods; DP; PDP. 1 Trabalho apresentado no VIII SEPROSUL – Semana de Engenharia de Produção Sul-Americana 13 e 14 nov. 2007. Bento Gonçalves, RS, Brasil 2 Doutorando em Engenharia, PPGEP/UFRGS, Coordenador do Curso de Engenharia de Produção, FACCAT . E-mail: <[email protected]> 3 Doutora em Engenharia, PPGEM/UFRGS, Professora do PPGEP/UFRGS, Avaliadora da CAPES Eng. III. E-mail: <[email protected]> 4 Pós-Doutora em Engenharia, USP – Universidade de São Paulo Professora do PPGEP/UFRGS. E-mail: <[email protected]> 5 Pós-Doutor em Engenharia, Rutgers – The State University of New Jersey, Vice-Coordenador do PPGEP/UFRGS. E-mail: < [email protected]> Recebido em 01/2009 e aceito em 04/2009.

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Page 1: Análise Estrutural e Síntese das Características Lineares e Sistêmicas de Modelos de Desenvolvimento de Produto

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Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa descritivo-explicativa,de abordagem qualitativa, que teve por finalidade identificar e entender ainfluência dos tipos de pensamento linear e sistêmico na concepção de 21modelos de Desenvolvimento de Produtos (DP) e Processos de Desenvol-vimento de Produtos (PDP). O trabalho teve como principais resultados:(i) uma análise estrutural contemplando a identificação e classificação dasetapas metodológicas dos modelos em três fases: pré-desenvolvimento,desenvolvimento e pós-desenvolvimento, tornando possível a oferta de umreferencial para futuras pesquisas na área; (ii) um quadro síntese relacio-nando os modelos de DP e PDP com a existência de etapas metodológicasnas três fases citadas anteriormente e as características lineares e sistêmicas;e (iii) a constatação de que a existência da característica sistêmica de“adaptatividade” em modelos de DP ou PDP indica que o modelo é maisadequado à implantação do PDP em empresas de qualquer porte.

Palavras-chave: Desenvolvimento de produto; Pesquisa qualitativa;Métodos; DP; PDP.

Abstract

This paper describes the results of a qualitative approach to researchdesigned to identify and understand the influence of linear and systemicthought processes on the conception of 21 Product Development (PD) modelsand Product Development Processes (PDP). The work produced two prin-cipal results: (i) A structural analysis identifying and classifying themethodological stages of the models in three phases - pre-development,development and post-development - thereby providing a reference for futureresearch on the subject; (ii) a summary chart relating the DP and PDP withthe existence of the methodological stages in the three phases cited aboveand the respective linear and systemic characteristics; and (iii) the conclusionthat the existence of a systemic characteristic of “adaptability” in PD orPDP models confirms that such a model is the most adequate for theimplementation of PDP in industries of any particular size

Keyworks: Product development; Quality resource; Methods; DP; PDP.

1 Trabalho apresentado no VIII SEPROSUL – Semana de Engenharia de Produção Sul-Americana 13 e 14 nov. 2007. Bento Gonçalves, RS, Brasil2 Doutorando em Engenharia, PPGEP/UFRGS, Coordenador do Curso de Engenharia de Produção, FACCAT . E-mail: <[email protected]>3 Doutora em Engenharia, PPGEM/UFRGS, Professora do PPGEP/UFRGS, Avaliadora da CAPES Eng. III. E-mail: <[email protected]>4 Pós-Doutora em Engenharia, USP – Universidade de São Paulo Professora do PPGEP/UFRGS. E-mail: <[email protected]>5 Pós-Doutor em Engenharia, Rutgers – The State University of New Jersey, Vice-Coordenador do PPGEP/UFRGS. E-mail: < [email protected]>

Recebido em 01/2009 e aceito em 04/2009.

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O desenvolvimento de novas tecnologias,produtos e processos é foco de atenção damaior parte das empresas e instituições depesquisa no atual ambiente competitivo(BUSS; CUNHA, 2002). Zuin, Dorna, Prancic,Mergulhão, Alliprandini e Toledo (2003) afir-mam que, para as empresas, a necessidadedo desenvolvimento de novos produtos temauxiliado na busca por maior eficiência e ra-pidez dos seus processos.

