convivência com humanos e o risco iminente de transmissão de doenças na comunidade de vila neuma,...
Post on 20-Jul-2015
404 Views
Preview:
TRANSCRIPT
0
Governo do Estado do Ceará
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI
Curso de Ciências Biológicas
DENIS JUVENÇO ANDRADE
Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758): CONVIVÊNCIA COM HUMANOS E O RISCO IMINENTE DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS NA COMUNIDADE DE
VILA NEUMA – IGUATU/CE.
IGUATU-CEARÁ
2012
1
DENIS JUVENÇO ANDRADE
Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758): CONVIVÊNCIA COM HUMANOS E O RISCO IMINENTE DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS NA COMUNIDADE DE
VILA NEUMA – IGUATU/CE.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientação: Prof. Ms. Ricardo Rodrigues da Silva
IGUATU-CEARÁ 2012
3
Sua influência e sua dedicação foram as bases do meu conhecimento e da minha vontade de trilhar nos caminhos para o saber. Dedico todo o meu esforço e trabalho a senhora minha avó, Dona Eva, sem ela nada disso seria possível.
4
AGRADECIMENTOS
De todas as buscas por um sentido que se fizesse real e concreto na
vida, o estudo foi o principal protagonista para alcançar uma ascensão pessoal.
A sabedoria não seria possível se o detentor de todas as coisas não a
concebesse. Sou grato a Deus pela oportunidade e por me acompanhar na
longa estrada da vida constituindo o alicerce na construção do saber.
O destino: sempre acreditei na teia da vida, mas moldada por
nossas atitudes. Em uma dessas teias, minha família foi gentilmente
entrelaçada nos fazendo compartilhar a mesma herança genética. Com todo
amor sublime agradeço a minha mãe e aos meus irmãos em especial ao meu
irmão Dionathan, por está ao meu lado com seu carinho e delicadeza, a minha
avó Eva por toda a sua devoção e o exemplo de que a educação é à base de
uma vida melhor, sem ela essa ascensão não seria possível.
Família também são aqueles que conquistamos. Fora de casa, nos
momentos mais difíceis, o apoio e o “ombro amigo” foram de grande ajuda para
que eu permanecesse firme durante esses quatro anos e meio. Sou grato a
vocês, Dos Anjos e Thais por partilharem de momentos tão difíceis, e George
(“Bela”) por dividir aluguel. A alegria de vocês foi necessária!
Aprendi bastante ao longo de toda a graduação. Meus novos irmãos
de faculdade me ensinaram que ter amigos é necessário e ao lado deles vivi o
que hoje chamamos de família da biologia. Meus agradecimentos a Maiara
(“Fazendeira de diamantes”), Lucilane (“A estudiosa compulsiva”), Thamires
(“Ex. garota expresso Guanabara”), Nikaelly (“Pió”), João Victor (“O
consumista”), Jessika (“A garota redes sociais”), Heryman (“ A inocente”),
Marlúcia (“A guerreira”), Lívia (“A adoradora do Ébano”), Kemilly (“A genitora”),
Jamili (“Concurseira”), Elvis (“Biólogo marinho”) e Aila (“ A garota TELEMAR”),
minha grande amiga, por me escutar e compartilhar todos os sonhos, pela
confiança e pelas caronas.
Aos mestres, pela colaboração no ensino- aprendizagem e pela
contribuição na formação de Biólogo. Sou grato a Ana Kelen, Irismaura
Cordeiro, Carmem Rogélia, Ana Cristina, Môngola Keila, Mayle Alves, Kelen
5
Rejane, Fernando Roberto, Ricardo Rodrigues, Alana Cecília, Claita e
principalmente a Sdena Oliveira, com quem pude conviver e me tornar amigo.
Sou muito grato a você Sdena por acreditar que somos capazes, pelos
conselhos, orientações e por me fazer enxergar o caminho acadêmico.
Ao PIBID, sem essa bolsa não conheceria o verdadeiro sentido da
docência, também ao apoio das Supervisoras do PIBID, Clarice Cartaxo e
Lucicleide Alves, pela grande contribuição na minha vida profissional, e aos
colegas de bolsa, pela companhia nas horas de execução. Agradeço a todos
vocês.
Conhecer a biologia de forma prática é essencial para a nossa
formação. Sou grato a Dra. Sueli Bezerra por me conceder um estágio e um
espaço no seu tempo, tão diminuto, em seu laboratório, onde aprendi e conheci
pessoas dispostas a ajudar.
Dona Ana, por gentilmente abrir as portas e permitir a minha entrada
em sua casa para observar os saguis. Sem ela minha pesquisa seria
incompleta.
Agradeço a todos que colaboraram e estão presentes em minha
vida, direta ou indiretamente, me auxiliando a ser quem hoje sou: BIÓLOGO.
6
Até o ultimo momento manter-me-ei firme
e com vontade de viver. “Agora vou
dormir para ser mais forte amanhã”. Olga
Benário.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: A espécie: Callithrix jacchus..........................................................
14
Figura 2: Mapa de localização da Vila Neuma, Iguatu/CE. FONTE............. 25
Figura 3: Distribuição das porcentagens de respostas dos moradores da
Vila Numa, Iguatu/CE, 2012, à pergunta “Quais os horários em que eles
“saguis” se aproximam das suas residências?”.............................................
30
Figura 4: Rotas potenciais de transmissão de doenças infecciosas entre
animais e humanos (Adaptado de FRIEND,
2006)..............................................................................................................
32
Figura 5: Distribuição das porcentagens de respostas dos moradores, à
pergunta “Eles (saguis) deixam você se aproximar com facilidade?”. n=30.
NS/NR= não sabe, não
respondeu......................................................................................................
33
Figura 6: Distribuição das porcentagens de respostas dos moradores da
Vila Neuma Iguatu/CE, 2012, à pergunta “Já ouviu algum caso que os
saguis podem transmitir doenças para humanos? Quais doenças?”.
n=30...............................................................................................................
36
Figura 7: Palestra realizada na Escola de Ensino Fundamental Alba
Araújo sobre a transmissão de doenças por Callithrix jacchus na
comunidade de Vila Neuma, Iguatu- CE. Foto: Glaucia Maria, novembro
de 2012..........................................................................................................
37
Figura 8: Conhecendo os ciclos urbanos e silvestres das zoonoses na
palestra apresentada para pais e alunos da comunidade de Vila Neuma,
Iguatu- CE......................................................................................................
38
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição das porcentagens de idade por classe, para 30
pessoas e número de moradores por residência na Vila Neuma Iguatu/CE,
2012................................................................................................................
29
Tabela 2: Registro de raiva humana no Estado do Ceará oriundo de
saguis e cães no período de 2005 a 2012.....................................................
35
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11
2 OBJETIVOS.............................................................................................. 13 2.1 Objetivo geral........................................................................................... 13 2.2 Objetivos específicos............................................................................... 13
3 REFERENCIAL.......................................................................................... 14 3.1 A espécie Callithrix jacchus..................................................................... 14 3.2 A relação humana com o ambiente, zoonoses e saúde.......................... 18 3.3 Um pouco sobre a história da descoberta das zoonoses........................ 21 3.4 Educação à promoção de saúde............................................................. 21
4 METODOLOGIA......................................................................................... 24 4.1Do tipo da pesquisa.................................................................................. 24 4.2 Da Caracterização da Área de Estudo.................................................... 25 4.3 Delimitação da pesquisa.......................................................................... 25 4.4 Do instrumento de coleta de dados......................................................... 26 4.5 Da população amostral............................................................................ 26 4.6 Do levantamento das informações.......................................................... 27 4.7 Da realização da palestra........................................................................ 27 4.8 Análise de dados..................................................................................... 27 4.9 Aspetos Éticos e Legais da Pesquisa...................................................... 27 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 29 5.1 Caracterização dos entrevistados............................................................ 29 5.2 Proximidade dos saguis no entorno residencial...................................... 29 5.3 Conhecimento sobre alimentação dos saguis e a oferta de alimentos pelos moradores............................................................................................
31
5.4 Conhecimento dos moradores sobre doenças transmitidas por saguis.. 31 5.5 O comportamento dos saguis e a relação com os moradores................ 36 5.6 Atividades de interações registradas....................................................... 36 5.7 Divulgação dos resultados da pesquisa para a comunidade................... 37 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 41 APÊNDICES.................................................................................................. 47 Apêndice A..................................................................................................... 48 Apêndice B..................................................................................................... 49 Apêndice C.................................................................................................... 51
10
Resumo
Durante anos, a expansão dos centros urbanos tem aumentado de forma acelerada, fazendo com que o pouco espaço de matas seja reduzido a quase nada. Devido a essa expansão, animais silvestres perdem seu hábitat natural e consequentemente procuram abrigos nos centros urbanos. Essa migração traz graves prejuízos, facilitando a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros, estabelecendo novas relações e também novos nichos ecológicos na cadeia de transmissão de zoonoses. Entre os animais silvestres que são potenciais transmissores de zoonoses o Callithrix jacchus, conhecido como sagui, soim ou sagui-de-tufo-branco, é um dos principais vertebrados que albergam agentes etiológicos comuns aos homens. O sagui é um primata não humano, vive em grupos, gastando seu tempo com forrageio e catação, possui hábitos diurnos e pode facilmente adaptar-se ao meio urbano. A presença de saguis no cotidiano da comunidade de Vila Neuma, zona periurbana da cidade de Iguatu/CE, é grande. O projeto trouxe para o meio comunitário questões que englobaram a compreensão do convívio espécie humana x C. jacchus, com base na desmistificação de que o contato direto com esta espécie de sagui não acarreta prejuízos à saúde humana. Esta pesquisa objetivou-se avaliar o grau de aproximação entre animais da espécie C. jacchus e humanos moradores da Vila Neuma, bem como as relações entre os saguis e o meio ambiente. Realizaram-se 30 entrevistas com os moradores das residências onde o grupo de saguis foi identificado e 70 horas de observação dos símeos. A presença de C. jacchus é frequente (93%), onde 43% dos moradores afirmaram que os saguis permitem o contato direto, tornando esse convívio perigoso em face de os saguis serem suscetíveis a doenças comuns ao homem, estabelecendo um risco a saúde pública. A pesquisa procurou trazer à tona algumas consequências do convívio dos moradores da Vila Neuma, Iguatu/CE, com os saguis, relutando no contexto social e na interação entre eles. É fundamental uma cadeia explicativa dos problemas de saúde que a população venha a sofrer, estabelecendo campanhas educativas sobre a ecologia do comportamento dos saguis, que visem à associação da educação ambiental com a educação em saúde usadas como ferramentas de prevenção.
