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ACEITAÇÃO E PRONTIDÃO DO CONSUMIDOR PARA PRODUTOS DE ALTA TECNOLOGIA: Elaboração e teste empírico do modelo CART para adoção de produtos de alta tecnologia Jorge Brantes Ferreira Instituto COPPEAD de Administração/UFRJ Doutorado Prof a . Angela da Rocha Ph.D. Prof a . Letícia Casotti Ph.D. Rio de Janeiro 2010

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Page 1: ACEITAÇÃO E PRONTIDÃO DO CONSUMIDOR · (Consumer Acceptance of Technology Model, ou CAT, de Kulviwat et al, 2007) e o Índice de Prontidão para Tecnologia (Technology Readiness

ACEITAÇÃO E PRONTIDÃO DO CONSUMIDOR

PARA PRODUTOS DE ALTA TECNOLOGIA:

Elaboração e teste empírico do modelo CART

para adoção de produtos de alta tecnologia

Jorge Brantes Ferreira

Instituto COPPEAD de Administração/UFRJ

Doutorado

Profa. Angela da Rocha

Ph.D.

Profa. Letícia Casotti

Ph.D.

Rio de Janeiro

2010

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ACEITAÇÃO E PRONTIDÃO DO CONSUMIDOR

PARA PRODUTOS DE ALTA TECNOLOGIA

Elaboração e teste empírico do modelo CART

para adoção de produtos de alta tecnologia

Jorge Brantes Ferreira

Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Prós Graduação e Pesquisa em

Administração (COPPEAD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor.

Aprovada por:

________________________________________________ - Orientadora

Profa. Angela da Rocha, Ph.D. – COPPEAD/UFRJ

________________________________________________ - Co-orientadora

Profa. Letícia Casotti, Ph.D. – COPPEAD/UFRJ

________________________________________________

Profa. Luis Fernando Hor-Meyll Ph.D. – PUC-Rio

________________________________________________

Prof. Fernando Bins Luce, Ph.D. – UFRGS

________________________________________________

Profa. Everardo Rocha, Ph.D. – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Jorge Brantes Ferreira

Aceitação e Prontidão do Consumidor para Produtos de Alta Tecnologia:

Elaboração e teste empírico do Modelo CART para adoção de produtos de alta

tecnologia. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2010.

xv, 178p.

Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, Instituto COPPEAD de Administração, 2010.

Orientadora: Angela da Rocha

1. Comportamento do Consumidor. 2. Difusão de Inovações. 3. Prontidão para

Tecnologia. 4. Aceitação de Tecnologia. 5. Marketing. 6. Administração. –

Teses. I. Rocha, Angela (Orient.). II. Casotti, Letícia (Co-Orient.). III.

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Administração.

IV. Título.

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Ao meu pai, Jorge Ferreira da Silva,

seu amor e exemplo sempre foram minha maior inspiração.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos

à minha mãe, Suely Brantes Ferreira, pelo amor e carinho incondicionais que

me nutriram por toda a vida e fizeram de mim o que sou hoje e serei amanhã;

ao meu irmão, Daniel Brantes Ferreira, meu maior amigo e companheiro, sem

seu amor e apoio nada seria possível;

à Profa. Angela da Rocha, minha orientadora, pelo inspirador exemplo, pelos

valiosos ensinamentos, pelo carinho e pelo apoio nos momentos de dificuldade

e de felicidade, ao longo de todos esses anos;

à Profa. Letícia Casotti, minha co-orientadora, por ter passado para mim sua

grande paixão pela nobre área da pesquisa do comportamento do consumidor;

à minha namorada, Cristiane Junqueira Giovannini, pelo amor, compreensão e

apoio, ao longo de mais de uma década de união;

a todos os estimados professores do Instituto COPPEAD de Administração,

que receberam um engenheiro em suas mãos e, por meio de grandes

ensinamentos e muita dedicação, ajudaram a moldar um pesquisador de

administração;

aos amigos da turma de doutorado de 2007, pelo companheirismo e pelas

grandes experiências vividas em conjunto;

ao amigo Bruno Lyra, por ter gentilmente trazido dois Kindle DX dos EUA e

aos estimados professores da PUC-Rio que colaboraram na coleta de dados,

possibilitado a realização da pesquisa de campo;

ao CNPq, pelo apoio financeiro desde a graduação até o doutorado; nada seria

possível sem esse valioso suporte.

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RESUMO

FERREIRA, Jorge Brantes. Aceitação e Prontidão do Consumidor para Produtos de Alta

Tecnologia: Elaboração e Teste Empírico do Modelo CART para adoção de produtos de alta

tecnologia. Orientadora: Angela da Rocha. Co-Orientadora: Letícia Casotti. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD, 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Administração).

Esse estudo busca elaborar um novo modelo para o comportamento do consumidor em

relação à adoção de produtos de alta tecnologia. Para tanto, são utilizados como base dois

modelos identificados por meio da revisão de literatura sobre o tema de adoção de novas

tecnologias pelo consumidor: o modelo de Aceitação de Tecnologia pelo Consumidor

(Consumer Acceptance of Technology Model, ou CAT, de Kulviwat et al, 2007) e o Índice de

Prontidão para Tecnologia (Technology Readiness Index, ou TRI, de Parasuraman, 2000 e

Parasuraman e Colby 2001). A partir da teoria são formuladas hipóteses sobre a relação entre

os construtos cognitivos e afetivos do modelo CAT e o construto Prontidão para Tecnologia

(Technology Readiness, TR), objetivando a criação de um novo modelo para decisões sobre

adoção de produtos de alta tecnologia por consumidores. O modelo proposto, batizado de

CART (Consumer Acceptance and Readiness for Technology ou Aceitação e Prontidão do

Consumidor para Tecnologia), é então testado e comparado aos demais modelos existentes na

literatura por meio de uma survey que resultou em uma amostra de 435 jovens consumidores.

Os dados obtidos, analisados por meio de modelagem de equações estruturais, confirmam a

maior parte das hipóteses formuladas e apresentam relações significativas entre o construto

Prontidão para Tecnologia e os construtos presentes no modelo CAT, sugerindo que o modelo

CART proposto representa um avanço na compreensão do comportamento de adoção de

produtos de alta tecnologia pelo consumidor. Tal avanço é caracterizado pela superioridade de

42% na explicação da variância observada na atitude com relação à adoção de novas

tecnologias por consumidores apresentada pelo modelo CART, quando comparado ao modelo

CAT. Este resultado, juntamente com os efeitos diretos significativos verificados entre as

crenças do consumidor e suas avaliações cognitivas e afetivas, sugerem que a inclusão da

prontidão para tecnologia em um modelo para a aceitação de tecnologia por consumidores é

uma adição importante. Ressalta-se, particularmente, a verificação de que a prontidão para

tecnologia apresentou efeitos mais fortes sobre os construtos afetivos do que sobre os

cognitivos, indicando que o julgamento menos consciente (emotivo) é mais afetado pela

prontidão para tecnologia do consumidor do que avaliação cognitiva.

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ABSTRACT

FERREIRA, Jorge Brantes. Consumer Acceptance and Readiness for High Technology

Products: Proposal and Empirical Test of the CART Model for the Adoption of High

Technology Products. Orientadora: Angela da Rocha. Co-Orientadora: Letícia Casotti. Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Administração).

This study seeks to develop a new model for consumer behavior regarding the

adoption of high-tech innovations. To reach this goal, two existing models, identified through

a literature review around the technology acceptance theme, are used as a foundation: the

Consumer Acceptance of Technology model (CAT), proposed by Kulviwat et al (2007) and

the Technology Readiness Index (TRI), as developed by Parasuraman and Colby (2001).

Drawing from the theory of consumer behavior, diffusion of innovations and technology

acceptance, research hypotheses were formulated to evaluate the effects that an individual‟s

technology readiness (TR) might have on the cognitive and affective constructs present on the

CAT model, aiming for the construction of a new model that would be able to better explain

consumer technology adoption decisions. The proposed model, named CART (Consumer

Acceptance and Readiness for Technology), was then tested and had its performance

compared to other existing models in the literature. Data for the modeling and testing of

CART was collected via a survey conducted with 435 young adults. Structural equations

modeling (SEM) was employed and confirmed most of the research hypotheses, suggesting

that the CART model can provide a better understanding of a consumer‟s high-tech adoption

behavior by making use the relationship found between the consumer‟s technology readiness

index and the CAT constructs. The proposed model was able to explain 42% more of the

observed variance in the attitude towards the adoption of new technologies by consumers than

the CAT model. This result, coupled with the significant direct effects found between a

consumer's technology readiness and his cognitive and affective evaluations of high-tech

products suggest that the inclusion of technology readiness in technology acceptance models

is beneficial. In particular, the verification that technology readiness has stronger direct

effects over the affective constructs than over the cognitive constructs should be highlighted,

indicating that a consumer's less conscious judgment (affective) is more influenced by his

technology readiness than his cognitive evaluation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Teoria da Ação Racionalizada, TRA ................................................................................ 24

Figura 2.2 – Teoria do Comportamento Planejado, TPB ...................................................................... 25

Figura 2.3 – Modelo TAM Original ...................................................................................................... 27

Figura 2.4 – Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia ........................................................ 34

Figura 2.5 – Modelo de Aceitação de Tecnologia pelo Consumidor .................................................... 38

Figura 2.6 – Representação do Modelo PAD para Estados Emocionais ............................................... 40

Figura 2.7 – Relações verificadas no modelo CAT .............................................................................. 50

Figura 2.8 – Modelo CAT Revisado ..................................................................................................... 53

Figura 2.9 – Relações verificadas no CAT revisado ............................................................................. 60

Figura 2.10 – Relação entre crenças e prontidão para tecnologia ......................................................... 66

Figura 2.11 – Dimensões da Prontidão para Tecnologia ....................................................................... 68

Figura 2.12 – Modelo de Prontidão e Aceitação para Tecnologia, TRAM ........................................... 78

Figura 2.13 – Dimensões do TRI como antecedentes do TAM ..................................................... 81

Figura 2.14 – Modelo de Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia (CART) e Hipóteses

da Pesquisa ........................................................................................................................................ 83

Figura 4.1 – Modelo de Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia (Modelo #1) ......... 119

Figura 4.2 – Coeficientes Padronizados Estimados para o CART (Modelo #1) ................................ 122

Figura 4.3 – Modelo CART Alternativo: Modelo #2 .......................................................................... 127

Figura 4.4 – Modelo CART Alternativo: Modelo #3 .......................................................................... 128

Figura 4.5 – Modelo CAT de Kulviwat et al (2007) ........................................................................... 132

Figura 4.6 – Modelo TAM de Davis et al (1989) ................................................................................ 132

Figura 4.7 – Modelo CART Final .................................................................................................. 135

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Interações entre Domínio e Facilidade de Uso Percebida ............................................... 57

Quadro 2.2 – Segmentos de adoção de tecnologia e suas crenças ........................................................ 74

Quadro 4.1 – Matriz de Correlação entre Construtos .......................................................................... 110

Quadro 4.2 – Matriz de Validade Discriminante ................................................................................ 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Escalas e medidas operacionais para cada variável do instrumento de pesquisa ............. 91

Tabela 4.1 – Características da Amostra ............................................................................................. 106

Tabela 4.2 – Confiabilidade, Confiabilidade Composta e Variância Extraída Média ........................ 112

Tabela 4.3 – Cargas Fatoriais Padronizadas ........................................................................................ 113

Tabela 4.4 – Curtose univariada para cada item ................................................................................. 118

Tabela 4.5 – Índices de Ajuste do Modelo CART .............................................................................. 120

Tabela 4.6 – Coeficientes Padronizados Estimados, Hipóteses e Significâncias para o Modelo

Estrutural Proposto (Modelo #1) .................................................................................................... 121

Tabela 4.7 – Comparação dos Índices de Ajuste dos Modelos CART #1, #2 e #3 ............................. 129

Tabela 4.8 – Coeficientes Padronizados Estimados e Significâncias para os Modelos Estruturais

Alternativos (Modelos #2 e #3) ....................................................................................................... 130

Tabela 4.9 – Índices de Ajuste dos Modelos CAT e TAM ................................................................. 133

Tabela 4.10 – Proporção da Variância da Atitude Explicada pelos Modelos CART, CAT e TAM ... 133

Tabela 4.11 – Resumo e Verificação das Hipóteses da Pesquisa ........................................................ 136

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 15

1.1 Objetivo do estudo ...................................................................................................................... 16

1.2 Relevância do estudo ................................................................................................................... 16

1.3 Questões a investigar ................................................................................................................... 17

1.4 Delimitação do estudo ................................................................................................................. 18

1.5 Organização do estudo ................................................................................................................ 18

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................ 20

2.1 O conceito de aceitação de tecnologia pelo consumidor ............................................................. 21

2.2 Modelos e teorias para aceitação de tecnologia .......................................................................... 22

2.2.1 Teoria da ação racionalizada (TRA) .................................................................................... 24

2.2.2 Teoria do Comportamento Planejado (TPB) ........................................................................ 25

2.2.3 O modelo de aceitação de tecnologia (TAM) ...................................................................... 26

2.2.4 Teoria de Difusão de Inovações (IDT) ................................................................................. 30

2.2.5 Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia (UTAUT) .......................................... 33

2.3 O modelo de aceitação de tecnologia pelo consumidor (CAT) ................................................... 37

2.3.1 Teoria do Prazer, Excitação e Domínio (PAD) .................................................................... 39

2.3.2 Construtos empregados no CAT .......................................................................................... 42

2.3.2.1 Utilidade Percebida ....................................................................................................... 42

2.3.2.2 Facilidade de Uso Percebida ......................................................................................... 43

2.3.2.3 Vantagem Relativa ........................................................................................................ 44

2.3.2.4 Prazer ............................................................................................................................. 45

2.3.2.5 Excitação ....................................................................................................................... 46

2.3.2.6 Domínio ......................................................................................................................... 46

2.3.2.7 Atitude em relação à adoção ......................................................................................... 47

2.3.2.8 Intenção de adoção ........................................................................................................ 48

2.3.3 Resultados do modelo CAT ................................................................................................. 49

2.3.4 Modelo CAT revisado .......................................................................................................... 52

2.3.4.1 Influência Social ............................................................................................................ 52

2.3.4.2 Domínio e suas interações com outros construtos ......................................................... 55

2.3.4.3 Influência da natureza da tarefa sobre os resultados ..................................................... 57

2.3.4.4 Resultados do modelo CAT revisado ............................................................................ 58

2.4 Prontidão para Tecnologia (Technology Readiness) ................................................................... 62

2.4.1 O índice de prontidão para tecnologia (Technology Readiness Index, TRI) ........................ 62

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2.4.2 Dimensões da prontidão para tecnologia .............................................................................. 67

2.4.2.1 Otimismo ....................................................................................................................... 69

2.4.2.2 Inovatividade ................................................................................................................. 70

2.4.2.3 Desconforto ................................................................................................................... 70

2.4.2.4 Insegurança.................................................................................................................... 71

2.4.3 Classificação da relação de indivíduos com tecnologia a partir do TRI .............................. 72

2.5 Modelos combinando TAM e TR ............................................................................................... 75

2.5.1 Modelo de Prontidão e Aceitação para Tecnologia (TRAM) .............................................. 76

2.5.1.1 Resultados do TRAM .................................................................................................... 78

2.5.2 Dimensões da Prontidão para Tecnologia e Intenção de Adoção ........................................ 80

2.6 Formulação do Modelo Conceitual e Hipóteses da Pesquisa ...................................................... 81

2.6.1 Modelo CART (Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia) .......................... 82

3 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 87

3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................................................... 87

3.2 Operacionalização das variáveis ................................................................................................. 89

3.2.1 Definição operacional das variáveis ..................................................................................... 91

3.2.2 Procedimentos de tradução e adaptação das escalas utilizadas ............................................ 92

3.2.3 Pré-teste do instrumento de pesquisa ................................................................................... 93

3.3 População e amostra .................................................................................................................... 94

3.3.1 População ............................................................................................................................. 94

3.3.2 Amostra ................................................................................................................................ 94

3.4 Coleta de dados ........................................................................................................................... 95

3.4.1 O instrumento de coleta de dados ......................................................................................... 95

3.4.2 Escolha da tecnologia a ser avaliada .................................................................................... 96

3.4.3 A coleta de dados ................................................................................................................. 98

3.5 Análise dos dados ........................................................................................................................ 99

3.5.1 Validade e Confiabilidade .................................................................................................... 99

3.5.2 Análises Estatísticas ........................................................................................................... 101

3.6 Limitações do método ............................................................................................................... 103

3.6.1 Limitações relacionadas ao critério de amostragem ........................................................... 103

3.6.2 Limitações decorrentes da coleta de dados ........................................................................ 104

4 MODELAGEM E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................. 105

4.1 Caracterização da Amostra ........................................................................................................ 105

4.2 Análises e Resultados ................................................................................................................ 107

4.2.1 Avaliação do Modelo de Mensuração ................................................................................ 107

4.2.2 Validade e Confiabilidade dos Construtos ......................................................................... 109

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4.2.3 Análise do Modelo Estrutural ............................................................................................ 116

4.2.3.1 Normalidade dos Dados .............................................................................................. 117

4.2.3.2 Ajuste do Modelo Proposto ......................................................................................... 118

4.2.3.3 Teste das Hipóteses de Pesquisa ................................................................................. 120

4.2.4 Comparação com Modelos Alternativos ............................................................................ 125

4.2.4.1 Construtos cognitivos: efeitos diretos sobre atitude (Modelo #2) ............................... 126

4.2.4.2 Construtos cognitivos: efeitos diretos e indiretos sobre atitude em relação à adoção

(Modelo #3) ............................................................................................................................. 128

4.2.4.3 Comparação dos Modelos #1, #2 e #3 ........................................................................ 129

4.2.4.4 Modelo CAT e Modelo TAM ..................................................................................... 131

4.3 Discussão dos Resultados.......................................................................................................... 135

4.3.1 Influência da Prontidão para Tecnologia nos Construtos Cognitivos e Afetivos ............... 137

4.3.2 Influência dos Construtos Cognitivos ................................................................................ 138

4.3.3 Influência dos Construtos Afetivos .................................................................................... 140

4.3.4 Influência da Atitude .......................................................................................................... 141

4.3.5 Comparação entre o CART, o CAT e o TAM.................................................................... 141

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 143

5.1 Resumo do Estudo ..................................................................................................................... 143

5.2 Conclusões e Implicações ......................................................................................................... 146

5.3 Implicações Gerenciais ............................................................................................................. 148

5.4 Limitações ................................................................................................................................. 150

5.5 Sugestões para Pesquisas Futuras ............................................................................................. 152

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 153

APÊNDICES ....................................................................................................................................... 167

Apêndice A - Questionário utilizado na pesquisa ........................................................................... 168

Apêndice B - Tecnologia utilizada na pesquisa (Kindle DX) ......................................................... 173

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"By knowing things that exist, you can know that which does not exist."

Miyamoto Musashi

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15

1 INTRODUÇÃO

Empresas de alta tecnologia investem grande parte de suas receitas em pesquisa e

desenvolvimento, buscando a criação de novas tecnologias, produtos e serviços que atraiam e

seduzam o consumidor. Nas últimas décadas, a rapidez da evolução das inovações

apresentadas por empresas de alta tecnologia foi marcante. Com o aumento na sofisticação de

produtos e serviços tecnológicos, cresceu também a dificuldade do consumidor em

compreender e lidar com estas inovações, tornando mais complexa a decisão sobre a inserção

delas em sua vida cotidiana (PARASURAMAN, 2000). Enquanto consumidores se esforçam

para entender a utilidade de novas tecnologias ou tentam se identificar emocionalmente com

elas, empresas procuram promover seus produtos e serviços, buscando assegurar sua adoção e

a satisfação dos consumidores (SOUZA & LUCE, 2005).

A compreensão dos fatores que levam consumidores a adotar novas tecnologias é

interessante tanto para empresas quanto para a pesquisa do comportamento do consumidor.

As particularidades que permeiam a relação do consumidor com produtos e serviços de alta

tecnologia, como, por exemplo, a ansiedade e o medo que alguns consumidores sentem ao

utilizar tecnologias muito diferentes às suas experiências anteriores (MICK & FOURNIER,

1998), requerem uma abordagem focada no tema e dedicada a entender, especificamente,

como consumidores enxergam e se relacionam com inovações desta natureza

(PARASURAMAN & COLBY, 2001).

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16

1.1 Objetivo do estudo

Este estudo busca investigar a interação entre a prontidão para tecnologia de

consumidores e suas avaliações, tanto cognitivas quanto afetivas, a respeito de determinado

produto de alta tecnologia, almejando alcançar melhor compreensão sobre os fatores que

influenciam a intenção de adoção de inovações tecnológicas por consumidores.

1.2 Relevância do estudo

Apesar de a literatura de aceitação de tecnologia apresentar diferentes propostas para a

modelagem dos fatores que determinam a aceitação de novas tecnologias por consumidores,

são poucas as contribuições que integram a prontidão para tecnologia (isto é, a predisposição

do consumidor em relação a tecnologia em geral) aos aspectos cognitivos e emocionais da

avaliação que o consumidor faz a respeito de determinado produto ou serviço de alta

tecnologia. A maior parte dos modelos é focada somente na dimensão cognitiva da aceitação

de tecnologia (FISHBEIN & AJZEN, 1975; DAVIS, 1989; VENKATESH, 2003;

CHILDERS et al, 2001). Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008) avaliam os efeitos

conjuntos de construtos cognitivos e afetivos na intenção do consumidor em adotar uma nova

tecnologia. Por sua vez, Lin et al (2007) e Pires e Costa (2008) investigam como a prontidão

para tecnologia interage com a avaliação cognitiva de consumidores para determinados

serviços tecnológicos. No entanto, nenhum dos estudos identificados na literatura une as três

componentes (prontidão para tecnologia e dimensões cognitiva e emocional da avaliação de

determinado produto de alta tecnologia) em um único modelo.

Este trabalho pretende contribuir para a compreensão da relação entre esses três

componentes, buscando investigar como avaliações cognitivas e emocionais do produto são

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17

influenciadas pela prontidão para tecnologia do consumidor. É proposto um novo modelo que

integra esses três componentes na compreensão da intenção de adoção de consumidores para

produtos ou serviços de alta tecnologia.

1.3 Questões a investigar

A revisão de literatura indica que a adoção de novas tecnologias pelo consumidor é

influenciada por diferentes aspectos: avaliações cognitivas e emocionais do produto em si e

prontidão para a tecnologia (DAVIS et al, 1989; PARASURAMAN, 2000; CHILDERS et al,

2001; VENKATESH et al, 2003; SOUZA & LUCE, 2005; KULVIWAT et al, 2007; LIN et

al, 2007; PIRES & COSTA, 2008; NASCO et al, 2008). Esta pesquisa busca, portanto,

responder às seguintes questões:

1) A avaliação cognitiva de determinado produto de alta tecnologia por consumidores

é influenciada pela sua prontidão para tecnologia? Esta interação, por sua vez,

afeta a intenção de adoção deste produto de alta tecnologia?

2) As emoções experimentadas por consumidores ao se depararem com ou utilizarem

determinado produto de alta tecnologia são influenciadas pela sua prontidão para

tecnologia? Esta interação, por sua vez, afeta a intenção de adoção deste produto

de alta tecnologia?

3) A integração da prontidão para tecnologia com as avaliações cognitivas e afetivas

de determinado produto de alta tecnologia contribui para a determinação e

explicação do comportamento de adoção do consumidor?

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1.4 Delimitação do estudo

Este estudo está centrado em um único produto tecnológico, uma vez que é necessária

a escolha de uma tecnologia para o consumidor avaliar e conhecer antes de emitir sua opinião

a respeito. Acredita-se, no entanto, que o produto escolhido (o leitor eletrônico de livros

Kindle DX da Amazon.com) represente bem o tipo de inovação tecnológica que se deseja

avaliar, uma vez que a tecnologia de leitores eletrônicos de livros com telas de tinta eletrônica

(e-ink) se tornou disponível para o consumidor dos EUA somente ao final de 2007 (com o

lançamento do Kindle original pela Amazon.com). No Brasil, leitores eletrônicos de livros

(particularmente o Kindle 2 e o Kindle DX) só começaram a ser vendidos em março de 2010,

após os dados deste trabalho já terem sido coletados (novembro e dezembro de 2009). De

fato, conforme verificado durante a coleta de dados da pesquisa, nenhum dos respondentes

havia tido contato com leitores eletrônicos de livros antes de experimentarem o Kindle DX

fornecido para avaliação. Sendo assim, o estudo não utilizou outros tipos de produtos ou

serviços de alta tecnologia.

1.5 Organização do estudo

Este trabalho está organizado da seguinte forma:

O primeiro capítulo apresenta os objetivos da pesquisa e discute sua inserção teórica,

ressaltando sua relevância para a pesquisa sobre comportamento do consumidor e aceitação

de tecnologia, ao avaliar os efeitos da predisposição do consumidor com relação à tecnologia

sobre sua avaliação cognitiva e emocional de determinado produto tecnológico e sua intenção

de adoção deste mesmo produto.

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O segundo capítulo descreve a revisão de literatura realizada sobre o tema de aceitação

de tecnologia e difusão de inovações, com um foco particular nos modelos e construtos que

foram utilizados ao longo dos anos para a compreensão da adoção de produtos ou serviços

tecnológicos. Esta etapa termina com a apresentação do modelo proposto por este trabalho e a

enunciação das hipóteses da pesquisa.

O terceiro capítulo detalha a metodologia empregada neste trabalho, definindo o tipo

de pesquisa realizado, a população de interesse, o método de amostragem, os procedimentos

para a elaboração do instrumento de pesquisa, a forma de coleta de dados, os métodos

empregados na análise dos dados e, por fim, as limitações do estudo.

O capítulo quatro apresenta os resultados do estudo. É realizado o teste do modelo de

mensuração adotado e dos diversos modelos estruturais considerados, além de serem

verificadas as hipóteses da pesquisa e discutidas as relações encontradas entre os construtos

estudados.

O capítulo cinco conclui o trabalho, resumindo o estudo e apresentando suas principais

conclusões e contribuições. São avaliadas também as limitações do estudo e feitas sugestões

para novas pesquisas.

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20

2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo avalia a literatura sobre aceitação e adoção de novas tecnologias pelo

consumidor, apresentando os modelos existentes para a descrição do comportamento de

adoção e os respectivos construtos envolvidos no processo.

Inicia-se a exposição com o estudo da teoria sobre aceitação de tecnologia (technology

acceptance) e seus principais modelos, que buscam determinar os fatores que influenciam a

adoção e o uso de novas tecnologias. São detalhados os construtos envolvidos na pesquisa

sobre o tema, em particular os construtos “utilidade percebida” (perceived usefulness) e

“facilidade de uso percebida” (perceived ease of use).

Em uma próxima etapa, é apresentado o modelo de Aceitação de Tecnologia pelo

Consumidor (CAT – Consumer Acceptance of Technology), suas origens e os construtos

cognitivos (vantagem relativa, utilidade percebida e facilidade de uso percebida) e afetivos

(prazer, excitação e domínio) utilizados em sua composição.

A seguir, é realizada a conceituação do construto “prontidão para tecnologia” (TR -

technology readiness) e suas quatro dimensões (otimismo, inovatividade, desconforto e

insegurança), sendo avaliadas as diversas aplicações deste construto na literatura, inclusive no

Brasil.

Ao final do capítulo é apresentado o quadro conceitual e, a partir dele, são formuladas

as hipóteses a serem testadas na pesquisa.

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2.1 O conceito de aceitação de tecnologia pelo consumidor

A adoção de novas tecnologias por parte do consumidor pode ser influenciada por

diversos fatores. Certos consumidores buscam os benefícios diretos do uso da tecnologia,

focando sua atenção em produtos e serviços que facilitem ou agilizem as tarefas que

pretendem desempenhar, conforme afirma a Teoria da Ação Racionalizada (TRA) de Fishbein

e Ajzen (1975). Outros buscam novas sensações, procurando e sentindo diferentes emoções

por meio da utilização e de experiências com novas tecnologias. Mick e Fournier (1998), em

seu artigo sobre os paradoxos da tecnologia, destacam essa relação emocional dos

consumidores com a tecnologia, abordando as reações conflituosas que consumidores

apresentam quando confrontados com novas tecnologias como, por exemplo, o interesse e a

excitação pela novidade, contrastado com o medo da incompetência ao utilizá-la. Acredita-se,

no entanto, que a maioria dos consumidores, ao cogitar a adoção de uma nova tecnologia,

misture aspectos da dimensão cognitiva com outros de natureza afetiva (KULIWAT et al,

2007), construindo uma resposta multifacetada a respeito da tecnologia de interesse. Tal

resposta, única para cada indivíduo, levaria à aceitação ou rejeição da tecnologia.

O termo e a concepção atual do construto “Aceitação de Tecnologia” (TA –

Technology Acceptance) surgiram originalmente com o trabalho de Davis (1989) que, com

base na TRA de Fishbein e Ajzen (1975), elaborou o modelo TAM (Technology Acceptance

Model), com o objetivo de entender que fatores levavam funcionários de uma empresa a

aceitar e utilizar novas tecnologias introduzidas no ambiente de trabalho. Davis define a

aceitação de tecnologia como a intenção voluntária de utilizar uma tecnologia seguida

posteriormente da adoção e uso real da tecnologia. Tal intenção, de acordo com Davis (1989),

Davis et al (1989) e Davis et al (1992) seria determinada pela atitude de um indivíduo com

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relação ao uso da tecnologia e a percepção de sua utilidade prática, constituindo o antecessor

direto do comportamento concretizado (actual behavior) de uso da tecnologia

A definição de Davis para aceitação de tecnologia se assemelha ao terceiro estágio do

processo de decisão sobre inovações, o estágio da decisão, inserido na teoria de difusão de

inovações proposta por Rogers e Shoemaker (1971) e Rogers (2003). Tal estágio, onde o

indivíduo toma a decisão de adotar ou não uma inovação, ocorreria após a etapa de

conhecimento sobre a existência da inovação e entendimento de suas funcionalidades

(primeiro estágio), seguida da etapa de persuasão (segundo estágio), em que o indivíduo busca

informações sobre a inovação por meio de diversos canais de comunicação (tanto pela mídia

de massa quanto por relações interpessoais) e forma sua atitude (favorável ou desfavorável) a

respeito da inovação.