Clark e Whellwright (1995) destacam queo sucesso no desenvolvimento de produtosconsiste na eficaz integração multifuncional,na coordenação entre atividades e tempo utili-zado para realização e na adequada escolhade um modelo metodológico para a gestão edesenvolvimento de produtos.

Os modelos existentes para Desenvolvi-mento de Produtos (DP) e Processo de Desen-volvimento de Produtos (PDP) envolvem dou-trinas e conceitos que representam distintasvisões de mundo. Buss e Cunha (2002) afir-mam que as abordagens sobre os modelosreferenciais para o desenvolvimento de produ-tos encontrados na literatura são muitas vezesdesconexas e apresentam diferenças metodo-lógicas em função das distintas visões dosautores e das aplicações mercadológicas.

Corroborando com essa afirmação,Kasper (2000) afirma que os conceitos, defi-nições e experiências assimilados ao longodo tempo formam um modelo mental a partirdo qual são desenvolvidos procedimentosmetodológicos e várias linguagens para des-crever os fenômenos, situações e problemas.Para Dutra e Nóbrega (2002), os modelosmentais podem afetar a percepção e as ações,porque influenciam a forma de visualizar omundo.

Pahl, Beitz, Feldhusen e Grote (2005)afirmam que uma Metodologia de Projetorepresenta um conjunto de procedimentoscom indicações concretas para ações de pro-jeto e desenvolvimento de sistemas. Assim,para ser possível representar, visualizar, co-municar e executar um conjunto de regras

metodológicas faz-se necessário a utilizaçãode modelos.

Os modelos têm por finalidade a repre-sentação dos conhecimentos, fenômenos esistemas, constituindo a forma estruturada quepossibilita a compreensão de tudo aquilo queé descoberto e produzido em qualquer partedo mundo (FOUREZ, 1998). Bonsiepe (1978)afirma que um modelo metodológico nãodeve possuir o fim em si mesmo e somente deveauxiliar no desenvolvimento de produtos atra-vés da orientação durante o processo. Assim,é necessário que profissionais da área de enge-nharia do produto façam escolhas adequadasde modelos metodológicos para Desenvolvi-mento de Produtos (DP) ou Processo de Desen-volvimento de Produtos (PDP), considerandoo tipo de aplicação e porte da empresa.

Um importante fator que pode contribuirpara a escolha de um modelo é o conheci-mento das suas características lineares e sistê-micas. Por exemplo, um modelo linear propõea solução de problemas através de estratégiasque seguem em linha reta, em etapas sequen-ciais, não existindo feedbacks entre as etapasmetodológicas (MUNIZ; PLONSKI, 2000).Geralmente, é caracterizado por quantificação,previsibilidade, regularidade e controle. Já emum modelo sistêmico, as propriedades daspartes devem ser compreendidas dentro deum contexto maior. As etapas do processometodológico para gestão e desenvolvimentosão elaboradas a partir do entendimento dasrelações entre suas partes, conexões e interde-pendências (FREITAS, 2005).

Dessa forma, características lineares esistêmicas podem revelar a forma como osindivíduos entendem o mundo e elaborammétodos para o desenvolvimento de novosprodutos e processos. Esses métodos, por suavez, podem influenciar o desempenho dosprocessos de desenvolvimento nas empresas.

Este artigo apresenta os resultados de umapesquisa descritivo-explicativa, de abordagemqualitativa, que teve por finalidade identificare entender a influência dos tipos de pensa-mento linear e sistêmico na concepção de mo-delos de DP e PDP. O artigo está organizado

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conforme segue: a seção 2 apresenta o refe-rencial teórico; a seção 3 apresenta o métodoutilizado na pesquisa; a seção 4 contempla umaanálise estrutural a partir da identificação eclassificação das etapas metodológicas de 21modelos de DP e PDP em três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento; a seção 5 apresenta umquadro-síntese, relacionando os modelos coma existência de etapas metodológicas nas trêsfases citadas e características lineares e sistê-micas. Finalmente, a seção 6 traz as conclu-sões do estudo.

