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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
ISABELA VASCO TEIXEIRA
ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA CASA MODELO SUSTENTÁVEL
EM COMPARAÇÃO COM O PROJETO CONVENCIONAL
MACEIÓ-AL
2018/1
ISABELA VASCO TEIXEIRA
ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA CASA MODELO SUSTENTÁVEL
EM COMPARAÇÃO COM O PROJETO CONVENCIONAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário CESMAC, sob a
orientação do professor Msc. Fernando Silva de Carvalho.
MACEIÓ-AL
2018/1
T266a Teixeira, Isabela Vasco
Análise orçamentária do projeto arquitetônico de uma casa modelo
sustentável em comparação com o projeto convencional / Isabela Vasco
Teixeira . -- Maceió: 2018
70 f.: il.
TCC (Graduação em Engenharia Civil) - Centro Universitário CESMAC,
Maceió - AL, 2018.
Orientador: Fernando Silva de Carvalho
1. Sustentabilidade. 2. Materiais. 3. Habitação de interesse social.
I. Carvalho, Fernando Silva de. II. Título.
CDU: 728.336.145
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC
Evandro Santos Cavalcante
Bibliotecário CRB-4/1700
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus e aos meus pais pela força, confiança, apoio
e, principalmente, por serem meu porto seguro e não terem deixado eu desistir nos
momentos difíceis. Apoiar mais uma graduação foi apoiar um recomeço e isso poucos
sabem fazer.
Ao meu orientador prof. Msc. Fernando Silva de Carvalho que me aceitou sem
nem pensar no trabalho que teria ao me orientar. Além dele, outros professores
contribuíram ao longo das pesquisas e dos estudos sobre o meu tema e por isso
também agradeço a eles: prof. Msc. Renata Torres S. de Castro e prof. Dr. Jessé
Marques da Silva Junior. O apoio dos profissionais qualificados e, principalmente, da
instituição de ensino, o Centro Universitário CESMAC, foram essenciais para o
crescimento e aprimoramento desta pesquisa a qual foi reconhecida pela Prefeitura
de Maceió junto com a Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente
(SEMPMA), logo no início dos estudos da mesma, através do prêmio Maceió Cidade
Sustentável I.
Aos amigos do grupo flores que conseguiram me cativar, principalmente
Teresa Abib e Maria Vitória. Não teria conseguido muitas conquistas durante esses
cinco anos sem a amizade e o apoio dessas pessoas.
ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA CASA MODELO SUSTENTÁVEL EM COMPARAÇÃO COM O PROJETO
CONVENCIONAL BUDGET ANALYSIS OF THE ARCHITECTURAL PROJECT OF A SUSTAINABLE
MODEL HOUSE IN COMPARISON WITH THE CONVENTIONAL PROJECT
Isabela Vasco Teixeira Graduanda do Curso de Engenharia Civil
isabelavasco@gmail.com Fernando Silva de Carvalho
Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental fernandoscarvalho@hotmail.com
RESUMO
Os processos construtivos devem ser repensados de forma a considerar o seu impacto ambiental. Deste modo, buscou-se responder tal indagação: como construir um edifício que produza impactos reduzidos ao meio ambiente, em comparação com o processo convencional da construção civil? Para discutir essa questão, o trabalho possui o objetivo geral de analisar o custo benefício de uma casa com princípios sustentáveis e comparar com o projeto arquitetônico convencional visando atender o déficit
da habitação em conjunto com a viabilidade dos materiais sustentáveis na construção civil. A metodologia proposta foi a elaboração de um projeto para uma casa modelo com princípios sustentáveis permitindo comparar os benefícios ambientais da mesma com o projeto arquitetônico convencional, o mesmo proporciona uma visão ampliada, através do estudo de conceitos, de como a construção civil pode andar lado a lado com o desenvolvimento sustentável. Com o resultado alcançou-se a meta proposta de oferecer um conhecimento dos materiais disponíveis necessários para o uso da
construção de uma habitação popular comprovando que a mesma possui custo inferior aos métodos convencionais da construção civil destacando, também, a preocupação com a sociedade, o meio ambiente e o incentivo à prática da sustentabilidade.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade. Materiais. Habitação de Interesse Social. ABSTRACT
The construction processes should be rethought in order to consider their environmental impact. In this way, it was tried to answer such question: how to construct a building that reduce the impact in the environment, in comparison with the conventional process of the civil construction? First, to discuss this
issue, the work has the main objective of analyzing the cost-effectiveness of a house with sustainable principles and compare it with the conventional architectural project aiming to address the housing deficit in conjunction with the viability of sustainable materials in civil construction. The proposed methodology was the elaboration of a project for a model house with sustainable principles allowing to compare the environmental benefits of the same with the conventional architectural project, it provides an extended view, through the study of concepts, of how construction can walk side by side sustainable development.
The goal was to offer a knowledge of the available materials needed for the use of the construction of a popular housing proving that it has a lower cost than the conventional methods of construction, also highlighting the concern with society, environment and the incentive to practice sustainability.
KEYWORDS: Sustainability. Materials. Housing of Social Interest.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema de componentes que contribuem para o desenvolvimento
sustenável. .......................................................................................................... 8
Figura 2. Estrutura de Quioto ............................................................................. 11
Figura 3. Esquema das causas de emissão de gases. ......................................... 13
Figura 4. Edifícios verde podem reduzir. ............................................................. 14
Figura 5. Impactos ambientais............................................................................ 16
Figura 6. Impacto ambiental em Maceió-AL......................................................... 16
Figura 7. Conceitos abordados para uma habitação de interesse social ......... 20
Figura 8. Utilização da água da máquina de lavar para irrigação. ......................... 22
Figura 9. Sistema alternativo de reuso de água em uma edificação. ..................... 23
Figura 10. Pavimentação permeável em blocos inter travados e detalhe
“concregrama”. .................................................................................................. 23
Figura 11. Painéis fotovoltaicos instalados na fachada. ........................................ 24
Figura 12. Execução da parede de taipa. ............................................................ 26
Figura 13. Parede de taipa. ................................................................................ 26
Figura 14. Casa com parede de taipa. ................................................................ 27
Figura 15. Casa de garrafa PET. ........................................................................ 28
Figura 16. Coluna estrutural da parede de garrafa pet. ........................................ 29
Figura 17. Construção da alvenaria de garrafa pet............................................... 29
Figura 18. Geometria Final do Produto ............................................................... 31
Figura 19. Materiais utilizados ............................................................................ 32
Figura 20. Fixação da telha ................................................................................ 32
Figura 21. Piso cimento queimado. ..................................................................... 33
Figura 22. Etapas para execução do piso cimento queimado. .............................. 34
Figura 23. Planta baixa da casa modelo sustentável. ........................................... 37
Figura 24. Projeto elétrico da casa modelo sustentável e convencional................. 39
Figura 25. Projeto de água fria da casa modelo sustentável e convencional .......... 39
Figura 26. Projeto de esgoto da casa modelo sustentável e convencional. ............ 40
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 5 1.1 Considerações Iniciais ............................................................................. 5 1.2 Objetivo .................................................................................................... 6 1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 6 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 6 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 8 2.1 Sustentabilidade ....................................................................................... 8 2.1.1 As Conferências ...................................................................................... 9 2.2 Sustentabilidade no ambiente construído ...............................................11 2.2.1 Impacto ambiental da construção civil ......................................................15 2.3 A importância da habitação popular ........................................................18 2.3.1 Habitação de Interesse Social .................................................................19 2.3.2 Os Programas de Habitação Popular .......................................................21 2.4 Princípios para uma construção sustentável ..........................................21 2.4.1 Água ......................................................................................................22 2.4.2 Energia ..................................................................................................23 2.4.3 Materiais ................................................................................................24 2.5 Técnicas Construtivas Sustentáveis .......................................................25 2.5.1 Paredes .................................................................................................25 2.5.2 Teto .......................................................................................................30 2.5.4 Piso .......................................................................................................33 3 METODOLOGIA ..........................................................................................35 3.1 Definição e elaboração do estudo preliminar ..........................................35 3.2 Orçamentos de custos e seus quantitativos ...........................................35 3.3 Viabilidade da construção sustentável ....................................................36 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................37 4.1 Projeto residencial e seus quantitativos..................................................37 4.2 Viabilidade financeira e ambiental ...........................................................40 5 CONCLUSÃO ..............................................................................................46 REFERÊNCIAS ..............................................................................................47 APÊNDICES ..................................................................................................50 APÊNDICE A .................................................................................................51 APÊNDICE B .................................................................................................57 APÊNDICE C .................................................................................................59 APÊNDICE D .................................................................................................62 APÊNDICE E..................................................................................................64
5
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
A primeira definição de desenvolvimento sustentável surgiu no Relatório
Brundtland em 1987. Esse relatório afirmava que o “desenvolvimento sustentável é
aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às
necessidades das gerações futuras” (GONÇALVES; DUARTE, 2006).
Apesar da discussão sobre sustentabilidade ter se intensificado na década de
90, ainda hoje, é algo novo para a indústria da construção. O ramo da construção civil
deve refletir sobre os processos naturais ao invés de impactar o meio ambiente. A
lógica da construção sustentável é algo crescente, progressivo, que pode ser
alcançado através de metas sustentáveis (PINHEIRO, 2003).
Os processos construtivos devem ser repensados de forma a considerar o seu
impacto ambiental. A crise energética mundial é um dos fatores que devem ser
levados em conta, de maneira que possam criar uma arquitetura mais econômica,
coerente e humana. Assim, para construir uma edificação que possua menor impacto
no meio ambiente devem ser considerados alguns aspectos como a racionalização do
consumo de água, de energia, de materiais, etc. Além da possibilidade de dar um novo
uso ao entulho - o “lixo da construção”, usar a água da chuva e aproveitar ao máximo
os recursos naturais (como iluminação e ventilação).
O consumo de materiais pela construção civil, muitas vezes, é efetuado de
forma massiva e pouco racional. A falta de políticas públicas para disciplinar e ordenar
o destino do fluxo de resíduos na cidade provoca diversos impactos ambientais como:
degradação das áreas de proteção permanente; proliferação de doenças;
assoreamento de rios; etc.
Há muito tempo, a população brasileira lida com o problema da habitação
própria. Diante dessa problemática que o governo vem lançando políticas
habitacionais desde o governo de Getúlio Vargas com o intuito de diminuir o déficit
habitacional (VALQUÍRIA, 2008).
Diversas pesquisas defendem que a educação é um fator que melhora a
condição humana, da mesma forma que a cultura determina o desenvolvimento.
Tendo como base tais pesquisas e acreditando que a inserção da prática sustentável
6
deve ser fomentada de modo que a população mude seus atos gradativamente, é que
foi determinada a escolha de trabalhar uma casa modelo sustentável comparada ao
modelo convencional. Este trabalho visa consolidar os conhecimentos adquiridos no
decorrer do curso de engenharia civil aliado às premissas que vem sendo aplicadas
nas edificações.
A escolha de analisar a viabilidade de utilizar os materiais sustentáveis deve-
se ao fato dessa atividade ser uma das principais causadoras do impacto ambiental.