2.2 Modelos e teorias para aceitação de tecnologia

Muitos são os trabalhos e linhas de pesquisa que buscam compreender os fatores e as

razões que determinam a aceitação de tecnologia por indivíduos. Hu et al (1999) afirmam que

a pesquisa sobre aceitação de novas tecnologias corresponde a uma das áreas mais maduras da

literatura de sistemas de informação, tendo dado origem a diversas teorias e modelos com

base na psicologia, sociologia e outras áreas.

Historicamente, o foco principal das diversas linhas de pesquisa sobre aceitação de

tecnologia esteve na implementação e utilização de novas tecnologias de informação

(computadores pessoais, processadores de texto, planilhas eletrônicas, internet, vídeo

conferência, e-mail, pacotes de software e etc) no ambiente de trabalho e para tarefas

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produtivas (DAVIS et al, 1989; MATHIESON, 1991; HENDRICKSON et al, 1993;

IGBARIA et al, 1995; VENKATESH & DAVIS, 1996; GREEN, 1998; AGARWAL &

PRASAD, 1999; Venkatesh, 1999; VENKATESH & DAVIS, 2000; AGARWAL &

PRASAD, 2000; CHAU & HU, 2001; BROWN et al, 2002; HARDGRAVE et al, 2003;

VENKATESH et al, 2003). Por sua vez, a aceitação de produtos ou serviços tecnológicos

pelo consumidor final, para uso pessoal, produtivo ou hedônico, foi menos abordada ao longo

dos anos. Alguns exemplos encontram-se em Childers et al (2001), Shih (2004), Kuliwat et al

(2007), Nasco et al (2008) e Pires e Costa (2008).

Em sua extensa revisão da literatura sobre aceitação de tecnologia, Venkatesh et al

(2003) destacam as principais teorias, modelos e construtos estudados ao longo dos anos com

o objetivo de explicar a aceitação e adoção de novas tecnologias pelo usuário final. A

principal variável dependente modelada pela maior parte destes estudos é a intenção e/ou o

uso concretizado da tecnologia em questão. O papel da intenção de uso como principal

antecedente do uso concretizado é bem documentado na literatura e já foi testado e verificado

exaustivamente (AJZEN, 1991; SHEPPARD et al, 1988; TAYLOR & TODD, 1995).

A seguir são apresentados alguns dos principais modelos de aceitação de tecnologia e

os respectivos construtos utilizados em suas estruturas (VENKATESH et al, 2003). É descrito

com maior detalhe o TAM, de Davis (1989) e Davis et al (1989), que foi exaustivamente

replicado e testado pela literatura de aceitação de tecnologia e sistemas da informação

(YOUSAFZAI et al, 2007). De interesse particular é o fato do TAM servir como principal

fundação para o modelo CAT (Consumer Acceptance of Technology), de Kulviwat, Bruner,

Kumar, Nasco e Clark (2007), que será utilizado como uma das bases para a elaboração do

modelo CART (Consumer Acceptance and Readiness of Technology) proposto neste trabalho.

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2.2.1 Teoria da ação racionalizada (TRA)

Baseada na teoria de psicologia social e proposta por Fishbein e Ajzen (1975) e Ajzen

e Fishbein (1980), a TRA é uma das mais influentes teorias sobre comportamento humano.

Nos anos que se seguiram à sua elaboração, a TRA foi utilizada para explicar variados tipos

de comportamento, conforme aponta a meta-análise conduzida por Sheppard et al (1988).

Davis et al (1989), no entanto, são os primeiros a aplicar a TRA na modelagem da aceitação

individual de tecnologia. A figura 2.1 apresenta o modelo e os construtos envolvidos na TRA.

Figura 2.1 – Teoria da Ação Racionalizada, TRA (FISHBEIN & AJZEN, 1975)

O construto norma subjetiva (subjective norm) diz respeito à percepção do indivíduo

sobre a opinião de outras pessoas importantes para ele e de como este deveria agir ou se

comportar segundo elas (FISHBEIN & AJZEN, 1975). A atitude, por sua vez, mede os

sentimentos positivos ou negativos do indivíduo com relação ao comportamento em questão.

A intenção retrata a vontade ou pré-disposição do indivíduo em se comportar de certa

maneira, com o comportamento futuro indicando a concretização de tal intenção.

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2.2.2 Teoria do Comportamento Planejado (TPB)

A teoria do comportamento planejado (theory of planned behavior, TPB) de Ajzen

(1985) expandiu a TRA, adicionando o construto de controle percebido ao modelo original,

conforme ilustrado na Figura 2.2. Na TPB, de acordo com Ajzen (1985) e Ajzen (1991), o

conceito de controle percebido engloba a dificuldade ou facilidade percebida pelo indivíduo

em se comportar de determinada forma. Com relação ao uso e aceitação de tecnologia, esse

construto se traduziria como as percepções do indivíduo sobre dificuldades ou entraves, tanto

internos quanto externos, para a utilização ou adoção de uma dada tecnologia (TAYLOR &

TODD, 1995).

Figura 2.2 – Teoria do Comportamento Planejado, TPB (Ajzen, 1985)

A literatura mostra que o modelo proposto pela TPB foi aplicado de forma bem

sucedida na explicação da aceitação individual de vários tipos de tecnologia, em diversos

ambientes diferentes (HARRISON et al, 1997; MATHIESON, 1991; TAYLOR & TODD,

1995).

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26

2.2.3 O modelo de aceitação de tecnologia (TAM)

Diversas perspectivas teóricas foram utilizadas ao longo dos anos para compreender os

fatores que determinam a aceitação e o uso da tecnologia (YOUSAFZAI et al, 2007). Dentre

essas linhas de pensamento, os modelos de intenção baseados na psicologia social,

particularmente a teoria da ação racionalizada (TRA) de Ajzen e Fishbein (1980) e a teoria do

comportamento planejado (TPB) de Ajzen (1991), foram os mais bem sucedidos em formar

uma base para a elaboração de modelos que descrevessem o comportamento de usuários de

tecnologia e os antecedentes que explicam sua aceitação. A partir dessa linha de pesquisa

surgiu o Technology Acceptance Model (TAM), proposto por Davis (1989) e Davis et al

(1989).

O TAM, uma adaptação da TRA, foi concebido como um modelo parcimonioso,

explicando a adoção e uso de tecnologia a partir de apenas dois construtos: a utilidade

percebida (Perceived Usefulness, PU) e a facilidade de uso percebida (Perceived Ease of Use,

PEOU) de uma dada tecnologia. Davis et al (1989) deixam claro o foco do TAM ao afirmar

que o modelo foi especificamente construído para explicar o uso do computador e tecnologias

relacionadas.

No modelo TAM original, a aceitação de uma dada tecnologia por um indivíduo é

determinada pela sua intenção voluntária em utilizá-la. Essa intenção, por sua vez, seria

caracterizada pela atitude do indivíduo a respeito da tecnologia e suas percepções sobre sua

utilidade prática. As crenças do indivíduo com relação ao uso da tecnologia (a utilidade e a

facilidade de uso percebidas) seriam, portanto, os blocos formadores da atitude do indivíduo

para com a tecnologia apresentada. A figura 2.3 ilustra o modelo TAM de Davis et al (1989) e

os construtos envolvidos.

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Figura 2.3 – Modelo TAM Original (DAVIS et al, 1989)

Fishbein e Ajzen (1975) descrevem atitude como os sentimentos, positivos ou

negativos, que um indivíduo possui em relação a um comportamento alvo. Ajzen e Fishbein

(1980), por sua vez, afirmam que a atitude em relação a um objeto influencia as intenções de

uso de tal objeto, consequentemente influenciando o comportamento em relação ao objeto

(isto é, ao seu uso). No entanto, os próprios autores do TAM original (DAVIS et al, 1989), ao

testar o modelo sem o construto atitude, em ambientes onde a escolha do uso da tecnologia

era voluntária, perceberam que o modelo se comportava igualmente bem com ou sem a

atitude mediando a intenção de uso. Em cenários onde o uso da tecnologia é mandatório (por

exemplo, em empresas que adotam um novo sistema que deve ser obrigatoriamente usado por

todos os funcionários), a atitude se mostrou relevante e um fator determinante do uso, apesar

de sua relação direta com a intenção de uso não ficar comprovada (JACKSON et al, 1997).

Uma possível explicação para a conclusão de que a atitude não é um construto essencial para

o TAM, de acordo com Taylor e Todd (1995), é o fato de que, para ambientes de trabalho

(onde ocorreram a maior parte das aplicações do TAM), o desempenho da tecnologia é o fator

mais importante, com os gostos ou sentimentos pessoais dos possíveis usuários não exercendo

influência significativa sobre a intenção de uso ou o uso concretizado. No contexto de

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consumidores e tecnologias de consumo, no entanto, mesmo com a adoção sendo sempre

voluntária, os sentimentos e atitudes do indivíduo com relação à tecnologia podem

desempenhar papel fundamental na sua intenção de uso (KULVIWAT et al, 2007).

Para Davis et al (1989), dentro do contexto de sistemas da informação onde o TAM

estava inicialmente inserido, a utilidade percebida (PU) era caracterizada como a

probabilidade de melhoria de desempenho em tarefas relacionadas ao seu trabalho, que o

indivíduo enxergava ser possível por meio do uso de uma dada tecnologia. Posteriormente,

essa definição foi ampliada para contextos não organizacionais, fora do ambiente de trabalho,

com PU vindo a significar simplesmente as melhorias percebidas por um indivíduo em sua

produtividade ou eficiência, em qualquer tarefa, proporcionadas pelo uso de certa tecnologia.

Alguns exemplos da aplicação desta nova definição são os trabalhos de Childers et al (2001),

avaliando o uso de internet por consumidores, de Suh e Han (2003) sobre o uso de

comunidades virtuais, ou o artigo de Devraj et al (2002) sobre compras pela internet. Por sua

vez, a facilidade de uso percebida (PEOU) foi traduzida como o nível de esforço (físico e/ou

mental) que um indivíduo espera ter que fazer para utilizar corretamente uma nova tecnologia.

Davis et al (1989) destacam também que, para aplicar esses construtos na compreensão da

aceitação de tecnologia, é necessário medir atitudes e crenças em relação ao uso da tecnologia

e não à tecnologia em si (simplesmente como conceito ou idéia, desligada do uso prático),

uma vez que os indivíduos podem possuir visões positivas sobre tecnologias novas, mas não

estarem dispostos a adotá-las ou utilizá-las.

A maioria dos estudos sobre o TAM, incluindo o trabalho original de Davis et al

(1989), enfatizam a maior importância de PU na determinação da aceitação, deixando PEOU

em segundo plano. Venkatesh (1999) afirma que não foi encontrada relação direta entre a

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facilidade de uso percebida e o uso de uma tecnologia. Com o tempo, a continuidade da

pesquisa sobre o TAM demonstrou que o efeito de PEOU na intenção de uso era na verdade

indireto, com PEOU operando através de PU, em uma demonstração de que não importa o

quão fácil seja usar uma tecnologia, se não for considerada útil e produtiva, ela não será

utilizada (KEIL et al, 1995). O papel de PEOU no TAM permanece sob debate, no entanto,

com outros estudos demonstrando que PEOU possui uma relação direta e de magnitude igual

ou mais forte do que PU na aceitação de tecnologia (IGBARIA et al, 1997; AGARWAL &

PRASAD, 1997). Pesquisas sugerem também que o sexo (GEFEN & STRAUB, 1997;

VENKATESH & MORRIS, 2000) e o tipo de tarefa (GEFEN & STRAUB 2000; MOON &

KIM, 2001) podem mediar os efeitos de PU e PEOU, afetando sua importância relativa na

explicação da intenção de uso.

Outra questão importante no TAM é a medição da variável dependente, com o uso

subjetivo afirmado por um usuário em um instrumento de pesquisa frequentemente diferindo

do uso real da tecnologia medido de formas objetivas (STRAUB et al, 1995), como por meio

de registros de servidores de software ou resumos de uso de sites da internet, por exemplo. De

acordo com Nunnally e Bernstein (1994), para ser uma medida satisfatória para o uso de uma

tecnologia, o uso auto-reportado deve exibir forte correlação com outras formas de se medir o

uso (validade convergente). Além disso, para apresentar validade discriminante (CAMPBELL

& FISKE, 1959), o uso auto-reportado deve apresentar correlação maior com outra forma de

se medir a mesma variável (uso concretizado) do que com outros construtos que utilizam o

mesmo instrumento de medição (como a intenção de uso).

Davis et al (1989) testaram o TAM original em um estudo sobre a adoção e uso da

tecnologia de processadores de texto para computadores. Desde então, o modelo TAM foi

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aplicado a diferentes tipos de tecnologia e ambientes, como o uso da internet, o uso de email,

o uso de diferentes pacotes de software, o uso de bancos online e compras online, entre outros

(MATHIESON, 1991; HENDRICKSON et al, 1993; IGBARIA et al, 1995; VENKATESH &

DAVIS, 1996; GREEN, 1998; AGARWAL & PRASAD, 1999; VENKATESH, 1999;

VENKATESH & DAVIS, 2000; AGARWAL & PRASAD, 2000; CHAU & HU, 2001;

BROWN et al, 2002; HARDGRAVE et al, 2003; VENKATESH et al, 2003; Childers et al,

2001; Shih, 2004; Kuliwat et al, 2007, Nasco et al, 2008 e PIRES & COSTA, 2008). As

replicações do TAM em diversos cenários e países sugerem que o modelo é robusto e

responde de forma similar a diferentes grupos de pessoas, países e épocas (YOUSAFZAI et

al, 2007).

De acordo com Yousafzai et al (2007), a grande popularidade do TAM pode estar

associada ao fato de o modelo ser parcimonioso, específico para o contexto de inovações

tecnológicas e capaz de produzir explicações e predições adequadas para a aceitação de

diversas tecnologias em diferentes ambientes. Além disso, o TAM possui uma base teórica

sólida e várias escalas validadas para a medição de seus construtos, o que facilita a sua

aplicação e replicação.

2.2.4 Teoria de Difusão de Inovações (IDT)

Desde a década de 1960, uma das linhas de pesquisa mais influentes sobre adoção de

novas tecnologias e inovações é a Teoria de Difusão de Inovações de Rogers (2003). Rogers

analisou diversos estudos sobre a adoção inovações e conjecturou que seriam cinco as

características de uma inovação que poderiam afetar sua taxa de difusão: vantagem relativa,

compatibilidade, complexidade, “observabilidade” (observability) e “experimentabilidade”

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(triability). Esses construtos seriam então os principais fatores que levariam a uma adoção

mais rápida ou mais lenta de uma inovação. Nota-se que esses cinco construtos são subjetivos

e dizem respeito às percepções de cada indivíduo a respeito da inovação. É esta percepção que

influencia a escolha em adotar ou não uma inovação. Rogers (2003) define estas cinco

características da seguinte forma:

Vantagem Relativa: o quanto uma inovação é percebida como superior a sua

precursora;

Compatibilidade: o quanto uma inovação é percebida como sendo consistente

com os valores, necessidades e experiências passadas dos adotantes em

potencial;

Complexidade: o quanto uma inovação é percebida como difícil de ser

utilizada;

Observabilidade: o quanto os resultados ou o uso de uma inovação são

perceptíveis para os outros;

Experimentabilidade: o quanto uma inovação pode ser experimentada antes

de ser adotada.

Em uma meta-análise de mais de 105 artigos, Tornatzky e Klein (1982) identificaram

dez características frequentemente exploradas em estudos sobre difusão de inovações. Entre

estas estavam os cinco atributos propostos por Rogers, além de custo, comunicabilidade,

divisibilidade, lucratividade e aprovação social. Tornatzky e Klein notam, no entanto, que as

definições para comunicabilidade se assemelham ao conceito de observabilidade, e que o

conceito de divisibilidade possui similaridades com experimentabilidade. Além disso, ao

tratar do nível de adoção individual de tecnologias, em particular em ambientes

organizacionais, o custo e a lucratividade não se mostraram variáveis relevantes. Por sua vez,

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o último dos novos cinco atributos, aprovação social (também chamado de “imagem”, por

MOORE & BENBASAT, 1991), provou ser relevante para a decisão de adoção. Rogers

(2003) inclui esse conceito de busca por prestígio social, status ou melhoria de imagem

perante um sistema social dentro do conceito de vantagem relativa, mas de acordo com

Tornatzky e Klein (1982), diversos autores concordam com o fato de o construto imagem (ou

aprovação social) ser suficientemente diferente de vantagem relativa para ser considerado,

medido e analisado em separado.

Deve ser observado que as definições de Rogers para os construtos apresentados são

baseadas nas percepções da inovação em si, e não nas percepções de seu uso. Ajzen e

Fishbein (1980), no entanto, afirmam que as atitudes em relação a um objeto frequentemente

se diferenciam das atitudes em relação a um comportamento envolvendo um objeto. Por

exemplo, um consumidor pode achar um produto bonito e interessante (objeto), mas decidir

não comprá-lo porque acha que não teria utilidade para ele, ou porque é muito caro

(comportamento). Desta forma, a atitude positiva em relação a um objeto (ou inovação) não

se traduz diretamente em comportamentos positivos em relação ao mesmo.

A relevância desta discussão para a teoria de difusão de inovações é clara. Inovações

se difundem porque indivíduos decidem adotá-las. Sendo assim, o que importa na verdade

não seria a percepção da inovação em si, mas sim as percepções de potenciais adotantes

relativas ao uso da inovação. Para implementar essa visão, Moore e Benbasat (1991) sugerem

que as definições de Rogers para as características das inovações sejam modificadas

adicionando-se a palavra “uso”. Por exemplo, a definição de vantagem relativa seria reescrita

como “o quanto o uso de uma inovação é percebido como superior ao uso de sua precursora”.

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Os conceitos de utilidade percebida (o grau com que um indivíduo acredita que usar

uma tecnologia irá melhorar seu desempenho em tarefas de trabalho) e facilidade de uso

percebida (o grau com que um indivíduo acredita que o uso de uma tecnologia é desprovido

de esforço físico ou mental) de Davis (1989), apesar de possuírem similaridades com os

construtos vantagem relativa e complexidade de Rogers (2003), se encaixam nesta linha de

pensamento, em que a percepção sobre o uso da inovação e as conseqüências desta utilização

são os aspectos mais importantes para definir a aceitação de uma tecnologia.

2.2.5 Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia (UTAUT)

Baseados em uma grande revisão de literatura sobre praticamente todas as teorias e

modelos de aceitação de tecnologia propostos até o ano da publicação de seu trabalho (entre

eles a TRA, o TPB, o TAM, o modelo da Teoria de Difusão de Inovações e outros),

Venkatesh et al (2003) propõem a elaboração de uma teoria unificada para a aceitação e uso

da tecnologia (UTAUT), testando os construtos existentes em oito modelos e escolhendo os

que se apresentaram consistentemente como determinantes diretos e significativos da intenção

de uso ou do uso concretizado da tecnologia.. A figura 2.4 ilustra o modelo UTAUT proposto

por Venkatesh et al (2003).

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Figura 2.4 – Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia

Por meio do UTAUT, Venkatesh et al (2003) teorizam que quatro construtos teriam

influência direta sobre a intenção de uso e o uso concretizado da tecnologia: a expectativa de

desempenho, a expectativa de esforço, a influência social e as condições facilitadoras. O

UTAUT foi elaborado e testado para modelar a adoção de novos sistemas e tecnologias da

informação em ambientes de trabalho, na mesma linha do TAM original. No entanto, o

UTAUT possui uma sólida base teórica e sugere construtos que poderiam ser utilizados e

testados também para a adoção de tecnologias de consumo.

A expectativa de desempenho é definida como o grau em que um indivíduo acredita

que usar uma tecnologia irá ajudá-lo a alcançar níveis superiores de desempenho em suas

tarefas de trabalho. Este construto é baseado no construto utilidade percebida do TAM

(DAVIS et al, 1982) e no construto vantagem relativa da teoria de difusão de inovações de

Rogers (2003). Venkatesh et al (2003) apontam para o fato de a expectativa de desempenho,

assim como construtos similares em outros modelos, ter apresentado consistentemente o

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maior poder preditivo para a intenção de uso, tanto em ambientes de uso voluntário quanto em

ambientes de uso mandatório (AGARWAL & PRASAD, 1998; TAYLOR & TODD, 1995).

A expectativa de esforço é definida como o grau de facilidade associado ao uso de

uma tecnologia. Este construto é similar a construtos presentes em outros modelos, como a

facilidade de uso percebida do TAM (DAVIS et al, 1982), ou o construto complexidade,

presente na teoria de difusão de inovações (ROGERS, 2003). Venkatesh et al (2003) afirmam

que o construto expectativa de esforço (e seus similares em outros modelos) é significante na

previsão da intenção de uso, particularmente nos primeiros estágios da adoção (THOMPSON

et al, 1994).

Por sua vez, o construto influência social representa o grau de percepção de um

indivíduo sobre o quão importante é, para pessoas próximas e relevantes, que ele utilize a

tecnologia. O construto influência social é similar ao construto norma subjetiva presente na

TRA de Fishbein e Ajzen (1975) e na TPB de Ajzen (1985). Venkatesh e Davis (2000)

sugerem, no entanto, que os efeitos da influência social são mais relevantes em ambientes

onde a adoção é mandatória, mas apontam para o fato de que, em ambientes onde a adoção é

voluntária, pode existir necessidade de conformação com a opinião de pessoas próximas ou

com grupos de referência, o que tornaria a influência social um construto igualmente

significativo na determinação da aceitação de novas tecnologias.

Por fim, o construto condições facilitadoras mede até que ponto um indivíduo acredita

que a infraestrutura organizacional e técnica existente na empresa permite e suporta a

utilização da tecnologia a ser adotada. Esse construto é similar ao construto controle

percebido da TPB (AJZEN, 1985) e ao construto compatibilidade da teoria de difusão de

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36

inovações (ROGERS, 2003). Os resultados obtidos por Venkatesh et al (2003) indicam um

efeito direto do construto condições facilitadoras sobre o uso concretizado, sem a mediação da

intenção de uso.

Venkatesh et al (2003) testaram o UTAUT empiricamente, utilizando dados de quatro

empresas diferentes, realizando ainda uma validação cruzada com dados de outras duas

empresas. Os resultados apresentaram forte suporte empírico para as relações e construtos

propostos no UTAUT, com efeitos diretos significativos sobre a intenção de uso da tecnologia

sendo verificados para os seguintes construtos: expectativa de desempenho, expectativa de

esforço e influência social. Além disso, foram confirmados efeitos diretos da intenção de uso

e do construto condições facilitadoras sobre o uso concretizado da tecnologia. Venkatesh et al

(2003) ainda testaram e verificaram efeitos significativos de variáveis moderadoras como

sexo e idade sobre as relações entre os construtos do UTAUT. Para concluir, os autores

afirmam que o UTAUT foi capaz de explicar 70% da variância presente na intenção de uso de

uma tecnologia, uma melhora substancial sobre os outros modelos de aceitação de tecnologia

(o TAM, por exemplo, para os mesmos dados, só foi capaz de explicar 38% do variância,

segundo VENKATESH et al, 2003).

O grande problema do UTAUT, no entanto, é o seu foco excesivo no ambiente de

trabalho, tornando difícil sua aplicação no contexto do consumidor. Diferentemente do

UTAUT, o modelo CAT descrito a seguir foi desenvolvido especialmente para lidar com a

adoção de tecnologia pelo consumidor final.

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37

2.3 O modelo de aceitação de tecnologia pelo consumidor (CAT)

A maior parte das teorias sobre aceitação de tecnologia, além de ser principalmente

direcionada para ambientes de trabalho, é focada nos fatores cognitivos que determinam o uso

da tecnologia, como a utilidade percebida e a facilidade de uso percebida (DAVIS et al, 1989,

VENKATESH et al, 2003). Conforme apontam Kulviwat et al (2007), são poucos os estudos

que incorporam a dimensão afetiva na compreensão do comportamento sobre adoção de

tecnologia, uma dimensão particularmente importante quando o público alvo da tecnologia é

formado por consumidores individuais.

Consumidores, diferentemente de trabalhadores em uma corporação, adotam e

utilizam produtos ou serviços de alta tecnologia por razões que vão além dos benefícios

concretos que tais produtos ou serviços podem proporcionar. Os consumidores se envolvem

emocionalmente com os produtos e serviços que utilizam, vivenciando um amplo espectro de

emoções durante suas experiências com o produto/serviço, sentindo prazer, excitação,

frustração, ou até mesmo medo (MICK & FOURNIER, 1998). Mais do que isso, os

consumidores não só realizam tarefas produtivas com as tecnologias que adotam, mas também

as utilizam para tarefas hedônicas (HARTMAN et al, 2006). Tarefas utilitárias, de acordo

com Childers et al (2001) seriam atividades onde a principal motivação é a solução de

problemas. Essas tarefas são, portanto, de natureza primariamente cognitiva, baseadas na

razão e direcionadas a um objetivo (DHAR & WERTENBROCH, 2000). Por outro lado,

tarefas hedônicas seriam caracterizadas por experiências afetivas e sensoriais de natureza

estética, fantasiosa ou com propósito de diversão (HIRSCHMAN & HOLBROOK, 1982;

BATRA & AHTOLA, 1991). O tipo de tarefa realizada com uma tecnologia pode influenciar

a formação da intenção de uso por parte do consumidor, como mostraram Kempf (1999) e

Moon e Kim (2001).

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38

Buscando uma modelagem mais abrangente, que incorporasse tanto os aspectos

cognitivos quanto os afetivos envolvidos na aceitação de tecnologia por um indivíduo,

Kulviwat, Bruner, Kumar, Nasco e Clark (2007) propõem o modelo de aceitação de

tecnologia pelo consumidor, CAT (Consumer Acceptance of Technology), com base no

modelo TAM de Davis (1989) e no paradigma de emoções PAD (Prazer, Excitação e

Domínio ou, em inglês, Pleasure, Arousal e Dominance) de Mehrabian e Russell (1974). A

figura 2.5 ilustra os construtos e relações do modelo CAT original, conforme proposto for

Kulviwat et al (2007).

Figura 2.5 – Modelo de Aceitação de Tecnologia pelo Consumidor (CAT)

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Kulviwat et al (2007) afirmam que seu objetivo ao desenvolver o CAT era propor um

substituto ao TAM, melhor adaptado ao contexto de adoção de inovações tecnológicas por

consumidores. Os autores buscavam ainda manter a parcimônia do modelo TAM original e

por essa razão fizeram uso de uma teoria de afeto unificada, cobrindo uma grande variedade

das emoções que o consumidor poderia sentir ao utilizar uma nova tecnologia, sem adicionar

muitos construtos ao modelo final.

Detalhes sobre o modelo, construtos empregados e suas relações são discutidos a

seguir. É realizada uma breve exposição da teoria PAD de Mehrabian e Russell (1974). É

apresentada também a revisão do CAT sugerida por Nasco, Kulviwat, Kumar e Bruner, 2008.

Após essa descrição, são avaliados os resultados obtidos pelo CAT nos dois estudos em que

foi utilizado (KULVIWAT et al, 2007; NASCO et al, 2008) e realizadas comparações de

desempenho com o TAM, sempre no contexto de adoção de tecnologias pelo consumidor.

2.3.1 Teoria do Prazer, Excitação e Domínio (PAD)

Mehrabian e Russell (1974) afirmam que todas as possíveis respostas emocionais para

experiências físicas, sensoriais ou sociais podem ser compreendidas a partir de três

dimensões: prazer (pleasure), excitação (arousal) e domínio (dominance). Os autores

sugerem que qualquer uma das muitas emoções humanas pode ser representada como uma

combinação dessas três dimensões, variando-se a magnitude e direção (positiva ou negativa)

de cada uma destas dimensões. Componentes de prazer, excitação e domínio definiriam,

portanto, os sentimentos de um indivíduo; estas emoções, por sua vez, influenciariam o seu

comportamento e decisões.

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40

A dimensão do prazer mede o quão agradável (ou desagradável) é a reação que um

indivíduo experimenta quando é exposto a um dado estímulo. Felicidade e satisfação

(positivos) ou melancolia e irritação (negativos) são sentimentos fortemente associados a essa

dimensão. A excitação diz respeito ao estado de atenção mental e/ou física que uma pessoa

experimenta em resposta a algum estímulo. Tédio e desinteresse (negativos) ou interesse,

disposição e animação (positivos) são emoções associadas à dimensão da excitação. Por fim, a

terceira dimensão, o domínio, se refere ao grau de controle (ou descontrole) que um indivíduo

sente quanto apresentado a um estímulo. Emoções como angústia, medo e insegurança

(negativas) ou coragem, segurança ou audácia (positivas) são regidas pela dimensão do

domínio.

Figura 2.6 – Representação do Modelo PAD para Estados Emocionais (Mehrabian, 1996)

Desde sua elaboração, a teoria PAD foi aplicada em diversos estudos na literatura de

marketing, como instrumento capaz de medir as respostas emocionais a estímulos

provenientes do ambiente. Oliver (1993) utilizou a PAD para avaliar experiências e emoções

de consumidores após o consumo de produtos. Hui e Bateson (1991), por sua vez, aplicaram a

PAD em uma pesquisa sobre as emoções associadas ao consumo de serviços. Koufaris (2002)

avaliou a experiência de compras online e Donovan et al (1994) estudaram as respostas

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41

emocionais que os consumidores apresentavam quando expostos a diferentes ambientes em

lojas de varejo.

Nasco et al (2008) destacam o fato de que, em estudos que aplicaram a PAD em

contextos de marketing, o papel da dimensão domínio é minimizado ou ignorado devido a ela,

em geral, apresentar baixa significância em relação aos outros construtos testados (BAKER et

al, 1992; DONOVAN & ROSSITER, 1982; SHERMAN et al, 1997). No entanto, Foxall e

Greenley (2000), Yani-de-Soriano e Foxall (2006) e Machleit e Eroglu (2000) debatem essa

questão dizendo que, na literatura de comportamento do consumidor, a importância da

dimensão domínio depende do contexto em que é testada, assumindo maior importância em

experimentos em que poucas opções são dadas ao consumidor do que em cenários em que

existe muita liberdade de escolha. Por sua vez, Mehrabian (1995), um dos criadores do

paradigma PAD, defende a manutenção da dimensão domínio em seu modelo, tendo realizado

mais estudos para confirmar seu ponto de vista. Shaver et al (1987) e Morgan e Heise (1988)

realizam comparações entre modelos contendo somente prazer e excitação e a PAD com suas

três dimensões e chegam à conclusão de que o modelo com três dimensões é mais adequado e

informativo.

