os desafios da escola pÚblica paranaense … se transformar em um leitor ativo. conforme kleiman...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
MARIA APARECIDA MENDONÇA
FÁBULA - UM INSTRUMENTO PARA A LEITURA NAS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Londrina 2014
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
MARIA APARECIDA MENDONÇA
FÁBULA - UM INSTRUMENTO PARA A LEITURA NAS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado ao Colégio Estadual Nilo Cairo, Apucarana, Paraná, Núcleo Regional de Educação de Apucarana, como requisito parcial ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Orientadora: Profª Drª Fabiane Cristina Altino
Londrina 2014
SUMÁRIO
1 FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO ............................................................................... 3
2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL.............. 5
1° MOMENTO: Sondagem sobre os conhecimentos dos alunos em relação aos
gêneros do discurso. ................................................................................................... 7
2º MOMENTO: Identificação de alguns gêneros do discurso mais comuns como:
bilhete, e-mail, conto, carta, anedota, receita culinária, bula de remédio etc. ............. 7
3º MOMENTO: Conhecimento a respeito das fábulas e seus autores ........................ 7
4º MOMENTO: Apresentação no data show algumas fábulas .................................... 7
5º MOMENTO: Reconhecimento do gênero ............................................................... 7
6º MOMENTO:Levar os Alunos à Identificação De Atitudes Humanas Com
OComportamento Dos Animais. .................................................................................. 9
7º MOMENTO: Levar os alunos na biblioteca, a fim de pesquisarem outras fábula e
seus autores listando-as em seus cadernos. ............................................................ 12
8º MOMENTO: Moral da Fábula ............................................................................... 12
9º MOMENTO: Análise Linguística ........................................................................... 14
10º MOMENTO: Produção e Reecrita do Texto ........................................................ 18
ANEXOS ................................................................................................................... 25
ANEXO A – IDENTIFICAÇÃO DE GÊNEROS DISCURSIVOS ................................ 26
ANEXO B – FÁBULAS .............................................................................................. 27
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1 FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA - TURMA - PDE/2014
FÁBULA – UM INSTRUMENTO PARA A LEITURA NAS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Autor Maria Aparecida Mendonça
Disciplina/Área (PDE) Português
Escola de implementação
do projeto e sua localização
Colégio Estadual Nilo Cairo – Ensino Fundamental,
Médio e Normal
Rua Osório Ribas de Paula, 970 - Centro
Município da escola Apucarana – PR
Núcleo Regional de
Educação
Apucarana – PR
Professor Orientador Fabiane Cristina Altino
Instituição de Ensino
Superior
UEL – Londrina
Relação Interdisciplinar
Resumo
Esta Sequência didática fundamenta-se, em primeiro lugar, na orientação das Diretrizes Curriculares Estaduais possibilitando maior contato do aluno com as linguagens nas diferentes esferas sociais, através de atividades planejadas para que possa se transformar em um leitor ativo. Conforme Kleiman (2004, p.10), se ninguém gosta de fazer aquilo que não faz sentido, então a prática pedagógica deve proporcionar prazer e aplicação imediata e foi nesse sentido que o presente projeto foi pensado. A fábula oferece ao educando um modelo de raciocínio capaz de reduzir uma situação a uma evidente relação de sentido da vida com níveis de resultados alcançados em ações praticadas por animais, mas que assemelham à dos homens. Esse reconhecimento permite o entendimento de ações humanas fundamentais e a verdade que deslumbra no dia a dia. Ao refletir sobre a situação social explícita na fábula, o aluno desperta para um processo de reconhecimento existencial e de específico significado, uma vez que a observação da fábula lhe permite reconhecer a informação sobre o mundo e o instante da realidade ressaltada pelo autor. Aliado a essas habilidades é
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FÁBULA – UM INSTRUMENTO PARA A LEITURA NAS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA
indispensável que o aluno saiba conciliar as características dos elementos estruturais, bem como a história do gênero considerando as particularidades estéticas individuais de cada texto. Dessa forma, pretende-se ampliar a capacidade linguístico-discursiva em atividade e uso pelo aluno, a reflexão sobre o sentido do enunciado, a intenção de quem os produz, os recursos usados no texto e o que eles expressam, proporcionando um aprendizado de qualidade e a prática significativa da língua.
Palavras chave Fábula, leitura, construção de sentido
Formato do
Material Didático
Sequência Didática
Público Alvo 8º ano
5
2 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL
A elaboração dessa sequência didática fundamenta-se na teoria dos
gêneros textuais para o ensino da Língua Portuguesa. Para Schneuwly e Dolz é na
interação através dos gêneros discursivos, numa proposta de ensino-aprendizagem
organizada a partir dos gêneros textuais, atribuindo à linguagem e à
instrumentalização a construção do conhecimento e formação do cidadão.
Considerando o gênero como instrumento de caráter psicológico mediador do
processo de ensino-aprendizagem na leitura e na escrita, a classificação objetiva
das tipologias textuais vão fazer sentido na aquisição de diferentes formas de
discursos.