Pode-se ressaltar as necessidades dessa atividade como: o uso de recursos naturais
não renováveis e a utilização de energia durante quase todo o processo do seu ciclo
de vida.
Com base nisso, o presente trabalho busca debater tal indagação: qual o custo
benefício de construir uma casa sustentável em comparação com uma casa
construída convencionalmente?
Para discutir a questão central da pesquisa, o presente trabalho tem como
objetivo analisar o custo benefício de uma casa com princípios sustentáveis e
comparar com o projeto arquitetônico convencional onde será analisado o custo
financeiro da construção, o tempo necessário através de um cronograma físico-
financeiro e a análise do comportamento das técnicas sustentáveis definidas de modo
a comparar os resultados que serão encontrados com o método construtivo
convencional.
1.2 Objetivo
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar o custo benefício de uma casa com princípios sustentáveis e comparar
com o projeto arquitetônico convencional.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Pesquisar técnicas sustentáveis viáveis para a construção de casa popular;
• Elaborar uma estrutura analítica de projeto (EAP) para execução de uma casa
sustentável;
7
• Elaborar o orçamento da casa modelo sustentável;
• Avaliar a viabilidade dos princípios sustentáveis.
8
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sustentabilidade
A primeira definição de desenvolvimento sustentável surgiu no Relatório
Brundtland em 1983 (VASCONCELOS et al, 2006). Esse relatório afirmava que o
“desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem
comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras” (GONÇALVES;
DUARTE, 2006).
A sustentabilidade busca unificar três aspectos: econômico, social e ambiental
com a intenção de preservá-los, para não comprometer os limites do planeta, a
habilidade e a capacidade das gerações futuras. Assim, a junção desses
componentes resulta no desenvolvimento sustentável (Figura 1).
Figura 1. Esquema de componentes que contribuem para o desenvolvimento sustentável. Fonte: FERREIRA, N., 2010.
Apesar deste conceito ter surgido em 1983, as questões que movem a
sustentabilidade vinham sendo formuladas e publicadas anteriormente. Rachel
Carson, ao publicar “Primavera Silenciosa” em 1962, defendia que o meio ambiente
não possui a capacidade de absorver todos os impactos produzidos pelas atividades
humanas, como todos acreditavam (CAVALCANTE, 1998).
Assim, algumas associações foram criadas com o objetivo de compreender
esse conflito entre meio ambiente e desenvolvimento. O Clube de Roma foi uma
dessas. Criado em 1968, com base na metodologia de Jay Forrester, focava no
despertar da consciência mundial para a sustentabilidade, divulgando que os recursos
Econômico
AmbientalSocial
9
naturais eram finitos e que deveriam se estabelecer “Limites para o Crescimento”
(CAVALCANTE, 1998).
Várias instituições foram criadas com o intuito de proteger o planeta do impacto
ambiental causado pela prática do desenvolvimento desenfreado. Porém, isso não
significava que o desenvolvimento econômico iria estagnar no tempo. A intenção era,
e ainda permanece sendo hoje como tal, mas que o desenvolvimento da sociedade
viesse atrelado com a sustentabilidade. Segundo Cavalcante (1998), o
desenvolvimento sustentável permite uma combinação entre: “crescimento
econômico e eficiência, conservação ambiental; qualidade de vida e equidade social”.
2.1.1 As Conferências
A Conferência de Estocolmo que aconteceu em 1972 pode ser considerada
como o estopim para os eventos que surgiram depois com o propósito de difundir a
sustentabilidade. Essa conferência visava encontrar estratégias para mitigar os
problemas ambientais e teve como resultado o Programa Ambiental das Nações
Unidas (UNEP). “Além disso, elaborou-se um plano de ação que trata de questões de
recursos naturais, direitos humanos, desenvolvimento sustentável e normas
ambientais para cada país” (KEELER; BURKE, 2010).
A conferência realizada em Genebra, em 1984, resultou no relatório da
Comissão Brundtland, o documento que definiu o desenvolvimento sustentável. De
acordo com Keeler e Burke (2010), “o relatório da Comissão Brundtland destacou
questões de população, alimentação, segurança, saúde das espécies e dos
ecossistemas, energia, indústria e uma ampla variedade de desafios urbanos”.
O Protocolo de Montreal, em 1987, focava nas substâncias que destroem a
camada de ozônio. A implantação desse documento fez com que surgissem algumas
melhorias na prática de construção e gestão de edificações.
A Conferência do Rio de Janeiro (ECO-92), mais conhecida como Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em 1992, foi a primeira no Brasil
e no período “pós-guerra fria”. Nessa conferência participaram 175 países, além da
União Européia. A preocupação do mundo internacional diante os assuntos referentes
ao meio ambiente pode ser percebida nesse evento, uma vez que a maioria dos
participantes era formada pelos próprios Chefes de Estado das Nações. Após a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, em 1972,
10
surgiram vários tratados e convenções internacionais. Contudo, as nações ainda
precisavam reafirmar o seu compromisso ambiental devido às tragédias ambientais
registradas ao longo do tempo (BAPTISTA et al, 2002).
A Agenda 21, publicada na ECO-92, era um plano ambicioso que visava o
equilíbrio das necessidades econômicas e sociais com os recursos naturais do planeta
a longo prazo. Este documento foi adotado por 178 governos incluindo o Brasil (SILVA,
2003) e representa um programa de ações baseado em um processo de planejamento
participativo, que analisa a situação atual de um país, estado, cidade e/ou região, e
planeja o futuro de forma sustentável. Este processo visa parcerias e compromisso
para soluções a curto, médio e longo prazo.
O Protocolo de Quioto criado em 1997, por sua vez, tem como objetivo
minimizar o aquecimento global e os problemas dele derivados, reduzindo os gases
de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2). Este acordo entrou em vigor em
2005 estabelecendo que os países desenvolvidos deveriam reduzir suas emissões no
período entre 2008 a 2012.
Na Cúpula da Terra de Johanesburgo (Rio+10) realizada em 2002 foi elaborado
um plano mais focado nas “(...) questões sociais, como a erradicação da pobreza, a
melhoria das condições de saúde e a promoção do vigor econômico nos países em
desenvolvimento” (KEELER; BURKE, 2010).
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ocorrida
em Bali, na Indonésia, em 2007, visava encontrar uma proposta que diminuísse as
emissões de carbono respeitando o Protocolo de Quioto. Está reunião ficou conhecida
como “Mapa de Bali” porque não definiu reduções reais.
A Conferência das partes de 2011 em Durban, na África do Sul, resolveu
prolongar o Protocolo de Quioto até 2017 ressaltando que todas as nações deveriam
diminuir a liberação dos gases de efeito estufa. Está medida foi tomada devido à
divergência de opiniões para resolver quais medidas substituiriam o Protocolo de
Quioto (Figura 2).
11
Figura 2. Estrutura de Quioto Fonte: Instituto Carbono Brasil, 2013.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), realizada no Rio de Janeiro em 2012, teve dois focos principais: “como
desenvolver uma economia verde de forma a alcançarmos um desenvolvimento
sustentável e tirar as pessoas da pobreza; e como ampliar a coordenação
internacional para o desenvolvimento sustentável”. Este evento que tinha como
objetivo promover a maior igualdade social, assegurar a segurança ambiental e
reduzir a pobreza resultou em articulações, acordos e compromissos por
representantes de quase 200 países.
2.2 Sustentabilidade no ambiente construído
A indústria da construção tenta atender as necessidades da sociedade criando
e implantando infraestrutura, moradia, lazer, indústria e comércio na zona urbana, e
promovendo o desenvolvimento. Essas atividades causam impactos ambientais
significativos que afetam o meio ambiente (PINHEIRO, 2003). De acordo com Priori
Junior et al (2008) “a indústria da construção absorve cerca de 50% de todos os
recursos mundiais”.
12
As edificações e outras obras civis alteram a natureza, a função e a aparência
das áreas urbanas e rurais (SILVA, 2003). Além de consumirem recursos naturais e
gerarem resíduos em proporções que superam a maioria das outras atividades
econômicas.
Apesar da discussão sobre sustentabilidade ter se intensificado na década de
90, ainda hoje, é algo novo para a indústria da construção.
(...) as construções devem ser um reflexo dos processos naturais, perspectivados numa lógica complementar, ao invés de destruir os sistemas
naturais. Esta lógica de construção sustentável não é binária no sentido de ser ou não ser, mas progressiva e por níveis, havendo assim níveis crescentes de sustentabilidade (PINHEIRO, 2002 apud PINHEIRO, 2003).
Sendo assim, uma construção pode diminuir o seu impacto ambiental
independente de adotar um ou mais princípios do desenvolvimento sustentável no
projeto. Dessa forma, existem níveis crescentes de sustentabilidade os quais variam
de acordo com o que é adotado no projeto. O projeto pode adotar somente o uso de
alguma energia limpa como pode adotar várias práticas sustentáveis desde a
utilização da tintas a base de terra até o reaproveitamento da água da chuva em vasos
sanitários.
A arquitetura sustentável vê as construções como parte da ecologia do planeta
e do hábitat vivo. Entretanto, esse conceito da arquitetura contrasta com o de muitos
arquitetos os quais acreditam projetar uma obra de arte desconsiderando, em sua
maioria, essa interação entre o hábitat vivo e o ambiente construído (ROAF et al,
2006).
O setor da construção é um dos que mais causam impacto ambiental. Por isso
mesmo é considerado como um setor estratégico de intervenção na busca pelo
desenvolvimento sustentável. Esta preocupação se traduz, principalmente, no esforço
pelo uso consciente de recursos, minimização de emissões de poluentes, promoção
de saúde e conforto aos usuários, redução de custos e implemento à elevação do
padrão sociocultural (SILVA, 2003).
Segundo Roaf et al (2006), os “(...) edifícios são os poluentes mais nocivos,
consumindo mais da metade de toda a energia usada nos países desenvolvidos e
produzindo mais da metade de todos os gases que vêm modificando o clima.”
A busca por projetos sustentáveis teve início nos anos 70 com a alta no preço
do petróleo. A crise do petróleo resultou no aumento do preço do combustível fóssil
13
acarretando o surgimento de energias limpas como a energia solar. Já nos anos 80,
a população se preocupava com as mudanças climáticas. A camada de ozônio estava
diminuindo e o aumento da produção dos gases agravava o efeito estufa (ROAF et al,
2006). “As previsões feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas, em 1990, surgiram do aumento constante das temperaturas globais ao
longo dos anos 90, a década mais quente até então registrada” (ROAF et al, 2006).
Esse aumento da temperatura era causado devido ao uso do ar condicionado
resultando em um maior consumo de energia, mais emissão de gases e produtos
químicos como se pode observar na Figura 3.
Figura 3. Esquema das causas de emissão de gases.
Fonte: Adaptado de ROAF et al, 2006.
De acordo com Roaf et al (2006), “as casas consomem cerca da metade de
toda a energia usada nas edificações” e são a principal fonte de gás carbônico,
responsável pelo efeito estufa. Porém, a arquitetura sustentável pode contribuir com
a redução das emissões dos gases, adotando o uso de energia limpa, que pode
diminuir cerca de 60% de emissões de gás carbônico estabilizando, de maneira
progressiva, as mudanças climáticas.