Por fim, Kulviwat et al (2007) não encontram resultados que validem o efeito direto

da dimensão domínio sobre a atitude com relação à adoção de uma nova tecnologia. Apesar

destes resultados, Nasco et al (2008), ao avaliar os efeitos e interações da dimensão domínio

com outros construtos do CAT, afirmam que manter a dimensão domínio no modelo é

vantajoso, em particular por causa da interação entre domínio e o construto facilidade de uso

percebida, que apresenta um efeito direto significativo sobre a atitude de adoção.

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42

2.3.2 Construtos empregados no CAT

A seguir são definidos e detalhados os construtos utilizados por Kulviwat et al (2007)

no modelo CAT, apresentado na Figura 2.5.

2.3.2.1 Utilidade Percebida

Como visto durante a revisão do modelo TAM, o construto utilidade percebida retrata

o quanto um indivíduo acredita que uma dada tecnologia pode melhorar sua produtividade ou

desempenho em alguma tarefa de trabalho (DAVIS et al, 1989). No caso do consumidor, a

utilidade percebida está atrelada ao resultado funcional do uso da tecnologia, podendo ser

traduzida como a probabilidade, percebida pelo consumidor, de que a tecnologia em questão

irá beneficiá-lo de alguma forma ao realizar uma tarefa.

Na literatura que avalia o TAM e suas aplicações, o construto utilidade percebida é um

dos principais elementos na determinação da aceitação e uso da tecnologia (DAVIS, 1989;

MATHIESON, 1991; TAYLOR & TODD, 1995), tendo se provado o fator mais importante e

significativo para caracterização da adoção (DAVIS et al, 1989; HU et al, 1999) em contextos

corporativos. No caso do consumidor, relações positivas e significativas foram encontradas

entre a utilidade percebida e a atitude com relação ao uso de novas tecnologias. Alguns

exemplos são o uso de novos serviços disponíveis na internet (Childers et al, 2001; GENTRY

& CALANTONE, 2002) e a atitude em relação a utilizar produtos que permitam o acesso

móvel à Internet (BRUNER & KUMAR, 2005).

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43

2.3.2.2 Facilidade de Uso Percebida

O construto facilidade de uso percebida, de forma similar a como foi definido no TAM

(DAVIS et al, 1989), envolve a crença do indivíduo sobre o quão fácil ou livre de esforço é a

tarefa de aprender a utilizar (e posteriormente usar) uma tecnologia. Acredita-se que a

facilidade de uso seja um componente importante para determinar a adoção inicial e o uso

continuado de uma tecnologia. Venkatesh (1999) e Lin et al (2007) comprovaram

empiricamente a importância desse construto na aceitação de novas tecnologias.

A literatura apresenta evidências tanto de um efeito direto da facilidade de uso

percebida sobre a atitude com relação à adoção, quanto de um efeito indireto por meio do

construto utilidade percebida (DAVIS et al, 1989; VENKATESH, 1999). O efeito direto

sugere que, mesmo sem considerar a utilidade de uma tecnologia, a sua facilidade de uso

influenciará de forma significativa e positiva sua adoção (quanto mais fácil for utilizar a

tecnologia ou produto, maior sua aceitação). O efeito indireto diz respeito ao fato de que

tecnologias mais fáceis de serem usadas são naturalmente percebidas como sendo mais úteis,

o que tornaria mais positiva a atitude do indivíduo com relação à tecnologia e,

consequentemente, aumentaria sua intenção em adotá-la (DAVIS et al, 1989).

Ambos os efeitos, direto e indireto, foram testados e vistos como significativos para o

contexto de aceitação de tecnologia em empresas (ADAMS et al, 1992; DAVIS et al, 1989).

No contexto de consumidores, verificou-se que a facilidade de uso percebida apresenta um

efeito direto e positivo sobre a atitude com relação ao uso de uma nova tecnologia

(CHILDERS et al, 2001; DABHOLKAR & BAGOZZI, 2002; GENTRY & CALANTONE,

2002).

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44

2.3.2.3 Vantagem Relativa

Conforme descrito na teoria de difusão de inovações por Rogers (2003), a vantagem

relativa de uma inovação diz respeito à crença, pelo adotante, de que a inovação apresentada é

superior de alguma forma ao que ela pretende suplantar. Rogers (2003) afirma que, quanto

maior a vantagem relativa percebida em uma inovação, mais certa e rápida será sua adoção.

Utilizando o modelo para as características percebidas de uma inovação proposto por Moore e

Benbasat (1991) com base na teoria da difusão de Rogers, Plouffe et al (2001) demonstram

empiricamente que a vantagem relativa é o fator com maior importância na determinação da

intenção de adoção. A meta-análise conduzida por Tornatzky e Klein (1982) sobre as

características de inovações chega à mesma conclusão, com a vantagem relativa se

apresentando como um construto consistentemente decisivo para a adoção.

Apesar de vantagem relativa e utilidade percebida serem construtos conceitualmente

relacionados, com o primeiro envolvendo a percepção de o quão melhor é uma inovação em

relação a sua precursora e o segundo descrevendo a crença de um indivíduo de que a inovação

o ajudará a desempenhar alguma função, Kulviwat et al (2007) acreditam que é relevante a

adição de vantagem relativa ao modelo CAT por acharem que este construto pode

desempenhar um papel complementar ao construto utilidade percebida na formação das

atitudes com relação à adoção (KARAHANNA, 2002; MOORE & BENBASAT, 1991).

Dado o contexto do consumidor final, que pode comparar diversas opções de

tecnologia e escolher livremente se irá adotar alguma, acredita-se que inovações que ofereçam

claras vantagens com relação a tecnologias que o consumidor já utiliza (ou utilizou) teriam

mais chance de serem adotadas. Sendo assim, o construto vantagem relativa possuiria algum

efeito sobre a atitude com relação à adoção. Observa-se que o contexto do consumidor difere

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muito do contexto da corporação neste caso, para o qual o TAM foi inicialmente

desenvolvido. Em contraste com o consumidor, que tem o poder de decisão, espera-se que os

funcionários de uma empresa utilizem novas tecnologias escolhidas por outros membros da

corporação, o que torna o construto utilidade percebida mais relevante do que o construto

vantagem percebida (não incluído no TAM de DAVIS et al, 1989).

Conforme ilustrado na estrutura do modelo CAT (figura 2.5), Kulviwat et al (2007)

esperam que a vantagem relativa possua tanto um efeito direto sobre a atitude com relação à

adoção, quanto um efeito indireto através de sua influência sobre o construto utilidade

percebida. Esse efeito indireto pode ser explicado da seguinte maneira: os consumidores

tenderiam a enxergar inovações como mais úteis (maior utilidade percebida) quanto mais as

julgarem superiores às alternativas. É importante salientar, no entanto, que nem todas as

vantagens relativas de uma tecnologia, quando comparadas a outras (concorrentes ou

antecessoras), podem ser consideradas de fato úteis. Vantagens puramente estéticas, por

exemplo, podem não desempenhar nenhuma função extra além de tornar o produto mais

agradável aos olhos do consumidor. Tais vantagens relativas podem, no entanto, representar

um incentivo para a aceitação de uma tecnologia, embora não sejam estritamente funcionais.

2.3.2.4 Prazer

A busca por felicidade, satisfação ou diversão desempenha papel importante na

decisão de consumo de produtos ou serviços de alta tecnologia, de acordo com Holbrook e

Hirschman (1982) e Hartman et al (1982). Childers et al (2001) verificaram empiricamente a

influência que o potencial de entretenimento de um produto de alta tecnologia possui sobre o

processo decisório de adoção. Lee et al (2003) e Bruner e Kumar (2005) encontraram efeitos

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46

diretos de emoções ligadas à dimensão prazer sobre a atitude com relação à adoção de

produtos ou serviços voltados para o uso da internet.

2.3.2.5 Excitação

A formação de atitudes a partir de emoções ligadas à dimensão da excitação foi testada

em contextos envolvendo o consumidor final por Donovan et al (1994) em estudo sobre os

sentimentos de compradores em lojas de varejo. Verificou-se que um ambiente mais animador

e interessante na loja tinha efeito direto positivo sobre a intenção de compra do consumidor.

Em um contexto de adoção de tecnologia, Lee et al (2003) encontraram uma relação positiva

entre excitação e intenção de uso de serviços de compra online.

2.3.2.6 Domínio

Parasuraman e Colby (2001), por meio das dimensões de desconforto e insegurança

presentes no construto prontidão para tecnologia (Technology Readiness, ou TR), apontam

para a importância de sensações de confiança, controle e domínio na determinação da

intenção de adoção de novas tecnologias. Segundo esses autores, as dimensões de desconforto

e insegurança agiriam como inibidores da aceitação, retardando ou impedindo o consumidor

de adotar uma dada tecnologia.

Sentimentos de frustração, confusão e medo (relacionados ao pólo negativo da

dimensão domínio) estariam ligados a formação de atitudes negativas em relação ao uso de

computadores e tecnologias associadas (HARRIS & DAVISON, 1999). Similarmente, Igbaria

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47

e Parasuraman (1989) verificaram que a ansiedade seria um dos fatores mais significativos na

constituição de atitudes negativas para com novas tecnologias.

2.3.2.7 Atitude em relação à adoção

A atitude em relação à adoção é um conjunto de julgamentos cognitivos e afetivos de

um indivíduo com relação a uma dada tecnologia (BLACKWELL et al, 2005) Os construtos

avaliados anteriormente, tanto cognitivos quanto afetivos, seriam, portanto, os blocos

formadores desta atitude, que por sua vez influenciaria a intenção do indivíduo em adotar uma

tecnologia.

O papel da atitude como antecedente direto na previsão da intenção de adoção é razão

de debate na literatura sobre aceitação de tecnologia. Sheppard et al (1988), em uma meta-

análise da teoria da ação racionalizada, concluíram que a atitude estaria significativamente

relacionada com a intenção de uso. Por outro lado, Venkatesh (1999) e Venkatesh e Davis

(2000), estudando o papel da atitude no modelo TAM, apontam para dúvidas sobre o seu

papel como construto moderador dos efeitos da utilidade percebida e da facilidade de uso.

Na literatura de comportamento do consumidor, Bruner e Kumar (2005) destacam o

fato de que, diferentemente do que ocorre com a adoção de novas tecnologias no local de

trabalho (DAVIS et al, 1992), emoções provenientes da experiência com a tecnologia são

determinantes na formação da atitude do consumidor em relação a sua adoção, podendo ser

mais importantes do que a utilidade percebida ou outros construtos cognitivos. Bruner e

Kumar comentam ainda o fato de que, no modelo c-TAM (consumer Technology Acceptance

Model), proposto por eles, não foram vistos efeitos diretos do construto utilidade percebida

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sobre a intenção de adoção, somente tendo sido verificados efeitos indiretos via atitude. A

atitude desempenharia, portanto, um papel importante na aceitação de tecnologia por

consumidores. Kulviwat et al (2007) afirmam que, na medida em que se incluem construtos

relacionados a emoções na compreensão da adoção de novas tecnologias por consumidores, a

atitude com relação a adoção se torna um construto mais relevante, uma vez que tanto

cognição quanto emoção influenciam a atitude, que por sua vez afeta a intenção de adoção

(AJZEN, 2001).

2.3.2.8 Intenção de adoção

A intenção de adoção traduz a propensão do indivíduo em adotar certa tecnologia,

dada a sua atitude para com a tecnologia em questão. Para estudos sobre a aceitação de

tecnologia no ambiente de trabalho, o uso da tecnologia é a variável dependente principal

(DAVIS et al, 2009; VENKATESH et al, 2003), podendo inclusive ser medida de forma

concreta por meio de relatórios informatizados de uso para cada funcionário (particularmente

no caso de tecnologias de computação). No caso da adoção de tecnologia por consumidores, o

construto a ser compreendido e modelado é intenção de adoção, e não o uso concretizado

(CHILDERS et al, 2001; BRUNER & KUMAR, 2005; KULVIWAT et al, 2007; NASCO et

al, 2008).

Sob o ponto de vista do marketing, essa direção tomada pela literatura de

comportamento do consumidor faz sentido, uma vez que, além de ser muito difícil a medição

do uso real que consumidores fazem de uma dada tecnologia por meio de um questionário

(NUNNALLY & BERNSTEIN, 1994), o foco de empresas inovadoras, que colocam novas

tecnologias no mercado, está em entender as razões por trás da adoção de produtos e não

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diretamente como (ou com que freqüência) os consumidores que já adotaram a tecnologia a

utilizam.

2.3.3 Resultados do modelo CAT

Kulviwat et al (2007) utilizaram escalas previamente desenvolvidas por outros estudos

para a medição dos construtos envolvidos no CAT. Para a medição do construto vantagem

relativa foi utilizada a escala desenvolvida por Moore e Benbasat (1991). Para a medição dos

construtos utilidade percebida e facilidade de uso percebida foram utilizadas as escalas

operacionalizadas por Lund (2001). As três dimensões das emoções (prazer, excitação e

domínio), foram medidas por meio da escala original da PAD, desenvolvida por Mehrabian e

Russel (1974). Por fim, a escala de Bagozzi et al (1992) foi utilizada para medir o construto

atitude e a escala de MacKenzie et al (1986) para medir a intenção de adoção.

Os autores testaram o modelo proposto utilizando modelagem de equações estruturais,

obtendo medidas de desempenho adequadas e verificando efeitos significativos na maioria das

relações propostas entre os construtos presentes. Para os construtos cognitivos, a relação de

utilidade percebida com a atitude foi significativa, assim como o efeito direto da facilidade de

uso percebida sobre a utilidade percebida. A facilidade de uso percebida, no entanto, não

apresentou efeito significativo direto sobre a atitude com relação à adoção. Da mesma forma,

foi comprovada a relação entre o construto vantagem relativa e a utilidade percebida, mas não

foi verificado o efeito direto de vantagem relativa sobre atitude. Foi encontrado ainda, em um

dos testes realizados pelos autores, um efeito significativo direto entre a utilidade percebida e

a intenção de adoção, sem a mediação da atitude. Para os construtos relacionados à emoção,

foram significativos os efeitos diretos das dimensões prazer e excitação sobre a atitude. Por

outro lado, a dimensão domínio não apresentou relação direta com o construto atitude. A

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figura 2.7 ilustra o modelo CAT e suas relações mais uma vez, ressaltando as relações não

significativas por meio do uso de linhas tracejadas.

Figura 2.7 – Relações verificadas no modelo CAT (KULVIWAT et al, 2007)

Kulviwat et al (2007) analisaram também o papel mediador da atitude entre os

construtos cognitivos e emocionais e a intenção de adoção. Para tanto, eles realizaram duas

modelagens separadamente: uma permitindo efeitos diretos tanto dos três construtos

cognitivos quanto das três dimensões das emoções sobre a intenção de adoção (além do efeito

indireto via atitude) e outra só permitindo o efeito indireto mediado pela atitude. Os resultados

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destas duas modelagens apontam para uma relação positiva significativa entre atitude e

intenção de adoção, mas ao mesmo tempo ressaltam que a inclusão do efeito direto

significativo entre utilidade percebida e a intenção de adoção no modelo melhora seu poder

preditivo. Gentry e Calantone (2002) já haviam encontrado essa relação direta entre utilidade

percebida e intenção de adoção em outro estudo. Swanbrow (2005), ao discutir a relação de

amor e ódio que muitos consumidores têm com seus telefones celulares, fornece evidências de

que, mesmo quando a atitude é negativa em relação a alguma tecnologia, a sua utilidade pode

ser tão grande e necessária que o consumidor termina por adotá-la mesmo sem de fato possuir

uma visão positiva dela.

Retirando todas as dimensões afetivas e o construto vantagem percebida, o CAT se

transforma efetivamente no TAM, o que permite aos autores uma comparação direta entre o

desempenho dos dois modelos para o mesmo conjunto de dados. Kulviwat et al (2007)

demonstram que o CAT foi capaz de explicar 53% da variância da intenção de adoção de um

produto de alta tecnologia por consumidores. Para os mesmos dados, o TAM explicou

somente 38% da variância da variável dependente. A diferença entre a proporção da variância

explicada pelos dois modelos foi comprovada como significativa utilizando-se um teste qui-

quadrado de diferenças. Estudos anteriores com o TAM (DAVIS, 1989; DAVIS et al, 1989,

CHAU & HU, 2001) foram capazes de explicar somente entre 17% e 33% da variância da

intenção de adoção. Sendo assim, o CAT, ao utilizar emoções na compreensão da intenção de

adoção de novas tecnologias, representa uma melhora significativa ao modelo TAM para a

caracterização do comportamento de consumidores.

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52

2.3.4 Modelo CAT revisado

Nasco, Kulviwat, Kumar e Bruner (2008), em estudo consecutivo ao trabalho de

Kulviwat et al (2007) e realizado com o mesmo conjunto de dados, avaliam em maior detalhe

o papel da dimensão domínio na formação da atitude com relação à adoção de novas

tecnologias por consumidores. A motivação principal por trás desta investigação é o fato de

Kulviwat et al (2007) não terem encontrado efeitos significativos desta dimensão sobre a

atitude. Além de avaliar os efeitos do domínio e suas interações com outras variáveis

presentes no CAT original, Nasco et al sugerem uma revisão do CAT com a adição de um

novo construto, a influência social, argumentando que normas sociais, comunicação

interpessoal e pressão de pares exerceriam um efeito importante na decisão de adoção de

novas tecnologias pelo consumidor (BAILEY, 2004). Neste mesmo trabalho, Nasco et al

realizam ainda uma avaliação da possível influência que a natureza da experiência (utilitária

ou hedônica) que um consumidor tem com um produto antes da adoção teria sobre a formação

de sua atitude com relação à tecnologia experimentada.

O modelo CAT revisado, proposto por Nasco et al (2008), é ilustrado na figura 2.8. A

seguir são apresentadas e discutidas as principais mudanças sugeridas por Nasco et al (2008)

ao CAT e os novos construtos que foram adicionados ao modelo, assim como os resultados

obtidos.

2.3.4.1 Influência Social

Bearden e Etzel (1982) chamam atenção para o fato de que a necessidade de

conformação a norma subjetiva e a opiniões de pessoas próximas pode fazer com que os

consumidores se comportem de maneira diferente em relação à adoção do que se

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53

comportariam em ambientes onde não existisse pressão social. Adotar uma nova tecnologia

pode representar a aproximação de algum grupo de referência ou ser resultado direto da

influência ou desejos de pessoas próximas e respeitadas (KELMAN, 1958). O construto

norma subjetiva, presente na teoria da ação racionalizada (TRA) de Ajzen e Fishbein (1980),

retrata o fato de que indivíduos são influenciados pelas expectativas normativas de outros e

sentem a necessidade de se conformar a elas. Rogers (2003) e Tornatsky e Klein (1982)

afirmam que a compatibilidade entre a inovação e as normas de grupos de referências do

indivíduo tem efeito significativo na decisão de adoção de novas tecnologias. Thorbjornsen et

al (2007), por sua vez, apontam para o fato de a influência social ser um antecedente

importante da explicação do comportamento de adoção e uso de novos tipos de mídia.

Figura 2.8 – Modelo CAT Revisado (NASCO et al, 2008)

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Apesar da TRA incluir o construto norma subjetiva em sua estrutura, o TAM original

de Davis (1989) não adotou esse construto, por não terem sido encontrados efeitos

significativos entre este construto e os demais (DAVIS et al, 1989; MATHIESON, 1991). No

entanto, desde então, a pesquisa sobre aceitação de tecnologia validou efeitos da influência

social em diversos contextos (TAYLOR & TODD, 1995; VENKATESH & MORRIS, 2000,

NASCO et al, 2007). No ambiente de trabalho, a influência e opinião de pares e superiores foi

verificada como importante determinante de normas subjetivas (TAYLOR & TODD, 1995;

VENKATESH & MORRIS, 2000). Por sua vez, Lucas e Spitler (1999) argumentam que as

normas sociais possuem efeitos importantes sobre as percepções de trabalhadores a respeito

da facilidade de uso e da utilidade de uma tecnologia, influenciando assim a intenção de

adoção.

No contexto de comportamento do consumidor, Mangleburg et al (2004) apontam para

o relacionamento entre influência e pressão de pares e atividades de compra, verificando seu

impacto em decisões de compra e tendências de gastos. Da mesma forma, Raghunathan e

Corfman (2006) confirmam que a influência social é determinante direto da satisfação de

atividades hedônicas de consumo (como viagens e compras). Brown et al (2002) afirmam que

os efeitos do construto influência social são mais presentes em contextos de consumo do que

no ambiente de trabalho, pois, diferentemente do que ocorre com empregados de uma

empresa (onde a escolha de uma tecnologia é geralmente decidida por superiores),

consumidores possuem a liberdade de decidir adotar (ou não) qualquer tecnologia. Neste caso,

onde a escolha sobre a adoção é livre, influências interpessoais tendem a se manifestar com

maior intensidade, com a influência de pessoas próximas e a necessidade de adequação a

normas sociais podendo ser determinantes na decisão do indivíduo.

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Scholosser e Shavitt (2002), assim como Bailey (2004), encontraram efeitos diretos da

influência social sobre a atitude de consumidores com relação a novos produtos. Yang (2007)

também apresenta evidências do impacto que o construto influência social possui sobre as

atitudes de consumidores com relação ao uso de novas tecnologias.

2.3.4.2 Domínio e suas interações com outros construtos

Nasco et al (2008) realizaram um estudo mais detalhado dos efeitos da dimensão

domínio sobre os outros construtos envolvidos no CAT, uma vez que no trabalho original de

Kulviwat et al (2007) o domínio não apresentou efeito significativo na atitude dos

consumidores com relação à adoção de novas tecnologias.

O papel da dimensão domínio na formação das emoções é muito discutido pela

literatura de marketing, com diversos autores, em estudos sobre o paradigma PAD, apontando

para relações não significativas ou fracas entre domínio e outras variáveis investigadas

(BAKER et al, 1992; SHERMAN et al, 1997).

Na literatura de comportamento do consumidor, Donovan et al (1994), ao aplicar o

modelo PAD para medir emoções sentidas por consumidores durante experiências de compra,

encontraram efeitos significativos das dimensões prazer e excitação sobre o tempo que o

consumidor gasta em uma loja ou sobre compras não planejadas. No entanto, Donovan et al

(1994) não mediram a dimensão domínio, devido a não terem encontrado suporte para sua

utilização em estudo anterior (DONOVAN & ROSSITER, 1982). Sherman et al (1997), em

mais um estudo sobre o comportamento do consumidor durante a realização de compras,

também decidem por não incluir a dimensão domínio em seu modelo, concordando com as

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conclusões de Russell e Pratt (1980) e Donovan e Rossiter (1982) sobre a não significância do

construto. Em contraste, Foxall (1997), Foxall e Greenley (1998) e Soriano et al (2002)

verificam efeitos significativos do domínio sobre o comportamento do consumidor. Da

mesma forma, Yani-de-Soriano e Foxall (2006) e Machleit e Eroglu (2002) demonstraram que

o domínio é a dimensão afetiva mais importante para diferenciar contextos em que o

consumidor possui poucas escolhas de contextos onde existem muitas escolhas.

Nasco et al (2008) destacam que o papel da dimensão domínio para a compreensão de

atitudes e intenções de adoção de produtos de alta tecnologia se traduziria como a sensação de

controle que um consumidor pode experimentar ao fazer uso de uma tecnologia (domínio

positivo) ou como a ansiedade, confusão e insegurança (domínio negativo) que um

consumidor pode vivenciar quando não se sentir capaz de utilizar devidamente certa

tecnologia. Nasco et al (2008) apontam para a similaridade e possíveis interações que o

domínio teria com a facilidade de uso percebida, visto que este construto mede, através de

aspectos cognitivos, a opinião de um indivíduo sobre o quão fácil ou difícil seria utilizar uma

tecnologia.

De acordo com a interação entre domínio e facilidade de uso percebida, consumidores

que se sentissem no controle (alto domínio) e percebessem a tecnologia como fácil de ser

utilizada (alta facilidade de uso percebida) formariam atitudes positivas com relação àquela

tecnologia. Por outro lado, consumidores que se sentissem no controle (alto domínio) e ao

mesmo tempo percebessem a tecnologia como difícil de ser utilizada (baixa facilidade de uso

percebida) teriam atitudes negativas com relação à tecnologia analisada. Em contraste, se um

consumidor percebesse uma tecnologia como fácil de ser usada (alta facilidade de uso

percebida) e, ao mesmo tempo, sentisse ter pouco controle sobre ela (baixo domínio), atitudes

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negativas seriam geradas, com o consumidor se sentindo frustrado e insatisfeito com a

tecnologia percebida como fácil de usar, mas que ele não conseguisse controlar. Já no caso de

uma tecnologia percebida como difícil de ser utilizada (baixa facilidade de uso percebida), o

fato de um consumidor não se sentir no controle (baixo domínio) seria provavelmente

entendido como culpa da própria dificuldade de uso da tecnologia, formando também atitudes

negativas. Dadas estas conclusões, Nasco et al (2008) adicionam um construto representando

a interação entre domínio e facilidade de uso percebida na sua revisão do modelo CAT. O

quadro 2.1, a seguir, resume as relações descritas para a interação entre domínio e facilidade

de uso percebida.

Quadro 2.1 – Interações entre Domínio e Facilidade de Uso Percebida

Facilidade de Uso Percebida

Domínio

Baixa Alta

Baixo

Atitude Negativa Atitude Negativa

Alto

Atitude Negativa Atitude Positiva

2.3.4.3 Influência da natureza da tarefa sobre os resultados

Nasco et al (2008) testam também os possíveis efeitos que a natureza da experiência

de um consumidor com um produto antes da adoção teria sobre a formação de sua atitude e

intenção de adoção futura (HARTMAN et al, 2006). Para investigar tais efeitos sobre os

construtos cognitivos e afetivos do CAT, Nasco et al realizam testes separando indivíduos de

acordo com a natureza da experiência que tiveram com o produto estudado antes do

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preenchimento do instrumento de pesquisa: hedônica (HIRSCHMAN & HOLBROOK, 1982)

ou utilitária/produtiva (CHILDERS et al, 2001).

Os autores esperavam que para consumidores que tivessem experimentado o produto

com tarefas hedônicas, as dimensões afetivas fossem mais relevantes que os construtos

cognitivos na determinação da intenção de adoção da tecnologia. Em contraste, consumidores

que fossem expostos a tarefas utilitárias deveriam ter os construtos cognitivos como principais

determinantes de sua intenção de adoção.

2.3.4.4 Resultados do modelo CAT revisado

Nasco et al (2008) fazem uso da mesma amostra de 230 estudantes universitários

utilizada por Kulviwat et al (2007) para validar seu modelo. O produto avaliado é um

assistente digital pessoal (PDA, personal digital assistant), considerado na época da coleta de

dados um dispositivo móvel inovador pelos consumidores. Nasco et al (2008) dividem a

amostra em dois grupos, com o intuito de estudar a influência que a natureza de tarefa

desempenhada com o aparelho teria sobre os construtos e relações do modelo. O primeiro

grupo foi exposto ao produto primeiramente para realizar uma tarefa utilitária (marcar

compromissos na agenda do aparelho e encontrar informações de contatos), seguida de uma

tarefa hedônica (assistir a um filme no aparelho). Com o segundo grupo foi realizado o

procedimento inverso: primeiro foi experimentada a tarefa hedônica e a seguir a tarefa

utilitária. Após a realização de cada tarefa, os participantes da pesquisa respondiam um

questionário. Nasco et al (2008) só consideraram as respostas relativas ao primeiro

questionário preenchido para cada grupo, uma vez que o objetivo do estudo era avaliar a

percepção e sentimentos iniciais dos participantes para com a tecnologia apresentada. Assim,

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o primeiro grupo só apresentou opiniões sobre a tarefa utilitária e o segundo grupo somente

sobre a tarefa hedônica.

Em um passo inicial, os autores validam as escalas utilizadas no estudo. Foram usadas

as mesmas escalas de Kulviwat et al (2007), adicionadas de uma escala de três itens

desenvolvida por Pedersen e Nysveen (2003) para medição do construto influência social. A

consistência interna das escalas é então testada três vezes: uma para a amostra só contendo o

grupo que realizou a tarefa hedônica, outra para o grupo que realizou a tarefa utilitária e uma

terceira vez para a amostra agregada, incluindo ambos os grupos. Os autores encontram

valores satisfatórios (maiores do que 0,70, de acordo com NUNNALLY & BERNSTEIN,

1994) para o alpha de Cronbach de quase todas as escalas, as exceções sendo as escalas de

excitação e domínio para o grupo que realizou a tarefa utilitária.

Para testar as relações entre os construtos e também a influência da natureza das

tarefas experimentadas foi utilizada modelagem de equações estruturais. Assim como na

modelagem de Kulviwat et al (2007), os índices de ajuste dos modelos testados foram

satisfatórios. Foram encontrados efeitos diretos significativos sobre a atitude para os

construtos utilidade percebida, prazer, excitação, influência social e para a interação entre

domínio e facilidade de uso percebida. Os efeitos indiretos de vantagem relativa e facilidade

de uso percebida por meio do construto utilidade percebida também foram significativos. A

figura 2.9 ilustra as relações verificadas, com a linha tracejada indicando a relação não

significativa entre domínio e atitude. Todos os valores de e suas significâncias apresentados

aqui se referem ao modelo ajustado para a amostra completa, contendo simultaneamente os

dois grupos estudados.

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60

Para examinar a influência da natureza da tarefa experimentada pelo consumidor na

formação da sua atitude em relação ao produto, Nasco et al (2008) realizaram testes qui-

quadrado com o intuito de verificar se existia variação entre os efeitos observados para cada

um dos grupos avaliados. De acordo com Byrne (1998), se a diferença observada por meio do

teste qui-quadrado não for significativa, os efeitos são invariantes entre grupos. Os resultados

encontrados a partir dessa análise não foram significativos, indicando que os diferentes

modelos estruturais testados para o CAT se ajustam igualmente bem aos dados, não

importando qual o tipo de tarefa, hedônica ou utilitária, por meio da qual um produto é

inicialmente avaliado.