Bakhtin e Volochinov (1992), afirma que na sala de aula, é possível ao
professor desenvolver um trabalho com oralidade, que descortina oportunidade ao
aluno de conhecer e usar as variedade linguística padrão e perceber o uso nas
diversas esferas sociais, usando com interlocutores no dia a dia, quanto nas
situações mais complexas, se posicionando criticamente na sociedade tão complexa
e diversa nas suas contradições.
Enquanto que Scheneuwly (2010, p. 51) na proposta de agrupamento de
gêneros, sugere que cada um seja trabalhado em todos os níveis de escolaridade,
pois pedagogicamente oferece aos alunos vias diferentes de acesso à escrita;
didaticamente, oportuniza identificar gêneros; e socialmente assimila a linguagem
como instrumento de aprendizagem e a apreensão do conhecimento através da
reflexão.
Ainda segundo o autor (2010, p.63) “é através do gênero que as práticas de
linguagem materializam-se nas atividades dos aprendizes”, portanto é através das
suas construções orais e escritas, que o professor mediador fará inferências para
que haja a apropriação do conhecimento nos seus diferentes níveis.
Os gêneros como suporte de uma atividade de linguagem (2010, p. 64) são
essenciais três dimensões:
1) os conteúdos de conhecimento que se desejam transmitir;
2) os elementos que fazem parte do gênero escolhido;
3) “a posição do enunciado e dos conjuntos particulares de sequências
textuais e tipos discursivos que formam sua estrutura”.
6
A escolha do gênero na escola (2010, p. 69), partindo de uma decisão
didática tem como objetivos a aprendizagem do gênero inicialmente; desenvolver
capacidades que ultrapassem o gênero e associem a outros gêneros; e colocar os
alunos em situação de comunicação que façam sentido na sua vivência.
Nesse sentido elaboramos a sequência didática que será aplicada no
Colégio Estadual Nilo Cairo - Ensino Fundamental, Médio e Normal, na cidade de
Apucarana, com alunos do 8º ano. As intervenções desse projeto iniciam-se com a
descrição dos ambientes e os personagens da fábula; a reescritura de textos,
mantendo a sequência dos fatos; realização de leitura fluente com compreensão;
antecipações e inferências em relação ao contexto e a intencionalidade; narração de
fatos do cotidiano que tenham relação com a moral da história e compreensão da
moral implícita no texto.
Serão utilizadas as seguintes tecnologias: laboratório de informática, TV
pen-drive e data show, cujos textos produzidos serão editados em blog e
apresentado para a comunidade escolar em que se pretende desenvolver o
imaginário dos estudantes.
7
VAMOS AO TRABALHO
1° MOMENTO: SONDAGEM SOBRE OS CONHECIMENTOS DOS ALUNOS EM RELAÇÃO AOS
GÊNEROS DO DISCURSO.
Através do diálogo e registrado em papel manilha as contribuições.
Em seguida será aplicada atividade (anexo 1) para identificar em alguns textos os gêneros ali presentes.
2º MOMENTO: IDENTIFICAÇÃO DE ALGUNS GÊNEROS DO DISCURSO MAIS COMUNS COMO:
BILHETE, E-MAIL, CONTO, CARTA, ANEDOTA, RECEITA CULINÁRIA, BULA DE REMÉDIO ETC.
Aprofundando mais o assunto será mostrado outros gêneros, sua estrutura,
finalidade e suporte.
3º MOMENTO: CONHECIMENTO A RESPEITO DAS FÁBULAS E SEUS AUTORES
4º MOMENTO: APRESENTAÇÃO NO DATA SHOW ALGUMAS FÁBULAS
5º MOMENTO: RECONHECIMENTO DO GÊNERO
8
Conforme Carvalho (2004) a Fábula tem sua origem no Oriente, porém foi
introduzida no Ocidente por Esopo no século VI A.C. Temos Monteiro Lobato (1882-
1948) que rompe com a transmissão inconsciente da moral como fazia Jean B. de
La Fontaine, possibilitando uma revisão de valores fixados por essa modalidade
literária, o que leva a questionar, a refletir e muitas vezes, a se contrapor à
mensagem transmitida.
Modernamente, vamos encontrar, por volta de 1970, Millôr Fernandes (1924-
2012), rompendo com a normalidade instituída e criando outra modalidade, a fábula
humorística. Ao reescrevê-la, Millôr mantém a estrutura, porém retira da sua forma
original, a moral e insere uma visão invertida, relativista, contraposta ao
ensinamento das fábulas originais. Ao inovar, acrescenta o tom descontraído e ao
mesmo tempo crítico, necessitando de leitores preparados para decodificar a
mensagem da moral invertida, satirizada.
Para Machado, (1994, p. 57), o grande responsável pela divulgação e
reconhecimento da fábula no Ocidente se deve ao francês Jean de La Fontaine, um
poeta que conhecia muito bem a arte e as manifestações da cultura popular, criava
suas histórias com um único objetivo: tornar os animais o principal agente da
educação dos homens. Para isso, os animais são colocados numa situação humana
exemplar, tornando uma espécie de símbolo. Por exemplo: a formiga representa o
trabalho; o leão simboliza a força; a raposa, a astúcia; o lobo, o poder despótico, o
cordeiro, a inocência; o burro, a estupidez; a raposa, a astúcia, e assim por diante. A
moral nela contida pode ser usada e analisada independentemente e nos leva a dois
mundos: o imaginário, narrativo, fantástico e o real, dissertativo, temático. A fábula
serve para um estudo sério do comportamento humano, a ética e a cidadania.