Segundo Priori Junior et al (2008), “(...) são necessários diariamente 40 watts
extras de energia elétrica per capita para o sistema de ar condicionado (...)”, esse fato
pode ser solucionado em diversos casos através do uso da ventilação natural. Ainda
Temperaturas mais altas
Mais ar condicionado
Mais energia utilizada
Mais emissão de gás
do efeito estufa
Mais emissão de produtos químicos que destroem a
camada de ozônio
Distribuição do ozônio/aquecimento
global
14
segundo o autor, se essa ventilação for aumentada nas áreas de circulação dos
edifícios, a produtividade dos usuários pode aumentar até 15%.
O objetivo é reduzir a utilização de equipamentos que consomem energia,
priorizando o bem-estar do usuário. A partir dos conhecimentos de Priori Junior et al
(2008) e Pinheiro (2003), pode-se depreender que algumas medidas de eficiência
energética podem ser adotadas na construção sustentável sem onerar a obra e
diminuindo o impacto da mesma no meio ambiente.
De acordo Kibert (1994) apud Pinheiro (2003), na primeira conferência mundial
sobre construção sustentável (First World Conference for Sustainable Construction,
Tampa, Florida), realizada em novembro de 1994, foram sugeridos seis princípios
para a construção sustentável:
1. Minimizar o consumo de recursos;
2. Maximizar a reutilização dos recursos;
3. Utilizar recursos renováveis e recicláveis;
4. Proteger o ambiente natural;
5. Criar um ambiente saudável e não tóxico;
6. Fomentar a qualidade ao criar o ambiente construído.
Seguindo estas premissas, o construtor deve analisar os materiais que
necessita para a obra visando o conceito dos “5R” reduzir > reaproveitar > reciclar
>repensar > recusar protegendo o meio ambiente, otimizando os recursos naturais,
proporcionando um ambiente mais saudável e fomentando a qualidade do ambiente
construído (PRIORI JUNIOR et al, 2008).
Figura 4. Edifícios verde podem reduzir. Fonte: Adaptado de BEA Arquitetura, 2010.
Os “edifícios verdes”, construídos de acordo com os princípios da
sustentabilidade, podem reduzir o impacto ambiental adotando algumas medidas
Energia
24% - 50%
Emissões
de CO2
33% - 39%
Uso de Água
40%
Resíduos Sólidos
70%
15
como: a prática dos “5R”, reduzindo, por exemplo, a quantidade de resíduos sólidos;
o aproveitamento da água da chuva e da água servida; priorizando a ventilação e a
iluminação natural, reduzindo o uso de energia e de emissões de gás carbônico
(Figura 4).
O ato de construir sustentavelmente não é algo que irá resolver problemas
pontuais. Dessa maneira, essa construção possui uma preocupação com tudo que a
envolve, tendo como paradigma “(...) o de intervir no meio ambiente, preservando-o e,
em escala evolutiva, recuperando-o e gerando harmonia no entorno” (ARAÚJO, [s.d.]).
No entanto, esse tipo de construção fundamenta-se no desenvolvimento de
um modelo que solucione os principais problemas ambientais de sua época sem
renunciar os avanços tecnológicos e as necessidades de seus usuários. Portanto
deve-se ter como intuito melhorar a qualidade de vida dos usuários, considerando,
também, as tradições, a cultura, o clima do local e, ao mesmo tempo, conservando
energia, recursos ambientais, reciclando materiais e reduzindo o uso de elementos
que são considerados perigosos para os ecossistemas locais e globais durante o ciclo
de vida dessa edificação (ISO/TC 59/SC3 N 459, [s.d.] apud ARAÚJO, [s.d.]).
Em se tratando de cidade, onde se “desperdiça energia, se polui e se consome
os recursos naturais de forma predatória, ao se incentivar a competição com a
natureza, se mostra incapaz de enfrentar as crises ecológicas globais” (ADAM, 2001
apud VASCONCELOS et al, 2006). Por isso que, ao pensar na arquitetura que visa à
sustentabilidade, deve-se considerar o seu entorno como um todo e não limitar a
atuação do projeto aos limites do lote. Dessa maneira, tanto o meio ambiente será
preservado como a população urbana terá uma melhoria na sua qualidade de vida.
2.2.1 Impacto ambiental da construção civil
A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades
para o desenvolvimento econômico e social, e, por outro lado, comporta-se, ainda,
como grande geradora de impactos ambientais, quer seja pelo consumo de recursos
naturais, pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos (ROBUSTI,
2005).
O consumo de materiais pela construção civil, muitas vezes, é efetuado de
forma massiva e pouco racional. A falta de políticas públicas para disciplinar e ordenar
o destino do fluxo de resíduos na cidade provoca alguns impactos ambientais como:
16
degradação das áreas de proteção permanente; proliferação de doenças;
assoreamento de rios; obstrução dos sistemas de drenagem; ocupação de vias e
logradouros públicos por resíduos prejudicando a circulação de pessoas e veículos.
Além da própria degradação da paisagem urbana; da existência e acúmulo de
resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade; emissões de gases
provocando, por exemplo, o efeito estufa.
Figura 5. Impactos ambientais.
Fonte: ROBUSTI, 2005.
A situação da cidade é deplorável e o meio ambiente não possui condições de
suportar tanto impacto (Figura 5). O poder público frequentemente toma algumas
medidas paliativas frequentemente, através de serviços de coleta de lixo. Porém, essa
prática não resolve totalmente o problema da limpeza urbana, por não conseguir
coletar todos os resíduos (Figura 6). A população necessita se conscientizar das
consequências de seus atos e colaborar com o poder público tentando diminuir os
resíduos.
Figura 6. Impacto ambiental em Maceió-AL. Fonte: Acervo pessoal do autor, 2015.
17
Estudos realizados em alguns municípios apontam que os resíduos da
construção formal têm uma participação entre 15% e 30% na massa dos resíduos da
construção e demolição. Embora representem uma parcela menor em relação à
construção informal, os resíduos provenientes da construção formal podem ser
destinados da mesma maneira, ou seja, desordenadamente, causando impactos
ambientais significativos e expondo a atividade da construção empresarial a riscos de
atuações e penalidades decorrentes da responsabilização por crime ambiental (dispor
resíduos sólidos em desacordo com a legislação é considerado crime ambiental)
(ROBUSTI, 2005).
De acordo com Priori Junior et al (2008), alguns impactos ambientais causados
pela construção civil se devem ao assoreamento causado pela retirada descontrolada
de areia diminuindo o volume dos rios e canais; alto consumo de energia e grandes
quantidades de emissão de gás carbônico durante a fabricação do cimento; risco de
usar material originalmente contaminado ao utilizar o solo reutilizado de modo a
impregnar o solo onde foi disposto; redução de oxigênio disponível no meio ambiente
por causa do desmatamento das florestas para o uso da madeira; impactos com
explosão em pedreiras para retirar a brita; lançamento de partículas sólidas e aumento
da quantidade de emissão de gás carbônico na atmosfera durante o processo de
produção do aço; etc.
Diante dessas evidências, a construção sustentável introduz alguns aspectos
que diminuem o impacto ambiental tais como: escolher produtos que utilizam energias
renováveis, usar na sua produção materiais biodegradáveis, considerar o custo
energético dos produtos durante o seu ciclo de vida (desde a obtenção da matéria até
a sua desconstrução), observando-se na durabilidade, a utilização de materiais
oriundos da reciclagem ou do aproveitamento de resíduos.
Alguns materiais frequentemente empregados na construção civil, como a
água, madeira, cal e cerâmica, também causam um impacto significativo no meio
ambiente. A água geralmente é retirada de poços profundos causando, de forma
gradativa, a redução de volume e salinização dos aquíferos, podendo acarretar na
desestabilização do solo. O escoamento da água utilizada na obra, geralmente, é feito
através das vias públicas sem nenhum tipo de tratamento. Já as águas das chuvas
carregam areia e alguns restos da obra para as vias públicas podendo causar
acidentes, prejudicando o acesso às moradias, além de afetar a paisagem. Quanto à
madeira, o uso de forma irregular está associado ao desmatamento, que pode trazer
18
danos à saúde da população. A cal provoca grandes quantidades de emissão de gás
carbônico na atmosfera durante o seu processo de calcificação; já no caso da
produção da cerâmica, foram constatados casos de trabalho infantil (PRIORI JUNIOR
et al, 2008).
2.3 A importância da habitação popular
Dentre os direitos sociais fundamentais previsto na Constituição Federal
Brasileira encontra-se o direito pela moradia. A palavra moradia deriva de morada que
de acordo com o dicionário Michaelis ([s.d.]), morada é “1- Lugar onde se mora, casa
de habitação; domicílio, residência. (...) 3- Estada, permanência, residência(...).” Com
o passar dos anos, o homem passou a construir habitações mais elaboradas utilizando
tecnologias e materiais disponíveis no seu meio. Independente da evolução e do
desenvolvimento da sociedade, o objetivo principal permanece o mesmo, ou seja,
abrigar de modo a proteger o morador das intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995).
Rapoport (1984) comenta que, dependendo da área, existem outros objetivos para a
habitação. Por exemplo: para o ramo da arquitetura, a moradia foca, também,
transmitir significados, distinguir características ímpar da cultura do local e da região.
Já Santos (1999) afirma que a habitação, bem como a alimentação, é uma
necessidade básica.
Diante de tais teorias, percebe-se a relevância da habitação para todos os
seres humanos. Porém, tal aspecto vem perdendo seu espaço para as questões da
saúde, educação e previdência privada. Fernandes (2003) define a habitação com três
principais funções: a social, ambiental e econômica. Em relação a social, visa o ato
de abrigar a família de modo a atender tarefas primárias como alimentação, descanso,
atividades fisiológicas e convívio social. Na ambiental, determina a inserção do
mesmo no ambiente urbano assegurando princípios como a infraestrutura, saúde,
educação, transporte, lazer, etc., além de verificar tais impactos sobre o meio
ambiente. Em alguns casos, a habitação possui muito mais que o ato de abrigar, dar
conforto, ser um lar, pois passa a adquirir, também, o cenário de local de trabalho,
pequenos negócios. Já na econômica, é inquestionável a diversidade e a quantidade
de oportunidades de emprego que a construção de uma habitação oferece
mobilizando vários setores da economia local de forma a influenciar no mercado
imobiliário.
19
Alguns dados mostram como a construção de moradias é significativa no ramo
da construção civil. Em 2002, a construção de novos edifícios gerou 25,29% da
riqueza total do macro setor da construção no Brasil. No ano seguinte, esse setor
gerou R$ 96,8 bilhões, correspondendo a 6,4% do PIB (Produto Interno Bruto). Em
2004, dados comprovam a relevância desse setor no aspecto social, pois o mesmo foi
responsável pela geração de 1,28 milhões de empregos com carteira assinada no país
(FGV/SINDUSCON, 2004). Através desses dados pode-se perceber que a construção
de moradias é um dos setores que mais geram empregos.