Figura 2.9 – Relações verificadas no CAT revisado (NASCO et al, 2008)

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Nasco et al (2008) concluem sua revisão do modelo CAT afirmando que, apesar do

efeito direto de domínio sobre atitude não ter sido significativo (para a modelagem da amostra

completa), como ocorreu com Kulviwat et al (2007), a inclusão da interação entre o construto

facilidade de uso percebida e o domínio contribuiu para um aumento no poder explicativo do

modelo, sendo verificado um efeito direto desta interação sobre a atitude com relação à

adoção. Destaca-se também que, ao analisar separadamente o grupo que realizou a tarefa

utilitária, a dimensão domínio apresentou um efeito direto significativo sobre a atitude. Essa

dependência do efeito do domínio em relação à natureza da tarefa realizada pode

possivelmente ser explicada através do fato da tarefa utilitária ser mais complexa de ser

realizada, demandando maior domínio sobre a utilização do produto. No entanto, quando

múltiplas experiências com um produto são vivenciadas pelo consumidor, o efeito direto do

domínio sobre a atitude tende a ser descaracterizado.

Em termos de variância capturada pelos modelos para os diferentes conjuntos de

dados, o modelo ajustado para o grupo de consumidores que tiveram a experiência hedônica

foi capaz de explicar 11% mais variância (59%) do que o modelo para o grupo da tarefa

utilitária (48%). De qualquer forma, os testes para verificar se existia variação significativa

entre os modelos indicaram que os construtos do CAT se comportaram de forma similar (em

direção e magnitude) para ambos os grupos, independente da experiência dos consumidores.

Por fim, a adição do construto influência social no modelo CAT aumentou o poder

explicativo do modelo, com o construto apresentando efeito significativo direto sobre a

atitude, demonstrando que a adoção de produtos de alta tecnologia pode ser afetada pela

necessidade do consumidor em adequar seus hábitos de consumo às normas e expectativas

impostas por grupos sociais que ele enxerga como importantes.

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62

2.4 Prontidão para Tecnologia (Technology Readiness)

A prontidão para tecnologia (Technology Readiness, ou TR) descreve “a propensão

das pessoas a adotar e usar novas tecnologias para atingir objetivos em sua vida doméstica e

profissional” (PARASURAMAN, 2000, p.308). O desenvolvimento deste construto parte do

princípio fundamental de que certos condutores e inibidores mentais, em conjunto,

determinam a predisposição do consumidor em adotar novas tecnologias.

A TR varia de indivíduo para indivíduo, com certos indivíduos procurando ativamente

por novas tecnologias para adotar (alta TR), enquanto outros podem precisar de incentivos

especiais ou ajuda (baixa TR). A TR é formada por condutores (que atuam no sentido de levar

a uma predisposição favorável) e inibidores (que funcionam como barreiras) mentais do

indivíduo, tendo sido construída para prever e explicar a resposta do consumidor a novas

tecnologias (PARASURAMAN & COLBY, 2001). Souza e Luce (2005) destacam a utilidade

da TR em compreender distintos grupos de consumidores e seus comportamentos de adoção

no contexto brasileiro.

2.4.1 O índice de prontidão para tecnologia (Technology Readiness Index, TRI)

A prontidão para tecnologia traduz um estado mental global de um indivíduo com

relação a tecnologia. É uma combinação de crenças e sentimentos relacionados à tecnologia

que, em conjunto, determinam a predisposição geral de um indivíduo em adotar produtos e

serviços tecnológicos. Parasuraman e Colby (2001), ao longo de anos de pesquisas

qualitativas e quantitativas sobre a prontidão de tecnologia de consumidores, elaboraram uma

escala para medir o índice de prontidão para tecnologia (Technology Readiness Index, TRI) de

indivíduos.

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63

A literatura sobre adoção de novas tecnologias e sobre a interação de indivíduos com

tecnologias sugere que consumidores podem apresentar, simultaneamente, visões (percepções,

crenças, sentimentos, motivações) favoráveis e desfavoráveis a respeito de produtos e serviços

tecnológicos (PARASURAMAN, 2000). Enquanto as visões favoráveis (condutores)

aproximariam o consumidor da tecnologia, suas visões desfavoráveis (inibidores) os

afastariam. A coexistência e o equilíbrio entre estas forças de atração e repulsão

determinariam a propensão do indivíduo em adotar uma tecnologia.

Mick e Fournier (1998), baseados em pesquisas qualitativas que estudaram as reações

de consumidores a respeito de tecnologias, identificaram este aspecto paradoxal da tecnologia,

chamando atenção para o fato de que a tecnologia e seu uso podem gerar não apenas

sentimentos positivos como liberdade, satisfação e eficiência, mas também emoções

negativas, como descontrole, frustração e isolamento. Mick e Fournier (1998) resumem estes

sentimentos contraditórios por meio de oito paradoxos tecnológicos: controle/caos,

liberdade/escravidão, novo/obsoleto, competência/incompetência, eficiência/ineficiência,

supre/cria necessidades, assimilação/isolamento, engajamento/desengajamento.

Controle/Caos: refere-se ao paradoxo existente na relação da possibilidade de controle

e ordenação da vida pelo uso da tecnologia, com o caos e descontrole que pode ocorrer se o

indivíduo não souber utilizar corretamente as ferramentas tecnológicas adotadas.

O paradoxo de Liberdade/Escravidão ressalta o poder da tecnologia de facilitar a vida

e liberar o indivíduo para realizar outras atividades, apontando também para a relação de

dependência que pode surgir entre indivíduos e estas tecnologias facilitadoras.

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Novo/Obsoleto é um paradoxo particularmente presente em produtos de alta

tecnologia. Esse paradoxo ilustra o conflito na mente do consumidor a respeito do fato de que

uma nova tecnologia hoje pode ser suplantada por outra amanhã, se tornando obsoleta em

pouco tempo.

Competência/Incompetência é um paradoxo que possui ligação com a dimensão

domínio das emoções, segundo paradigma PAD de Mehrabian e Russell (1974). Este

paradoxo aponta para o contraste entre sentimentos de medo, ignorância e insegurança que

surgem quando o consumidor não sabe utilizar uma tecnologia, e sentimentos de eficácia e

tranqüilidade em cenários onde o consumidor possui domínio sobre a tecnologia.

Eficiência/Ineficiência ilustra o fato de que a tecnologia pode auxiliar indivíduos a

realizarem tarefas de forma mais rápida e com menos esforço. Por outro lado, a tecnologia

pode estar dificultando a realização de atividades se o esforço (mental ou físico) requerido

pelo indivíduo para operar a tecnologia for muito grande.

O paradoxo Supre/Cria Necessidades se refere à capacidade da tecnologia de suprir ou

atender desejos e necessidades dos consumidores. No entanto, a existência de tecnologias com

novas funcionalidades seria capaz também de chamar a atenção do consumidor para

necessidades que ele ainda não havia enxergado, efetivamente criando novas necessidades

para o indivíduo.

Assimilação/Isolamento reflete a capacidade de a tecnologia unir as pessoas e eliminar

distâncias, contrastada com a visão de que interagir com os outros por meio da tecnologia

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representa isolamento do mundo e do contato humano. A internet, a televisão e o telefone são

tecnologias que exemplificam bem este paradoxo.

Por sua vez, o paradoxo do Engajamento/Desengajamento descreve a dualidade da

tecnologia ao facilitar o envolvimento de pessoas com atividades e tarefas enquanto

simultaneamente pode contribuir para diminuir a motivação e afastar indivíduos da realidade

e de compromissos.

Parasuraman (2000) argumenta que, dada esta coexistência de visões (percepções,

crenças, sentimentos, motivações) positivas e negativas a respeito da tecnologia, os

consumidores podem ser classificados segundo sua magnitude e direção. Consumidores com

visões muito positivas a respeito de tecnologia seriam receptivos a produtos e serviços

tecnológicos, encontrando-se em um dos extremos da classificação. Por outro lado,

consumidores com visões muito negativas sobre tecnologia seriam resistentes a produtos e

serviços tecnológicos, encontrando-se no outro extremo. A posição de cada indivíduo segundo

esta classificação serviria para determinar a sua propensão a adotar e utilizar novas

tecnologias (sua prontidão para tecnologia). A figura 2.9 (PARASURAMAN & COLBY,

2001) ilustra a relação entre crenças e sentimentos do consumidor e sua prontidão para

tecnologia. Dabholkar (1996) verifica que as crenças e sentimentos de consumidores a

respeito de produtos e serviços tecnológicos variam de indivíduo para indivíduo e que se

encontram relacionados à intenção de uso de tecnologias analisadas. Em outro estudo,

Eastlick (1996) revela que as atitudes e crenças de indivíduos com relação a compras

interativas pela televisão são bons indicadores da sua propensão a adotar essa modalidade de

compra.

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Figura 2.10 – Relação entre crenças e sentimentos do consumidor e prontidão para tecnologia

(PARASURAMAN & COLBY, 2001)

De acordo com esta discussão, a posição de um indivíduo no eixo de crenças (e

sentimentos) em relação a tecnologia (Figura 2.10) seria diretamente proporcional ao seu grau

de prontidão para tecnologia. Dada essa relação, o índice de prontidão para tecnologia (TRI)

foi elaborado para medir a prontidão para tecnologia por meio de uma escala de 36 itens

envolvendo crenças e sentimentos do indivíduo em relação à tecnologia. Aproximadamente

metade dos itens da escala TRI utiliza visões positivas em relação a tecnologia (como “A

tecnologia permite que as pessoas tenham mais controle sobre o seu dia-a-dia.”), enquanto a

outra metade apresenta visões negativas (como “As tecnologias parecem sempre falhar no

pior momento possível.”).

Os resultados apresentados por Parasuraman (2000) para o TRI comprovam a validade

e consistência da escala na medição do construto prontidão para tecnologia. Souza e Luce

(2005) investigaram a aplicabilidade e validade da escala TRI no contexto brasileiro, por meio

da tradução da escala original e replicação do instrumento de medida para uma amostra de

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consumidores brasileiros. Os resultados obtidos por Souza e Luce (2005) confirmaram a

aplicabilidade do TRI para o Brasil, com os autores afirmando que o TRI é uma medida

confiável e válida, tanto do ponto de vista teórico quanto estatístico, capaz de medir o

construto prontidão para tecnologia de consumidores brasileiros.

Após conduzir múltiplos estudos com a escala, Parasuraman e Colby (2001) apontam

para uma estrutura de quatro componentes constituindo o TRI, definindo quatro dimensões

distintas de predisposição do consumidor em relação à tecnologia. Divergências existem, no

entanto, quanto a essa estrutura de quatro fatores subjacente ao TRI, com Souza e Luce (2005)

encontrando uma estrutura de cinco fatores em seus testes do TRI no Brasil. Por outro lado,

Pires e Costa (2008), em um estudo sobre a adoção de tecnologias de internet banking no

Brasil, encontraram a mesma estrutura de quatro dimensões do trabalho original de

Parasuraman (2000).

A seguir são apresentadas as quatro dimensões do construto prontidão para tecnologia,

de acordo com os resultados de Parasuraman (2000) e Parasuraman e Colby (2001).

2.4.2 Dimensões da prontidão para tecnologia

Parasuraman e Colby (2001) categorizam a predisposição de consumidores em relação

a tecnologia em quatro dimensões distintas. Duas destas dimensões, otimismo e

inovatividade, exercem o papel de condutores da prontidão para a tecnologia, contribuindo

para um aumento na propensão de um indivíduo adotar novas tecnologias. As outras duas

dimensões, desconforto e insegurança, agem como inibidores da prontidão para tecnologia,

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retardando ou impedindo a adoção de novas tecnologias. A Figura 2.11, de Parasuraman e

Colby (2001), ilustra as dimensões do construto prontidão para tecnologia.

Figura 2.11 – Dimensões da Prontidão para Tecnologia (PARASURAMAN E COLBY, 2001)

Os autores afirmam que existem somente pequenas associações entre as dimensões,

com cada uma realizando uma contribuição única para a formação da prontidão para a

tecnologia. Além disso, as pequenas relações entre dimensões encontradas, segundo

Parasuraman e Colby (2001), foram sempre entre os dois condutores ou os dois inibidores,

nunca entre um condutor e um inibidor. Souza e Luce (2005), por exemplo, encontram uma

possível fragilidade da validade discriminante da dimensão otimismo por causa da variância

compartilhada com a inovatividade. De qualquer forma, a forte independência entre

condutores e inibidores reforça o princípio de que indivíduos podem possuir, ao mesmo

tempo, crenças e sentimentos positivos e negativos sobre tecnologia. Sendo assim, pessoas

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com altos valores nas dimensões condutoras não necessariamente apresentam baixos valores

nas dimensões inibidoras, e vice-versa. Em outras palavras, pessoas inovadoras e otimistas

podem experimentar os mesmos níveis de ansiedade e desconforto que pessoas com um grau

muito menor de entusiasmo em relação à tecnologia.

2.4.2.1 Otimismo

A dimensão de otimismo da prontidão para tecnologia reflete visões positivas em

relação à tecnologia e crenças de que ela é capaz de oferecer a seus usuários maior controle,

flexibilidade e eficiência em suas vidas. De forma geral, a dimensão otimismo captura

sentimentos que sugerem que a tecnologia é algo agradável, útil e favorável. O otimismo é

medido por 10 dos 36 itens da escala TRI. Pessoas com alto otimismo acreditam que a

tecnologia lhes permite realizar mais coisas do que no passado, ao mesmo tempo em que

permite maior controle e conveniência em suas atividades.

Em um estudo sobre o perfil do consumidor norte-americano, Parasuraman e Colby

(2001) destacam que, para consumidores dos EUA, o otimismo varia em função da idade

(consumidores mais velhos são em geral menos otimistas em relação a tecnologia), mas é

constante entre os sexos, com homens e mulheres apresentando iguais níveis de otimismo.

Pires e Costa (2008) mostram que a dimensão otimismo do TRI possui efeito direto e

significativo na intenção de uso de novas tecnologias.

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70

2.4.2.2 Inovatividade

A dimensão inovatividade do construto prontidão para tecnologia se refere à tendência

de um indivíduo ser um pioneiro na adoção de novas tecnologias ou de ser um líder de

opinião em relação à tecnologia. Essa dimensão mede se o indivíduo acredita que está na

vanguarda da adoção de novos produtos ou serviços de tecnologia e se ele se considera um

líder de opinião sobre assuntos que envolvam tecnologia. A inovatividade é medida por 7 dos

36 itens da escala TRI. Pessoas com alta inovatividade buscam ativamente novas tecnologias

e acham que é recompensador estar informado e aprender sobre tecnologia.

Os dados de Parasuraman e Colby (2001) para consumidores dos EUA apontam para

um comportamento razoavelmente similar em relação à inovatividade para homens e

mulheres, com homens apresentando maior facilidade em compreender e utilizar tecnologias

sem a ajuda de terceiros e de serem os primeiros a experimentarem novos produtos. Da

mesma forma, a idade parece não influenciar tanto a inovatividade, com consumidores mais

velhos apresentando apenas uma pequena diferença nesta dimensão em relação aos mais

novos. Por sua vez, Pires e Costa (2008) não encontraram efeitos diretos significativos da

inovatividade sobre a intenção de uso de novas tecnologias.

2.4.2.3 Desconforto

A dimensão desconforto é inibidora da prontidão para tecnologia. Esta faceta da TR

representa a percepção de falta de controle sobre a tecnologia e o sentimento de ser oprimido

ou de não se sentir à vontade com ela. O desconforto traduz o grau de aversão que os

indivíduos podem ter em relação a produtos ou serviços baseados em tecnologia, acreditando

que tecnologias não são feitas para todos e são muito complicadas para serem utilizadas por

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71

indivíduos normais. A falta de controle percebida sobre a tecnologia é uma faceta

proeminente da dimensão desconforto, assemelhando-se, até certo ponto, à dimensão domínio

do paradigma PAD (MEHRABIAN & RUSSELL, 1974). Outra característica formadora de

desconforto medida pelo TRI é a falta de suporte técnico adequado percebido pelos

consumidores de tecnologia. Dez dos 36 itens do TRI são relacionados à dimensão

desconforto.

Parasunaman e Colby (2001) apresentam dados que indicam que a dimensão

desconforto é mais relevante em consumidores norte-americanos do sexo feminino e que

possuem idade avançada (mais de 65 anos), com pessoas deste grupo demográfico

apresentando menos controle sobre a tecnologia e uma visão mais negativa a respeito do

suporte técnico de empresas que fornecem produtos ou serviços tecnológicos. Pires e Costa

(2008) não encontraram efeito significativo da dimensão desconforto sobre a intenção de uso

de internet banking no Brasil.

2.4.2.4 Insegurança

A insegurança, outro inibidor da prontidão para tecnologia, denota desconfiança na

tecnologia e ceticismo do indivíduo em relação ao funcionamento da tecnologia, com dúvidas

sendo levantadas sobre se de fato a tecnologia está funcionando corretamente ou é confiável.

Esta dimensão difere do desconforto, uma vez que está focada em capturar aspectos

específicos da interação entre consumidores e tecnologia, e não um sentimento genérico de

falta de conforto com a tecnologia em geral. Pessoas com alta insegurança não acham que é

seguro realizar transações bancárias online ou não consideram seguro utilizar o número do

cartão de crédito na internet.

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72

Parasuraman e Colby (2001) ressaltam o fato de a distribuição dos valores obtidos

para a dimensão insegurança ser assimétrica na direção de alta insegurança, significando que

a maior parte dos consumidores norte-americanos apresenta grande desconfiança sobre o

funcionamento da tecnologia, em particular da internet e do comércio eletrônico. Os autores

afirmam ainda que não foram detectadas diferenças significativas para o nível de insegurança

em relação ao sexo e à idade dos consumidores. Este fato adiciona importância ao papel da

dimensão insegurança, uma vez que o sentimento de alta insegurança observado mostrou-se

presente em todos os grupos demográficos. De qualquer maneira, Pires e Costa (2008) não

encontraram efeito significativo da dimensão insegurança sobre a intenção de uso da

tecnologia de internet banking no Brasil, apontando talvez para uma diminuição do ceticismo

e insegurança dos consumidores em relação ao uso do internet ao longo dos anos.

2.4.3 Classificação da relação de indivíduos com tecnologia a partir do TRI

A combinação dos resultados obtidos em cada dimensão do TRI fornece a prontidão

para tecnologia total de um indivíduo. De acordo com Parasuraman e Colby (2001) a

distribuição dos resultados da prontidão para tecnologia total para uma grande amostra de

indivíduos possui o formato de uma distribuição normal. Após realizar testes para estudar a

relação do TRI com o comportamento de adoção de tecnologia de consumidores, Parasuraman

e Colby (2001) também apontaram para a existência de uma correspondência direta entre o

TRI e a adoção de produtos ou serviços baseados em tecnologia, particularmente para

produtos ou serviços que são mais complexos na percepção dos consumidores. A prontidão

para tecnologia também é associada à visão dos consumidores da tecnologia, podendo ser um

fator determinante na adoção futura de tecnologia. Os resultados do TRI, de acordo com

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73

Parasuraman e Colby (2001), apresentam grande correlação com a intenção de adoção de

produtos ou serviços tecnológicos no futuro.

Baseados nas características do TRI e suas dimensões, Parasuraman e Colby (2001)

propõem uma segmentação dos consumidores de tecnologia em cinco diferentes grupos, cada

um com uma combinação distinta de otimismo, inovatividade, desconforto e insegurança. Os

grupos propostos possuem entre 14% e 27% da população adulta, com base nos dados

coletados para o mercado dos EUA.

A classificação proposta por Parasuraman e Colby se assemelha muito à categorização

de adotantes de inovações desenvolvida por Rogers (2003) na teoria de difusão de inovações

(inovadores, adotantes iniciais, maioria inicial, maioria tardia e retardatários), até mesmo no

sentido de possuir também cinco categorias. No entanto, um dos pontos que torna a

classificação de Parasuraman e Colby interessante é o fato de ela ter sido especificamente

desenvolvida para tratar da adoção de produtos e serviços de alta tecnologia.

Parasuraman e Colby (2001) batizam o primeiro grupo a adotar novas tecnologias

como os “exploradores”. Exploradores seriam indivíduos muito motivados e sem medo, sem

restrições para adotar as mais novas tecnologias, inclusive buscando-as ativamente. O

segundo grupo seria o dos “pioneiros”, aqueles que desejam os benefícios que novas

tecnologias podem oferecer, mas ao mesmo tempo estão mais preocupados e sensíveis aos

perigos e dificuldades que tais tecnologias podem trazer. O terceiro grupo é composto pelos

“céticos”, que não enxergam nem vantagens nem desvantagens na tecnologia, tendo de ser

convencidos de sua utilidade antes de pensar na adoção. Em quarto estão os “paranóicos”,

indivíduos que acreditam nos benefícios que podem ser gerados pela tecnologia, mas ao

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74

mesmo tempo estão preocupados demais com os riscos que envolvem sua adoção e uso. Por

último estão os retardatários, consumidores com pouca motivação e altos níveis de

desconforto e insegurança em relação à tecnologia. O quadro 2.2 apresenta os diferentes

níveis de cada dimensão do TRI que caracterizam cada um dos segmentos propostos.

Quadro 2.2 – Segmentos de adoção de tecnologia e suas crenças

(PARASURAMAN & COLBY, 2001)

Condutores

Inibidores

Otimismo

Inovatividade

Desconforto

Insegurança

Exploradores

Alto

Alto

Baixo

Baixo

Pioneiros

Alto

Alto

Alto

Alto

Céticos

Baixo

Baixo

Baixo

Baixo

Paranóicos

Alto

Baixo

Alto

Alto

Retardatários

Baixo

Baixo

Alto

Alto

Esta segmentação de consumidores pelo TRI e sua relação com a taxa de adoção de

novas tecnologias pode se constituir em um instrumento relevante para a compreensão do

perfil do consumidor e de suas necessidades em cada estágio do lançamento de um novo

produto ou serviço tecnológico.

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75

2.5 Modelos combinando TAM e TR

Alguns estudos recentes (LIN et al, 2007; PIRES & COSTA, 2008), baseados na

afinidade teórica entre o modelo de aceitação de tecnologia (TAM) e os conceitos envolvidos

no construto prontidão para tecnologia (TR), propuseram novos modelos integrando os

construtos do TAM às dimensões do TRI com o objetivo de melhor compreender a aceitação

de tecnologia. Tanto o trabalho de Lin et al (2007) quanto o artigo de Pires e Costa (2008)

focam em consumidores, avaliando a adoção e uso de tecnologias relacionadas a serviços

financeiros pela da internet. Lin et al (2007) investigam a aceitação de sistemas online para a

compra e vendas de ações, enquanto Pires e Costa (2008) examinam o uso de internet banking

por consumidores.

A relação entre os construtos envolvidos no TAM e a prontidão para tecnologia é

intuitiva, apesar de as medidas de utilidade percebida e facilidade de uso percebida do TAM

serem específicas para uma tecnologia em particular, enquanto a TR é baseada em crenças

genéricas a respeito de produtos e serviços tecnológicos. Os dois trabalhos (LIN et al, 2007;

PIRES & COSTA, 2008) sugerem interações diferentes entre os construtos do TAM e as

dimensões do TRI. Lin et al (2007) utilizam a prontidão de tecnologia como uma medida

global, sem separar suas dimensões, e avaliam tanto seus efeitos diretos sobre a intenção de

uso da tecnologia quanto possíveis efeitos indiretos através dos construtos utilidade percebida

e da facilidade de uso percebida. Por sua vez, Pires e Costa (2008) investigam os efeitos

diretos de cada dimensão do TRI sobre a intenção de uso, além de considerar também os

efeitos dos construtos do TAM. As propostas de Lin et al (2007) e Pires e Costa (2008) para

as interações entre o TAM e a prontidão para tecnologia são detalhadas a seguir.

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76

2.5.1 Modelo de Prontidão e Aceitação para Tecnologia (TRAM)

Lin et al (2007) argumentam que, ao se depararem com uma escolha, os consumidores

realizam inicialmente uma busca interna, examinando sua memória em busca de informação

relevante para a realização da escolha ideal (BETTMAN, 1979). Desta forma, além das

características específicas de uma tecnologia, as experiências anteriores de um indivíduo e

suas crenças formadas a respeito de produtos e serviços tecnológicos podem desempenhar

papel importante na determinação de suas percepções sobre a utilidade e a facilidade de uso

da tecnologia avaliada. Esta avaliação, baseada em experiências anteriores, é provavelmente

mais saliente em consumidores pouco informados e engajados (BETTMAN & SUJAN,

1987). Este tipo de consumidor estaria mais disposto a estudar alternativas sob a luz de

critérios genéricos, abstratos e pessoais do que pautar suas escolhas em detalhes mais

concretos e específicos de uma tecnologia. Lin et al (2007) sugerem que, dada a forma como

os indivíduos avaliam tecnologias e definem suas intenções de adoção, os aspectos internos

associados a prontidão para tecnologia do consumidor são acessados e processados antes que

uma avaliação cognitiva concreta da utilidade e facilidade de uso da tecnologia seja realizada.

A literatura de comportamento do consumidor proporciona diversas fontes para

fundamentar essa lógica. Peracchio e Tybout (1996) destacam que o conhecimento e a

experiência prévia do consumidor influenciam o processamento de mensagens de publicidade

e a avaliação de produtos. Por sua vez, Brucks (1985) afirma que pessoas com maior

conhecimento sobre um produto buscam mais informações, antes de tomar uma decisão, do

que pessoas que não estão familiarizadas com o tipo de produto ou tecnologia. Isso ocorreria

porque consumidores com maior conhecimento estariam mais cientes dos atributos existentes

no produto e se sentiriam mais capazes de identificar informações adequadas e relevantes.

Assim sendo, maior conhecimento por parte do consumidor se traduziria em processamento

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77

mais complexo e detalhado sobre o produto. Da mesma forma, as expectativas dos

consumidores, formadas com base em crenças e julgamentos anteriores, podem influenciar

suas percepções e interpretações das informações às quais são expostos (BETTMAN, 1979;

JOHN et al, 1986). Dados estes fatos, acredita-se que as crenças de um consumidor tenham

impactos na forma como este busca informações, as interpreta e as usa para tomada de

decisões de consumo (CROCKER, 1981).

No contexto da aceitação de tecnologias ligadas ao uso da internet e de computadores,

quanto maior a experiência ou conhecimento do consumidor a respeito de informática, maior

será a utilidade percebida em um serviço ou produto de informática (VENKATESH &

DAVIS, 1996) e, ao mesmo tempo, maior será a facilidade de uso percebido sobre a

tecnologia (KANG et al, 2006). A teoria de difusão de inovações (ROGERS, 2003) também

indica que experiências anteriores com um tipo de tecnologia agem na formação de crenças a

seu respeito e no julgamento de tecnologias relacionadas. Experiências adquiridas pelo uso

prévio de uma tecnologia contribuem para aumentar as percepções de facilidade de uso e

utilidade desta mesma tecnologia ou de tecnologias similares (GEFEN, 2003, KARAHANNA

et al, 1999), influenciando assim a intenção de uso de consumidores.

Baseados nesta discussão, Lin et al (2007) teorizam que as crenças genéricas de um

consumidor a respeito de dada tecnologia, capturadas pelo construto prontidão para a

tecnologia, seriam determinantes diretos da avaliação cognitiva da tecnologia (os construtos

utilidade percebida e facilidade de uso percebida). Os autores também testam a influência

direta da TR sobre a intenção de uso, além dos efeitos indiretos por meio dos construtos

cognitivos. Por fim, é examinado o efeito da facilidade de uso percebida sobre a utilidade

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78

percebida, como realizado no CAT (NASCO et al, 2008). A figura 2.12 ilustra o modelo

TRAM de Lin et al (2007).

Figura 2.12 – Modelo de Prontidão e Aceitação para Tecnologia, TRAM (LIN et al, 2007)

2.5.1.1 Resultados do TRAM

A partir de dados coletados em uma pesquisa feita pela internet com usuários de

fóruns de discussão sobre investimento online de Taiwan, Lin et al (2007) testam as relações

propostas no TRAM com o uso de modelagem de equações estruturais. As escalas utilizadas

neste estudo foram o TRI de Parasuraman (2000), com seus 36 itens, e as escalas de 6 itens

para utilidade percebida e facilidade de uso percebida de Davis (1989). Testes com as escalas

comprovaram sua confiabilidade e sua validade na medição dos construtos propostos.

Os resultados obtidos para as relações entre os construtos presentes no modelo TRAM

possibilitaram a verificação dos efeitos mediadores dos construtos cognitivos utilidade

percebida e facilidade de uso percebida sobre a relação entre a prontidão para tecnologia e a

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intenção de adoção. Além disso, Lin et al (2007) confirmaram um efeito indireto significativo

da facilidade de uso percebida por meio da utilidade percebida. Por outro lado, os autores não

encontraram um efeito significativo direto da prontidão para tecnologia sobre a intenção de

uso do serviço de compra de ações online, comprovando sua hipótese de que os efeitos do

construto prontidão para tecnologia seriam totalmente mediados pelos construtos cognitivos.

Em uma análise sobre a magnitude das relações verificadas, Lin et al (2007) afirmam

que a utilidade percebida (PU) é o construto que possui o mais forte efeito sobre a intenção de

adoção, resultado consistente com os obtidos por Davis et al (1989). Além disso, a prontidão

para tecnologia (TR) apresentou maior impacto sobre a facilidade de uso percebida (PEOU)

do que sobre a utilidade percebida. Por outro lado, a facilidade de uso percebida apresentou

efeitos mais fortes sobre a utilidade percebida do que sobre a intenção de uso (UI). Sendo

assim, Lin et al (2007) concluem que existe uma hierarquia de efeitos, com a prontidão para

tecnologia influenciando a facilidade de uso percebida, que por sua vez afeta a utilidade

percebida, que, por fim, age sobre a intenção de uso (TR > PEOU > PU > UI).

Lin et al (2007) concluem que os consumidores são motivados a adotar uma nova

tecnologia principalmente devido a sua utilidade percebida, com a facilidade de uso percebida

vindo em segundo lugar. Esses julgamentos cognitivos, no entanto, seriam influenciados e

construídos a partir da prontidão para tecnologia do consumidor. Como limitação do estudo,

Lin et al (2007) chamam atenção para o fato de a interação com serviços tecnológicos online

depender muito do conhecimento e habilidade prévia de cada indivíduo, com suas crenças e

familiaridade em relação à tecnologia alterando drasticamente sua experiência ao utilizar esse

tipo de serviço. Sendo assim, a avaliação de outros produtos ou serviços tecnológicos com

características diferentes poderia levar a outras conclusões.