Fábula é uma modalidade literária curta e caracterizada pelo fato de usar
animais como personagens e ter como objetivo a transmissão da moralidade, ao
mesmo tempo que busca a diversão do leitor.
Sua estrutura é do gênero do discurso do narrar. Possui uma forma fixa
sempre se repetindo: situação inicial, obstáculo, tentativa de solução e resultado
final com uma moral em linguagem temática. Sua estrutura é fixa, escrita em verso e
prosa de ensinamento e diversão assimilada inconscientemente pelo leitor,
utilizando a oposição de valores através de meios de expressão breve, de descrição
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e representação das cenas, porém com precisão, porém com precisão na
organização do La Fontaine.
Tem servido a muitas versões e reecrituras. Muitas delas com intenção
humorística.
Os fabulistas escolhem animais como personagens devido a algumas
características que servem para a comparação com as atitudes humanas. Sempre
houve o costume de comparar as pessoas aos animais. Na maioria das vezes, os
fabulistas usam animais como personagens de suas histórias tornando-os uma
espécie de símbolos: a formiga, representando o trabalho; o cordeiro; a inocência; a
raposa; a esperteza, astúcia; o pavão, a vaidade; o burro, a estupidez, a tolice; o
leão, o poder; o cão, amizade, fidelidade; a tartaruga, a lerdeza; o lobo, a maldade; a
cobra, o perigo, a traição; o corvo, a feiura, o azar.
O narrador é um observador.
O tempo verbal predominante é o pretérito perfeito do indicativo.
A linguagem utilizada é variedade padrão.
O público a que se destina é, prioritariamente, infanto-juvenil.
Os suportes do gênero textual são: publicação em livros, jornais, revistas,
sites na internet e ainda contada oralmente.
Millôr Fernandes, por exemplo, ao reescrevê-la mantém a estrutura, porém
retira da sua forma original, a moral e insere uma visão invertida, relativista,
contraposta ao ensinamento maniqueísta das fábula originais. Ao inovar, acrescenta
o tom descontraído e ao mesmo tempo crítico, necessitando de leitores preparados
para decodificar a mensagem da moral invertida, satirizada.
Vamos refletir sobre a estrutura global da fábula.
6º MOMENTO:LEVAR OS ALUNOS À IDENTIFICAÇÃO DE ATITUDES HUMANAS COM O
COMPORTAMENTO DOS ANIMAIS.
1.Numere nos parênteses as características que costumamos atribuir a alguns
animais:
Nº Animais Característica
01 Raposa ( ) trabalhadeira, organizada
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Nº Animais Característica
02 Leão ( ) ingênuo, inocente, frágil
03 Pavão ( ) estúpido, ingênuo, bobo
04 Lobo ( ) astuta, esperta, inteligente
05 Burro ( )feio agourento
06 Cordeiro ( ) vagarosa
07 Cão ( ) perigosa
08 Cobra ( ) forte, poderoso
09 Formiga ( ) mau, feroz
10 Tartaruga ( ) vaidoso
11 Corvo ( ) fiel, amigo
2. Em dupla, façam leitura das fábulas. Foram escolhidas as mais conhecidas.
Cada dupla receberá apenas uma fábula com o glossário
Fábula 1- A raposa e as uvas
Fábula 2- O lobo e o cordeiro
Fábula 3- A formiga boa
Fábula 4 – A formiga má
Fábula 5 - O lobo e o cachorro
Fábula 6 - A lebre e a tartaruga
Fábula 7- O galo e a raposa
Fábula 8- A cigarra e a Formiga
Fábula 9- Depois que a bomba explodiu
3. Assinale a alternativa que identifica o tipo textual da fábula:
A fábula pertence a esfera do discurso do:
( ) dissertar ( ) descrever ( ) narrar
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4. Atividades de leitura para reconhecimento global do gênero
Analise o contexto de produção e as características do gênero
Característica Estrutura Narrador Tempo verbal Linguagem Suporte Personagens
Fábula 1
Fábula 2
Fábula 3
Fábula 4
Fábula 5
Fábula 6
Fábula 7
Fábula 8
Fábula 9
5. Nas fábulas apresentadas para estudo, os autores ao produzirem pensaram em seus possíveis interlocutores.Você consegue pensar em alguém especial? F1- ................................................................................................................................. F2- ................................................................................................................................. F3- ................................................................................................................................. F4- ................................................................................................................................. F5- ................................................................................................................................. F6- ................................................................................................................................. F7- ................................................................................................................................. F8- ................................................................................................................................. F9- ................................................................................................................................. 6. Em que veículo geralmente circulam? ................................................................................................................................. 7. Você já tinha lido textos desse gênero? Onde? ................................................................................................................................. 8. Por que, em sua opinião, as fábulas são produzidas? .................................................................................................................................
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7º MOMENTO: LEVAR OS ALUNOS NA BIBLIOTECA, A FIM DE PESQUISAREM OUTRAS
FÁBULA E SEUS AUTORES LISTANDO-AS EM SEUS CADERNOS.