Palavras-chave: Sagui. Callithrix jacchus. Zoonoses. Vila Neuma. Contato.
11
1 INTRODUÇÃO
O constante desmatamento para a expansão dos territórios urbanos
e avanços das cidades interferiu diretamente no hábitat de alguns animais
silvestres, acarretando e intensificando a presença deles em ambientes
urbanizados. Muitos permanecem durante fases ou a vida inteira em contato
com os homens.
Essa falta de espaço natural somado as características particulares
de cada animal, influencia tanto no padrão de atividades da fauna silvestre
como interfere no cotidiano humano. Desse modo, esses ambientes
urbanizados podem exercer diferentes tipos de pressões para esses
organismos. A urbanização somada as suas características, como a restrição
de áreas arborizadas, podem causar mudanças de hábitos na fauna silvestre,
caracterizando o estresse e outros tipos de distúrbios nesses organismos
(MILLSAP; BEAR, 2000).
Nesse contexto, a proximidade da população humana com a fauna
silvestre devido a essas pressões, ainda existe o risco eminente de surtos de
infecções, podendo acontecer contaminações desses animais para o homem.
Isso porque a proximidade permite e facilita o trânsito de microorganismos,
que, podem ou não serem encontrados em ambientes urbanos (VERONA,
2008).
Desta forma, animais silvestres também são transmissores de
doenças para os humanos, caracterizando as zoonoses. Dentro desse
processo, percebe-se que o número de Callithrix jacchus, Linnaeus, 1758,
(Callitrichidae, Primates), vulgarmente conhecido como sagui, ou sagui-de-tufo-
branco que se fixaram em regiões totalmente urbanizadas, tem aumentado
significativamente, se adaptando e sobrevivendo de forma expressiva nessas
regiões (OLIVEIRA, 2008).
O Callithrix jacchus é um pequeno primata neotropical, de hábitos
diurnos e de cauda não preênsil. Sua nutrição natural é bem diversificada na
qual inclui uma dieta desde folhas, flores, frutos, a artrópodes e pequenos
vertebrados. Vivem em grupos territorialistas em que o centro das atividades
diárias e a área nuclear é ativamente defendida pelo grupo, com o propósito de
evitar a permanência de outros grupos (ÁVILA- PIRES, 1969).
12
A relação entre saúde pública, saúde ambiental e zoonose torna o
estudo comportamental de Callithrix jacchus ainda mais relevante, uma vez que
eles podem ser transmissores e estão expostos à diversas enfermidades
infectoparasitárias, à diversos grupos de bactérias e de vírus (POTKAY, 1992).
Também são susceptíveis à doenças comuns ao homem como Trypanosoma
cruzi (LISBOA et al., 2000) Toxoplasma gondii (CATÃO-DIAS, 2003) e algumas
espécies de enteroparasitos (XIMENES, 1997). O caso ainda torna-se mais
preocupante quando se percebe a falta de conhecimento da população em
relação a esse risco eminente à contaminação de doenças.
No município de Iguatu/CE, identificam-se casos semelhantes. Na
comunidade de Vila Neuma, por exemplo, o contato de Callithrix jacchus com a
população humana é expressivo e constante. Como a presença de saguis no
cotidiano da comunidade é grande, o projeto trará para o meio comunitário
questões que englobarão a compreensão do convívio espécie humana x C.
jacchus, com base na desmistificação de que esta espécie de sagui pode ser
domesticada sem acarretar prejuízos à saúde humana. Isso poderá contribuir e
subsidiar no manejo de informações da transmissão de doenças e montar um
perfil epidemiológico, uma vez que não existem trabalhos no município
relacionados com a preocupação de transmissão de doenças desta maneira.
Mediante essas questões o projeto apresentará uma relação entre educação
em saúde pública, ambiente e zoonoses.
13
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Avaliar o grau de aproximação entre animais da espécie Callithrix
jacchus e humanos moradores da Vila Neuma, zona periurbana do município
de Iguatu/CE.
2. 2 Objetivos específicos
Pesquisar as principais doenças e os mais comuns agentes
etimológicos transmitidos pelo Callithrix jacchus para humanos;
Verificar os tipos de aproximação, contato físico e interação entre
o Callithrix jacchus e humanos moradores de Vila Neuma, zona periurbana do
município de Iguatu/CE;
Averiguar, através de entrevistas semi-estruturadas, a opinião
sobre o comportamento de aproximação e contato físico entre o Callithrix
jacchus e moradores da Vila Neuma, zona periurbana do município de
Iguatu/CE, bem como o conhecimento da comunidade sobre casos de doenças
transmitidas pelo Callithrix jacchus;
Realizar uma palestra sobre a transmissão potencial de doenças
pelo Callithrix jacchus em humanos, associando a educação ambiental à
educação em saúde.
14
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO
3.1 A espécie Callithrix jacchus
Classificação taxonômica do sagui-de-tufo-branco segundo
Schneider (1996):
Classe Mammalian
Ordem Primate
Infraordem Platyrrhini
Família Cebidae
Subfamilia Callitrichinae
Tribo Callitrichini
Gênero Callithrix (Erxleber, 1777)
Espécie Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758)
Figura 1: A espécie: Callithrix jacchus FONTE: Sdena Nunes
15
Os Callithrix jacchus, conhecidos como saguis ou sagui-de-tufo-
branco apresentam tufos circum-auriculares presentes, de cor branca, o que se
explica o nome popular, mancha branca mediana presente na testa, bochechas
e gargantas castanho-escuro com pelos cinza-claros esparsos, manto distinto,
o dorso apresenta padrão estriado de coloração de cor castanho-escuro, pés
castanho-escuros agrisalhados e mãos cinza-claro a cinza-castanho, coxa
castanho-escuro fortemente agrisalhado (NEVES, 2008). Os calitrix são símios
neotropicais de narinas apontadas lateralmente e septo nasal largo (SILVA;
MONTEIRO DA CRUZ,1993). Com peso ao nascer de 22-38g chegando ao
desmame com 60-150g que em geral caracteriza o fim da infância (STRIER,
2003). Na fase adulta a fêmea pode chegar a 261g e o macho a 323g. A idade
do desmame é geralmente entre 40 a 120 dias após o nascimento, entrando na
puberdade entre o 8º e 12º mês e na maturidade sexual entre o 14º e 24º mês.
Sua expectativa de vida é em geral de 8 a 12 anos (CLARKE, 1994; VERONA,
2007).
Vivem em uma diversidade de habitats, desde matas secundárias,
perturbadas e fragmentadas à florestas primárias (RYLANDS et al., 2000).
Devido a algumas características morfofisiológicas e comportamentais
inerentes à espécie, estão largamente distribuídos por toda a região do
Nordeste do Brasil, habitando praticamente todos os tipos de formações
vegetacionais, desde dunas, restingas, mangues; passando pelas várias
formas de matas (úmida, seca, serrana) e pelas zonas do Agreste e das
Caatingas do Sertão (SILVA; MONTEIRO DA CRUZ,1993). Não são macacos
de lugares frios e não estão distribuídos nos estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul (FERRARI, 1996).
São basicamente frugívoros e insetívoros, privilegiando o consumo
de goma e podendo ocupar nichos alimentares diferentes dependendo da
importância relativa de cada item na dieta. Os insetos são complemento
alimentar para eles em tempos de escassez de frutos (MIRANDA; FARIA,
2001). Acumulando essas características alimentares flexíveis, os saguis
conseguem sobreviver em ambientes evitados por outros macacos e por essa
característica conseguem perfazer grandes populações (FERRARI, 1996).
Os saguis, de um modo geral, têm vida social bastante complexa.
Os grupos podem conter de um a vários machos e fêmeas adultas (SILVA;
16
MONTEIRO DA CRUZ, 1993). Vivem em grupos sociais, contendo de 3 até 15
indivíduos adultos reprodutores e não reprodutores, sub adultos, juvenis e
infantes (STEVESSON; RYLANDS, 1988) e apenas uma fêmea do bando é
capaz de gerar prole, inibindo a ovulação de outras fêmeas por um mecanismo
baseado em feromônios, bem estudado em cativeiros (FERRARI, 1996;
CORRÊA; COUTINHO, 2000). Porém, foi observado um caso em que havia
duas fêmeas reprodutoras no grupo (DIGBY; FERRARI, 1994). Na gravidez e
lactação, os saguis criam cooperativamente os filhotes, carregando-os e
partilhando alimentos com eles. Eles também dependem dos benefícios
oferecidos pela vida em grupo, como o acesso a recursos alimentares e a
proteção contra predadores (FERRARI, 1996) existindo a cooperação de quase
todos os indivíduos em que também auxiliam a mãe a transportar os filhotes no
qual podem nascer gêmeos fraternos sendo normal na sub família Callitrichinae
(SILVA; MONTEIRO DA CRUZ,1993)
São territorialistas, sua área de uso varia de 0,1 a 50 hectares
(SUSSMAN; KINZEY, 1984), sendo esse espaço utilizado na gomivoria,
atividade imprescindível para a sua sobrevivência. Apresentam glândulas de
cheiro, cuja marcação é uma forma de comunicação química (LAZARO-
PEREA; SNOWDON; ARRUDA, 1999). Dessa forma a marcação pode indicar
que fêmeas subordinadas podem está em contato com potenciais parceiros
durante encontros e competições quando o grupo estiver sem fêmea
reprodutora (LAZARO-PERA; SNOWDON; ARRUDA, 1999).
