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i ANÁLISE DO MODELO DE PROGRAMA DE PRONTIDÃO OPERACIONAL APLICADO NO PROJETO DE EXPANSÃO E REFORMA DO AEROPORTO INTERNACIONAL ANTÔNIO CARLOS JOBIM - GALEÃO Danielle Costa Castro Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Assed Naked Haddad Rio de Janeiro Dezembro de 2016

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Page 1: ANÁLISE DO MODELO DE PROGRAMA DE PRONTIDÃO … · i anÁlise do modelo de programa de prontidÃo operacional aplicado no projeto de expansÃo e reforma do aeroporto internacional

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ANÁLISE DO MODELO DE PROGRAMA DE PRONTIDÃO OPERACIONAL

APLICADO NO PROJETO DE EXPANSÃO E REFORMA DO AEROPORTO

INTERNACIONAL ANTÔNIO CARLOS JOBIM - GALEÃO

Danielle Costa Castro

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Assed Naked Haddad

Rio de Janeiro

Dezembro de 2016

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ANÁLISE DO MODELO DE PROGRAMA DE PRONTIDÃO OPERACIONAL

APLICADO NO PROJETO DE EXPANSÃO E REFORMA DO AEROPORTO

INTERNACIONAL ANTÔNIO CARLOS JOBIM - GALEÃO

Danielle Costa Castro

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

________________________________

Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc. - Orientador

___________________________________

Prof. Giovani Manso Ávila, D.Sc.

___________________________________

Prof. Luís Otávio Cocito de Araújo, D.Sc.

___________________________________

Profª. Sandra Oda, D.Sc.

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RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Dezembro de 2016

Castro, Danielle Costa

Análise do Modelo de Programa de Prontidão Operacional

aplicado no projeto de expansão e reforma do Aeroporto

Internacional Antônio Carlos Jobim – GALEÃO – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2016.

X, 70 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Assed Naked Haddad

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 63

1. Aeroporto. 2. Prontidão Operacional. 3. Testes

Operacionais. 4. ORAT 5. Inauguração 6. Rio de Janeiro I.

Haddad, Assed Naked. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Análise do Modelo de Programa de Prontidão Operacional

aplicado no projeto de expansão e reforma do Aeroporto

Internacional Antônio Carlos Jobim – GALEÃO.

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iv

“Consagre ao Senhor tudo o que você

faz, e os seus planos serão bem

sucedidos.” (Provérbios 16, 3)

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v

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, a Deus uma vez que sem a Sua intercessão nada seria

possível.

Agradeço aos meus pais, Henrique e Marta, que são responsáveis pela minha

formação. Obrigada pelo imenso carinho, dedicação, paciência e apoio em todas as

fases da minha vida. Não sei o que seria de mim sem o amor de vocês.

Ao meu irmão, Paulo, que sempre serviu de inspiração, e minha cunhada, Paula, por

sempre torcerem, me incentivarem a continuar a caminhada e mais do que isso, por

caminharem comigo.

Agradeço ao meu noivo, Leonardo, por estar sempre ao meu lado sendo uma fonte de

paz e tranquilidade. Obrigada por todo amor, companheirismo, paciência durante

esses anos e por me motivar a alcançar meus objetivos.

Aos meus familiares, amigos pela fé e amigos da época da escola que acompanham a

minha trajetória, me aconselhando e me ajudando a descontrair mesmos nas fases

mais tensas da faculdade.

Aos meus amigos do curso de Engenharia Civil por toda parceiria na hora do estudo e

por compartilharem momentos de muita alegria e desespero. Em especial, agradeço

aos meus amigos, Mayara e Vinicius, que estão comigo desde o primeiro semestre.

Certamente, a UFRJ teria sido muito mais difcíl sem o apoio de vocês, as nossas

conversas e, principalmente, as nossas risadas.

Agradeço a todos os professores da UFRJ por todo o ensinamento e a todos os

funcionários por toda ajuda durante esses anos. Ao meu orientador, Assed Haddad,

pelo acolhimento e disposição para a realização deste trabalho. Agradeço ao professor

Otto Rotunno e ao Grupo PET por abrirem meus horizontes no princípio da faculdade.

E aos professores Elaine Garrido e Luís Otávio Araujo pela orientação e amizade

durante o projeto PIC RJZCyrela.

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vi

Por fim, agradeço aos meus companheiros de estágio e parceiros de equipe do

Consórcio Consturtor Galeão. De forma especial, aos meus líderes, Matehus Noronha e

Sander Domingues, por todo o aprendizado e por enriquecerem tanto a minha

formação profissional. Obrigada pela confiança depositada em mim e por me apoiarem

a seguir em frente com a ideia deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau e Engenheiro Civil.

Análise do Modelo de Programa de Prontidão Operacional aplicado no projeto de

expansão e reforma do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim – GALEÃO

Danielle Costa Castro

Dezembro/2016

Orientador: Assed Naked Haddad

Curso: Engenharia Civil

A transição entre as fases de construção e operação de grandes obras é um processo

que deve ter uma atenção especial. Para o caso de um aeroporto, o cuidado deve ser

ainda maior, pois se trata de um projeto que terá um público em massa servido desde

o dia da sua inauguração. Como uma medida de evitar problemas e garantir a

satisfação do cliente, foi criado na década de noventa um programa de prontidão

operacional, denominado ORAT (Operational Readiness and Airport Transfer). Antes da

utilização desta metodologia, a obra de expansão aeroportuária é entregue pronta

para operar, mas sem nunca ter sido testada em situações e simulações próximas da

realidade de um aeroporto em operações. O objetivo deste trabalho consiste em

estudar a metodologia do programa, apresentar o caso do Aeroporto Internacional

Antônio Carlos Jobim – Galeão, que é exemplo de aplicação do programa no Brasil,

analisar seus impactos e resultados e, se possível, propor o desenvolvimento em

outras obras de grande porte. Busca-se também a disseminação do conceito de

“prontidão operacional” e uma tendência internacional de cooperar com o usuário

final da instalação através de todos os estágios do projeto.

Palavras-Chave: Aeroporto, Prontidão Operacional, Inauguração, Testes Operacionais.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Operational Readiness Program Model Analysis Applied at Antônio Carlos Jobim -

Galeão International Airport

Danielle Costa Castro

December/2016

Advisor: Assed Naked Haddad

Course: Civil Engineering

The transition between the phases of construction and operation of major

infrastructure works is a process that deserves special attention. For an airport, the

accuracy must be even bigger, because it will have a large number of users served

from the day of its inauguration. With the mission of avoiding problems and ensuring

customer satisfaction, ORAT (Operational Readiness and Airport Transfer) program has

been created in the 90s. Before the usage of this methodology, airport Infrastructure

works had been delivered for operating, without being tested for situations that

simulate an airport in real operation. The objective of this paper is study the

methodology of the ORAT program, present the Antônio Carlos Jobim - Galeão

International Airport case, which is an example of the application of the program in

Brazil, analyse its impacts and results and, if possible, propose the development for

other infrastructure works. Also promoting the concept of "operational readiness" and

the international trend of cooperating with the end user of the facility through all

stages of the project.

Keywords: Airport, Opening, Operational Readiness, Operationals Tests

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 – Reuniões do Programa de Prontidão Operacional ................................................. 28

Tabela 4.1 – Testes do Programa ORAT ...................................................................................... 48

Tabela 4.2 – Equipamentos e insumos utilizados no Programa ORAT ........................................ 51

Tabela 4.3 – Custo referente aos serviços de consultoria (Lufthansa e FMG) ............................ 52

Tabela 4.4 – Custo referente aos serviços de consultoria (Excelente Brasil) .............................. 53

Tabela 4.5 – Custo indiretos (Equipamentos e Insumos) ............................................................ 54

Tabela 4.6 – Custo indiretos (Equipe CCG) .................................................................................. 54

Tabela 4.7 – Fatores para o sucesso do Programa ORAT ............................................................ 56

Tabela 4.8 – Análise dos problemas observados no Programa ORAT ........................................ 59

Tabela 4.9 – Classificação dos Stakeholders ............................................................................... 61

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Lista de Figuras

Figura 2.1 - Perdas devido a problemas operacionais ................................................................ 19

Figura 3.1 – Estrutura Analítica do Projeto de aplicação do programa ORAT ............................ 23

Figura 3.2 - Processo de ativação aeroportuária ........................................................................ 24

Figura 3.3 - Engajamento dos stakeholders ................................................................................ 27

Figura 3.4 - Estrutura de Comunicação ....................................................................................... 27

Figura 3.5 - Fluxo das atividades do programa ........................................................................... 35

Figura 4.1 - Fluxo do projeto ....................................................................................................... 38

Figura 4.2 - Abordagem integrada do programa......................................................................... 38

Figura 4.3 - 1ª Formação do Time ORAT ..................................................................................... 39

Figura 4.4 - 2ª Formação do Time ORAT ..................................................................................... 40

Figura 4.5 - Exemplo de programação do treinamento .............................................................. 42

Figura 4.6 - Reunião que antecedia os testes ............................................................................. 42

Figura 4.7 - Agente da companhia aérea TAM iniciando o procedimento de check-in .............. 43

Figura 4.8 - Cartão de embarque com informações do voo criado para a realização do teste .. 44

Figura 4.9 – Teste do Sistema Informativo de Voo (SIV) ............................................................. 44

Figura 4.10 – Teste das escadas rolantes localizadas entre o Terminal 2 e o Píer Sul ................ 44

Figura 4.11 – Teste de acessibilidade para cadeirantes com passageiro fictício ........................ 45

Figura 4.12 - Check-in e despache das bagagens dos passageiros fictícios ................................ 46

Figura 4.13 - Instruções para a realização do procedimento de embarque fictício ................... 47

Figura 4.14 - Aeronave 747-8 da Lufthansa participando do 6º teste operacional integrado ... 47

Figura 4.15 – Exemplo do relatório desenvolvido após Testes Operacionais ............................. 50

Figura 4.16 – Equipamentos utilizados no Programa ORAT ........................................................ 51

Figura 4.17 – Matriz Poder x Apoio (Stakeholders) .................................................................... 61

Figura 4.18 – Gráfico Poder x Apoio ............................................................................................ 62

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Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................... 13

1.1. Justificativa .................................................................................................................. 14

1.2. Objetivos ..................................................................................................................... 14

1.3. Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 15

2. Panorama do Programa ORAT ............................................................................................ 16

2.1. Casos de fracasso na inauguração .............................................................................. 16

2.2. A origem do programa ................................................................................................ 18

2.3. O conceito prontidão operacional .............................................................................. 18

2.4. Prontidão operacional em aeroportos ........................................................................ 20

2.5. Casos de aplicação do programa ................................................................................. 21

3. ORAT – Operational Readiness and Airport Transfer .......................................................... 23

3.1. Gerenciamento do programa de prontidão operacional ............................................ 24

3.2. Gestão da comunicação .............................................................................................. 25

3.3. Gerenciamento dos stakeholders ............................................................................... 26

3.4. Gestão do Tempo ........................................................................................................ 29

3.5. Planos de operação ..................................................................................................... 30

3.6. Definição dos treinamentos ........................................................................................ 31

3.6.1. Desenvolvimento dos treinamentos ................................................................... 31

3.6.2. Desenvolvimento da estratégia .......................................................................... 33

3.7. Fase de transferência .................................................................................................. 33

3.8. Fase de verificação ...................................................................................................... 34

4. Exemplo de aplicação: Aeroporto Internacional Tom Jobim - Galeão ................................ 36

4.1. Apresentação da aplicação do Programa .................................................................... 36

4.1.1. Realização das obras ........................................................................................... 36

4.1.2. Desenvolvimento do Programa ORAT ................................................................. 37

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4.2. Análise da aplicação do Programa .............................................................................. 55

4.3. Considerações finais da análise ................................................................................... 62

5. Conclusão ............................................................................................................................ 64

Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 66

Anexo 1 – Exemplo do roteiro distribuído para ao participantes dos testes operacionais ........ 68

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1. Introdução

Na década passada, uma demanda por grandes projetos de infraestrutura como de

aeroportos, ferrovias e portos marítimos cresceu muito a fim de acomodar o crescimento

necessário e requerido pelos serviços públicos. (AL MAZROOIE E BAJRACHARYA, 2013).