2.3.1 Habitação de Interesse Social
A Habitação de Interesse Social (HIS) é o termo utilizado para definir diversas
soluções de moradia para a população de baixa renda. Através desse termo surgiram
várias derivações equivalentes, como apresentado abaixo (ABIKO, 1995):
a) Habitação de Baixo Custo: esse termo identifica moradias baratas, mas sem ser,
necessariamente, uma habitação popular de baixa renda;
b) Habitação para População de Baixa Renda: possui a mesma conotação que a
habitação de interesse social, mas nesse a renda máxima da família e os
indivíduos situados nesta faixa de atendimento devem ser definidos.
c) Habitação Popular: termo genérico que engloba todas as soluções destinadas as
necessidades habitacionais.
O problema da habitação de interesse social não é somente a sua construção.
Fatores como a estruturação da renda das classes sociais mais pobres, as barreiras
para fazer financiamentos concedidos pelos programas oficiais e a deficiência na
implantação das políticas habitacionais colaboram com isso (BRANDÃO, 1984). Além
das questões culturais, históricas, da vontade coletiva de toda uma comunidade, etc.
Por isso que se defende os valores da habitação os quais vão além de um mero
produto gerando renda no mercado, mas sim como um processo de produção cujo
sua complexidade deriva do fato de ter determinantes políticos, sociais, econômicos,
jurídicos, ecológicos, tecnológicos (ABIKO, 1995). Esse conceito abordado pelo autor,
o mesmo propõe que a habitação não se restringe apenas a moradia, para cumprir as
suas funções (Figura 7). Assim, a habitação deve ir além das questões do conforto,
20
da segurança e do espaço salubre, é necessário que a mesma englobe conceitos
como (ABIKO, 1995):
Figura 7. Conceitos abordados para uma habitação de interesse social
Fonte: Adaptado de ABIKO, A. K, 1995.
De acordo com Bonduki et al. (2003), a habitação de interesse social é definida
como aquela que deve ser induzida pelo poder público. Pode-se verificar no Estatuto
das Cidades diretrizes de implementação do social no uso do solo urbano o qual, para
ser aplicado, necessita de diversos instrumentos como a adoção e planos diretores
de desenvolvimento urbano para cidades de mais de 20 mil habitantes. Além disso, o
estatuto busca definir a habitação de interesse social em categorias quanto a faixas
de renda restrita e localizada em zonas “especiais”, assim indicadas por critérios de
localização, usos afins e particularidades ambientais, entre outros.
Visto isso, pode-se dizer que a habitação de interesse social resume nos
seguintes requisitos básicos:
a) Na maioria das vezes é financiada pelo poder público, porém não necessariamente
produzida pelo mesmo;
b) Destina-se principalmente para a população de baixa renda (considerando até 3
salários mínimos);
c) Apesar do interesse da habitação popular ser manifestado, em sua maioria, pelas
questões de inclusão social, também pode ser manifestado por outras questões,
tais como: situações de risco, preservação ambiental ou cultural;
d) Interage com diversos fatores como: econômico, social e ambiental;
e) Por fim que a mesma é garantida pela constituição como direito e condição de
cidadania.
Serviços Urbanos
• atividades urbanasfocadas nasnecessidadescoletivas comoabastecimento deágua, coleta deesgotos, distribuiçãode energia elétrica,etc;
Infraestrutura Urbana
• serviços como asredes físicas dedistribuição de águae coleta de esgotos,redes de drenagem,distribuição deenergia elétrica, etc;
Equipamentos Sociais
• edificações einstalaçõesdestinadas a saúde,educação, lazer, etc;
21
2.3.2 Os Programas de Habitação Popular
Há muito tempo, a população brasileira lida com o problema da habitação
própria. Diante dessa problemática que, no governo de Getúlio Vargas, surgiu o
primeiro programa de habitação popular o qual visava atender a parcela da população
que não estava inserida no mercado de trabalho. A Fundação da Casa Popular tinha
como finalidade “proporcionar a brasileiros ou estrangeiros com mais de dez anos de
residência no país ou com filhos brasileiros a aquisição ou construção de moradia
própria, em zona urbana ou rural” (VALQUÍRIA, 2008). Com o intuito de atender o
maior número de pessoas possíveis e buscando financiar as moradias até para
pessoas que possuíam um rendimento mínimo e, em 1964, o programa fracassou
devido ao mal dimensionamento da sua concepção precisando ser extinto.
Após o pioneirismo da Fundação da Casa Popular, surgiram diversos
programas como o Banco Nacional de Habitação (BNH), o Pró-Moradia, o Habitar
Brasil, mas, atualmente, os principais são o PAC Habitação e o programa Minha Casa
Minha Vida (MCMV).
Em 2009, o programa MCMV surge com uma meta de construir 1 milhão de
moradias, em sua maioria destinada para a população de baixa renda com
contribuição do Orçamento Geral da União (OGU). Sua atuação estruturou-se através
de grupos de famílias divididos de acordo com as suas rendas. Um dos grupos é o
com renda até no máximo três salários mínimos por ser responsável em
aproximadamente 90% do déficit habitacional do país.
2.4 Princípios para uma construção sustentável
Os processos construtivos devem ser repensados de forma a considerar o seu
impacto ambiental. A crise energética mundial é um dos fatores que devem ser
levados em conta, de maneira que possam criar uma arquitetura mais econômica,
coerente e humana. Assim, para construir uma edificação que possua menor impacto
no meio ambiente devem ser considerados alguns aspectos como a racionalização do
consumo de água, de energia, de materiais, etc. Além da possibilidade de dar um novo
uso ao entulho - o “lixo da construção”, usar a água da chuva e aproveitar ao máximo
os recursos naturais (principalmente iluminação e ventilação).
22
2.4.1 Água
Há distintas maneiras de racionalizar o uso da água nas construções. A
medição individualizada ou setorizada é uma forma de auxiliar no monitoramento do
uso da água, na detenção de vazamentos e na identificação das áreas que consomem
mais água.
Alguns equipamentos hidráulicos possuem selos de eficiência indicando a
racionalização do consumo da água. As águas pluviais, também conhecida como
água azul por não necessitar de tratamento, e a água servida, também conhecida
como água cinza ou negra, podem ser reutilizadas. As águas negras são todos os
efluentes domésticos misturados e para reutilizá-la é necessário, primeiramente, tratá-
la. A água cinza são os efluentes de chuveiros, lavatórios, tanques, máquinas de lavar
roupas e banheiras que, também, precisa de tratamento dependendo do seu uso. A
Figura 8 exemplifica de que maneira a água servida pode ser reutilizada.
Figura 8. Utilização da água da máquina de lavar para irrigação.
Fonte: OLIVEIRA et al, 2007.
Algumas adaptações no projeto podem ajudar a diminuir o consumo de água
(Figura 9) e o impacto ambiental. Além disso, é importante que as construções
possuam sistemas de infiltração da água pluvial, colaborando para que o índice de
enchentes seja menor. Esse sistema pode ser trabalhado através de pavimentação
permeável (jardins e blocos vazados ou intertravados, como apresentado na Figura
10 utilizada, geralmente, em passeios e garagens; plano permeável, que permite a
infiltração da água, composto por áreas gramadas; etc).
23
Figura 9. Sistema alternativo de reuso de água em uma edificação.
Fonte: OLIVEIRA et al, 2007.
Figura 10. Pavimentação permeável em blocos intertravados e detalhe “concregrama”.
Fonte: OLIVEIRA et al, 2007.
2.4.2 Energia
No Brasil, o segundo maior consumidor de energia são as residências
(LAMBERTS, 2007). A construção sustentável busca utilizar algumas fontes de
energia que possuem pouco impacto ambiental.
A energia “verde” é uma fonte de eletricidade gerada através de recursos
limpos e renováveis, tais como a energia solar (fotovoltaica e térmica, Figura 11),
eólica, biomassa, geotérmica, etc. Além disso, alguns recursos podem ser adotados
para contribuir na diminuição do consumo de energia como: elementos de proteção
solar (brises, beirais, vegetação) melhorando o conforto térmico; vidros de alto
desempenho permitindo a entrada da luz solar no ambiente, ao mesmo tempo que
minimiza o ganho de calor; utilização de LED’s ou lâmpadas de alta frequência;
controle de destino e frenagem regenerativa (conhecido como elevadores
inteligentes); etc.
24
2.4.3 Materiais
Segundo Souza (2007), a Indústria da Construção Civil consome de 100 a 200
vezes mais materiais que a Indústria Automobilística. A cadeia produtiva da
Construção é responsável pelo consumo de 14% a 50% dos recursos naturais
extraídos no planeta.
Atualmente, existem materiais com baixo impacto ambiental que podem ser
empregados no processo construtivo das edificações. Alguns materiais, como a
madeira, possuem selos certificando que aquele material é proveniente de florestas
que incentivam a biodiversidade, o reflorestamento e a conservação dos recursos
naturais. As tintas à base de terra e minerais são isentas de compostos orgânicos
voláteis (COVs) não gerando poluição atmosférica e não prejudica a camada de
ozônio.
Quanto aos materiais reciclados ou recicláveis, eles devem ser incentivados
buscando utilizá-los na construção através de: tapumes, telhas, pisos elevados,
blocos de concreto, divisórias de fibrocimento sem amianto. Já a brita e a areia
reciclada são produzidas através de resíduos da construção e demolição podendo ser
utilizadas em: contra piso, argamassa de assentamento, pavimentação, base e sub-
base, etc.
O cimento CP-III e CP-IV possuem menor impacto ambiental por substituir um
dos compostos do cimento portland, o clínquer que emite gás carbônico, por resíduos
siderúrgicos. Outro material que contribui com o meio ambiente é a argamassa
Figura 11. Painéis fotovoltaicos instalados na fachada.
Fonte: Arcoweb, 2010.
25
pozolânica, a qual substitui o cimento pelo material pozolânico proveniente de
resíduos industriais. Por fim, o piso intertravado permite a infiltração da água no solo
contribuindo para a minimização do calor, para absorção, por mais que seja mínima,
da água da chuva e para o ciclo hídrico.
2.5 Técnicas Construtivas Sustentáveis
2.5.1 Paredes
2.5.1.1 Taipa
A terra crua vem sendo utilizada na elevação de abóbadas, alvenarias e outros
elementos construtivos desde o período pré-histórico (PISANI; CANTEIRO, 2006).
Segundo Minke (2001) apud Pisani (2004) “na Turquia, na Assíria e em outros lugares
no Oriente Médio foram encontradas construções com terra apiloada ou moldada,
datando de entre 9000 e 5000 a.C.”.
De acordo com Pisani e Canteiro (2006) a técnica foi trazida pelos portugueses,
porém os negros e os indígenas também influenciaram na execução de taipas no
período colonial, pois ambos os grupos conheciam processos construtivos que
utilizavam a terra como matéria prima, e algumas tribos indígenas e africanas já
utilizavam técnicas para construírem estruturas de madeira preenchidas com barro,
as quais possuem várias similaridades com as técnicas da taipa de mão.
Uma das variações da técnica construtiva da taipa é a taipa de pilão cujo nome
vem da técnica de apiloamento com a ajuda de uma mão de pilão. Nesse processo
são utilizadas formas que são denominadas de taipais, que até hoje significa
componentes laterais de formas de madeira (PISANI, 2004).
