analise com esclerometro

136
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FÁBIO BOTTEGA ANÁLISE DO ENSAIO ESCLEROMÉTRICO, UM ENSAIO NÃO DESTRUTIVO, NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO CRICIÚMA, JULHO DE 2010.

Upload: niander-aguiar-cerqueira

Post on 22-Nov-2015

33 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

    FBIO BOTTEGA

    ANLISE DO ENSAIO ESCLEROMTRICO, UM ENSAIO NO DESTRUTIVO, NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

    CRICIMA, JULHO DE 2010.

  • FBIO BOTTEGA

    ANLISE DO ENSAIO ESCLEROMTRICO, UM ENSAIO NO

    DESTRUTIVO, NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado para obteno do Grau de Engenheiro Civil, no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

    Orientadora: MSc. DAIANE DOS SANTOS DA SILVA

    Co-orientador: Prof. Esp. ALEXANDRE VARGAS

  • FBIO BOTTEGA

    ANLISE DO ENSAIO ESCLEROMTRICO, UM ENSAIO NO DESTRUTIVO, NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado pela banca examinadora para obteno do Grau de Engenheiro Civil, no curso de Engenharia Civil da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC com linha de pesquisa em Ensaios No Destrutivos.

    Cricima, 01 de julho de 2010.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Daiane Dos Santos Da Silva Mestre Orientador

    Prof. Alexandre Vargas Especialista Co-orientador

    Prof. ngela Costa Piccinini Mestre Banca

  • AGRADECIMENTOS

    Foram muitas as pessoas que contriburam para a concretizao deste

    Trabalho de Concluso de Curso, e meus agradecimentos em especial para:

    Meu pai Pedro Bottega e minha me Tnia Fortes Bottega que sempre prestaram

    apoio irrestrito e incondicional aos meus estudos.

    Meus amigos e parentes pelas palavras de incentivo.

    Allan Medeiros, colaborador do IPAT, pelo auxlio na execuo dos ensaios no

    laboratrio de materiais da UNESC.

    Os engenheiros civis da Construtora Fontana Jakson Arajo e Rodrigo Bianchini,

    que gentilmente forneceram material para estudo, na expectativa de contribuir para a

    pesquisa cientfica na engenharia civil.

    A querida Gissele Tavares, mais conhecida como Gi, por todo o apoio e pacincia

    na organizao da minha complicada documentao acadmica de trs

    Universidades.

    A professora ngela Costa Piccinini pela coordenao do curso, sempre buscando o

    melhor para os alunos e professores e para o Curso de Engenharia Civil da UNESC.

    A professora Evelise Chemale Zancan com seu bom humor e otimismo insuperveis.

    Meus professores orientadores Daiane dos Santos e Alexandre Vargas pelas

    instrues na elaborao deste TCC.

    Os professores Alexandre Vargas (novamente) e Evnio Ramos Nicoleit pelo contedo passado em

    sala que me deu condies de acertar as questes 25, 26 e 27 (Alexandre) e 39 e 40 (Evnio), e

    conseguir a aprovao em Primeiro lugar no Concurso Pblico da CASAN 2009 para o cargo de

    ENGENHEIRO CIVIL AUDITOR, na funo de realizar auditoria das obras de Engenharia Civil da

    CASAN de todo o Estado de Santa Catarina.

  • E se o mundo no corresponde em

    todos os aspectos a nossos desejos,

    culpa da cincia ou dos que querem

    impor seus desejos ao mundo? Carl Sagan

  • RESUMO

    O Ensaio Escleromtrico tem a promessa de estimar a resistncia do concreto de estruturas sem causar perda de resistncia, mas em um estudo preliminar descobriu-se que as normas tcnicas a respeito do ensaio sugerem sua aplicao somente em concretos mantidos em cura e temperatura controladas. No obstante os concretos de obras, que no atendem a esse critrio de temperatura e cura, so os que possuem a maior demanda pelo ensaio. Investigou-se de maneira mais contundente se existem na bibliografia tcnica procedimentos sistematizados de aplicao do esclermetro em obra, e como no foram encontrados, uma nova metodologia foi proposta. Nesta metodologia foi obtida uma curva de correlao da resistncia do concreto e do ndice Escleromtrico, a qual foi comparada com a curva do esclermetro utilizado, e chegou-se a encontrar uma diferena de 33% nas estimativas da resistncia. Analisou-se tambm a influncia das frmas de moldagem do concreto na dureza superficial, utilizando quatro tipos de frmas. A frma de madeira mida foi a que proporcionou os menores ndices Escleromtricos, enquanto que os outros trs tipos apresentaram valores muito parecidos. Avaliou-se a influncia da armadura do concreto no ndice Escleromtrico em obra e em laboratrio, e em nenhuma situao foi constatado aumento ou reduo em seu valor. Conclui-se que o Ensaio Escleromtrico, para obter uma estimativa real da resistncia do concreto, deve levar em conta todos os fatores que ocasionam variao no ndice Escleromtrico e na resistncia do concreto. Ao todo foram 567 impactos com o esclermetro em 12 corpos de prova e 36 corpos de prova cilndricos ensaiados compresso.

    Palavras-chaves: Esclermetro de Schmidt. Ensaio Escleromtrico. Dureza

    superficial. Concreto. Ensaio No Destrutivo.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Curva de Gauss. .......................................................................................27

    Figura 2 - Representao generalizada da variao da resistncia em um mesmo

    elemento estrutural....................................................................................................32

    Figura 3 - Variao da resistncia em vigas..............................................................33

    Figura 4 - Aparelho de ultra-som...............................................................................41

    Figura 5 - Sonda Windsor..........................................................................................42

    Figura 6 - Ensaio de trao direta. ............................................................................43

    Figura 7- Estrutura do Ensaio de Arrancamento. ......................................................44

    Figura 8 - Execuo do Ensaio Pull-out. ...................................................................44

    Figura 9 - Elemento ensaiado com Pull-out...............................................................45

    Figura 10 - Aparelho com visor digital incorporado. ..................................................46

    Figura 11 - Modelo digital mais sofisticado. ..............................................................46

    Figura 12 - Modelo com registro em papel do IE.......................................................46

    Figura 13 - Mostrador analgico do IE de um esclermetro......................................47

    Figura 14 - Esclermetro de Schmidt tipo N..............................................................53

    Figura 15 - rea de ensaio de 9cm X 9cm, para 9 impactos, sugerida pela NBR 7584

    (1995). .......................................................................................................................54

    Figura 16 - rea de ensaio de 20cm X 20cm, para 16 impactos, sugerida pela NBR

    7584 (1995). ..............................................................................................................55

    Figura 17 - Exemplo de curva de correlao para o Ensaio Escleromtrico. ............56

    Figura 18 - Variao da resistncia na idade para 5 tipos de traos.........................57

    Figura 19 - Coleta de concreto em obra com carrinho de mo. ................................59

    Figura 20 - Molde cilndrico sendo untado com leo mineral. ...................................59

    Figura 21 - Transporte dos CPs em seus moldes para evitar impactos. ...................60

    Figura 22 - Lixa usada para regularizao dos topos dos CPs cilndricos. ...............61

    Figura 23 - Aspecto do topo de um CP aps regularizao com lixamento manual. 61

    Figura 24 - CP 10x20 sendo ensaiado compresso. ...........................................62

    Figura 25 - Estado antes do polimento......................................................................62

    Figura 26 - Aps polimento. Os crculos em preto e vermelho servem de referncia

    para comparao. .....................................................................................................63

    Figura 27 - Corte em serra diamantada de CP prismtico. .......................................63

  • Figura 28 - topo do CP prismtico aps retifica em serra. ........................................64

    Figura 29 - Acoplamento do prato da prensa com o CP retificado: melhor fixao do

    CP. ............................................................................................................................64

    Figura 30 - 11 pontos para ensaio.............................................................................65

    Figura 31 - 12 pontos para o ensaio..........................................................................65

    Figura 32 - 14 pontos de ensaio................................................................................66

    Figura 33 - CP na prensa com as 14 marcaes. .....................................................66

    Figura 34 - Ensaio Escleromtrico sendo executado. ...............................................67

    Figura 35 - Material para coleta do concreto e moldagem dos CPs na primeira etapa.

    ..................................................................................................................................68

    Figura 36 - Material em canteiro de obras aps a coleta de concreto.......................68

    Figura 37 - Parte superior da estufa aquecida com lmpadas incandescentes. .......69

    Figura 38 - Quatro CPs de cura seca mantido em temperatura ambiente mdia de

    21C. .........................................................................................................................69

    Figura 39 - Um molde de madeira pinus sendo saturado..........................................72

    Figura 40 - Moldes de madeira saturada usados no ensaio......................................72

    Figura 41 - Moldes de madeira pinus seca. ..............................................................73

    Figura 42 - Dois moldes de madeira compensada secos..........................................73

    Figura 43 - Detalhe do material da madeira compensada.........................................74

    Figura 44 - Moldes impermeveis. ............................................................................74

    Figura 45 - Interior do molde: estanqueidade conseguida atravs de lonas plsticas.

    ..................................................................................................................................75

    Figura 46 - CP D4S-MS e seu molde. .......................................................................75

    Figura 47 - D4S-CO e seu molde, superfcie de excelente qualidade.......................76

    Figura 48 - D4S-MS e seu molde, ambos ainda midos, mesmo aps 4 dias da sua

    concretagem..............................................................................................................76

    Figura 49 - D4S-IM desmoldado, superfcie muito lisa..............................................77

    Figura 50 - D4E-MU: mesmo em estufa, a madeira no foi totalmente seca. ...........77

    Figura 51 - Aspecto da madeira saturada em estufa, na face interior (a) e exterior (b).

    Ainda com sinais de umidade na face interior. ..........................................................78

    Figura 52 - Molde e CP D4E-MS...............................................................................78

    Figura 53 - Molde e CP D4E-CO...............................................................................79

    Figura 54 - CP D4E-IM e seu molde .........................................................................79

    Figura 55 - Aspecto visual dos quatros CPs D4E......................................................80

  • Figura 56 - Aspecto visual dos quatros CPs D4S......................................................80

    Figura 57 - Peneiramento com peneira comum para isolar o agregado grado do

    concreto. ...................................................................................................................82

    Figura 58 - Agregado mido de grandes dimenses retido na peneira.....................82

    Figura 59 - Volume de agregado grado contido em um molde cilndrico 10x20cm

    ..................................................................................................................................83

    Figura 60 - Pedra britada de basalto. ........................................................................83

    Figura 61 - Pesagem do agregado grado saturado superfcie seca........................84

    Figura 62 - Colocao da brita para secagem em estufa..........................................84

    Figura 63 - Seis CPs cilndricos para o ensaio de compresso e o prismtico para

    ensaio de esclerometria. ...........................................................................................88

    Figura 64 - Cura saturada. ........................................................................................88

    Figura 65 - Estufa aquecida com lmpadas incandescentes. ...................................89

    Figura 66 - OUT: temperatura medida no meio do CP. IN: temperatura do ambiente.