Uma particularidade desses grandes projetos é a transição entre as fases de construção e

de operação. Estas devem ser gerenciadas e acompanhadas especialmente, pois se

tratam de projetos que um público em massa será servido desde o primeiro dia da sua

inauguração. Falhas e problemas nos sistemas podem manchar a imagem pública do

projeto e até mesmo da construtora e, em alguns casos, da empresa operadora.

A interface entre essas fases provavelmente criará interrupções, erros, e

consequentemente, retrabalhos tanto para o lado da construção quanto para o lado da

operação. Os erros que são arrastados até os preparativos da operação geralmente são

descobertos apenas depois da fase real de operação, e podem criar um retrabalho

surpresa e interrupções não programadas. (LYONS E POWELL, 2010).

Geralmente, mega projetos são planejados com uma pressão para que a entrega seja a

mais rápida possível e com ela o início da operação. Este trabalho tem a intenção de

estudar um modelo de programa que propõe a interação entre os preparativos para

operação e a fase final da obra. O programa de prontidão operacional já é amplamente

utilizado em diversos aeroportos pelo mundo, mas ainda é pouco difundido pelo Brasil,

tendo apenas dois casos: o Aeroporto Internacional de Campinas (SP) e o Aeroporto

Internacional do Rio de Janeiro (RJ), caso que será objeto de análise da pesquisa.

Em ambos os projetos, foi utilizado o modelo “ORAT”, em inglês Operational Readiness

and Airport Transfer, que significa Prontidão Operacional e Transferência de Aeroportos,

e será o elemento de estudo do presente trabalho. Este modelo tem como base a síntese

de praticidade nos aeroportos que engloba técnicas facilitadoras para ativação de

terminais aeroportuários e técnicas de gestão de projetos.

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Contudo, uma vez que o programa auxilia a conclusão de projetos complexos como são os

aeroportuários e garante a sua prontidão operacional, ele implica na satisfação do cliente

que, para um gerente de projeto, é o seu objetivo final.

1.1. Justificativa

“Os aeroportos são recursos nacionais vitais. Eles possuem um papel fundamental no

transporte regional, nacional e internacional de pessoas e mercadorias. Neles, o sistema

de aviação do país se conecta com outros modos de transporte e com outros países.”

(LYONS E POWELL, 2010).

Sendo assim, todo e qualquer estudo sobre eles é de grande valia para resolver

problemas operacionais comuns, se adaptar as novas tecnologias, e com isso trazer

melhorias para indústria aeroportuária.

Sobretudo, a oportunidade de acompanhar o projeto de prontidão operacional das obras

do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, motivou ainda mais a pesquisa e

engrandeceu tanto na parte teórica como na análise dos seus benefícios, limitações e

dificuldades.

1.2. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo explorar o conceito de “prontidão operacional” o

qual é pouco aplicado no Brasil e estudar a origem, metodologia e abordagem

empregadas pelo programa ORAT em projetos que a fim de garantir a operacionalidade

de um novo aeroporto ou de uma expansão desde o dia de abertura em diante.

O ponto central do trabalho é a apresentação do projeto ORAT do Aeroporto

Internacional do Rio de Janeiro e a análise da aplicação do programa onde foram

verificadas as vantagens e possíveis melhorias.

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1.3. Estrutura do Trabalho

Assim o trabalho é organizado da seguinte forma: neste primeiro capítulo é apontado o

contexto do programa em estudo, uma breve descrição do cenário do caso de aplicação,

os objetivos e a estrutura do documento.

No segundo capítulo, é apresentado um panorama do modelo ORAT com os casos de

insucesso que fortalecem a ideia do programa, a origem do modelo em si e a definição do

conceito de prontidão operacional e o seu formato de consultoria.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia do programa desenvolvida através técnicas

facilitadoras de ativação de aeroportos e de gestão e gerenciamento de projetos, além de

conhecimentos necessários à execução das operações aeroportuárias de forma pontual e

eficiente.

O capítulo quarto é composto pelo exemplo de caso do Aeroporto Internacional do Rio de

Janeiro, bem como apresentação do projeto em si, das fases do programa, composição

das equipes/empresas, equipamentos, insumos e instalações envolvidas, produtividades

alcançadas, custos e investimentos necessários para a implantação e desenvolvimento do

projeto, análise dos resultados obtidos e lições aprendidas.

No último capítulo serão feitas as considerações finais a respeito deste programa e

apontadas possíveis áreas em que poderá ser aplicado e desenvolvido o estudo.

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2. Panorama do Programa ORAT

O aeroporto é uma estrutura complexa que envolve inúmeras organizações, processos,

sistemas e equipamentos. O sucesso da integração destes elementos é necessário para

que se obtenha um alto nível de segurança e operacionalidade para os seus usuários. Para

que seja possível acompanhar o crescimento do número de passageiro e de voos, é

essencial que o aeroporto disponha de tecnologia sofisticada e uma equipe qualificada e

bem treinada. Além disso, uma infraestrutura de comunicação tanto entre os operadores

quanto entre os sistemas automatizados ajuda a garantir que a operação ocorra de forma

rápida, suave e eficiente desde o dia da inauguração em diante. (LYONS E POWELL, 2010).

2.1. Casos de fracasso na inauguração

Existem muitas práticas conhecidas para que se obtenha sucesso na ativação

aeroportuária. Entretanto, quando estas não são aplicadas verifica-se o fracasso na

inauguração dos projetos. Infelizmente, os acontecimentos negativos ficam muito mais na

memória do público. A seguir, encontram-se exemplos de aeroportos que tiveram

problemas na sua abertura.

- Heathrow Terminal 5 (Londres, Inglaterra)

De acordo com o site <http:// http://petergreenberg.com/2008/03/28/>, acessado em

01/11/2016, mais de 11.000 passageiros foram afetados pelos erros que ocorreram na

inauguração do Terminal 5 do Aeroporto Heathrow, Londres, em março 2008. Mais de 70

voos foram cancelados no primeiro e no segundo dia de operação, sendo 34 voos no

primeiro dia.

O projeto contava com um sistema de bagagens sofisticado designado a operar 12.000

malas em apenas 1 hora. Mas, o mesmo sistema inovador tornou-se vilão na abertura do

terminal. Com suas falhas, vários voos saíram sem as malas, fazendo com que a

companhia British Airways suspendesse o checking das bagagens, e seus passageiros

tiveram que carregar suas próprias malas para encontrar novos voos.

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17

Vários relatos de passageiros indicavam que havia problemas nas sinalizações do

aeroporto e que até mesmo os funcionários ofereciam informações diferentes entre si.

Sendo assim, o projeto de 4,3 bilhões de libras foi marcado pelo desastre da sua

inauguração. O motivo foi apresentado pela própria companhia British Airways que

admitiu que ocorreram falhas na familiarização da equipe de operação com os novos

sistemas e estrutura do aeroporto.

- Hong Kong International Airport (Chek Lap Kok, China)

O aeroporto, que teve sua inauguração em julho de 1998, foi marcado por diversos

problemas. Este fato levou a elaboração do artigo “Report of the Commission of Inquiry

on the New Airport”, publicado em dezembro de 1998, pelo governo chinês. O artigo

classificou os problemas ocorridos no dia da abertura em três categorias: pequenos,

moderados e grandes.

Pequenos: Serviço de telefone móvel não satisfatório; escadas rolantes com problemas;

sinalização insuficiente ou ineficaz; problemas com limpeza; chão escorregadio; atraso

nos ônibus dos terminais; problemas no estacionamento de aeronaves; falta d’água nos

banheiros; os banheiros foram considerados pequenos; problemas na rede elétrica dos

restaurantes e lojas; dentre outros.

Moderados: Atrasos nos voos; problemas no funcionamento do controle de acesso;

sistema de ar condicionado insuficiente; congestionamento do tráfego de veículos e

passageiros no aeroporto; dentre outros.

Grandes: Problemas no funcionamento do sistema FIDS (Flight Information Display

System) e caos no sistema de bagagens.

Ao observar os problemas apontados pela comissão, pode-se concluir a falta de

treinamentos e familiarização da comunidade aeroportuária com as instalações do

aeroporto, bem como com seus sistemas.

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2.2. A origem do programa

Como inaugurar um aeroporto ou um novo terminal sem enfrentar problemas como os

descritos anteriormente? Este foi o questionamento feito, em 1988, pela equipe de

planejamento de operação do Aeroporto Internacional de Munique, na Alemanha, para

realizar a abertura do novo aeroporto, em 1992. A resposta foi desenvolver o programa

de prontidão operacional e de transferência aeroportuária, ORAT. (SINGAPORE AVIATION

ACADEMY, 2007).

Reinhard Zeiler, na época chefe de consultoria do Aeroporto de Munique, foi o criador do

programa, mas contou, além de sua própria bagagem de aprendizados, com a experiência

aeroportuária e em gestão de projetos da sua equipe. O resultado foi o sucesso da

abertura do novo Aeroporto de Munique sem grandes problemas.

De acordo com o site <http://www.futureairport.com/features/featureperfect-take-off-

the-orat-consulting-methodology-4665823/>, acessado em 30/10/2016, nos dias de hoje,

pode-se encontrar alguns formatos do programa, mas a sua essência de trabalho em

equipe liderado por um gestor de projetos é preservada. E, sobretudo, os seus objetivos

que são: preparação do pessoal, procedimentos e sistemas; e realização de uma transição

da antiga para nova instalação sem problemas e interrupções.

2.3. O conceito prontidão operacional

Para que seja abordado o conceito de prontidão operacional, antes é necessário separá-lo

do conceito de finalização da construção. Uma vez terminada a obra, é realizada a fase de

comissionamento que é uma fase de testes para aceitação das instalações dos

equipamentos e sistemas. A prontidão operacional vai além, é um estágio que contempla

todos os envolvidos e interessados para que seja realizada a transferência entre

construção e operação.