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80

2.5.2 Dimensões da Prontidão para Tecnologia e Intenção de Adoção

Pires e Costa (2008) avaliam a interação dos construtos do TAM com as dimensões do

TRI no contexto brasileiro, estudando a propensão de usuários de internet em utilizar serviços

bancários online. Diferentemente de Lin et al (2007), Pires e Costa (2008) não estudam os

efeitos da prontidão para tecnologia sobre a utilidade percebida ou sobre a facilidade de uso

percebida, escolhendo por avaliar as relações entre cada dimensão do TRI, individualmente,

sobre a intenção de adoção. Pires e Costa (2008) justificam esta estrutura afirmando que um

dos objetivos do estudo é ponderar o impacto de cada uma das dimensões do TRI sobre a

intenção de uso. Parasuraman (2000) afirma que o TRI, de fato, pode ser utilizado tanto como

medida global, quanto como quatro construtos separadamente, com cada um representando

uma das dimensões propostas (otimismo, inovatividade, desconforto e insegurança). A figura

2.13 ilustra o modelo proposto por Pires e Costa (2008).

Os resultados encontrados para o modelo de Pires e Costa (2008), para uma amostra

de estudantes universitários, usuários de internet, mostraram efeito significativo e direto da

dimensão otimismo sobre a intenção de uso de internet banking. Todavia, esta foi a única

dimensão do TRI que apresentou efeito significativo. Inovatividade, insegurança e

desconforto não se confirmaram como antecedentes da intenção de uso. Uma razão para isso,

conforme ressaltam Pires e Costa (2008), é o fato de a amostra ser composta por pessoas

muito familiarizadas com tecnologia e que, provavelmente, já haviam superado as

preocupações (insegurança) e complicações (desconforto) que envolvem o uso da internet e o

uso de serviços bancários online.

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81

Figura 2.13 – Dimensões do TRI como antecedentes do TAM (PIRES & COSTA, 2008)

Com relação aos construtos do TAM empregados no modelo, Pires e Costa

encontraram efeitos significativos diretos tanto entre a utilidade percebida e a intenção de uso,

quanto entre a facilidade de uso percebida e a intenção de uso. Também foi verificado o efeito

indireto da facilidade de uso percebida por meio da utilidade percebida.

2.6 Formulação do Modelo Conceitual e Hipóteses da Pesquisa

A revisão de literatura realizada mostra que a aceitação de novas tecnologias por

consumidores é influenciada por diversos fatores, tanto cognitivos (DAVIS et al, 1989;

VENKATESH et al, 2003), quanto afetivos (OLIVER, 1993; MEHRABIAN, 1995;

KULVIWAT et al, 2007; NASCO et al, 2008). No entanto, as avaliações cognitivas sobre a

utilidade ou facilidade de uso de uma tecnologia, assim como as emoções experimentadas por

um consumidor ao se deparar com inovações tecnológicas, são moldadas e afetadas

diretamente por suas crenças, comportamentos e atitudes com relação a novas tecnologias; ou

seja, por sua prontidão para tecnologia (PARASURAMAN & COLBY, 2001).

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Lin et al (2007) enfatizam que crenças e experiências anteriores são importantes na

determinação das percepções cognitivas de um indivíduo sobre uma nova tecnologia,

realizando testes para estudar a influência da prontidão para tecnologia de um consumidor

sobre os construtos cognitivos do TAM e a intenção de adoção de uma nova tecnologia.

Todavia, poucos foram os autores que investigaram os efeitos das emoções do consumidor

sobre sua aceitação de tecnologia (KULVIWAT et al, 2007; NASCO et al, 2008). Por sua

vez, a influência das crenças do consumidor a respeito de novas tecnologias sobre as emoções

sentidas por ele ao se deparar com ou utilizar inovações nunca foi examinada pela literatura

de aceitação de tecnologia.

A partir das relações estabelecidas por meio do referencial teórico, o presente estudo

propõe um modelo unificado de aceitação e prontidão para a tecnologia de consumidores,

considerando efeitos diretos de cada dimensão da TR (PARASURAMAN & COLBY, 2001)

sobre os construtos cognitivos e afetivos presentes no CAT (KULVIWAT et al, 2007;

NASCO et al, 2008). O modelo CART (Consumer Acceptance and Readiness for

Technology) é apresentado a seguir. As hipóteses principais e respectivas sub-hipóteses deste

trabalho, investigando as relações entre os construtos envolvidos na estrutura do modelo

CART, são enunciadas em seguida.

2.6.1 Modelo CART (Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia)

Para a formulação do CART (figura 2.14) e o estudo dos efeitos da prontidão para

tecnologia (TR) sobre cada construto do CAT (KULVIWAT et al, 2007), o presente estudo

considerou treze hipóteses principais, baseadas no referencial teórico apresentado, detalhadas

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83

a seguir. Além dessas hipóteses, uma décima quarta hipótese é formulada com o objetivo de

comparar o desempenho do CART ao desempenho do CAT.

As hipóteses que envolvem a TR (hipóteses um até seis) representam os efeitos da TR,

como medida agregada, sobre os construtos cognitivos e afetivos do CAT.

Figura 2.14 – Modelo de Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia (CART) e

Hipóteses da Pesquisa

H1: A TR terá um efeito direto e positivo sobre a vantagem relativa percebida por um

consumidor em um produto de alta tecnologia.

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H2: A TR terá um efeito direto e positivo sobre a utilidade percebida por

consumidores em um produto de alta tecnologia.

H3: A TR terá um efeito direto e positivo sobre a facilidade de uso percebida por um

consumidor em um produto de alta tecnologia.

H4: A TR terá um efeito direto e positivo sobre o prazer sentido por consumidores em

relação a um produto de alta tecnologia.

H5: A TR terá um efeito direto e positivo sobre a excitação sentida por consumidores

em relação a um produto de alta tecnologia.

H6: A TR terá um efeito direto e positivo sobre o domínio sentido por consumidores

em relação a um produto de alta tecnologia.

As hipóteses 7 até 13 replicam as relações examinadas pelo modelo CAT revisado de

Nasco et al (2008). O construto de influência social e a interação entre facilidade de uso

percebida e o domínio, utilizados por Nasco et al (2008), não foram incluídos no CART como

forma de diminuir o número de variáveis no modelo e devido ao fato de Nasco et al (2008)

terem encontrado pouca melhoria na proporção da variância da atitude com relação à adoção

explicada pelo CAT após a adição destes construtos.

H7: A vantagem relativa percebida terá um efeito direto e positivo sobre a utilidade

percebida por um consumidor em um produto de alta tecnologia.

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H8: A facilidade de uso percebida terá um efeito direto e positivo sobre a utilidade

percebida por um consumidor em um produto de alta tecnologia.

H9: A utilidade percebida terá um efeito direto e positivo sobre a atitude de um

consumidor com relação à adoção de um produto de alta tecnologia.

H10: O prazer sentido por um consumidor em relação a um produto de alta tecnologia

terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação à adoção deste

mesmo produto.

H11: A excitação sentida por um consumidor em relação a um produto de alta

tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação à adoção

deste mesmo produto.

H12: O domínio sentido por um consumidor em relação a um produto de alta

tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação à adoção

deste mesmo produto.

H13: A atitude com relação à adoção de um produto de alta tecnologia terá um efeito

direto e positivo sobre a intenção do consumidor de adotar este mesmo produto.

A hipótese final deste trabalho envolve uma comparação direta entre o desempenho do

CART em relação ao obtido pelo CAT de Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008). O

objetivo desta hipótese é verificar, explicitamente, se a adição do construto prontidão para

tecnologia na modelagem da adoção de novas tecnologias pelo consumidor resulta em uma

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melhoria na proporção da variância explicada da atitude com relação à adoção de novas

tecnologias quando comparado ao que seria encontrado com o modelo CAT aplicado aos

mesmos dados.

H14: O modelo CART explica uma maior proporção da variância da atitude com

relação à adoção de novas tecnologias pelo consumidor do que o modelo CAT.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo descreve a metodologia adotada neste trabalho: o tipo de pesquisa, os

construtos mensurados, a delimitação da população estudada, o processo de amostragem, a

escolha das escalas de mensuração das variáveis, o método utilizado para a coleta de dados, as

técnicas e procedimentos empregados para o tratamento e análise dos dados e as limitações do

método.

3.1 Tipo de pesquisa

Com o objetivo de realizar o teste das hipóteses formuladas para o estudo foi realizada

uma cross-sectional survey (PARASURAMAN et al, 2006) com uma amostra não

probabilística da população de interesse. A maior parte dos estudos sobre aceitação de

tecnologia por consumidores utilizam esta mesma forma de pesquisa (CHILDERS et al, 2001;

YOUSAFZAI et al 2007; KULVIWAT et al, 2007; NASCO et al, 2008), com questionários

estruturados sendo apresentados a consumidores em um único momento no tempo

(CHURCHILL, 2009).

Kulviwat et al (2007), ao testar o CAT, aplicam questionários somente após permitir

ao consumidor um breve contato com a tecnologia que será estudada. Desta forma, o

consumidor teria conhecido a tecnologia em primeira mão e estaria, de acordo com Kulviwat

et al (2007), mais apto a formar avaliações cognitivas sobre suas funcionalidades, além de ser

capaz de experimentar sentimentos próprios com relação à tecnologia em questão e seu uso.

Outro interesse de Kulviwat et al (2007), conforme explicitado e investigado por Nasco et al

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(2008), era avaliar a influência do tipo de tarefa, hedônica ou utilitária, na atitude e na

intenção de adoção do consumidor.

O presente estudo, baseando-se nos resultados de Nasco et al (2008) minimizando os

efeitos que a natureza da tarefa possui no desempenho do CAT, não pretendeu estudar os

efeitos do tipo de tarefa realizada pelo consumidor com a tecnologia. De qualquer forma, é

importante que o consumidor experimente a tecnologia que deve avaliar por meio de suas

respostas ao instrumento de pesquisa. Sendo assim, os questionários foram aplicados somente

após o consumidor experimentar em primeira mão a nova tecnologia escolhida como exemplo

de inovação para o estudo (o leitor eletrônico de livros Kindle DX da Amazon.com).

Nota-se que os itens da escala TRI para a medição da prontidão para tecnologia do

consumidor independem da tecnologia estudada ou da forma como ela é apresentada, uma vez

que medem predisposições gerais a respeito de produtos de alta tecnologia.

A pesquisa foi realizada por meio de questionários auto-administrados (AAKER et al,

2006). Antes de receber o questionário, todos os respondentes assistiram um vídeo

introduzindo a tecnologia escolhida (screenshots do vídeo estão disponíveis no Apêndice B),

receberam um Kindle DX em mãos e tiveram alguns minutos para experimentar a tecnologia

livremente.

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89

3.2 Operacionalização das variáveis

O presente estudo faz uso de escalas já elaboradas e testadas pela literatura para a

medição de todos os construtos envolvidos na estrutura do modelo CART. Essa decisão foi

tomada por três razões:

1. As escalas existentes para a medição dos construtos envolvidos em modelos de

aceitação de tecnologia (em particular o CAT de KULVIWAT et al, 2007) foram

testadas e refinadas em múltiplos estudos ao longo dos anos, apresentando boas

propriedades psicométricas, conforme confirmam extensas revisões de literatura

publicadas sobre tema (VENKATESH et al 2003; YOUSAFZAI et al 2007).

2. Utilizando as mesmas escalas escolhidas por Kulviwat et al (2007) e Nasco et al

(2008) para as medições do modelo CAT, este estudo se mantém consistente com os

resultados obtidos pela literatura que testou o CAT, tornando possível comparações

mais precisas entre os desempenhos do CART e do CAT.

3. O construto prontidão para tecnologia, conforme definido por Parasuraman (2000) e

Parasuraman e Colby (2001), foi medido com a própria escala TRI desenvolvida por

esses autores. Desta forma, garante-se que a estrutura e propriedades do construto,

além de suas dimensões, são as mesmas que foram propostas por Parasuraman e Colby

(2001). Em um estudo sobre a aplicabilidade do TRI no Brasil, Souza e Luce (2005) já

realizaram uma tradução cuidadosa do TRI para o português, testando e validando a

escala traduzida no contexto brasileiro. Desta forma, no que diz respeito à TR, este

trabalho fez uso do TRI conforme adaptado por Souza e Luce (2005).

Sendo assim, além da escala TRI traduzida por Souza e Luce (2005) para a medição da

TR (composta por 36 itens), foram utilizadas neste estudo, replicando as escolhas de Kulviwat

et al (2007), as seguintes escalas:

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90

Utilidade Percebida: escala de Lund (2001), composta por 5 itens;

Facilidade de Uso Percebida: escala de Lund (2001), composta por 5 itens;

Vantagem Percebida: escala de Moore e Benbasat (1991), composta por 5 itens;

Prazer, Excitação e Domínio: escala original da PAD, por Mehrabian e Russel

(1974), adaptada por Kulviwat et al (2007), composta por 4 itens para cada emoção;

Atitude com relação à adoção: escala de Bagozzi et al (1992), composta por 4 itens;

Intenção de adoção: escala de MacKenzie et al (1986); composta por 3 itens.

Ressalta-se o fato de que diversas escalas existem na literatura para a medição dos

construtos destacados anteriormente (DAVIS, 1989; DAVIS et al, 1989; DAVIS et al, 1992;

THOMPSON et al, 1991; MOORE & BENBASAT, 1991; AJZEN, 1991; FISHBEIN &

AJZEN, 1975; MATHIESON, 1991; TAYLOR & TODD, 1995; COMPEAU & HIGGINGS,

1995; COMPEAU et al, 1999). No entanto, Kulviwat et al (2007) escolhem as escalas que

foram apresentadas para a medição dos construtos do CAT, comprovando sua confiabilidade e

validade por meio de testes criteriosos. De acordo com Kulviwat et al (2007), todas as escalas

apresentaram consistência interna (alpha de Cronbach) maior que 0,70, com algumas

apresentando valores de até 0,93. Tais valores são considerados aceitáveis ou bons segundo os

critérios de Nunnally e Bernstein (1994). As confiabilidades compostas encontradas por

Kulviwat et al (2007) também foram boas, com todas as escalas apresentando valores acima

de 0,7, nível considerado muito bom por Hair et al (2009). Para o caso da escala TRI, Souza e

Luce (2005) apresentam valores de confiabilidade bons para cada uma das dimensões da TR

(entre 0,77 e 0,89).

Desta maneira, o instrumento de pesquisa, formado pelas escalas detalhadas

anteriormente, possui um total de 70 itens, sem contar sete itens relativos às variáveis

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demográficas. O Apêndice A apresenta o questionário completo, com todas as escalas

traduzidas segundo os procedimentos descritos a seguir.

3.2.1 Definição operacional das variáveis

A tabela 3.1 apresenta a definição detalhada das escalas utilizadas para a medição de

cada construto, assim como os itens do questionário correspondentes a cada escala (Apêndice

A).

Tabela 3.1 Escalas e medidas operacionais para cada variável do instrumento de pesquisa

Construto

Tipo de escala e medidas operacionais

Emoções Escala de diferencial semântico de 5 pontos, adaptação

para português da escala para PAD de Mehrabian e

Russel (1974)

Prazer (PZR) Apêndice A, questão 1, itens 1, 2, 3, 4

Excitação (EXC) Apêndice A, questão 1, itens 5, 6, 7, 8

Domínio (DOM) Apêndice A, questão 1, itens 9, 10, 11, 12

Utilidade Percebida (PU)

Escala Likert de 5 pontos, adaptação para português

da escala de Lund (2001)

Apêndice A, questão 2, itens 13, 14, 15, 16, 17

Facilidade de Uso Percebida

(PEOU)

Escala Likert de 5 pontos, adaptação para português

da escala de Lund (2001)

Apêndice A, questão 2, itens 18, 19, 20, 21, 22

Vantagem Relativa (RA) Escala Likert de 5 pontos, adaptação para português

da escala de Moore e Benbasat (1991)

Apêndice A, questão 2, itens 23, 24, 25, 26, 27

Prontidão para Tecnologia

(TR)

Escala Likert de 5 pontos, adaptação para português

de Souza e Luce (2005) da escala de Parasuraman

(2000)

Otimismo (OTM) Apêndice A, questão 3, itens, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34,

35, 36, 37

Inovatividade (INOV) Apêndice A, questão 3, itens 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44

Desconforto (DES) Apêndice A, questão 3, itens 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51,

52, 53, 54

Insegurança (INS) Apêndice A, questão 3, itens 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61,

62, 63

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Construto

Tipo de escala e medidas operacionais

Atitude com relação à adoção

(ATT)

Escala de diferencial semântico de 5 pontos, adaptação

para português da escala de Bagozzi et al (1992)

Apêndice A, questão 4, itens 64, 65, 66, 67

Intenção de Adoção (INT) Escala de diferencial semântico de 5 pontos, adaptação

para português da escala de MacKenzie et al (1986)

Apêndice A, questão 5, itens 68, 69,. 70

Variáveis Demográficas Escala categórica

Sexo Apêndice A, questão 6, item 71: masculino, feminino

Idade Apêndice A, questão 6, item 72: variável contínua

Estado Civil Apêndice A, questão 6, item 73: solteiro, casado,

relacionamento fixo, outros

Número de pessoas na família Apêndice A, questão 6, item 74: variável contínua

Com quem mora Apêndice A, questão 6, item 75: sozinho, com cônjuge,

com amigos, com os pais, com parentes, outros

Religião Apêndice A, questão 6, item 76: nenhuma, judaica,

espírita, católica, protestante/evangélica, outra

Renda Familiar Apêndice A, questão 6, item 77: “Abaixo de 1000 reais”,

“de 1000 a 2000 reais”, “de 2000 a 3500 reais”, “de 3500

a 6000 reais”, “de 6000 a 10000 reais”, “Acima de 10000

reais”

3.2.2 Procedimentos de tradução e adaptação das escalas utilizadas

Com exceção da escala TRI traduzida e validada por Souza e Luce (2005) para o

português, todas as outras escalas utilizadas neste estudo foram originalmente elaboradas para

a língua inglesa. Desta forma, para que fosse possível usar todas essas escalas com

consumidores brasileiros, era necessária a realização da tradução e adaptação de cada uma

delas para a língua portuguesa.

Sperber (2004) sugere que a adaptação de escalas de um idioma para outro siga

diversos passos. Na etapa inicial da tradução, cada um dos itens originais, de cada escala, foi

traduzido independentemente por dois tradutores profissionais. As duas traduções foram

revisadas e comparadas por três especialistas no tema (professores doutores pesquisadores de

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comportamento do consumidor) e fluentes na língua inglesa para a obtenção da versão em

português de cada escala que mais se aproximasse do original e garantisse a validade de face

dos construtos medidos. Após esse passo, foi realizada a retradução (back translation) para o

inglês, por especialistas diferentes dos que realizaram a tradução inicial. Segundo Sperber

(2004), as retraduções devem resultar em um documento muito próximo do original, caso as

traduções tenham sido bem feitas.

3.2.3 Pré-teste do instrumento de pesquisa

Com a verificação de que as retraduções obtiveram resultados satisfatórios, os itens

foram incluídos no instrumento de pesquisa e foi realizado um pré-teste do questionário, com

uma pequena amostra da população de interesse, para avaliar a compreensão dos respondentes

sobre esta primeira versão do questionário. Nesta etapa, foi solicitado aos respondentes que

anotassem ou apontassem qualquer tipo de dúvida ou dificuldade que porventura tivessem

sobre a interpretação ou compreensão de qualquer um dos itens do instrumento de pesquisa.

Foram incentivadas também sugestões, por parte dos respondentes, para melhorias na

apresentação do questionário e nas instruções de preenchimento.

Os resultados obtidos com esse pré-teste inicial serviram para refinar o questionário e

elaborar uma nova versão. Essa versão ainda passou por um pré-teste final com 32

respondentes da população de interesse, onde foi verificado se algum último ajuste era

necessário, tanto na tradução quanto na apresentação do questionário. Com os resultados deste

último pré-teste, foi elaborado o instrumento de pesquisa final, apresentado no Apêndice A.

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3.3 População e amostra

3.3.1 População

A população estudada foi a de jovens brasileiros residentes no Rio de Janeiro com

ensino superior em curso. Kulviwat et al (2007) destacam o fato de que esta “elite de jovens

com acesso à tecnologia” seria um dos segmentos de mercado mais atrativos para a

introdução de novas tecnologias, com seu comportamento de adoção e uso influenciando

outros grupos mais conservadores, que eventualmente adotariam também as inovações.

Kulviwat et al (2007) afirmam que membros desta elite de jovens teriam em torno de vinte e

dois anos e gastariam mais do que a média de todos os outros segmentos em produtos e

serviços tecnológicos. Estudantes de graduação se encaixam bem nesta definição,

representando um segmento particularmente relevante para estudos sobre aceitação de

tecnologia.

3.3.2 Amostra

Foi realizada uma amostragem não probabilística por conveniência, uma vez que não é

possível conhecer nem conseguir acesso a todos os jovens universitários do Brasil, o que, de

acordo com Parasuraman et al (2006), seria necessário para uma seleção aleatória correta.

Hair et al (2009) destacam que, em amostras não probabilísticas, a chance de seleção de um

elemento da população é desconhecida. Em amostras por conveniência, a seleção dos

elementos da amostra é feita entre os indivíduos que estão mais disponíveis para participar no

estudo e que sejam capazes de fornecer as informações requeridas. Desta forma, para

representar a população definida, foi realizada uma amostra de estudantes de graduação da

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro que cursavam o curso de Administração de

Empresas.

Foi obtida uma amostra com 474 respondentes, dos quais 27 foram eliminados por

apresentarem dados ausentes e outros 12 foram eliminados por apresentarem idade acima de

29 anos (não se encaixando, portanto, na população de interesse). Desta forma, a amostra final

(sem dados ausentes e contendo somente respondentes com idade até 29 anos) foi composta

por 435 questionários válidos.

Hair et al (2009) recomendam que, para a utilização de modelagem de equações

estruturais, o número de observações exceda o número de covariâncias somado ao de

variâncias da matriz de entrada dos dados, calculado por N*(N+1)/2 (com N sendo o número

de variáveis observáveis no modelo explicativo), não devendo ser inferior ao número mínimo

de 200 observações.

3.4 Coleta de dados

3.4.1 O instrumento de coleta de dados

Conforme especificado anteriormente, o instrumento de pesquisa foi composto por 70

itens, com 36 deles sendo referentes às quatro dimensões do construto prontidão para

tecnologia e os 34 restantes divididos entre os construtos cognitivos e afetivos presentes no

CAT. Além destes itens, ao final do questionário, existiam sete itens para medir variáveis

demográficas dos respondentes (AAKER et al, 2006).

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Sobre a estrutura do questionário, este se inicia com as perguntas sobre os sentimentos

da pessoa com relação à tecnologia apresentada, como forma de aproveitar o fato de que o

respondente acabou de utilizar a nova tecnologia em primeira mão e deve estar

experimentando os sentimentos gerados por ela com maior intensidade. Seguem-se os itens

relativos aos construtos utilidade percebida, facilidade percebida e vantagem relativa. São

então feitas as perguntas da escala TRI para medição da TR. Por fim, são apresentados os

itens sobre atitude com relação à adoção e intenção de adoção, seguidos pelas variáveis

demográficas ao final do questionário.

3.4.2 Escolha da tecnologia a ser avaliada

Uma decisão importante para o estudo foi a escolha da tecnologia a ser avaliada pelos

consumidores e sobre a qual eles responderiam ao preencherem o questionário. Essa escolha

seguiu as linhas gerais definidas por Kulviwat et al (2007): a tecnologia deve ser

relativamente nova, não disponível ainda para o público em geral e deve ser vista como

inovadora pela população alvo. Ressalta-se, no entanto, que o objetivo deste estudo é a

avaliação de inovações como um todo, não de um produto particular. Sendo assim, apesar de

a pesquisa estar limitada pela experiência de somente um produto, pretendia-se que a

tecnologia escolhida representasse uma novidade para os respondentes, servindo como

exemplo de inovação.

Foi realizada a escolha do leitor eletrônico de livros Kindle DX, da Amazon.com,

como tecnologia a ser avaliada pelos respondentes. O Kindle original foi o primeiro leitor

eletrônico de livros lançado para o mercado de massa norte-americano com a tecnologia de

electronic ink (e-ink), que fornece ao usuário uma experiência de leitura similar a de uma

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folha de papel comum, sem iluminação artificial da tela ou cansaço para os olhos devido à

leitura prolongada. O Kindle DX, com uma tela maior do que o Kindle original, mais

adequada para a leitura de jornais e revistas (além de livros), foi direcionado também para o

mercado universitário como leitor de livros e artigos acadêmicos (ele permite a leitura direta

de qualquer arquivo em .pdf que o usuário possua). O Kindle DX foi lançado em 10 de junho

de 2009 no mercado norte-americano, sendo portanto uma tecnologia muito recente por

ocasião da aplicação do questionário ao final de 2009. Em março de 2010, o Kindle DX se

tornou disponível para brasileiros por meio do site da Amazon.com (que começou a realizar

entregas internacionais do produto). Fotos e detalhes técnicos do Kindle DX estão disponíveis

no Apêndice B.

Durante a coleta de dados foi perguntado aos respondentes se eles já haviam visto ou

utilizado pessoalmente um leitor de livros eletrônico (o próprio Kindle DX ou algum outro

similar). Somente dois possíveis respondentes dos quase 500 que foram abordados afirmaram

já ter tido contato com a tecnologia. Esses respondentes foram excluídos da pesquisa e não

responderam o questionário. Dado o baixo índice de pessoas que já haviam visto ou utilizado

um leitor de livros eletrônico entre os indivíduos que foram abordados, além do fato de o

produto ter sido lançado somente alguns meses antes e restrito ao mercado americano, fica

claro o grau de inovação da tecnologia, que tem o potencial de, com o tempo, substituir parte

dos meios comuns de leitura utilizados atualmente (folhas de papel, livros, jornais, revistas e

etc).

O uso de leitores eletrônicos é visto como novidade por grande parte das pessoas, que

estão acostumadas com o formato atual de consumo de conteúdo por meio de leitura em

papel. Desta forma, acredita-se que a escolha da tecnologia de leitura eletrônica presente no

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Kindle DX provocou suficientemente a imaginação e os sentimentos dos respondentes com

relação à adoção de inovações para que eles fossem capazes de responder às perguntas do

instrumento de pesquisa de maneira satisfatória. É pertinente mencionar também que o

lançamento para o mercado consumidor de uma tecnologia com o mesmo grau de inovação do

Kindle DX não ocorre com tanta freqüência. Desta forma, este estudo foi privilegiado pela

possibilidade de escolha de um produto desta natureza.

3.4.3 A coleta de dados

Todos os dados da pesquisa foram colhidos no campus da Gávea da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), entre novembro e dezembro de 2009

(antes do lançamento do Kindle DX para o Brasil). Foram abordados somente alunos do curso

de graduação em Administração de Empresas. Todas as respostas foram coletadas em sala de

aula (após o término ou antes do início de cada aula), onde o próprio projetor datashow da

sala foi utilizado para a apresentação do vídeo introdutório.

Todos os questionários foram auto-administrados, tendo sido preenchidos pelos

próprios respondentes após assistirem ao vídeo introdutório e experimentado a tecnologia

escolhida em primeira mão durante alguns minutos. O pesquisador acompanhou pessoalmente

a administração do instrumento de pesquisa, apresentando o vídeo introdutório e garantindo

que cada respondente realizasse a experimentação da tecnologia antes que fossem distribuídos

os questionários. A sala de aula foi mantida em silêncio enquanto cada respondente

experimentava a tecnologia e então respondia o questionário, não havendo discussões ou troca

de impressões entre os participantes da pesquisa.

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99

3.5 Análise dos dados

Os dados resultantes da aplicação do instrumento de pesquisa foram transcritos para

processamento estatístico em bases de dados SAS e SPSS. Para as análises estatísticas

univariadas e multivariadas dos dados obtidos, foram utilizados os softwares SAS (versão 9),

SPSS (versão 18) e AMOS (versão 18).

O primeiro passo da análise dos dados foi uma análise descritiva das variáveis

demográficas presentes no questionário, como forma de caracterizar a amostra estudada e

eliminar respondentes que não se encaixassem no perfil desejado (12 respondentes, com idade

acima de 29 anos, foram excluídos neste processo). Foi realizada também a limpeza dos dados

por meio da detecção de possíveis valores errôneos ou ausentes que por ventura possam ter

ocorrido, resultando na eliminação de 27 registros que possuíam valores ausentes. Desta

forma, a base de dados final, com 435, não possuía nenhum valor ausente ou respondente com

idade acima de 29 anos.

3.5.1 Validade e Confiabilidade

Para estimar o modelo de mensuração e avaliar as propriedades dos construtos

presentes no instrumento de pesquisa, particularmente no que diz respeito à

unidimensionalidade, confiabilidade e validade, foi realizada uma análise fatorial

confirmatória (CFA) com os dados obtidos. De acordo com Hair et al (2009) e Churchill

(1979), a validade de um construto diz respeito ao quanto uma escala de fato reflete o

construto latente que ela se dispõe a medir, enquanto a confiabilidade (que também é um

indicador de validade convergente) diz respeito ao quanto uma variável ou conjunto de

variáveis é consistente em relação ao que se deseja medir. A confiabilidade dos construtos

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utilizados neste trabalho foi avaliada por meio do Alfa de Cronbach (NUNNALLY, 1978) e

da confiabilidade composta (composite reliability). Hair et al (2009) e Nunnally e Bernstein

(1994) afirmam que valores do Alfa de Cronbach e da confiabilidade composta maiores do

que 0,8 são considerados adequados, com valores acima de 0,7 sendo considerados aceitáveis.