    ..................................................................................................................................89

    Figura 67 - Molde com barra nervurada CA50. .........................................................91

    Figura 68 - Cura do concreto em reservatrio com gua. .........................................91

    Figura 69 - Corpos de prova cilndricos e prismtico com armadura. .......................92

    Figura 70 - Posicionamento da barra no concreto e direes dos impactos. ............92

    Figura 71 - Nas setas vermelhas duas linhas de ensaio L3 e L4. .............................93

    Figura 72 - Viso por inteiro do pilar. No retngulo vermelho, a regio ensaiada. ....94

    Figura 73 - Regio ensaiada e armaduras localizadas. ............................................94

    Figura 74 - Curva de correlao do esclermetro utilizado. ....................................104

    Figura 75 - Agregado retido na #19mm...................................................................121

    Figura 76 - Agregado retido na #12mm...................................................................121

    Figura 77 - Agregado retido na # 9,5mm.................................................................121

    Figura 78 - Agregado retido na #6,3mm..................................................................121

    Figura 79 - Agregado retido na #4,8mm..................................................................121

    Figura 80 - Equipamento de vibrao utilizado. ......................................................121

    Figura 81 - Dois dos trs moldes de madeira cilndricos.........................................134

    Figura 82 - Detalhe do interior do molde de madeira cilndrico. ..............................134

    Figura 83 - Os trs moldes de madeira concretados...............................................135

    Figura 84 - CPs cilndricos de molde de madeira ensaiados compresso. ..........136

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Curva granulomtrica do agregado grado. ............................................85

    Grfico 2 - Variao do IE com a idade para cura em temperatura ambiente...........95

    Grfico 3 - Variao do IE com a idade para cura por 7 dias em estufa. ..................96

    Grfico 4 - Crescimento do IE para frma impermevel. ..........................................97

    Grfico 5 - Crescimento do IE para madeira compensada........................................97

    Grfico 6 - Crescimento do IE para madeira saturada. .............................................98

    Grfico 7 - Crescimento do IE para madeira pinus seca. ..........................................98

    Grfico 8 - Influncia das frmas usando a mdia dos IEs das duas curas. ...........100

    Grfico 9 - Crescimento da resistncia do concreto................................................100

    Grfico 10 - Crescimento da resistncia do concreto para 3 tipos de cura. ............101

    Grfico 11 - Crescimento do IE com a idade para os trs tipos de cura. ................102

    Grfico 12 - Curvas de correlao individuais para cada tipo de cura. ...................102

    Grfico 13 - Curvas de correlao individuais ajustadas.........................................103

    Grfico 14 - Curva de correlao final para os 3 tipos de cura................................103

    Grfico 15 - Comparao da curva obtida com a curva do esclermetro................105

    Grfico 16 - Crescimento da resistncia do concreto..............................................107

    Grfico 17 - Comparativo entre curvas de correlao. ............................................127

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Formao de lotes pela NRB 12655 (2006). ...........................................26

    Quadro 2 - Cronologia dos procedimentos realizados. .............................................70

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Valores para converso de resistncia de corpos de prova cilndricos. ...23

    Tabela 2 - Coeficientes de converso da resistncia de diversas geometrias de CPs.

    ..................................................................................................................................24

    Tabela 3 - Variao da resistncia em pilares...........................................................32

    Tabela 4 - Variao da resistncia entre topo e base de pilares...............................33

    Tabela 5 - Relaes fcj / fc28.......................................................................................36

    Tabela 6 - Resistncias compresso aos 28 dias. .................................................39

    Tabela 7 - Quantidades de agregado grado encontradas no peneiramento. ..........85

    Tabela 8 - ndices Escleromtricos aos 28 dias para cura seca e em estufa. ...........99

    Tabela 9 - ndices Escleromtricos para concreto com barra de 8mm....................106

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABECE - Associao Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    CP - corpo de prova

    D3E - concreto da terceira coleta, de cura seca, em estufa

    D3S - concreto da terceira coleta, de cura seca, fora da estufa

    D3U - concreto da terceira coleta, de cura normatizada

    D4S - concreto da quarta coleta, de cura seca, fora da estufa

    D4S-CO - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, de cura seca

    fora da estufa, moldado em madeira compensada

    D4S-IM - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, de cura seca fora

    da estufa, moldado em madeira impermeabilizada

    D4S-MS - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, de cura seca

    fora da estufa, moldado em madeira pinus seca

    D4S-MU - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, de cura seca

    fora da estufa, moldado em madeira pinus saturada

    D4E - concreto da quarta coleta, de cura seca, em estufa

    D4E-CO - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, curado em

    estufa, moldado em madeira compensada.

    D4E-IM - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, curado em

    estufa, moldado em madeira impermeabilizada.

    D4E-MS - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, curado em

    estufa, moldado em madeira pinus seca.

    D4E-MU - corpo de prova prismtico 15x15x30cm, da quarta coleta, curado em

    estufa, moldado em madeira pinus saturada.

    END - Ensaio No Destrutivo

  • LISTA DE SMBOLOS

    fck - resistncia caracterstica do concreto

    fckj - resistncia caracterstica do concreto de j dias de idade

    fck,est - resistncia caracterstica do concreto obtida pela aplicao da NBR 12655

    fcj - resistncia do concreto de j dias de idade

    fc28 - resistncia do concreto de 28 dias de idade

    10x20cm - corpo de prova cilndrico de dimetro 10cm e altura 20cm

    15x30cm - corpo de prova cilndrico de dimetro 15cm e altura 30cm

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................18 1.1 Problema.............................................................................................................19

    1.2 Justificativa..........................................................................................................19

    1.3 Objetivos .............................................................................................................20

    1.3.1 Objetivo geral ...................................................................................................20

    1.3.2 Objetivos especficos .......................................................................................20

    2 FUNDAMENTAO TERICA.............................................................................22 2.1 Consideraes sobre a resistncia do concreto..................................................22

    2.1.1 Resistncia compresso axial do concreto - fcj..............................................22

    2.1.2 Geometria dos corpos de prova para ensaio de compresso ..........................23

    2.1.3 Dimetro do CP e tamanho do agregado grado.............................................24

    2.1.4 Controle tecnolgico do concreto .....................................................................25

    2.1.5 Resistncia caracterstica compresso do concreto - fck ...............................26

    2.1.6 Significado estatstico do fck .............................................................................27

    2.2 Clculo do fck .......................................................................................................28

    2.2.1 Fcks de interesse ...............................................................................................29

    2.2.2 Ponderaes do valor do fck no clculo estrutural ............................................29

    2.2.3 Variaes da resistncia na prpria estrutura ..................................................31

    2.2.3.1 Variaes da resistncia em um mesmo elemento estrutural .......................31

    2.2.4 Determinao do fck da estrutura......................................................................33

    2.2.4.1 Locais genricos da estrutura para obter a resistncia .................................34

    2.2.5 Transformao de fckj (ou fcj) para fck28 (ou fc28). ...............................................35

    2.2.5.1 Transformao conforme NBR 6118 (2003)..................................................36

    2.2.5.2 Transformao pela lei de Abrams................................................................36

    2.2.6 Umidade dos CPs e testemunhos no ensaio de compresso ..........................37

    2.2.7 Consideraes sobre o ganho de resistncia do concreto ...............................37

    2.2.7.1 Cura...............................................................................................................38

    2.2.7.2 Alta temperatura de cura ...............................................................................38

    2.3 Ensaios No Destrutivos na avaliao da resistncia .........................................40

    2.3.1 Ultrasom...........................................................................................................41

    2.3.2 Penetrao de pinos ........................................................................................42

  • 2.3.3 Pull-off ..............................................................................................................42

    2.3.4 Pull-out .............................................................................................................43

    2.3.5 Maturidade .......................................................................................................45

    2.3.6 Esclerometria ...................................................................................................45

    2.4 O Ensaio Escleromtrico e a resistncia do concreto .........................................48

    2.4.1 Recomendaes para o Ensaio Escleromtrico...............................................51

    2.4.2 Curva de correlao .........................................................................................55

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................58 3.1 Procedimentos genricos dos ensaios................................................................58

    3.2 Execuo dos ensaios.........................................................................................64

    3.3 Primeira Etapa - Influncia da frma no IE..........................................................67

    3.3.1 Identificao dos CPs prismticos....................................................................71

    3.3.2 Tipos de frmas utilizadas................................................................................71

    3.3.3 Caracterizao do concreto..............................................................................80

    3.3.4 Caracterizao do agregado grado ................................................................81

    3.4 Segunda Etapa - Proposta de uma nova metodologia para o Ensaio

    Escleromtrico...........................................................................................................86

    3.4.1 Identificao dos corpos de prova....................................................................87

    3.4.2 Temperaturas de cura ......................................................................................87

    3.4.3 Caracterizao do concreto..............................................................................90

    3.4.4 Tipos de frmas................................................................................................90

    3.5 Terceira etapa - Influncia da armadura no IE ....................................................90

    4 RESULTADOS E DISCUSSES...........................................................................95 4.1 Primeira Etapa - Influncia da frma no IE..........................................................95

    4.2 Segunda Etapa - Proposta de uma nova metodologia para o Ensaio

    Escleromtrico.........................................................................................................101

    4.3 Terceira Etapa - Influncia da armadura no IE..................................................105

    4.3.1 Em laboratrio ................................................................................................105

    4.3.2 Em obra..........................................................................................................107

    5 CONCLUSES E RECOMENDAES PARA TRABALHOS FUTUROS .........108 5.1 Primeira Etapa - Influncia da frma no IE........................................................108

    5.2 Segunda Etapa - Proposta de uma nova metodologia para o Ensaio

    Escleromtrico.........................................................................................................108