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2.1 Modelos de DP e PDP

Um modelo de Desenvolvimento de Pro-dutos (DP) é formado por um conjunto deetapas que possuem procedimentos destinadosa transformar informações sobre demandase oportunidades de mercado em especificaçõestécnicas para a fabricação de um novo pro-duto (PAHL, BEITZ; FELDHUSEN; GROTE,2005). Modelos de Processo de Desenvolvi-mento de Produtos (PDP) são mais amplos,iniciam no planejamento estratégico do pro-jeto, determinam o processo de gestão e de-senvolvimento do produto e, posteriormen-te, propõem o acompanhamento no merca-do e descontinuidade do produto (CHENG,2000; ZUIN, 2004; TOLEDO; SIMÕES;LIMA; MANO; SILVA, 2006).

Corroborando essa diferenciação, Eche-veste (2003) afirma que o Desenvolvimentode Produtos (DP) está mais associado às ativi-dades tradicionais de engenharia – projeto,desenvolvimento e fabricação, enquanto o Pro-cesso de Desenvolvimento de Produtos (PDP)inclui todas as fases e atividades tanto do DPcomo aquelas relacionadas a gestão do pro-cesso, marketing, comercialização, distribuiçãoe serviços pós-venda.

2.2 Características de modelos lineares

Andrade (2007) afirma que os modelosanalíticos e lineares podem ser considerados

como termos equivalentes, pois se concentramem relações de causa e efeito. Um modelolinear está restrito a situações em que há: (i)razoável grau de estruturação dos problemas;(ii) razoável estabilidade do sistema; (iii) baixograu de complexidade dinâmica e (iv) baixograu de influência das percepções de dife-rentes indivíduos a partir de distintos inte-resses. Esse autor ressalta que um modelolinear se concentra nas propriedades estáticase estruturais do processo.

Viana (2007) afirma que um modelolinear é baseado principalmente numa expe-riência anterior, num padrão ou modelo pré-estabelecido ou num conhecimento especí-fico assimilado. Corroborando, Grizendi (2007)diz que esse modelo possui uma visão associ-ada à obtenção de conhecimentos específicosrelacionados apenas à produção pretendida.

Um modelo linear baseado na formu-lação de leis tem como pressuposto a ideia deordem e de estabilidade do mundo, a mensa-gem transmitida é de que o passado se repeteno futuro. Pensar de maneira linear significaenxergar o mundo da matéria como uma má-quina, cujas operações podem ser determi-nadas exatamente por meio de leis físicas ematemáticas; um mundo estático e eterno, ummundo onde o racionalismo cartesiano torna-se cognoscível por via da decomposição doselementos que o constituem (SANTOS, 1988).

Segundo Ackoff (1981), as principaiscaracterísticas do pensamento analítico quefundamentam a concepção de modelos line-ares são: (i) análise, (ii) reducionismo, (iii)determinismo e (iv) mecanicismo. No pro-cesso de pesquisa, a utilização da “análise”requer supor que todos os fenômenos simplesou compostos podem ser entendidos pelaverificação separada das partes que os inte-gram (CHECKLAND, 1994).

O “reducionismo”, principal legado daconcepção cartesiana, estabelece que qualquerfenômeno pode ser explicado partindo da aná-lise de causas particulares em direção a cau-sas mais gerais (ACKOFF, 1981). O “determi-nismo” estabelece que todas as inter-relaçõesentre os fenômenos podem ser reduzidas a

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relações de causa-efeito simples, sendo que emtodo o universo cada efeito é visto como umanova causa para a etapa seguinte (STEWART,1996).

Rapoport e Hovarth (1968) afirmam queo “mecanicismo” considera um sistema comouma cadeia de eventos, onde cada compo-nente se relaciona de modo serial ou aditivocontribuindo para o funcionamento do todo.Para entender o todo, basta compreender ofuncionamento da sequência de ligações entreos componentes que formam o sistema. ParaAckoff (1981), o pensamento analítico quefundamenta um modelo linear considera umsistema e suas partes como estruturas fechadas,redutíveis a relações de causa e efeito simples,sem influências externas.