8º MOMENTO: MORAL DA FÁBULA
Mostrar ao aluno que em todas as épocas as pessoas agem e reagem de modo
muito semelhante. Há semelhança de atitude dos personagens das fábulas lidas
com fatos que tenham acontecido na comunidade, cidade, estado ou país que você
ouviu ou viu acontecer.
1. Geralmente as fábulas se relacionam com alguma temática presente em nosso
cotidiano. Nesse sentido assinale a alternativa que mais se aproxima da moral
sugerida pelo autor.
Fábula 1
( ) pessoas que conhecem suas limitações.
( ) pessoas que preferem arrumar desculpas pelo seus insucesso.
Fábula 2
( ) pessoas que querem levar vantagem sempre.
( ) pessoas que respeitam os direitos dos seus semelhantes.
Fábula 3
( ) pessoas que ajudam quem está em dificuldade.
( ) pessoas indiferentes ao sofrimento alheio.
Fábula 4
( ) pessoas que julgam-se melhores que as outras.
( ) pessoas que dividem o que tem, respeitando o outro sem julgamentos.
Fábula 5
( ) pessoas que preferem ter uma vida mais simples, mas serem livres para decidir
o que fazer.
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( ) pessoas que pensam no bem estar, sem pensar o quanto de sacrifício deverá
fazer.
Fábula 6
( ) pessoas que acreditam demais em si mesmas e desacreditam que o outro pode
fazer igual ou melhor que elas.
( ) pessoas que acreditam na capacidade de realização dos outros, por isso as
respeitam.
Fábula 7
( ) pessoas que respeitam os semelhantes.
( ) pessoas que mentem para atingir seus objetivos.
Fábula 8
( ) pessoas que ajudam quem precisa sem julgar suas ações.
( ) pessoas insensíveis às necessidades dos outros.
Fábula 9
( ) pessoas ingênuas que ajudam sem analisar se realmente necessitam.
( ) o autor quebrou a expectativa do leitor, criando o humor, fazendo referência à
origem da população da Terra.
2. Registre na tabela abaixo as principais semelhanças e diferenças que você
percebe as personagens dos textos e as reais.
Semelhanças Diferenças
1-
2-
3-
4-
5-
6-
7-
8-
9-
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9º MOMENTO: ANÁLISE LINGUÍSTICA
Há diferentes formas de conhecer o significado de uma palavra: consultando o dicionário, perguntando a alguém ou descobrindo o sentido pelo contexto. No glossário estão algumas palavras menos comuns, retiradas das fábulas.
1- Escolha uma das palavras da fábula e reescreva os trechos em que ela está inserida, substituindo o termo por outro, sem alterar o sentido da ideia apresentada.
GLOSSÁRIO
Fábula 1
Vinhedo: Grande extensão de terras plantadas de videiras, conjunto de videiras.
Safra: Colheita, searas
Beiços: Cada uma das partes carnudas que formam a entrada da boca, lábio.
Desprezar: Não fazer caso de, rejeitar.
Fábula 2
Esfaimado: Que tem fome, esfomeado, afaimado.
Horrendo: Que causa horror, muito feio.
Turvar: Tornar turvo, escurecer, perturbar, embaciar.
Argumentos: Raciocínio de que se tira consequência, objeção, razão, prova.
Fábula 3
Chiar: Produzir som agudo e continuado, dar chios, ranger, (informal)
queixar-se.
Faina: Trabalho da tripulação de um navio, trabalho aturado, lida.
Tulhas: Casa ou compartimento onde se depositam ou guardam cereais em
grão.
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Manquitolando: Estar ou ser manco, mancar, manquejar.
Xalinho: Espécie de manto ou cobertura usado como ornato ou como
agasalho.
Paina: Conjunto de fibras, semelhantes ao algodão, que envolve as
sementes de certas árvores, como a sumaúma.
Acesso: Acometimento.
Labutar: Lidar, trabalhar muito.
Proporcionar: Pôr ao alcance ou à disposição de, dar, facultar, oferecer.
Fábula 4
Estio: Estação do ano intermédia à primavera e a do outono.
Desprovida: Falta, carecida, privada de recursos.
Abrigar-se: Dar abrigo a, proteger, defender, procurar abrigo, refugiar-se, pôr-se
ao abrigo.
Implorar Pedir encarecida e humildemente, suplicar.
Usurário Que empresta com juro excessivo, em que há usura, aquele que
empresta com usura, [Popular] agiota, avarento, sovina.
Entanguida Tornar ou tornar-se hirto com o frio, enregelar (entanguidinha)
Avareza Apego sórdido ao dinheiro para o acumular, mesquinharia.
Fábula 5
Sorte Modo de viver, maneira, modo, forma.
Astúcia Manha ardilosa e sutil, estratagema.
Nítida Limpa, clara, que se distingue bem, fulgente, brilhante.
Robustez Qualidade ou caráter de robusto, vigor, fortaleza.
Carícias Curta demonstração de afeto, carinho, afago
Afugentou Obrigar a fugir, a retirar-se.
Suspeito Que causa suspeitas, que não inspira confiança, duvidoso, que se
deve evitar.