    5.3 Terceira Etapa - Influncia da armadura ...........................................................110

  • REFERNCIAS.......................................................................................................111 APNDICES ...........................................................................................................113 APNDICE A - ndices Escleromtricos e ensaios compresso da Primeira Etapa. .....................................................................................................................114 APNDICE B - Agregados grados retidos nas peneiras da primeira etapa. ..120 APNDICE C - ndices Escleromtricos e ensaios compresso da Segunda Etapa. .....................................................................................................................122 APNDICE D - Curvas de correlao...................................................................126 APNDICE E - ndices Escleromtricos e ensaios compresso da Terceira Etapa. .....................................................................................................................128 APNDICE F - ndices Escleromtricos da Terceira Etapa em obra.................131 APNDICE G - Ensaios de compresso em corpos de prova moldados em frma cilndrica de madeira..................................................................................133

  • 18

    1 INTRODUO

    O concreto tradicional, utilizado nas construes comuns, composto,

    basicamente, por um aglomerante (o cimento), um agregado grado (seixo ou pedra

    britada), um agregado mido (areia) e gua. Da mistura desses quatro componentes

    resulta um composto pastoso, nesta fase, chamado de concreto fresco. Pelas

    reaes qumicas desse composto, iniciadas no contato da gua com o cimento, o

    concreto fresco vai ganhando consistncia, perodo denominado de pega.

    medida que as reaes de hidratao do cimento se desenvolvem, o

    concreto vai ganhando rigidez e se transformando em um material slido. nesse

    estado que possvel avaliar a sua propriedade mais importante: a resistncia

    compresso. a avaliao dessa propriedade, utilizando um equipamento

    denominado Martelo de Schmidt, o objetivo do Ensaio Escleromtrico. E este

    ensaio o alvo deste trabalho.

    O Ensaio Escleromtrico permite estimar a resistncia do concreto pela

    medida da dureza de sua superfcie. Essa medida feita sem provocar reduo da

    capacidade resistente da pea ensaiada e sem provocar dano superficial relevante,

    por isso esse ensaio tambm tratado como sendo um Ensaio No Destrutivo

    (END).

    Para melhor compreenso, o trabalho foi dividido em cinco captulos. O

    captulo 2 trata da fundamentao terica, abrangendo conceitos da resistncia do

    concreto, uma viso geral dos principais Ensaios No Destrutivos e detalhes de

    aplicao do Ensaio Escleromtrico. O captulo 3 contempla a parte prtica do

    trabalho, que foram experimentos em laboratrio e em obra, detalhando como foram

    realizados. O captulo 4 apresenta os resultados dos experimentos e comentrios a

    respeito. As concluses finais e recomendaes para trabalhos futuros esto no

    captulo 5. No Apndice A esto os valores dos ndices Escleromtricoss obtidos nos

    ensaios e os valores dos ensaios compresso dos corpos de prova cilndricos.

  • 19

    1.1 Problema

    A obteno da resistncia compresso do concreto em estruturas j

    executadas muitas vezes necessria, e para se obter boa preciso, faz-se a

    extrao de testemunhos de concreto da estrutura, sendo os mesmos ensaiados

    compresso. Entretanto, esse procedimento gera danos significativos estrutura

    ensaiada. J o Ensaio Escleromtrico tem a promessa de estimar a resistncia do

    concreto sem causar perda de resistncia do elemento estrutural, no entanto, sua

    aplicao no concreto das estruturas de obras correntes possui poucos

    esclarecimentos tcnicos na literatura.

    Dessa maneira questiona-se: possvel aplicar o Ensaio Escleromtrico

    nas estruturas de concreto das obras comuns, seguindo as informaes da

    literatura, principalmente a Norma MERCOSUL NM 78, e obter resultados

    confiveis?

    Ainda dentro da temtica do Ensaio Escleromtrico, pergunta-se: as

    frmas de moldagem podem influenciar a dureza superficial do concreto? Armaduras

    no concreto causam influncia significativa no ndice Escleromtrico?

    1.2 Justificativa

    A avaliao da resistncia do concreto de estruturas de concreto armado

    muitas vezes necessria para esclarecer dvidas e auxiliar os engenheiros na

    tomada de decises. Essa necessidade surge, por exemplo, quando se deseja

    comparar a resistncia do concreto de elementos estruturais concretados com vrias

    betonadas, quando se deseja estabelecer a data da retirada dos escoramentos de

    uma estrutura, avaliar a homogeneidade da dureza superficial de estruturas novas e

    antigas, quando se realiza uma percia, etc.

    Para a avaliao da resistncia do concreto, o mtodo mais comumente

    aceito o de extrao de testemunhos, o qual consiste na perfurao de um

    elemento estrutural e extrao de um cilindro de concreto que ser ensaiado

    compresso. Esse mtodo possui o inconveniente de reduzir a capacidade

  • 20

    resistente do elemento estrutural, e por isso, muitas vezes evitado. Os Ensaios

    No Destrutivos justamente tem a vantagem de no produzir dano estrutural, e por

    isso que tm uma tendncia de aceitabilidade cada vez maior na engenharia, e suas

    aplicaes, portanto, merecem estudos mais aprofundados. O Ensaio

    Escleromtrico um Ensaio No destrutivo bastante difundido e possui muitas

    vantagens em relao a outros ensaios, no entanto, sua aplicao em concretos de

    obras parece carecer de informaes tcnicas. Tambm outros detalhes do ensaio

    possuem poucos estudos divulgados, como a influncia da armadura e do material

    das frmas no ndice Escleromtrico, fazendo jus a uma pesquisa cientfica.

    1.3 Objetivos

    1.3.1 Objetivo geral

    O objetivo geral deste trabalho executar o Ensaio Escleromtrico tanto

    em laboratrio como em obra, para compreender seus detalhes de aplicao e, se

    possvel, torn-lo mais aceito pelos profissionais da rea da engenharia civil.

    1.3.2 Objetivos especficos

    Propor uma nova metodologia de obteno de curvas de correlao para

    concretos mantidos em condies no normatizadas, que seria uma alternativa

    proposta da NM 78.

    Determinar as melhores tcnicas para a execuo da esclerometria de modo

    a obter os melhores resultados.

  • 21

    Verificar se frmas de madeira seca, madeira mida, madeira compensada e

    frma impermevel fornecem os mesmos ndices Escleromtricos para um mesmo

    concreto sob mesma cura.

    Verificar a influncia da armadura no ndice Escleromtrico.

  • 22

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 Consideraes sobre a resistncia do concreto

    2.1.1 Resistncia compresso axial do concreto - fcj

    A resistncia compresso axial do concreto, ou simplesmente fcj, a

    caracterstica do concreto mais importante para estruturas, pois a partir dela que

    se d todo o processo do clculo estrutural de concreto armado.

    A verificao de fcj de um concreto, de forma simplificada, pode ser

    determinada seguindo os passos abaixo:

    a) Coleta de quantidade suficiente de concreto para a moldagem dos corpos de

    prova (CPs);

    b) A forma e tamanho do molde devem seguir a NBR 5738 (2008), item 7.1: A

    dimenso bsica do corpo de prova deve ser, no mnimo, 4 vezes maior que a

    dimenso nominal mxima do agregado grado do concreto. Para concretos

    comuns, geralmente, so usados moldes cilndricos de base 10cm e altura

    20cm ou base 15cm e altura 30cm;

    c) O lanamento, adensamento e cura dos corpos de prova devem ser feitos

    seguindo as prescries da NBR 5738 (2008);

    d) O ensaio de compresso, em prensa, do corpo de prova: padronizado pela

    NBR 5739 (2007). A idade padronizada para o ensaio de 28 dias;

    e) Determina-se a tenso de ruptura dividindo-se a carga de ruptura do CP pela

    rea de sua seo transversal, expressando o resultado com aproximao de

    0,1 MPa.

  • 23

    2.1.2 Geometria dos corpos de prova para ensaio de compresso

    Atualmente no Brasil, para o ensaio de compresso s existe

    normatizao para corpos de prova que possuam a forma geomtrica cilndrica, cuja

    altura seja o dobro do dimetro da base. Essa normatizao feita pela NBR 5739

    (2007) Ensaios de compresso de corpos de prova cilndricos.

    No obstante, em outros pases outras formas geomtricas so adotadas

    para o ensaio de compresso, como por exemplo, a forma cbica, que tem a

    vantagem de no necessitar de retificao de nenhuma face para melhorar o

    acoplamento do CP ao prato da prensa. (GIONGO, 2009).

    Quando da utilizao de CPs cilndricos de geometrias diferentes das

    especificadas na NBR 5739 (2007), pode-se utilizar os valores de converso da

    Tabela 1.

    Tabela 1 - Valores para converso de resistncia de corpos de prova cilndricos.

    Relao h / d Pesquisador ou

    Norma 2,00 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50

    Petrucci 1,00 0,98 0,96 0,94 0,85 0,70 0,70

    Neville 1,00 0,97 0,93 0,90 0,85 - -

    Tobio 1,00 1,00 0,97 0,91 0,87 - -

    Petersons 1,00 0,97 0,95 0,89 0,83 0,77 0,71

    Bungey 1,00 - - - 0,77 - -

    Sangha & Dhir 1,00 - 0,95 - 0,83 - -

    BS 1881 1,00 0,97 0,92 0,87 0,80 - -

    ASTM C 42 1,00 0,98 0,96 0,93 0,87 - -

    UNE 83302 1,00 0,98 0,96 0,94 0,90 - -

    JIS A1107 1,00 0,98 0,96 0,94 0,89 - -

    ABNT NBR 7680 1,00 0,97 0,93 0,89 0,83 - -

    Fonte: CREMONINI (1994 apud CASTRO, 2009).

    Para corpos de prova de outras geometrias, pode-se fazer uso da Tabela

    2.