Em encontro com outros grupos ocorrem disputas com
comportamentos relativamente pacíficos, raramente em confronto direto –
havendo vocalização específica e atividade de display (em que os animais
levantam suas caudas e exibem repetidamente suas genitálias para os
adversários) (FERRARI, 1996; CORRÊA; COUTINHO; FERRARI, 2008).
Apresentam hábitos matutinos, no qual os horários de atividades se
iniciam no levantar do sol. Mantêm uma média de 10 horas diárias de
atividades em que forrageiam (procuram, escavam por alimento), locomovem,
se alimentam, descansam e têm atividades sociais (CORRÊA; COUTINHO;
FERRARI, 2008) como catação, que é bem frequente entre os indivíduos, a
brincadeira social, que é uma sequência de movimentos rápidos, repetitivos,
exagerados e sem objetivos aparentes, com participação de pelo menos 2
17
indivíduos. A brincadeira é um comportamento mais frequente entre infantes,
ou entre infantes e adultos e o contato corporal que em geral ocorre no
momento de descanso em que os animais ficam encostados uns aos outros
(YAMAMOTO 1991 apud MARTINS, 2007).
É considerada uma espécie invasora, em que coloniza e circula
largamente áreas de floresta e unidades de conservação, como em áreas
urbanas competindo por alimento e abrigo com espécies nativas que já vivem
sob a pressão da perda crescente de habitat provocada pelas ações humanas
(MOONEY et al., 2005).
No sentido de promoção à saúde, a espécie de Callithrix jacchus,
caracterizando-se por ser um mamífero cujo gênero apresenta a maior
biomassa e comportamentos nômades facilitam a dispersão de parasitos sendo
considerados reservatórios de zoonoses em que a adaptação com o convívio
humano favorece o contínuo ciclo de transmissão entre o ambiente silvestre e
doméstico (BRASIL, 2009).
Especialmente, por se tratar de animal domesticável como o sagui e
por ser uma espécie de primata hospedeira e reservatório de zoonoses
totalmente adaptada ao convívio com a espécie humana, com quem muitas
vezes, mantém contato direto para receber alimentação, tornam-se alvos de
muitos estudos sobre o tema (VERONA, 2008).
Algumas bactérias já foram descritas tanto no gênero Callithrix como
no homem. Entre elas podemos citar: Achromobacter anitratus, Achromobacter
lwoffi, Actinomyces spp, Alcaligenes foecalis, Bacterioides corrodens,
Bacterioides fragilis, Bacterioides melaninogenicus, Bacterioides oralis,
Corynebacterium SP, Enterobacter aerogens, Enterobacter cloacae,
Escherichia coli, Flavobacterium aquatile, Fusobacterium fusiform,
Lactobacillus spp, Leptotrichia buccalis, Leuconostoc spp, Mycoplasma spp,
Neisseria flavescens, Neisseria flava, Paracolobacterum coliforme,
Staphilococcus epidermidis, Streptococcus anginosus, Streptococcus bovis,
Streptococcus mitis (BROWN, 1973 apud VERONA, 2008) que determina sua
importância no ciclo epidemiológico de algumas doenças infecciosas comuns
aos homens.
18
3.2 A relação humana com o ambiente, zoonoses e saúde
O conceito saúde consiste em um tema complexo, uma vez que a
preocupação não deve ser tratada só pela “ausência” ou “presença” de doença,
mas por vários fatores inerentes da condição humana.
A "Organização Mundial de Saúde" (OMS) define a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades, concentrando-se na procura da equidade em saúde. (SEGRE, FERRAZ, 1997 P. 1).
Assim, a ausência de doença não quer dizer que o homem esta em
plena saúde, uma vez que a relação em comunidade leva a um amplo
envolvimento com o meio em que estão inseridos. É preciso que se tenha,
também, um ambiente saudável envolvendo desde condições físicas
individuais e coletivas, aos aspectos sociais, ambientais e culturais (ROSEN,
1958). Nessa perspectiva, o ambiente se torna um forte determinante
biossocial e vai desde o estilo de vida a serviços básicos de saúde como: o
envolvimento da sociedade de forma crítica e participativa e a capacitação de
serviços de saúde para a melhoria de ambientes saudáveis (OMS, 2011).
Dentre o último aspecto, de melhoria de ambiente saudáveis, pode-
se destacar as zoonoses, isto é todas as doenças e infecções transmitidas
naturalmente entre animais vertebrados e o homem. Etimologicamente a
palavra é originária do grego, sendo que seu prefixo "zoon" significa animal e o
sufixo "nosos", doenças, traduzindo-se literalmente por doenças animais. O
vocábulo ficou consagrado pelo uso e passou a ser, naturalmente, utilizada nas
ciências médicas (MIGUEL, 2005). Nos últimos anos, vários casos de doenças
transmitidas por animais têm emergido, seja como novas entidades patológicas
ou como agentes já conhecidos em regiões endêmicas ou ainda com espécies
nas quais não havia registro anterior naquele local. As razões são diversas,
mas a maior parte envolve, principalmente, as alterações ambientais.
[...] alterações ambientais afetam o tamanho e distribuição de algumas espécies de animais, vetores e transmissores de agentes infecciosos para seres humanos; aumentam a população humana e alguns animais em áreas urbanas, favorecem um contato crescente entre humanos e animais infectados e doentes; incentiva o comércio de animais e diminui as ações de vigilância e controle da maioria das zoonoses (VIANNA, 2003, Pag. 3).
19
De acordo com Ávila-Pires (1989), os hospedeiros não-humanos
constituem fontes exógenas de infecções e são capazes de alterarem os
índices de morbidade e mortalidade da população humana. Ainda mais, sua
presença influi, consideravelmente, nos padrões epidemiológicos das
zoonoses.
Desde primórdios que o homem mantém contatos a fauna, seja os
que vivem em zona urbana ou rural:
O homem cuja habitação é no meio rural, onde habitam roças, sítios, chácaras, fazendas e freguesias está sujeito a contatos com a fauna ruderal e doméstica e, ao mesmo tempo, com elementos silvestres cuja aproximação e convívio os fazem vítima dos ciclos sazonais de epidemias muitas vezes resultantes de surtos epizoóticos. Já as populações marginais ou periféricas, no sentido ecológico, incluem os moradores de favelas, malocas, mocambos, núcleos periurbanos, suburbanos e "invasões", cujo aspecto econômico e social é precário, e o número de animais domésticos sem controle é grande devido a aglomeração e à inexistência ou deficiência dos serviços de engenharia sanitária (AVILA-PIRES, 1989, P 89).
Desta forma, pode-se citar uma gama de zoonoses e das doenças
que os afetam, como: arboviroses, pausteurelose (P. Multocida),
pseudotuberculose, estreptococoses, tinhas, toxoplasmose, dermatite cercária,
clonorquíase, opostorquíase, esperganose, larva migrans, tungíase, miíase,
pentastomíase e os primatas com grande relevância na transmissão de
zoonoses como, arboviroses diversas, como a febre amarela silvestre, doença
por vírus, herpes, hepatite B, doença de Yaba, doença de Chagas, dengue,
coriomeningite linfocitária, tuberculose, amebíases, esquistossomose
mansônica, bartielose, filariose, bouba, oesofagostomíase, estrongiloidíase,
ternidíase (AVILA-PIRES, 1989).
Fazendo um levantamento sobre os principais agentes etiológicos
das zoonoses de acordo com os seus reservatórios animais, obteve-se
(TORTORA; FUNKE; COSE, 2005):
VÍRUS: Influenzavírus com seus reservatórios suínos, aves
aquáticas, transmitida pelo contato direto. Lyssavírus causador da raiva
transmitido pelo contato direto através de mordidas por morcegos, gambás,
raposas, cães, gatos e outros mamíferos. Alphavírus com seus reservatórios
como cavalos e aves transmitida através da picada do mosquito Culex,
Hantavírus transmitida pelo contato direto com saliva, fezes ou urina de
roedores tendo como principal reservatório ratos veadeiros.
20
BACTÉRIAS: Bacillus anthracis transmitido pelo gado através do
contato direto com couros ou animais contaminados; ar e alimentos. Yersinia
pestis, pela picada de pulgas são parasitas de roedores, Bartonella henselae
transmitida pelo contato direto com gatos domésticos. Ehrlichia spp, pela
picada de carrapatos parasitas de cervos e roedores, Leptospira sua
transmissão se da pelo contato direto com urina, solo e água em que
mamíferos selvagens, cães e gatos domésticos infectados estão em contato.
Borrelia burgdoferi em que a picada de carrapatos parasitas de camundongos à
transmiti, Chlamydia psittaci através do contato direto com aves, em especial o
papagaio, Rickettsia rickttsii pela picada de carrapatos parasitas de roedores.
FUNGOS: Trichophyton, Microsporum, Epidermophyton transmitidos
pelo contato direto com objetos inanimados e reservatório animal como
mamíferos domésticos.
PROTOZOÁRIOS: Plasmodium spp cuja picada do mosquito
Anopheles transmite o protozoário para mamíferos, principais reservatórios,
Toxoplasmose gondii transmitido por gatos e outros mamíferos.
HELMINTOS: Taenia solium transmitida pela ingestão de carne de
porco contaminada malcozida e Trichinella spiralis que também é transmitida
por porcos e ursos.
Percebe-se, então, que as doenças podem ser transmitidas dos
seus reservatórios ao homem por diferentes níveis de integração com o meio e
com o contato com diferentes tipos de animais. O que vai determinar a
exposição ao risco é a dependência do comportamento social envolvido na
localização geográfica, saneamento das comunidades, crenças, hábitos,
família, profissão, ocupações ou atividades lúdicas, entendimento sobre fatores
ecológicos e conhecimento sobre o perigo eminente (ÁVILA-PIRES, 1989). Por
isso é que os métodos de prevenção devem ser associados a questões sociais,
culturais, econômicas e ecologicamente aceitáveis.