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Fábula 6
Lebre Designação dada a diversos mamíferos lagomorfos da família dos
leporídeos, semelhantes aos coelhos, mas de maior dimensão,
extremamente velozes na corrida.
Soneca Sonolência, sono de curta duração.
Zunindo Fazer ruído semelhante a um inseto a voar, (Brasil) escapar, evadir-se.
Fábula 7
Empoleirada Pôr no poleiro, (Figurado) dar posição elevada a, subir ao poleiro.
Trégua Cessação temporária de desgraça, instantes de alívio, suspensão
temporária de hostilidades entre beligerantes, férias, descanso.
Matreiro Manhoso.
Fábula 8
Cantigas Poesia cantada, em redondilhas ou versos menores, dividida em
estrofes iguais.
Folgado Passado.
Penúria Faltado que é necessário, escassez, miséria, escassez, pobreza.
Migalha Pequeno fragmento que se desprende do pão ou de qualquer comida,
pequeníssima porção.
Trincasse (Popular) comer, mastigar.
Tagarela Diz-se da pessoa muito faladora, (informal) falar muito, geralmente de
modo despreocupado ou frívolo.
Estio Estação do ano intermédia à primavera e ao outono.
Lida (lidavas) – trabalhar, andar na lida.
Fábula 9
Aturdida Atordoada, estonteada, perturbada.
Sinistro Que indica pavor, acontecimento muito negativo ou que provoca
muitos danos.
Calcinou Reduzir a carvão ou cinza (pelo calor).
Emergiu Sair de onde estava mergulhado
Entediado Que se entediou ou sente tédio, aborrecido.
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Desolação Estrago causado por calamidade, devastação, ruína.
Catita Pessoa elegante ou vestida com esmero.
Monicela Macaca
Monão Macaco
2. Em relação ao tempo dos verbos, verifique qual o tempo verbal predominante? Assinale a alternativa correta: ( ) presente ( ) pretérito perfeito ( ) pretérito imperfeito b- Por que, em sua opinião, predomina esse tempo verbal, em se tratando de fábula?
1- PRETÉRITO PERFEITO: transmite a ideia de uma ação completamente concluída. Ex.: A raposa foi até um vinhedo. Aproximou-se uma raposa[....], Mas o bom tempo passou e o inverno veio encontrá-la desprovida [...] encontrou um cachorro gordo Um dia uma tartaruga começou[...]. [...] quando apareceu um lobo esfaimado, [....] Achou-se em penúria extrema A floresta toda estremeceu aturdida [...] 2- PRETÉRITO IMPERFEITO: transmite a ideia habitual ou contínua. Também pode transmitir a ideia de ação que vinha acontecendo, mas foi interrompida por outra ação. É também o tempo em que normalmente são narradas as histórias. É reconhecido pela presença das desinências –ava / -vê / -ie. O pretérito imperfeito pode ser empregado em determinadas partes do texto para descrever ações, pessoas, objetos, lugares etc.
Aluno, agora é sua vez!
1- Retire da fábula uma oração construída com verbo no pretérito imperfeito.
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2- Copie da fábula um discurso e identifique-o como direto ou indireto.
10º MOMENTO: PRODUÇÃO E REECRITA DO TEXTO
Objetivos:
Identificar a estrutura de uma fábula;
Perceber o ensinamento que ela pretende repassar;
Identificar como um gênero e sua esfera de circulação.
Considerando que os alunos possuem um bom número de informações
sobre o gênero textual FÁBULA, após todas as atividades propostas e realizadas, já
é possível solicitar a produção de uma fábula para atender a proposta inicial de
circulação do gênero e avaliar se os alunos entenderam as suas principais
características.Sigam o seguinte roteiro:
DISCURSO DIRETO E INDIRETO Você já aprendeu que uma das características principais de uma fábula é apresentar animais que a apresentam atitudes semelhante à dos homens, isto é, animais que pensam, sentem, falam e agem como se fossem pessoas. Quanto ao registro das falas dos personagens, há dois tipos básicos: Discurso direto: o narrador introduz a fala dos personagens diretamente. A
forma mais comum usam-se verbos que introduzem a fala (falar, dizer, perguntar, explicar, afirmar etc.), dois pontos e na linha seguinte, o travessão. Dependendo do estilo e objetivo do autor, outras formas podem ser usadas: emprego de verbos que introduzem a fala, dois pontos e aspas onde começa e termina a fala; ausência de verbo que inicia a fala e de dois pontos, ocorrendo apenas a mudança de linha e o uso do travessão.
Discurso indireto: o personagem fala indiretamente, o narrador expressa com
suas palavras o que disse o personagem.
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Serão sorteados os seguintes temas, com intenção e problematização para
produção de uma fábula, em dupla.
1- Tema: A inveja não conduz ninguém ao sucesso
Intenção: você quer aconselhar o leitor que desenvolvendo habilidades, não será
preciso invejar os outros.
Problema: Um garoto está construindo um carrinho de o amiguinho, seu vizinho
está do outro lado da calçada olhando.
2- Tema: A honestidade pode livrar as pessoas de situações constrangedoras.
