revolucao permanente

Post on 26-Jun-2015

784 Views

Category:

Documents

1 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

REVOLUÇÃO PERMANENTE

Século XIX

A CONDIÇÃO DO ARTISTA

RUPTURA COM A TRADIÇÃO

• Distinção entre arte e ofício• Conquista de liberdade de criação• Ampliação do campo da arte =

distanciamento do gosto do público• Obediência às convenções e satisfação do

público X Isolamento artístico e dificuldades financeiras

ARTISTAS DE SUCESSO X ARTISTAS INCORFORMADOS

• “A história da pintura no século XIX difere de maneira considerável da arte que estivemos analisando até agora. Nos períodos anteriores, usualmente os mestres mais notáveis, os artistas cuja habilidade era suprema, aqueles que recebiam as encomendas mais importantes, eram os que mais depressa ficavam famosos. Pense-se em Giotto, Miguel Ângelo, Holbein, Rubens ou mesmo Goya. [...] Só no século XIX é que abriu um abismo entre os artistas de sucesso – os que contribuíam para a “arte oficial” – e os inconformistas, que só acabavam sendo apreciados depois de mortos”. (Gombrich, p. 503)

TRADIÇÃO E MODERNIDADE• Adeptos da Academia X Críticos do “academicismo”• Técnica X Individualidade• Desenho (Ingres) X cor (Delacroix)• Saber (Ingres) X imaginação (Delacroix)• Antiguidade clássica (Ingres) X Mundo árabe (Delacroix)• Admiração por Poussin e Rafael (Ingres) X Preferência por

Rubens e os venezianos (Delacroix)• Temas clássicos X Valorização da natureza (Corot)• Personagens e temas “dignos” X Trabalhadores e camponeses

(Millet)• “Estilo grandiloqüente” (Academias de arte) X Sinceridade

artística (Courbet)

CAPITAL ARTÍSTICA DA EUROPA NO SÉCULO XIX

• Século XV: Florença• Século XVII: Roma• Século XIX: Paris

INGRES E DELACROIX: DUAS CONCEPÇÕES EM CONFLITO

MANUTENÇÃO DA TRADIÇÃO

Jean-Auguste-Dominique Ingres. A banhista de Valpinçon, 1808 (Fr)

Formas clássicas

Composição comedida

Economia de elementos

Segurança técnica

Gradação das tonalidades

Contornos precisos

RUPTURA COM O NEOCLASSICISMO

Eugène Delacroix. Cavalaria árabe fazendo uma investida, 1832 (Fr)

Indefinição do contornos

Composição irregular

Registro de um momento de intensa excitação (uma cavalaria árabe com destaque para o corcel no primeiro plano)

No diário da viagem ao norte da África, feita em 1832, para estudar as cores resplandescentes e as roupagens românticas do mundo árabe, Delacroix anotou: “Desde o começo, os corcéis se empinavam, lutando com uma fúria que me fez temer por seus cavaleiros, mas era algo magnífico para pintar. Estou certo de que presenciei uma cena tão extraordinária e fantástica quanto qualquer coisa que ... Rubens poderia ter imaginado”. (apud Gombrich, p. 506)

O REALISMO

“DIGNIDADE NATURAL”

Jean-François Millet. As Respingadeiras, 1857 (Fr)

Contornos simples

Campina brilhante

Dignidade mais natural e mais convincente

Arranjo casual à primeira vista

Cálculo do movimento

Distribuição das figuras

Estabilidade ao todo

O “REALISMO” DE COURBET

Gustave Courbet. O Encontro ou “Bonjour Monsieur Courbet”, 1854 (Fr)

Poses, linhas e cores nada espetaculares

Protesto às convenções vigentes

Crítica ao gosto burguês

Manifesto de “sinceridade artística”

Numa carta de 1854, Courbet escreveu: “Espero sempre ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um milímetro dos meus princípios, sem ter mentido à minha consciência nem por um único momento, sem pintar sequer o que pode ser coberto pela palma da mão só para agradar a alguém ou para vender mais facilmente”. (Apud Gombrich, p. 511)

IRMANDADE PRÉ-RAFAELITA: RETORNO À IDADE MÉDIA

Dante Gabriel Rossetti. “Ecce Ancilla Domini”, 1849-50 (Londres/In)

O IMPRESSIONISMO

A PERCEPÇÃO DAS CORES AO AR LIVRE

Édouard Manet. O Balcão, 1868-9 (Fr)

