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A saúde no feminino

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A saúde no feminino

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editorial

Director: afonso Pires diz | SubDirectora: ana Cristina Gouveia

reDactora principal: Benedita oliveira | coorDenação gráfica: Maria João Vieira

paginação: Campeão das Províncias / Nuno Miguel Peres | eDição e proprieDaDe: SNQtB

perioDiciDaDe: Semestral | tirageM: 15.700 exemplares | ServiçoS centraiS: rua pinheiro

chagas, n.º 6 – 1050 – 177 lisboa | tel. 213 581 800 fax 213 581 859 | Site www.snqtb.pt

FiCha téCNiCa

afonso Pires diz, presidente do SnQtb (e do conselho

Directivo dos SaMS/QuaDroS)

Ao apreciarmos a colaboração obtida dos pres-tadores de saúde, que nesta edição nos honram, partilhando connosco os seus profundos conheci-mentos, entendemos que, pelo menos, o que nos é transmitido, nos merece uma reflexão pertinen-te e muito satisfatória.

Satisfatória porque, desde logo, os responsáveis dos SAMS/Quadros se sentem orgulhosos pela qualidade demonstrada por aqueles profissionais de saúde. Não é todos os dias, ou melhor, não é frequente nas páginas de uma revista, que chega a mais de quarenta mil pessoas, constatar a com-petência, o profundo conhecimento, evidenciados por aqueles que dominam, com tanta perícia os mais recentes avanços da ciência médica e dos meios tecnológicos mais modernos colocados ao serviço da saúde dos nossos sócios e beneficiários. Parabéns, portanto, para quem teima em trilhar os caminhos da exce-lência na Medicina!

Reflexão pertinente é igualmente devida, ainda, pelo humanismo e coragem eviden-ciados por sócias, beneficiárias e por algumas das colaboradoras deste prestigiado Sindicato.

A coragem é sempre apanágio daqueles que se expõem publicamente por causas no-bres. E sendo o cancro da mama (ou do colo do útero) um factor funesto e responsável pelo sofrimento – não quantas vezes, a causa da morte – de milhares de mulheres, há que defender a sua prevenção. Vale mais prevenir... porque, muitas vezes, já nem sequer se pode remediar.

À nossa sócia Aida Costa, que dá a cara pelo seu caso de câncer na mama, vai um obri-gado muito especial. São pessoas assim que nos estimulam a continuar neste rumo, a lutar contra o laxismo e a cobardia, que são sinónimos da mediocridade humana, que não exclusivos das nossas gentes mas, sim, características do género humano.

Finalmente, sendo este o terceiro número desta publicação, parece-nos que o balanço a fazer é positivo e muito estimulante. Pelas manifestações recebidas, só podemos dizer: Vamos continuar com a nossa porfia!

Afonso Pires Diz

UM MaNiFeSto oU a reFlexão

NeCeSSária

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Medo é, porventura, a reacção mais comum de quem é confrontado com um diagnóstico oncológico. e não é para menos. os tratamentos podem ser penosos, além de que o seu sucesso depende muito do está-dio de evolução do cancro.

entre os cancros mais frequentes, na mulher, é destacar o da mama que, simultaneamente, é a segunda causa de morte neoplásica no mundo ocidental.

apesar de grave, esta é uma do-ença com uma elevada taxa de cura, tranquiliza o chefe de Serviço do ipo de lisboa e coordenador do grupo de oncologia do Hospital da luz.

“não tenho dados relativos a portugal, mas na europa do norte e eua dois terços dos cancros da mama são curáveis. em contrapar-tida há tumores, nomeadamente o do pulmão, que embora menos frequentes, são mais agressivos e têm menores hipóteses curativas”, assegura o professor Doutor José luís passos coelho.

a detecção precoce é, para o oncologista, crucial nesta doença, na medida em que, justifica, “se o tumor for pequeno e não afectar os gânglios linfáticos axilares, a proba-bilidade de cura sobe para 90%”.

“o risco de cancro da mama aumenta com a idade, pelo que quanto mais velha é a mulher, maior é o risco. abaixo dos 50 anos, o risco é baixo, pelo que o rastreio recomenda-se a mulheres saudáveis entre os 50 e os 70 anos”, explica o professor de oncologia na faculdade de ciências Médicas da universidade nova, ressalvando que não há um

consenso, entre as diversas organiza-ções, quanto à faixa etária ideal para se iniciar a realização de rastreios.

excepção à regra

a excepção são as mulheres com antecedentes familia-res de cancro da mama ou do ovário. nestas situ-ações, precisa o médico, o rastreio deve ser feito desde a idade jovem.

“no caso de mulhe-res com elevado risco de transmissão here-ditária de cancro da mama e do ovário – esta-mos a falar em menos de 5% das mu-lheres que têm cancro da mama –, o que sabe-mos é se lhes re -t irarmos os ovários reduzimos o risco de cancro do ovário em mais de 80% e que por mecanismos hormonais re-duzimos o risco do cancro da mama em 50%”, afirma o especialista.

a estas mulheres, admite o mé-dico, uma das opções é “dizer-lhes para que tenham filhos depressa para depois se poder tirar não só os ovários como ambas as mamas e fazer-se a reconstrução do peito”.