  • 24

    Tabela 2 - Coeficientes de converso da resistncia de diversas geometrias de CPs. Coeficientes de converso Tipo de corpo-

    de-prova Dimenses (cm) Valores limites Valor mdio

    Cilndrico 15 30 1,00

    Cilndrico 10 20 0,94 a 1,00 0,97

    Cilndrico 25 50 1,00 a 1,10 1,05

    Cbico 10 0,70 a 0,90 0,80

    Cbico 15 0,70 a 0,90 0,80

    Cbico 20 0,75 a 0,90 0,83

    Cbico 30 0,80 a 1,00 0,90

    Prismtico 15 15 45 0,90 a 1,20 1,05

    Prismtico 20 20 60 0,90 a 1,20 1,05 Fonte: GIONGO (2009)

    2.1.3 Dimetro do CP e tamanho do agregado grado

    Pela anlise das normas nacionais atuais e antigas, foi constatada certa

    confuso na definio do dimetro do molde para corpos de prova ou testemunhos

    em funo do dimetro do agregado grado. Normas vigentes utilizam definies

    diferentes, o que no deveria ocorrer, pois ocasionam entendimentos distintos sobre

    um mesmo assunto. Percebeu-se que a NBR 5738 (2003) foi a norma que realizou a

    modificao da definio do dimetro do molde em funo do agregado grado, e

    sua verso posterior (e atual), lanada no ano de 2008, manteve essa definio, que

    a que se segue:

    A dimenso bsica do corpo-de-prova deve ser no mnimo quatro vezes maior que a dimenso nominal mxima do agregado grado do concreto. As partculas de dimenso superior mxima nominal, que ocasionalmente sejam encontradas na moldagem dos corpos-de-prova, devem ser eliminadas por peneiramento do concreto, de acordo com a NBR NM 36. NOTA - Alternativamente, desde que conste no relatrio do ensaio, a medida bsica do corpo-de-prova pode ser no mnimo trs vezes maior que a dimenso nominal mxima do agregado grado do concreto. (NBR 5738, 2008, grifo meu).

  • 25

    A NBR 5738 (2003) e a NBR 5738 (2008) no trazem a definio do

    termo dimenso nominal mxima. Buscou-se ento sua definio em outras

    normas, e encontrou-se na NBR 7225 (1993) o seguinte:

    Dimenses nominais de agregados: Aberturas nominais das peneiras de malhas

    quadradas, correspondentes s dimenses reais do agregado.

    Por analogia, a dimenso nominal mxima seria a menor peneira na qual

    passam todos os agregados grados.

    A antiga NBR 5738 (1994) exigia que o dimetro do molde fosse trs

    vezes maior que a dimenso mxima caracterstica.

    A NBR 7211 (2005) define a dimenso mxima caracterstica como a

    grandeza associada distribuio granulomtrica do agregado, correspondente

    abertura nominal, em milmetros, da malha da peneira da srie normal ou

    intermediria na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada

    igual ou imediatamente inferior a 5% em massa.

    Disso percebe-se que a antiga NBR 5738 (1994) utilizava o termo

    dimenso mxima caracterstica, e que a partir da sua verso de 2003 passou a

    utilizar o termo dimenso nominal mxima, que tem significados distintos. O termo

    dimenso nominal mxima no um termo estatstico, ele simplesmente

    corresponde a um tamanho mximo permitido do agregado grado, enquanto o

    termo dimenso mxima caracterstica faz uma limitao estatstica e no nominal.

    2.1.4 Controle tecnolgico do concreto

    O controle tecnolgico do concreto engloba os mais diversos ensaios que

    avaliam vrias propriedades do concreto. Dentre esses ensaios, um muito

    importante o que avalia a resistncia compresso axial.

    A verificao da resistncia do concreto solicitado s possvel ser

    realizada depois de transcorridos 28 dias da concretagem, ou seja, no possvel

    saber no momento da entrega do concreto se o mesmo atende a resistncia

    especificada. Um controle que se pode fazer no recebimento do concreto em obra

    o ensaio de abatimento do tronco de cone, ou slump, o qual serve para dar uma

  • 26

    idia da trabalhabilidade do concreto. Pelo slump possvel verificar se h alguma

    variao no esperada no trao do concreto. Mudanas no abatimento do concreto

    podem indicar alteraes no consumo de gua, de cimento ou aditivo, bem como

    nas caractersticas dos agregados (METHA E MONTEIRO, 2008, p.480).

    2.1.5 Resistncia caracterstica compresso do concreto - fck

    Todo o clculo de estruturas de concreto armado tem por base o valor da

    resistncia caracterstica do concreto, fck, o qual deve ser verificado em um controle

    de aceitao atravs do Controle Estatstico da Resistncia em qualquer obra de

    concreto armado, (Item 12.3.3 da NBR 6118 (2003): ... o controle de resistncia

    compresso do concreto deve ser feito aos 28 dias, de forma a confirmar o valor de

    fck adotado no projeto. A sua verificao importante porque comprova se o fck do

    concreto entregue (ou produzido) na obra se iguala ou supera o fck de projeto, o que

    importante para a segurana da edificao. Helene (1986) ratifica essa afirmao

    ao dizer que o controle da resistncia compresso do concreto ou seja, a

    determinao do fck, - situa-se dentro dessa necessidade de comprovao daquilo

    que est sendo executado frente ao que foi adotado no projeto da estrutura.

    A NBR 12655 (2006) indica a diviso da estrutura em lotes, cada qual ter

    seu fck calculado atravs do ensaio de compresso dos exemplares representativos

    do lote. A formao dos lotes deve seguir o indicado no Quadro 1.

    Solicitao principal dos elementos da estrutura

    Limites superiores Compresso ou compresso e flexo

    Flexo simples

    Volume de concreto 50 m3 100 m3

    Nmero de andares 1 1

    Tempo de concretagem 3 dias de concretagem 1)

    Quadro 1 - Formao de lotes pela NRB 12655 (2006). Fonte: NBR 12655 (2006). 1) Este perodo deve estar compreendido no prazo total mximo de sete dias, que inclui eventuais interrupes para tratamento de juntas.

  • 27

    A NBR 12655 (2006) Concreto de cimento portland, preparo, controle e

    recebimento, procedimento - a que normatiza o Controle Estatstico de Resistncia

    do concreto recebido ou produzido em obra. Como uma estrutura divida em vrios

    lotes e cada um possui um fck, ela dispor, ao final de sua concretagem, de vrios

    fcks, enquanto o clculo estrutural adota somente um valor de fck.

    2.1.6 Significado estatstico do fck

    O valor do fck um termo estatstico, e corresponde ao valor de

    resistncia com probabilidade de 5% de ser ultrapassado para menos, na

    amostragem de um lote. Os valores de fck e fcj so facilmente compreendidos ao se

    visualizar a Curva de Gauss, mostrada na Figura 1, onde Sd o desvio padro.

    Figura 1 - Curva de Gauss.

  • 28

    2.2 Clculo do fck

    O clculo do fck de um lote de uma estrutura feito de acordo com o tipo

    de controle do concreto, por amostragem parcial, onde algumas betonadas tm

    concreto coletado para moldagem de corpos de prova, ou por amostragem total,

    em que todas as betonadas coletado concreto.

    O valor do fck de uma amostra ou lote de concreto no controle de

    aceitao do concreto pode ser calculado, de uma maneira geral, da seguinte forma:

    1 Faz-se a coleta de concreto das betonadas de concreto respeitando a

    NBR NM 33;

    2 Moldam-se e curam-se os corpos de prova cilndricos de concreto de

    acordo com a NBR 5738;

    3 Realiza-se o ensaio de compresso em todos os corpos de prova aos

    28 dias de idade seguindo a NBR 5739. Cada qual ir fornecer um valor de fcj

    (resistncia compresso individual do corpo de prova).

    4 De posse dos valores de fcj, calcula-se o valor estatstico de fck pela

    norma NBR 12655. Este valor especfico de fck ser tratado neste texto de fck,est por

    tratar-se de uma estimativa (otimista) do fck do concreto das estruturas da obra. A

    notao fck,est tambm a notao adotada pela NBR 12655 (2006)

    Esclarece-se aqui que existem dois tipos de controle estatstico da

    resistncia do concreto, um feito na produo e outro feito na aceitao do mesmo

    em obra. Ambos so necessrios para que seja alcanado um bom resultado final,

    mas suas misses so diferentes. (HELENE, 1986).

    Um instrumento utilizado para o controle da produo do concreto a

    Carta de valores individuais: Segundo Helene e Terzian (1993) o controle mais

    divulgado e aceito em todo o Brasil utiliza cartas de controle que permitem o

    acompanhamento da uniformidade e da eficincia do concreto. Para Helene (1986),

    acompanhar a evoluo do desvio-padro o aspecto mais importante do controle

    de qualidade do processo de produo do concreto, pois o custo do m de concreto

    depende diretamente dele.

  • 29

    2.2.1 Fcks de interesse

    Observa-se que so trs fcks de maior interesse:

    1 - O fck de projeto: valor de fck que foi utilizado no dimensionamento

    estrutural, seu valor definido pelo engenheiro de estruturas; o mesmo que o fck

    de dosagem.

    2 - O fck,est: o fck calculado com os corpos de prova normatizados, aos 28

    dias, que por norma, deve ser igual ou maior ao fck de projeto; representa uma

    estimativa otimista do fck da estrutura; e

    3 - O fck da estrutura: so os fcks reais do concreto da estrutura; para o

    clculo de seu valor para um determinado lote devem ser extrados vrios

    testemunhos da estrutura, os quais devem ter sua resistncia fcj determinada; de

    posse desses valores de fcj calculado o fck.

    vlido frisar que o fck da estrutura determinado atravs da compresso

    de testemunhos extrados da mesma no tem a obrigatoriedade de ser igual ou

    maior que o fck,est, visto que o concreto da estrutura no ficou sob as mesmas

    condies de cura e temperatura que os corpos de prova normatizados. Como ser

    visto mais a frente, a resistncia do concreto da estrutura quase sempre inferior

    resistncia dos corpos de prova normatizados.

    2.2.2 Ponderaes do valor do fck no clculo estrutural

    No mximo 5% do volume total de concreto de um lote pode estar com

    resistncia compresso abaixo do valor de fck de projeto, isto para tentar limitar a

    quantidade de concreto da estrutura com fck abaixo do fck de projeto; quando o

    controle da resistncia do concreto identificar desrespeito a essa exigncia, esse

    concreto classificado no meio profissional como no conforme. Esse volume de

    concreto de 5% com resistncia inferior ao fck de projeto, apesar de estar de acordo

    com a NBR 12655 (2006), poderia ser problemtico no dimensionamento estrutural,

    pois o mesmo feito baseando-se em uma resistncia igual ou superior do fck,

  • 30

    mas a NBR 6118 (2003), considerando esse fato, adota ponderaes do valor de fck,

    minorando-o. Tambm na norma outras ponderaes so feitas para cobrir outras

    incertezas e aproximaes.