Em 1863 se dá o primeiro episódio de uma longa batalha entre artistas e críticos: sob protesto de artistas conservadores, o júri da exposição oficial “O Salon” recusou a exibição das obras de Manet que resultou na exposição alternativa “Salon dos Recusados”

Modelação atípica das cabeças das damas

A observação de cada elemento como o nariz da mulher de pé é de figuras planas, ao contrário da visão geral com uma real profundidade causada pelo efeito da vigorosa cor verde no parapeito do balcão

“Ao ar livre e sob a plena luz do dia, as formas redondas parecem às vezes planas, quais meras manchas coloridas. Era esse efeito que Manet queria explorar. Daí resulta que, quando nos colocamos diante de um de seus quadros, ele parece mais imediatamente real do que qualquer mestre antigo. Temos a ilusão de estar mesmo face a face com esse grupo no balcão”. In: Gombrich, p . 517

NOVO “ATELIÊ”: A PINTURA DA NATUREZA AO AR LIVRE

Édouard Manet. Monet Trabalhando em seu Barco, 1874 (Fr)

NOVOS MOTIVOS

Claude Monet. Estação de St-Lazare, 1877 (Fr)

Monet tinha “convicção de que os efeitos mágicos de luz e ar eram muito mais importantes do que o tema de uma pintura”. (Gombrich, p. 520)

Descrição pensada

Equilíbrio de tons e cores

RECEPÇÃO DO IMPRESSIONISMO

Apud Gombrich, p. 519.

PROCESSO DE ACEITAÇÃO

• Processo de autocrítica da crítica aos impressionistas• O impacto na arte da invenção da fotografia: a

máquina fotográfica portátil, o instantâneo e a substituição da arte pictórica

• O contato dos europeus com gravuras japonesas a partir do século XIX quando o Japão foi obrigado a desenvolver relações comerciais com a Europa e a América

• Importância da influência de Rodin no mundo artístico

XILOGRAVURAS JAPONESAS

Katsushika Hokusai. O Monte Fuji Visto Atrás de um Poço, 1835 (Jp)

Kitagawa Utamaro. Subindo uma Cortina para a Vista de uma Ameixeira em Flor, final de 1790 (Jp)

UM “CLIMA” IMPRESSIONIS

TA

OPOSIÇÃO ÀS CONVENÇÕES DA PINTURA EUROPÉIA

Admiração por Ingres

Cores impressionistas

Gosto pelo cotidiano

Cortes atípicos

Ângulos inesperados

Objetividade desapaixonada

Não há história nos quadros

Jogo de luz e sombra e a incidência dele sobre a forma humana, o movimento e o espaço Edgar Degas. A banheira, 1886 (Fr)

Edgar Degas. Place de la Concorde, 1875 (Paris/Fr)

Edgar Degas. Place de la Concorde, 1875 (Paris/Fr)

...ANTES

Tintoretto. São Jorge e o Dragão, c. 1555-8 (Veneza/It)

O veneziano Tintoretto também demonstrou ser contrário às regras clássicas de composição

DEPOIS...

W. Eugene Smith. O Estrangeiro na Cidade, 1942; Sem título, c. 1959-68

A ESCULTURA

Auguste Rodin. O Pensador, 18? (Paris/Fr)

Desprezo pelo “acabamento”

Convite à imaginação

Aspecto bruto

Ainda que Rodin tenha sido uma celebridade pública em vida, também sofreu violentos ataques da crítica

Auguste Rodin. A Mulher Jovem, 1885; A mão de Deus, 1898 (Paris/Fr)

ABISMO ENTRE ARTISTA E PÚBLICO

James Abbott McNeill Whistler. Arranjo em Cinza e Preto: Retrato da Mãe do Artista, 1871 (Londres/In)

Em 1887, Whistler expôs peças noturnas à maneira japonesa e cobrou 200 guinéus a entrada.

Sobre a exposição “Noturnos”, o crítico inglês John Ruskin (1819-1900) escreveu: “Eu jamais esperaria ouvir um janota presumido pedir 200 guinéus para jogar um vido cheio de tinta no rosto do público”.