A validade dos construtos foi avaliada por meio do exame das cargas fatoriais dentro

de cada construto e da correlação entre construtos resultantes da CFA realizada. Para avaliar a

validade convergente, o grau com o qual os diferentes indicadores de cada escala se referem

ao mesmo construto (HAIR et al, 2009), foi utilizada a variância extraída média (Average

Variance Extracted - AVE). Fornell e Larcker (1981) e Hair et al (2009) sugerem que uma

AVE de 0,5 ou maior indica validade convergente adequada. A validade discriminante,

referente ao quanto um construto realmente é distinto dos outros construtos (HAIR et al,

2009), foi avaliada por meio da análise das cargas fatoriais de cada item, que devem ser

maiores em relação aos construtos que eles supostamente medem do que em relação a outros

construtos presentes no modelo. A importância relativa e a significância das cargas fatoriais

de cada item foram interpretadas de acordo com as sugestões de Hair et al (2009), que afirma

que cargas fatoriais maiores do que 0,3 podem ser consideradas significativas, maiores do que

0,4 podem ser consideradas importantes e maiores do que 0,5 podem ser consideradas muito

significativas. Além da análise das cargas fatoriais, uma forma rigorosa de verificar validade

discriminante, segundo Hair et al (2009), é comparar a AVE de cada par de construtos com o

quadrado da estimativa de correlação entre estes dois construtos. O valor da AVE deve

sempre ser maior do que a estimativa de correlação ao quadrado. Este teste também foi

realizado neste trabalho.

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3.5.2 Análises Estatísticas

O teste das quatorze hipóteses do estudo foi realizado por meio de modelagem de

equações estruturais (SEM), utilizando o software AMOS 18.0. O uso de SEM é adequado às

questões desta pesquisa e aos testes exigidos pelas hipóteses formuladas, uma vez que permite

a estimação de relações simultâneas entre múltiplas variáveis independentes e dependentes

(BAGOZZI & PHILLIPS, 1982). Com a utilização desta técnica, é possível a avaliação

conjunta dos efeitos de todos os construtos envolvidos no modelo proposto, evitando

possíveis distorções que ocorreriam nas dependências observadas entre as variáveis, caso

fossem estudadas separadamente (Hair et al, 2009). Desta forma, para operacionalizar o

modelo explicativo conceitual e verificar as relações entre os construtos envolvidos no CART,

foi estimado um modelo de equações estruturais adequado. Outra vantagem do uso da

metodologia de SEM é a sua capacidade de testar características de mensuração dos

construtos latentes.

Para a estimação do modelo de equações estruturais foi utilizado o método de

estimação por máxima verossimilhança (Maximum Likelihood - ML). Uma vez que os dados

coletados para pesquisa não apresentaram uma distribuição multivariada normal, poderia ser

considerada mais indicada a utilização de métodos conhecidos como estimadores assintóticos

independentes da distribuição (ADF - asymptotic distribution-free estimators). Entre estes,

destacam-se o método dos mínimos quadrados ponderados generalizados (WLS – generalized

weighted least squares) e o método dos mínimos quadrados ponderados diagonalmente

(DWLS – diagonally weighted least squares). Ambos os métodos estão incluídos, de acordo

com Diamantopoulos e Siguaw (2006), entre as técnicas de informação completa para a

estimação dos parâmetros do modelo de equações estruturais. No entanto, tais técnicas

requerem que o tamanho da amostra seja de pelo menos n*(n+1)/2, onde n é o número de

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variáveis observáveis no modelo. No caso do modelo proposto, com 70 indicadores

inicialmente (50 utilizados na versão final), a amostra deveria possuir o tamanho proibitivo de

2485 respondentes (ou 1326 na versão final) para a utilização de métodos ADF.

No entanto, de acordo com Hair et al (2009) e Anderson e Gerbing (1988), em

condições não ideais e para modelos com grande número de construtos, amostras de tamanho

400/500 são adequadas para estimações com o uso de ML. Além disso, Olsson et al (2000)

mostram que, apesar da literatura indicar o uso de técnicas como o método WLS para dados

que não apresentem distribuições normais, estimações via ML são robustas contra violações

da premissa de normalidade, produzindo resultados confiáveis e similares aos de estimações

realizadas com o uso de outras técnicas. Após diversos testes com diferentes tamanhos de

amostra e condições, Olsson et al (2000) afirmam que a estimação por ML tende a ser não

somente estável, mas também mais precisa em termos de ajuste teórico e empírico do que a

estimação por outros métodos (como o WLS). Sendo assim, mesmo com a violação da

premissa de normalidade multivariada dos dados, julga-se adequada a estimação por ML para

a amostra de tamanho 435 coletada. Nota-se ainda que esta é a mesma técnica de estimação

utilizada por Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008) na estimação do modelo CAT e do

CAT revisado, com uma amostra de tamanho 460.

Foi seguida a abordagem de dois estágios para modelagem de equações estruturais

sugerida por Anderson e Gerbing (1988) e empregada por Kulviwat et al (2007) na

modelagem do CAT. O primeiro passo foi verificar, por meio do modelo de mensuração

obtido na análise fatorial confirmatória (CFA), que cada escala utilizada mediu somente o

construto ao qual ela estava associada. Esse modelo foi então refinado para criar o “melhor”

modelo de mensuração, eliminando itens que não demonstraram boa confiabilidade ou

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possuiam altos cross-loadings entre dois construtos (dos 70 itens iniciais, somente 50

continuaram presentes no modelo de mensuração final). A partir deste ponto, o modelo de

equações estruturais (SEM) final foi estimado, sendo realizado o teste das hipóteses da

pesquisa e a comparação do desempenho do modelo proposto com diferentes modelos

alternativos (ou rivais) que faziam sentido segundo a teoria.

Para a avaliação do ajuste dos modelos de CFA e SEM foram analisados os índices de

ajuste sugeridos por Garver e Mentzer (1999) e Hair et al (2009): o Tucker-Lewis index (TLI

ou NNFI), o comparative fit index (CFI), o root mean squared approximation error

(RMSEA) e a estatística qui-quadrada do modelo (juntamente com os graus de liberdade

associados). Todos esses índices (com exceção da estatística qui-quadrada) são de fácil

interpretação por estarem em uma escala contínua de 0 a 1 e são relativamente independentes

de efeitos ligados ao tamanho da amostra. De acordo com Hair et al (2009), índices como o

Goodness-of-Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI) caíram em desuso

por serem sensíveis ao tamanho da amostra e à complexidade do modelo. Tais índices,

portanto, não serão apresentados.

3.6 Limitações do método

3.6.1 Limitações relacionadas ao critério de amostragem

A delimitação do universo amostral do estudo e a amostra por conveniência realizada

somente com estudantes da cidade do Rio de Janeiro prejudicam a representatividade da

amostra, mesmo com a população de interesse tendo sido definida como “jovens

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universitários com acesso a novas tecnologias”. Pode existir um viés de locus oriundo do fato

de todos os respondentes estarem inseridos na mesma cidade (Rio de Janeiro).

De qualquer forma, uma vez que o propósito da pesquisa é testar a estrutura de

relações proposta entre variáveis e não a validade externa dos resultados, a representatividade

da amostra não é uma questão crucial. Em casos como este, é até desejável que a amostra seja

o mais homogênea possível, a fim de evitar efeitos moderadores imprevistos que possam

prejudicar a verificação das relações estudadas (sendo esta a principal razão por trás da

decisão de só serem coletados dados de estudantes de um único curso e em uma única

universidade).

3.6.2 Limitações decorrentes da coleta de dados

Uma limitação importante a respeito dos procedimentos de coleta de dados adotados

foi o tempo que os respondentes tiveram para avaliar a tecnologia apresentada. Como só

existiam dois Kindle DX disponíveis para a pesquisa e foram abordadas ao mesmo tempo 30

ou mais pessoas em cada sala de aula visitada, o tempo para a utilização da tecnologia por

cada respondente foi reduzido, em geral em torno de 3 minutos (o que já tornava longo o

processo de coleta de dados, levando em torno de 30 a 45 minutos para a realização). Julga-se

que esse tempo é adequado para um primeiro contato e para a exploração das funcionalidades

básicas da produto, mas acredita-se que a avaliação cognitiva e emocional do respondente a

respeito da tecnologia estudada poderia ser mais completa se fosse dado um maior tempo para

cada respondente experimentar a tecnologia com cuidado e detalhe.

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105

4 MODELAGEM E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo são avaliadas as propriedades estatísticas e psicométricas da amostra

coletada, sendo ajustados os modelos de mensuração e estruturais propostos. São testadas

também as hipóteses da pesquisa.

4.1 Caracterização da Amostra

O instrumento de pesquisa (Apêndice A) foi distribuído para 474 estudantes ao longo

de quatro semanas de coleta de dados (final de novembro e início de dezembro de 2009). A

participação foi voluntária e confidencial, com nenhum dos respondentes tendo visto ou

utilizado a tecnologia avaliada previamente. De fato, muitos dos participantes da pesquisa

nem estavam cientes que a tecnologia de leitores de livros eletrônicos com telas de tinta

eletrônica (e-ink) existia, se mostrando genuinamente surpresos quando a tecnologia lhes foi

apresentada.

Conforme exposto no Capítulo 3, destes 474 respondentes, 27 foram eliminados por

apresentarem dados ausentes em um ou mais itens do questionário. Outros 12 foram

eliminados por apresentarem idade acima de 29 anos. Sendo assim, a amostra final foi

composta por 435 questionários válidos.

A tabela 4.1 ilustra as características da amostra final por meio de algumas estatísticas

descritivas. Do total 435 de participantes, 259 eram do sexo feminino (59,5%) e 176 do sexo

masculino (40,5%). Em relação ao estado civil, a grande maioria dos respondentes (97,7%)

era formada por solteiros, com somente 10 se declarando casados (2,3%). Além disso, 82,5%

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106

afirmaram ainda morarem com os pais. No que diz respeito à renda familiar média, 57,5% dos

participantes indicaram renda familiar mensal superior a dez mil reais, com outros 17,7%

afirmando renda familiar entre seis e dez mil reais. Somente 13% dos respondentes indicaram

renda familiar inferior a três mil e quinhentos reais. Em termos de idade, a grande maioria dos

participantes (94,2%) era jovem, possuindo entre 18 e 25 anos. A média de idade observada

foi de 21,5 anos, com desvio padrão de 2,26.

Tabela 4.1: Características da Amostra

Característica Porcentagem de Todos os

Respondentes (n)

Sexo

Masculino 40,5% (n = 176)

Feminino 59,5% (n = 259)

Estado Civil

Solteiro 97,7% (n = 425)

Casado 2,3% (n = 10)

Com quem mora

Sozinho 6,7% (n = 29)

Com os pais 82,5% (n = 359)

Com o cônjuge 2,3% (n = 10)

Com parentes 6% (n = 26)

Com amigos 2,5% (n = 11)

Renda Familiar Média

Acima de R$10.000 57,5% (n = 250)

R$6.000 a R$10.000 17,7% (n = 77)

R$3.500 a R$6.000 8,0% (n = 35)

R$2.000 a R$3.500 7,8% (n = 34)

R$1.000 a R$2.000 5,3% (n = 23)

Abaixo de R$1.000 3,7% (n = 16)

Idade

≤ 20 36,3% (n = 158)

21 - 25 57,9% (n = 252)

26 - 29 5,8% (n = 25)

Média 21,5

Desvio Padrão 2,26

Mediana 21

Mínimo 18

Máximo 29

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107

4.2 Análises e Resultados

4.2.1 Avaliação do Modelo de Mensuração

O modelo de mensuração define as relações entre as variáveis observadas e os

construtos latentes não observados, permitindo a avaliação de quanto cada item medido se

relaciona com cada fator em particular. Uma análise fatorial confirmatória (CFA) foi realizada

para testar a validade, unidimensionalidade e confiabilidade das escalas utilizadas no modelo

de mensuração.

Dadas a teoria de Prontidão para Tecnologia (Parasuraman, 2000 e PARASURAMAN

& COLBY, 2001) e as quatro dimensões que compõem este construto (cada uma medida por

indicadores próprios), foi estimado um modelo CFA de segunda ordem, com construtos

representando cada uma das quatro dimensões da Prontidão para Tecnologia (Otimismo,

Inovatividade, Desconforto e Insegurança) e servindo como indicadores para um fator de

ordem superior referente à Prontidão para Tecnologia, que por sua vez se relacionou com os

demais construtos presentes no modelo proposto. A solução de segunda ordem é adequada

neste caso pois, além de ser conceitualmente consistente com a teoria relacionada, existem

condições mínimas para a identificação da camada de ordem superior (uma vez que são

quatro os construtos que serviram como indicadores para o construto de Prontidão para

Tecnologia).

Para avaliar o ajuste do modelo de mensuração proposto, diversos índices de ajuste

foram utilizados (tanto incrementais quanto absolutos), uma vez que não existe consenso na

literatura sobre qual índice (ou conjunto de índices) deve ser utilizado para checar o ajuste de

modelos desta natureza (HU & BENTLER, 1999; SIVO et al, 2006; SCHREIBER et al,

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108

2006). O modelo inicial testado, com todos os 70 indicadores medidos no instrumento de

pesquisa, não apresentou bons índices de ajuste, com um RMSEA (mean-squared error of

approximation) de 0,040 (com C.I. de 0,038 até 0,042), um CFI (comparative fit index) de

0,87, um IFI (incremental fit index) de 0,87, um TLI (Tucker-Lewis index) de 0,86 e um valor

significativo para índice qui-quadrado (χ2 = 3831,35, d.f. = 2237, p < 0,001, χ

2/d.f. = 1,71).

Uma análise da matriz de covariância dos resíduos padronizados da CFA indicou diversos

itens que estavam contribuindo para o ajuste fraco do modelo. De acordo com esses

resultados, o modelo foi ajustado e refinado com a eliminação de itens de algumas escalas que

não estavam se encaixando com a estrutura de construtos proposta. Após várias iterações

refinando o modelo restaram 50 indicadores no modelo de mensuração final, do total de 70

itens iniciais que formavam as escalas utilizadas no estudo. Foram eliminados indicadores de

quase todas as escalas utilizadas, com exceção das escalas de Atitude com relação à adoção e

de Intenção de Adoção, que permaneceram com todos os itens que possuíam inicialmente. Os

itens eliminados foram: o item 1 da escala de Vantagem Relativa, os itens 4 e 5 da escala de

Utilidade Percebida, o item 4 da escala de Facilidade de Uso Percebida, o item 4 da escala de

Prazer, o item 2 da escala de Excitação, o item 4 da escala de Domínio, os itens 1 e 5 da

escala de Otimismo, o item 2 da escala de Inovatividade, os itens 5, 6, 7, 8 e 9 da escala de

Desconforto e os itens 5, 6, 7, 8, e 9 da escala de Insegurança.

O modelo de mensuração final, com 50 indicadores, apresentou bons índices de ajuste

(RMSEA = 0,033 com C.I. de 0,029 até 0,036; CFI = 0.95; IFI = 0.95; TLI = 0.94; χ2 =

1666,06, d.f. = 1135, p < 0,001, χ2/d.f. = 1,47), representando uma melhora significativa em

relação ao modelo inicial. Quando avaliados em conjunto, esses índices finais sugerem um

ajuste satisfatório dos dados para o modelo proposto (HU & BENTLER, 1999; SCHREIBER

et al, 2006).

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109

4.2.2 Validade e Confiabilidade dos Construtos

Segundo Hair et al (2009), a validade de um construto é composta de quatro

componentes: validade convergente, validade discriminante, validade de face e validade

nomológica.

A validade de face (a consistência do conteúdo de cada item com o construto que ele

mede) para todas as escalas utilizadas foi garantida durante o desenvolvimento do instrumento

de pesquisa, com a escolha de escalas já utilizadas na literatura, a tradução criteriosa destas

escalas para o português, a avaliação de cada item por pesquisadores experientes de

comportamento do consumidor e os pré-testes conduzidos com pequenas amostras da

população de interesse.

A validade nomológica, por sua vez, examina se as correlações entre os construtos da

teoria de mensuração aplicada fazem sentido. Uma maneira de analisar a validade nomológica

é avaliar a matriz de correlação entre construtos, com o intuito de verificar se os construtos se

relacionam entre si de acordo com o previsto pela teoria. De acordo com a revisão de

literatura realizada e os modelos de aceitação de tecnologia relacionando cognição e emoções

de Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008), é esperada uma relação positiva entre os

construtos que medem a avaliação cognitiva da tecnologia e os construtos que medem

emoções, além de uma relação positiva entre esses e os construtos de atitude e intenção de

adoção de novas tecnologias. Da mesma forma, os estudos de Lin et al (2007) e Pires e Costa

(2008) verificam relações positivas entre a prontidão para tecnologia, construtos cognitivos e

intenção de adoção. Não existem estudos relacionando diretamente a prontidão para

tecnologia com construtos afetivos (sendo esta uma das grandes contribuições desta pesquisa),

mas, dada a teoria exposta durante na revisão de literatura, espera-se que a prontidão para

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110

tecnologia tenha também relações positivas com os construtos afetivos avaliados. O quadro

4.1 apresenta a matriz de correlação entre todos os construtos estudados.

Quadro 4.1: Matriz de Correlação entre Construtos

TR DOM EXC PZR RA INT ATT PEOU PU

TR 1 0,213 0,384 0,302 0,362 0,3 0,454 0,291 0,185

DOM 0,213 1 0,279 0,333 0,262 0,285 0,298 0,362 0,308

EXC 0,384 0,279 1 0,736 0,448 0,552 0,606 0,146 0,503

PZR 0,302 0,333 0,736 1 0,501 0,542 0,718 0,239 0,537

RA 0,362 0,262 0,448 0,501 1 0,56 0,685 0,12 0,547

INT 0,3 0,285 0,552 0,542 0,56 1 0,711 0,138 0,575

ATT 0,454 0,298 0,606 0,718 0,685 0,711 1 0,271 0,565

PEOU 0,291 0,362 0,146 0,239 0,12 0,138 0,271 1 0,055*

PU 0,185 0,308 0,503 0,537 0,547 0,575 0,565 0,055* 1

* = correlação não significativa

Onde:

TR = Prontidão para Tecnologia

DOM = Domínio

EXC = Excitação

PZR = Prazer

RA = Vantagem Relativa

INT = Intenção de Adoção

ATT = Atitude em relação à Adoção

PEOU = Facilidade de Uso Percebida

PU = Utilidade Percebida

Quase todas as correlações expostas no quadro 4.1 foram significativas a um nível de

significância de 0,001. Entre as que não eram significativas a esse nível, estão as correlações

entre Utilidade Percebida / Prontidão para Tecnologia, Facilidade de Uso Percebida /

Intenção de Adoção e Domínio / Prontidão para Tecnologia, que foram significativas a um

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nível de 0,01. Por sua vez, as correlações entre Facilidade de Uso Percebida / Vantagem

Relativa e Facilidade de Uso Percebida / Excitação foram significativas a um nível de 0,05. A

única correlação que, apesar de positiva como esperado, não apresentou significância (p =

0,307) foi a correlação entre Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida. De qualquer

forma, uma vez que todas as outras correlações são positivas e consistentes com a teoria

aplicada, essa única exceção não é preocupante (HAIR et al, 2009), podendo-se desta forma

concluir que os construtos utilizados apresentam validade nomológica.

Com relação à consistência interna e confiabilidade das escalas utilizadas, a tabela 4.2

lista os coeficientes alfa de Cronbach calculados para as escalas revisadas (contendo somente

os itens presentes no modelo de mensuração final) e as confiabilidades compostas para cada

construto. De acordo com Nunally e Bernstein (1994), Fornell e Larcker (1981) e Hair et al

(2009), coeficientes alfa maiores do que 0,8 são considerados bons, enquanto coeficientes

entre 0,7 e 0,8 são considerados aceitáveis. Em relação à confiabilidade composta, que reflete

a consistência interna de indicadores que medem um mesmo fator (FORNELL & LARCKER,

1981), recomenda-se níveis acima de 0,7. Conforme pode ser observado por meio da tabela

4.2, todas as escalas utilizadas atendem aos níveis mínimos de confiabilidade considerados

adequados pela literatura, com todas apresentando valores acima de 0,7 tanto para o

coeficiente alfa quanto para a confiabilidade composta. Estes resultados estão de acordo com

as confiabilidades encontradas na literatura para as escala utilizadas (LUND, 2001; MOORE

& BENBASAT, 1991; MEHRABIAN & RUSSEL, 1974, BAGOZZI et al, 1992;

MACKENZIE et al, 1986; SOUZA & LUCE, 2005 e KULVIWAT et al, 2007).

No que diz respeito à validade convergente, foi calculada a variância extraída média

para cada construto (average variance extracted - AVE). Os resultados são apresentados na

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112

tabela 4.2. Fornell e Larcker (1981) afirmam que estimativas de AVE maiores do que 0,50

indicam validade convergente adequada. Todos os valores de AVE calculados estão entre

0,50 e 0,89 (acima do nível recomendado de 0,50), evidenciando a validade convergente das

escalas utilizadas.

Tabela 4.2: Confiabilidade, Confiabilidade Composta e Variância Extraída Média

Escala Confiabilidade

(α)

Confiabilidade

Composta

Variância

Extraída

Média (AVE)

Utilidade Percebida 0,81 0,76 0.77

Facilidade de Uso Percebida 0,94 0,88 0.89

Vantagem Relativa 0,89 0,80 0.82

Prazer 0,79 0,73 0.71

Excitação 0,77 0,71 0.62

Domínio 0,76 0,71 0.68

Otimismo 0,78 0,72 0.50

Inovatividade 0,81 0,75 0.65

Desconforto 0,75 0,70 0.76

Insegurança 0,85 0,78 0.51

Atitude 0,90 0,80 0.83

Intenção de Adoção 0,91 0,87 0.88

Foram também examinadas as cargas fatoriais padronizadas para cada variável

observável (itens) nas variáveis latentes (construtos), juntamente com suas respectivas

significâncias. Quanto maiores forem essas cargas mais fortes são as evidências de que as

variáveis medidas representam os construtos subjacentes aos quais estão associadas,

indicando validade convergente e unidimensionalidade. Garver e Mentzer (1999) sugerem que

estimativas de parâmetros maiores do que 0,70, significativas e na direção esperada pela

teoria apontam para a unidimensionalidade e validade convergente de um construto. A tabela

4.3 apresenta as cargas fatoriais padronizadas e suas significâncias para cada indicador

presente no modelo de mensuração estimado.

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113

Tabela 4.3: Cargas Fatoriais Padronizadas

Construto/Indicador Carga Fatorial

Padronizada p-value

Utilidade Percebida

PU1 0,79 <0.001

PU2 0,85 <0.001

PU3 0,75 <0.001

Facilidade de Uso Percebida

PEOU1 0,83 <0.001

PEOU2 0,92 <0.001

PEOU3 0,92 <0.001

PEOU5 0,89 <0.001

Vantagem Relativa

RA2 0,83 <0.001

RA3 0,89 <0.001

RA4 0,86 <0.001

RA5 0,72 <0.001

Prazer

PZR1 0,75 <0.001

PZR2 0,73 <0.001

PZR3 0,68 <0.001

Excitação

EXC1 0,65 <0.001

EXC3 0,75 <0.001

EXC4 0,79 <0.001

Domínio

DOM1 0,53 <0.001

DOM2 0,82 <0.001

DOM3 0,68 <0.001

Prontidão para Tecnologia

Otimismo 0,91 <0.001

Inovatividade 0,80 <0.001

Desconforto -0,62 0,038

Insegurança -0,71 <0.001

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Otimismo

OTM2 0,63 <0.001

OTM3 0,75 <0.001

OTM4 0,80 <0.001

OTM6 0,70 <0.001

OTM7 0,75 <0.001

OTM8 0,68 <0.001

OTM9 0,73 <0.001

OTM10 0,69 <0.001

Inovatividade

INOV1 0,75 <0.001

INOV3 0,72 <0.001

INOV4 0,73 <0.001

INOV5 0,64 <0.001

INOV6 0,80 <0.001

INOV7 0,73 <0.001

Desconforto

DESC1 0,71 <0.001

DESC2 0,70 <0.001

DESC3 0,76 <0.001

DESC4 0,64 <0.001

DESC10 0,55 <0.001

Insegurança

INSEG1 0,84 <0.001

INSEG2 0,89 <0.001

INSEG3 0,72 <0.001

INSEG4 0,68 <0.001

Atitude em relação à Adoção

ATT1 0,89 <0.001

ATT2 0,82 <0.001

ATT3 0,77 <0.001

ATT4 0,83 <0.001

Intenção de Adoção

INT1 0,87 <0.001

INT2 0,95 <0.001

INT3 0,82 <0.001

Analisando a tabela 4.3, nota-se inicialmente que as cargas fatoriais de todos os

indicadores são significativas e apresentam a direção esperada. Ao avaliar a magnitude das

cargas estimadas observa-se que a grande maioria é superior ao valor 0,70 sugerido por

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Garver e Mentzer (1999). No entanto, alguns parâmetros apresentam valores inferiores a 0,70,

dois deles inclusive sendo abaixo de 0,60. De qualquer maneira, uma vez que todas as cargas

estimadas são significativas e apresentam magnitude boa ou ao menos razoável, julgam-se

verificadas a unidimensionalidade e a validade convergente dos construtos.

Para a avaliação de validade discriminante, os itens devem se relacionar mais

fortemente com os construtos aos quais deveriam se referir do que com outros construtos

presentes no modelo, com a variância compartilhada entre os itens de cada construto devendo

ser maior do que a variância compartilhada entre o construto e outros construtos. Para

verificar isso, Fornell e Larcker (1981) sugerem a comparação da variância extraída média

(AVE) de cada construto com a variância compartilhada (o quadrado do coeficiente de

correlação) entre todos os pares de construtos. A validade discriminante é verificada quando

todos os construtos apresentam variâncias extraídas maiores do que as respectivas variâncias

compartilhadas.

O quadro 4.2 apresenta uma matriz para a análise da validade discriminante, com a

diagonal principal contendo a AVE para cada construto e as demais células apresentando o

quadrado dos coeficientes de correlação entre cada par de construtos. Analisando esse quadro,

observa-se que todas as variâncias compartilhadas são inferiores à variância extraída pelos

itens que medem os construtos, indicando validade discriminante adequada.

Por fim, analisando coletivamente todos os resultados apresentados para a análise

fatorial confirmatória, julga-se que o modelo de mensuração proposto atende os requisitos

desejados de confiabilidade, unidimensionalidade, validade de face, validade nomológica,

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116

validade convergente e validade discriminante, sendo portanto possível a investigação das

relações entre os construtos latentes por meio de um modelo estrutural.

Quadro 4.2: Matriz de Validade Discriminante

TR DOM EXC PZR RA INT ATT PEOU PU

TR 0,62 0,05 0,15 0,09 0,13 0,09 0,21 0,08 0,03

DOM 0,05 0,68 0,08 0,11 0,07 0,08 0,09 0,13 0,09

EXC 0,15 0,08 0,62 0,54 0,20 0,30 0,37 0,02 0,25

PZR 0,09 0,11 0,54 0,71 0,25 0,29 0,52 0,06 0,29

RA 0,13 0,07 0,20 0,25 0,82 0,31 0,47 0,01 0,30

INT 0,09 0,08 0,30 0,29 0,31 0,88 0,51 0,02 0,33

ATT 0,21 0,09 0,37 0,52 0,47 0,51 0,82 0,07 0,32

PEOU 0,08 0,13 0,02 0,06 0,01 0,02 0,07 0,89 0,00

PU 0,03 0,09 0,25 0,29 0,30 0,33 0,32 0,00 0,77

4.2.3 Análise do Modelo Estrutural

A técnica de modelagem de equações estruturais (SEM) foi utilizada, por meio do

software AMOS 18, para testar o modelo proposto e as hipóteses da pesquisa. Em SEM, a

significância dos coeficientes estimados para as relações presentes no modelo indica se cada

hipótese de relação entre construtos se verifica ou não (BYRNE, 2010). Anderson e Gerbing

(1988) sugerem que o modelo proposto seja comparado com modelos alternativos (ou rivais).

Para tal comparação, é realizada inicialmente a modelagem da estrutura proposta e a

verificação da sua adequabilidade por meio dos índices de ajuste relevantes. Em um segundo

momento, o ajuste do modelo proposto é comparado com o ajuste obtido em modelos rivais,

permitindo a avaliação da força e relevância de diferentes relações entre os construtos. O

modelo estrutural foi analisado após as modificações propostas para o modelo de mensuração

inicial, utilizando portanto os indicadores e construtos presentes no modelo de mensuração

final exposto anteriormente.

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117

4.2.3.1 Normalidade dos Dados

Uma premissa importante para a elaboração de modelos de equações estruturais por

meio de estimação por Máxima Verossimilhança (ML) é que os dados apresentem uma

distribuição multivariada normal. No entanto, como já exposto no Capítulo 3, Olsson et al

(2000) afirmam que estimações via ML são robustas contra violações da premissa de

normalidade, sendo até mais precisas e estáveis do que outras técnicas de estimação que não

possuem essa premissa.

De qualquer forma, antes da análise dos resultados, foi avaliada se a condição de

normalidade multivariada foi satisfeita. Particularmente problemática para SEM é a curtose

multivariada dos dados, que ocorre quando a distribuição multivariada das variáveis

observadas possui tanto caudas quanto picos que diferem das características de uma

distribuição normal multivariada (RAYKOV & MARCOULIDES, 2000). Além disso, um

pré-requisito necessário, mas não suficiente, para a verificação de normalidade multivariada é

a normalidade univariada das variáveis utilizadas (DECARLO, 1997). Analisando os

resultados para a avaliação de normalidade disponibilizados pelo AMOS 18 (tabela 4.4), onde

são fornecidas as curtoses univariadas para cada indicador, nota-se que os valores da curtose

univariada para todos os 50 itens utilizados no modelo foram inferiores a 3,7 (com a maioria

sendo inferior a 1). Bryne (2010) sugere que somente valores de curtose maiores do que 7,0

são preocupantes. Com isto, conclui-se que nenhum dos itens utilizados revelaram curtose

univariada substancial. Por outro lado, a curtose multivariada apresentada pelos dados foi de

237,34, com razão crítica (critical ratio - C. R.) de 34,32. O valor do C. R. representa a

estimativa normalizada de Mardia (1970) para a curtose multivariada e, na prática, deve ser

menor do que 5,0 para indicar normalidade multivariada (BYRNE, 2010). Sendo assim, o

valor de 34,32 observado indica fortemente que os dados da pesquisa não apresentam

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118

normalidade multivariada. Mesmo com esse resultado, será utilizada a estimação via ML,

baseado nos resultados de Olsson et al (2000), Kulviwat et al (2007), Nasco et al (2008) e na

impossibilidade da utilização de outros métodos de estimação devido ao tamanho da amostra.