“não é o ideal, é mutilante, mas uma pessoa que tem um risco entre 70% e 90% de vir a ter um cancro da mama ou do ovário e com intervenções reduz para um risco de 5% é uma op-

ção a considerar fortemente”, comen-ta o vice-presidente da Sociedade portuguesa de Senologia.

Quando detectada uma anomalia (por mamografia, ecografia, palpa-ção ou observação de alteração da pele ou do mamilo) o passo seguinte é fazer-se uma biopsia para despiste

da doença. “Se se confirmar a existência

de um cancro da mama a seguir é preciso fazer o respectivo trata-mento, sendo que se o tumor for apanhado precocemente, como acontece na maior parte dos ca-

sos, o primeiro tratamento é o cirúrgico (que consiste em

retirar o tumor com uma orla de tecido saudável à volta, a que chamamos de tumorectomia), as-sociado a um estudo dos gânglios da axi-la”, refere o médico, realçando que nor-malmente não é sequer necessário fazer uma mas-tectomia.

embora não seja frequente, há ainda casos de cancros da

mama detectados durante a gravidez, o que, contrariamente ao que se pode imaginar, não obriga à sua interrup-ção, mas ao faseamento criterioso dos tratamentos. Segundo o especia-lista, o tumor pode ser tratado com cirurgia, e, depois do primeiro trimes-tre, com quimioterapia, protelando-se os restantes tratamentos para depois de a criança nascer.

“o tratamento não afecta o re-cém-nascido, nem este tem mais risco de ter cancro por ter nascido de uma mãe com cancro, mas esta situação é, normalmente, um dra-ma do ponto de vista psicológico”, reconhece.

CaNCro da MaMa

a iMportância Do raStreio

o risco de cancro da mama aumenta com a idade, pelo que quanto mais velha é a

mulher, maior é o risco

professor Doutor José luís passos coelho

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“prevenir é o melhor remédio” é um adágio que define na perfeição a estratégia de acção do subsistema de saúde SaMS/Quadros do SnQtb.

o enfoque na prevenção re-flecte-se, entre outros benefícios, na comparticipação a 100% de diversas consultas médicas, entre as quais se conta a de ginecologia.

Muitas vezes desvalorizada, a vigilância ginecológica regular reveste-se da maior importância para a mulher, sendo recomendada a partir da menarca (primeira mens-truação) ou assim que esta inicia a vida sexual activa.

“todas as mulheres devem ser observadas pelo menos uma vez por ano” declara a Dr.ª filipa osó-rio, ginecologista no Hospital de Santa Maria e Hospital da luz.

prevenir gravidezes precoces não desejadas e alertar para uma série de situações, nomeadamente para o uso de contraceptivos, do-enças sexualmente transmissíveis e rastreio do cancro do colo do útero, são alguns dos principais objectivos da vigilância da mulher.

“as mulheres estão cada vez mais sensibilizadas para a preven-ção, mas recorrem ao especialista sobretudo quando detectam pro-blemas, como menstruações irre-gulares ou a presença de alterações nos exames pedidos pelo médico de família”, considera a médica, acrescentando que a grande maio-ria das patologias corresponde a miomas uterinos e hemorragias disfuncionais.

Mesmo com a vacina do cancro do colo do útero, observa a Dr.ª filipa osório, as mulheres devem ir regularmente ao ginecologista, já que, frisa, “a vacina para o cancro do colo do útero previne a infecção por dois subtipos de vírus que são os mais agressivos, mas existem múltiplos subtipos que continuam a provocar o cancro”.

apesar dos alertas e da me-lhoria do acesso a cuidados de saúde, a verdade é que, reconhece a médica, ainda surgem casos bastante sur-preendentes pelo estádio evolutivo que apresentam.

a Dr.ª filipa osório recorda o caso de uma rapariga de 30 anos a quem re-tirou múltiplos miomas que, no

total, pesavam 1,6 quilogramas. após ter consultado vários médi-cos que colocavam como primeira hipótese a remoção do útero, a jovem recorreu a esta médica que, apesar de se ter confrontado com um quadro hemorrágico durante a operação, conseguiu manter o úte-ro, preservando assim o aparelho reprodutor da paciente.

imprescindível para prevenir o desenvolvimento de diversos casos onco - lógicos, a consulta d e ginecologia deve

ser, pois, um comportamen-to rotineiro ao longo da vida da mu-lher.

vigilância ginecológica previne cancro Do colo Do útero

o SaMS/QUadroS e o Fundo comparticipam a 100%

as consultas de ginecologia nos seus convencionados

a ginecologista especializada em cirurgia laparoscópica, Dr.ª filipa osório considera que o futuro, a nível oncológico, passa pela utilização crescente da cirurgia laparoscópica e robótica (sistema Da vinci) - técnicas cirurgicas inovadoras e menos evasivas -, nos estádios iniciais da doença.