    Na NBR 12655 (2006), o clculo do fck de apenas uma betonada, se ela

    for a nica do lote, pode ser calculada pelo critrio do Controle do Concreto por

    Amostragem Total, item 6.2.3.2:

    a) para n 20, fck,est = f1

    b) para n > 20, fck,est = fi

    onde n o nmero de exemplares;

    f1 a menor resistncia encontrada e i = 0,05 n.

    Se essa betonada pertencer a um lote de no mximo a 10m, o fck pode

    ser calculado pelo item 6.2.3.3 da NBR 12655 (2006):

    fck,est = 6 . f1

    J o grupo ABECE (2010), independente de essa betonada ser ou no a

    nica do lote, recomenda a utilizao da seguinte frmula:

    fck,est = 0,96 . X0

    onde X0 o maior valor de fc de dois CPs moldados com o concreto da betonada. O valor de fck sofre a primeira ponderao atravs da frmula seguinte:

    fcd= fck / yc , onde yc = ym1 . ym2 . ym3.

    Conforme o item 12.1 da NBR 6118 (2003):

    m1 - Parte do coeficiente de ponderao das resistncias c, que considera a

    variabilidade da resistncia dos materiais envolvidos;

    m2 - Parte do coeficiente de ponderao das resistncias c, que considera a

    diferena entre a resistncia do material no corpo-de-prova e na estrutura;

  • 31

    m3 - Parte do coeficiente de ponderao das resistncias c, que considera os

    desvios gerados na construo e as aproximaes feitas em projeto do ponto de

    vista das resistncias.

    Usualmente adota-se yc = 1,4 para as condies normais.

    Alm do coeficiente yc, outra ponderao feita nas tenses de clculo,

    conforme item 17.2.2 da NBR 6118 (2003):

    = 0,8 . fcd (caso de reduo da seo comprimida)

    ou

    = 0,85 . fcd (caso de seo constante ou crescente).

    2.2.3 Variaes da resistncia na prpria estrutura

    Em termos gerais, as variaes de resistncia in situ podem ser

    explicadas pelas diferenas na compactao e cura ou no uniformidade do

    concreto fornecido. As variaes do fornecimento so assumidas como sendo

    fortuitas, mas as variaes na compactao e cura seguem padres definidos de

    acordo com o tipo de elemento. (NEPOMUCENO, 1999, p.33). A resistncia do

    concreto nas bases dos elementos estruturais tem a tendncia de ser maior do que

    a resistncia do concreto nos topos das vigas, lajes e pilares, devido ao fenmeno

    da exsudao, que modifica a relao gua/cimento, alterando, portanto, a

    resistncia.

    2.2.3.1 Variaes da resistncia em um mesmo elemento estrutural

    Numericamente, a variao da resistncia, ao longo da altura do elemento

    estrutural, pode ser vista na Figura 2.

  • 32

    Figura 2 - Representao generalizada da variao da resistncia em um mesmo

    elemento estrutural. Fonte: BUNGEY (1996 apud NEPOMUCENO, 1999)

    Para os pilares, a variao da resistncia ao longo de sua altura pode ser

    visualizada na Tabela 3.

    Tabela 3 - Variao da resistncia em pilares.

    Referncia

    Dimenses

    (m)

    Resistncia

    (MPa)

    Diferenas de

    Resistncia

    Topo/Base (%)

    Variao de

    Resistncia nos

    elementos

    KHAYAT

    (1997)

    1,5x0,95x0,2 40-70 2-8 1,8-5,5%

    KHAYAT

    (1999)

    1,4x0,24x0,24 50 1% 2,8%

    ZHU (2000) 3 m altura 35 e 60 3 -11% 6,3-8,8%

    HOFFMANN

    (2003)

    5 x 2 45-70 - 7,5-12,9%

    KHAYAT

    (2003)

    1,54x1,1x0,2 56-59 5% -

    Fonte: DOMONE (2006 apud HASTENPFLUG, 2007).

  • 33

    Considerando ainda os pilares, MUNDAY (1984 apud VIEIRA, 2007)

    indica que a variao de resistncia varia conforma o indicado na Tabela 4.

    Tabela 4 - Variao da resistncia entre topo e base de pilares

    Altura da pea (mm) % de reduo da resistncia entre o topo e as camadas inferiores

    200 8

    400 12

    600 16

    800 19

    1600 21

    >1600 23 Fonte: MUNDAY (1984 apud VIEIRA, 2007).

    J para vigas, a variao da resistncia pode ser representada conforme

    indica a Figura 3.

    Figura 3 - Variao da resistncia em vigas. Fonte: BUNGEY (1996 apud NEPOMUCENO, 1999).

    2.2.4 Determinao do fck da estrutura

    O fck da estrutura pode ser determinado atravs de um nmero satisfatrio

    de testemunhos, cujo local de extrao deve considerar a variabilidade da

    resistncia do concreto na estrutura (e os danos por ela sofridos). Os pontos de uma

  • 34

    estrutura para se obter a resistncia do concreto podem ser definidos conforme as

    instrues a seguir.

    2.2.4.1 Locais genricos da estrutura para obter a resistncia

    A resistncia do concreto dos corpos de prova normatizados, para uma

    mesma data, geralmente superior resistncia do concreto da prpria estrutura,

    pois as condies de lanamento, adensamento e cura do concreto da estrutura so

    diferentes e piores do que as dos corpos de prova em laboratrio; em obra existe

    uma enorme diversidade nos modos de lanamento, adensamento e cura do

    concreto enquanto que no laboratrio todo esse processo controlado e sempre

    feito da mesma maneira. Apenas em algumas situaes pode ocorrer de a

    resistncia real do concreto na obra se igualar ou superar a obtida dos CPs do

    controle de recebimento. Isso significa dizer que o fck dos corpos de prova de um lote

    quase sempre ser maior que o fck do concreto correspondente a esse lote na

    prpria estrutura.

    A avaliao da resistncia do concreto da estrutura pode ser feita de

    modo direto pela extrao de testemunhos e compresso dos mesmos ou de modo

    indireto, pela medio de alguma propriedade do concreto correlacionando-a com a

    resistncia do mesmo, (que o procedimento dos ensaios no destrutivos).

    Os locais especficos em um lote de concreto da estrutura para se

    determinar a resistncia podem ser escolhidos de acordo com o ensaio que ser

    feito, e para a extrao de testemunhos podem ser definidos de maneira geral da

    seguinte forma, conforme preconiza a NBR 7680 (2007):

    a) A formao dos lotes deve obedecer quela obtida quando da concretagem

    da estrutura ou em funo da importncia das peas que compe a estrutura,

    por exemplo, considerar todos os pilares de um pavimento como um lote. O

    lote pode envolver um volume de concreto to reduzido quanto se queira ou

    se precise para anlise da estrutura ou adequabilidade do concreto. O

    tamanho mximo do lote de concreto a ser analisado deve atender a:

    I) volume total de concreto no superior a 100m;

  • 35

    II) rea construda em planta no superior a 500m;

    III) volume de concreto produzido no mximo dentro de 15 dias;

    IV) quando edifcio, no mximo um andar;

    V) em grandes estruturas macias, o lote poder abranger um volume de at

    500m, desde que a concretagem tenha sido executada em prazo no

    superior a uma semana.

    Em colunas, pilares e paredes cortina, passveis de sofrerem fortemente o

    fenmeno da exsudao, os testemunhos devem ser extrados 50cm abaixo da

    superfcie topo de concretagem do elemento estrutural. Sempre que isto no for

    possvel, os resultados podem ser aumentados em at 10%, desde que isso conste

    no relatrio. NBR 7680 (2007).

    Em linhas gerais, os locais de investigao da resistncia do concreto na

    estrutura podem ser definidos dependendo do objetivo do ensaio, conforme cita

    Bungey (1996 apud NEPOMUCENO,1999):

    a) Se o objetivo estimar a resistncia in situ para efeitos de dimensionamento de um elemento ou estrutura, os ensaios devem ser realizados nas zonas de altas tenses levando-se em conta a previso da distribuio da resistncia nos elementos estruturais; b) Se o objetivo determinar o valor caracterstico da resistncia in situ para verificao da conformidade do material, os ensaios devem ser efetuados em concretos tpicos e, por isso, as zonas superiores mais fracas dos elementos devem ser evitadas. O ensaio a cerca de meia altura recomendvel para vigas, pilares e paredes e os ensaios em zonas superficiais das lajes devem ser realizados na sua base a menos que a camada superior seja previamente removida.

    2.2.5 Transformao de fckj (ou fcj) para fck28 (ou fc28).

    Nas situaes em que se obtm o fck da estrutura para idade diferente de

    28 dias, e o fck desejado nessa idade, ser necessrio fazer a devida converso.

    O crescimento da resistncia do concreto afetado pelas condies

    climticas e condies de carregamento; levar em conta todas essas variveis para

    predizer a resistncia do concreto um tanto quanto complexo e impraticvel. No

    obstante, possvel estimar o crescimento da resistncia do concreto atravs de

    frmulas quando se fixam alguns parmetros.

  • 36

    2.2.5.1 Transformao conforme NBR 6118 (2003)

    As condies climticas a que o concreto fica submetido podem ser

    variveis, que o que ocorre em obras, ou fixas (controladas), situao que ocorre

    somente em laboratrio. Conhecido o tipo de cimento, possvel estimar o

    crescimento da resistncia para uma cura mida em uma temperatura entre 20 e

    30C, conforme indica a NBR 6118 (2003, p.64):

    fck28 = fckj / B1 B1 = exp (s ( 1 (28/t)1/2 )) ,

    Onde:

    t a idade do concreto e s vale:

    s = 0,38 para cimento CPIII e CPIV

    s = 0,25 para cimento CPI e CPII

    s = 0,20 para cimento CPV-ARI.

    Da aplicao das frmulas anteriores, resulta a Tabela 5.

    Tabela 5 - Relaes fcj / fc28

    IDADE EM DIAS

    CIMENTO 3 7 14 28 60 90 120 240 360 10.000CPIII e CPIV 0,46 0,68 0,85 1 1,13 1,18 1,21 1,28 1,31 1,43 CPI e CPII 0,59 0,78 0,9 1 1,08 1,12 1,14 1,18 1,20 1,27

    CPV 0,66 0,82 0,92 1 1,07 1,09 1,11 1,14 1,16 1,21 Fonte: CARVALHO E FIGUEIREDO (2007).