Para evitar as impurezas e pela umidade satisfatória, a terra é removida de uma
certa profundidade. A massa é feita por meio do esfarelamento do solo e logo em
seguida é colocada a água, tendo que fazer um amassamento, que pode ser realizado
com as mãos ou com os pés até que se alcance uma massa homogênea. Após esse
processo, a massa criada é colocada dentro do taipal, em camadas de 10 a 15
centímetros, que depois de apiloadas ficam com espessuras menores (Figura 12). O
26
tempo de secagem varia de 3 a 6 meses, dependendo da altura e espessura da
parede, tipo de solo utilizado e condições climáticas (PISANI, 2004).
Figura 12. Execução da parede de taipa.
Fonte: Ecotextura, 2015.
Atualmente, existem várias outras técnicas para fortalecer as construções do
tipo. Uma boa mistura para paredes de taipa de pilão é de cimento, cal e terra, na
proporção de 1:1:8. Também é usado apenas barro misturado com grãos de areia e
brita. Para que o barro fique mais consistente e mais resistente à chuva, ele pode ser
misturado com sangue de boi e óleo de peixe (LAWRIE, [s.d.]).
Outra técnica utilizada é a taipa de mão a qual são de fácil compreensão e
execução, não precisando de mão de obra qualificada. De acordo com Lopes et al
([s.d.]) o processo inicia-se preenchendo com uma mistura de água, terra e fibras uma
armadura interna de madeira ou bambu, formada por ripas horizontais e verticais,
amarradas com tiras de couro, barbante, cipó, prego ou arame (Figura 13). Na última
etapa da construção, a mistura de terra é colocada com as mãos do lado de dentro e,
de fora da estrutura, ao mesmo tempo, e apertada sobre a mesma para preencher
todos os vazios (Figura 14).
Figura 13. Parede de taipa. Fonte: CasaPRO, 2015.
27
Figura 14. Casa com parede de taipa.
Fonte: Projeto Salamina, 2015.
2.5.1.2 Garrafa pet
Os plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias
moleculares chamadas polímeros através de um processo químico chamado
polimerização, que proporciona a união química de monômeros para formar
polímeros. Utilizados em quase todos os setores da economia, os plásticos estão
presentes nos mais diferentes produtos. O setor de embalagens para alimentos e
bebidas vem se destacando pela utilização crescente dos plásticos, em função de
suas excelentes características, entre elas: transparência, resistência, leveza e
atoxidade.
O plástico na construção civil é muito importante, principalmente em tubos e
conexões. Na Europa, segundo a empresa portuguesa Ambiente, especializada na
reciclagem, a participação dos materiais plásticos representa 10% de uma casa média
e 17% do total da produção da indústria de plásticos é consumido pela construção
civil. No Brasil, não há muitos dados, mas a Abiplast estima, em seu relatório recente
(2011), que 14,6% dos plásticos transformados sejam absorvidos em canteiros de
obras (VALENCIO, 2011).
Para se produzir plástico, é necessário que haja petróleo em todo o processo
de refinamento. Por mais que o plástico seja oriundo de uma parcela pequena do óleo
negro (apenas 5%), para extraí-lo e refiná-lo, é necessário fazer todo o processo, que
envolve práticas que poluem excessivamente o meio ambiente.
Além disso, o plástico é difícil de ser compactado e gera um grande volume de
lixo. Portanto, ele ocupa um grande espaço no meio ambiente, o que dificulta a
28
decomposição de outros materiais orgânicos. A durabilidade e resistência do plástico
viram problemas após o descarte. Como é à prova de fungos e bactérias, sua
degradação é extremamente lenta, podendo demorar mais de 100 anos (CERRI et al,
[s.d.]).
2.5.1.2.1 Paredes de PET
No mundo, a moradia inadequada e a grande quantidade de garrafas PET
jogadas no meio ambiente são questões aparentemente independentes, mas apenas
uma solução resolve esses dois problemas: a construção de casas utilizando garrafas
PET e areia como principal material (Figura 16).
Em geral pode-se usar todo tipo de garrafas plásticas, o único segredo é ter a
quantidade suficiente para terminar a obra. Podem ser usadas diferentes garrafas em
uma obra, mas não devem ser misturadas na mesma parede.
Nas colunas podem ser usadas garrafas de 500 ou 600 ml formando um círculo
de 11 garrafas. No centro se amarra entrelaçadamente os gargalos com sisal ou nylon
(Figura 16). A mistura pode ter uma proporção de 1:6:0,5 (1 de cimento, 6 de areia e
meia de cal), mas projetos mais simples usam somente barro para construir as
paredes e colunas.
Figura 15. Casa de garrafa PET.
Fonte: Mdig, 2015.
29
Figura 16. Coluna estrutural da parede de garrafa pet.
Fonte: Mdig,2015.
Para amarrar as garrafas, usa-se sisal ou fios de nylon. Deve amarrar cada
garrafa entre si como se fosse uma rede tanto nos gargalos quanto na base da garrafa.
A base é entrelaçada dando uma volta com o laço. Nos gargalos, igualmente, dá uma
volta de modo a entrelaçar umas com as outras em forma de losango (Figura 17).
Figura 17. Construção da alvenaria de garrafa pet.
Fonte: Mdig, 2015.
Nas paredes são usadas normalmente uma mistura de terra com calcário/barro
muito similar a argila onde ainda pode ser acrescentada a palha de arroz. A proporção
é de 1:6:1 (1 de cimento, 6 de argila e uma de cal). Esta mistura com o cal e cimento
serve para evitar problemas em épocas de chuva. A mistura pode ser ainda a mesma
usada para fazer as colunas com uma proporção de 1:6:0,5 (1 de cimento, 6 de areia
e meia de cal).
As garrafas podem ser preenchidas com quaisquer sólidos como terra, areia,
palha de arroz ou trigo e inclusive resíduos de compostagem. O importante é que
quanto mais seco é o material, mais fácil se enchem as garrafas.
30
A estimativa é que os cômodos que substituem tijolos por garrafas PET sejam
20% mais frescos. Isso porque as paredes são bem mais espessas: 35 cm de largura,
enquanto as convencionais têm, em média, 13 cm.
As construções podem utilizar alicerce de concreto, que garante a estabilidade
da casa, e a areia que preenche as garrafas é peneirada, o que facilita sua
compactação. Além disso, as casas são resistentes ao fogo, a balas e terremotos, e
são capazes de manter uma temperatura interna de 18 graus Celsius, agradável em
um país de clima tropical (VALE, 2012).
Uma casa feita com garrafa PET de 60m² utilizando 100 garrafas por m², pede
mais ou menos 10 sacos de cimento 50kg à um preço de 25,00 cada. A areia utilizada
para a base é a lavada grossa, com o custo de 77,00 o m³ e para os muros, utiliza-se
a areia lavada fina por 79,00 o m³. Além desses materiais para as paredes, precisa-
se de chapisco fechado (R$ 2,50 o metro) e reboco (R$ 10,00 o metro) para fazer o
acabamento. Se precisar de um pedreiro para o chapisco, ele irá cobrar mais ou
menos 4,00 o m². Considerando todos esses custos, o total sai em média 15.000,00
todas as paredes com os cômodos incluídos.
2.5.2 Teto
2.5.2.1 Pneu
Alguns registros afirmam que o pneu foi inventando após uma descoberta
casual do processo de vulcanização da borracha em 1845, quando o norte-americano
Charles Goodyear deixou cair borracha e enxofre em altas temperaturas. Então as
rodas de borracha passaram a ser utilizadas no lugar de rodas de madeira e ferro
utilizadas, na época em carroças e carruagens.
Caracterizado pela resistência e elasticidade, o pneu é um dos componentes
mais importantes do veículo automotor, já que ele tem as funções de: suportar peso e
carga do automóvel, transformar a força do motor em tração, estabilizar o veículo e
manter eficiência da frenagem.
As matérias-primas desse material são borracha natural, borracha sintética,
aço, negro de fumo, óxido de zinco e ácido esteárico, enxofre (agente vulcanizador),
antidegradantes, aceleradores, retardadores e auxiliares de processo.
31
O pneu usado quando descartado inadequadamente causa perturbações negativas no meio ambiente iniciando um processo amplo de desequilíbrio. A poluição e o assoreamento de rios constituem duas dessas perturbações, bem como o acúmulo de água nos pneus que cria condições favoráveis para proliferação de vetores causadores de doenças, como, por exemplo, a
dengue (PAIVA et al, 2011).
Além disso, a decomposição do pneu dura pelo menos 600 anos no meio
ambiente, ou seja, várias gerações passam e esse resíduo permanece entre a
população. Portanto, é necessário a reciclagem ou reaproveitamento do mesmo para
minimizar a poluição e o acumulo de lixo.
2.5.2.1.1 Telhado de Pneu
O estudo realizado por Naime e Silva (2010) para a produção dessa ecotelha
utilizou apenas pneus de veículos de passeio leves. O protótipo foi feito com a junção
de várias telhas produzidas com pneu reutilizado sob uma base de madeira, exigindo
o uso de parafusos na fixação das abas do corte desse material pressionadas para
baixo.
As dimensões das telhas (Figura 18) escolhidas pelos pesquisadores foram 210
x 340 mm e “(...) os cortes são feitos por lâmina contundente que cisalha o pneu em
oito partes iguais, ou seja, os cortes são feitos 45° equidistantes em seu eixo toroidal,
sendo assim cada pneu fornecerá 8 telhas” (MOTTA, 2013).
Figura 18. Geometria Final do Produto
Fonte: Ingepro, 2015.
Um estudo realizado para avaliar a tração utilizando o mesmo parafuso usado
no produto constatou que a telha é capaz de suportar uma carga humana de até 80
kg.
Outro fato constatado é que devido a característica presente na borracha de
isolante térmico, o telhado feito de pneus pode esquentar, mas esse material não
permite a passagem de calor para o ambiente interno da casa, mantendo-a fresca.
32
Materiais utilizados e processo de fixação
Figura 19. Materiais utilizados
Fonte: Ingepro, 2015.
Foram utilizados: telhas oriundas do corte do pneu (A - Figura 19), estrutura de
madeira modificada para facilitar a montagem e reduzir a utilização de parafusos (B -
Figura 19), na C - Figura 19 se encontra o parafuso tipo broca e na última (D - Figura
19) a furadeira-parafusadeira.
É possível observar que a fixação da telha é realizada de baixo para cima
seguindo sempre o processo de encaixe da peça cortada na estrutura de madeira para
ser parafusada, evitando assim o deslocamento das telhas e consequentemente
prevenindo o surgimento de goteiras (Figura 20).
A inclinação ideal é de no mínimo 37° em relação ao plano horizontal para
manter a vedação e evitar o acumulo de água.
Em relação ao custo presente na produção desse tipo de telha se encontra
apenas no transporte- quando necessário- e no processo de madeiramento.
Comparando o valor ao das telhas produzidas com cerâmica, observa-se
apenas cerca de 45% do valor deste último, tendo por base os valores por metro
Figura 20. Fixação da telha Fonte: Ingepro, 2015.