“na área da ginecologia, a cirurgia robotizada está a instalar-se principalmente na vertente oncológica, porque permite uma extracção para dissecção mais fina dos tumores, preservando o mais possível os nervos e os tecidos sãos”, esclarece a especia-lista, destacando que esta técnica “diminui o risco de a doente vir a ter sequelas posteriores, uma vez que permite o acesso mais facilitado a qualquer parte da cavidade abdominal”.

enaltecendo as vantagens associadas à cirurgia minimamen-te invasiva, a Dr.ª filipa osório salienta ainda que, do ponto de

vista da paciente, os benefícios também são consideráveis, na medida em que esta tem menos dor e uma recuperação mais rápida, podendo retomar a vida profissional mais precocemente.

“a ideia do robô é preservar as estruturas vitais, obtendo os benefícios da radicalidade da cirurgia”, comenta a cirurgiã, adiantando que as complicações decorrentes de uma cirurgia radical na cavidade pélvica estão, por norma, associadas à in-continência urinária e à diminuição da sensibilidade.

único no país, o sistema de cirurgia robótica Da vinci é ainda usado pelo Hospital da luz na prostatectomia radical (remoção da próstata), o que permite a remoção do tumor maligno da próstata com índices menores de impotência sexual e de incon-tinência urinária, preservando assim, na esmagadora maioria das intervenções, a função eréctil e urinária.

cirurgia robótica é MenoS invaSiva

Dr.ª filipa osório é ginecologista no Hospital

de Santa Maria e no Hospital da luz

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teSteMUNhoS Na PriMeira PeSSoa

teresa rodriguesfuncionária do SaMS/QuaDroS, 52 anos

o SaMS/QuaDroS é óptimo. Quanto a mim, é mesmo um dos melhores sub-sistemas de saúde que temos no país.

ao longo do tempo houve uma evolução. Quando entrei, em 1999, o SaMS/QuaDroS não tinha computado-res, pelo que dávamos informações através de listagens em papel. as coisas evoluíram realmente bastante e vão evoluir ainda mais.

o nosso serviço irá ser ainda melhor com a entrada em funcionamento da nova plataforma informática. vamos ter o tra-balho mais facilitado e consequentemente servir melhor os beneficiários do SaMS/QuaDroS.

o caso que mais me sensibilizou foi o de uma miúda com um tumor no

cérebro. o pai fez uns empréstimos, ela foi aos eua... o pai recorreu a todos meios possíveis. foi uma situação que me tocou profun-damente, até porque a criança, da idade da minha filha, acabou lamentavelmente por falecer.

Marta Junça funcionária do SaMS/QuaDroS, 31 anos

Paula Sanchesfuncionária do SaMS/QuaDroS, 38 anos

Clara MartinsSub-chefe da secção da área da facturação do

SaMS/QuaDroS, 48 anos

apesar de estar cá há pouco tempo, tento fazer o meu melhor. Quanto ao sub-sistema de saúde em si, só posso falar bem. a minha mãe é nossa sócia e até há uns anos usufruí dos SaMS/QuaDroS e sei, por experiência própria, que é o melhor. tenho amigos que fazem parte de outros sindicatos e estou sempre a ver se os consigo trazer para aqui.

no SaMS/QuaDroS temos conheci-mento de casos bastantes complicados, o que é um pouco difícil para quem é mais sensível. Mas nós tentamos não transmitir isso para o lado de lá. temos de dar força. gosto muito de trabalhar cá, porque gosto do contacto com o sócio. é isso que me dá ânimo. é essa parte que gosto. Hoje mesmo falei com um sócio cuja situação me tocou, porque teve uma paralisia facial... e não digo mais nada. a emoção não me deixa.

o SaMS/QuaDroS é, com toda a certeza, o melhor sub-sistema de saúde português. para além disso, con-segue também dar apoio aos sócios a nível pessoal. acabamos por criar amizades com os sócios. Às vezes, são os próprios que acabam por nos ligar, só para desa-bafarem. além do apoio clínico, eles sabem que podem contar sempre connosco para outro tipo de apoio. para os ouvirmos.

recordo-me, particularmente, de um caso de um sócio que, infelizmente, já faleceu. acompanhei

o seu caso desde um exame que fez, supostamente, para despiste. a verdade é que era um cancro nos intestinos e que, mais tarde, se espalhou pelo cor-po todo. ele costumava dizer, a mim e a outra colega, com quem criou uma relação de amizade: “vocês não são só funcionárias do SaMS/QuaDroS,

também são minhas amigas”. nos cinco anos de luta que travou com o cancro, ele fazia questão de nos visitar, sobretudo no natal. Mas no último ano, infelizmen-te, já não o fez. foi um caso que me marcou muito.

Quando vim para cá, não conhecia o SnQtb. estava desempregada e vim através do centro de emprego. na altura estava com 38 anos e achava que era muito difícil regressar ao mercado laboral, por isso, quando me chamaram fiquei muito satisfeita.