21
3.3 Um pouco sobre a história da descoberta das zoonoses
No decorrer da evolução humana e desde os primórdios da história,
o homem começou a perceber que ele era suscetível de adquirir doenças dos
animais. Os hebreus da época de Moisés (séc. XV, a. C.) por exemplo, já
conheciam a raiva e sabia-se que existia entre eles um dito popular que dizia:
"Ninguém acreditará no homem que disser ter sido mordido por um cão raivoso
e ainda esteja vivo". Citações sobre a transmissão de doenças ao homem
existem nos escritos de Aristóteles e Hipócrates, que viveram no século IV a.C.
Virgílio, poeta romano do século I a.C., reconheceu ser o carbúnculo hemático
mais conhecido como antrax no homem transmitido pelo tosquiamento de
carneiros que chegavam a óbito devido a doença (MIGUEL, 2005).
Mas foi somente depois da descoberta de algumas espécies de
bactérias e de outros organismos, que se percebeu a analogia de muitas
doenças contagiosas entre homem e animais. Mais precisamente no século
XIX entre 1857 e 1974, quando Pasteur e o médico alemão Robert Koch
desenvolveram trabalhos sobre bactérias no qual os agentes de muitas
doenças, o papel da imunidade, a química de microorganismos e o
aperfeiçoamento de novas técnicas apontaram várias bactérias. Descobriu-se,
conjuntamente que, várias doenças especificas causadas por essas bactérias
se apresentavam em animais e eram transmitidas aos homens, estabelecendo
assim as vias de contaminação (TORTORA; FUNKE; COSE, 2005).
No mesmo século, surgiu o termo Zoonose na literatura médica.
Foi assim batizado pelo médico alemão Rudolf Wirchow e que conceituou
como doenças comuns entre os homens e outros animais, sendo transmitida
sob condições naturais. Dessa forma, enfatizou que “tanto o homem como os
animais desempenham e cumprem, enquanto hospedeiros ou reservatórios ou
como fonte de infecção, importantes e fundamentais papeis na manutenção e
persistência desses agravos na natureza” (BRASIL, 2009). Ainda no século
XIX os programas de saúde pública se efetivaram esclarecendo a transmissão
de doenças por animais. Posteriormente, no século XX, a interação entre o
agente e o hospedeiro foi propostas na perspectiva ecológica de doenças
infecciosas (PIGNATTI, 2004).
22
No decorrer dos últimos 50 anos o conhecimento disponível sobre
zoonoses foi abordoado em reuniões de especialistas internacionais que
envolviam aspectos técnicos específicos sobre a etiologia de zoonoses
(VASCONCELLOS, s/d) e mesmo passando tantos anos, continua-se com a
necessidade de implementar ações educativas que possam vir a contribuir
como recurso prático direcionado a comunidade, com base nas informações
precisas sobre os riscos da contração de zoonoses e as formas de preveni-las
contribuindo para evitá-las (LIMA et al., 2010).
3.4 Educação à promoção de saúde
Ensinar saúde, quando se referencia a transformação de atitudes e
hábitos de vida, é um desafio para a educação. Transmitir o conhecimento
aleatoriamente não desenvolve atitudes de vida saudável, sendo necessário o
envolvimento dos aspectos relacionados à promoção e à proteção a saúde e à
mecanismos que determinam as condições de vida com o meio físico, social e
cultural para a conquista dos direitos de cidadania (BRASIL, 1996). As
premissas que levam à educação a promoção da saúde é um processo através
dos quais indivíduos são capacitados para ter maior controle sobre a sua
própria saúde, o que significa o reconhecimento da importância do poder e do
controle de sua consciência em que poderão refletir e buscar a identidade de
sua realidade podendo assim alterá-la (OLIVEIRA, 2005).
No contexto das zoonoses, se faz necessário o conhecimento sobre
os fatores que estão relacionados com a sua transmissão e os agentes que
estão envolvidos com a sua disseminação (CAVALCANTE, s/d). O repasse das
informações deve tentar sensibilizar para evitar agravantes futuros e isso tende
a ser uma mediação bastante adequada para o cuidado do ser humano
saudável. Na sua própria essência ela se volta para o futuro sendo atuante
para mediação e construção de uma vida saudável (LUCKESI, s/d). É
importante que as informações sejam repassadas constituindo um método
educativo para a formação das pessoas de forma crítica a respeito dos
problemas que eles enfrentam no seu cotidiano, estimulando a busca de
23
soluções para agirem e serem atuantes de forma individual e coletiva (BRASIL,
2007).
A Educação em Saúde utiliza métodos e processos participativos e problematizadores, buscando práticas a partir da realidade num processo dialógico e horizontalizado de construção e reconstrução compartilhada do conhecimento e na ação coletiva para a transformação social. [...] e à medida que vão transformando-a, os sujeitos se transformam dentro deste processo, num respeito mútuo de saberes (científico e popular) que não sobrepõe um ao outro, mas, se reconstroem (BRASIL, 2007, pag. 19-21).
O trabalho em comunidade permite conhecer a realidade e as
potencialidades do meio em que essa relação com o meio entre as espécies
animais e os seres humanos tende a ser favorável ou desfavorável da
ocorrência de zoonoses e suas consequências. O estímulo à participação da
população ajuda a encontrar estratégias coletivas dos problemas vividos pela
comunidade, atuando de forma preventiva para a manutenção do bem-estar da
comunidade (SOUZA et al., 2005). Portanto, a educação em saúde vem a ser
uma necessidade de todos. Individual ou coletiva ela deve satisfazer as
necessidades sociais e então organizar as práticas para assim melhor atendê-
las (STOTZ, s/d).
24
4 METODOLOGIA
4.1 Do tipo da pesquisa
A metodologia como ferramenta para pesquisa abrange itens que se
fazem necessário para responder questões do projeto: Como? Com que?
Onde? Quando? Correspondente a sua finalidade, a sua ação de investigação
e ao momento em que se situam (MARCONI; LAKATOS, 2001).
Neste trabalho, a pesquisa foi do tipo exploratória, o que
proporcionou maior familiaridade com o problema, consistindo o passo inicial
do estudo, buscando informações e novas contribuições de idéias sobre o
estudo em questão (PINTO, 2010). A pesquisa também foi do tipo qualitativa,
uma vez que os dados serão analisados em seu conteúdo social considerando
que há uma relação dinâmica entre a comunidade e o Callithrix jacchus e que
foi analisado em seus dados indutivamente, no ambiente natural. Também,
quantitativa cuja coleta de informações e o tratamento dos dados foram
caracterizados pelo uso da quantificação, isto é, de técnicas estatísticas
(MARCONI; LAKATOS, 2001).
Uma vez que foi feito estudo de campo e observações em que os
dados foram registrados, analisados e ordenados, sem que não aconteça
interferência classificando e explicando os dados espontaneamente, a pesquisa
foi de cunho descritivo e documental no qual os dados foram pesquisados em
órgãos públicos para subsidiar o projeto (PINTO, 2010). As informações
contidas nesses documentos consistiram a preponderância para a discussão
dos resultados do projeto.
4.2 Da Caracterização da Área de Estudo
A pesquisa de campo foi realizada na comunidade de Vila Neuma
área urbana localizada na região periférica da cidade de Iguatu/CE às margens
do Rio Jaguaribe, sendo uma região arborizada com árvores frutíferas situadas
nos quintais residenciais (Figura 2).
A cidade de Iguatu apresenta 96.495 habitantes, com área territorial
de 1.017,089 Km², densidade demográfica de 94,87 hab/Km² (IBGE, 2010),
25
área de 1.029,002, altitude 217m, longitude 39º18, latitude 6º22, mesorregião
Centro Sul, fazendo limites com Norte: Quixelô; Sul: Cedro; Leste: Orós, Icó e
Cedro; Oeste: Cariús, Jucás e Acopiara, acidentes geográficos com o Rio
Jaguaribe, Riacho Antônio e fazendo parte as lagoas Iguatú, Baú, e Barro Alto.
Apresenta uma média pluviométrica anual de 805, 3 mm. Está a uma distancia
de 380 km da capital Fortaleza e tem como vias de acosso a capital a BR 116,
BR 122, CE 060, CE 359 (IGUATU, 2010).
Figura 2: Mapa de localização da Vila Neuma, Iguatu/CE. FONTE: Google Maps
4.3 Delimitação da pesquisa
O estudo teve como foco principal o convívio das pessoas da
comunidade com o Callithrix jacchus de vida livre e qual o grau de proximidade
e a relação existente entre eles. As observações sobre comportamentos de
aproximação do Callithrix jacchus com a população humana foram realizadas
das 6h às 17h, durante 07 dias, escolhidos entre os meses de julho e agosto de
2012. As observações foram feitas através de visualizações e anotadas em
26
planilha de acordo com o apêndice A. Terminado o levantamento foi aplicado
um questionário aos membros da comunidade de acordo com o apêndice B.
4.4 Do instrumento de coleta de dados
Depois do período de observação, foram escolhidas as residências
para aplicação do questionário, que levou em consideração as casas que a
presença de saguis foi mais observada. Foi aplicado um questionário por
residência. Vale salientar que foi feito a observação de um grupo de Callthrix
jacchus, que vive nas proximidades da Rua Tomé de Souza no bairro Vila
Neuma.
O questionário era composto de 15 perguntas e teve como
investigação principal a relação entre a presença de Callithrix jacchus nos
quintais dos moradores da Vila Neuma, hábitos alimentares dos saguis, o grau
de proximidade entre esses dois grupos e o conhecimento sobre a transmissão
de doenças por esses animais. Na abordagem, foi explicado para os
moradores o objetivo do projeto e que se trata de uma participação anônima,
voluntária, de fins científicos não havendo a identificação de nenhum dos
entrevistados.
4.5 Da população amostral
Esse trabalho teve duas populações amostrais:
01 – O grupo de Callithrix jacchus, composto de 10 indivíduos e que
vive nas proximidades da Rua Tomé de Souza;
02 - Os moradores que moram na circunvizinhança da Rua Tomé de
Souza, Vila Neuma, Iguatu/CE.