    2.2.5.2 Transformao pela lei de Abrams

    Quando so conhecidos parmetros de dosagem para os componentes

    do concreto, a resistncia do concreto pode ser estimada pela Lei de Abrams:

  • 37

    fcj = A / Ba/c

    A determinao dos termos A e B requer vrios clculos e

    conhecimento dos materiais utilizados, entretanto, a Lei de Abrams parece ser a

    frmula de melhor preciso na estimativa da resistncia, pois a que leva em conta

    a maior quantidade de fatores.

    O crescimento da resistncia do concreto em condies climticas no

    controladas depende de muitos fatores, por isso difcil fazer alguma estimativa. O

    histrico de temperatura do concreto no decorrer do tempo, (principalmente nas

    primeiras horas e nos primeiros dias) e a umidade influenciam a velocidade de

    ganho de resistncia, assim como o histrico de carregamento (efeito Rush). Quanto

    mais precoce for o carregamento, maior ser a reduo da taxa de crescimento da

    resistncia.

    2.2.6 Umidade dos CPs e testemunhos no ensaio de compresso

    No controle de recebimento do concreto, os CPs devem ser rompidos

    seguindo a normatizao, ou seja, devem ser retirados da gua ou da estufa

    padronizada e serem imediatamente ensaiados. NBR 5739 (2007).

    Quando os CPs so curados junto estrutura, conforme item 8.3 da NBR

    5738 (2008), os CPs ao chegarem ao laboratrio devem permanecer em cmara

    mida normatizada at o momento do ensaio.

    2.2.7 Consideraes sobre o ganho de resistncia do concreto

    A consistncia do concreto durante o ganho de resistncia pode ser

    caracterizada em quatro momentos:

    a) Enrijecimento: perodo entre a mistura dos componentes e incio de

    pega. Nessa etapa o concreto vai perdendo trabalhabilidade.

  • 38

    b) Incio de pega: o concreto no tem mais trabalhabilidade e inicia-se a

    passagem para o estado slido.

    c) Fim de pega: concreto solidificado. A agulha de Vicat no o penetra.

    d) Endurecimento: o concreto comea a ganhar resistncia (formao da

    etringita).

    O pico de liberao de calor ocorre, na maioria dos cimentos, 4 a 8 hs

    aps a mistura, com a formao da etringita. (METHA E MONTEIRO, 2008).

    2.2.7.1 Cura

    Chama-se de cura os procedimentos que tem o objetivo de manter gua

    disponvel para a hidratao do cimento. Ela deve ser iniciada aps duas ou trs

    horas aps o lanamento nas frmas, e deve durar sete dias ou mais. Quanto maior

    for a relao a/c, por mais tempo deve ser curado o concreto. (METHA E

    MONTEIRO, 2008).

    2.2.7.2 Alta temperatura de cura

    As preocupaes com a alta temperatura ambiente durante a

    concretagem de estruturas esto relacionadas, principalmente, com a fissurao por

    retrao que ocorre pela evaporao da gua de amassamento na superfcie do

    concreto. A superfcie perde gua e retrai, enquanto o interior do concreto ainda est

    mido e no sofre retrao. Essa retrao diferencial entre o interior e a superfcie

    ocasiona as fissuras, que facilitam a entrada de agentes agressivos no concreto

    reduzindo sua vida til. A evaporao da gua tambm prejudica o ganho de

    resistncia, principalmente nos primeiros dias.

  • 39

    Garantida a gua no concreto, pode-se acelerar o ganho de resistncia

    inicial pelo aumento da temperatura, principalmente durante a pega. O inconveniente

    disso que a resistncia final ser menor.

    J a temperatura inicial mais baixa provoca um crescimento mais gradual

    da resistncia, fazendo com que o concreto adquira maior resistncia final. Esse

    fenmeno parece ser resultante da microestrutura da matriz do concreto mais

    uniforme, conforme estudos de pesquisadores. (METHA E MONTEIRO, 2008, p.64).

    Temperaturas muito elevadas nas idades iniciais podem no causar

    ganho de resistncia caso a umidade disponvel no seja suficiente para a

    hidratao do cimento. Se a temperatura se elevar ainda mais, chegar um

    momento em que mesmo com condies timas de umidade, a resistncia no

    aumenta, podendo se estabilizar ou at diminuir. O concreto em cura trmica por

    vapor de gua presso atmosfrica no deve exceder os 70C, na cura sem vapor

    no deve passar dos 40C. (METHA E MONTEIRO, 2008).

    Obteve-se acesso aos dados de um ensaio onde o concreto foi submetido

    a vrias temperaturas. A cura foi feita mantendo-se os corpos de prova imersos em

    gua com temperaturas controladas de 5C, 15C, 25C e 35C. Utilizou-se cimento

    CPV-Ari Cau Apia. Utilizaram-se trs traos com relaes gua/cimento de 0,45 ,

    0,60 e 0,75. As resistncias mdias compresso obtidas so visualizadas na

    Tabela 6.

    Tabela 6 - Resistncias compresso aos 28 dias.

    Relao a/c Temperatura (C)

    0,45 0,60 0,75

    5 45,4 37,5 24,3

    15 46,3 39,3 27,4

    25 52,8 42,7 25,8

    35 49,1 36,1 23,9 Fonte: IKEMATSU E LAGUNA (2010).

    Na Tabela 6 possvel constatar que para as relaes a/c de 0,45 e 0,60

    a melhor temperatura de cura foi de 25C, e aos 35C houve um menor ganho de

    resistncia do que aos 25C.

  • 40

    2.3 Ensaios No Destrutivos na avaliao da resistncia

    A estimativa da resistncia do concreto de uma estrutura pode ser feita na

    obteno direta do valor da resistncia atravs do ensaio de compresso de

    testemunhos extrados da estrutura. A resistncia tambm pode ser estimada

    atravs da medida de alguma propriedade do concreto, (por exemplo, a dureza

    superficial), correlacionando-a com a resistncia correspondente.

    A extrao e compresso de testemunhos , sem dvidas, o modo mais

    preciso na obteno da resistncia do concreto. H, no entanto, situaes onde no

    se pode realizar esse ensaio:

    Em locais com grande concentrao de armaduras;

    Em elementos estruturais de dimenses insuficientes para realizar o ensaio;

    Em concretos de baixa resistncia ou fissurados os testemunhos podem

    sair com trincas.

    A extrao de testemunhos tambm tem aplicao limitada em peas pr-

    moldadas, onde a cavidade deixada pelo ensaio pode inviabilizar a utilizao da

    mesma.

    Dentre os mtodos indiretos, destacam-se os Ensaios No Destrutivos

    (END), os quais medem alguma propriedade do concreto in situ provocando

    pequeno ou nenhum dano a ele. Cada mtodo possui suas peculiaridades, como a

    aparelhagem necessria, o tempo de sua execuo, o tratamento estatstico dos

    dados, a preciso dos resultados, o dano causado ao elemento ensaiado, e os

    custos envolvidos.

    As dificuldades maiores dos ENDs esto na eliminao dos fatores que

    causam variao ou distoro nas grandezas medidas e no traado da melhor curva

    de correlao da resistncia com a propriedade medida. Cada ensaio tem

    sensibilidade varivel a certas condies, por exemplo, o Ensaio Escleromtrico

    significantemente afetado por uma superfcie do concreto muito carbonatada,

    enquanto que o Ensaio de Ultra-som pouco influenciado por esse fator; j a

    presena de microfissuras pode influenciar no Ensaio de Ultra-som e praticamente

    no serem detectadas pelo esclermetro. Por essas diferenas de sensibilidade

    que alguns autores recomendam que se aplique em um mesmo elemento dois ENDs

    distintos, por exemplo, Ultra-som e Esclerometria, e que a resistncia final estimada

  • 41

    seja obtida por uma funo de duas variveis. As duas variveis so as duas

    propriedades medidas pelos dois ENDs.

    A seguir uma breve reviso sobre os principais Ensaios No Destrutivos

    voltados para avaliar a resistncia compresso do concreto.

    2.3.1 Ultrasom

    O ensaio de ultrasonografia consiste na medio do tempo de percurso

    de um pulso ultra-snico percorrer uma determinada distancia no interior do

    concreto. Dividindo-se o comprimento de concreto ensaiado pelo tempo para

    percorr-lo (medido no prprio aparelho) acha-se a velocidade. As curvas so

    traadas plotando o crescimento da velocidade do ultra-som com a idade.

    Para realizar o ensaio utiliza-se um aparelho (Figura 4) com dois

    transdutores, colocados, preferencialmente um de frente para o outro (transmisso

    direta), a freqncia do pulso de 54KHz (no aparelho mais difundido). Sua

    execuo requer habilidade por parte do operador, pois um ensaio bastante

    sensvel.

    Figura 4 - Aparelho de ultra-som. Fonte: MACHADO (2005).

  • 42

    2.3.2 Penetrao de pinos

    O Ensaio de Penetrao de Pinos, tambm conhecido por Windsor Probe

    Test, visa estimar a qualidade e a resistncia compresso do concreto pela

    medida da profundidade de penetrao de pinos disparados por uma pistola especial

    (Figura 5) contra uma superfcie de concreto. O princpio que rege o ensaio que

    quanto maior a profundidade de penetrao do pino, menor a qualidade e

    resistncia do concreto. Alguns autores consideram este ensaio como semi-

    destrutivo, pois apesar de ele no produzir dano estrutural, produz dano superficial

    no elemento ensaiado.

    Figura 5 - Sonda Windsor Fonte: JAMES (2010).

    2.3.3 Pull-off

    O Pull-off (ou Ensaio de trao direta) se baseia na estimativa da

    resistncia do concreto pela medida da fora de arrancamento de um disco metlico

    colado na superfcie do elemento de concreto, conforme pode ser visto na Figura 6.

  • 43

    Figura 6 - Ensaio de trao direta. Fonte: NEPOMUCENO (1999).

    2.3.4 Pull-out

    O Pullout (ou Ensaio de Arrancamento) permite estimar a resistncia do

    concreto atravs do arrancamento de um disco metlico no interior da pea a ser

    ensaiada, correlacionando a fora necessria ao arrancamento resistncia. O

    disco pode ser instalado na pea antes da concretagem, procedimento este

    chamado de lok-test, mas tambm pode ser inserido aps a concretagem

    utilizando o sistema capo-test. O Ensaio de Arrancamento propriamente dito se d

    da mesma maneira para os sistemas lok-test e capo-test, diferindo apenas no

    procedimento de insero do disco metlico. A sistemtica do ensaio pode ser vista

    na Figura 7.