De acordo com um entendimento geral em gerenciamento de projetos, um ciclo de vida

de projeto começa a partir da conceituação da ideia projeto e ele encontra-se finalizado

quando entregue ao cliente. No entanto, a fase de verificação da operacionalidade do

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projeto é negligenciada e frequentemente integrada com a fase de operação. Até mesmo

os livros de gestão de projetos em geral omitem a fase operacional porque eles são

escritos sob a ótica do consultor ou do empreiteiro. (WIT, 1988).

Os problemas que acontecerem na fase inicial das operações podem implicar no baixo

nível de desempenho dos serviços prestados pelo projeto. Isso resulta em impactos

financeiros e na reputação das empresas envolvidas como mostrado na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Perdas devido a problemas operacionais

(Adaptado de: "A STUDY ON THE OPERTATIONAL READINESS OF MEGA CONSTRUCTION PROJECT", Mazrooie J. e Bajracharya A., 2013)

A satisfação do cliente também está associada ao bom desempenho operacional e este

também é um dos elementos de sucesso do projeto. Entretanto, tal satisfação só será

alcançada se a fase operacional do projeto for cuidadosamente iniciada após a fase

construtiva. A seguir, encontram-se alguns indicadores de falha na prontidão operacional

do projeto:

Defeitos nos sistemas instalados;

Defeitos nas instalações;

Erros humanos devido à falta de treinamento e familiarização com os sistemas

operacionais;

Ausência de modelos operacionais e de procedimentos.

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Com isso, cria-se a necessidade de aplicar um programa de prontidão operacional para

identificar e minimizar os riscos de falha da operação na entrega de grandes projetos.

2.4. Prontidão operacional em aeroportos

A escolha do cenário aeroportuário para a avaliação da prontidão operacional é

importante, pois se trata de um tipo de projeto que contempla uma alta taxa de retorno

de investimento desde o primeiro dia de sua operação.

A seguir, encontram-se algumas práticas que auxiliarão no programa de prontidão

operacional:

Examinar como terminais de aeroporto são entregues e identificar formas de

tornar o processo mais transparente;

Explorar maneiras de manter os responsáveis pelas operações do aeroporto

engajados durante todo o processo de entrega da área nova construída;

Desenvolver e formalizar práticas recomendadas do setor para ativar novas

instalações dos terminais de aeroportos.

Para que ocorra a ativação operacional do projeto aeroportuário alguns passos precisam

ser seguidos. (LYONS E POWELL, 2010).

1. Confirmação e verificação de que a instalação está apta para seu uso pretendido

dentro dos termos do contrato e exigências do setor e dos usuários.

2. Revisão de instalações novas ou recondicionadas para confirmar que elas estão

aptas para a finalidade pretendida.

3. Identificação de quaisquer problemas e determinação se é apropriado solucioná-

los antes ou depois da abertura.

4. Desenvolvimento de planos para instalações novas ou recondicionadas, sistemas e

equipamentos.

5. Recrutamento, familiarização e treinamento de pessoal e stakeholders.

6. Testes para confirmar que os planos operacionais, pessoal, instalações,

comunicação, etc, irão funcionar e trabalhar juntos como planejado.

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2.5. Casos de aplicação do programa

O Aeroporto de Munique como criador do programa é o mais antigo prestador de

consultoria para aplicação do mesmo em diversos aeroportos no mundo. Em duas

décadas, sua equipe ORAT geriu com sucesso 25 projetos pelo mundo, incluindo o nosso

exemplo de caso do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro que será abordado mais a

frente. (SINGAPORE AVIATION ACADEMY, 2007).

Além do Aeroporto de Munique e o Aeroporto de Paris, o grupo Fraport e empresas

especialistas em suporte aeroportuário prestam serviços de consultoria do programa

ORAT. A seguir, encontram-se alguns projetos que obtiveram sucesso com a aplicação do

programa de prontidão operacional.

- LIM Terminal 1 (Lima, Peru)

Com capacidade para 18 milhões de passageiros por ano, 19 pontes de embarque e 19

companhias aéreas, o terminal 1 do Aeroporto Internacional de Lima foi construído em 36

meses e foi inaugurado em 2008.

O programa ORAT foi aplicado em testes operacionais e familiarização com os novos

sistemas eletrônicos.

- FRA C/D Píer (Frankfurt, Alemanha)

Durante a alteração entre o píer C/D, o Aeroporto de Frankfurt contou com treinamentos

e um programa de familiarização para garantir a facilidade e a prontidão dos sistemas e

staff proporcionando assim o sucesso na operação.

A capacidade do novo píer é de 6 milhões de passageiros ao ano, possui 8 pontes de

embarque. A sua construção iniciou em 2006 e a inauguração ocorreu em 2008.

- GRU Terminal 3 (São Paulo, Brasil)

A capacidade contemplada com o projeto do novo terminal é de 12 milhões de

passageiros ao ano, com 20 pontes de embarque e 11 companhias aéreas.

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22

O programa ORAT auxiliou a inauguração do terminal em maio de 2014, apenas um mês

antes do início da Copa do Mundo da Fifa. A construção foi realizada em 18 meses e o

programa foi aplicado durante os últimos 7 meses de obra.

Além do caso do Aeroproto Internacional de Guarulhos, o Brasil recentemente teve mais

um exemplo de aplicação. O programa ORAT foi aplicado nas obras de expansão e

reforma do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro – Galeão. No capítulo a seguir, será

apresentado e analisado todo o projeto para a inauguração das novas áreas do aeroporto.

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23

3. ORAT – Operational Readiness and Airport Transfer

O programa de prontidão operacional é um conjunto de atividades operacionais e testes

que precisam ser executadas em mega projetos tais como aeroportos, antes de sua

inauguração. (AL MAZROOIE E BAJRACHARYA, 2013).

Desta forma, existem práticas que compõem o programa de prontidão operacional em

cada fase do projeto. A abordagem é baseada em grandes projetos, mas pode ser

ajustado para escalas menores de forma apropriada. A razão para esta abordagem é

porque é mais fácil reduzir os esforços para ajustar a uma escala de projeto menos

complexo do que realizar o caminho contrário. A nível de gerenciamento de projeto,

encontra-se a seguir (Figura uma possível estrutura analítica do projeto.

Figura 3.1 – Estrutura Analítica do Projeto de aplicação do programa ORAT

Pelo fato de os aeroportos estarem em constante mudança e crescimento, as práticas

facilitadoras para os terminais aeroportuários estão regularmente sendo criadas. A Figura

3.1 mostra como o programa de prontidão operacional pode ser organizado, planejado,

executado e aceito, e por fim efetuar a inauguração.

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24

Figura 3.2 - Processo de ativação aeroportuária

(Adaptado de: "AIRPORT TERMINAL FACILITY ACTIVATION TECHNIQUES", Federal Aviation

Administration, 2010)

3.1. Gerenciamento do programa de prontidão operacional

Primeiramente, é necessário estabelecer um time ORAT para gerenciar as atividades de

ativação e para efetuar as interfaces com todos os envolvidos no projeto. Sendo assim, o

time estabelece:

As responsabilidades e funções de todos os membros do time ORAT e as

responsabilidades e funções de todos os stakeholders;

A estrutura organizacional do time ORAT, especialistas no assunto envolvidos no

projeto e os stakeholders;

Um processo de resolução do problema que claramente define a metodologia

para levantar questões e problemas. Um processo de escalonamento claro é vital

para se comunicar e resolver problemas de maneira oportuna;

Um banco de dados/lista de contatos para todos os participantes do projeto,

fornecendo uma única fonte e recurso para todos os envolvidos no projeto;

Grupos de estudo para as várias atividades da inauguração. Esta é uma prática

chave em que o time ORAT, especialistas no assunto e stakeholders irão gerar os

materiais necessários para alimentar o processo de ativação do terminal;

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25

Critérios legais e regulamentares que precisam ser alcançados para iniciar a

operação de um aeroporto. Uma parte fundamental do sucesso de qualquer

processo de ativação aeroportuária é a identificação precoce de critérios de teses,

construir as relações necessárias com as autoridades e organismos reguladores.

Um plano de gerenciamento do programa ORAT deve ser elaborado no início do processo

de ativação. Este define as atividades e determina os prazos necessários para completar

cada uma das tarefas. O plano aumenta o nível de detalhe do processo de ativação para

permitir a execução bem sucedida. Ele deve ser coordenado com o cronograma do

projeto e da obra sendo revisto e atualizado em uma base regular.

3.2. Gestão da comunicação

Devido à complexidade dos projetos e o número de diferentes pessoas direta e

indiretamente afetadas pelas mudanças que o novo terminal aeroportuário trará, a

comunicação deve ser cuidadosamente gerenciada, internamente e externamente.

O plano de comunicação deve ser desenvolvido em conjunto com as autoridades do

aeroporto e outras principais partes interessadas, para avaliar como as comunicações

internas e externas serão gerenciadas. O plano garante que serão estabelecidos os

melhores canais de comunicação com cada stakeholder garantindo que todos serão

informados e consultados no decorrer das fases do projeto. Isto facilita consistentemente

e oportunamente a recepção de dados de todos os participantes no projeto.

A gestão da comunicação para iniciar a operação dos terminais aeroportuários engloba:

Comunicação interna

o Grupo de ativação aeroportuária;

o Equipe de engenharia da empresa operadora;

o Responsável pela comunicação da empresa construtora;

o Stakeholders;

o Colaboradores do projeto.

o

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26

Comunicação externa:

o Informação para o público;

o Informação para outros órgãos, como do governo e das companhias

aéreas.

Para que seja realizada uma comunicação forte e eficaz entre esses elementos,

ferramentas são utilizadas e práticas são desenvolvidas de acordo com a realidade e

costume de cada projeto.

3.3. Gerenciamento dos stakeholders

Os stakeholders são todos que possuem qualquer tipo de interesse no início da operação

do novo aeroporto. O engajamento dos stakeholders é um componente importante para

o sucesso da operação. Para alcançar este objetivo é necessária uma abordagem

sistemática para identificar e desenvolver as soluções que atendam as suas necessidades.

(LYONS E POWELL, 2010).

O time ORAT é estruturado para que os stakeholders sejam envolvidos em todo o projeto

de forma a minimizar os riscos de surpresas fazendo com que eles possam ajudar a

melhorar o resultado final, o qual é o início da operação do aeroporto. Com a participação

dos stakeholders nos testes, comissionamentos, familiarização e treinamento, eles

fornecerão importantes feedbacks para o desenvolvimento do projeto.

Os métodos e técnicas utilizadas para envolver todos os interessados no projeto e

identificar os diversos desejos incluem a realização de reuniões, oficinas e entrevistas

técnicas.

O time ORAT encontra-se com cada stakeholder para avaliar o seu impacto e

envolvimento no projeto, nas fases do programa de ativação. O conceito de ativação de

terminal é promovido para a comunidade aeroportuária para aumentar a compreensão e

para que seja entendida a importância da sua participação, como mostrado na Figura 3.2.