Tabela 4.4: Curtose univariada para cada item

Item Curtose Item Curtose

ATT1 0,376 INT1 -0,019

ATT2 0,064 INT2 -0,411

ATT3 -0,376 INT3 -0,004

ATT4 0,134 OTM10 -0,420

DESC1 -0,996 OTM2 0,013

DESC10 -0,597 OTM3 0,619

DESC2 -1,090 OTM4 0,483

DESC3 -1,014 OTM6 3,702

DESC4 -0,945 OTM7 -0,082

DOM1 -0,524 OTM8 0,503

DOM2 -0,495 OTM9 0,048

DOM3 0,030 PEOU1 0,108

EXC1 -0,510 PEOU2 0,313

EXC3 0,160 PEOU3 0,035

EXC4 -0,130 PEOU5 0,053

INOV1 -0,617 PU1 0,653

INOV3 -0,950 PU2 0,820

INOV4 0,279 PU3 1,319

INOV5 0,071 PZR1 -0,674

INOV6 -0,461 PZR2 0,852

INOV7 -0,018 PZR3 -0,019

INSEG1 -1,284 RA2 -0,658

INSEG2 -1,371 RA3 -0,759

INSEG3 -0,504 RA4 -0,565

INSEG4 -1,111 RA5 -0,653

4.2.3.2 Ajuste do Modelo Proposto

O ajuste do modelo CART proposto (figura 4.1 - Modelo #1) foi examinado com o uso

de diversos índices de ajuste (GARVER & MENTZER, 1999; HAIR et al, 2009).

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119

Figura 4.1 – Modelo de Aceitação e Prontidão do Consumidor para Tecnologia (Modelo #1)

A estatística qui-quadrado obtida para o modelo foi estatisticamente significativa (χ2 =

1920,75, d.f. = 1158, p < 0,001). De qualquer forma, sabe-se que ela deve ser interpretada

com cautela, uma vez que é sensível ao tamanho da amostra e a violações da premissa de

normalidade (Bentler, 1990). Todos os outros índices indicaram um bom ajuste do modelo

aos dados. A razão χ2/d.f. foi de 1,66, inferior ao valor de 3,0 sugerido por Byrne (2010).

Além disso, os índices de ajuste incrementais foram maiores do que 0,90, com um CFI

(comparative fit index) de 0,92, um TLI (Tucker-Lewis index) de 0,91 e um IFI (incremental

fit index) de 0,92. Por sua vez, os índices de ajuste absoluto apresentaram valores abaixo do

limite de 0,08 estabelecido pela literatura (HU & BENTLER, 1999; BYRNE, 2010; HAIR et

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120

al, 2009), indicando também um bom ajuste do modelo. O RMSEA (root-mean-square error

of approximation) foi de 0,039 (C. I. de 0,036 a 0,042) e o SRMR (standardized root mean-

square residual) foi de 0,068. Estes resultados encontram-se resumidos na tabela 4.5. Dados

os índices apresentados, conclui-se que o ajuste do modelo proposto é satisfatório.

Tabela 4.5: Índices de Ajuste do Modelo CART

Índice de Ajuste Modelo

Proposto

Valor sugerido pela

literatura

χ2/d.f. 1,66 ≤ 3

CFI 0,92 ≥ 0,90

TLI 0,91 ≥ 0,90

IFI 0,92 ≥ 0,90

RMSEA 0,039 ≤ 0,08

SRMR 0,068 ≤ 0,08

4.2.3.3 Teste das Hipóteses de Pesquisa

Após a verificação do ajuste dos modelo de mensuração e estrutural propostos, foram

avaliados os coeficientes estimados para as relações causais entre os construtos (Figura 4.1).

A verificação de cada uma das hipóteses da pesquisa foi realizada com a análise da

magnitude, direção e significância dos coeficientes padronizados estimados por meio do

modelo estrutural (BYRNE, 2010; KULVIWAT et al, 2007). Uma relação foi considerada

significativa se o p-value para o teste t associado ao coeficiente estimado foi inferior a um

nível de significância de 0,05 (BYRNE, 2010; HAIR et al, 2009). Os coeficientes estimados

para o modelo proposto, juntamente com as hipóteses de pesquisa e significâncias associadas,

encontram-se expostos na tabela 4.6 e ilustrados na figura 4.2.

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Tabela 4.6: Coeficientes Padronizados Estimados, Hipóteses e Significâncias

para o Modelo Estrutural Proposto (Modelo #1)

Relação Proposta Coeficiente

Padronizado p-value

Hipótese

Verificada

H1: TR → RA 0,63 < 0,001 sim

H2: TR → PU 0,44 < 0,001 sim

H3: TR → PEOU 0,32 < 0,001 sim

H4: TR → PZR 0,86 < 0,001 sim

H5: TR → EXC 0,80 < 0,001 sim

H6: TR → DOM 0,42 < 0,001 sim

H7: RA → PU 0,31 < 0,001 sim

H8: PEOU → PU -0,12 0,018 não

H9: PU → ATT 0,26 < 0,001 sim

H10: PZR → ATT 0,51 < 0,001 sim

H11: EXC → ATT 0,18 0,023 sim

H12: DOM → ATT 0,01 0,909 não

H13: ATT → INT 0,73 < 0,001 sim

Onde:

TR = Prontidão para Tecnologia PU = Utilidade Percebida

DOM = Domínio PEOU = Facilidade de Uso Percebida

EXC = Excitação RA = Vantagem Relativa

PZR = Prazer ATT = Atitude

INT = Intenção de Adoção

Analisando os resultados presentes na tabela 4.6 e na figura 4.2, observa-se que foi

obtido suporte empírico para 11 das 13 hipóteses de pesquisa formuladas, com relações

significativas entre os construtos relacionados sendo observadas no modelo estrutural

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proposto (quase todas as relações foram significativas a um nível de 0,001, com duas sendo

significativas a um nível de 0,05).

Figura 4.2 – Coeficientes Padronizados Estimados para o CART (Modelo #1)

(* indica p-value < 0,05; ** indica p-value < 0,001)

As hipóteses H1 até H6 representam os efeitos da prontidão para tecnologia do

consumidor sobre os construtos cognitivos e afetivos relativos à avaliação do produto de alta

tecnologia pelo consumidor presentes no modelo. Todos esses efeitos foram considerados

significativos (p-value < 0,001), verificando assim as hipóteses de pesquisa que afirmavam

que a prontidão para tecnologia teria efeitos diretos e positivos (o sinal de todos os

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123

coeficientes é positivo) sobre a vantagem relativa, a utilidade percebida, a facilidade de uso

percebida, o prazer, a excitação e o domínio.

As relações entre a prontidão para tecnologia e os construtos cognitivos da avaliação

(H1, H2 e H3) estão de acordo com as encontradas por Lin et al (2007), fortalecendo a noção

de que a prontidão para tecnologia do consumidor influencia sua avaliação cognitiva das

mesmas.

As relações entre as emoções relacionadas ao novo produto e a prontidão para

tecnologia (H4, H5 e H6) nunca haviam sido testadas na literatura. No entanto, dado o conceito

de emoções relacionadas a novas tecnologias investigado por Kulviwat et al (2007) e Nasco et

al (2008), esperava-se que fosse observado um efeito direto e positivo da prontidão para

tecnologia, que mede a predisposição do consumidor com relação a tecnologia

(PARASURAMAN, 2000; PARASURAMAN & COLBY, 2001), sobre as avaliações

emocionais do consumidor em relação a determinado produto de alta tecnologia.

Sendo assim, o modelo estrutural proposto mostra a importância da prontidão para

tecnologia na formação dos julgamentos afetivos e cognitivos do consumidor a respeito de

uma nova tecnologia. Por meio da magnitude dos coeficientes estimados, nota-se que os

efeitos da prontidão para tecnologia são mais pronunciados com relação a prazer, excitação e

vantagem relativa (coeficientes padronizados de 0,86, 0,80 e 0,63, respectivamente), sendo

um pouco mais fracos quando se trata de utilidade percebida (0,44), facilidade de uso

percebida (0,32) e domínio (0,42).

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No que diz respeito ao efeito dos construtos cognitivos sobre a atitude em relação à

adoção (H7, H8 e H9), observa-se que a utilidade percebida possui um efeito direto e positivo

sobre a atitude, mediando também os efeitos indiretos da facilidade de uso percebida e da

vantagem relativa sobre a atitude em relação à adoção. Esses resultados corroboram os

achados de Davis et al (1989), Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008). Apesar de o efeito

da facilidade de uso percebida sobre a utilidade percebida ter sido significativo (p-value =

0,018), não foi verificada H8, uma vez que se esperava um efeito positivo direto da facilidade

de uso percebida sobre a utilidade percebida. O que se observou foi um efeito direto negativo

da facilidade de uso sobre a utilidade percebida. Tal efeito, apesar de fraco (coeficiente

padronizado de -0,12), é inesperado e contraria os resultados de Davis et al (1989), Venkatesh

e Morris (2000), Kulviwat et al (2007) e Lin et al (2007), onde foram encontrados efeitos

positivos para esta relação.

Avaliando as relações entre emoções e a atitude em relação à adoção, verifica-se que,

de acordo com o que havia sido observado por Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008), o

prazer e a excitação possuem efeito direto, positivo e significativo sobre a atitude com relação

à adoção (confirmando as hipóteses H10 e H11), enquanto o domínio não apresenta efeito

significativo (p-value = 0,909).

Analisando a magnitude dos efeitos diretos sobre a atitude em relação à adoção, nota-

se que o maior efeito é proveniente do prazer (coeficiente padronizado de 0,51), seguido pela

utilidade percebida (0,26) e pela excitação (0,18).

Por fim, verifica-se um forte e significativo efeito da atitude em relação à adoção

sobre a intenção de adoção de novas tecnologias (coeficiente padronizado de 0,73, p-value <

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125

0,001), confirmando que os consumidores com atitudes positivas em relação a uma nova

tecnologia apresentam maiores intenções de adotá-la, com a atitude funcionando como

mediadora das avaliações cognitivas e emocionais a respeito da tecnologia (DAVIS et al,

1989; VENKATESH & MORRIS, 2000; KULVIWAT et al, 2007 e NASCO et al, 2008).

4.2.4 Comparação com Modelos Alternativos

De acordo com as sugestões de Anderson e Gerbing (1988), é interessante realizar a

comparação do modelo proposto com modelos alternativos com o objetivo de avaliar a força

e relevância de diferentes relações entre os construtos. Para tanto, foram testados diversos

modelos rivais, que tiveram então seus índices de ajuste e relações estimadas entre construtos

comparados com o modelo estrutural apresentado anteriormente para o CART. As alterações

realizadas focaram a relação entre os construtos cognitivos e a atitude com relação a adoção,

particularmente devido ao fato de o modelo inicial ter apresentado um inesperado coeficiente

padronizado negativo para o efeito direto da facilidade de uso percebida sobre a utilidade

percebida e também por razão da magnitude do efeito dos construtos cognitivos sobre a

atitude ter sido inferior ao efeito da emoção prazer.

Além de alternativas para o modelo CART proposto, para que fosse realizado o teste

da décima quarta hipótese da pesquisa (H14: O modelo CART explica uma maior proporção

da variância da atitude com relação à adoção de novas tecnologias pelo consumidor do que o

modelo CAT) foi ajustado o modelo CAT de Kulviwat et al (2007) para os dados coletados na

pesquisa. O CAT foi replicado exatamente como especificado por Kulviwat et al (2007) e a

proporção da variância explicada da atitude com relação à adoção de novas tecnologias

apresentada pelo modelo foi comparada com o modelo CART final para a verificação de H14.

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Uma vez que os dados permitiam, foi testado também o modelo TAM de Davis et al (1989),

que teve a sua proporção da variância explicada da atitude comparada com o CART e o CAT.

Todos os modelos alternativos (incluindo o CAT e o TAM) foram testados com base

no modelo de mensuração final apresentado, sendo usados portanto sempre os mesmos

indicadores para cada construto presente nos diferentes modelos. Para a comparação dos

modelos alternativos com o modelo CART proposto inicialmente (Modelo #1, figura 4.1),

além da análise dos seus respectivos índices de ajuste, foram realizado testes qui-quadrado

(χ2) para a diferença de ajuste entre modelos (Schreiber et al, 2006; Byrne, 2010). Um teste

qui-quadrado significativo para a diferença entre os índices χ2 de cada modelo (Δχ

2) indica

que o modelo alternativo apresentou um melhor ajuste aos dados do que o Modelo #1.

4.2.4.1 Construtos cognitivos: efeitos diretos sobre atitude (Modelo #2)

O primeiro modelo alternativo testado (Modelo #2) retirou do Modelo #1 o efeito

mediador da utilidade percebida com relação aos demais construtos cognitivos (vantagem

relativa e facilidade de uso percebida) e permitiu que cada um dos três construtos cognitivos

tivessem efeitos diretos sobre a atitude com relação à adoção do consumidor. Conforme

ilustra a figura 4.3, as demais relações do Modelo #1 permaneceram inalteradas.

Kulviwat et al (2007) já haviam testado os efeitos diretos da facilidade de uso

percebida e da vantagem relativa sobre a atitude, mas tais efeitos se mostraram não

significativos no estudo realizado pelos autores. Kulviwat et al (2007) verificaram, no

entanto, efeitos indiretos significativos mediados pela utilidade percebida (conforme testado

no Modelo #1). O ajuste realizado para o Modelo #1 apresenta efeitos significativos tanto da

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vantagem relativa quanto da facilidade de uso percebida sobre a utilidade percebida,

indicando, no entanto, um efeito negativo inesperado da facilidade de uso sobre a utilidade.

Desta forma, o Modelo #2, além de testar o efeito direto dos construtos cognitivos sobre a

atitude, testou também se a relação negativa da facilidade de uso percebida mediada pela

utilidade percebida se mantém quando somente o efeito direto é considerado. Os resultados

obtidos para o Modelo #2 foram analisados mais adiante (tabela 4.7), juntamente com os

resultados do Modelo #3.

Figura 4.3 – Modelo CART Alternativo: Modelo #2

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128

4.2.4.2 Construtos cognitivos: efeitos diretos e indiretos sobre atitude em relação à

adoção (Modelo #3)

Diferentemente do Modelo #2, o Modelo #3 manteve os efeitos indiretos da vantagem

relativa e facilidade de uso percebida sobre a atitude em relação à adoção mediados pela

utilidade percebida, adicionando simultaneamente os efeitos diretos destes dois construtos

sobre a atitude. A Figura 4.4 ilustra o Modelo #3. Mais uma vez, permaneceram inalteradas as

relações do Modelo #1 relacionadas à prontidão para tecnologia e aos construtos afetivos.

Figura 4.4 – Modelo CART Alternativo: Modelo #3

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129

4.2.4.3 Comparação dos Modelos #1, #2 e #3

A tabela 4.7 apresenta simultaneamente os índices de ajustes obtidos para as três

alternativas para o modelo CART avaliadas: Modelos #1, #2 e #3.

Tabela 4.7: Comparação dos Índices de Ajuste dos Modelos CART #1, #2 e #3

Índice de Ajuste Modelo

#1

Modelo

#2

Modelo

#3

χ2 1920,75 1879,82 1852,79

χ2/d.f. 1,66 1,62 1,60

CFI 0,92 0,93 0,93

TLI 0,91 0,92 0,92

IFI 0,92 0,93 0,93

RMSEA 0,039 0,038 0,037

SRMR 0,068 0,067 0,066

A análise dos resultados da tabela 4.7 mostra resultados bastante similares de todos os

índices de ajuste para os três modelos, com pequenas melhoras sendo observadas nos

Modelos #2 e #3 em relação ao Modelo #1. O teste qui-quadrado para diferença de ajuste

entre os modelos é significativo tanto para o Modelo #2 (Δχ2 = 40,93, p-value < 0,01) quanto

para o Modelo #3 (Δχ2 = 67,96, p-value < 0,01), indicando que os modelos alternativos

apresentam de fato melhorias em relação ao Modelo #1. Tais resultados confirmam que a

adição dos efeitos diretos entre cada construto cognitivo e atitude com relação à adoção é

interessante para o modelo CART.

Com relação aos coeficientes padronizados estimados para os Modelos #2 e #3,

conforme expostos na tabela 4.8, todos foram significativos (p-value < 0,001) para as relações

entre prontidão para tecnologia e os construtos cognitivos e afetivos (relacionados à avaliação

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de um produto de alta tecnologia), assim como no Modelo #1. Da mesma forma, tanto para o

Modelo #2 quanto para o Modelo #3, as relações entre as emoções e atitude em relação à

adoção permaneceram inalteradas: prazer e excitação tiveram efeito direto significativo sobre

a atitude, enquanto domínio continuou apresentando um coeficiente não significativo,

replicando as relações que haviam sido vistas no Modelo #1.

Tabela 4.8: Coeficientes Padronizados Estimados e Significâncias

para os Modelos Estruturais Alternativos (Modelos #2 e #3)

Relação Proposta Modelo

#2 p-value

Modelo

#3 p-value

TR → RA 0,645 < 0,001 0,585 < 0,001

TR → PU 0,650 < 0,001 0,477 < 0,001

TR → PEOU 0,270 < 0,001 0,311 < 0,001

TR → PZR 0,819 < 0,001 0,833 < 0,001

TR → EXC 0,792 < 0,001 0,805 < 0,001

TR → DOM 0,421 < 0,001 0,430 < 0,001

RA → PU n.a. n.a. 0,284 < 0,001

PEOU → PU n.a. n.a. -0,129 0,009

RA → ATT 0,368 < 0,001 0,376 < 0,001

PEOU → ATT 0,104 0,003 0,098 0,006

PU → ATT 0,137 0,004 0,135 0,007

PZR → ATT 0,359 < 0,001 0,363 < 0,001

EXC → ATT 0,137 0,038 0,133 0,048

DOM → ATT -0,029 0,909 -0,031 0,453

ATT → INT 0,730 < 0,001 0,730 < 0,001

No que diz respeito aos efeitos diretos entre os construtos cognitivos e a atitude em

relação à adoção, tanto o Modelo #2 quanto o Modelo #3 apontam para efeitos diretos

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positivos e significativos da vantagem relativa, utilidade percebida e facilidade de uso

percebida sobre a atitude em relação à adoção. No Modelo #3, nota-se ainda que tanto os

efeitos diretos da vantagem relativa e facilidade de uso percebida quanto os efeitos indiretos

mediados pela utilidade percebida são significativos. Chama-se a atenção também para o fato

de a vantagem relativa possuir um coeficiente de magnitude 0,368 para o Modelo #2 e 0,376

para o Modelo #3, sendo assim o efeito sobre a atitude mais relevante em ambos os modelos

(diferentemente do Modelo #1, onde o efeito com maior coeficiente havia sido o prazer). O

efeito direto da facilidade de uso percebida na atitude em relação à adoção, por sua vez, não

foi tão grande (0,104 no Modelo #2 e 0,098 no Modelo #3), apesar de positivo e significativo.

Tais resultados fortalecem a conclusão de que a adição dos efeitos diretos de facilidade de uso

percebida e vantagem relativa sobre a atitude em relação à adoção contribui para uma

melhoria do modelo CART.

Sendo assim, uma vez que o ajuste do Modelo #3 é superior ao do Modelo #2 (Δχ2 =

27,03, p-value < 0,01), sugere-se que o Modelo CART final seja o Modelo #3 e não o Modelo

#1.

4.2.4.4 Modelo CAT e Modelo TAM

Para ser possível a comparação da proporção da variância explicada da atitude com

relação à adoção de novas tecnologias entre o modelo CART e o modelo CAT (H14), foi

realizado o ajuste do CAT conforme proposto por Kulviwat et al (2007) para os dados

coletados na pesquisa. O modelo TAM de Davis et al (1989) também foi ajustado, uma vez

que os dados permitiam, servindo como base de comparação para a análise das melhorias na

explicação da variância da atitude com relação à adoção que tanto a adição de construtos

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afetivos (CAT) quanto a adição simultânea de construtos afetivos e da prontidão para

tecnologia (CART) podem significar sobre um modelo que usa somente construtos cognitivos

(TAM). As figuras 4.5 e 4.6 ilustram os modelos CAT e TAM, respectivamente.

Figura 4.5 - Modelo CAT de Kulviwat et al (2007)

Figura 4.6 - Modelo TAM de Davis et al (1989)

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133

A tabela 4.9 apresenta os índices de ajuste para o CAT e para o TAM realizados com

os dados da pesquisa. Ambos os modelos apresentaram índices de ajuste adequados, dentro

dos valores sugeridos pela literatura (BYRNE, 2010; HAIR et al, 2009), com o TAM

inclusive apresentando valores excepcionalmente altos para os índices incrementais (0,99 para

os três índices avaliados).

Tabela 4.9: Índices de Ajuste dos Modelos CAT e TAM

Índice de Ajuste CAT TAM

χ2 883,09 116,68

χ2/d.f. 2,79 1,58

CFI 0,92 0,99

TLI 0,91 0,99

IFI 0,92 0,99

RMSEA 0,064 0,036

A tabela 4.10, por sua vez, apresenta a proporção da variância da atitude com relação à

adoção explicada pelo modelo CART final (Modelo #3), pelo CAT e pelo TAM.

Tabela 4.10: Proporção da Variância da Atitude Explicada pelos

Modelos CART, CAT e TAM

Modelo

Proporção da

Variância da

Atitude Explicada

TAM 39%

CAT 50%

CART (Modelo #3) 71%

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Nota-se que, para os dados do estudo, o modelo TAM original explica

aproximadamente 39% da variância observada na atitude de consumidores com relação à

adoção de novas tecnologias. Este resultado está próximo do que foi obtido em pesquisas

prévias realizadas com o TAM, com o modelo sendo capaz de explicar entre 17% a 33% da

variância da atitude em diferentes cenários (DAVIS et al, 1989; THOMPSON et al 1994;

VENKATESH et al 2003). Com a adição de construtos relativos a emoções na avaliação de

um novo produto de alta tecnologia, o modelo CAT consegue uma melhora de

aproximadamente 28% na explicação da variância da atitude em relação ao TAM (50% versus

39%). Comparativamente, o CAT de Kulviwat et al (2007) foi capaz de explicar uma

proporção maior da variância da atitude do que o CAT ajustado nesta pesquisa (62% contra

50%). O modelo CART proposto neste trabalho, por sua vez, atinge um nível bem superior

aos modelos TAM e CAT, com a adição do construto prontidão para tecnologia no modelo

representando um aumento de 42% na explicação da variância observada na atitude em

relação à adoção de novas tecnologias vista no CAT e uma melhoria de 82% quando

comparado ao TAM.

Os resultados apresentados fornecem suporte empírico para a hipótese quatorze da

pesquisa (H14: O modelo CART explica uma maior proporção da variância da atitude com

relação à adoção de novas tecnologias pelo consumidor do que o modelo CAT). Além disso,

tais resultados mostram que a união de crenças, emoções e avaliações cognitivas do

consumidor, conforme proposto neste trabalho, gera um modelo capaz de explicar melhor a

atitude de consumidores com relação à adoção de novas tecnologias do que modelos que não

levem em consideração todas essas dimensões.

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135

4.3 Discussão dos Resultados

Nesta seção são discutidos os resultados da pesquisa e suas implicações. Os resultados

apresentados comprovam o bom ajuste do modelo proposto e fornecem evidências da

relevância das relações propostas entre a prontidão para a tecnologia de consumidores e os

construtos cognitivos e afetivos relativos à avaliação pelo consumidor de um novo produto.

Além disso, em termos de variância explicada da atitude do consumidor com relação à adoção

de uma nova tecnologia, fica claro que o modelo CART fornece uma solução com maior

poder explicativo do que modelos de aceitação de tecnologia presentes na literatura (TAM e

CAT). A figura 4.7 ilustra a versão final do modelo CART proposto, incluindo somente as

relações que foram verificadas no estudo.

Figura 4.7 - Modelo CART Final

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136

Com relação às hipóteses da pesquisa, 12 das 14 hipóteses formuladas foram

verificadas. A tabela 4.11 apresenta um resumo dos resultados encontrados para cada uma das

hipóteses.

Tabela 4.11: Resumo dos Resultados dos Testes de Hipóteses

Hipótese de Pesquisa Hipótese

Verificada

Hipóteses relacionadas à prontidão para tecnologia

H1: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre a

vantagem relativa percebida por um consumidor em um produto de alta

tecnologia.

sim

H2: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre a

utilidade percebida por consumidores em um produto de alta tecnologia. sim

H3: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre a

facilidade de uso percebida por um consumidor em um produto de alta

tecnologia.

sim

H4: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre o

prazer sentido por consumidores em relação a um produto de alta tecnologia. sim

H5: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre a

excitação sentida por consumidores em relação a um produto de alta

tecnologia.

sim

H6: A prontidão para tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre o

domínio sentido por consumidores em relação a um produto de alta

tecnologia.

sim

Hipóteses relacionadas aos construtos cognitivos

H7: A vantagem relativa percebida terá um efeito direto e positivo sobre a

utilidade percebida por um consumidor em um produto de alta tecnologia. sim

H8: A facilidade de uso percebida terá um efeito direto e positivo sobre a

utilidade percebida por um consumidor em um produto de alta tecnologia.

não

H9: A utilidade percebida terá um efeito direto e positivo sobre a atitude de

um consumidor com relação à adoção de um produto de alta tecnologia. sim

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137

Hipóteses relacionadas aos construtos afetivos

H10: O prazer sentido por um consumidor em relação a um produto de alta

tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação à

adoção deste mesmo produto.

sim

H11: A excitação sentida por um consumidor em relação a um produto de

alta tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação

à adoção deste mesmo produto.

sim

H12: O domínio sentido por um consumidor em relação a um produto de alta

tecnologia terá um efeito direto e positivo sobre sua atitude com relação à

adoção deste mesmo produto.

não

Hipóteses relacionadas à atitude com relação à adoção

H13: A atitude com relação à adoção de uma inovação terá um efeito direto e

positivo sobre a intenção do consumidor de adotar produtos de alta

tecnologia.

sim

H14: O modelo CART explica uma maior proporção da variância da atitude

com relação à adoção de novas tecnologias pelo consumidor do que o

modelo CAT

sim

4.3.1 Influência da Prontidão para Tecnologia nos Construtos Cognitivos e Afetivos

Os resultados da modelagem realizada estabelecem a prontidão para tecnologia (TR)

como importante antecedente para avaliação cognitiva e emocional de uma nova tecnologia

por consumidores. A prontidão para tecnologia apresentou efeitos diretos, positivos e

significativos sobre todos os construtos cognitivos (utilidade percebida, facilidade de uso

percebida e vantagem relativa) e afetivos (prazer, excitação e domínio) incluídos no estudo. A

magnitude de tais efeitos foi sempre maior do que 0,3, com as mais fortes relações sendo

vistas nas ligações da prontidão para tecnologia com prazer (0,833) e excitação (0,805). Tais

achados indicam que a prontidão para tecnologia afeta diretamente como o consumidor avalia

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138

uma nova tecnologia, com consumidores de maior TR (indivíduos que procuram ativamente

novas tecnologias para adotar) apresentando maior facilidade em utilizar e maior controle

sobre novas tecnologias. Da mesma forma, tais indivíduos enxergam maiores vantagens e

maior utilidade no uso de determinada tecnologia, além de se sentirem mais excitados e

felizes por estarem em contato com a mesma. Os efeitos mais fortes vistos com relação a

prazer e excitação sugerem que a TR possui maior influência sobre a avaliação emocional do

consumidor do que sobre a cognitiva, indicando que o julgamento emocional é mais afetado

pela prontidão para tecnologia. Em relação aos efeitos da TR sobre os construtos cognitivos,

os efeitos verificados estão de acordo com os vistos por Lin et al (2007) para o modelo

TRAM. Uma vez que Parasuraman e Colby (2001) criaram a TR para explicar a resposta do

consumidor a novas tecnologias baseada em suas crenças e sentimentos, os resultados

encontrados estão de acordo com o que era esperado e havia sido enunciado pelas hipóteses

de pesquisa.

4.3.2 Influência dos Construtos Cognitivos

O modelo CART verifica as relações propostas pelo CAT (KULVIWAT et al, 2007;

NASCO et al, 2008) no que diz respeito à significância dos efeitos diretos dos construtos

cognitivos sobre a atitude com relação à adoção de uma nova tecnologia do consumidor. O

efeito mais forte encontrado foi o da vantagem relativa, demonstrando que a avaliação das

vantagens de uma nova tecnologia, quando comparadas a uma tecnologia já em uso, é

determinante para a decisão de adoção. Desta forma, quanto maiores as vantagens percebidas,

mais positiva será a atitude do consumidor em relação à tecnologia avaliada. No contexto da

tecnologia avaliada, o leitor de livros eletrônico, esse resultado se mostra particularmente

interessante, uma vez que na mente do consumidor a comparação das vantagens relativas da

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139

tecnologia apresentada devem correr em relação a outros meios de leitura, como papel ou

computadores. Desta forma, para que de fato ocorra a adoção de leitores eletrônicos de livro,

é muito importante que as empresas atuantes nesse mercado sejam capazes de mostrar para o

consumidor, com clareza, as vantagens da tecnologia em relação a meios de leitura

convencionais.

Por sua vez, a utilidade percebida, seguida pela facilidade de uso percebida, também

apresentaram efeitos diretos positivos e significativos sobre a atitude com relação à adoção,

apesar de menos pronunciados do que o efeito da vantagem relativa. Isto mostra que quanto

mais útil a nova tecnologia for percebida e quanto mais facilmente ela puder ser utilizada,

mais positiva será a atitude do consumidor com relação à adoção.