    Aps a instalao do disco metlico, o ensaio resume-se instalao e

    utilizao do equipamento de trao que ir arrancar esse disco juntamente com

    uma pequena poro de concreto. Vai-se aplicando uma fora gradativamente maior

    no equipamento at a ruptura, fazendo-se a leitura do visor da fora aplicada (Figura

    8).

  • 44

    Figura 7- Estrutura do Ensaio de Arrancamento. Fonte: NEPOMUCENO (1999).

    Figura 8 - Execuo do Ensaio Pull-out. Fonte: NEPOMUCENO (1999).

    Assim como os ensaios de penetrao de pinos e de trao direta, o

    Ensaio de Arrancamento produz apenas danos superficiais no concreto (Figura 9),

    praticamente no reduzindo a capacidade resistente do elemento estrutural

    ensaiado.

  • 45

    Figura 9 - Elemento ensaiado com Pull-out. Fonte: NEPOMUCENO (1999).

    2.3.5 Maturidade

    A avaliao da resistncia do concreto pelo Mtodo da Maturidade se

    baseia no fato de que a resistncia do concreto ser tanto maior quanto maior for o

    produto temperatura X tempo. Para isso necessrio monitorar a temperatura

    interna do concreto e utilizar funes matemticas que fornecero uma estimativa da

    resistncia.

    2.3.6 Esclerometria

    Esclerometria o Ensaio No Destrutivo para avaliao da dureza

    superficial do concreto. Neste ensaio utiliza-se um aparelho denominado

    esclermetro de reflexo (ou Martelo de Schmidt) Com este aparelho obtm-se um

  • 46

    valor da dureza do concreto, chamado ndice Escleromtrico.. O uso do

    esclermetro de reflexo tem seu uso normatizado no Brasil pela NBR 7584 (1995).

    Alguns modelos de esclermetro encontrados comercialmente podem ser

    vistos nas Figuras 10, 11 e 12.

    Figura 10 - Aparelho com visor digital incorporado. Fonte: PROCEQ (2010)

    Figura 11 - Modelo digital mais sofisticado. Fonte: PROCEQ (2010)

    Figura 12 - Modelo com registro em papel do IE. Fonte: GOOGLE (2010)

  • 47

    A utilizao do Esclermetro simples: posiciona-se o esclermetro

    perpendicularmente superfcie a ser ensaiada, encostando-o e o pressionando-o.

    Atravs de um mecanismo interno de mola, uma massa metlica de caractersticas

    conhecidas arremessada contra a haste metlica, e esta se impacta no concreto.

    Ocorre um repique dessa massa tanto maior quanto mais duro (ou mais resistente)

    for o concreto. Faz-se a leitura desse repique (Figura 13), que atravs de uma curva

    de correlao conveniente, encontra-se a resistncia estimada do concreto naquela

    regio.

    Figura 13 - Mostrador analgico do IE de um esclermetro.

    As vantagens desse mtodo que ele no provoca danos estruturais,

    rpido de ser executado (caso as superfcies j tenham sido preparadas) e sua

    operao simples. Como principal desvantagem do ensaio que ele avalia

    somente a superfcie do concreto, a qual deve ser representativa de concreto em

    exame.

    Como este TCC tem por base o Ensaio Escleromtrico, maiores detalhes

    sobre o ensaio sero tratados em um sub-captulo a parte.

  • 48

    2.4 O Ensaio Escleromtrico e a resistncia do concreto

    De maneira geral, os fatores que influenciam a resistncia do concreto

    so, conforme Metha e Monteiro (2008):

    Propriedades dos componentes;

    Propores dos componentes e

    Condies de cura e idade.

    Entende-se por propriedades dos componentes o tipo de cimento,

    granulometria dos agregados grado e mido, tipo de agregado grado e mido.

    Propores dos componentes seria o trao do concreto. Condies de cura a

    disponibilidade de gua para o concreto, que pode levar em conta a umidade relativa

    do ar.

    A seguir se detalha os fatores que exercem maior influncia na resistncia

    do concreto e no ndice Escleromtrico (IE).

    a) Trao do concreto

    Ao proporcionamento dos materiais constituintes do concreto d-se o

    nome de trao. Academicamente ele sempre referido em massa, mas nas obras

    correntes, na maioria das vezes, expresso em volume. Ele representado na

    forma 1 : x : y : a/c, onde 1 corresponde massa de cimento, x massa de

    agregado mido, y de agregado grado e a/c a relao gua/cimento. Desses

    quatro termos, o que define com maior intensidade a resistncia que o concreto ir

    adquirir, a relao gua/cimento.

    b) Relao a/c

    A relao a/c , sem dvida, o fator mais importante na variao do trao

    do concreto, porque afeta a porosidade da matriz da argamassa e da zona de

    transio entre a matriz e o agregado grado (METHA E MONTEIRO, 2008, p.52).

    Um aumento na porosidade reduz a resistncia do concreto e o IE.

    c) Adensamento

    O adensamento insuficiente pode provocar o no preenchimento

    completo das frmas, formando vazios no concreto, o que reduz a capacidade

  • 49

    resistente do elemento estrutural. O Ensaio Escleromtrico visa avaliar a resistncia

    do concreto e no do elemento estrutural, no entanto caso o vazio deixado pelo

    adensamento inadequado esteja prximo do local de ensaio, o IE pode ser reduzido,

    prejudicando o resultado.

    A exsudao pode ocorrer de maneira mais intensa em elementos de

    maior altura, onde a parte mais alta tem um aumento na relao a/c, enquanto a

    parte mais baixa do elemento tem uma reduo. Esse fenmeno pode se pronunciar

    com um adensamento exagerado, por um trao inadequado ou ainda por

    caractersticas inadequadas dos materiais empregados. A variao da relao a/c

    implica na variao da resistncia, o que acarreta variao no IE.

    A segregao do agregado grado pode ocasionar variao no IE e na

    resistncia. Para uma mesma argamassa/pasta, o aumento do consumo de

    agregado grado por m tende a aumentar o IE, entretanto, sua influncia na

    resistncia mais complexa de predizer devido a outros fatores intervenientes.

    d) Ar incorporado

    O ar pode estar incorporado no concreto de maneira localizada e

    involuntria, pelo adensamento inadequado, como visto no item anterior, ou de

    maneira intencional e com uma distribuio relativamente uniforme, com o uso de

    aditivos incorporadores de ar. A incorporao de ar aumenta a porosidade da matriz

    cimentcia, reduzindo, portanto, a resistncia. Essa reduo mais sentida em

    concretos com baixa relao a/c. Nas teses de doutorado e mestrado consultadas

    no foram encontradas informaes a respeito da influncia do ar incorporado no IE.

    e) Tipo de frma

    A permeabilidade da frma pode reduzir a relao a/c na superfcie

    aumentando o IE. Meireles e Geyer (2003), utilizando frmas drenantes com o uso

    de txteis encontrou um aumento de 100% na resistncia superficial ao que

    parece, Meireles utilizou a curva de correlao do esclermetro na determinao da

    resistncia superficial. Dessa forma percebe-se que o IE na superfcie pode variar

    dependendo do material da frma, alterando a determinao da resistncia do

    concreto.

    Outro item importante das frmas sua umidade, supe-se que ela pode

    colaborar no processo de cura da camada mais externa do concreto, no entanto, no

  • 50

    foi encontrado na literatura consultada, sua influncia no IE. O tempo de

    descimbramento tambm pode influenciar nas caractersticas da superfcie do

    concreto.

    f) Cura e histrico de temperatura

    A cura bem realizada otimiza o crescimento da resistncia, assim o IE

    tambm aumenta. A temperatura mais elevada no concreto jovem acelera as

    reaes qumicas fazendo o concreto ganhar resistncia mais rapidamente,

    aumentando o IE. Deve-se atentar ao fato de que o aumento da resistncia do

    concreto nem sempre se d na mesma proporo do aumento do IE, e vice-versa.

    g) Carbonatao

    A norma brasileira do Ensaio Escleromtrico NBR 7584 (1995) considera

    que as curvas de correlao so vlidas para concretos de idade entre 14 e 60 dias,

    pela considerao da idade e da carbonatao As normas NM 78 (1996) e BS

    1881:Part 202 (1986) consideram que at 90 dias de idade no necessrio levar

    em conta a carbonatao do concreto no Ensaio Escleromtrico. Quanto maior a

    espessura carbonatada, maior ser sua influncia no IE.

    h) Umidade do concreto

    Um elemento estrutural mido tem sua resistncia e o IE reduzidos. Se

    essa umidade for apenas superficial, a resistncia praticamente no sofre efeito,

    enquanto que o IE continua reduzido. A norma brasileira do Ensaio Escleromtrico

    recomenda que a superfcie esteja seca para padronizar o ensaio.

    i) Rigidez da pea ensaiada

    A vibrao da pea ensaiada no impacto do esclermetro reduz o IE e

    diminui a preciso da correlao do IE com a resistncia. Essa vibrao pode ser

    ocasionada pela baixa inrcia da pea ou por sua fixao inadequada ou inexistente.

    f) Agregados grados

    O impacto diretamente no agregado grado acarreta elevado IE, j que

    para concretos de resistncia baixa e normal o agregado grado tem maior

    resistncia (e rigidez) que o prprio concreto.

  • 51

    Variaes do agregado grado na sua resistncia, dimenso mxima,

    forma, textura superficial, granulometria e mineralogia podem afetar a resistncia do

    concreto. Geralmente as alteraes nas caractersticas dos agregados grados

    ocasionam alterao na relao a/c, e a variao da resistncia e do IE ficam

    condicionados a essas duas alteraes. (METHA E MONTEIRO, 2008).A densidade

    do agregado grado pode inferir de maneira significante no IE, e deve ser

    considerada na obteno de curvas de correlao entre resistncia e IE.

    g) Temperatura do concreto

    O concreto quando em temperatura igual ou inferior a 0C pode inferiir em

    um IE mais elevado pela solidificao da gua presente no concreto.

    h) Presena de armaduras

    O IE pode ser influenciado pela presena de barras de ao no interior do

    concreto nas proximidades do impacto do esclermetro. Quanto menor a resistncia

    do concreto, menor a espessura de cobrimento e maior o dimetro da barra, maior

    ser o aumento no IE.