Desde que cá estou, noto que o SnQbt tem uma divulgação cada vez maior e que cresceu exponen-cialmente, quer no número de beneficiários quer de funcionários.

em termos de assistência, acho que os beneficiários estão muito bem servidos. este sub-sistema de saúde é um dos melhores, senão o melhor do país. pelo menos, tentamos ser sempre os melhores.

enquanto outros sub-sistemas estão a reduzir benefícios, o SaMS/QuaDroS alarga e amplia as comparticipações e valên-cias. esta é uma instituição que está em pleno contra-ciclo e que reconhece o mérito das pessoas. é uma instituição que em dá orgulho trabalhar!

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Se havia algo em que aida costa era cuidadosa era na ida regular às consultas de ginecologia. a bancária de 48 anos procurava ir, religiosa-mente, de 6 em 6 meses ao médico, embora o próprio ginecologista a de-sincentivasse, por julgar mais do que suficiente a vigilância anual.

o medo de contrair um carcinoma era tal que aida costa nem a palpação mamária fazia, por imaginar sempre o pior. e não era para menos. Desde os bisavós, todos os familiares do lado paterno tinham tido cancro (em sítios tão distintos quanto o cérebro, pulmão, esófago, estômago, intesti-nos e ossos) e o seu historial clínico já incluía tumores benignos, quer na

mama quer nos ovários. premonição ou não, o facto é que

o pior aconteceu. e azar dos azares, a descoberta coincidiu logo quando a bancária protelou, pela primeira vez, a consulta de rotina um par de meses.

carcinoma de grau i, invasivo, foi o veredicto da biopsia, feita após a mamografia revelar um nódulo de uma dimensão já considerável. “é evidente que comecei logo num pranto desatado”, recorda a bancária, que entretanto mudara para clínica Drº passos ângelo. a mudança, crê, foi salvadora, na medida em que conside-ra que os anteriores especialistas que a acompanhavam foram negligentes.

após o choque da notícia e ainda de olhos inchados, aida costa e o ma-rido decidiram manter a sua agenda social, pelo que, e apesar do estado de espírito, o casal não deixou de compa-recer naquele malogrado dia de Julho de 2009 ao último jogo do torneio de basquetebol veterano. enquanto o marido disputava a derradeira partida do campeonato, aida costa desabafou com uma amiga, fisioterapeuta, cuja mãe também tinha sido atingida pelo flagelo do cancro. “conclusão, quan-

do acabou o jogo já tinha consultas marcadas para o Drº luís Mestre no Hospital cuf infante Santo e para ouvir uma segunda opinião, no barreiro, as-sim como um almoço com a mãe dela no fim-de-semana”, conta a bancária.

“Da consulta que mais gostei foi a do Drº luís Mestre”, comenta, ob-servando que “ele leu e releu para a frente e para trás todos os exames”. a localização de eventuais metástases era a grande preocupação do médico que acabou por optar por fazer uma mastectomia total com esvaziamento axilar. “Só estava metastizado um gânglio e, embora não estivesse per-furado, tiram-mo na mesmo”, salienta.

a realização da bateria de exames necessários para apreciação médica, em pleno mês de agosto, foi outro desafio, apenas superado, com a ajuda

o draMa do CaNCro da MaMa

QuanDo oS pioreS receioS Se tornaM realiDaDe

inexcedível é como a coordenadora de propostas da área comercial no bnp paribas caracteriza o apoio recebido, desde a fase inicial da doença, por parte dos superiores hierárquicos e colegas de profissão. visita regular do seu local de trabalho, aida costa elogia, com a voz embargada, a solidariedade e companheirismo demonstrados pela equipa com quem partilhou projectos nos últimos anos, mostrando-se extremamen-te grata por estes revelarem total disponibilidade para a voltar a acolher no banco.

apesar da boa vontade, a bancária revela-se apreensiva com esse momento, até porque, frisa, este é um sector em constante mudança. “Sei que me puseram à vontade

e que estão dispostos a ensinarem-me tudo. Mas ando a conviver com esse medo, daí a minha médica oncológica aconselhar-me a ir à psicóloga para ela me preparar para o trabalho”, confidencia, admitindo que o regresso terá de ser progressivo. o apreço da bancária estende-se ainda ao subsistema de saúde do SnQtb que, comenta orgulhosa, tem o condão de “abrir portas”: “noto que todas as entidades têm em extrema consideração e uma grande confiança no SaMS/QuaDoS. basta apresentar o cartão e as portas abrem-se imediatamente”...

apoio inexceDível

Com antecedentes familiares em matéria de carcinomas mortais e um historial clínico com diversos tumores benignos, quer na mama quer nos ovários, Aida Costa nunca subestimou a prevenção gineco-lógica. A bancária fazia questão de ir ao ginecologista de meio em meio ano, até que, um dia, o seu maior medo se tornou realidade e se viu confrontada com o flagelo do cancro.

a bancária está a ser seguida por uma equipa multidisciplinar no Hospital cuf infante Santo

aida costa com o filho e o marido

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dos amigos. “a minha grande amiga Milu tem uma telefonista que já traba-lhou na área da saúde e conhece meio mundo para fazer exames, mas todos eles me ajudaram”, diz agradecida, reconhecendo que eles tudo fizeram para que descontraísse e relaxasse.