Desta forma, em modelos lineares ouanalíticos é possível encontrarem-se caracte-rísticas como: (i) a linearidade, (ii) a inter-relação de causa e efeito, (iii) o fechamentoe (iv) a hierarquia. Para Furtado e Freitas(2004), ao longo do tempo, modelos linea-res mostraram-se limitados, devido a seremexcessivamente mecanicistas. O principalfator que contribuiu para o insucesso dessesmodelos foi a não consideração das variá-veis sociais, que podem influenciar positivaou negativamente no processo de desenvol-vimento de novos produtos. Corroborando,Forrester (1961) apud Kasper (2000) afirmaque modelos lineares são totalmente inade-quados para modelar as características de or-ganizações e de processos sociais.

2.3 Características de modelos sistêmicos

Jordan (1974) afirma que um sistema éum conjunto de elementos unidos por algumtipo de interação ou interdependência queforma o todo. Um modelo sistêmico centra-seno comportamento, na dinâmica do processoe na função do geral do sistema (ALVES, 2007).

Andrade (2007) diz que um sistema nãopode ser entendido apenas pela análise, masexige um enfoque que segue do todo paraas partes através da síntese. A síntese nãogera conhecimento detalhado da estrutura dosistema, mas fornece entendimento do todo.

Corroborando, Gramsci (1987) afirma que,atualmente, as atividades humanas tornaram-se complexas, e é necessária a compreensãodas partes e de suas interações para a soluçãode problemas sociais, tecnológicos e de pro-dução.

Checkland e Scholes (1990) afirmamque existem três componentes constitutivosque podem explicar um sistema: (i) elementosinter-relacionados, (ii) estruturação em níveis,onde os elementos se comunicam através defeedbacks e existem ações de controle e (iii)capacidades adaptativas.

Corroborando, Kasper (2000) diz que umsistema é composto por elementos ou objetosinter-relacionados, existem processos de comu-nicação, controle e uma estruturação em níveis,possuindo propriedades emergentes e capa-cidades adaptativas como características pelasquais pode ser identificado como um enteintegral ou unidade complexa.

Para Checkland (1994), um sistema é umtodo estruturado em níveis e etapas que seinter-relacionam pela ação, comunicação econtrole que viabilizam a adaptação a umambiente em constante processo de mudança.Senge (2004) considera que um modelo sistê-mico pode identificar inter-relacionamentos,ao invés de eventos, para ver padrões demudança, em vez de recortes instantâneos.

Uma organização ou modelo sistêmicopode ser identificado a partir dos pressupostosde: (i) circularidade e recorrência - implicandoexistência de algum caminho circular entreas etapas (feedbacks) e a recorrência dos pro-cessos que as realizam; (ii) hierarquia - querequer a existência de restrições às quais asdiversas etapas e subsistemas estão subordi-nados, como parte de um padrão organizadoque auxiliam a formar; (iii) abertura e fecha-mento – que denotam a necessidade de umconjunto de interações fechadas, mas comabertura a trocas com o meio ambiente e (iv)adaptatividade – que busca a compreensãodas interações que geram as capacidades decontinuidade de entidades e fenômenos com-plexos, frente aos impactos das variaçõesambientais (KASPER, 2000).

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Os resultados apresentados neste traba-lho foram obtidos a partir de uma pesquisadescritivo-explicativa, com abordagem qua-litativa. Diehl e Tatim (2004) afirmam queesse tipo de pesquisa caracteriza-se pela des-crição da complexidade de determinado sis-tema visando classificar e compreender osprocessos dinâmicos que originam mudan-ças e o comportamento dos indivíduos emfunção destas.

A amostra foi composta por 21 mode-los de DP e PDP selecionados entre diversosmodelos propostos entre 1962 e 2006 dos se-guintes autores: Asimow (1962), Archer (1968),Kotler (1974), Jones (1976), Pahl e Beitz (1977),Bonsiepe (1978), Crawford (1983), Back (1983),Park e Zaltman (1987), Andreasen e Hein (1987),Suh (1988), Clark e Fujimoto (1991), Wheel-wright e Clarck (1992), Bürdek (1994), Roo-zenburg e Eekel (1995), Prasad (1997), Dick-son (1997), Kaminski (2000), Ulrich e Eppin-ger (2000), Pahl, Beitz, Feldhusen e Grote(2005) e Rozenfeld, Forcellini, Amaral, Tole-do, Silva, Alliprandini e Scalice (2006).