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27

Figura 2.3 - Engajamento dos stakeholders

(Adaptado de: "AIRPORT TERMINAL FACILITY ACTIVATION TECHNIQUES", Federal Aviation

Administration, 2010)

Além de representantes do time ORAT, a equipe se estende aos representantes tanto do

lado da operação do aeroporto quanto do lado da obra. À medida que o tamanho do

projeto aumenta, aumenta o número de stakeholders, e os fluxos de informação podem

tornar-se cada vez mais difíceis de gerir com reuniões que podem se tornar superlotadas

e ineficazes, fazendo com que o fluxo de informação seja bem mais complexo. Para

projetos menores, o fluxo pode ser bem mais simplificado.

Para o caso de grandes projetos, a fim de facilitar a comunicação pode ser estabelecido

um SPOC (“Single Point of Contact”) para cada stakeholder ou para um grupo de

stakeholders. Este SPOC auxiliará o time ORAT como ilustrado na Figura 3.3.

Figura 3.4 - Estrutura de Comunicação

(Adaptado de: "AIRPORT TERMINAL FACILITY ACTIVATION TECHNIQUES", Federal Aviation Administration, 2010)

A gestão das partes interessadas do lado do aeroporto e do lado da construção é muito

delicada, tornando necessárias reuniões regulares dedicadas ao acompanhamento do

status do projeto. Na Tabela 2.1 são descritas estas reuniões.

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28

Tabela 2.1 – Reuniões do Programa de Prontidão Operacional

Comissão Participantes Tema Frequência

Empresa Operadora do

Aeroporto

Equipe executiva

responsável pela abertura.

Gerenciamento de alto nível.

Fórum para definir estratégias,

informar, discutir, e

resolver problemas entre as

autoridades do aeroporto. Lugar

onde

o dia de abertura é programado.

Mensal

Time ORAT Membros da construtora e

da operadora

Detalhamento dos stakeholders,

compartilhamento de informações

necessárias sobre

todos os aspectos para a abertura

do terminal.

Reunião para

avaliação da prontidão

operacional, planos,

procedimentos, ensaios,

formação e transição

gestão.

Mensal, depois quinzenal,

em seguida, semanalmente,

em seguida, semi semanal, e

até mesmo diariamente com

base no

número de questões.

Operacional

SPOCs de:

Autoridade aeroportuária,

Companhias aéreas,

Colaboradores,

operacionais.

Familiarização com as novas

instalações

operações, novos sistemas, etc.

Monitoramento e emissão de

relatórios todos

departamentos.

Mensal, depois quinzenal,

em seguida, semanalmente,

em seguida, semi semanal, e

até mesmo diariamente com

base no

número de questões.

Equipe de Segurança e

Emergência

Autoridade aeroportuária,

Seguranças,

Operadores,

Equipe de Primeiros

Socorros.

Reuniões para discutir questões

de segurança pública.

Mensal, depois quinzenal,

em seguida, semanalmente,

em seguida, semi semanal, e

até mesmo diariamente com

base no

número de questões.

Equipe de Treinamentos Time ORAT e membros da

construtora.

Reuniões para desenvolvimento

dos treinamentos e definição das

partes envolvidas.

Variável (conforme

acordado)

Grupos Genéricos Stakeholders

Reuniões para informar e discutir

tópicos específicos associados

a abertura e a transição

do aeroporto.

Variável (conforme

acordado)

Equipe Tecnologia da

Informação

Autoridade aeroportuária,

Colaboradores de TI.

Reuniões resolução dos

problemas relacionados aos

sistemas operacionais e

compartilhamento de

informações.

Mensal, depois quinzenal,

em seguida, semanalmente,

em seguida, semi semanal, e

até mesmo diariamente

(conforme acordado).

Fonte: "AIRPORT TERMINAL FACILITY ACTIVATION TECHNIQUES", Federal Aviation Administration,

2010.

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29

Para garantir que o trabalho do SPOC seja eficaz é necessário que ele tenha

responsabilidade e certa autoridade sob o seu grupo, além de ser capaz de tomar

decisões necessárias para a continuidade do projeto. E, sobretudo, reportar o progresso

do projeto para o time responsável pelo programa.

O conceito SPOC é um método de manter um diálogo constante entre cada

departamento e entre as equipes de construção e operação do terminal aeroportuário.

3.4. Gestão do Tempo

O cronograma de ativação detalha o processo de ativação do aeroporto. É desenvolvido

logo no início do programa e é estreitamente coordenado com o cronograma de projeto e

construção. O cronograma de ativação aborda três questões básicas:

1. O alinhamento do processo de ativação, com o contínuo desenvolvimento das

atividades de concepção e construção, facilita as revisões feitas pelas partes

interessadas e permite a transição adequada entre e entrega das instalações e o

início da operação. O alinhamento com o cronograma da construção também

permite atualizações regulares e comentários do progresso da construção para

confirmar que as atividades de comissionamento estão indo de acordo com

marcos do programa de ativação. Isto facilita a identificação de todos os ajustes

necessários para o programa devido a problemas de construção ou atrasos. Este

alinhamento deve observar a entrega dos manuais de operação e de manutenção,

realização de treinamento e testes. Deve-se existir também um foco no status do

sistema de manuseio de bagagem ou qualquer outro novo sistema mais complexo

que exista.

2. O desenvolvimento e a elaboração de relatórios sobre a contagem regressiva da

prontidão operacional, incluindo uma análise das etapas necessárias para o início

das operações permitindo que seja possível avaliar se o tempo disponível até o dia

da abertura do terminal será suficiente para realizar todas as atividades

pendentes.

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3. A identificação de todas as práticas facilitadoras para inauguração possibilitará a

aplicação do programa de forma prática e desta forma será possível o fácil

monitoramento e acompanhamento.

O cronograma, uma vez desenvolvido, é distribuído para todas as partes interessadas,

incluindo a equipe de construção, como um roteiro claro para a ativação do terminal

aeroportuário.

3.5. Planos de operação

A pedra angular do programa de prontidão operacional é o desenvolvimento claro e

completo dos planos de operação para as instalações que deverão iniciar o

funcionamento desde o dia da abertura do aeroporto. Estes planos incluem

procedimentos padrão e procedimentos operacionais de emergência. Eles são

desenvolvidos para cada elemento do cenário aeroportuário, tanto do lado ar —que

consiste nos sistemas de pista e pátio do aeroporto — quanto do lado terra- onde ocorre

o processamento dos passageiros.

É essencial que estes planos de operação contemplem metas para a entrega dos manuais

de operação e manutenção e realização de treinamentos dos novos sistemas e

equipamentos.

O time ORAT é responsável pelo desenvolvimento das atividades dos diversos planos de

operação para cada foco. Com os planos desenvolvidos, eles são revistos pelos

stakeholders e quando aprovados já são incluídos no programa de prontidão operacional

do aeroporto.

Este processo é realizado para todos os procedimentos operacionais. O conjunto

completo resultante dos planos de operação é tratado como um documento vivo o qual

regularmente é atualizado para refletir as alterações e aprimoramentos feitos durante o

programa ORAT.

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31

3.6. Definição dos treinamentos

Uma vez que os planos operacionais são definidos, os tipos de treinamentos podem ser

estabelecidos e o desenvolvimento do programa de prontidão operacional pode ser

iniciado. O desenvolvimento destes testes operacionais é alimentado com cronograma do

programa definido anteriormente. Com a definição da data de início dos treinamentos, é

possível programar os desdobramentos desses treinamentos de forma a auxiliar

diretamente o time ORAT e todas as partes interessadas neste projeto.

3.6.1. Desenvolvimento dos treinamentos

O desenvolvimento e execução dos treinamentos é a oportunidade de confirmar o bom

funcionamento dos sistemas e de testar os procedimentos operacionais que devem ser

implantados e/ou modificados para se adequarem a nova estrutura aeroportuária.

O programa de treinamentos detalha todos os testes que serão desenvolvidos, quais os

grupos que deverão participar ou estarem envolvidos para condução dos mesmos e quais

os recursos serão necessários para a sua realização. Um manual de treinamentos pode ser

desenvolvido para simplificar o entendimento e facilitar o acompanhamento.

O time ORAT é responsável por desenvolver, executar e avaliar os resultados dos

treinamentos. Dependendo do tamanho e da complexidade do programa é necessário

realizar uma passagem das atividades para garantir o sucesso do treinamento.

Um plano logístico deve acompanhar o plano de treinamentos para que ofereça o suporte

necessário. O recrutamento para a participação do treinamento, bem como o número de

participantes e o nível dos mesmos, deve ser feito de forma bem criteriosa. Alguns

projetos desejam a participação de muitos voluntários, em outros casos, os treinamentos

são limitados para equipe de operação aeroportuária.

O plano de treinamentos, as descrições dos testes e os participantes envolvidos devem

ser documentados. A documentação do desenvolvimento dos testes de forma regular

indica o estado de avanço do projeto.

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A seguir, encontram-se típicas atividades desenvolvidas nos testes operacionais. (LYONS E

POWELL, 2010).

Ensaios básicos de operação dos sistemas individuais e processos aeroportuários

(por exemplo, o teste de embarque completo de passageiros, atividades do lado

terra e check-in);

Ensaios avançados dos sistemas integrados e processos operacionais de aeroporto

— estes ensaios podem incluir ensaios abrangentes de partida do passageiro

processamento do passageiro, entrada e saída de passageiros e de manuseio de

bagagem. A intenção é simular algumas operações simultaneamente com todas as

partes interessadas envolvidas, com ou sem participação do público. O sucesso

desses ensaios é fundamental, pois eles fornecerão a primeira oportunidade de

ver como será a realidade de um dia de operação.

Ensaios de emergência por falha dos sistemas, equipamentos ou procedimentos

operacionais padrão. Estes ensaios testam programas de contingência quando um

ou mais sistemas falham. Por exemplo, o que acontece se a etiqueta da bagagem

for perdida, ou se a informação do voo estiver errada?

Ensaios de emergência para testar o funcionamento dos procedimentos de

emergência assim como as ações de comando e controle. Ensaios de emergência

muitas vezes incluem uma série de exercícios de orientação e de familiarização de

primeiros socorros para o pessoal envolvido nestas operações de emergência, a

fim de que tudo esteja pronto no o dia da abertura.

O objetivo do programa de treinamentos é simular a instalação real com as operações,

para que antes da abertura a todas as partes interessadas, tenham a oportunidade de

entender completamente as suas responsabilidades durante operações normais,

operações irregulares e no caso de emergências.

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Os resultados de um ensaio são revistos e avaliados para determinar:

As providências que são necessárias para realizar a entrega dos sistemas;

A realização de quaisquer alterações em processos ou a implantação de novos

procedimentos;

A necessidade de realizar o teste novamente.

3.6.2. Desenvolvimento da estratégia

As estratégias deverão ser desenvolvidas para todas as partes interessadas do projeto. O

objetivo é desenvolver mecanismos de controle e relatórios sobre os progressos de

ativação para que qualquer problema seja resolvido mais cedo possível e não afete o

cronograma, e principalmente, o marco de inauguração do projeto.