    2.4.1 Recomendaes para o Ensaio Escleromtrico

    Para se obter bons resultados no Ensaio Escleromtrico se faz necessrio

    seguir algumas recomendaes como se segue.

    a) frmas

    A norma brasileira do Ensaio Escleromtrico NBR 7584 (1995) em seu

    item 4.1.2 recomenda que se utilize nos moldes dos CPs o mesmo tipo de material

    utilizado na estrutura a ser ensaiada:

    MALHOTRA (1991 apud NEPOMUCENO,1999, p. 80), afirma que o IE de

    concretos moldados em frmas metlicas entre 5% e 35% maior do que em

    moldes de madeira. J em MACHADO (2005), cita-se que as frmas de madeira

    compensada absorvem a umidade do concreto, provocando maiores IE. Essa

  • 52

    divergncia de opinies alvo de estudo neste TCC e foi verificada

    experimentalmente no item 3.3.

    b) tamanho e geometria dos CPs

    A norma brasileira recomenda que as peas a serem ensaiadas devam

    ter no mnimo 10cm na direo do impacto, e caso isso no seja possvel, um apoio

    deve ser colocado na superfcie oposta ao impacto para dar maior rigidez pea e

    evitar a dissipao da energia por vibrao.

    A norma tambm d preferncia por superfcies planas do concreto, o que

    denota o uso de frmas tambm planas. Nas teses e artigos consultados, observou-

    se a preferncia pela execuo do Ensaio Escleromtrico nos corpos de prova

    cilndricos, os quais eram posteriormente ensaiados compresso. Desta maneira,

    obtm-se uma relao direta entre resistncia e IE. De modo a obter uma viso

    global dos tamanhos e geometrias dos CPs utilizados nas publicaes nacionais

    acerca do Ensaio Escleromtrico, cita-se o que segue:

    - Artigo do 50 IBRACON, Estudo comparativo entre os ensaios de

    esclerometria e ultra-som no concreto, de autoria de Darciley Arajo: utilizou CPs

    10x20 em p, no cho, e aplicou os impactos no topo;

    - Artigo do 50 IBRACON, Avaliao de desempenho do ensaio de

    esclerometria na determinao da resistncia do concreto endurecido, de autoria de

    Clcio Jos Escobar: usou CPs cbicos de 20, 30 e 40cm de aresta, simplesmente

    soltos no cho.

    - Artigo do 49 IBRACON, Utilizao de Ensaios No destrutivos para

    liberao de protenso em peas de concreto pr-fabricado, de autoria de Thiago

    Spilere Pieri: usou CPs 10x20 na prensa. A carga na prensa no foi divulgada.

    - Artigo do 49 IBRACON, Ensaios No destrutivos para avaliao da

    qualidade do concreto nas primeiras idades, autoria de Sandro Eduardo da Silveira

    Mendes: usou CPs 15x30cm na prensa, carga no divulgada.

    - Artigo do 45 IBRACON, Aplicao de tcnicas no-destrutivas para

    avaliao da resistncia compresso do concreto, autor Roberto Caldas de

    Andrade Pinto: foram utilizados CPs prismticos 15x20x60cm e lajes de grandes

    dimenses, provavelmente ambos ficaram simplesmente apoiados no cho.

    - Artigo Observao de estruturas de beto de elevados desempenhos

    atravs de ensaios in situ no-destrutivos, autoria de E.N.B.S. Jlio, da

  • 53

    Universidade de Coimbra, Portugal: usou CPs prismticos 15x15x60cm e CPs

    cbicos de aresta 15cm.

    - MACHADO (2005): foram usados CPs 15x30 na prensa a 15% da

    carga estimada de ruptura.

    - EVANGELISTA (2002): usou CPs 15x30 na prensa, carga no

    divulgada.

    - CMARA (2006): foram usados CPs 10x20 na prensa a 1MPa.

    - NEPOMUCENO (1999): usou laje de grandes dimenses apoiada no

    cho.

    A execuo do Ensaio Escleromtrico em CPs de dimenses tais que

    possibilitem sua colocao na prensa, vantajosa no sentido de que fixa o CP

    causando-lhe certa restrio vibrao, e reproduz as tenses a que o concreto em

    obra est submetido, alm de proporcionar uma posio ergonmica ao operador do

    esclermetro.

    c) Tipo de esclermetro

    O tipo de esclermetro indicado para casos normais, de edifcios e

    postes, conforme a norma brasileira do Ensaio Escleromtrico, o de energia de

    percusso de 2,25 N.m, que comercialmente equivaleria ao esclermetro tipo N

    (Figura 14).

    Figura 14 - Esclermetro de Schmidt tipo N.

    d) Superfcie de ensaio

    As superfcies de ensaios devem ser secas ao ar, limpas e

    preferencialmente planas. O tipo de frma indicada a no-absorvente. Devem-se

  • 54

    evitar superfcies horizontais, midas, carbonatadas, irregulares, speras, curvas ou

    talhadas. A norma recomenda que a superfcie seja polida com prisma ou disco de

    carborundum. Tambm se deve evitar o impacto diretamente nos agregados, dando

    preferncia ao impacto na matriz de concreto. No permitido o impacto em um

    ponto j ensaiado, caso isso ocorra, o segundo valor deve ser descartado. NBR7584

    (1995).

    e) rea de ensaio As reas de ensaio devem estar afastadas das regies afetadas por

    segregao, exsudao, concentrao excessiva de armadura, juntas de

    concretagem, cantos, arestas, etc. Dessa maneira, conveniente evitar bases e

    topos de pilares, regies inferiores de vigas, quando no meio do vo, e regies

    prximas dos apoios. NBR7584 (1995).

    Os impactos do esclermetro devem distar de, no mnimo, 3cm um do

    outro e 5cm de arestas e cantos. Deve-se delimitar a rea de ensaio entre 80cm e

    400cm, para executar de 9 a 16 impactos (Figura 15 e Figura 16). A essa rea

    corresponder um nico valor de IE, que por sua vez, corresponder a um nico

    valor de fcj.

    Figura 15 - rea de ensaio de 9cm X 9cm, para 9 impactos,

    sugerida pela NBR 7584 (1995). Fonte: NBR 7584 (1995)

  • 55

    Figura 16 - rea de ensaio de 20cm X 20cm, para 16 impactos,

    sugerida pela NBR 7584 (1995). Fonte: NBR 7584 (1995)

    f) Posio do esclermetro

    O aparelho deve ser aplicado preferencialmente na posio horizontal, ou

    seja, em superfcies verticais. Sendo necessrio aplicar em outras posies, o IE

    deve ser corrigido com os coeficientes fornecidos pelo fabricante do esclermetro.

    Esses coeficientes levam em considerao a ao da gravidade e so especficos

    para cada tipo de esclermetro. NBR7584 (1995).

    g) Tratamento dos resultados

    Para a determinao do IE para uma rea, deve-se proceder o clculo da

    mdia aritmtica dos IE individuais dessa rea, achando IEm. Deve-se desprezar os

    IE que estejam afastados (para mais ou para menos) em mais de 10% da mdia do

    IEm e calcular novo IEm. O IE final deve ser obtido com, no mnimo, 5 valores

    vlidos. Caso isso no seja possvel, o ensaio nessa rea deve ser descartado.

    2.4.2 Curva de correlao

    As curvas de correlao correlacionam graficamente o IE (ndice

    Escleromtrico) com a respectiva resistncia. Um exemplo de curva de correlao

    pode ser visto na Figura 17.

  • 56

    Figura 17 - Exemplo de curva de correlao para o Ensaio Escleromtrico. Fonte: MACHADO (2005).

    A curva de correlao obtida com concretos de trao conhecido,

    mantido em condies ambientais conhecidas. Aplica-se o Ensaio Escleromtrico no

    concreto desconhecido, obtendo o IE, que na curva de correlao ir indicar a

    resistncia compresso estimada do mesmo.

    A curva de correlao deve considerar os fatores desconhecidos do

    concreto a ser ensaiado, que podem influenciar na resistncia e no IE, (uma lista

    com vrios fatores foi vista no item 2.4). Por exemplo, ao ensaiar vrios pilares de

    uma obra de concreto usinado, concretados com betonadas diferentes, em dias

    diferentes, pode-se ter como principais fatores desconhecidos:

    - Idade;

    - Histrico de temperatura;

    - Cura;

    - Variao do trao e das propriedades dos materiais.

    Os fatores que a norma NM 78 leva em conta so somente a idade e

    variao da relao a/c, ou seja, sua aplicao no voltada para os concretos de

    obras.

    Para a plotagem da curva de correlao necessrio dispor de curvas do

    crescimento da resistncia do concreto e do crescimento do IE com a idade. As

    normas internacionais do diferentes instrues para o traado delas. Como no foi

  • 57

    possvel obter acesso a elas, cita-se a seguir o que foi encontrado traduzido em

    teses de mestrado e doutorado.

    RILEM NDT 3: indica que deve ser variado o nvel de resistncia dos CPs.

    NBR 7584 (1995): A norma brasileira no detalha como devem ser obtidas as

    curvas de correlao.

    BS 1881 Part 202 (1986): ou variar a idade ou variar as propores dos

    componentes.

    NM 78: variar a relao a/c de 0,4 a 0,7, em intervalos de 0,05 e variar a

    idade (Figura 18). As teses nacionais consultadas utilizam essa norma como

    referncia para os ensaios.

    ACI 228.1R (2003): variar a idade. (MACHADO,2005; EVANGELISTA,2002).

    Conforme a norma BS1881:Part 202 (1986 apud MACHADO,2005) a

    idade na curva de correlao pode ser desprezada em concretos com idade entre 3

    e 90 dias. A mesma norma recomenda a utilizao de curvas para cada tipo de cura,

    ou seja, o concreto de resistncia desconhecida deve ter sido mantido nas mesmas

    condies de temperatura e cura que o concreto utilizado na curva de correlao.

    Figura 18 - Variao da resistncia na idade para 5 tipos de traos. Fonte: MACHADO (2005).

  • 58

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA

    A pesquisa deste trabalho foi dividida em trs etapas, de modo a

    contemplar alguns aspectos do Ensaio Escleromtrico que ainda no foram

    devidamente esclarecidos na literatura tcnica nacional.

    - PRIMEIRA ET