33
quadrado encontrados de 20 reais no emadeiramento e fixação das telhas de pneu e
o custo total de 44,24 reais nas coberturas de cerâmica (SCHMUTZLER, [s.d]).
2.5.4 Piso
2.5.4.1 Cimento queimado
O cimento queimado é uma técnica brasileira que começou a ser utilizada para
preparar pisos nas áreas rurais mais conhecido como “piso vermelhão” e logo partiu
para as áreas urbanas por possuir fatores que o deixa bem favorecido, como por
exemplo, a sustentabilidade e o baixo custo para a sua utilização (Figura 21).
Figura 21. Piso cimento queimado.
Fonte: Tua casa, 2015.
Com a mistura de argamassa, cimento, areia e água cria-se o cimento
“queimado”, o nome “queimado” não quer dizer que esse material se transformou com
a utilização de fogo, quer dizer que ao colocar cimento junto com areia úmida em cima
de um piso de argamassa gera-se esse tipo de revestimento. O passo a passo de
como utilizar o cimento queimado pode ser verificado na Figura 22.
34
Figura 22. Etapas para execução do piso cimento queimado.
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2015.
35
3 METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho é norteada pelos objetivos definidos visando
verificar os pontos de vista social e ambiental ao escolher um modelo de casa
sustentável em comparação com o uso dos materiais da construção civil. Para cumprir
os objetivos propostos, primeiramente pesquisou-se as técnicas sustentáveis viáveis
para uma casa popular, em seguida foi elaborado um estudo preliminar do projeto de
uma casa modelo comum para os dois métodos (construção sustentável e a
convencional), levantamento dos materiais e dos serviços necessários, a comparação
dos orçamentos, elaboração de um cronograma físico-financeiro demonstrando a
estimativa de tempo e custo para executar a casa sustentável e, por fim, a viabilidade
na escolha em construir uma casa visando os princípios sustentáveis definidos.
3.1 Definição e elaboração do estudo preliminar
A definição do projeto para elaboração do estudo preliminar levou em
consideração ao padrão de casa construído pelo programa de habitação popular
Minha Casa Minha Vida. Além disso, o projeto visa atender a população de baixa
renda a qual significa cerca de 90% do déficit habitacional do país.
Através de um programa computacional foi elaborado os projetos do estudo
preliminar da casa composto por: uma planta baixa, uma planta de coberta e um corte.
Além do projeto arquitetônico, também foi elaborado um estudo preliminar da parte do
projeto elétrico e hidrossanitário visando tornar o orçamento mais próximo da
realidade.
A casa é composta por um quarto de casal e um de solteiro, um banheiro, uma
sala para estar e jantar, uma cozinha e uma área de serviço. Isso resultou em um
projeto com uma área total de aproximadamente 72m² construídos.
3.2 Orçamentos de custos e seus quantitativos
Os quantitativos que compõem a planilha orçamentária da casa modelo
sustentável referente às áreas de coberta, alvenaria, pintura e esquadrias, assim
como todos os outros valores referentes aos quantitativos de materiais, foram
36
extraídos através do projeto da casa feito em um programa computacional e inseridos
numa planilha. Foram levantadas todas as áreas referentes ao projeto, considerando
seus descontos de vãos.
O orçamento do projeto foi feito com o auxílio de uma ferramenta computacional
gerando uma planilha na qual foi inserido um levantamento de custos por m² de área
construída. Foi feito um levantamento de todas as etapas referentes ao processo
construtivo, assim como suas particularidades, igualdades e seus respectivos
materiais mais adequados.
Em relação ao orçamento da casa modelo convencional, os parâmetros usados
como base para obtenção dos custos foram estabelecidos pelo Custo Unitário Básico
(CUB) visto que os materiais e os serviços são os convencionalmente usados na
construção civil. Já para os parâmetros usados para obter os custos da casa modelo
sustentável foram estabelecidos pelas referências bibliográficas descritas no capítulo
anterior, pelo Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil
(SINAPI), juntamente com o Sistema de Orçamento de Obras de Sergipe (ORSE). As
duas últimas são ferramentas largamente utilizadas em orçamentos de obras, pois
fornecem os preços para a realização dos serviços já contemplando material e mão
de obra. Uma demonstração da interface do site do Sistema de Orçamento de Obras
de Sergipe (ORSE), que tem em sua base de dados serviços referentes às
composições unitárias tanto do próprio ORSE como também possui a base de dados
do SINAPI, tornando-o mais completo.
3.3 Viabilidade da construção sustentável
A comparação e validação da viabilidade construtiva visando o lado financeiro
e ambiental foi realizada através da comparação das planilhas e de quadros, os quais
descrevem os materiais e serviços considerados para a construção da casa. Esta
etapa metodológica resume e conclui todos os objetivos estudados e pesquisados
demonstrando a importância do trabalho.
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para melhor entendimento dos resultados alcançados, este capítulo está
dividido em duas partes. O cenário em foco é a apresentação da comparação entre
as planilha orçamentária comparando o custo final da casa sustentável com o custo
unitário final da casa convencional. A seguir são apresentados os resultados
alcançados e suas discussões com a análise dos dados obtidos.
4.1 Projeto residencial e seus quantitativos
Após a definição e concepção do projeto arquitetônico com área construída
de aproximadamente 70m², composto por dois quartos, um banheiro, uma sala de
estar e jantar, cozinha e área de serviço. O projeto foi utilizado como parâmetro para
obtenção dos orçamentos, tanto para o método convencional de alvenaria como para
a casa sustentável. A Figura 23 ilustra a planta baixa feita no programa computacional.
Pode-se verificar os detalhes do estudo preliminar no Apêndice A.
Figura 23. Planta baixa da casa modelo sustentável. Fonte: Autor, 2017.
38
Em ambos os métodos construtivos não houve diferença no material utilizado
para as instalações elétricas, hidrossanitárias e revestimentos das áreas molhadas.
Assim como para as esquadrias que são do tipo veneziana de madeira.
Além disso, para o projeto da casa modelo foi considerado a fundação através
de vigas baldrames, uma estrutura bem simples, formando uma espécie de “caixão”,
para abrigar as instalações elétricas e hidrossanitárias. O piso das áreas molhadas foi
um piso cerâmico esmaltado e nas demais áreas foi aplicado o piso de cimento
queimado. Nas paredes das áreas molhadas foi aplicado o revestimento cerâmico e
nos demais ambientes as paredes foram rebocadas e pintadas com tinta a base de
terra.
Para a casa convencional de alvenaria, a fundação é uma estrutura bem mais
robusta, a casa foi apoiada em um conjunto de alvenaria e blocos de embasamento
feitos com pedra argamassada e, para finalizar a estrutura, uma laje para receber o
piso. O piso adotado foi o porcelanato para as áreas secas e o piso cerâmico para as
áreas molhadas. As paredes foram feitas com tijolos cerâmicos e cintas de amarração,
revestidas com chapisco e reboco. Por último foram adotadas duas alternativas: nos
ambientes de área molhada foi utilizado o revestimento cerâmico e os demais
ambientes foram rebocados e pintados.
Além do projeto arquitetônico, também foi esboçado para elaborar o
comparativo da viabilidade das construções o projeto elétrico, hidrossanitário, para
água fria e esgoto, como pode-se verificar nas Figuras 24, 25 e 26. Os projetos
complementares, elétrico e hidrossanitário, possuem o mesmo layout e especificações
para ambos as casas, sustentável e convencional. No Apêndice B é possível verificar
as quantidades referentes aos pontos de luz, tomadas circuitos e disjuntores.
39
Figura 24. Projeto elétrico da casa modelo sustentável e convencional.
Fonte: Autor, 2018.
Figura 25. Projeto de água fria da casa modelo sustentável e convencional.
Fonte: Autor, 2018.
1PLANTA BAIXA
S
S
S
S
S
S
2
2
2
2
2
2
21
11
2 1
1
2
2
2
1
21
3
1
31
3
1
3
1
3
3
2 1
2
2
1
1
2
2
40
Figura 26. Projeto de esgoto da casa modelo sustentável e convencional.
Fonte: Autor, 2018.
Para os parâmetros hidrossanitários, foram levantadas as unidades de pontos
de água e esgoto necessários, como também as unidades de caixas de inspeção,
caixa de gordura e fossa, de acordo com a necessidade da demanda de projeto
explanados no Apêndice C.
4.2 Viabilidade financeira e ambiental
A análise da viabilidade do ponto de vista econômico da casa sustentável foi
desenvolvida através de um estudo orçamentário da construção da casa utilizando o
Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) e o
Sistema de Orçamentos de Obras de Sergipe (ORSE), com base nos preços de
janeiro de 2018. Já a casa convencional foi orçada através do Custo Unitário Básico
(CUB). No Quadro 01 é apresentada o valor do metro quadrado da construção da
casa convencional em Alagoas e o valor total final que custa a casa pronta
1PLANTA BAIXA
41
Quadro 01. Valor em m2 da casa modelo convencional pelo CUB.
CASA MODELO CONVENCIONAL
Planilha Orçamentária
Item Serviço Código Und. Quanti. Valor Custo Final
01.00 construção casa convencioval R1-B m² 72,52 R$ 1.181,00 R$ 85.646,12 Fonte: Autor, 2018.
No Quadro 02 é apresentada uma planilha orçamentária com os quantitativos
e os custos unitários para a casa modelo sustentável. A descrição dos serviços
considerados na planilha a seguir estão explanados no Apêndice E da mesma forma
que o memorial de cálculo está descrito no Apêndice D.
Quadro 02. Planilha orçamentária da casa modelo sustentável.
CASA MODELO SUSTENTÁVEL
Planilha Orçamentária
Item Código Especificação dos Serviços Unid. Quant.