A partir destes planos, uma lista detalhada de verificação das operações é desenvolvida e

com ela se inicia uma contagem regressiva. Esta lista de verificação inclui todas as

questões que devem ser abordadas para atingir uma inauguração bem sucedida.

Identifica o indivíduo responsável por cada seção, o status das atividades e a data prevista

para a resolução de cada atividade. As listas de verificação são baseadas no número de

dias para a abertura do aeroporto e facilita a avaliação do estado de prontidão. Por

exemplo, listas de 90/60/30 dias podem ser usadas para controlar o fechamento dos

problemas relacionados à prontidão operacional do terminal. Se estas denpências não

estão sendo eliminadas de acordo com o plano, isto é identificado e pode ser tratado. A

identificação de problemas com a revisão da lista de verificação pode evitar que estes

afetem a programação e permitir uma estrada "sem surpresas" para o sucesso da

operação desde o primeiro dia de abertura do terminal. (LYONS E POWELL, 2010).

3.7. Fase de transferência

O tamanho e a complexidade do projeto determina a quantidade de tempo necessário

para o processo de transferência. Por exemplo, para um projeto relativamente complexo,

o programa ORAT poderia começar 90 dias ou mais antes do dia planejado para a

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inauguração. Para projetos menores, mais simples ou repetitivos é necessário um pouco

menos tempo para o desenvolvimento do programa.

O programa é desenvolvido com base no relatório de progresso das atividades para que

se atinjam os 100% da operação, de acordo com o cronograma do projeto. As questões

que surgirem durante este processo serão monitoradas.

Os problemas que surgirem e que podem gerar impactos operacionais para o dia da

inauguração são avaliados para que se possam definir as alternativas viáveis para

solucioná-los. Mais uma vez, o objetivo aqui é garantir uma abertura sem surpresa.

Desta forma, quando se aproximar o final do programa ORAT, de acordo com o avanço da

prontidão operacional do aeroporto, os stakeholders podem iniciar o processo de

transição para as novas instalações. Este processo é gerenciado e relatado contra o

acordado no programa, nas listas de verificação e nos planos.

3.8. Fase de verificação

A fase final do programa ORAT é marcada pela importante decisão de seguir ou não com

a inauguração como planejada. Verificações de integridade das propostas em relação à

data de abertura são feitas progressivamente ao longo do programa para avaliar se um

ajuste no escopo do projeto ou nos recursos adicionais é apropriado para conseguir com

sucesso a data de abertura proposta.

Os problemas que podem afetar o dia da abertura estão listados a seguir. (LYONS E

POWELL, 2010).

Progresso por parte da construtora:

o Construções em geral,

o Instalação de sistemas,

o Comissionamento,

o Processo de entrega (documentos, as built, manuais operações, contratos

de assistência técnica/manutenção, garantias, etc.).

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Prontidão dos stakeholders:

o Recrutamento.

o Planejamento (operação),

o Treinamento e familiarização de progresso,

o Aceitação de instalações e sistemas.

Questões críticas levantadas durante treinamentos ORAT.

Certificações.

De forma geral, a Figura 3.4 resume o que foi exposto neste capítulo. A partir dela é fácil

notar que os lados da construção e o da prontidão operacional são independentes,

entretanto estão próximos pelas atividades a serem desenvolvidas. A partir do

alinhamento destas atividades obtém-se o sucesso na abertura do aeroporto.

Figura 3.5 - Fluxo das atividades do programa

(Adaptado de: "AIRPORT TERMINAL FACILITY ACTIVATION TECHNIQUES", Federal Aviation Administration, 2010)

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4. Exemplo de aplicação: Aeroporto Internacional Tom Jobim - Galeão

O aeroporto que começou sua história em 1924 e que se tornou oficialmente

internacional em 1945, já passou por diversas intervenções para sua expansão e

revitalização.

Com a escolha do Rio de Janeiro para ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e com as

avaliações negativas que o aeroporto recebia através das pesquisas de satisfação

realizadas pela Secretaria de Aviação Civil, em 2014, foi assinado o contrato de concessão

do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim – Galeão. Desta forma, a

responsabilidade de operação, manutenção e ampliação do aeroporto foi transferida da

Infraero para o RIOgaleão.

O grupo atualmente é composto pelas empresas Odebrecht TransPort e Changi Airports

International (CAI), que possui 51% de participação, e pela Infraero com 49% de

participação.

Diante deste cenário, o atual grupo responsável pelo segundo aeroporto internacional

mais movimentado do país iniciou um grande projeto de ampliação, reforma e

modernização aeroportuária.

4.1. Apresentação da aplicação do Programa

4.1.1. Realização das obras

As obras iniciadas em 2013, foram realizadas pelo Consórcio Construtor Galeão (CCG). O

consórcio foi formado pela Construtora Norberto Odebrecht S/A e MPE Engenharia e

Serviços S/A.

O escopo das obras incluiu reformas de áreas antigas do aeroporto, construção de um

novo píer com 100.000 m² (Píer Sul), construção de um novo pátio de aeronaves, reforma

de três pavimentos e expansão de quatro pavimentos do Edifício Garagem.

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A parte de ampliação conta com espaçosos banheiros decorados, esteiras e escadas

rolantes, catorze portões de embarque e desembarque e 26 pontes climatizadas de

última geração, três delas com possibilidade de acomodar modelos como o Airbus A380,

considerado o maior jato comercial do mundo, com capacidade para mais de 500

passageiros.

Para atingir o objetivo de entregar o aeroporto pronto para os Jogos Olímpicos, realizados

em agosto de 2016, a obra teve um pico de 7.000 colaboradores que trabalharam em dois

turnos para cumprir 24 horas de jornada diária.

Ao analisar o grande desafio, os grupos responsáveis tanto pela construção como pela

operação optaram pela realização de um projeto com o objetivo de garantir que, após a

conclusão das obras, o aeroporto teria um desempenho planejado desde o dia da sua

inauguração. Desta forma, o projeto ORAT foi desenvolvido durante as obras do

Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim – Galeão.

4.1.2. Desenvolvimento do Programa ORAT

O programa de prontidão operacional realizado de novembro de 2015 a maio de 2016

concentrou-se tanto nas fases de execução e conclusão, como também no projeto

executivo das obras.

Para iniciar as atividades para a implantação do programa foi necessário um estudo inicial

que definiu um roteiro simples para o gerenciamento da implantação do Programa ORAT

e um estudo das partes envolvidas no projeto. Primeiramente foram divididas as áreas de

responsabilidade e atuação do CCG e do RIOgaleão. Como pode ser observada na Figura

4.1 a área de instalações e sistemas foram inseridas no escopo do CCG e a área de

informações do aeroporto e de recursos humanos no escopo do RIOgaleão.

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Figura 4.1 - Fluxo do projeto

O Programa ORAT no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão foi baseado na

abordagem integrada desses quatro pilares para o seu desenvolvimento: sistemas e

instalações aeroportuárias, rede de informações e recursos humanos. A partir deles,

foram traçados os planos de ação para garantir tanto a entrega da obra, bem como a

garantia de funcionalidade e prontidão operacional desde a fase inicial da operação.

Figura 4.2 - Abordagem integrada do programa

Uma vez feita esta análise, torna-se fácil a compreensão da composição da equipe responsável pelo desenvolvimento e implantação do programa de prontidão operacional das obras do Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão.

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Composição das equipes

Para a sua realização, o projeto contou com uma equipe que teve duas composições

distintas de acordo com o período do projeto. Na primeira etapa do projeto, de

novembro de 2015 a março de 2016, a equipe era formada por sete consultores da

Lufthansa Consulting, do Aeroporto de Munique (FMG) e da Excelente Brasil Participações

Ltda., um representante do Consórcio Construtor Galeão e três integrantes dedicados do

RIOgaleão (Figura 4.3).

Figura 4.3 - 1ª Formação do Time ORAT

Na segunda etapa do projeto, de março a maio de 2016, com a saída da consultoria

Lufthansa/FMG, se formou um grupo de trabalho composto por vinte e seis integrantes

de diversas áreas do RIOgaleão e do CCG (Figura 4.4).

Um ponto importante que deve ser ressaltado é o fato da composição mista da equipe,

com membros da operadora e da construtora. Ela é fundamental para a garantia do

sucesso do programa, sendo necessário, sobretudo um alinhamento entre as partes.

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Figura 4.4 - 2ª Formação do Time ORAT

Uma vez que foi definida a equipe, o programa foi divido em fases que viabilizaram a

realização do projeto. Estas fases foram baseadas no fluxo do estudo inicial, que pode ser

observado na Figura 4.1.

Fases do Programa ORAT

A aplicação do Programa ORAT no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão foi

dividido em quatro fases:

1. Reuniões para levantamento dos processos principais

Estas reuniões foram realizadas a fim de desenvolver o cronograma ORAT para que as

suas atividades estivessem em consonância com as etapas de construção e para

monitorar o status geral do projeto. A consolidação deste cronograma com os demais

cronogramas de construção e projeto foi importante para assegurar a transparência total

da construção, bem como a disponibilidade dos membros envolvidos.

Nestas reuniões também foi discutido um modelo de governança do projeto visando um

fluxo de informação claro e eficiente e um processo de tomada de decisão. Além disso,

foram desenvolvidos mecanismos de escalabilidade dos riscos e resolução dos problemas,

de acordo com o cronograma e orçamento do projeto.

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2. Reuniões de Interface

Estas reuniões abordaram dois importantes tópicos: definição dos stakeholders e a

comunicação entre eles.

Após definir os stakeholders, foram realizadas reuniões com o intuito de prepará-los e

informá-los das informações-chaves para que responsabilidades fossem atribuídas, como

suporte para emissão de documentos, suporte para realização de visitas e cursos (caso

fossem necessários).

Um ponto muito delicado de todo o projeto é a comunicação, portanto, esta fase do

projeto apresentou às partes interessadas o planejamento da comunicação para que

houvesse o intercâmbio de informações de forma clara e controlada. Era importante para

o projeto que houvesse uma comunicação contínua dos stakeholders e que a participação

deles, principalmente na fase de testes, fosse controlada e monitorada.

3. Visitas de Campo

Nesta fase foram realizadas visitas tanto nas áreas que estavam ainda em construção

quanto nas áreas públicas e de monitoramento e controle do aeroporto.

A participação dos consultores nestas visitas é fundamental para que eles possam tomar

conhecimento do real nível que o projeto se encontra.

4. Testes Operacionais

O conceito destes testes de simular processos do aeroporto com base em um plano de

voo experimental com a participação do pessoal de operações e equipamentos.

Cada sessão destes testes contou com um conjunto de cenários e eventos. Os cenários

foram desenvolvidos para todos os processos centrais, inclusive as interfaces de

comunicações. Para que pudessem ser passadas informações sobre o projeto, o percurso,

atividades que seriam desenvolvidas no treinamento e orientações de segurança, eram

realizadas reuniões com os participantes antes de início dos testes, Figura 4.6. Um dos

assuntos dessas reuniões era a apresentação da programação, Figura 4.5, do

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treinamento. No Anexo 1, encontra-se um exemplo do relatório que era distribuído com

as orientações e informações dos testes para os participantes.

