análise do poema "contrariedades" de cesário verde para português 11ºano
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Análise do poema "Contrariedades" de Cesário Verde. Português 11º ano.TRANSCRIPT
Diapositivo 1
ContrariedadesPor Cesrio VerdeHugo1Cesrio VerdeJos Joaquim Cesrio Verde(1855-1886) foi um poeta portugus, sendo considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no sculo XX.Cesrio matriculou-se no Curso Superior de Letras em1873, mas apenas o frequentou alguns meses. Dividia-se entre a produo de poesias e as atividades de comerciante herdadas do pai.Vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886 devido a tuberculose. No ano seguinte, Silva Pinto organizaO Livro de Cesrio Verde, compilao da sua poesia, publicado em1901.
Daniela2Contrariedades Eu hoje estou cruel, frentico, exigente;Nem posso tolerar os livros mais bizarros.Incrvel! J fumei trs maos de cigarrosConsecutivamente.
Di-me a cabea. Abafo uns desesperos mudos:Tanta depravao nos usos, nos costumes!Amo, insensatamente, os cidos, os gumesE os ngulos agudos.
Sentei-me secretria. Ali defronte moraUma infeliz, sem peito, os dois pulmes doentes;Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentesE engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!To lvida! O doutor deixou-a. Mortifica.Lidando sempre! E deve a conta na botica!Mal ganha para sopas...
O obstculo estimula, torna-nos perversos;Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,Por causa de um jornal me rejeitar, h dias,Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopeia mortaNo fundo da gaveta. O que produz o estudo?Mais duma redao, das que elogiam tudo,Me tem fechado a porta. A crtica segundo o mtodo de TaineIgnoram-na. Juntei numa fogueira imensaMuitssimos papis inditos. A imprensaVale um desdm solene.
Com raras excees merece-me o epigrama.Deu meia-noite; e em paz pela calada abaixo,Solua um sol-e-d. Chuvisca. O populachoDiverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas s fortunas,Mas sim, por deferncia, a amigos ou a artistas.Independente! S por isso os jornalistasMe negam as colunas.
Receiam que o assinante ingnuo os abandone,Se forem publicar tais coisas, tais autores.Arte? No lhes convm, visto que os seus leitoresDeliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,Obtm dinheiro, arranja a sua coterie;E a mim, no h questo que mais me contrarieDo que escrever em prosa.
A adulao repugna aos sentimentos finos;Eu raramente falo aos nossos literatos,E apuro-me em lanar originais e exatos,Os meus alexandrinos...
E a tsica? Fechada, e com o ferro aceso!Ignora que a asfixia a combusto das brasas,No foge do estendal que lhe umedece as casas,E fina-se ao desprezo!
Mantm-se a ch e po! Antes entrar na cova.Esvai-se; e todavia, tarde, fracamente,Oio-a cantarolar uma cano plangenteDuma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,Conseguirei reler essas antigas rimas,Impressas em volume?
Nas letras eu conheo um campo de manobras;Emprega-se a rclame, a intriga, o anncio, a blague,E esta poesia pede um editor que pagueTodas as minhas obras
E estou melhor; passou-me a clera. E a vizinha?A pobre engomadeira ir-se- deitar sem ceia?Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. feia...Que mundo! Coitadinha!Hugo3Tema: A humilhao de que o sujeito e a engomadeira so vtimas criticando assim a sociedade alienada e desumana
Assunto: Crtica a uma sociedade desumana, corrupta, injusta que alheia ao que acontece em seu redor: os doentes so abandonados e esquecidos, assim como os poetashugo4
Estrutura Internahugo5Diviso em partesPrimeira parte: estrofes 1 e 2
Segunda parte: estrofes 3 e 4
Terceira Parte: estrofes 5 a 12
Quarta Parte: estrofes 13 a 14
Quinta parte: estrofes 15 e 16
Sexta parte: estrofes 17daniela6Primeira Parte (estrofes 1 e 2)Personagem predominante: sujeito poticoD-nos a conhecer o mal estar do sujeito poticoEu hoje estou cruel, frentico, exigente;Nem posso tolerar os livros mais bizarros.Incrvel! J fumei trs maos de cigarrosConsecutivamente.
Di-me a cabea. Abafo uns desesperos mudos:Tanta depravao nos usos, nos costumes!Amo, insensatamente, os cidos, os gumesE os ngulos agudos.daniela7Segunda Parte (estrofes 3 e 4)Personagem predominante: engomadeiraRetrata a situao da engomadeira tuberculosa
Sentei-me secretria. Ali defronte moraUma infeliz, sem peito, os dois pulmes doentes;Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentesE engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!To lvida! O doutor deixou-a. Mortifica.Lidando sempre! E deve a conta na botica!Mal ganha para sopas...hugo8Terceira Parte (estrofes 5 a 12)Personagem predominante: sujeito poticoRelata a relao tempestuosa entre a imprensa e o sujeito
O obstculo estimula, torna-nos perversos;Agora sinto-me eu cheio de raivasfrias,Por causa dum jornal me rejeitar, hdias,Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopeia mortaNo fundo da gaveta. O que produz o estudo?Mais duma redao, das que elogiam tudo,Me tem fechado a porta.
A crtica segundo o mtodo de TaineIgnoram-na. Juntei numa fogueira imensaMuitssimos papis inditos. A imprensaVale um desdm solene.
Com raras excees merece-me o epigrama.Deu meia-noite; e em paz pela calada abaixo,Solua um sol-e-d. Chuvisca. O populachoDiverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas s fortunas,Mas sim, por deferncia, a amigos ou a artistas.Independente! S por isso os jornalistasMe negam as colunas.