Quanto ao Callithrix jacchus, o trabalho foi realizado em
observações comportamentais, sem haver contato físico, direto ou indireto,
com esses animais.
O segundo grupo foi composto pela comunidade da Vila Neuma,
Iguatu/CE que responderam a um questionário de forma anônima de acordo
com as normas do comitê de Ética com humanos da UECE. Todos os
27
moradores da Vila Neuma foram convidados à participarem de uma palestra
sobre os riscos iminentes à doenças ocasionado pelo contato humano-saguis.
4.6 Do levantamento das informações
Durante os meses de julho, agosto e setembro de 2012 foram
realizadas pesquisas bibliográficas e documentais sobre a transmissão de
doenças de saguis para seres humanos e dados estatísticos de casos de
transmissão de doenças e epidemiológicos no Ceará. Foram feitas pesquisas
na Secretarias de Saúde do Estado do Ceará como também no Centro de
Zoonoses e Epidemias do município de Iguatu/CE, que contribuíram para o
desenvolvimento do trabalho.
4.7 Da realização da palestra
Toda a comunidade da Vila Neuma foi convidada para assistir uma
palestra sobre a transmissão de doenças através do contato com Callithrix
jacchus. Houve divulgação através de convites distribuídos nas casas dos
moradores entrevistados e na Escola de Ensino Fundamental Alba Araújo. A
palestra ocorreu no mês de novembro de 2012, na Escola de Ensino
Fundamental Alba Araújo, conforme descriminado no apêndice C. A população
foi informada sobre os resultados do projeto na palestra.
4.8 Análise de dados
Todo procedimento estatístico foi realizado, predominantemente,
através da análise descritiva dos dados.
4.9 Aspetos Éticos e Legais da Pesquisa
Toda a pesquisa foi desenvolvida de acordo com a Resolução nº
196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) - Ministério da Saúde (MS), que
adota, no seu âmbito, a pesquisa envolvendo seres humanos e seguindo as
28
normas da lei 11794 de 8 de outubro de 2008 em que estabelece os
procedimentos para o uso científico de animais.
O estudo foi submetido à análise do Comitê de Ética e Pesquisa
(CEP) da Faculdade Estadual do Ceará, localizada em Fortaleza. Como
procedimento ético, os participantes da pesquisa receberam explicações sobre
a finalidade e objetivos do estudo.
29
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Caracterização dos entrevistados
Foram realizadas 30 entrevistas com moradores da Rua Tomé de
Sousa no bairro Vila Neuma Iguatu/CE. Evidenciou-se pouco interesse dos
entrevistados em participar da entrevista, havendo relutância e incômodo por
parte de alguns moradores.
Do total dos entrevistados, 97% eram do sexo feminino e 3% do
sexo masculino. O fato da maioria dos entrevistados ser do sexo feminino
provavelmente seja devido ao horário em que foram realizadas as entrevistas:
matutino–horário em que as mulheres estavam nos afazeres domésticos.
Em relação à idade, os entrevistados pertenciam, em maior parte, à
faixa etária com idade média entre 17-27 anos (Tabela 1).
Tabela 1: distribuição das porcentagens de idade por classe, para 30 pessoas na Vila Neuma Iguatu/CE, 2012.
Classe
por idade Frequência
Idade
(em %)
17├ 27 7 23,3
27├ 37 6 20
37├ 48 6 20
48├ 58 2 6,6
58├ 68 4 13,3
68├ 78 5 16,6
Total N= 30 N= 100
5.2 Proximidade dos saguis no entorno residencial
Para análise do comportamento dos símios, foram executadas
observações durante uma semana no mês de agosto de 2012, das 06h00min
às 17h00min. No que se refere às observações, foram percebidos
comportamentos referentes à proximidade com os humanos e o grau de
relação entre eles.
Callithrix jacchus mostrou-se presente próximo às residências dos
moradores abordados de acordo com a afirmativa de 93% dos entrevistados,
30
enquanto 7% não consideram que estejam próximos às suas residências.
Pode-se evidenciar essa proximidade por serem animais de fácil adaptabilidade
e pela conectividade com espaços verdes (MIRANDA et al., 2006), entre as
margens do Rio Jaguaribe e a zona urbana. Essa proximidade das matas a
centros urbanos também podem gerar conflitos que colocam em risco a própria
saúde do ambiente, como a dispersão de vetores e adaptação de patógenos a
novos hospedeiros, como o sagui (DASZAK, CUNNINGHAM, HYATT, 2000).
Quando interrogados sobre os horários de aproximação dos saguis,
79% dos entrevistados relataram que o período de maior intensidade era pela
manhã.
A presença de saguis vistos pela manhã está relacionada com o seu
comportamento, uma vez que são animais diurnos (AURICCHIO, 1995), que
deixam seus locais de pernoite nas primeiras horas da manhã, onde gastam
seu tempo à procura de alimento e o intenso forrageio, o que pode ter
contribuído para a visualização desses animais. Neves et al. (2007)
observaram que C. jacchus tem maior atividade durante o período da manhã.
Figura 3: Distribuição das porcentagens de respostas dos moradores da Vila Numa, Iguatu/CE, 2012, à pergunta “Quais os horários em que os saguis se aproximam da sua residência?”
79%
14%
4% 3%
Manhã
Tarde
Noite
NS/NR
31
5.3 Conhecimento sobre alimentação dos saguis e a oferta de alimentos
pelos moradores
Quando interrogados sobre o tipo de alimento dos saguis no
ambiente natural, 70% dos participantes afirmaram que a predileção desses
animais é por frutas, talvez pela preferência dos moradores de ofertarem esse
tipo de alimento e 30% não sabem do que eles se alimentam. Essa
predominância de afirmações confirma que os moradores não têm nenhum
conhecimento sobre a alimentação desses animais em ambientes sem a
influência direta do homem. As opiniões não correspondem às preferências
alimentares dos saguis, que são animais onívoros, necessitando de proteínas e
cálcio, visto que se alimentam de goma de árvores (CORRÊIA; COUTINHO,
2008) e suplementam sua dieta com frutos (RICHARD, 1995).
O hábito alimentar dos saguis é bastante diversificado, o qual inclui
pequenos animais, como pererecas (Anura, Hylidae), gafanhotos (Orthoptera,
Caelifera), minhocas (Haplotaxida), aranhas (Araneae), borboletas
(Lepidoptera) e besouros (Coleoptera) (CAINE, 1996; MIRANDA, FARIA, 2001;
PASSAMANI, 2001; VILELA, 2007; VILELA, FARIA, 2002).
Quando interrogados sobre a oferta intencional de alimentos para os
saguis, uma gama de itens diversificados foi mencionado. Os mais citados
foram: banana, manga, goiaba, arroz, tomate, feijão, carne, ração para gato,
biscoito e pão. O ato de alimentar o C. jacchus contribui para uma interferência
no seu comportamento, na sua nutrição e reprodução, tornando-os
dependentes desse abastecimento, acarretando a não procura por alimentos
em grupo e interferindo no processo de aprendizagem dos mais jovens quanto
ao conhecimento de alimentos adequados para a sua nutrição (FERRARI,
1996; VOELKL et al., 2006). Também, com essa oferta, aumenta o contato
direto desses animais com humanos, o que pode provocar acidentes como
ataques em atos de defesa.
5.4 Conhecimento dos moradores sobre doenças transmitidas por saguis
A transmissão de doenças por animais silvestres é advinda de vários
fatores, que vão desde a expansão de áreas urbanas às informações da
32
população sobre a dinâmica da transmissão de zoonoses e sua exposição a
que estejam sujeitos, seja de forma de transmissão direta, como as mordidas
que transmitem a raiva e as mais difíceis de reconhecer que estão ligadas a
relações entre o ser humano, animais selvagens e o meio-ambiente (figura 4)
(FRIEND, 2006).
Figura 4: Rotas potenciais de transmissão de doenças infecciosas entre animais e humanos (Adaptado de FRIEND, 2006).
33
Dos entrevistados, 44%, afirmam que os saguis deixam os
moradores se aproximarem com facilidade, ocorrendo contato direto, o que
torna esse convívio perigoso em face de os saguis serem suscetíveis a
doenças comuns ao homem, estabelecendo um risco a saúde pública
(FOWLER, 1986).
O contato mais próximo dos moradores com animais silvestres
facilita a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos
hospedeiros, estabelecendo novas relações e também novos nichos ecológicos
na cadeia de transmissão de doenças (CORRÊA, PASSOS, 2001).
Figura 4: Distribuição das porcentagens de respostas dos moradores, à pergunta “Eles (saguis)
deixam você se aproximar com facilidade?”. n=30. NS/NR= não sabe, não respondeu. .
Quando abordados sobre a transmissão de doenças, 63% dos
entrevistados mostraram reconhecer o risco sobre a transmissão de doenças
por esses animais e 37% acham que eles não transmitem nenhum tipo de
zoonose.
Nesse contexto, desde 1930, casos de doenças transmitidos por
primatas não humanos foram descritos, sendo provocados por Herpesvirus
simiae e também doenças causadas por bactérias, fungos e helmintos foram
verificadas (JOSLIN, 2003). As várias formas de contágio por agentes
patológicos em primatas não humanos podem estar correlacionadas com
44%
53%
3%
Sim
Não
NS/NR
34
ambiente, demografia, comportamento e alterações do ambiente, causadas
pela ação antrópica (STUART, STRIER, 1995).
As zoonoses, doenças transmitidas por animais, vem sendo
distribuídas por todo o globo. Entre os animais vertebrados que albergam os
agentes etiológicos, os saguis são uns dos principais e estão cada vez mais
próximos da população. Uma grande amostra dessa gama de doenças comuns
aos homens e aos saguis foi descrita por Verona (2008), (tabela 2) e mostra
que a população desconhece essa interação ecológica das doenças de cunho
zoonótico, afirmando a importância da prevenção de acidentes causados por
animais silvestres.