Figura 4.5 - Exemplo de programação do treinamento

Figura 4.6 - Reunião que antecedia os testes

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Estes testes puderam ser divididos em dois tipos: Teste Operacional Básico e Avançado

(ou Integrado). O Teste Básico foca em processos típicos do aeroporto, como manuseio

de passageiros (Figura 4.7), manuseio de bagagens no solo, em níveis preferencialmente

individuais. Eles foram uma primeira tentativa de estabelecer operações nas novas

instalações do aeroporto.

Os objetivos dos testes básicos foram:

Simular o processo de chagada/partida de passageiros, inclusive os componentes

do lado terra;

Simular processos e fluxos (Figura 4.8);

Verificar os processos centrais;

Refinar o plano operacional com relação às simulações de processos e fluxos

(Figura 4.11);

Realizar reuniões para coletar feedbacks dos participantes.

Figura 4.7 - Agente da companhia aérea TAM iniciando o procedimento de check-in

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Figura 4.8 - Cartão de embarque

com informações do voo criado

para a realização do teste

Figura 4.9 – Teste do Sistema Informativo de Voo (SIV)

Figura 4.10 – Teste das escadas rolantes localizadas entre o Terminal 2 e o Píer Sul

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Figura 4.11 – Teste de acessibilidade para cadeirantes com passageiro fictício

O Teste Avançado visa à integração dos processos individuais do aeroporto para que se

obtenha uma operação mais realista. Para que estes testes fossem iniciados foi preciso

haver a integração dos sistemas e o novo píer estar em configuração final. Além disso,

durante o período dos testes avançados, situações de retiradas e emergências foram

simuladas.

Os objetivos dos testes avançados foram:

Simular o processamento de passageiros e aeronaves de ponta a ponta (Figura

4.14);

Verificar e concluir o plano de operações com relação dos processos-chaves;

Verificar a funcionalidade de vários sistemas e níveis de integração (bagagem/ TI/

segurança etc.) com relação a operações reais e aos indicadores de desempenhos

estabelecidos (Figura 4.9 e Figura 4.10);

Avaliar o treinamento e a eficiência do pessoal (Figura 4.12 e 4.13);

Planejar e executar os planos de retirada e contingência;

Aplicar teste de estresse de vários sistemas e componentes de vários sistemas

com relação à capacidade de produtividade;

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Realizar reuniões para coletar feedbacks dos participantes.

Figura 4.12 - Check-in e despache das bagagens dos passageiros fictícios

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Figura 4.13 - Instruções para a realização do procedimento de embarque fictício

Figura 4.14 - Aeronave 747-8 da Lufthansa participando do 6º teste operacional integrado

Ao todo foram realizados vinte e um testes envolvendo várias partes interessadas, dentre

elas companhias aéreas voluntárias e empresas da operação aeroportuária. A descrição

dos testes realizados se encontra na Tabela 4.1.

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Tabela 4.1 – Testes do Programa ORAT

Simulado Realizado

Data Operações Simuladas

Partes envolvidas Cia. Aéreas

Participantes N. de

Pessoas

Visita de Campo 1

22/12/15 Novo Fluxo de

Embarque Internacional TPS-2

CCG, RIOgaleão e Consultorias

CCG, RIOgaleão e Consultorias

- 20

Visita de Campo 2

12/01/16 Novo Fluxo de Desembarque

Internacional TPS-2 - 20

1º Simulado Básico

16/02/16

Novo Fluxo de Embarque e

Desembarque Internacional (TPS-2 –

Píer Sul)

TAAG 31

2º Simulado Básico

18/02/16 TAM e TAP 22

3º Simulado Básico

23/02/16 LUFTHANSA E

UNITED 38

4º Simulado Básico

25/02/16 TAP 35

5º Simulado Básico

01/03/16 TAM e TAAG 32

6º Simulado Básico

03/03/16 TAM 22

7º Simulado Básico

08/03/16 ALITÁLIA, TAAG E

IBERIA 45

8º Simulado Básico

10/03/16 TAAG, CONDOR e

TAM 37

9º Simulado Básico

15/03/16 TAM e ALITALIA 38

10º Simulado Básico

22/03/16 ALITALIA, TAM, AIR CANADA e BRITISH

47

11º Simulado Básico

24/03/16 TAM, UNITED e

BRITISH 74

12º Simulado Básico

29/03/16 AIR FRANCE,

EMIRATES e TAM 49

13º Simulado Básico

31/03/16 AIR CANADA, TAP e

TAM 52

14º Simulado Básico

05/04/16

Novo Fluxo de Embarque e

Desembarque Doméstico (TPS-2)

TAM 56

1º Simulado Integrado

07/04/16 Novo Fluxo de Embarque e

Desembarque Internacional

(TPS-2 – Píer Sul)

CCG, RIOgaleão e 60

passageiros fictícios TAM 85

2º Simulado Integrado

12/04/16 CCG, RIOgaleão e 70

passageiros fictícios AIR FRANCE/KLM e

TAM 88

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3º Simulado Integrado

14/04/16

Novo Fluxo de Embarque e

Desembarque Internacional

(TPS-2 – Píer Sul)

CCG, RIOgaleão e 100

passageiros fictícios TAM 125

4º Simulado Integrado

16/04/16 CCG, RIOgaleão e 100

passageiros fictícios GOL e BRITISH 122

5º Simulado Integrado

19/04/16

CCG, RIOgaleão e 100

passageiros fictícios +

ANAC

TAAG e TAM 153

6º Simulado Integrado

11/05/16

CCG, RIOgaleão e 100

passageiros fictícios,

Swissport, Policia

Federal e Receita

Federal

LUFTHANSA 189

Simulado de Emergência

12/05/16

Novo Fluxo de Embarque e

Desembarque Internacional

(TPS-2 – Píer Sul)

CCG, RIOgaleão e 40

passageiros

(voluntários da Força

Aérea Brasileira)

- 60

Ao final de todos os testes realizados, foram elaborados relatórios como o da Figura 4.15.

Nele são encontradas as informações do treinamento efetuado e os problemas

identificados tanto pelas partes envolvidas quanto pelos passageiros fictícios.

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Figura 4.15 – Exemplo do relatório desenvolvido após Testes Operacionais

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Equipamentos, insumos e instalações

Um ponto muito importante do Programa ORAT é realizar todos os seus testes de forma

segura. No presente projeto, além da presença de um bombeiro e uma técnica de

segurança, pelo menos, em todos os treinamentos, foram adquiridos equipamentos e

insumos (Figura 4.16) apresentados na Tabela 4.2.

Figura 4.16 – Equipamentos utilizados no Programa ORAT

Tabela 4.2 – Equipamentos e insumos utilizados no Programa ORAT

Item Quantidades

Botas de segurança 150 pares

Óculos de segurança 150 unidades

Capacete 150 unidades

Coletes de Identificação 260 unidades

Máscara contra poeira 100 unidades

Corrente zebrada 500 metros

Custos incorridos e/ou investimentos

Os custos envolvidos para a realização do Programa ORAT podem ser divididos em custos

diretos (consultorias externas contratadas) e custos indiretos, equipamentos e

suprimentos contratados.

Os valores da consultoria foram pagos por relatórios entregues e não por homem/hora

como é mais comum. Desta forma se evitou custos extras e que os valores

ultrapassassem o orçado. Os serviços referentes à consultoria estão descritos na Tabela

4.3 e na Tabela 4.4.

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Tabela 4.3 – Custo referente aos serviços de consultoria (Lufthansa e FMG)

* SOP – Procedimento Operacional Padrão (POP) é uma descrição detalhada de todas as operações necessárias para a

realização de uma tarefa, ou seja, é um roteiro padronizado para realizar uma atividade. Em inglês, Standard Operating

Procedure.

Item Descrição

1 Serviços ORAT na preparação e na abertura do "Píer Sul".

1.1 Relatório (Resumo em planilha excel) - (entregáveis mensais).

1.2 Apresentação do comitê de revisão e atas das reuniões (entregáveis mensais).

1.3 Lista de itens pendentes (entregáveis mensais).

1.4 Relatórios sobre os SOPs* analisados ou SOPs atualizados/recém-desenvolvidos - (entregáveis mensais)

1.5 Resumo das atas de reuniões das "equipes dos processos-chave" e sem as partes envolvidas - (entregáveis mensais).

1.6 PPT de Lançamento (entregáveis únicos)

1.7 Orçamento ORAT (entregáveis únicos)

1.8 Cronograma diretor ORAT (entregáveis únicos)

1.9 Conceito de teste - 1° esboço antes do acordo final entre as partes (entregáveis únicos)

1.10 Catálogo de cenário de teste e lista de eventos de teste do usuário final (entregáveis únicos)

1.11 Diretrizes para o teste (entregáveis únicos)

Total do Investimento Lufthansa/ Munique

R$ 7.555.000,70

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Tabela 4.4 – Custo referente aos serviços de consultoria (Excelente Brasil)

Item Descrição

2 Serviços ORAT na preparação e na abertura do "Píer Sul".

2.1

Apoio ao Gerenciamento de Projetos de Prontidão Operacional “ORAT”: i) auxiliar com a revisão do cronograma e agenda propostos de ORAT, presumindo a conclusão dos

trabalhos da Fase 1B; ii) participar das reuniões periódicas de gerenciamento de projetos e do comitê diretivo; iii) fornecer feedback sobre os relatórios periódicos, relatórios

mensais de status e relatórios de acompanhamento de prontidão; iv) revisar e fornecer feedback sobre as listas de questões pendentes e de registro de riscos.

2.2

Operações de Terminal: i) auxiliar na revisão dos planos propostos de ORAT; ii) revisar os principais conceitos, fluxos e processos propostos relativos aos terminais operacionais; iii) fornecer recomendações fundamentais para endereçar as lacunas operacionais e elevar a experiência dos passageiros de aeroporto; iv) avaliar os procedimentos de contingência

propostos para operações irregulares e emergências.

2.3 Operações aéreas: i) auxiliar na revisão dos principais conceitos e processos operacionais aéreos propostos; ii) questões de destaque relativas à segurança quando aplicáveis nos

processos operacionais aéreos propostos ou revistos.

2.4

Sistema de movimentação de bagagens: i) auxiliar na revisão dos principais conceitos e processos operacionais propostos ou revistos relacionados à movimentação de bagagem;

ii) auxiliar na adaptação dos planos de contingência propostos relativos ao sistema de movimentação de bagagens.

2.5 Teste de ORAT: auxiliar na revisão da lista de testes e dos conceitos de teste.

2.6

Centro de Operações Aeroportuárias (“COA”): i) auxiliar no planejamento do Centro de Operações Aeroportuárias em preparação para operações na nova infraestrutura; ii)

auxiliar na adaptação da implementação de uma central de COA, levando em consideração o cronograma que conduz aos jogos olímpicos; iii) prover recomendações

relativas à adaptação das funções e responsabilidades dos vários intervenientes no COA.