Inicialmente, foi utilizada a análise estru-tural. Foram identificadas as etapas metodo-lógicas dos 21 modelos de DP e PDP, classifi-cadas em função de três fases: pré-desenvol-vimento, desenvolvimento e pós-desenvolvi-mento.

Na sequência, foi realizada uma síntesedas características lineares e sistêmicas a partirda interpretação qualitativa da estrutura metodo-lógica de cada modelo de DP e PDP.

A interpretação considerou a inter-relaçãode causa e efeito, a abertura e fechamento, alinearidade, a circularidade, a hierarquia, a adap-tatividade e a relação das etapas metodoló-gicas dos modelos de DP e PDP com as fasesde pré-desenvolvimento, desenvolvimento epós-desenvolvimento propostas.

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Esta análise teve por finalidade identificare classificar as etapas de 21 modelos de DP ePDP em três fases: pré-desenvolvimento, desen-

volvimento e pós-desenvolvimento. A classi-ficação proposta explicita as estruturas paraviabilizar a identificação das característicaslineares e sistêmicas dos modelos, conside-rando seus parâmetros de entrada (pré-desen-volvimento), internos (desenvolvimento) e desaída (pós-desenvolvimento).

A identificação das etapas metodológicasdos modelos de DP e PDP foi realizada a partirdos esquemas diagramáticos dos modelosexistentes nas bibliografias. Quando os esque-mas não eram apresentados, as etapas foramidentificadas diretamente pelas descrições tex-tuais. O trabalho foi baseado também nas classi-ficações propostas por Buss e Cunha (2002)e Romeiro Filho (2004).

A classificação das etapas em três fasesconsiderou as propostas de Zuin (2004), Jung(2004) e Toledo, Simões, Lima, Mano e Silva(2006), conforme quadro 1.

Nos quadros 2, 3 e 4, é apresentada a

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Quadro 1– Características das fases de pré-desenvolvimento,desenvolvimento e pós-desenvolvimento

classificação das etapas metodológicas dos21 modelos de DP e PDP em relação às fasesde pré-desenvolvimento, desenvolvimento epós-desenvolvimento.

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Quadro 2: Classificação proposta das etapas dos modelos,período 1962 a 1983

Quadro 3: Classificação proposta das etapas dos modelos,período 1983 a 1995

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;aserpmeodoãçinifeD)ii(

otiecnoc

;esilánaeairahnegnE)i()ii( ngiseD ;otudorpod

;megapitotorP)iii(eotnemajenalP)vi(

edoãçazilanoicarepo;airahnegne

eoãçazilanoicarepO)v(;oãçudorpadelortnoc

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saunítnoc

NOSKCID)7991(

;saiedirareG)i(revlovneseD)ii(

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odacrem

IKSNIMAK)0002(

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;sedadissecenaradutsE)ii(

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otejorporautefE)i(;ocisáb

otejorporautefE)ii(;ovitucexe

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HCIRLUREGNIPPEe

)0002(

rajenalP)i(gnitekram ;

orajenalP)ii(ngised ;

arajenalP)iii(arutafunam

orevlovneseD)i(;otiecnoc

arutetiuqraarinifeD)ii(;otudorpod

orahlateD)iii( ngised ;;ranifereratseT)vi(

rizudorP)v(

LHAP .late)5002(

arajenalP)i(:aferat

orasilanA,odacremeaserpme

;arutnujnocerartnocnE

;saiediranoicelesareceralcsE

;aferatedatsilrarobalE

sotisiuqerrevlovneseD)ii(

adoipícnirpooãçulos

arevlovneseD)i(:oãçurtsnocedaruturtse

;ranimilerpoprocramroFsodutseranoiceleS

;seranimilerpamrofaranifeR

;ranimilerprailavA

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;ranimilerpatsilrarobalEarapseõçurtsnirarobalE

megatnomeoãçudorprevlovneseD)iii(

arapoãçatnemucod:oãçacirbaf

eratnemelpmoc,rahlateD.oãçatnemucodaracifirev

DLEFNEZORlate )6002(.