Porquê eu?

nesta altura, mais do que o medo, o sentimento que a assaltava era o da revolta. “porquê eu? logo eu que gosto tanto de dar e ajudar?”, questionava-se. Devota de Deus, a bancária acabou, no entanto, por aceitar com humildade a doença, agarrando-se ainda mais à sua fé.

chegado o dia da operação, o ner-vosismo e ansiedade imperavam em toda a família, mas foi aida quem aca-

bou por surpreender tudo e todos por começar a cantar no bloco operatório. “acho que nunca tenho força, a auto-estima está sempre em baixo, mas quando entrei para a cirurgia estava a dar uma música do robbie Williams que gostava muito”, relata, frisando que as pessoas têm de lutar contra os seus medos. curioso é também o facto de, já durante a anestesia, dizer que só via anjos... com intervenção divina ou sem ela, a cirurgia foi um sucesso, seguindo-se os tratamentos de quimioterapia.

com “dias melhores e piores”, aida não se dá por vencida e ainda considera que tem “a maior sorte do mundo por ter uma família e amigos cinco estrelas”. a bancária reconhece que ter uma base de apoio é funda-mental para ultrapassar uma doença oncológica, mas, aconselha: “quem não tem, tem de se agarrar à vida na mesma, porque isto é uma passagem. nós podemos ter cancro, mas quem não tem também pode ser atropelado de um momento para o outro”...

uma lição de vida é como aida encara a doença que, frisa, “não tem cura, controla-se”. “Só nas revistas cor-de-rosa é que não o dizem”, acrescenta.

Disponibilizando-se para partilhar experiências com outras pessoas em idêntica situação, a bancária espera com o seu testemunho sensibilizar e alertar para o rastreio de um cancro que ainda vitima 1.500 mulheres por ano em portugal.

“independentemente do trabalho que se tenha, não custa nada tirar uma hora para verificarmos o nosso estado de saúde”, defende, apelando à realização de check-ups de rotina. “ir a um Spa fazer massagens é bom, não é?, mas também é muito bom ir ao mé-dico fazer exames e ver que está tudo bem, porque se usufrui muito mais desse Spa, do cabeleireiro... da vida”.

Deixar uma mensagem de espe-rança e alento a todas as mulheres que, como ela, se debatem com o cancro é outra das intenções da bancá-ria que, por experiência própria, sabe que o mais importante é contrariar o negativismo associado à doença. “em primeiro, há que fazermo-nos felizes a nós próprios e depois quem está à nossa volta, porque a família sofre de maneira diferente, mas também sofre”, remata.

o draMa do CaNCro da MaMa

QuanDo oS pioreS receioS Se tornaM realiDaDe

inexcedível é como a coordenadora de propostas da área comercial no bnp paribas caracteriza o apoio recebido, desde a fase inicial da doença, por parte dos superiores hierárquicos e colegas de profissão. visita regular do seu local de trabalho, aida costa elogia, com a voz embargada, a solidariedade e companheirismo demonstrados pela equipa com quem partilhou projectos nos últimos anos, mostrando-se extremamen-te grata por estes revelarem total disponibilidade para a voltar a acolher no banco.

apesar da boa vontade, a bancária revela-se apreensiva com esse momento, até porque, frisa, este é um sector em constante mudança. “Sei que me puseram à vontade

e que estão dispostos a ensinarem-me tudo. Mas ando a conviver com esse medo, daí a minha médica oncológica aconselhar-me a ir à psicóloga para ela me preparar para o trabalho”, confidencia, admitindo que o regresso terá de ser progressivo. o apreço da bancária estende-se ainda ao subsistema de saúde do SnQtb que, comenta orgulhosa, tem o condão de “abrir portas”: “noto que todas as entidades têm em extrema consideração e uma grande confiança no SaMS/QuaDoS. basta apresentar o cartão e as portas abrem-se imediatamente”...

apoio inexceDível

aida costa começou a perder o cabelo nos primeiros tratamentos de quimioterapia

aida costa com o filho e o marido

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contrariamente ao que era prática habitual até há alguns anos atrás, as patologias associadas ao útero e ovários não implicam neces- sa-riamente a realização de uma histerectomia. por outro lado, esta intervenção cirúrgica é, aliás, cada vez mais encarada como uma técnica de recurso em caso de complicação cirúrgica.

o Dr. luís vieira pinto e o Drº Henri-que nabais, ginecolo-gistas e obstetras a exercer no ipo e no Hos-pital da luz, enfa-tizam que as lesões pré-malignas do colo do útero são detectáveis mediante observa-ção e palpação, pelo que as mulher vigiadas com alguma regularidade, de uma maneira geral, não chegam a desenvolver cancro do colo do útero.