Brawm (1976) , quando pesquisava sobre o perfil da microbiota da
boca em saguis, fez um levantamento sobre as principais espécies patogênicas
de bactérias comuns aos homens e aos saguis. Essa gama de bactérias
comuns entre essas duas espécies reforça a eminência da transmissão de
doenças, estabelecendo uma cadeia de transmissão de patógenos.
O conhecimento da população sobre os casos de transmissão de
doenças por saguis na Vila Neuma, em Iguatu/CE, ficou limitado às seguintes
porcentagens: 7% da população afirma que esses animais transmitem a raiva;
13% que eles transmitem doenças, mas não sabem o tipo; 80% afirma nunca
ter ouvido falar sobre a transmissão de doenças por esses animais e que eles
não transmitem nenhum tipo de enfermidade (figura 5).
Figura 5: distribuição das porcentagens de respostas dos moradores da Vila Neuma Iguatu/CE, 2012, à pergunta “Já ouviu algum caso que os saguis podem transmitir doenças para humanos? Quais doenças?”. n=30.
13%
80%
7%
Sim/Não sabe quais doenças
Não
Raiva
35
Assim sendo, a raiva foi citada talvez em virtude das campanhas de
vacinação para gatos e cães, que informam com mais ênfase à população dos
riscos dessa patologia. Apesar disso, a grande maioria desconhece o fato de
que outros animais possam transmitir a raiva e diversos agentes etiológicos
transmissores de zoonoses. Desse modo, a população corre sérios riscos, uma
vez que desconhecendo os fatores de transmissão das doenças, a sociedade
está mais susceptível a não procurar assistência médica e os devidos cuidados
quanto a acidentes envolvendo animais silvestres, em especial os saguis.
A raiva é classificada pela saúde pública conforme o seu ciclo de
transmissão (ROLIM et al, 2006), que pode envolver além de animais
domésticos, animais silvestres, sendo o sagui um dos reservatórios de maior
relevância para o Brasil (SODRÈ, GAMA, ALMEIDA, 2010).
Quando indagados sobre possíveis ataques de saguis em algum
morador da comunidade, todos os entrevistados disseram que não ouviram
nem viram esse tipo de acidente, mas não estão isentos de incidentes
envolvendo humanos e os calicitrídeos, visto que no Ceará, foram identificados
onze casos de raiva humana transmitida por saguis no período de 1990 a 2010.
No mesmo período, foram relatados trinta e cinco casos de raiva nesses
primatas (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, 2012). A tabela
5 mostra as cidades em que foram registrados casos de raiva humana no
Estado do Ceará. Dos cinco casos registrados, quatro foram oriundos de
saguis.
Tabela 2: Registro de raiva humana no Estado do Ceará oriundo de saguis e cães no período
de 2005 a 2012.
Ano Município Animal agressor Total
2005 São Luís do Curu Sagui 1
2006
2007
2008 Camocim Sagui 1
2009
2010 Ipu¹, Chaval² Sagui¹, Cão² 1, 1
2011
2012 Jati Sagui 1
Fonte: Secretaria de saúde do Estado do Ceará (2012)
36
5.5 O comportamento dos saguis e a relação com os moradores
As observações tiveram inicio às 06h00min h e término às 17h00min
h, durante uma semana, tendo a interação de Callithrix jacchus com humanos o
ponto focal da observação. Durante este período foram registrados o convívio
dos saguis com a população da Vila Neuma, Iguatu/CE, e o grau de interação
entre eles. Os registros comportamentais foram feitos em um quintal de uma
residente da comunidade. O grupo era composto por 10 indivíduos, sendo
esses, 2 infantes, 1 macho reprodutor e 1 fêmea reprodutora, e o restante do
grupo, subordinados.
As observações totalizaram em 70 h durante uma semana, tendo
seu inicio no dia 20 de agosto de 2012 e término 26 de agosto de 2012.
5.6 Atividades de interações registradas
O padrão de atividade do grupo de C. jacchus ao longo das
observações, apresentou variação quanto à interação com humanos durante a
semana de observações, mudando de 8 indivíduos a 6. Não se observou
contato direto, como a aquisição de alimentos pelos infantes.
A interação com a população foi registrada somente no período da
manhã e vespertino, condizente com as entrevistas, que afirmaram os mesmos
horários de aproximação dos saguis.
Percebeu-se que esse padrão de atividade é mais frequente nesses
horários devido à doação de alimentos ofertados ocorrerem nesse período.
Castro et al. (2000) evidenciaram que a disponibilidade e a distribuição espacial
de fontes de alimentos têm um importante papel em determinar a área de
vivencia dos primatas e que o padrão de uso no espaço para o forrageio
influencia diretamente na presença dos saguis em determinados locais.
No grupo observado, a área de vivencia e procura por alimentos
limitou-se aos quintais residenciais. Os saguis não precisaram percorrer longas
distâncias a procura de alimentos, devido às ofertas serem diárias pelos
moradores do entorno do habitat desses animais.
No momento das observações, foram registrados todos os adultos
do grupo em contato direto com humanos, recebendo alimentos ofertados na
mão e a invasão dos saguis dentro da residência em contato também com
37
animais domésticos. Essa oferta direta de alimentos, o estabelecimento dos
saguis nos espaços urbanos, o contato com animais domésticos e as pessoas
facilita a disseminação de doenças em novos ambientes e hospedeiros, tais
como varíola, sífilis, raiva, herpes (FIGUEIREDO, 2009), causando graves
prejuízos à saúde da população.
Devido a essa relação de proximidade estabelecida, houve repercussão
negativa em Jati, sul do estado do Ceará, em fevereiro de 2012, um menino de
9 anos levou um sagui para casa, foi mordido por esse animal e internado com
raiva num hospital, chegando a óbito (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO
DO CEARÁ, 2012).
Nesse contexto, esses fatores de risco que compreendem as
circunstâncias do ambiente e os hábitos das pessoas, conferem maior ou
menor probabilidade de acometimentos de danos à saúde, sendo necessário
um conjunto de ações de saúde pública, que se volte para a proteção e o
controle sanitário dos processos do bem estar e da educação da sociedade
(PEREIRA, 2003).
5.7 Divulgação dos resultados da pesquisa para a comunidade
A apresentação dos resultados da pesquisa para os moradores da
Vila Neuma, Iguatu/CE, ocorreu através de uma palestra (figura 6). Estes foram
convidados pessoalmente com a ajuda de docentes da Escola Alba Araújo, que
cedeu um espaço para a realização da palestra em uma reunião que ocorreu
na escola.
Figura 6: palestra realizada na Escola de Ensino Fundamental Alba Araújo sobre a transmissão de doenças por Callithrix jacchus na comunidade de Vila Neuma, Iguatu- CE. Foto: Glaucia Maria, novembro de 2012.
38
Figura 7: conhecendo os ciclos urbanos e silvestres das zoonoses na palestra apresentada para pais e alunos da comunidade de Vila Neuma, Iguatu- CE. Foto: Glaucia Maria, novembro de 2012.
Foi apresentada aos moradores a relação de proximidade com os
saguis e a relação entre eles, o que os entrevistados mostraram saber sobre a
alimentação e a transmissão de doenças. Também foi feita uma abordagem
sobre a biologia do saguis, com aspectos voltados para o seu comportamento,
hábitos alimentares e as principais doenças transmitidas por esses animais.
Houve um momento de interação com os participantes, que puderam tirar
dúvidas sobre os saguis.
Durante a explanação dos resultados obtidos na pesquisa, os
participantes puderam entender mais sobre a relação de proximidade dos
moradores da Vila Neuma com os saguis e a relação entre eles, o que os
entrevistados mostraram saber sobre a alimentação e a transmissão de
doenças.
Durante o momento de conversa com os ouvintes surgiram dúvidas
sobre a transmissão de doenças e a aproximação dos saguis na comunidade.
Os alunos presentes participaram ativamente da palestra fazendo com que o
objetivo do trabalho contribua de forma positiva para a comunidade em
questão.
39
As perguntas mais frequentes foram os tipos de doenças que
Callithrix jacchus pode transmitir e qual o risco que esses animais podem trazer
à população mesmo sem o contato direto. As dúvidas foram esclarecidas de
acordo com os resultados obtidos enfatizando a importância dos saguis para a
natureza e que nenhum risco oferecem a comunidade se tratados como
animais silvestres e não como de estimação.
40
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa procurou trazer à tona algumas consequências do
convívio dos moradores da Vila Neuma, Iguatu/CE com os saguis, relutando no
contexto social e na interação entre eles.
De modo geral, a falta de informação sobre os saguis faz com que
as pessoas aproximem-se de maneira direta desses animais. A oferta diária de
alimentos é um fator primordial para esse contato, havendo interação entre o
homem e os calitricídeos e a confirmação do risco de transmissão de doenças
advindas de Callithrix Jacchus por esse elo epidemiológico.
Nesse contexto, a dinâmica de interação do homem com a natureza
é muito complexo, envolvendo fatores que podem desencadear modificações
no ambiente em que vivem. A transmissão de doenças por animais silvestres é
um fator de grave alteração no espaço modificado pelas ações do homem.
Intervenções baseadas nos elos conhecidos sobre a transmissão de
doenças e a cadeia epidemiológica são capazes de interrompê-la, havendo a
necessidade da observação sistemática do comportamento dos procedimentos
de prevenção e controle das evoluções dos elos de transmissão de doenças.
Para conhecer mais detalhadamente as condições de saúde da
população é necessário trabalhar com meios que permitam observar a
distribuição desigual de situações de risco e dos problemas de saúde, com
dados demográficos, socioeconômicos e ambientais, promovendo a integração
dessas informações.