2.7

Comercial: i) auxiliar no desenvolvimento de uma estrutura e implementar um cronograma relativo à integração comercial; ii) revisar ou adaptar planos e processos

existentes para assegurar uma integração tranquila das novas áreas de concessão comercial do aeroporto,

2.8

Treinamento e familiarização: i) auxiliar na determinação dos requisitos de treinamento e acompanhar o cumprimento do cronograma em preparação das operações na nova

infraestrutura; ii) auxiliar no desenvolvimento de um plano de estrutura e implementar o cronograma para treinamento e familiarização.

2.9

Prestar serviços de apoio para as Olimpíadas. Áreas de implantação incluem as seguintes: i) centro de operações aeroportuárias no terminal; ii) em ambos os terminais, o trânsito

de chegada/partida e áreas CIQ, o salão de chegada de bagagem e os balcões de informações de chegada/partida.

2.10

A cobertura dos serviços no local para os picos de chegada e partida incluem: i) auxiliar nos processos de facilitação aos passageiros; ii) auxiliar no tratamento de passageiros

internacionais que falem inglês; iii) observar e destacar as falhas nos processos de fluxo de passageiros ou de bagagem; iv) fornecer feedback e revisão sobre os processos de

fluxo de passageiros; v) destacar e fornecer feedback imediato sobre a equipe de operações; vi) fornecer assistência e apoio, conforme necessário, no caso de operações

não regulares e durante contingências aeroportuárias.

Total do Investimento Excelente Brasil (CAG)

R$ 7.043.190,00

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Os custos indiretos englobam os equipamentos e insumos citados anteriormente e uma

equipe disponibilizada pelo Consórcio Construtor Galeão que esteve diretamente

envolvida no programa de prontidão operacional. Estes custos estão apresentados na

Tabela 4.5 e na Tabela 4.6.

Tabela 4.5 – Custo indiretos (Equipamentos e Insumos)

Item Valor Unitário Unidade Total R$

EPPs - Conjuntos (Bota de Segurança) R$ 39,80 150 unit. R$ 5.970,00

EPPs - Conjuntos (capacetes) R$ 23,00 150 unit. R$ 3.450,00

EPPs - Conjuntos (óculos de segurança) R$ 2,70 150 unit. R$ 405,00

EPPs - Conjuntos (Máscara contra poeira) R$ 0,81 88 unit. R$ 71,28

Coletes de Segurança para os Participantes dosTestes Operacionais

R$ 14,80 100 unit. R$ 1.480,00

Coletes de Segurança para a Coordenação dos Testes Operacionais (Equipe ORAT

R$ 14,80 20 unit. R$ 296,00

Coletes de Segurança para os Passageiros dos Testes Operacionais

R$ 19,00 100 unit. R$ 1.900,00

Coletes de Segurança para Logística dos Testes Operacionais

R$ 19,00 40 unit. R$ 760,00

Corrente zebrada R$ 1,35 500 m R$ 675,00

Total R$ 15.007,28

Tabela 4.6 – Custo indiretos (Equipe CCG)

Item Tipo

RP Produção Indireto

Enc. Geral Produção Indireto

RP ORAT Indireto

Oficial (1) Direto

Ajudante (2) Direto

Total (horas) 760

Total R$ 100.618,96

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Ao todo, o programa teve um custo de investimento totalizando R$ 14.713.816,90

(Quatorze milhões, setecentos e treze mil, oitocentos e dezesseis reais e noventa

centavos) que corresponde a quase 1% de todo o investimento realizado em obras e

melhorias por parte da operadora do aeroporto.

4.2. Análise da aplicação do Programa

No dia 23 de maio de 2016 partiram os primeiro voos do novo Píer Sul. A inauguração foi

marcada pelos comentários positivos da mídia exaltando o número de novas pontes de

embarque e o espaçoso local destinado à loja Duty Free. Os primeiros voos saíram sem

problemas e os primeiros passageiros ainda receberam alguns mimos do RIOgaleão, como

drinques para relaxar antes do voo.

Fatores para o sucesso

Entretanto, o sucesso da abertura das novas áreas do aeroporto, em especial do novo

Píer, é o resultado do Programa ORAT. Este pode ser associado a alguns fatores

apresentados na Tabela 4.7.

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Tabela 4.7 – Fatores para o sucesso do Programa ORAT

Descrição

A parceria com consultores expertises em prontidão operacional em aeroportos garantiu a aplicação de boas práticas desenvolvidas em outros projetos pelo mundo.

Lufthansa Consulting Aeroporto de Munique (FMG) Excelente Brasil Participações Ltda.

A Lufthansa é uma empresa de aviação de âmbito mundial,

formada por mais de 400 empresas

subsidiárias, presta consultoria a

empresas aéreas, aeroportos, governos e instituições em todo

o mundo com projetos de ORAT

realizados em aeroportos como OR Tambo-Joanesburgo; Aeroporto de Colônia

e Aeroporto de Athenas em

preparação as Olimpíadas de 2004

Empresa operadora do aeroporto que leva o nome. Na

qualidade de operadora integral dos serviços, a FMG

dispõe de uma vasta experiência no tratamento de todos os serviços e processos

relacionados com o aeroporto. Este aeroporto é considerado

um aeroporto 5 estrelas e ganhos prêmios do melhor da Europa durante diversos anos. Além deste, prestou serviços de consultoria em ORAT no Novo aeroporto de Quito, Aeroporto de Singapura e Aeroporto de Viracopos.

A empresa Changi Airports International (CAI), que faz parte do

consórcio RIOgaleão junto com a Odebrecht TransPort, trouxe sua

experiência de projetos ORAT realizados anteriormente através de

sua filial brasileira de consultoria aeroportuária Excelente Brasil

Participações Ltda., que também participou do projeto.

A Excelente Brasil Participações é subsidiária da Changi Airport Group (CAG), que opera o premiado Changi

Airport em Cingapura, quinto aeroporto de tráfego internacional

mais movimentado do mundo e eleito o melhor do mundo em 2013,

2014, 2015 e 2016. Atua como operadora, consultora e investidora

em mais de 40 aeroportos localizados em 20 países.

O envolvimento das autoridades locais, desde o nascimento do Programa, contribuiu muito para a realização do projeto. Como também a atenção, ação e decisão por parte da diretoria

do CCG e RIOgaleão.

O projeto contou com uma equipe dedicada o que facilitou a tomada de decisões em tempo hábil.

O suporte e orientação dos responsáveis por cada processo operacional também influenciou muito no resultado obtido.

A prática de desenvolvimento de relatórios semanais possibilitou o acompanhamento detalhado da evolução da prontidão operacional do aeroporto.

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Pontos positivos do Programa

A opção de aplicar o Programa ORAT no projeto de expansão e reforma do Aeroporto

Internacional Tom Jobim – Galeão exigiu investimentos em relação a tempo e dinheiro.

Os seis meses de aplicação do programa foram tensos e intensos, afinal, o projeto

precisava ser entregue para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Portanto, CCG e

RIOgaleão tinham a obrigação de não só entregar um novo píer com 100.000 m² mas

também de garantir a operacionalidade para atender o marco histórico de passageiros do

aeroporto desde a sua inauguração.

Desta forma, o primeiro ponto positivo foi de fato a prontidão operacional do aeroporto

desde a sua mais nova inauguração e a integração das áreas existentes e das áreas novas

do aeroporto. Indiscutivelmente, o objetivo principal foi atingido. Mas todo o

desenvolvimento do Programa foi marcado por grandes feitos, tais como:

Garantia de familiarização da comunidade aeroportuária com as novas instalações

do aeroporto;

O engajamento das companhias aéreas no Programa disponibilizando, além de

colaboradores, aeronaves para a realização dos testes;

Uma gama enorme de feedbacks por parte de todos os colaboradores,

(companhias aéreas, operadores, segurança, Polícia Federal, passageiros fictícios)

o que possibilitou uma identificação mais rápida e eficaz de problemas das mais

variadas escalas de gravidade;

A possibilidade de realizar ajustes na fase de projeto (por exemplo, rampa no lugar

de um degrau) ou de solucionar problemas simples, como o corte dos cartões de

embarque.

A realização de um ajuste fino nos sistemas de som e de ar condicionado das

novas edificações do aeroporto;

A abertura para participação de estudantes como passageiros fictícios foi muito

bem vista e possibilitou uma publicidade muito positiva para o projeto;

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O desenvolvimento de trinta e sete Procedimentos de Operação Padrão os quais

são roteiros padronizados para realização de atividades;

A realização de um simulado de emergência envolvendo passageiros fictícios,

socorristas, bragadistas e bombeiros;

O número de zero acidente durante a execução dos vinte e um testes operacionais

graças a constante preocupação de conscientizar os participantes do perigo

quando estão numa área em obra e a presença obrigatória de pelo menos um

técnico de segurança.

Todos estes pontos são benéficos tanto para o lado da operadora quanto para o lado da

construtora e para um processo suave de transferência de responsabilidades.

Problemas observados no Programa

Apesar do sucesso do Programa, atingir o nível de perfeição é muito difícil ainda mais se

tratando de um ambiente tão complexo como o aeroportuário. A tarefa de conscientizar

todos os envolvidos no programa da importância que ele tem e de administrar os

interesses de cada stakeholder tornou o o projeto mais desafiador ainda.

Outro ponto que ficou deficiente em uma parte do projeto foi a gestão de mudanças,

principalmente, quando se tratou da grande mudança que houve na equipe responsável

pelo projeto. Isto fez com que temporariamente o programa ficasse sem forma,

dificultando a comunicação dentro dele.

Ao analisar a duração do projeto, pode-se dizer que foi um grande desafio. O cronograma

tanto da parte da construção como o da prontidão operacional eram enxutos e foi

necessária a realização de mais de um treinamento por dia. Verificou-se que esta prática

não é adequada pela perda de produtividade e envolvimento da equipe e além disso,

para o lado da construtora, também causa impactos negativos.

Sendo assim, para cada fragilidade do programa constatada, uma oportunidade de

melhoria pode ser associada. Esta análise foi desenvolvida e o resultado encontra-se na

Tabela 4.8.

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Tabela 4.8 – Análise dos problemas observados no Programa ORAT

Pontos Críticos Oportunidades de melhoria

Conscientização dos colaboradores das partes envolvidas sobre a importância do Programa ORAT para a abertura do Píer Sul de forma harmoniosa e sem impactos na operação do aeroporto.

Isso se deve também ao fato de que em inaugurações anteriores de obras do mesmo porte no aeroporto (Terminal 1 e 2) não foi realizado qualquer tipo de preparação similar para abartura e início da operação. As experiências anteriores eram de inaugurações de forma abrupta e sem prévias simulações.

Desenvolver uma política de conscientização da importância do Programa e disciminá-la não só para os cargos mais altos, mas também para todos os colaboradores envolvidos. Uma vez esclarecida a funcionalidade e os impactos do Programa, torna-se muito mais fácil o convívio com o mesmo.

O conflito de interesses, uma vez que cada parte envolvida visava o seu próprio benefício com o desenvolvimento do Programa. E, o conflito mais crítico, o interesse de uma construtora é de entregar a obra no prazo e no custo.