R$ Unit. R$ Total
01.00 Serviços Preliminares
01.01 73948/016/
SINAPI Limpeza do Terreno
m² 140 2,99 R$ 418,60
01.02 10033/ORSE Retirada de entulho da obra
m³ 2 90,4 R$ 80,80
TOTAL R$ 599,40
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
02.00 Infraestrutura
02.01 MERCADO Garrafa PET de 2L un 17800 0,2 R$ 3.560,00
02.02 MERCADO Nylon 50mm un 177 5 R$ 885,00
02.03 12931/ORSE Areia Seca m³ 35,6 12,5 R$ 445,00
02.04 04996/ORSE Argamassa m³ 12,317 229,36 R$ 2.825,14
02.05 02497/ORSE
Escavação Manual de Vala
m³ 9,009 35,36 R$ 318,56
02.06 95241/SINAPI Lastro de concreto, e=5cm
m² 18,018 20,27 R$ 365,22
02.07 7691/ORSE Concreto simples fck=20MPa, incluso formas
m³ 9,009 384,58 R$ 3.464,68
02.08 2658/ORSE Lastro de brita 3 m³ 4,5045 103,97 R$ 468,33
02.09 3642/ORSE
Lona plástica preta
m² 72,52 3,81 R$ 276,30
TOTAL R$ 12.608,24
42
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
03.00 Esquadrias
03.01 91297/SINAPI Porta de madeira de 0,80
un 5 308,74 R$ 1.543,70
03.02 91296/SINAPI Porta de madeira de 0,70
un 1 272,34 R$ 272,34
03.03 84848/SINAPI Janela de madeira veneziana
m² 6,75 288,9 R$ 1.950,08
TOTAL R$ 3.766,12
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
04.00 Coberta
04.01 20212/SINAPI Caibro de madeira m 165,6 8,25 R$ 1.366,20
04.02 04412/SINAPI Ripa de madeira m 157,76 1,34 R$ 211,40
04.03 MERCADO Telha de pneu un. 181 0 R$ -
TOTAL R$ 1.577,60
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
05.00 Revestimentos
05.01 1913/ORSE Revestimento cerâmico para parede
m² 58,932 24,12 R$ 1.421,43
TOTAL R$ 1.421,43
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
06.00 Pisos
06.01 2172/ORSE Cimento queimado
m² 41,015 20,96 R$ 859,67
06.02 87248/SINAPI Piso cerâmico m² 12,415 25,36 R$ 314,83
TOTAL R$ 1.174,51
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
07.00 Pintura
07.01 MERCADO Tinta a base de terra e minerais
und 1 5110 R$ 5.110,00
TOTAL R$ 5.110,00
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
08.00 Instalações elétricas
08.01 1342/ORSE Luminária calha 1x20w
und. 9 10,81 R$ 97,29
08.02 01298/ORSE Lâmpada Fluorescente 20w
und. 9 5,54 R$ 49,86
43
08.03 04878/ORSE Ponto de luz em teto ou parede
und. 9 32,62 R$ 293,58
08.04 03401/ORSE Interruptor de 1 seção
und. 3 6,15 R$ 18,45
08.05 03402/ORSE Interruptor de 2 seções
und. 3 10,36 R$ 31,08
08.06 09970/ORSE Quadro de distribuição com barramento
und. 1 219,38 R$ 219,38
08.07 09540/SINAPI Entrada de energia elétrica monofásica
und. 1 856,77 R$ 856,77
08.08 03298/ORSE Ponto de tomada 10 A, fio rígido 2,5mm² (fio 12)
und. 11 132,57 R$ 1.458,27
08.09 93653/SINAPI Disjuntor monopolar 10A
und. 2 9,51 R$ 19,02
08.10 93655/SINAPI Disjuntor monopolar 20A
und. 1 10,61 R$ 10,61
TOTAL R$ 1.596,04
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
09.00 Instalação Hidro-sanitária
09.01 1199/ORSE Ponto de água fria, pvc rígido soldável 25mm
und 6 37,97 R$ 227,82
09.02 12030/ORSE Ponto de água fria, pvc rígido soldável 32mm
und 1 60,39 R$ 60,39
09.03 01679/ORSE Ponto de esgoto, pvc rígido soldável de 40mm
und 2 45,32 R$ 90,64
09.04 1678/ORSE Ponto de esgoto, pvc rígido soldável de 50mm
und 3 66,4 R$ 199,20
09.05 1683/ORSE Ponto de esgoto, pvc rígido soldável de 100mm
und 1 67,65 R$ 67,65
09.06 1448/ORSE Caixa d´água em fibra de vidro, 1000 litros
und 1 517,39 R$ 517,39
09.07 04883/ORSE Caixa de inspeção und 1 422,11 R$ 422,11
09.08 01691/ORSE Caixa de gordura und 1 280,16 R$ 280,16
09.09 1708/ORSE Fossa séptica und 1 513,41 R$ 513,41
TOTAL R$ 2.378,77
44
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
10.00 Louças e metais
10.01 04708/ORSE
Vaso sanitário com caixa de acoplada - completo
und 1 247,02 R$ 247,02
10.02 36794/SINAPI Lavatório louça und 1 117,64 R$ 117,64
10.03 04890/ORSE Pia de cozinha - completa
und 1 120,89 R$ 69,11
10.04 86928/SINAPI Tanque de 22l - completo
und 1 193,7 R$ 193,97
10.05 0607/ORSE Chuveiro und 1 3,94 R$ 3,94
TOTAL R$ 731,68
Item Código Especificação dos
Serviços Unid. Quant. R$
Unit. R$ Total
11.00 Diversos
11.01 9537/SINAPI Limpeza Final da Obra
m² 72,52 1,82 R$ 131,99
TOTAL R$ 131,99
Custo da obra R$ 31.095,76
BDI R$ 7.773,94
Total R$ 38.869,70 Fonte: Autor, 2018.
Após a análise dos levantamentos dos custos de acordo com cada etapa da
obra, o Quadro 03 apresenta um resumo comparativo entre os custos totais e os
custos por m2 de área construída de cada orçamento, levando em consideração os
72,52m2 de projeto.
Quadro 03. Comparativo entre os custos finais.
Item Descrição Custo Total Custo por m²
1 Casa Modelo Convencional R$85.646,12 R$1.181,00
2 Casa Modelo Sustentável R$38.869,70 R$535,99 Fonte: Autor, 2018.
Após os estudos orçamentários dos custos das construções, a casa modelo
sustentável possui um custo 55% menor que a construção convencional como mostra
no Quadro 03. A economia desse método construtivo é de R$ 46.776,42 comparado
com o método convencional de construção. Vale ressaltar que ambos os orçamentos
55% Mais barata
45
foram feitos com base no mesmo projeto arquitetônico, 72,52m² de área construída e
que foram orçados todos os serviços necessários para a construção da casa, suas
diversidades, adaptações individuais, como também os acabamentos iguais
independentes dos métodos de modo a evitar o comprometimentos dos resultados
finais.
Como comentado anteriormente, os itens que possuíram os mesmos custos
foram: esquadrias, instalações elétricas, instalações hidrossanitárias, louças/metais,
revestimentos (piso e parede) das áreas molhadas e o item diversos. Os itens da
construção da casa modelo sustentável que foram essenciais para diminuir o custo da
construção ao mesmo tempo que minimiza a poluição e consequentemente o impacto
ambiental são: as paredes construídas com garrafa PET de 2L e o telhado com telhas
de pneu ambos substituindo os materiais cerâmicos. O item pintura possui um custo
mais alto devido a tinta pronta vir de outro estado, porém a tinta a base de terra e
minerais pode ser executada por qualquer indivíduo minimizando um custo em torno
de R$ 4.000,00.
Os limitantes da construção da casa modelo convencional é o custo final e a
qualidade da mão de obra enquanto que da casa modelo sustentável é o planejamento
para a aquisição e o armazenamento de quase 18mil garrafas PET e 180 pneus.
Essas limitantes superam os problemas ambientais, pois o plástico é um material que
dura cerca de 100 anos para se deteriorar e o pneu dura cerca de 600 anos. Os pneus
de automóveis de pequeno porte, quando não são mais utilizados em veículos, não
possuem nenhuma utilidade para os borracheiros e é por isso que ao consultar as
borracharias as mesmas informaram que não cobram nada para repassar esse
produto para outra pessoa.
Partindo do princípio da sustentabilidade, a casa modelo sustentável pode se
tornar ainda mais completa no quesito impacto ambiental e com um baixo custo. O
estudo apresentou o foco na mudança dos materiais utilizados na macro construção
como as paredes, piso e coberta, mas existem parâmetros adicionais numa casa
assim como o uso de aquecedor solar construído com garrafas PET e o tratamento
dos efluentes, água cinza e negra, através da construção de um tanque de raízes o
qual funciona bem similar a um jardim filtrante. Um tanque de raízes faz um tratamento
prévio através da vegetação no esgoto gerado pela casa antes de lançar o mesmo na
rede da cidade.
46
5 CONCLUSÃO
Diante dos problemas enfrentados pelo Brasil nos últimos tempos relativos à
questão ambiental e ao déficit de moradia, verificou-se a necessidade de atender
ambos. O projeto da casa modelo sustentável estudado nesse trabalho permitiu uma
visão ampliada, através do estudo de conceitos, de como a arquitetura sustentável,
nesse caso aplicada numa habitação popular, pode andar lado a lado com a
construção civil e as necessidades da sociedade visando um mundo mais sustentável.
A consciência populacional frente aos problemas nacionais e mundiais é de
suma importância para a prática de atividades que melhorem a situação desse quadro.
Há que se destacar que o projeto da casa modelo sustentável busca, também, criar
uma maior motivação para que a população tenha um estímulo especial em continuar
capacitando futuras mãos-de-obra locais. É relevante destacar que o morador será
contagiado pelo prazer de construir a sua própria habitação, ter a sua moradia, e esse
estímulo o fará capacitar outros. A colaboração e as atitudes de cada habitante para
a construção de um mundo cada vez mais sustentável é indispensável.
A preocupação de estudar os materiais sustentáveis disponíveis no mercado
foi um dos aspectos limitadores em virtude do foco ser as técnicas sustentáveis de
baixo custo. Porém, esse trabalho buscou mostrar a variedade de materiais e técnicas
que já são aplicadas e atendem ao projeto escolhido. O motivo de estudar esse projeto
foi o interesse em beneficiar a população com moradias de qualidade, econômicas e
ambientalmente corretas. Assim, o índice de pessoas sem casa pode ser mitigado.
Atingindo a meta proposta de obter uma casa sustentável com um padrão de
qualidade e um baixo custo, inúmeras vantagens podem ser listadas neste método
construtivo tais como: o baixo custo; não precisa de mão-de-obra qualificada; fácil
execução; melhor conforto térmico e acústico devido a espessura das paredes e o
material da coberta; diminuição do lixo, principalmente das garrafas PET e dos pneus;
viabiliza o sonho da casa própria para a população com baixa renda; propaga e
dissemina a cultura e a educação ambiental; diminui a poluição e o impacto ambiental.
.
47
REFERÊNCIAS
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USP, 1995. Texto técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil, TT/PCC/12. ARAÚJO, Márcio A. A moderna construção sustentável. [s.d.] Disponível em: <www.idhea.com.br> Acesso em: 18 abr. 2010.
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ZOMER, Clarissa D. Escola de cidadãos: uma educação sustentável para a
geração futura. Florianópolis, abril de 2006.
50
APÊNDICES
51
APÊNDICE A – Croqui dos projetos complementares
52
53
54
55
56
57
APÊNDICE B – Dimensionamento e quantitativo do projeto elétrico
58
Ambiente
Dimensões
Iluminação (VA)
PTUG´s
Área
(m²)
Perímetro
(m)
Número de
tomadas mín.
Número de
tomadas
Carga - Tomada
(VA)
Tomadas (n x
potência)
Sala de estar/jantar 14,17 15,22 200 4 6 100 600
Cozinha 6,18 10,3 100 3 6 600 3600
Área de Serviço 2,62 8,11 100 3 1 100 100
Banheiro 3,37 7,9 100 1 1 100 100
Quarto 01 12,29 14,32 200 3 7 100 700
Quarto 02 11,13 13,7 200 3 2 100 200
TOTAL 900 5300
CIRCUITOS Potência Aparente Fator de Potência Potência Ativa (W)
Iluminação 900 VA 1 900
TUG 1600 W 0,92 1472
TUG coz. e área de serv. 3700 W 0,92 3404
TOTAL 5776
Núm. De
Circuitos Circuito Dimensionamento de condutores e disjuntores
1 Iluminação Núm. Do Circuito
Maior Núm. de circuitos agrupados
2 TUG 1 2
3 TUG Coz. e AS 2 2
Quantidade de dijuntores = 3 3 2
Circuito Potência Ativa Instalada (W)
Fator de Demanda
Potência Ativa Demandada (W)
Iluminação + TUG 5776 0,45 2599,2
Categoria: Monofásico
Circuito
Tipo Tensão
(V)
Potência
Apare
nte (VA)
Fator de
Potência
Potência
Ativa (W)
Corren
te (A)
Seção
mínima de
condutores
(mm2)
Proteção
Núm. Tipo
Nú
m. de
polos
Corrente
Nomin
al (A)
1
Iluminaç
ão 220 900 1 900 4,1 1,5 DMT 1 10
2 TUG 220 1600 0,92 1472 6,7 2,5 DMT 1 10
3 TUG coz. e
Á.S.