Intenção: você quer aconselhar o leitor que por mais difícil que seja dizer a
verdade em uma situação de conflito é melhor que perder um amigo.
Problema: uma adolescente é envolvida numa intriga em que ela passa por
repórter de falsas notícias.
3- Tema: O uso da inteligência pode livrar as pessoas dos perigos.
Intenção: você quem aconselhar o leitor que é preciso sempre usar a inteligência
para se livrar de confusões.
Problema:um jovem tenta enganar outro para tirar proveito da situação.
4- Tema: Com teimosia nem sempre os resultados são bons.
Intenção: você quer a aconselhar o leitor a analisar os projetos antes de investir
todo seu tempo e recursos neles.
Problema: dois colegas fazem uma aposta absurda de ser atendida, porém para
não perder, o desafiado faz coisas absurdas.
5- Tema: O dever deve ser é igual para todos.
Relembrem de todas as fábulas exploradas durante esse tempo e criem os
personagens. Imaginem todos os detalhes físicos e psicológicos possíveis
para eles e escrevam.
Escreva os acontecimentos que podem ser usados para exemplificar o
problema.
É importante não esquecer os acontecimentos que mostrem as ações dos
personagens ou a reação delas na situação criada.
A moral da história é o resumo da sua intenção ao criar a fábula.
Releia o texto analisando os requisitos da estrutura de uma fábula.
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Intenção: você quer criticar a atitude de pessoas que ao atingirem posições de
mando, agem diferente modo quando não tinha o poder.
Problema: um funcionário de determinada repartição pública é promovido e age
igual àquele que criticava antes da promoção.
6- Tema: A falta de colaboração atrasa muitas conquistas.
Intenção: você quer aconselhar alguém sobre o valor da solidariedade.
Problema: dois pesquisadores se dedicam a uma descoberta que fará diferença
na vida das pessoas, portanto o primeiro por motivo fútil discorda do
companheiro e desiste do projeto; o outro, por sua vez, perde o interesse e
abandona o projeto, somente anos mais tarde ambos valorizam a oportunidade
perdida.
Após as duplas terem o tema, intenção e o problema a serem desenvolvidos
poderão partir para a produção:
Os alunos produzirão a fábula sem a interferência do professor.
Terminada a produção será recolhida.
Em outra aula, os textos serão entregues a seus autores, os quais farão uma
leitura atenciosa e de posse do ROTEIRO DE AVALIAÇÃO, observando todos os
itens e farão a avaliação.
Nesse momento, o professor deverá circular pela sala, observando se os
alunos estão fazendo as correções e fazer as mediações sempre que necessário.
Depois de feita a revisão, o aluno reescreve seu texto, em outro papel,
ajustando o que for necessário.
ROTEIRO DE AVALIAÇÃO
Bom Melhorar
1- Os personagens são típicos de uma fábula?
2- O tempo das ações é indeterminado para parecer sempre atual ?
3- As atitudes dos personagens podem ser comparadas às atitudes
humanas
4- A solução do problema apresentado está combinando com a
intenção e com a moral?
5- A moral criada combina com a fábula e a intenção dos autores?
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6- As várias informações foram colocadas em poucas orações,
usando o sinal de pontuação adequado?
7- Usou muitos “es” para unir as informações?
8- A participação do narrador é como se tivesse visto a cena?
9- Os diálogos dos personagens aparecem sinalizados com aspas
ou parágrafo e travessão?
10- Para indicar os personagens, houve repetição de palavras?
Agora é a vez do professor fazer a sua correção: adequando-o ao gênero e
ao uso da língua, fazendo as observações. Após a sua correção, o aluno passará o
texto para o suporte definitivo. Porém, se ainda houver necessidade de uma nova
reescrita, ela deve ser feita. Para essa situação, o texto pode ser entregue em folha
de caderno, já que serão digitados posteriormente.
CIRCULAÇÃO DO GÊNERO
Concluída a tarefa, as produções serão postadas em um blog criado para
divulgação usando todas as ferramentas para divulgar a produção dos alunos.
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REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. /VOLOCHINOV. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
CARVALHO, Neuza Ceciliato; CECCANTINI, Luiz C. T. A Roda da Leitura:Língua e Literatura no jornal Proleitura. São Paulo: Cultura Acadêmica. 2004.
CIDADANIA E IDENTIDADES NEGRAS. Disponível em:<http://cidadaniaeidentidadesnegras.blogspot.com.br/search/label/Contos%20e%20F%C3%A1bulas%20Africanos>. Acesso: 06 ago 2014.
DELL’ISOLA, R. L. P. A interação sujeito-linguagem em leitura, In; MAGALHÃES, I. (Org.). As múltiplas faces da linguagem. Brasília: UNB, 1996.
DICIONÁRIO Priberam da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.priberam.pt/DLPO/downloads.aspx>. Acesso em: 07 nov. 2014.
DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS 2008.
FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Jose Álvaro, 1963.
FERNANDES, Mônica Teresina Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros do discurso: Narrar. São Paulo: FTD, 2001.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler –– 45. ed. São Paulo: Cortez 2003.
KAUFMAN, Ana Maria. Maria Helena Rodrigues. Escola, leitura e produção texto. Porto Alegre: Artmed, 1995.