Nesse sentido, é fundamental que as informações sejam
contextualizadas fornecendo elementos para construir uma cadeia explicativa
dos problemas de saúde que a população venha a sofrer, estabelecendo
campanhas educativas sobre a ecologia do comportamento dos saguis,
importantes focos por conta da transmissão de doenças e programas de
educação atrelados a contextos de interesse local que visem à associação da
educação ambiental com a educação em saúde usadas como ferramentas de
prevenção.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis. 168p. 1995. AVILA PIRES, F. D. Princípios de Ecologia Humana. Porto Alegre, UFRGS, p. 83-94, 1983. AVILA-PIRES, F. D. Zoonoses: hospedeiros e reservatórios. Caderno Saúde pública. Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 82-97, 1989. _______. Taxonomia e zoogeografia do gênero “Callithrix” (Primates, Callitrichidae). Revista Brasileira de Biologia, v. 29, p. 49-64, 1969. BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim eletrônico epidemiológico. Situação Epidemiológica das Zoonoses de Interesse à Saúde Pública. Ano. 9, n. 1, jun, Ministério da Saúde, 2009, p. 1 _______. Fundação Nacional de Saúde. Diretrizes de educação em saúde visando à promoção da saúde: documento base - documento I/Fundação Nacional de Saúde -Brasília: Funasa, 2007, 70 p. _______. Guia de Bolso Doenças infecciosas e parasitárias. Ministério da Saúde- Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica. Revista Brasília-DF, Ed. 7, 2008. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em saúde: zoonoses / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília, 2009, n. 22, 224 p. _______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Saúde, 1996, p. 60-88. CAINE, N. G. Foraging for Animal Prey by Outdoor Groups of Geoffroy’s Marmosets (Callithrix geoffroyi). International Journal of Primatology. V. 17, n. 6, p. 933-945, 1996. Company; 1996. CASTRO, C. S. S.; ARAÚJO, A.; ALHO, C.; DIAS FILHO, M. M. Influencia da distribuição e disponibilidade dos frutos, na dieta e uso do espaço em saguis-do-nordeste (Callithrix jacchus). A Primatologia no Brasil. V. 7, p. 65 – 80, 2000. CATÃO-DIAS, J. L. Doenças e seus impactos sobre a biodiversidade. Ciência e Cultura: Biodiversidade, v.55, n. 3, p. 32-34, 2003. CAVALCANTE, M. T.; DONINI, A. C. Avaliação do conhecimento e conduta relacionada ao termo zoonoses, do ponto de vista profissional e leigo. Dissertação de Mestrado. Faculdades Metropolitanas Unidas- FMU, São Paulo- SP, 2007.
42
CLARKE, J.M. The Common Marmoset (Callithrix jacchus). ANZCCART News, v. 7, n. 2, p. 1-8, 1994. CORRÊA, H. K. M.; COUTINHO, P. E. G.; FERRARI, S. F. Between-year differences in the feeding ecology (Callithrix aurita and Callithrix flaviceps) in south-eastern Brazil. Journal of Zoology, v. 252, p. 421-427. 2000. CORRÊA, S.H.R.; PASSOS, E.C. Wild animals and public health. In: FOWLER, M.E.; CUBAS, Z.S. Biology, Medicine, and surgery of South American wild animals. Ames: Iowa University Press, p. 493-499, 2001. DASZAK, P.; CUNNINGHAM, A. A.; HYATT, A. D. Emerging infectious diseases of wild life – threats to biodiversity and human health. Science, v.287, n.5452, p.443-449, 2000. DIGBY, J. L.; FERRARI, F. S. Multiple breeding females in Free-Ranging groups of Callithrix jacchus. International Journal of Primatology. V. 15, n. 3, p. 389-397, jun. 1994. FIGUEIREDO, L. P. Avaliação do potencial zoonótico de Callithrix sp. (Primates) (Callithrichinae) na cidade de Ilhéus. 2009. Projeto de Iniciação Científica (Graduação em Medicina Veterinária), Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2009. FERRARI, S. F. A vida secreta dos saguis: modelos do comportamento humano? Revista Ciência Hoje. São Paulo, v. 20, n.119, p.18-25, abr. 1996. FRIEND, M. Disease Emergence and Resurgence: The Wildlife-Human Connection. Virginia: U.S. Geological Survey, Circular 1285, 400p. 2006. FOWLER, M. E. Zoo and wild animal medicine. Philadelphia: WB Saunders. 1986. IBGE. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em 15/05/2012.
IGUATU. A Cidade. Disponível em: <http://www.iguatu.ce .gov.br/ ?op=paginas&tip o =secao&secao=3&pagina=3> 2010. Acesso em 22/05/2012. JOSLIN, J. O. Other Primates Excluding Great Apes. In: Fowler 5 Zoo and Wild Animal Medicine. M. E. Fowler. Philadelphia, W. B. Saunders Company, 658 p. 2003. LAKATOS, M. E.; MARCONI, A. M. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. Ed. 6. – São Paulo- SP: Atlas, 2001, p.219. LAZARO-PEREA, C.; SNOWDON, C. T.; ARRUDA, M. F. Scent-marking behavior in wild groups of common marmosets (Callithrix jacchus). Behavioral Ecology and Sociobiology, v 46, p. 313-324, 1999.
43
LIMA, A. M. A.; ALVES, C, L.; FAUSTINO, G. A. M.; LIRA, S. M. N. Percepção sobre o conhecimento e profilaxia das zoonoses e posse responsável em pais de alunos do pré-escolar de escolas situadas na comunidade localizada no bairro de Dois Irmãos na cidade do Recife (PE). Revista ciência e saúde coletiva, v. 15, 2010, Artigo apresentado em 23 de jun2007, Aprovado em 14 de dez de 2007, Versão final apresentada em 15 de jan de 2008. LISBOA, C.V; DIETZ, J.; BAKER, A.J.; RUSSEL, N.N,; JANSEN, A.M. Trypanosoma cruzi infection in Leontopithecus rosalia at the Reserva Biológica de Poço das Antas, Rio de Janeiro, Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 95, p. 445-452, 2000. LUCKESI, C. C. Educação, Ludicidade e Prevenção das Neuroses Futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. In: II CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOSSINTESE, Salvador-Bahia, [s, d], p. 37-53. MARTINS, S. I. Padrão de atividades do sagui callithrix jacchus numa área da caatinga. 2007. 56f. Tese de mestrado (Psicobiologia) - Centro de biociências. Programa de pós-graduação em psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN. 2007. IN: YAMAMOTO, M.E (1991) Comportamento social do gênero callitrhix em cativeiro. A primatologia no Brasil, v. 3, p. 63-81. MIGUEL, O. A vigilância sanitária e o controle das principais zoonoses. Coordenação do curso de medicina veterinária da UNIBAN, 2005. Disponível em <http://www.bichoonline.com.br/artigos/Xom0001.html>. Acesso em 26-04-2012. MIRANDA, G. H. B.; FARIA, D. S. Ecological aspects of black-pincelled marmoset (Callithrix penicillata) in the cerradão and dense cerrado of the Brazilian Central Plateau. Brazilian Journal of Biology. São Carlos, v. 61, n. 3, ago. 2001. MILLSAP, A.; BEAR, C. Density and reproduction of burrowing owl along an urban development gradient. J. Wildl. Manage, v. 64, n.1, p. 33-41. 2000. MOONEY, H. A.; NEVILLE, E. L.; SCHEI, J. P.; WAAGE, K. J. Invasive Alien Species: The Nature of the Problem. Washington: Island Press, p. 1-15, 2005. NEVES, L. C. Distribuição geográfica e conservação de Callithrix kuhlii (Coimbra-Filho, 1985) (Primates, Callitrichidae) no sul da Bahia, Brasil. 2008. P. 28. Tese de Mestrado, Universidade de Santa Cruz, Ilhéus-Bahia. 2008. NEVES, L. C.; RACHEL, M.; OLIVEIRA, M. A. B.; JÚNIOR, T.; WALLACE R.; SANTOS, E. M. Comportamentos interespecíficos entre Callithrixjacchus(Linnaeus) (Primates, Callitrichidae) e algumas aves de Mata Atlântica, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. V. 24, n. 4, p. 709-716, set. 2007.
44
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Organización Panamerica de la Salud. Guía para el desarrollo de planes integrados de acción para la prevención, control y eliminación de las enfermedades infecciosas desatendidas, segunda versión de trabajo, Octubre 2011, 94p. OLIVEIRA, I. A. A. Padrão de Dispersão e Análise da Área de uso de uma População Urbana se Sagui - do - nordeste Callithrix jacchus, (Callithrichidae, Primates). 43f. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Pernambuco. Recife/Pe. 2008. OLIVEIRA, L. D. A. “nova saúde pública e a promoção da saúde via educação: entre a tradução e a inovação. Revista Latino Americana de Enfermagem, v. 13, n. 3, p. 423-431, recebido em: 09 de fev de 2004, aceito em: 06 de mai de 2005. PASSAMANI, M. Descobrindo o sagui-da-cara-branca. Revista Ciência Hoje. São Paulo, v.29, n.171, p. 73-76, mai. 2001. PEREIRA, M. G. Epidemiologia Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan; p. 484, 342. 2003.
PIGNATTI, P. G. Saúde e ambiente: as doenças emergentes no Brasil. Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Recebido em 13/08/2003 e Aceito em 21/11/2003. Ambiente & Sociedade, v.7, n. 1, jan./jun. 2004, p. 134, 2004. PINTO, M. C. F. A. Metodologia do trabalho científico: planejamento, estrutura e apresentação de trabalhos acadêmicos, segundo as normas da abnt . Belo Horizonte 18 fev, p. 9, 10, 11, 2010. POTKAY, S. Diseases of the Callitrichidae: a review. Journal of Medical Primatology, v. 21, p. 189-236, 1992. RICHARD, A. F. Primates in nature.W.H. Freeman and Company, New York. 1985. ROLIM, B. N.; TEIXEIRA, M. F. S.; ROLIM, J. B. S.; SOUSA, J. B. Relato do controle da raiva canina no município de Fortaleza - Ceará, no período de 2001 a 2005. Trabalho apresentado na: II Feira de Ciência, Cultura, Tecnologia e Inovação do Estado do Ceará; Fortaleza, Ceará, p. 19-23, jun. 2006. ROSEN, G. A. History of public health. New York: MD Publications, p. 551, 1958. RUIZ - MIRANDA, C. R.; AFFONSO, A. G.; MORAIS, M. M.; VERONA, C. E. S.; MARTINS, A.; BECK, B. Behavioral and Ecological Interactions between Reintroduced Golden Lion Tamarins (Leontopithecus rosalia Linnaeus, 1766) and Introduced Marmosets (Callithrix spp, Linnaeus, 1758) in Brazil’s Atlantic Coast Forest Fragments. Brazilian Archives of Biology and Technology. V. 49, n. 1, jan. 2006.