“ao contrário do cancro da mama, cujo rastreio visa o diagnóstico precoce, no caso do colo do útero o que pretendemos é que a mulher

não venha a ter cancro”, defende Drº luís vieira pinto, adiantando que nas mulheres em programa de rastreio de consulta privada é muito raro este tipo de diagnóstico.

em teoria, observam os especia-listas, o cancro do colo do útero pode ser quase erradicado – o que não é compaginável de suceder com o cancro da mama.

a ideia parece um contra-senso, sobretudo quando as estatísticas re-

velam este é um cancro que mata uma mulher por dia no

país.então, afinal,

por que razão portugal tem uma uma taxa de in-cidência de cancro do colo do

úter tão ele-vada? a respos-

ta é simples: as mulheres portuguesas não estão integradas em programas de rastreio.

estes indicadores são incompre-ensíveis para um país desenvolvido tanto mais que se sabe que o tempo que normalmente medeia entre as alterações provocadas pelo vírus e o aparecimento de um cancro é de cerca de dez anos...

“a ocorrência de perdas de sangue fora do período menstrual e, sobretudo, na sequên-cia das relações, ou de infecções de repetição e corrimentos estranhos são sempre justificação para a mulher ir ao seu ginecolo-

gista, sobretudo se já não faz uma citologia há algum tempo”, salienta o médico.

em oposição ao cancro do colo do útero, o país tem re-

gistado, nota Drº Henrique nabais, um decréscimo na elevada taxa de mortalidade por cancro da mama.

“Qualquer colega perante uma le-

são suspeita referencia

a nossa consul-ta e no espaço de 24 a 7 2 ho r a s r e c e -bemos

a doen-te. não há

tempo de espera”, sendo que, acres-centa, a medicina é cada vez mais “conservadora na terapêutica cirúrgica e mais eficaz nos tratamentos”.

Questionados quanto à utilidade da acupunctura no alívio dos efeitos secundários normalmente associa-dos aos tratamentos oncológicos, os médicos recusam pronunciar-se sobre uma técnica cujos reais efei-tos afirmam desconhecer, embora não se manifestem contra. o único conselho que recomendam nestas situações é que o doente mantenha o seu médico assistente informado sobre todo e qualquer tratamento alternativo.

HiSterectoMia é caDa vez MaiS técnica De recurSo eM caSo De coMplicação cirúrgica

alteraçõeS HorMonaiS na MenopauSa o objectivo da terapêutica hormonal de substituição

na menopausa é dar qualidade de vida, mas, segundo o médico luís vieira pinto, esta não é recomendável a todas as mulheres, até porque, defende, “esta terapêutica não está isenta de riscos”.

“Julgo que [esta terapêutica] faz todo o sentido quando a mu-lher apresenta um quadro de sintomas que se traduzem objectiva-

mente por uma perda de qualidade de vida”, relata o especialista.Se para algumas mulheres as alterações hormonais não

têm qualquer repercussão, para outras, precisa, “um simples afrontamento é um drama na vida profissional e pessoal”. a par desta percepção, realça, compete ainda ao médico fazer a avaliação dos factores de risco, nomeadamente no que diz respeito ao risco de cancro da mama e trombo-embolismo.

a medicina é cada vez mais conservadora na terapêutica cirúrgica e mais eficaz nos

tratamentos do cancro

Drº Henrique nabaisDrº luís vieira pinto

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... e ao regulaMento Do funDo

também no mesmo con-selho geral foi actualizado o regulamento do fundo pri-vativo de assistência (fpa), alterando o nome para fundo complementar de Saúde (fcS). as alterações aprovadas pelo conselho geral do SnQtb vi-saram manter a necessária e desejável harmonia entre o re-gulamento do SaMS/QuaDroS e o do fundo.

anterior ao regulamento do SaMS/QuaDroS, o regulamen-to do fundo foi criado em 1986 e já conta com onze edições.

“procurámos estabelecer uma correlação entre ambos regulamentos”, observa ana cristina gouveia.

outra mudança diz respeito à introdução de capítulos nos artigos do fundo, à semelhança do que sucede com o regula-mento do SaMS/QuaDroS.

“as alterações chegarão ao conhecimento pormenorizado dos sócios o mais rapidamente possível” adianta a responsá-vel.

alteraçõeS ao regulaMento Do SaMS/QuaDroS...

o conselho geral do SnQtb aprovou, em reunião realizada no dia 30 de novembro, várias alte-rações ao regulamento do SaMS/QuaDroS.

as modificações introduzidas decorrem sobretudo de alterações de pormenor, já que o regulamen-to, até agora em vigor, datava de 1993 e apresentava referências anacrónicas, completamente des-fasadas da realidade actual.

o regulamento aludia, por exemplo, ao cumprimento do ser-viço militar obrigatório, o que hoje já não faz qualquer sentido, realça ana cristina gouveia, assessora para a área da saúde do presidente do SaMS/QuaDroS.

igualmente desactualizadas es-tavam as referências a exames com-plementares de diagnóstico, como exames especiais, que requeriam autorização prévia do conselho Directivo do SaMS/QuaDroS e que hoje em dia já são considerados exames rotineiros.