Paralelamente a política de conscientização da importancia do programa deve haver o esclarecimento dos benefícios para cada parte envolvida. Além disso, iniciar o programa o quanto antes para que seja ainda mais suave o seu desenvolvimento em concordância com a fase de construção.

A necessidade de criar uma nova equipe para o Programa ORAT no meio do projeto em virtude da saída dos consultores acarretou em uma deficiência, ainda que temporária. Se por um lado, foi uma manobra por conta do alto custo dos serviços de consultoria, por outro refletiu em um descompasso durante o projeto. Felizmente, o fato não trouxe graves problemas para a execução do Programa, mas dificultou a harmonia da comunicação e entendimento do projeto.

Evitar mudanças significativas na estrutura do projeto para que possibilite um ritmo constante no seu desenvolvimento e não prejudique a comunicação dentro dele. É importante que a identidade do projeto seja preservada.

A necessidade de realizar mais de um teste por dia em virtude do prazo curto para a fase de treinamento e familiarização.

Implantar um cronograma que comtemple um teste por dia para evitar a perda de produtividade das partes envolvidas e impactos para a equipe de construção. Uma boa prática é definir dias na semana fixos para a realização dos testes.

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Análise das partes interessadas

Os stakeholders estão envolvidos tanto nos pontos positivos do programa quanto nos

pontos negativos. Realmente, é um área que demanda muita atenção nos projetos e que

tem ganhado espaço nos guias em gerenciamento de projeto.

A análise teve o intuito de identificar de forma macro os interesses, as expectativas e a

influêcia das partes interessadas e determinar seu relacionamento com a finalidade do

projeto. Além de identificar os relacionamentos das partes interessadas que podem ser

aproveitados para formar alianças e parcerias potenciais para aumentar a possibilidade

de êxito do projeto. (Guia PMBOK, 5ª Edição).

A seguir, encontram-se listados os stakeholders do projeto do Programa ORAT no

Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão. Eles estão dividos em internos e externos.

Os internos estão inseridos na construtora e na operadora. Já os externos são os que

fazem parte da comunidade aeroportuária.

Internos: Diretoria, engenharia, equipe de operação, equipe de comunicação e

colaboradores não envolvidos na gerência do projeto (RIOGaleão); diretoria,

equipe de produção, engenharia, equipe de qualidade e equipe de comunicação

(CCG).

Externos: Órgãos públicos; órgãos reguladores; prestadores de serviços; imprensa;

passageiros; companhias aéreas.

O modelo utilizado para esta análise foi a partir do grau de poder/apoio, que agrupa as

partes interessas com base no seu nível de autoridade (“poder”) e no seu engajamento

ativo (“apoio”) no projeto.

Para cada stakeholder, a escala de poder foi de 1 a 5 e a escala de apoio de 0 a +5. A

partir do resultado (poder x apoio), foi feita a sua classificação. Ratificando, esta

classificação é associada ao projeto do Programa ORAT. Portanto, foram classificados

como: Patrocinador, Oponente, Minoria e Amigo; segundo a matriz da Figura 4.16.

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Figura 4.17 – Matriz Poder x Apoio (Stakeholders)

Desta forma, a seguir, na Tabela 4.9, encontra-se a classificação de cada parte interessada

no projeto do Programa ORAT no Aeroporto Internacional Tom Jobim – Galeão.

Tabela 4.9 – Classificação dos Stakeholders

Ponto Stakeholder "Apoio" "Poder" Poder x Apoio

Classificação

A Diretoria (RIOGaleão) 5 5 25 Patrocinador

B Engenharia (RIOGaleão) 4 3 12 Amigo

C Equipe de Operação (RIOGaleão) 4 3 12 Amigo

D Equipe de Comunicação (RIOGaleão) 4 2 8 Amigo

E Diretoria (CCG) 5 5 25 Patrocinador

F Equipe de Produção (CCG) 2 4 8 Oponente

G Engenharia (CCG) 4 3 12 Amigo

H Equipe de Qualidade (CCG) 3 2 6 Minoria

I Equipe de Comunicação (CCG) 4 2 8 Amigo

J Órgãos Públicos 4 5 20 Patrocinador

K Órgãos Reguladores 0 5 0 Oponente

L Prestadores de Serviços 2 1 2 Minoria

M Imprensa 4 2 8 Amigo

N Passageiros 3 1 3 Minoria

O Companhias Aéreas 4 1 4 Amigo

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Figura 4.18 – Gráfico Poder x Apoio

Pode-se observar que pelo alto poder e apoio, os patrocinadores são os mais interessados

no sucesso do projeto. Já a associação de um alto poder e um baixo apoio, resultam nas

parte que será necessário buscar satisfazer as necessidades e expectativas.

Sendo assim, pode-se traçar algumas estratégias para utilizar em casos semelhantes ao

projeto do Programa ORAT.

Patrocinador: Manter uma comunicação permanente; procurar atender suas necessidades.

Oponente: Buscar apoio do(s) patrocinador(es); se comunicar frequentemente.

Minoria: Tentar aumentar o grau de apoio; buscar apoio dos amigos e patrocinadores; se comunicar frequentemente.

Amigo: Se comunicar frequentemente; manter o comprometimento.

4.3. Considerações finais da análise

De fato o Programa exige um estudo e uma dedicação, pois muitas áreas, processos e

particularidades são envolvidas, ainda mais no caso do Galeão que se encontrava em

operação durante todas as fases da construção, mas o objetivo doi atingido. “Todos os

testes que fizemos nos últimos meses nos garantem que o Píer Sul está em perfeitas

condições para operar com o fluxo de passageiros que recebemos diariamente no

aeroporto. O desafio de construí-lo em menos de dois anos foi superado com sucesso

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pela concessionária RIOgaleão e, agora, temos a certeza de que estamos prontos para

inaugurá-lo e proporcionar uma nova experiência aos nossos passageiros”, relatou o

diretor de operações do RIOgaleão, Herlichy Bastos, para o site

<http://passageirodeprimeira.com/>, acessado em 20/11/2016.

Contudo, mesmo depois do dia da inauguração o Aeroporto Internacional Tom Jobim –

Galeão continua colhendo os frutos do projeto. E uma prova disso foi o prêmio “South

America Cluster – Excellence Award 2016″ da empresa Air BP no último mês de outubro.

Cinco meses após a abertura do novo píer, as equipes de Sistema de Gerenciamento de

Segurança Operacional e Airside do Galeão receberam o prêmio que anualmente é

entregue após selecionar dentre todos os aeroportos em que atua, os que se destacam

pela excelência operacional durante o processo de abastecimento de aeronaves, além de

reafirmar o compromisso com a melhoria da segurança operacional.

Por fim, um marco que o aeroporto teve em sua história foi com o encerramento dos

Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quando bateu seu recorde histórico no movimento de

passageiros. De acordo com o site <http://www.aviation.com.br/portal/noticias/>,

acessado em 20/11/2016, o aeroporto recebeu simultaneamente gigantes como o A380

da Air France e os Boeing 747 da Lufthansa, British Airways, Qantas e United Airlines. Em

um dia, o movimento de passageiros chegou a oitenta e cinco mil pessoas. Este foi o

primeiro grande reconhecimento para o recém-inaugurado Píer Sul.

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5. Conclusão

A proposta deste trabalho baseou-se na compreensão do estado de prontidão

operacional de um aeroporto, uma vez que se trata de uma obra de grande porte, e na

aplicabilidade do programa ORAT em obras deste tipo, a fim de garantir o sucesso da

operação desde o dia da sua inauguração.

A partir do desenvolvimento da metodologia na qual o programa foi baseado, pode-se

observar que a utilização de técnicas facilitadoras de ativação do aeroporto associadas a

boas práticas de gestão de projetos podem auxiliar a garantir a prontidão operacional de

um novo aeroporto ou de uma parte significativa, como um novo terminal ou um novo

píer, para que ocorra uma abertura bem sucedida e uma transferência suave de

responsabilidade entre a construtora e a operadora.

Por se tratar de um conceito e um programa novo no país, o objeto de estudo do

trabalho, o projeto das obras de expansão e reforma do Aeroporto Internacional Antônio

Carlos Jobim – Galeão, ofereceu a possibilidade de analisar a aplicação do programa de

forma muito próxima à realidade e práticas brasileiras. O projeto foi robusto e contou

com a construção de um novo píer de 100.000 m² no seu escopo. Além disso, foi uma

obra que teve uma data limite intrasferível, uma vez que não era possível adiar a abertura

dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O Programa ORAT teve seis meses de duração, mais de trinta pessoas envolvidas no seu

desenvolvimento, vinte e um testes operacionais, incluindo testes básicos e integrados, e

contou com mais de mil colaboradores, dentre eles membros da equipe de operação do

aeroporto, membros de todas as companhias aéreas que operam no aeroporto,

segurança, Polícia Federal e voluntários que participaram como passageiros fictícios.

Como resultado da aplicação do Programa, pode-se garantir um menor risco de

problemas operacionais no terminal e no novo píer; implantar requisitos da empresa

responsável pelo aeroporto em um estágio mais precoce do projeto; realizar economias

de custo e tempo em razão da redução das mudanças; realizar também um processo mais

suave de comissionamento; possibilitar uma comunicação mais ágil entre construtora e

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operadora; e alcançar uma publicidade positiva para a empresa responsável pela

construção em razão do início bem sucedido das operações.

Com a aplicação do Programa ORAT, foi possível seguir uma tendência internacional de

cooperar com o usuário final da instalação através de todos os estágios do projeto. E se

tratando de uma obra “chave na mão”, o aeroporto foi entregue não só pronto para

entrar em operação, mas também através do Programa ORAT e sua metodologia mostrou

que “ao virar a chave” funcionou com a capacidade, segurança e desempenho esperados.

Sobretudo, foi analisada a possibilidade do desenvolvimento de programas de prontidão

operacional para outros tipos de obras. E uma vez que o programa é baseado em boas

práticas de gestão de projetos torna a possibilidade viável com a adaptação dos novos

stakeholders particulares de cada tipo de projeto.

Por fim, um dos objetivos deste trabalho é estimular e discutir o conceito de prontidão

operacional e sobretudo o programa ORAT, a fim de que haja uma maior preocupação

por parte das empresas de construção de que não é suficiente entregar uma grande obra,

mas também garantir a sua operacionalidade e, paralelamente, a satisfação do cliente.

Como na grande maioria dos trabalhos acadêmicos, ao longo da elaboração a autora se

deparou com diversas dificuldades. Neste caso não foi diferente. A principal dificuldade

encontrada foi a obtenção de dados referentes a programas similares desenvolvidos no

Brasil. Ficam aqui como sugestões para um trabalho futuro, uma pesquisa mais

aprofundada na área, ou até mesmo o desenvolvimento de um estudo desenvolvendo o

programa de prontidão operacional em outras obras de grande porte, como portos,

terminais rodoviários, shopping centers ou outros casos em que um garnde número de

usuários irá utilizar a edificação desde a sua inauguração.

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Anexo 1 – Exemplo do roteiro distribuído para ao participantes dos testes

operacionais

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