Receiam que o assinante ingnuo os abandone,Se forem publicar tais coisas, tais autores.Arte? No lhes convm, visto que os seus leitoresDeliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,Obtm dinheiro, arranja a sua coterie;E a mim, no h questo que mais me contrarieDo que escrever em prosa.
A adulao repugna aos sentimentos finos;Eu raramente falo aos nossos literatos,E apuro-me em lanar originais e exatos,Os meus alexandrinos...daniela9Quarta Parte (estrofes 13 e 14)Personagem predominante: engomadeiraDescreve-nos o drama da engomadeira abandonada
E a tsica? Fechada, e com o ferro aceso!Ignora que a asfixia a combusto das brasas,No foge do estendal que lhe umedece as casas,E fina-se ao desprezo!
Mantm-se a ch e po! Antes entrar na cova.Esvai-se; e todavia, tarde, fracamente,Oio-a cantarolar uma cano plangenteDuma opereta nova!hugo10Quinta Parte (estrofes 15 e 16)Personagem predominante: sujeito poticoAssistimos a um discurso irnico pelo sujeito poticoPerfeitamente. Vou findar sem azedume.Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,Conseguirei reler essas antigas rimas,Impressas em volume?
Nas letras eu conheo um campo de manobras;Emprega-se a rclame, a intriga, o anncio, a blague,E esta poesia pede um editor que pagueTodas as minhas obras
daniela11Sexta Parte (estrofe 17)Personagem predominante: sujeito potico e engomadeiraEstabelece um paralelismo entre a realidade de ambas as personagens
E estou melhor; passou-me a clera. E a vizinha?A pobre engomadeira ir-se- deitar sem ceia?Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. feia...Que mundo! Coitadinha!
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Contedohugo13As figuras de estilo pretendem acentuar uma crtica. O sujeito surge contra as desumanidades e a ignorncia que oprimem e marginalizam os mais fracos.
Assim temos:Forma/Contedo daniela14Adjetivao: permite uma melhor perceo da realidade
Eu hoje estou cruel, frentico, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros
Di-me a cabea. Abafo uns desesperos mudos:
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
To lvida! O doutor deixou-a. Mortifica.
hugo15Ironia: pretende criticar de forma habilidosa
Mais duma redao, das que elogiam tudo,Me tem fechado a porta.
Arte? No lhes convm, visto que os seus leitoresDeliram por Zaccone.
Nas letras eu conheo um campo de manobras;Emprega-se a rclame, a intriga, o anncio, a blague,E esta poesia pede um editor que pagueTodas as minhas obras
daniela16Interrogao: pretende reforar a ironia
Arte? O que produz o estudo?E a tsica?
E a vizinha?A pobre engomadeira ir-se- deitar sem ceia?
hugo17Exclamao: traduz as emoes do autor
Tanta depravao nos usos, nos costumes!
To lvida! O doutor deixou-a. Mortifica.Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Oio-a cantarolar uma cano plangenteDuma opereta nova!
Que mundo! Coitadinha!daniela18AliteraoAmo, insensatamente, os cidos, os gumesE os ngulos agudos.
Estrangeirismocoterierclameblague
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O poema tem diversas linhas de sentido: a realidade como ponto de partida para uma reflexo do sujeito; a dimenso social (solidariedade em relao a um desfavorecido); a crtica parcialidade da imprensa. Este assuntosconcorrem para um nicotema: a crtica de uma sociedade injusta e desumana, atravs da denncia de situaes de abandono (dos doentes a engomadeira; dos artistas o prprio sujeito).O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, vtimas da opresso social da sociedade e denuncia as situaes sociais injustas, por exemplo, no retrato da engomadeira.O poeta comea por revelar o seu estado emocional. O primeiro verso resume o que depois ser desenvolvido. Este primeiro verso quase um desabafo e faz-nos antever que a realidade que nos vai ser oferecida ser condicionada por fatores fsicos e psicolgicos (frenesim;agitao;ansiedade;dordecabea; impacincia;J fumei trs maos de cigarros/Consecutivamente.).
Alm de desabafo, este primeiro verso funciona como um aviso prvio do que vir a seguir e que detm a ateno do poeta: a descrio de uma sociedade corrupta, injusta e decadente que se encontra representada pela redao do jornal que rejeitou os seus poemas e pela vizinha tsica.
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Corrente LiterriaPode-se dizer que, neste poema, se podem observar algumas influncias e caractersticas que fazem de Cesrio Verde o ponto de vrias correntes que tinham sido ou iriam ser importantes na literaturaRealismoImpressionismoSimbolismoSurrealismo
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Estrutura Externadaniela22ComposioO poema Contrariedades composto por 17 estrofes (todas elas quadras) onde os trs primeiros versos so alexandrinos (tm 12 slabas mtricas) e o quarto um hexasslabo (6 slabas mtricas).
Eu/ ho/ je es/ tou/ cru/ el,/ fre/ n/ ti/ co, e/ xi/gen/ te;
Nem/ pos/ so/ to/ le/ rar/ os/ li/ vros/ mais/ bi/ zar/ ros. 12 slabas mtricas
In/ cr/ vel!/ J/ fu/ mei/ trs/ ma/ os/ de/ ci/ gar/ros
Con/ se/ cu/ti/ va/ men/ te. 6 slabas mtricasDaniela hugo23RimaA rima : Maioritariamente rica Emparelhada nos 2 e 3 versos Interpolada nos 1 e 4 versos Apresenta esquema ABBA
Eu hoje estou cruel, frentico, exigente;Nem posso tolerar os livros mais bizarros.Incrvel! J fumei trs maos de cigarrosConsecutivamente.InterpoladaEmparelhadahugo24
Trabalho realizado por:
Daniela Costa n10Hugo Costa n1311B