KLEIMAN, Ângela.Oficina de Leitura – Teoria e Pratica. 10. ed. Campinas: Pontes, 2004.
______. Texto & Leitor – aspectos cognitivos da leitura. 9. ed., Campinas: Pontes, 2004.
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LA FONTAINE. Fábulas de La Fontaine. Trad. de Milton Amado e Eugênio Amado. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989. v. II.
MACHADO, Irene A. Literatura e redação: os gêneros literários e a tradição oral, 4 ed. São Paulo: Scipione, 1994.
NASCIMENTO, Elvira Lopes; Saito, Cláudia Lopes Nascimento. Os gêneros como instrumentos para o ensino e aprendizagem da leitura e da escrita In– A apropriação de gêneros textuais: um processo de letramento. Ponta Grossa: ed. da UEPG. 2008.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Org. Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro. 2. ed. Campinas: Mercado das Letras, 2010.
Querido Ivan,
Todo mundo comenta que somos namorados.
O que você acha de tornamos os comentários
verdadeiros?
Eu quero muito namorar você. E você, topa ou
não?
Espero resposta breve, tá?
Um beijão da sua Gabi.
ANEXO A – IDENTIFICAÇÃO DE GÊNEROS DISCURSIVOS
................................................................
..........................................................
..........................................
...........................................
................................................. ..............................................
08 de março., 10 horas da noite.
Acabei de chegar da casa da Sônia. Não sei por que fui lá. Acho que foi
por curiosidade de saber como foi a festa do aniversário de 15 anos de
Julinha. Para falar a verdade, ainda bem que não fui porque fiquei
com muita febre, por causa da inflamação da garganta. Pelos detalhes
que contou, não tinha ninguém interessante lá, pelo menos para mim.
O que mais gostei é que chegou depois de mim, o amigo do irmão dela
que já tinha conversado com ele na saída do colégio. Acho que nem vou
dormir direito, esperando o dia de amanhã, quando ele disse que vai
me esperar na porta do colégio, depois da aula. Vou sonhar acordada
mais um pouco.
A vizinha abre a porta. É o Joãozinho. - Dona Maria, posso entrar no seu quintal? - Não. Deixa que eu vou lá para você. O que caiu lá desta vez? - Minha flecha. - Onde ela está? - Espetada no seu gato.
Millôr Fernandes nasceu no Rio de Janeiro, em 1924, e faleceu em 2014. Sua primeira atuação como jornalista ocorreu aos dez anos, quando publicou um desenho em O Jornal. Desde então, tornou-se um importante escritor, que em sua obra, analisa, critica e satiriza o comportamento do homem. Participou de todos os movimentos importantes de renovação cultural de meados do século XX. Foi alvo de perseguição e censura. Construiu uma obra invejável pela extensão e qualidade: mais de 100 peças de teatro, presença constante na imprensa, roteiros de filmes, letras de músicas e dezenas de livros publicados.
PRIMEIRA LIÇÃO Ledo Ivo Na escola primaria Ivo viu a uva e aprendeu ler Ao ficar rapaz Ivo viu a Eva e aprendeu a amar.
E sendo homem feito Ivo viu o mundo, seus comes e bebes. Um dia no muro Ivo soletrou a lição da plebe.
E aprendeu a ver. Ivo viu a ave? Ivo viu o ovo? Na nova cartilha Ivo viu a greve Ivo viu o povo
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ANEXO B– FÁBULAS
FÁBULA 1 – A RAPOSA E AS UVAS Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar
muita uva. A safra havia sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços.
Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcanças as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:
- Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.
Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil. FÁBULA 02 – O GALO E A RAPOSA
Numa árvore, estava empoleirado, atento e alerta, um galo esperto e vivido. Aproximou-se uma raposa, dizendo com voz meiga, cheia de segundas
intenções: –– Irmão, você já sabe que estamos em paz! É o fim de lutas e medos entre
os animais. Enfim a trégua é para todos! Desça daí e venha dar-me um beijo fraternal.
–– O velho galo, matreiro que era, respondeu: –– Minha amiga, que notícia feliz! E que alegria saber que você foi a primeira
a chegar com essa boa nova. Espere que lá vem os cães. Por certo estão trazendo a todos nós a comunicação dessa grande notícia. Vamos espera-los pra rocarmos beijos: cães, raposas e galos.
–– Outro dia, talvez. Eu já me vou – disse a raposa, esgueirando-se para bem longe.
O galo riu sozinho.
FÁBULA 3 – A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique... Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
–– Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a
tossir.
–– Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga olhou-a de alto a baixo. –– E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse. –– Eu cantava, bem sabe...
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–– Ah!...exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
–– Isso mesmo, era eu... ––Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que
sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
FÁBULA 4 – A FORMIGA MÁ
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra e
com dureza a repeliu de sua porta. Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com seu cruel manto de gelo.
A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se nem folhinha que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou - emprestado, notem! - uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de empréstimo, logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usurária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
–– Que fazia você durante o bom tempo? –– Eu... eu cantava!... –– Cantava? Pois dance agora, preguiçosa! - e fechou-lhe a porta no nariz. Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o
mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o som estridente daquela cigarra, morta por causa da avareza da formiga. Mas se a usurária morresse quem daria pela falta dela?