220 3700 0,92 3404 15,5 2,5 DMT+
DR 1 20
59
APÊNDICE C – Dimensionamento do projeto hidrossanitário: água fria e esgoto
60
ÁGUA FRIA - PESO
AF 1
Descrição Peso Quantidade Total
Chuveiro 0,4 1 0,4
Ducha 0,1 1 0,1
Sanitário 0,3 1 0,3
Lavatório 0,3 1 0,3
Pia da Cozinha 0,7 1 0,7
Tanque 0,7 1 0,7
TOTAL 2,5
Água Fria
Trec
ho
Peso
Unitário
Peso
Acum.
Vazão
(l/s)
DN
(mm)
DI (mm
)
Veloc.
(m/s) J (m/m)
Difer. de
cota (m)
Press.
(MT)
R1 - AF1 2,5 2,5
0,474341649 32 27,8
0,781865428
0,032581172 3,4 3,4
Água Fria
L(m) Hf(m) Press. (JU)
Real (m) Equiv. Total Tubulação Local Total
9,5 4,3 13,8 0,309521132 0,140099039 0,44962017 2,95037983
61
Projeto de Esgoto Projeto de Esgoto Projeto de Esgoto
BWC COZINHA ÁREA DE SERVIÇO
Peça UHC Peça UHC Peça UHC
Bacia Sanitária 6 Pia 3 Tanque 3
Ducha 1 Total 3 Total 3
Lavatório 1
Chuveiro 2
Total 10
Projeto de Esgoto
Caixa de Inspeção
Ambiente Quantidade UHC
BWC 1 10
TOTAL UHC 10
Diâm. (mm) 100
Projeto de Esgoto
Tubos de Ventilação BWC
Diâmetro (mm)
Pela tab. 2 da norma 8160 = 50mm
Projeto de Esgoto
Caixa de Gordura
Ambiente Quant. UHC UHC Total Diâm. (mm)
Cozinha 1 3 3 50
Área de Serviço 1 3 3 50
Projeto de Esgoto
Dimensionamento Coletor e Subcoletor
Trecho UHC Unitário UHC Acumulado DN (mm) i%
CG - CI 6 6 50 2
CI - FOSA 10 10 100 1
62
APÊNDICE D – Memórias de cálculo referente as áreas de pintura e de revestimento
63
DESCONTO - CASA SUSTENTÁVEL E CONVENCIONAL
Esquadria Quantidade Área da Esquadria Área Total
PORTAS 0,80mx2,10m 5 1,68 8,4
PORTAS 0,70mx2,10m 1 1,47 1,47
JANELAS 1,50mx1,00m 2 1,5 3
JANELA COZINHA 1,50mx0,50m 1 0,75 0,75
JANELA SUÍTE 2,00mx1,00m 1 2 2
JANELA BWC 0,50mx0,50m 1 0,25 0,25
ACABAMENTOS
PISO
Área seca - piso de cimento queimado
Ambiente Área Total
Sala estar/jantar 14,85
41,015 Circulação 2,115
Quarto 01 11,45
Quarto 02 12,6
Área molhada - piso cerâmico
Ambiente Área Total
Cozinha 6,4945
12,4145 Área de Serviço 2,56
BWC 3,36
PAREDE
Área seca - Ambientes Internos
(parede pintada com tinta natural)
Ambiente Área Total
Sala estar/jantar 34,4
118,4164 Circulação 11,615
Quarto 01 37,3064
Quarto 02 35,095
Área molhada - parede com revestimento cerâmico
Ambiente Área Total
Cozinha 25,471
58,9315 Área de Serviço 11,5595
BWC 21,901
Área seca - Ambientes Externos
(parede pintada com tinta natural)
Ambiente Área Total
Fachada sem a área de serviço
18,11
69,002 38,822
12,07
64
APÊNDICE E – Descrições dos serviços da casa modelo sustentável
65
Descrição dos Serviços da Planilha Orçamentária
Item Código Descrição do Serviço
01.00 Serviços Preliminares
01.01 73948/016/SINAPI Limpeza manual do terreno (c/ raspagem superficial)
01.02 10033/ORSE Retirada de entulho da obra utilizando caixa coletora capacidade 5 m3 (local: Aracaju)
Item Código Descrição do Serviço
02.00 Infraestrutura
02.01 MERCADO Garrafa PET de 2L
02.02 MERCADO Nylon 50mm
02.03 12931/ORSE Areia fina adquirida em jazida (Terra Dura - Pedro Henrrique), inclusive carga, exclusive transporte
02.04 04996/ORSE Argamassa cimento e areia traço t-8 (1:8) - 1 saco cimento 50 kg / 8 padiolas de areia dim 0.35 x 0.45 x 0.13 m - Confecção mecânica e transporte
02.05 02497/ORSE Escavação manual de vala ou cava em material de 1ª categoria, profundidade até 1,50m
02.06 95241/SINAPI Lastro de concreto magro, aplicado em pisos ou radiers, espessura de 5 cm. af_07_2016
02.07 7691/ORSE Concreto simples fabricado na obra, fck=21 mpa, lançado e adensado
02.08 2658/ORSE Lastro de brita 3
02.09 3642/ORSE Lona plástica preta
Item Código Descrição do Serviço
03.00 Esquadrias
03.01 91297/SINAPI Porta de madeira frisada, semi-oca (leve ou média), 80x210cm, espessura de 3,5cm, incluso dobradiças - fornecimento e instalação. af_08/2015
03.02 91296/SINAPI Porta de madeira frisada, semi-oca (leve ou média), 70x210cm, espessura de 3cm, incluso dobradiças - fornecimento e instalação. af_08/2015
03.03 84848/SINAPI Janela de madeira tipo veneziana/guilhotina, de abrir, inclusas guarnicoes sem ferragens
Item Código Descrição do Serviço
04.00 Coberta
04.01 20212/SINAPI Caibro de madeira aparelhada *6 x 8* cm, macaranduba, angelim ou equivalente da regiao
04.02 04412/SINAPI Ripa de madeira nao aparelhada 1 x 3* cm, macaranduba, angelim ou equivalente da regiao
04.03 MERCADO Telha de pneu
Item Código Descrição do Serviço
05.00 Revestimentos
05.01 1913/ORSE Revestimento ceramico para parede, 15 x 15 cm, azulejo branco, tipo "B", aplicado com argamassa industrializada ac-i, rejuntado, exclusive emboço
66
Item Código Descrição do Serviço
06.00 Pisos
06.01 2172/ORSE Piso cimentado desempolado traço 1:5, e = 3 cm
06.02 87248/SINAPI Revestimento cerâmico para piso com placas tipo esmaltada extra de dimensões 35x35 cm aplicada em ambientes de área maior que 10 m2. af_06/2014
Item Código Descrição do Serviço
07.00 Pintura
07.01 MERCADO Tinta Solum - a base de terra e minerais - revestimento e fundo preparador
Item Código Descrição do Serviço
08.00 Instalações elétricas
08.01 1342/ORSE Luminária (calha) p/ lampada fluorescente 1 x 20w
08.02 01298/ORSE Lâmpada fluorescente 20 w (Sylvania ou similar)
08.03 04878/ORSE Ponto de luz em teto ou parede, aparente sem eletroduto
08.04 03401/ORSE Interruptor 01 seção simples
08.05 03402/ORSE Interruptor de 2 seções simples
08.06 09970/ORSE Quadro de distribuição de embutir, com barramento, para até 8 disjuntores padrão europeu (linha branca), exclusive disjuntores
08.07 09540/SINAPI Entrada de energia elétrica aérea monofásica 50a com poste de concreto, inclusive cabeamento, caixa de proteção para medidor e aterramento.
08.08 03298/ORSE
Ponto de tomada 2p+t, ABNT, de embutir, 10 A, com eletroduto de pvc flexível sanfonado embutido Ø 3/4", fio rigido 2,5mm² (fio 12), inclusive placa em pvc e aterramento
08.09 93653/SINAPI Disjuntor monopolar tipo din, corrente nominal de 10a - fornecimento e instalação. af_04/2016
08.10 93655/SINAPI Disjuntor monopolar tipo din, corrente nominal de 20a - fornecimento e instalação. af_04/2016
Item Código Descrição do Serviço
09.00 Instalação Hidro-sanitária
09.01 1199/ORSE Ponto de água fria aparente, c/material pvc rígido soldável Ø 25mm
09.02 12030/ORSE Ponto de água fria aparente, c/material pvc rígido soldável Ø 32mm
09.03 01679/ORSE Ponto de esgoto com tubo de pvc rígido soldável de Ø 40 mm (lavatórios, mictórios, ralos sifonados, etc...)
09.04 1678/ORSE Ponto de esgoto com tubo de pvc rígido soldável de Ø 50 mm (pias de cozinha, máquinas de lavar, etc...)
09.05 1683/ORSE Ponto de esgoto com tubo de pvc rígido soldável de Ø 100 mm (vaso sanitário)
09.06 1448/ORSE Caixa d´água em fibra de vidro - instalada, sem estrutura de suporte cap. 1.000 litros
09.07 04883/ORSE Caixa de inspeção 0.60 x 0.60 x 0.60m
67
09.08 01691/ORSE Caixa de gordura - "cg" - (50 x 50 x 65cm)
09.09 1708/ORSE Fossa séptica pré-moldada, tipo oms, capacidade 10 pessoas (v=600 litros)
Item Código Descrição do Serviço
10.00 Louças e metais
10.01 04708/ORSE
Vaso sanitario c/caixa de descarga acoplada, ELIZABETH ou similar, padrão popular, inclusive assento plastico Amanco ou similar, conjunto de fixação, anel de vedação e engate plástico
10.02 36794/SINAPI Lavatorio louca branca com coluna *44 x 35,5* cm
10.03 04890/ORSE Pia de cozinha com bancada em mármore sintético, dim 1.20x0.50, com 01 cuba, sifão, válvula e torneira todos de plástico, assentada.
10.04 86928/SINAPI
Tanque de mármore sintético suspenso, 22l ou equivalente, incluso sifão tipo garrafa em pvc, válvula plástica e torneira de plástico - fornecimento e instalação. af_12/2013
10.05 0607/ORSE Chuveiro plástico, HERC 2011 ou similar
Item Código Descrição do Serviço
11.00 Diversos
11.01 9537/SINAPI Limpeza Final da Obra
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