rajenalP)i(etnemacigetartse

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otejorporautefE)ii(;lautiecnoc

otejorporautefE)iii(;odahlated

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;oãçacirbaf;otolipoãçudorprajenalP

ralatsnierebeceR;sosrucer

;otolipetolrizudorP;ossecorporagolomoH

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sossecorpsorevlovneseD,oãçiubirtsid,adneved

eotnemidneta;aicnêtsissa

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otnemaçnalraicnereG

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razilaeR-sópairotidua

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:otudorporavorpa,rasilanA

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araunitnocseD;oãçudorp

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otejorp

Quadro 4: Classificação proposta das etapas dos modelos,período 1997 a 2006

/SOLEDOMSEROTUA

IUSSOPSANSAPATE

SESAFSATSOPORP

)*(miS

SACITSÍRETCARACSACIMÊTSISESERAENIL

)*(SADACIFITNEDI

WOMISA)2691(

* * * * * * * *

REHCRA)8691(

* * * * * * * *

RELTOK)4791(

* * * * * * * * *

SENOJ)6791(

* * * * * * * *

eLHAPZTIEB)7791(

* * * * * * * *

EPEISNOB)8791(

* * * * * * * *

DROFWARC)3891(

* * * * * * * * *

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* * * * * * * *

eKRAPNAMTLAZ

)7891(* * * * * * * * *

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* * * * * * * * *

HUS)8891(

* * * * * * * *

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)1991(* * * * * * * *

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* * * * * * * *

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)5991(* * * * * * * *

DASARP)7991(

* * * * * * * * *

NOSKCID)7991(

* * * * * * * * *

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* * * * * * * *

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)0002(* * * * * * * *

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Quadro 5: Síntese das características linearese sistêmicas, e relação das etapas com as fases propostas

Page 8: Análise Estrutural e Síntese das Características Lineares e Sistêmicas de Modelos de Desenvolvimento de Produto

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Como características lineares foram consi-deradas: linearidade, inter-relação de causae efeito, hierarquia e fechamento. Comocaracterísticas sistêmicas, além das linearescitadas, foram consideradas ainda: circu-laridade, abertura e adaptatividade. Alémdestas características, também foi verificadaa existência de etapas metodológicas dosmodelos nas três fases citadas anteriormente.A figura 1 apresenta um modelo diagramáticoonde cada uma destas características é expli-citada.

O quadro 5 apresenta uma síntese resul-tado da interpretação qualitativa da estruturametodológica dos 21 modelos de DP e PDPanalisados. A interpretação considerou os ele-mentos explicados na figura 1.

Todos os modelos apresentam caracte-rísticas tanto lineares como sistêmicas. Noprimeiro modelo estudado, proposto porAsimow (1962), já se pode observar a exis-tência da “abertura” e da “circularidade” quesão características sistêmicas. Isto demons-tra que modelos concebidos nos primórdiosda estruturação metodológica do desenvol-vimento de produtos tiveram por influência,além do pensamento linear, o sistêmico.

Figura 1: Características lineares e sistêmicas de um modelo de PDP

Page 9: Análise Estrutural e Síntese das Características Lineares e Sistêmicas de Modelos de Desenvolvimento de Produto

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Para caracterizar também um modelo deDP ou PDP como sistêmico, foi consideradoque o mesmo deveria apresentar a existênciade etapas metodológicas nas fases de pré-desen-volvimento, desenvolvimento e pós-desen-volvimento.

Verificou-se que os modelos propostospor Kotler (1974), Crawford (1983), Park eZaltman (1987), Andreasen e Hein (1987),Prasad (1997), Dickson (1997) e Rozenfeld,Forcellini, Amaral, Toledo, Silva, Alliprandinie Scalice (2006) possuem etapas metodoló-gicas em todas as fases propostas. No entantoos modelos de Prasad (1997) e RozenfeldForcellini, Amaral, Toledo, Silva, Alliprandinie Scalice (2006) atendem o conceito adotadoem Zuin (2004), Jung (2004) e Toledo Simões,Lima, Mano e Silva (2006) de forma maiscompleta.