"Os artistas - poetas, pintores, músicos, escritores - são as cigarras da
humanidade"
FÁBULA 5 – O LOBO E O CACHORRO
Um lobo faminto, magro de ar só, só pele e ossos, pois vivia da sorte que a vida selvagem lhe oferecia, encontrou um cachorro gordo, forte, pelo lustroso, bem-tratado.
O esfomeado queria atacar o cachorro e dar-lhe fim, mas, pelo aspecto do cão, julgou não poder medir forças com ele.
Usando de astúcia, chegou perto do cachorro e cumprimentou-o, elogiando a nítida robustez dele.
–– Você pode ter uma robustez igual. Só depende de você – disse o cão. – Basta deixar essa vida das florestas sem alimento fácil. Venha comigo que meu dono lhe dará tratamento de rei. Quem sabe até lombo, ossos de frango, ossos de pombos e muitas carícias.
–– E o que devo fazer para receber tudo isso? - perguntou o lobo. –– Muito pouco: basta afugentar os ladrões ou os que vêm mendigar;
defender todos da casa e fazer agrados ao dono.
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Sonhando com uma vida de delícias, o lobo sorria satisfeito, quando viu algo que lhe pareceu suspeito.
–– Amigo, o que você tem no pescoço? –– Nada ... apenas uma coleira que me põem no pescoço quando fico preso
por alguns dias. –– Coleira? Preso? Você não pode sair quando quiser? –– Nem sempre. – disse o cachorro. – E isso tem importância? –– Claro! Eu nunca trocaria a liberdade nem pela melhor comida do mundo... O lobo fugiu e continua fugido até hoje.
FÁBULA 06 – A LEBRE E A TARTARUGA Um dia uma tartaruga começou a contar vantagem dizendo que corria muito
depressa, que a lebre era muito mole, e enquanto falava a tartaruga ria e ria da lebre. Mas a lebre ficou mesmo impressionada foi quando a tartaruga resolveu apostar uma corrida com ela.
“Deve ser só de brincadeira!”, pensou a lebre. A raposa era o juiz e recebia as apostas. A corrida começou, e na mesma
hora, claro, a lebre passou na frente da tartaruga. O dia estava quente, por isso lá pelo meio do caminho a lebre teve a ideia de brincar um pouco. Depois de brincar, resolveu tirar uma soneca à sombra fresquinha de uma árvore.
“Se por acaso a tartaruga me passar, é só correr um pouco e fico na frente de novo”, pensou.
A lebre achava que não ia perder aquela corrida de jeito nenhum. Enquanto isso, lá vinha a tartaruga com seu jeitão, arrastando os pés, sempre na mesma velocidade, sem descansar nem uma vez, só pensando na chegada. Ora, a lebre dormiu tanto que esqueceu de prestar atenção na tartaruga.
Quando ela acordou, cadê a tartaruga? Bem que a lebre se levantou e saiu zunindo, mas nem adiantava! De longe ela viu a tartaruga esperando por ela na linha de chegada.
Moral: Devagar e sempre se chega na frente.
FÁBULA 7 – O LOBO E O CORDEIRO Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo
esfaimado, de horrendo aspecto. –– Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? – disse o
monstro arreganhando os dentes. Espere, que vou castigar tamanha má-criação! ... O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência: –– Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor
para mim? Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta. Mas não deu o
rabo a torcer. –– Além disso – inventou ele – sei que você andou falando mal de mim o
ano passado. –– Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci neste ano? Novamente confundindo pela inocência, o lobo insistiu: –– Como poderia ser o meu irmão mais velho, se sou o filho único? O lobo, furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio
com uma razão de lobo faminto:
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–– Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô! –– E – nhoque! – sangrou-o no pescoço. Contra a força não há argumentos.
FÁBULA 08 – A CIGARRA E A FORMIGA
Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
"Amiga", diz a cigarra,
"Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes de agosto
Os juros e o principal."
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta:
"No verão em que lidavas?",
À pedinte ela pergunta.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
até voltar o aceso estio.
Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
-“Oh! bravo! - torna a formiga:
- Cantavas? Pois dança agora!"
FÁBULA 9 – DEPOIS QUE A BOMBA EXPLODIU
E, de repentecatbooooouuummm, buuummmmmm, caraaummm,
raaasssppp, pumpuuum! A floresta toda estremeceu aturdida com o ronco sinistro lá
longe, a distância imensa, no invisível além. Uma onda de fogo e ferro varreu,
calcinou tudo, destruiu tudo. E os meses se passaram.
Um ano depois, um gorilão emergiu de uma caverna bem profunda com ar
cansado e entediado, diante da desolação que se abria a sua frente. E saiu
caminhando. Caminha que caminha foi dar numa gruta, muitos dias depois. Bateu;
veio uma gorilona, bem bonita e bem catita.
–– Tens aí o que comer? – perguntou o gorilão – estou morto de fome. O
mundo foi destruído, não ficou ninguém. Não ficou ninguém mesmo, não é?
– Ninguém mesmo – sorriu a monicela – só nós dois.
– E então – rosnou o monão – Tem alguma coisa aí que se coma?
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