No processo por calúnia movido por Whistler contra Ruskin, a questão do acabamento foi colocado em questão. Perguntaram ao artista se 200 guinéus não era muito para “dois dias de trabalho”, ao passo que ele respondeu: “Não, pedi-a pelos conhecimentos acumulados ao longo de uma vida inteira”.(Apud Gombrich, p. 531-3)

ENTRE O PASSADO E O FUTURO

• As conseqüências da Revolução Industrial para a arte desencadearam dois movimentos distintos:

• Um, o de regenerar a arte medieval como almejava os adeptos da Irmandade Pré-Rafaelita em meados do século XIX

• Outro, o de fundar uma “Nova Arte” como ocorreu com a Art Nouveau a partir de 1890

ARTE MODERNA

NOME GENÉRICO PARA UMA INFINIDADE DE EXPERIMENTAÇÕES

• Que tinha em comum um sentimento de inconformismo e descontentamento

In: Gombrich, p. 536

DIVERGÊNCIAS EM TORNO DOS MEIOS, NÃO DOS FINS

• A natureza como ela é: principal diferença entre os artistas impressionistas e a arte moderna

In: Gombrich, p. 536

RUPTURAS COM A

REPRESENTAÇÃO FIEL DA

NATUREZA

DESCOBERTAS FORMAIS + ORDEM CLÁSSICA

• Paul Cézanne dispôs-se a resolver o seguinte impasse: como fazer uso das descobertas dos artistas impressionistas (no campo da cor e da modelagem) sem abrir mão das conquistas dos mestres clássicos (Ex. Poussin)?

In: Gombrich, p. 536

LUZ/COR + FORMAS/SOMBRAS + PROFUNDIDADE/DISTÂNCIA

Paul Cézanne. Monte Sainte-Victoire visto de Bellevue, c. 1885 (Fr)

MUDANÇA NA DIREÇÃO DAS PINCELADAS SEM RECORRER AO DESENHO DE CONTORNOS

Paul Cézanne. Montanhas na Provença, 1886-90 (Fr)

FORMAS SIMPLES E BEM DELINEADASEQUILÍBRIO E TRANQUILIDADE

Paul Cézanne. Mme. Cézanne, 1883-7 (Fr)

NATUREZA-MORTA:VIRTUOSISMO X COR/MODELAÇÃO

Willem Kalf. Natureza-morta com Taça da Guilda dos Arqueiros de São Sebastião, Lagosta, Copos, c. 1653 (Hl)

Paul Cézanne. Natureza-morta com Prato de Cerejas, 1885-87 (Fr)

SACRIFÍCIOS DE CÉZANNE

In: Gombrich, p. 544

PONTILHISMO: MÉTODO IMPRESSIONISTA DA PINTURA + TEORIA DA VISÃO CROMÁTICA

Georges Seurat. A Ponte de Coubevoie, 1888 (Paris/Fr)

TRABALHO SOLTO E AUDACIOSO ≠TENSÃO EMOCIONAL DO ARTISTA

Vicent van Gogh. A Noite Estrelada, 1889 (Fr)

Vicent van Gogh. O Quarto do Artista em Arles, 1889 (Fr)

DESCRIÇÃO DO QUADRO

Vincent van Gogh apud Gombrich, p. 544

CÉZANNE E VAN GOGH: CAMINHOS DIFERENTES P/ PROBLEMAS COMUNS

In: Gombrich, p. 548

GAUGUIN: O RETORNO AO PRIMITIVO

• Viagem ao Taiti• Uma arte intencionalmente “bárbara”,

rudimentar, selvagem, primitiva, exótica

In: Gombrich, p. 551

(DES)CAMINHOS

• “Aquilo a que chamamos arte moderna nasceu desses sentimentos de insatisfação; e as várias soluções que esses três pintores tinham buscado converteram-se nos ideais de três movimentos na arte moderna. A solução de Cézanne levou, em última análise, ao cubismo, que se originou na França; a de Van Gogh converteu-se no expressionismo, que na Alemanha encontrou sua principal resposta; e a de Gauguin culminou nas diversas formas de primitivismo”. In: Gombrich, p. 553

REFERÊNCIAS

• CLARK, T. J. A pintura da vida moderna: Paris na arte de Manet e de seus seguidores. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

• GOMBRICH, Ernst. História da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.

• JANSON, H. W.; JANSON, Anthony F. Iniciação à história da arte. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

• NOVAES, Adauto. Artepensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

CRÉDITOS

Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)Curso: Bacharelado em HumanidadesDisciplina: História da Arte e da CulturaDocente: Miliandre GarciaBlog: www.historiaculturaearte.blogspot.com

* A maioria das imagens foram extraídas da internet (Google), outras são fotos pessoais e uma parte escaneada dos livros citados

top related