“Sistematizámos todas as nor-mas, salvaguardando o facto de amanhã surgirem novos métodos e, esses sim, requererem efectivamen-te pedido prévio por parte do be-neficiário”, sintetiza a responsável.

De sublinhar ainda que, o re-gulamento do SaMS/QuaDroS foi actualizado no que respeita a pro-cedimentos que, desde há muito, são práticas comuns deste subsis-tema de saúde e que resultam de instruções ou deliberações internas do conselho Directivo.

enquadrámos, conta a dirigente, “situações que já comparticipáva-mos e que estavam nas tabelas do SaMS/QuaDroS, mas que não esta-vam referenciadas no regulamento, como por exemplo os medicamen-tos que não são comparticipados pelo Serviço nacional de Saúde desde 1993 e que nós continuamos a comparticipar. agora já estão

também no regulamento”. “passámos a incluir neste do-

cumento referências expressas a tratamentos, até agora omissas, e que já comparticipávamos, como é o caso das medicinas alternativas”, acrescenta.

o regulamento do SaMS/Qua-DroS apresenta também uma nova sistematização, reunindo agora sob o mesmo capítulo todos os assuntos que estão directamente relacionados entre si.

a intenção é, destaca ana cris-tina gouveia, facilitar a leitura e a consulta deste documento por parte dos sócios e beneficiários.

“tentámos usar uma linguagem acessível para que os nossos sócios entendam melhor o regulamento”, refere a responsável, resumindo: “actualizámos os artigos que já não faziam sentido perante a realidade de hoje. é o caso de certos produ-tos dermatológicos, restringindo a sua comparticipação a quem deles verdadeiramente necessita”.

rigor, é a palavra de ordem deste subsistema de saúde, que prima pela excelência e profissiona-lismo.

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ano novo, vida nova. o lema encaixa-se na perfeição ao SnQtb que em Janeiro de 2011 vai imple-mentar uma nova aplicação infor-mática. Designado de regénesis, o novo software, desenvolvido de acordo com as especificidades e necessidades da instituição sin-dical, vai ser transversal a todos os serviços do SnQtb.

“o objectivo é termos uma aplicação comum a todos os de-partamentos e, consequentemen-te, melhorar o serviço prestado aos sócios”, comenta ana cristina gouveia, assessora para a área da saúde do presidente do SnQtb.

no que respeita ao SaMS/Qua-DroS e ao fundo complementar de Saúde, as mudanças reflectir-se-ão tanto a nível interno como a nível externo.

entre as significativas me-lhorias internas é de destacar o aumento da capacidade de res-posta dos serviços às questões colocadas pelos seus beneficiá-rios, uma vez que estes terão o

acesso facilitado a cada um dos processos.

os colaboradoras terão, à distância de um “clic”, acesso imediato a todo o processo do sócio, desde os dados pessoais até à ficha clínica.

“no processo de cada sócio temos congregada a informação relativa a ele e ao agregado fami-liar”, explica ana cristina gouveia, realçando que “a nova plataforma centraliza as informações relativas a consultas, orçamentos, termos de responsabilidade, empréstimos, facturação, subsídios atribuídos, fundos de pensões, comparticipa-ções, doenças crónicas...”

esta plataforma tem ainda a vantagem de permitir incluir no processo de cada sócio as mais diversas especificidades, como seja a indicação de que um de-terminado medicamento foi auto-rizado exclusivamente para aquele sócio.

na prática, continua a responsável, as mudan-

ças são sobretudo estruturais, mas os sócios também sa i rão d i rec ta -mente beneficia-dos.

“Do ponto de vista do sócio, esta nova plataforma

terá impacto ao nível da informa-ção e comunicação que, de futuro, lhe passaremos a disponibilizar. com efeito, os sócios passarão a ter um extracto único e formas de pagamento mais simplificadas, na medida em que receberão os encontros de contas com uma referência multibanco. o nosso sistema terá ligação à SibS e, por essa razão, os sócios deixarão de ter de nos remeter a posteriori os comprovativos de pagamento”, sintetiza a dirigente do SaMS/QuaDroS, comentando que “isto para os sócios representa uma grande melhoria”.

o SnQtb encontra-se actual-mente a finalizar a actualização da base de dados, um dos proce-dimentos mais demorados desta operação, uma vez que a migra-ção de dados tem, por vezes, de ser feita manualmente.

reGéNeSiS

nova aplicação inforMática entra eM funcionaMento eM Janeiro

o novo software vai ser transversal a todos os serviços do SNQtB

entre as significativas melhorias internas é de destacar

o aumento da capacidade de resposta dos serviços às questões colocadas

pelos seus beneficiários

PAGAMENTO POR MULTIBANCO

ENTIDADEREFERÊNCIAMONTANTEData Limite de Pagamento

O talão emitido faz prova de pagamento. Conserve-o

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o cancro da mama é o tumor maligno mais frequente, sendo a pri-meira causa de morte por cancro nas mulheres em portugal. no nosso país, segundo a liga portuguesa contra o cancro, todos os anos morrem 1700 mulheres e surgem cerca de 4500 no-vos casos. uma em cada dez mulheres vai ter cancro da mama durante a vida.