45
RYLANDS, A. B.; SCHNEIDES, H.; LANGGUTH, A.; MITTERMEIR, R. A.; GROVES, C. P.; RODRIGUÉS.; LUNA, E. 2000. An Assesment of the Diversity of New World Primates. Neotropical Primates, v. 8, n. 2, p. 61-93, 2000. SCHNEIDER, H.; ROSENBERGER, A. L. Molecules, morphology, and platyrrhine systematics. Adaptive Radiations of Neotropical Primates, eds. M. A. Norconk, A. L. Rosenberger, and P. A. Garber, p. 3–19. New York: Plenum Press. 1996. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Morre menino que foi mordido por soim, animal que deve viver na mata [Internet]. Março de 2012 [Acesso março de 2012]. Disponível em http://www.saude.ce.gov.br/index.php/noticias/45207-morre-menino-que-foi-mordido-por-soim-animal-que-deve-viver-na-mata. 2012. SEGRE, M.; FERRAZ, C. F.O conceito de saúde. Revista de saúde pública, v. 31, n. 5, p. 42-538, 1997. SILVA, G. S.; MONTEIRO DA CRUZ, M, A, O. Comportamento e composição de um grupo de Calllthrix jacchus erxleben (primates, callltrichidae) na mata de dois irmãos, Recife, Pernambuco, Brasil, Revista brasileira de Zoologia, v. 10, n. 3, p. 509-520, 1993. SODRÉ, M. M.; GAMA, A. R.; ALMEIDA, M. F. Updated list of bat species positive for rabies in Brazil. Rev Inst Med Trop. São Paulo; 52:75-81. 2010 SOUZA, A. C.; COLOME, I, C, S.; COSTA, L. E. D.; OLIVEIRA, D. L. L. C. A educação em saúde com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre-RS 2005 ag; v. 26, n. 2, p. 147-153. Recebido em 31/05/2004, Aprovado em 18/07/2005. STEVENSON, M. F.; RYLANDS A. B. The marmosets, genus Callithrix. Ecology and Behavior of Neoropical Primates, v. 3, 1988. STOTZ, N. E. Enfoques sobre educação e saúde. Rio de Janeiro, p. 6. [s,d]. STRIER, K. B. Delopmental Stages. Primate Behavioral Ecology. Allyn & Bacon, Boston, p. 258-283. 2003. STUART, M. D.; STRIER, K. B. Primates and parasites: a case for a multidisciplinary approach. Int. J. Primatol. v.16, n°4, p.577 - 593. 1995. SUSSMAN, R. W.; KINSEY,W. G. The ecological role of the Callitrichidae: A review. Am. J. Phys. Antrop., v. 64, p. 419-449. 1984. TORTORA, J. G.; FUNKE, R, D; COSE, L, C. Microbiologia. Trad. Atual. Por Roberta Marchiori Martins.- Ed. 8, Edt, Artmed: Porto Alegre; 443 p. 2005. VIANNA, R. M. LEGISLAÇÃO DE APOIO AO CONTROLE DE ZOONOSES:
46
Superintendência de Controle de Zoonoses, Vigilância e Fiscalização Sanitária – Secretaria Mun. de Saúde/Rio de Janeiro, p. 1, 2003. VASCONCELLOS, A, S. Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde animal. Disponível em: <http://www.cevisa.ibiuna.sp.gov .br/Arquivos %20p ara% 20 baixar/zoonosesconceito.pdf>. Acesso em 20 de mai de 2012. VERONA, C. E. S; PISSINATTI, A. Primatas. Madicina de Animais Selvagens. Ed. Roca, p. 358-377, 2007. VERONA, C. E. S. Parasitos em sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) no Rio de Janeiro. 2008. 98f. Tese de doutorado (Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, RIO DE JANEIRO - RJ. 2008. VILELA, S. L.; FARIA, D. S. Dieta do Callithrix penicillata (Primates, Calitrichidae) em áreas de Cerrado no Distrito Federal, Brasil. Neotropical Primates. V. 10, n. 1, p.17-20, abr. 2002. VILELA, S. L. Simpatria e dieta de Callithrix penicillata (Hershkovitz) (Callitrichidae) e Cebus libidinosus (Spix) (Cebidae) em matas de galeria no Distrito Federal, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. V. 24, n. 3, p. 601-607, set. 2007. _______. Parasitos em sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) no Rio de Janeiro. 2008. 98f. Tese de doutorado (Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, RIO DE JANEIRO. 2008. IN: Brown, L. R.; HANDLER, S.; ALLEN, S. S.; SHEA, C.; WHEATCROFT, M. G.; FROME, W. J. Oral Microbial Profile of Marmoset. Journal of Dental Research, 1973: 52: 815-824. VOELKL, B.; SCHRAUF, C.; HUBER, L. Social contact influences the response of infant marmosets towards novel food. Animal Behavior. V. 72, n. 2, p. 365-372, 2006. XIMENES, M.F.F.M. Parasitismo por helmintos e protozoários no sagui comum (Callithrix jacchus). A Primatologia no Brasil. vol. 6, ed. M.B.C. Sousa & A.A.L. Menezes, 1997. EDUFRN e Sociedade Brasileira de Primatologia, Natal, p. 246-256.
47
APÊNDICES
48
Governo do Estado do Ceará
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI
Curso de Ciências Biológicas
APÊNDICE A - Planilha de campo para a utilização nos registros de
informações referentes à interação dos saguis com humanos.
PLANILHA DE OBSERVAÇÃO
DIA DA OBSERVAÇÃO ____ / _____/ ______
HORÁRIO
Nº DE
INDIVÍDUOS
OBSERVADOS
QUANTOS DO
GRUPO
INTERAGEM
COM OS
HUMANOS
TIPO DE
INTERAÇÃO
COM
HUMANOS
AQUISIÇÃO
DE ALIMENTO
OFERECIDO
PELOS
HUMANOS
CONTATO
COM ANIMAIS
DOMÉSTICOS
ACIDENTES
ENVOLVENDO
MORDIDAS
OU
ARANHÕES
POR Callithrix
jacchus
49
Governo do Estado do Ceará
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI
Curso de Ciências Biológicas
APÊNDICE B - Roteiro de entrevista para os moradores da Vila Neuma.
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Eu, Denis Juvenço Andrade, aluno do Curso de Ciências Biológicas da
Universidade Estadual do Ceará- UECE, Faculdade de Educação Ciências e
letras de Iguatu- FECLI, estou realizando um estudo monográfico sobre
Callithrix jacchus, conhecido popularmente como saguis/soim à respeito dos
hábitos, comportamento, contato com humanos e possível transmissão de
doenças por causa do convívio com esses animais, sob a orientação do
Professor Ms. Ricardo Ridrigues da Silva. Vale salientar que esta entrevista
será anônima, voluntária, de fins científicos e não haverá a identificação de
nenhum dos entrevistados.
N° do questionário: ____
Idade: _______________ sexo: ( ) F ( ) M N° de moradores
da residência: _______
1 É comum a presença de saguis próximo a sua residência? ( ) Sim ( ) Não
2 Eles deixam você se aproximar com facilidade?
( ) Sim ( ) Não
3 Quais os horários em que eles se aproximam?
Durante o dia? ( ) Durante a tarde? ( ) Durante a noite? ( )
4 Você sabe do que eles se alimentam? Se sim, cite.
5 Você costuma deixar alimentos para eles? Se sim, quais?
50
6 Ouviu algum relato de ataque de saguis em algum morador da comunidade?
( ) Sim ( ) Não
7 Você acha que eles podem transmitir doenças para humanos?
( ) Sim ( ) Não
8 Já ouviu algum caso que os saguis transmitiram doenças para humanos? Se sim,
quais doenças.
51
Governo do Estado do Ceará
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI
Curso de Ciências Biológicas
APÊNDICE C - Termo de autorização para realização da palestra
Eu Denis Juvenço Andrade graduando do Curso de
Ciências Biológicas- Universidade Estadual do Ceará- UECE, Faculdade de
Educação Ciências e Letras de Iguatu- FECLI estou realizando um estudo com
o intuito de ampliar o conhecimento acerca da possível transmissão de
doenças por Callthrix jacchus e o contato dos seres humanos com esses
animais.
Trata-se de um estudo quali-quantitativo, exploratória, descritiva e
documental que tem como finalidade identificar os itens acima citado bem
como discutir os resultados.
Desse modo solicitamos, por meio deste, a autorização para a
realização de uma palestra, à Coordenação da Escola de Ensino Fundamental
Alba Araújo.
Eu, __________________________________________________ RG n°
__________________________________ ciente das informações recebidas,
concordo com a realização da palestra que será realizada sob responsabilidade
de Denis Juvenço Andrade graduando do Curso de Ciências Biológicas-
Universidade Estadual do Ceará- UECE, Faculdade de Educação Ciências e
Letras de Iguatu- FECLI, pois estou informando de que em nenhum momento,
a instituição estará exposta a riscos causados pela liberação da palestra.
Tendo exposto concordo voluntariamente em autorizar a execução da
palestra na Escola de Ensino Fundamental Alba Araújo.
__________________________________
Francisco Elielson Gonçalves Diretor Escola de Ensino Fundamental Alba Araújo
__________________________________
Denis Juvenço Andrade Pesquisador
__________________________________
Profº. Ms. Ricardo Rodrigues da Silva Orientador
top related