Com relação aos efeitos diretos de vantagem relativa e facilidade de uso percebida

sobre a utilidade percebida, ambos apresentaram coeficientes baixos (menores do que 0,3),

embora significativos. A vantagem relativa apresentou um efeito positivo sobre a utilidade

percebida, mostrando que quanto maior é a vantagem relativa da nova tecnologia maior será a

utilidade vista pelo consumidor nela (KULVIWAT et al, 2007). No entanto, de forma

contrária ao que era esperado, a facilidade de uso percebida apresentou um efeito negativo

sobre a utilidade percebida em todos os modelos nos quais esta relação foi incluída (Modelo

#1 e Modelo #3), indicando que maior dificuldade em usar um produto implicaria em maior

utilidade percebida. Esse resultado é inconsistente com o que foi encontrado por Kulviwat et

al (2007), Lin et al (2007) e Nasco et al (2008), em que a facilidade de uso percebida

apresenta um efeito positivo sobre a utilidade percebida. É importante ressaltar, no entanto,

que esse efeito negativo inesperado apresentou o coeficiente mais fraco de todas as relações

modeladas, o que diminui um pouco o impacto da relação da facilidade de uso percebida

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140

mediada pela utilidade percebida sobre a atitude com relação à adoção. Uma possível razão

para esse achado seria uma percepção, por parte dos consumidores, de que novas tecnologias

deveriam ser sempre mais complexas de se utilizar, ao menos inicialmente. Desta forma, uma

tecnologia que apresente fácil utilização logo no primeiro contato pode gerar uma avaliação

de que ela não é inovadora o suficiente e, portanto, não é tão útil quanto poderia ser. Outra

possível razão para esse efeito negativo da facilidade de uso percebida seria o tempo reduzido

de experimentação da tecnologia que foi dado aos respondentes do questionário, o que pode

ter prejudicado a avaliação da facilidade de uso do produto apresentado, mesmo com a escala

tendo se apresentado confiável e a validade do construto tendo sido verificada.

4.3.3 Influência dos Construtos Afetivos

Em concordância com o que havia sido verificado por Donovan et al (1994), Childers

et al (2001), Lee et al (2003), Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008) as emoções de

prazer e excitação apresentam efeitos diretos positivos e significativos sobre a atitude com

relação à adoção de novas tecnologias por consumidores. Isto mostra que consumidores mais

felizes e empolgados, que achem mais agradável e excitante o uso de uma nova tecnologia,

apresentam uma atitude mais positiva com relação à sua adoção, com esta avaliação

emocional influenciando sua intenção em adotar tal inovação. Nota-se, em particular, a força

do efeito do prazer sobre a atitude, apresentando o segundo maior coeficiente padronizado do

modelo, ficando pouco atrás do coeficiente encontrado para a vantagem relativa (Modelo #3).

Sendo assim, conclui-se que, no contexto do comportamento do consumidor, a avaliação

emocional desempenha um papel fundamental na decisão de adoção de novas tecnologias.

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141

O sentimento de domínio, no entanto, não revelou efeito significativo sobre a atitude

com relação à adoção, corroborando os achados de Donovan e Rossiter (1982), Donovan et al

(1994) e Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008), que também não foram capazes de

verificar a influência do domínio sobre a atitude com relação à adoção. Uma das razões para a

falta de significância do domínio pode estar na dificuldade de o consumidor avaliar este

sentimento com precisão.

4.3.4 Influência da Atitude

O modelo proposto indicou uma forte relação entre atitude com relação à adoção e

intenção de adoção, com o efeito direto de atitude sobre intenção apresentando um dos

maiores coeficientes padronizados do CART (0,703). Nota-se ainda que a atitude com relação

à adoção foi capaz de explicar 53% da variância observada na intenção de adoção. Desta

forma, acredita-se que a atitude de fato exerça efeito mediador entre as avaliações cognitivas e

emocionais de consumidores e a intenção de adoção, conforme sugerido por Kulviwat et al

(2007).

4.3.5 Comparação entre o CART, o CAT e o TAM

A análise da proporção explicada da variância observada na atitude de consumidores

com relação à adoção de novas tecnologias pelos modelos CART, CAT e TAM deixou claro

que a adição da prontidão para tecnologia como antecedente dos construtos cognitivos e

afetivos do CAT representa uma melhora significativa na capacidade do modelo de explicar a

variância da atitude em relação à adoção. O CART foi 42% superior ao CAT e 82% superior

ao TAM, indicando que a combinação do construto prontidão para tecnologia e dos construtos

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cognitivos e afetivos relacionados à avaliação de um novo produto de alta tecnologia na

explicação das atitudes em relação à adoção e intenção de adoção do consumidor com relação

a novas tecnologias é relevante e deve ser levada em consideração em pesquisas futuras sobre

a aceitação de tecnologia.

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo inicia-se com um resumo da pesquisa realizada, revendo as principais

etapas desenvolvidas e os resultados obtidos. Após este sumário, são discutidas as

contribuições e impactos do estudo, tanto para a teoria quanto para meio empresarial. Por fim,

são apresentadas as limitações do estudo e sugeridas novas direções para pesquisas futuras.

5.1 Resumo do Estudo

Esta pesquisa investigou o impacto que prontidão para tecnologia do consumidor

exerce sobre suas avaliações cognitivas e afetivas a respeito de novas tecnologias, buscando

melhor compreensão dos fatores determinantes na adoção de novos produtos ou serviços de

alta tecnologia pelo consumidor. A revisão de literatura, particularmente focada na teoria de

aceitação e adoção de tecnologia, revelou diversos construtos e modelos que foram, ao longo

do tempo, propostos e testados com o intuito de caracterizar as razões que levavam indivíduos

a adotarem uma nova tecnologia. Modelos iniciais, focados em construtos cognitivos, como o

TAM (Technoloy Acceptance Model) de Davis et al (1989), haviam sido desenvolvidos

principalmente para questões relacionadas à aceitação e uso de tecnologias no ambiente de

trabalho.

No contexto da adoção de novas tecnologias pelo consumidor final, Mick e Fournier

(1998) destacam a importância da consideração de emoções como fatores importantes, uma

vez que estas estão quase sempre presentes nas decisões de compra e adoção de

consumidores. Com o objetivo de incorporar a avaliação afetiva em modelos de aceitação de

tecnologia, Kulviwat et al (2007) sugerem o uso da teoria do prazer, excitação e domínio de

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144

Mehrabian e Russel (1974), que já havia sido testada de forma bem sucedida em diversos

cenários e situações de consumo. Kulviwat et al (2007) propõem então o modelo CAT

(Consumer Acceptance of Technology), utilizando tanto construtos cognitivos quanto afetivos

para a modelagem da aceitação de produtos e serviços de alta tecnologia pelo consumidor,

obtendo resultados mais capazes de explicar a atitude do consumidor com relação a novas

tecnologias do que os que haviam sido apresentados por modelos que ignoravam o lado

emocional da adoção.

Por sua vez, Souza e Luce (2005), Lin et al (2007) e Pires e Costa (2008) sugeriram a

utilização do construto de prontidão para tecnologia, criado por Parasuraman (2000) e

Parasuraman e Colby (2001), na compreensão da adoção de novas tecnologias, uma vez que a

prontidão para tecnologia havia sido concebida especificamente para refletir as crenças e

sentimentos do consumidor ao avaliar e adotar produtos ou serviços de alta tecnologia. Os

resultados obtidos por Lin et al (2007), que relacionaram a prontidão para tecnologia com a

adoção, apresentaram relações significativas deste construto com os construtos cognitivos do

TAM, mostrando que a adição da prontidão para tecnologia em modelos de aceitação de

tecnologia contribuía para um melhor poder explicativo.

Com o propósito de unir prontidão para tecnologia e aspectos cognitivos e emocionais

da avaliação de um produto de alta tecnologia em um único modelo, este trabalho

desenvolveu o modelo CART (Consumer Acceptance and Readiness for Technology),

fazendo uso simultâneo dos construtos cognitivos e afetivos presentes no CAT e da prontidão

para tecnologia. Para o teste e validação do modelo, foi elaborado um instrumento de pesquisa

composto por sete escalas já existentes, desenvolvidas e testadas em pesquisas anteriores

(LUND, 2001; MOORE & BENBASAT, 1991; Parasuraman, 2000; SOUZA & LUCE, 2005;

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145

MEHRABIAN & RUSSEL, 1974; BAGOZZI et al, 1992; MACKENZIE et al, 1986;

KULVIWAT et al, 2007; NASCO et al, 2008) e realizada uma cross-sectional survey com

uma amostra com 435 questionários válidos, respondidos por jovens consumidores

universitários brasileiros. O processo de coleta de dados requereu que todos os respondentes

experimentassem, em primeira mão, a tecnologia escolhida para servir de exemplo de

inovação para a pesquisa (o leitor de livros eletrônico Kindle DX, da Amazon.com), como

forma de possibilitar uma avaliação cognitiva e emocional concreta da tecnologia. O modelo

de mensuração ajustado para os dados comprovou a confiabilidade e a validade dos construtos

medidos por meio das escalas utilizadas, apresentando resultados de acordo com os trabalhos

que já haviam feito uso destas mesmas escalas.

As hipóteses da pesquisa (tabela 4.11) foram verificadas com a utilização de

modelagem de equações estruturais (ANDERSON & GERBING, 1988; OLSSON et al, 2000;

KULVIWAT et al, 2007; HAIR et al, 2009; BYRNE, 2010). Modelos alternativos para o

CART foram testados (figuras 4.1, 4.3 e 4.4) e os resultados das diferentes estruturas

analisadas foram comparados, conforme sugestão de Anderson e Gerbing (1988). O CART,

em todas as três versões testadas, apresentou índices de ajuste satisfatórios e confirmou a

maior parte das hipóteses de pesquisa elaboradas (somente duas das quatorze hipóteses do

estudo não se verificaram), com a emoção, o prazer e a avaliação da vantagem relativa da

tecnologia revelando possuir os efeitos mais relevantes sobre a atitude com relação à adoção.

O modelo CART final (figura 4.7), diferentemente do modelo inicialmente proposto, incluiu

os efeitos diretos de todos os construtos cognitivos sobre a atitude, uma vez que tais efeitos se

mostraram significativos e contribuíram para um melhor ajuste do modelo. O único construto

que não apresentou uma relação significativa no CART foi domínio, comprovando os

resultados que já haviam sido relatados anteriormente por Donovan e Rossiter (1982),

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146

Donovan et al (1994) e Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008). O efeito negativo

encontrado para a relação entre facilidade de uso percebida e utilidade percebida foi

inesperado, mas de qualquer forma apresentou o mais fraco coeficiente entre todos os efeitos

significativos modelados. De particular importância para o estudo foi a confirmação de que a

prontidão para tecnologia possui efeitos diretos, positivos e significativos tanto sobre os

construtos cognitivos quanto os afetivos relacionados à avaliação de um novo produto

tecnológico, com relações mais fortes sendo observadas com relação às emoções prazer e

excitação.

Por fim, destaca-se a melhoria obtida pelo modelo proposto quando comparado a

modelos anteriores presentes na literatura (TAM, de DAVIS et al, 1989 e CAT de

KULVIWAT et al, 2007), no que diz respeito a explicação da variância observada na atitude

com relação à adoção de novas tecnologias. O CART foi 42% superior ao CAT e 82%

superior ao TAM, indicando um avanço na compreensão do comportamento do consumidor

com relação à adoção de novas tecnologias.

5.2 Conclusões e Implicações

Os resultados e relações verificados na pesquisa representam contribuições relevantes

para a teoria de aceitação de tecnologia e comportamento do consumidor em diversos

aspectos. Em primeiro lugar, o estudo confirma a importância do uso tanto de construtos

cognitivos quanto afetivos relativos à avaliação de um novo produto de alta tecnologia na

compreensão da atitude e intenção de adoção de novas tecnologias pelo consumidor,

conforme proposto por Kulviwat et al (2007) e Nasco et al (2008).

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Em segundo lugar, a grande contribuição do estudo para a pesquisa sobre aceitação de

tecnologia é a verificação da forte influência que prontidão para tecnologia do consumidor

exerce na formação das avaliações cognitivas e afetivas feitas a respeito de produtos ou

serviços de alta tecnologia. Os efeitos da prontidão para tecnologia sobre a avaliação

cognitiva já haviam sido explorados por Lin et al (2007) e Pires e Costa (2008), mas os

impactos da prontidão para a tecnologia sobre as emoções sentidas por consumidores ao se

depararem com produtos de alta tecnologia ainda não haviam sido investigados pela literatura

de aceitação de tecnologia. O fato de a prontidão para tecnologia influenciar mais fortemente

avaliações afetivas do que avaliações cognitivas indica a relevância da consideração tanto da

avaliação afetiva quanto da prontidão para a tecnologia em situações em que consumidores

são avaliados e a adoção da nova tecnologia é voluntária. Ressalta-se que este é o primeiro

estudo que relaciona a prontidão para tecnologia com construtos afetivos no contexto da

adoção de novas tecnologias pelo consumidor. Sendo assim, esta verificação de que o impacto

da prontidão para a tecnologia sobre as emoções experimentadas por consumidores é maior do

que o impacto da prontidão para tecnologia sobre construtos cognitivos constitui uma

relevante contribuição para a literatura sobre o tema. Esses resultados respondem às duas

primeiras questões propostas pela pesquisa, que objetivavam avaliar a influência da prontidão

para tecnologia sobre a avaliação cognitiva e afetiva de consumidores com relação a produtos

de alta tecnologia.

Por fim, respondendo a terceira questão proposta pelo estudo, que buscava investigar

se a integração da prontidão para tecnologia com avaliações cognitivas e afetivas de produtos

ou serviços de alta tecnologia contribuiria para uma melhor explicação da atitude com relação

à adoção e da intenção de adoção, o poder explicativo superior apresentado pelo modelo

CART, em comparação ao CAT e TAM, comprova que o modelo proposto é mais adequado

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do que os modelos presentes na literatura para a determinação da atitude e intenção com

relação à adoção de novas tecnologias por consumidores. Tais resultados verificam a

influência direta da prontidão para tecnologia do consumidor sobre as avaliações cognitivas e

afetivas realizadas a respeito de produtos de alta tecnologia, impactando na sua decisão de

adoção. Tais efeitos devem, portanto, ser considerados em pesquisas sobre a aceitação de

tecnologia. Sendo assim, espera-se que a prontidão para tecnologia do consumidor seja

incluída em estudos futuros sobre a aceitação de produtos de alta tecnologia.

5.3 Implicações Gerenciais

A pesquisa apresenta diversos achados que podem ser úteis para empresas de alta

tecnologia. A prontidão para tecnologia (TR), de acordo com Parasuraman e Colby (2001),

mede o estado mental global de um indivíduo com relação à tecnologia, combinando crenças

e sentimentos que em conjunto determinam a sua predisposição em adotar produtos e serviços

tecnológicos. Sendo assim, o fato de a prontidão para tecnologia ser um antecedente

significativo para a avaliação cognitiva e emocional que consumidores fazem de novas

tecnologias é um achado relevante no âmbito empresarial, impactando diretamente na forma

como empresas devem operar, particularmente no que diz respeito às estratégias de marketing

adotadas.

Se o mercado alvo de uma empresa for amplo e não restrito apenas a consumidores

com alta TR (naturalmente mais dispostos a adotar novas tecnologias), tanto o

desenvolvimento de novos produtos quanto as estratégias promocionais da empresa devem

levar em consideração o fato de que o prazer e a excitação sentidos por consumidores com

baixa TR (resistentes à tecnologia) ao entrar em contato com a nova tecnologia serão bem

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149

inferiores aos experimentados por consumidores com alta TR. O mesmo vale para a vantagem

relativa, utilidade e facilidade de uso que tais consumidores perceberão no novo produto.

Desta forma, uma vez que as avaliações cognitivas e emocionais dos consumidores impactam

diretamente na sua decisão de adoção, poderia ser interessante focar os esforços de marketing

nos consumidores com baixa TR, desde o planejamento e desenvolvimento de novos produtos

até a forma de abordagem promocional. Se a empresa conseguir que consumidores resistentes

a novas tecnologias (baixa TR) vejam seus produtos/serviços inovadores como vantajosos e

decidam por adotá-los, é natural que consumidores mais abertos à tecnologia (alta TR)

também sigam o mesmo caminho. O oposto, no entanto, não é verdade. Verificado o forte

efeito que a TR possui sobre o prazer e excitação sentidos pelo consumidor ao interagir com

novas tecnologias, é provável que um novo produto desenvolvido sem a preocupação com

consumidores de baixa TR agrade somente indivíduos com alta TR, falhando em vencer a

resistência à tecnologia dos demais consumidores, que não avaliariam o produto de forma

positiva, nem cognitiva nem emocionalmente.

Com relação a estratégias promocionais, a influência da TR sobre avaliações

cognitivas e afetivas de uma nova tecnologia significa que atividades de comunicação devem

levar em consideração a TR do público que pretendem atingir, de forma que consigam

comunicar com clareza não só o aspecto técnico e a superioridade da nova tecnologia, mas

também o prazer e diversão que o consumidor pode experimentar ao utilizá-la. Dependendo

da mídia na qual a campanha é veiculada (e portanto do público que atinge), diversos

formatos de campanha podem ser utilizados, com mensagens e linguagens customizadas para

influenciar públicos com níveis de TR específicos.

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Por fim, estratégias de segmentação e posicionamento de produtos podem ser guiadas

por índices de prontidão para tecnologia da população, com novas tecnologias e estratégias de

marketing diferenciadas sendo desenvolvidas especificamente para indivíduos com diferentes

níveis de TR. Esse tipo de segmentação aumentaria as chances de adoção e sucesso de tais

tecnologias no mercado.

5.4 Limitações

Uma limitação importante do estudo diz respeito à coleta e ao tratamento dos dados.

Em relação à validade externa dos resultados, uma vez que os dados refletem somente a visão

de jovens estudantes universitários brasileiros com razoável nível econômico, normalmente

um público que possui mais contato e acesso a novas tecnologias do que a população em

geral, é possível que as relações verificadas na pesquisa não sejam generalizáveis para todo e

qualquer tipo de consumidor. Da mesma forma, mesmo com todos os cuidados tomados na

construção do modelo conceitual e elaboração das hipóteses de pesquisa, ressalta-se que

podem existir erros de estimação na modelagem realizada, particularmente por ter sido

violada a premissa de normalidade multivariada dos dados (apesar de OLSSON et al, 2000,

afirmarem que a estimação por máxima verossimilhança fornece resultados confiáveis e

estáveis para dados não-normais).

No que diz respeito ao procedimento de coleta de dados, o tempo reduzido de

experimentação da tecnologia pelos participantes da pesquisa pode ter prejudicado as

avaliações cognitivas e emocionais realizadas, comprometendo a qualidade das informações

coletadas. Esta limitação pode ter causado, por exemplo, a relação negativa inesperada

verificada entre os construtos facilidade de uso percebida e utilidade percebida. A amostra

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coletada, com 435 respondentes, é de tamanho considerável e similar as amostras utilizadas

em outros estudos sobre aceitação de tecnologia por consumidores (KULVIWAT et al, 2007).

De qualquer maneira, dada a complexidade do modelo proposto e o número de indicadores

presentes, uma amostra ainda maior seria recomendável para amenizar problemas decorrentes

de não normalidade, multicolinearidade e valores extremos presentes nos dados.

Outra limitação da pesquisa é a avaliação de somente um produto de alta tecnologia.

Apesar de leitores de livro eletrônicos serem considerados uma inovação pelos respondentes

(nenhum participante havia tido contato prévio com a tecnologia, com muitos nem sabendo

que ela existia), é possível que a experimentação de outras tecnologias resultasse em

conclusões diferentes das obtidas neste estudo. De qualquer forma, Kulviwat et al (2007)

testaram as relações entre cognição, emoções e atitude do modelo CAT com o uso de PDAs

(personal digital assistants ou computadores palmtop), uma tecnologia bem diferente de

leitores de livro eletrônicos. Este estudo, que também testou o modelo CAT em sua

comparação com o CART, verificou que as relações encontradas por Kulviwat et al (2007) se

mantiveram mesmo com um produto distinto e em outro país (Brasil versus EUA). Sendo

assim, apesar de testes com outros produtos e públicos serem necessários, acredita-se que os

achados da pesquisa sejam um importante passo para uma melhor compreensão da atitude de

consumidores com relação a novas tecnologias de forma geral.

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5.5 Sugestões para Pesquisas Futuras

Dadas as limitações expostas, a replicação do modelo CART junto a consumidores

com perfis diferentes dos estudados neste trabalho seria uma boa forma de validar e ampliar o

escopo dos resultados aqui obtidos. Da mesma forma, o teste do CART com outras

tecnologias seria interessante para verificar se as relações obtidas são independentes ou não da

tecnologia experimentada pelos participantes. Experimentos bem elaborados nos quais os

respondentes avaliassem duas ou mais tecnologias e fornecessem suas avaliações cognitivas e

emocionais sobre cada uma podem ser uma alternativa viável para explorar o quão

generalizável o modelo é com relação à tecnologia experimentada.

Pesquisas futuras podem explorar também outras escalas para os construtos utilizados

no modelo CART ou construtos conceitualmente similares, comparando seus resultados com

os obtidos aqui. Um menor número de indicadores do que o que foi utilizado simplificaria a

estrutura do modelo CART e facilitaria a replicação e aplicação em outros contextos.

Por fim, seria interessante a investigação de possíveis efeitos moderadores que

algumas variáveis demográficas (como sexo, renda e idade) poderiam apresentar sobre as

relações observadas no CART. Ressalta-se, no entanto, que para a avaliação de efeitos

moderadores, a amostra deve ser de tamanho adequado para cada grupo distinto avaliado, o

que aumentaria de forma significativa o número de dados necessários para uma modelagem

estatística apropriada.

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APÊNDICES

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168

Apêndice A - Questionário utilizado na pesquisa

POR FAVOR, RESPONDA A TODAS AS PERGUNTAS DESTE QUESTIONÁRIO COM ATENÇÃO. AGRADECEMOS DESDE JÁ SUA COLABORAÇÃO.

1. Por favor, marque com um X nas escalas abaixo o ponto que melhor retrata seus sentimentos

em relação ao Kindle DX e sua experiência com ele.

Exemplo de como marcar a escala:

X

Minha experiência com o Kindle DX fez com que eu me sentisse...

feliz 1 2 3 4 5 infeliz

desagradado 1 2 3 4 5 agradado

satisfeito 1 2 3 4 5 insatisfeito

esperançoso 1 2 3 4 5 desesperançoso

estimulado 1 2 3 4 5 relaxado

excitado 1 2 3 4 5 calmo

sonolento 1 2 3 4 5 alerta

empolgado 1 2 3 4 5 desinteressado

em controle 1 2 3 4 5 guiado

controlando 1 2 3 4 5 controlado

submisso 1 2 3 4 5 dominante

influenciador 1 2 3 4 5 influenciado

2. Em relação ao que você conhece do Kindle DX e sua experiência de uso com esse produto,

responda:

Discordo totalmente

Discordo em parte

Nem concordo, Nem discordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

1 Pode me ajudar a ser mais efetivo.

1 2 3 4 5

2 Pode me ajudar a ser mais produtivo.

1 2 3 4 5

3 Pode me poupar tempo.

1 2 3 4 5

4 Foram necessários poucos passos para conseguir ler com o Kindle DX.

1 2 3 4 5

5 Vai ficar mais fácil ler com o Kindle DX.

1 2 3 4 5

6 Foi fácil de usar.

1 2 3 4 5

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Discordo totalmente

Discordo em parte

Nem concordo, Nem discordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

7 Aprendi a usar rápido.

1 2 3 4 5

8 Foi simples de usar.

1 2 3 4 5

9 Vou me lembrar facilmente de como usar o Kindle DX.

1 2 3 4 5

10 Foi fácil aprender a usar o Kindle DX.

1 2 3 4 5

11 Usar um Kindle DX me possibilita cumprir tarefas mais rapidamente.

1 2 3 4 5

12 Usar um Kindle DX melhora a qualidade da minha leitura.

1 2 3 4 5

13 Usar um Kindle DX torna mais fácil ler.

1 2 3 4 5

14 Usar um Kindle DX torna minha leitura mais efetiva.

1 2 3 4 5

15 Usar um Kindle DX me dá maior controle sobre minha leitura.

1 2 3 4 5

3. Indique com um X qual o seu grau de concordância ou discordância com cada uma das

afirmativas abaixo, referentes a sua relação com tecnologia.

Discordo totalmente

Discordo em parte

Nem concordo, Nem discordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

1 A tecnologia permite que as pessoas tenham mais controle sobre o seu dia-a-dia.

1

2

3

4

5

2 Produtos e serviços que utilizam as mais novas tecnologias são muito mais convenientes de usar.

1

2

3

4

5

3 Você gosta da idéia de fazer negócios pelo computador porque você não fica restrito ao horário comercial.

1

2

3

4

5

4 Você prefere usar a tecnologia mais avançada disponível.

1

2

3

4

5

5 Você gosta de programas de computador que lhe permitam adequar as coisas às suas próprias necessidades.

1

2

3

4

5

6 A tecnologia faz com que você fique mais eficiente no seu trabalho.

1

2

3

4

5

7 Você considera as novas tecnologias mentalmente estimulantes.

1

2

3

4

5

8 A tecnologia lhe dá mais liberdade de movimento.

1

2

3

4

5

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Discordo totalmente

Discordo em parte

Nem concordo, Nem discordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

9 Aprender sobre tecnologia pode ser tão recompensador quanto a própria tecnologia.

1

2

3

4

5

10 Você está seguro de que as máquinas seguirão as suas instruções.

1

2

3

4

5

11 Outras pessoas lhe pedem conselhos sobre novas tecnologias.

1

2

3

4

5

12 Parece que seus amigos estão aprendendo sobre as mais novas tecnologias mais do que você.

1

2

3

4

5

13 Em geral, você está entre os primeiros do seu grupo de amigos em adquirir uma nova tecnologia logo que ela surge.

1

2

3

4

5

14 Normalmente, você consegue entender os novos produtos e serviços de alta tecnologia sem a ajuda de outros.

1

2

3

4

5

15 Você está atualizado com os últimos desenvolvimentos tecnológicos das suas áreas de interesse.

1

2

3

4

5

16 Você gosta do desafio de entender equipamentos de alta tecnologia.

1

2

3

4

5

17 Você tem menos problemas que outras pessoas para fazer a tecnologia trabalhar para você.

1

2

3

4

5

18 Os serviços de suporte técnico (por telefone ou internet) não ajudam, porque não explicam as coisas em termos compreensíveis.

1

2

3

4

5

19 Às vezes, você acha que os sistemas de tecnologia não são projetados para serem usados por pessoas comuns.

1

2

3

4

5

20 Não existe manual de produto ou serviço de alta tecnologia que seja escrito em uma linguagem simples.

1

2

3

4

5

21 Quando você utiliza o suporte técnico de um fornecedor de produtos ou serviços de alta tecnologia, às vezes você se sente como se alguém que sabe mais do que você estivesse tirando vantagem de você.

1

2

3

4

5

22 Na compra de um produto ou serviço de alta tecnologia, você prefere o modelo básico a um modelo com muitas características adicionais.

1

2

3

4

5

23 É constrangedor quando você tem problemas com algum equipamento de alta tecnologia, enquanto outras pessoas estão olhando.

1

2

3

4

5

24 Deveria haver cuidado ao substituir tarefas desempenhadas por pessoas pela tecnologia, pois novas tecnologias podem falhar.

1

2

3

4

5

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Discordo totalmente

Discordo em parte

Nem concordo, Nem discordo

Concordo em parte

Concordo totalmente

25 Muitas das novas tecnologias apresentam riscos à saúde ou à segurança que não são descobertos até que as pessoas tenham utilizado a tecnologia.

1

2

3

4

5

26 Novas tecnologias tornam muito fácil para o governo e as empresas espionar as pessoas.

1

2

3

4

5

27 As tecnologias parecem sempre falhar no pior momento possível.

1

2

3

4

5

28 Você não considera seguro fornecer o número do seu cartão de crédito pelo computador.

1

2

3

4

5

29 Você não considera seguro fazer qualquer tipo de transação financeira pela internet.

1

2

3

4

5

30 Você tem receio de que as informações que você envia pela internet serão vistas por outras pessoas.

1

2

3

4

5

31 Você não se sente seguro em fazer negócios com uma empresa que só pode ser acessada pela internet.

1

2

3

4

5

32 Qualquer transação realizada eletronicamente deveria ser confirmada posteriormente por algo escrito.

1

2

3

4

5

33 Sempre que algo se torna automatizado, é necessário checar, cuidadosamente, se a máquina ou o computador não está cometendo erros.

1

2

3

4

5

34 O contato humano é muito importante quando se faz negócios com uma empresa.

1

2

3

4

5

35 Quando você liga para uma empresa, você prefere falar com uma pessoa do que com uma máquina.

1

2

3

4

5

36 Quando você fornece informação a uma máquina ou pela internet, você nunca pode ter certeza de que ela realmente chegou ao destino certo.

1

2

3

4

5

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4. De maneira geral, como você descreveria a sua experiência? Para mim, usar o Kindle DX

para ler é ___________:

Exemplo de como marcar a escala:

X

ruim 1 2 3 4 5 bom

positivo 1 2 3 4 5 negativo

desfavorável 1 2 3 4 5 favorável

desagradável 1 2 3 4 5 agradável

5. Supondo que você tenha acesso a um Kindle DX no futuro, qual é a probabilidade de você

utilizá-lo?

duvidosa 1 2 3 4 5 razoável

provável 1 2 3 4 5 improvável

impossível 1 2 3 4 5 possível

6. Dados Pessoais (marque X ou preencha os campos cinza):

1. Idade:

2. Sexo: Masculino Feminino

3. Estado Civil: Solteiro Relacionamento Fixo

Casado Outros

4. Número de pessoas na família:

5. Com quem mora:

Sozinho Com cônjuge Com amigos

Com os pais Com parentes Outros

6. Sua religião:

Nenhuma Judaica Espírita

Católica Protestante/Evangélico Outra (indique):

7. Você estima que sua renda familiar média esteja em que faixa de valores:

Acima de 10.000 reais 2.000 a 3500 reais

6.000 a 10.000 reais 1.000 a 2.000 reais

3.500 a 6.000 reais Abaixo de 1.000 reais

Muito obrigado por sua participação!

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Apêndice B - Tecnologia utilizada na pesquisa (Kindle DX)

Leitor eletrônico de livros Kindle DX, lançado pela Amazon.com em junho de 2009 nos EUA e em

março de 2010 no Brasil

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Especificações técnicas:

Tamanho da tela 9,7"

Tecnologia da tela

e-ink (tinta eletrônica)

Armazenamento

3.2 Gb (3500 livros)

Outras funções

Leitor de PDF

Leitura em Voz Alta

Internet 3G

Tela que reconhece

orientação

Screenshots do vídeo introdutório sobre o Kindle DX apresentado aos respondentes da pesquisa:

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