a incidência de cancro da mama tem vindo a aumentar 20% nos últimos dez anos em mulheres jovens mas sobretudo nas pós menopáusicas.

o cancro da mama é uma das doenças com maior importância na nossa sociedade, não só por ser muito frequente e associado a uma imagem de grande gravidade, mas também pelas grandes repercussões quer socio-económicas quer pessoais. tem grandes implicações psicológicas e físicas. agride um órgão cheio de simbolismo na maternidade e na femi-nilidade. a doença afecta sempre toda a família, sendo o acompanhamento psicológico e afectivo fundamental para ultrapassar o efeito do cancro.

o cancro da mama no homem é raro, apenas 1% de todos os cancros da mama, habitualmente após os 60 anos. toda a informação dada em relação à mulher é aplicável a homens com cancro da mama.

o diagnóstico já não é sinónimo de morte ou ablação do seio. os be-nefícios do diagnóstico precoce e da prevenção determinam uma melhoria significativa da qualidade de vida e de uma elevada hipótese de cura (cerca de 90%) bem como de uma franca diminuição da mortalidade.

foram realizados numerosos estudos epidemiológicos acerca de possíveis factores de risco, sendo que o efeito entre eles se potencia. actual-mente sabe-se que em 70% dos casos o aumento de incidência de cancro de mama está relacionado com o “estilo de vida”, nomeadamente, a alimen-tação, o sedentarismo consumo de álcool, o excesso de peso, os elevados

níveis de estrogeneos e o maior enve-lhecimento da população.

o peso da história familiar ou da hereditariedade é muito reduzido, apenas 5 a 10% do total de cancros, associados em mais de metade destes casos aos genes bcra1 e bcra2 (apa-rece em doentes mais jovens a partir dos 25 anos).

a associação americana do cancro da Mama recomenda que o diagnósti-co precoce se baseie em três passos:

- auto-exame da mama – deve ser feito mensalmente, após os 20 anos, sempre na primeira fase do ciclo menstrual (entre o 4º e o 8º dia).

- exame clínico da mama pelo mé-dico assistente de 3 em 3 anos até aos 40 anos e anualmente após esta idade.

- Mamografia – recomendado como exame quer de rotina quer de rastreio. entre os 30 e os 40 anos a periodicidade depende da existência de eventuais factores de risco e após os 40 anos deve ser anual.

o método de eleição por excelên-cia no diagnóstico continua a ser a mamografia. a digitalização da ima-gem proporciona, quer uma grande melhoria na qualidade da técnica mamográfica, quer na menos dose de radiação fornecida em cada estudo mamário. Há igualmente a possibili-dade de acoplar o sistema de análise computorizada (caD), que aumenta significativamente a especificidade. estes métodos estão presentes como parte integrante das tecnologias de ponta utilizadas no iMi.

a ecografia é uma técnica com-plementar da mamografia, que veio aumentar a especificidade, diferenciar as lesões quisticas das sólidas, carac-terizar melhor as últimas e proporcio-nar uma intervenção guiada de forma inócua e eficaz, contudo nunca pode substituir a mamografia para exclusão de cancro.

a ressonância magnética tornou-se um auxiliar precioso na detecção de cancro da mama, com indicações

ainda muito restritas; nomeadamente na planificação da cirurgia, na moni-torização do tratamento, no estudo de pacientes de alto risco sobretudo com mamas densas e na avaliação da cirurgia reconstrutora, nomeadamen-te com próteses.

Quando houver um rastreio popu-lacional bem implantado no país será possível diminuir a mortalidade em cerca de 30%.

os maiores factores de prognós-ticos do cancro da mama são a idade de aparecimento, a classificação e estadiamento do cancro (tMn), que tem em conta o tumor primário (t), a existência ou não de metástases (M) e o envolvimento de gânglios linfáticos (n). também a presença de receptores hormonais (estrogénios e progestero-na) e Her2 (receptor tipo 2 do factor de crescimento epidérmico humano) são importantes.

o tratamento é complexo e en-volve profissionais multidisciplinares, consistindo em cirurgia oncoplástica, radioterapia, quimioterapia, hormo-noterapia, imunoterapia, isoladas ou em conjunto, sendo determinado segundo protocolos das unidades de cuidados femininos dos Serviços de Saúde. estes protocolos estão perfei-tamente estabelecidos pela Sociedade portuguesa de Senologia, segundo as directrizes da última reunião de con-senso realizada em 2005.

em conclusão, a prevenção é a arma mais eficaz no combate à doen-ça, as mulheres devem estar atentas aos principais sinais de alerta, a saber: retracção mamilar unilateral, palpação de um nódulo, alterações da pele e do mamilo, corrimento mamilar e infla-mação mamária. Qualquer um destes sinais exige a realização imediata de mamografia. vamos assim tornar a vida mais “cor-de-rosa”!

Cristina Ribeiro FonsecaIMI – Imagens Médicas

Integradas

MaMografia é MétoDo De DiagnóStico De excelência

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