Prasad (1997) propõe em seu modelo,como etapa fina, a melhoria, suporte e entregascontínuas. Rozenfeld, Forcellini, Amaral,Toledo, Silva, Alliprandini e Scalice (2006)propõem (i) acompanhar o produto e processoque consiste em avaliar a satisfação do cliente,monitorar o desempenho, realizar uma audi-toria pós-projeto, registrar as lições apreen-didas e (ii) descontinuar o produto, o querequer analisar, aprovar e planejar a descon-tinuidade, preparar e acompanhar o recebi-mento do produto e, ainda, descontinuar aprodução, finalizando o suporte ao produtopara depois avaliar e encerrar o projeto.

Os modelos propostos por Kotler(1974), Crawford (1983), Park e Zaltman(1987), Andreasen e Hein (1987) e Dickson(1997) apenas referem, na etapa final, asações de: comercializar, lançar no mercado evender que podem ser enquadradas na fasede pós-desenvolvimento, mas não significamnecessariamente um envolvimento da equipeem procedimentos de acompanhamento doproduto, suporte, descontinuidade e avaliaçãoposterior dos resultados de mercado e satis-fação dos clientes.

Uma das características sistêmicas, aadaptatividade, somente foi identificada nomodelo proposto por Rozenfeld, Forcellini,

Amaral, Toledo, Silva, Alliprandini e Scalice(2006). Ao analisar-se o texto desses autores,fica evidente que o modelo apresenta essacaracterística como um diferencial metodo-lógico. Rozenfeld, Forcellini, Amaral, Toledo,Silva, Alliprandini e Scalice (2006) propõemque o modelo seja adaptável às necessidadesde PDP das empresas, sendo possível umaempresa customizar as etapas propostas pelomodelo em função das suas peculiaridades.

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Este artigo apresentou os resultados deuma pesquisa que teve por finalidade identi-ficar e entender a influência dos tipos depensamento linear e sistêmico e modelosreferenciais de inovação na concepção de 21modelos de DP e PDP.

Foi realizada uma análise estrutural a par-tir da identificação e classificação das etapasmetodológicas de 21 modelos de DP e PDPem três fases: pré-desenvolvimento, desenvol-vimento e pós-desenvolvimento. A análiseevidenciou as etapas de cada modelo, viabi-lizando referencial para futuras pesquisas emDP e PDP.

Foi apresentado um quadro-síntese dascaracterísticas lineares e sistêmicas, resultadoobtido a partir da interpretação qualitativa daestrutura metodológica dos 21 modelos deDP e PDP analisados. A interpretação consi-derou: (i) a existência de etapas metodoló-gicas nas fases de pré-desenvolvimento, desen-volvimento e pós-desenvolvimento propostas,(ii) a inter-relação de causa e efeito, (iii) alinearidade, (iv) o fechamento, (v) a hierar-quia, (vi) a abertura, (vii) a circularidade e(viii) a adaptatividade.

A síntese das características lineares esistêmicas revelou que apenas os modelos dePrasad (1997) e Rozenfeld, Forcellini, Amaral,Toledo, Silva, Alliprandini e Scalice (2006)atendem completamente o conceito adotadocom base em Zuin (2004), Jung (2004) eToledo, Simões, Lima, Mano e Silva (2006),para caracterizar a existência de etapas metodo-lógicas nas fases de pré-desenvolvimento,

Page 10: Análise Estrutural e Síntese das Características Lineares e Sistêmicas de Modelos de Desenvolvimento de Produto

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desenvolvimento e pós-desenvolvimento.Uma das características sistêmicas, a adapta-tividade, somente foi identificada no modeloproposto por Rozenfeld, Forcellini, Amaral,Toledo, Silva, Alliprandini e Scalice (2006).Essa característica torna esse modelo ade-quado à implantação de PDP em empresas dequalquer porte, representando um diferencialfrente a outros modelos de DP e PDP.

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