a política internacional e a independência da américa latina

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Universidade Federal do Pará Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Faculdade de História Disciplina: América II Análise do texto “A política internacional e a independência da América Latina”, de D.A.G. Waddell.

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Page 1: a política internacional e a independência da américa latina

Universidade Federal do ParáInstituto de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de HistóriaDisciplina: América II

Análise do texto “A política internacional e a independência da América Latina”, de D.A.G. Waddell.

Belém – PA/2011

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Universidade Federal do ParáInstituto de Filosofia e Ciências HumanasFaculdade de HistóriaDisciplina: História da América IDocente: Prof.º Dr.º Pere PetitDiscente: Gabriel da Silva CunhaBelém, 15 de novembro de 2011

O autor inicia o texto afirmando o interesse do sistema europeu nas lutas políticas que resultaram na independência das nações latino-americanas, tratando também da cobiça que essas nações tinham por esse território. Trata do pacto entre Bourbons franceses e espanhóis, que ameaçava a Inglaterra, que, embora tenham estabelecido um comércio clandestino com as colônias, não se esforçaram seriamente no sentido de anexar algum desses territórios.

Após isso, fala da influência da Revolução Francesa nesse contexto, tratando da rebelião de escravos em São Domingo e o medo que se espalhou nas colônias onde predominava agricultura latifundiária, temerosas de que acontecesse a mesma coisa em seus territórios. Alguns descendentes de criollos começaram a fazer propaganda na Europa a favor da emancipação das colônias espanholas. Além disso, a submissão da Espanha em relação à França fez com que a Inglaterra planejasse adotar medidas contra essas possessões, embora pouca coisa tenha sido feita. Inclusive algumas intervenções da Inglaterra nesse território obtiveram apoio popular, porém o governo não estava empenhado nessas empreitadas.

Nesse período, a maior preocupação inglesa era o destino do Brasil. A França pressionava Portugal para que fizesse parte do seu sistema continental, rompendo, assim, os vínculos com a Inglaterra. Nesse dilema, a Inglaterra não podia defender Portugal, mas estava convicta em não deixar o Brasil fosse dominado por Napoleão, então ofereceu uma escolta naval para que a família real em sua vinda ao Brasil. Ainda nesse período, houve uma crescente influencia política francesa na América espanhola, o que fez com que os ingleses se preparassem para uma “expedição de libertação da América do Sul”, porém chegaram noticias da resistência da Península contra a “usurpação bonapartista”. Dessa forma, o exercito inglês seguiu para a Espanha.

Essa usurpação francesa foi o estopim para os movimentos de separação das colônias espanholas. Embora a França tenha exercido influencia nesse processo de emancipação, houve a preocupação em instalar governos autônomos nas colônias, temerosas da dominação total de Napoleão, rompendo com o governo metropolitano, que provavelmente cairia sob o domínio francês. A Inglaterra influenciou nesse contexto, procurando obter apoio das colônias na luta da metrópole contra os franceses e realizando trocas comerciais. Porém, mantinha a neutralidade sobre a questão da independência, para não desagradar nem a metrópole, nem as colônias, posição que funcionou bem no começo, acarretando certas dificuldades mais tarde, tornando tensas

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as relações entre Inglaterra e Espanha e prejudicando mais ainda a relação entre ingleses e as colônias espanholas.

Depois de tratar dessas relações, o autor fala sobre a questão da influência. Os Estados Unidos também influenciavam bastante a América nesse período, com condições de se aproveitar da situação política do período, porém as guerras napoleônicas também afetaram esse país, além de que um conflito com a Inglaterra atraiu muita atenção dos Estados Unidos, o que fez com que deixassem essa questão da América Latina em segundo plano. Esses conflitos também envolveram interesses de outras nações européias, como Rússia, Áustria e Prússia.

Após tratar dessas situações, o autor chama atenção para o fato de a Espanha ter procurado apoio de outras potências em sua luta contra as colônias, já que a Inglaterra continuava sustentando sua postura de neutralidade. Essa situação envolveu diversas nações européias, que acabaram por envolver também os Estados Unidos em alguns debates. Posteriormente, a Inglaterra tentou restabelecer sua relação com a Espanha, embora a situação continuasse complicada, devido a certas atitudes, como o recrutamento por agentes ingleses que simpatizavam com a causa das colônias, afetando a questão da neutralidade. Os Estados Unidos também enfrentaram problemas para se preservarem neutros, pois a opinião pública estava dividida. Desde o ataque a navios espanhóis por parte navios rebeldes equipados em portos estadunidenses até a não votação de uma proposta de reconhecimento da independência de Buenos Aires, percebemos que os problemas na manutenção da neutralidade não eram exclusivos da Inglaterra.

A revolução liberal na Espanha mudou esse quadro. Agora não havia a ameaça de envio de expedições, existindo a possibilidade de o governo fazer concessões que o governo anterior havia negado aos colonos. Porém, esse novo governo não se mostrou mais disposto do que o antigo a conceder autonomia às colônias. A esperança de reconciliação desapareceu quando a Venezuela foi libertada e o México, América central e o Peru proclamaram sua independência. O mundo começava a reconhecer a nova configuração da América do Sul, começando pelos Estados Unidos, que reconheceram a independência de Buenos Aires, Chile, Colômbia, México e Peru. A Espanha enviou a Washington um protesto contra o reconhecimento, onde havia também o pedido para que as diversas nações espanholas não reconhecessem a independência, conseguindo algumas adesões, como Rússia e Áustria. A Inglaterra, por sua vez, advertiu que não ia esperar indefinidamente o desfecho dessa situação. A França tomou a iniciativa no Congresso das potencias européias, em Verona, mostrando muito mais interesse na situação da metrópole do que na de suas colônias. O novo secretário do Foreign Office, Canning, por sua vez, adotou medidas em prol do reconhecimento. Inclusive a independência brasileira influenciou nesse contexto, já que Canning viu ai uma oportunidade de conseguir levar adiante um objetivo da diplomacia inglesa: O fim do comércio transatlântico de escravos. Embora o governo brasileiro desejasse o imediato reconhecimento de sua independência pelos ingleses, havia fortes

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interesses econômicos no país que consideravam o tráfico de escravos vital para sua prosperidade. Dessa forma, o governo não aboliu imediatamente esse tráfico.

Depois disso, o autor trata do contexto que se estabelece na restituição do poder de Fernando VII. Fala da possibilidade de uma ajuda francesa em alguma tentativa de recuperar o domínio espanhol na América, embora isso não tenha passado do planejamento. A Inglaterra chegou a afirmar que sua neutralidade dependia da não tentativa de posse de qualquer parte da América espanhola. Posteriormente, em um documento chamado “Memorando Polignac”, Inglaterra e França concordaram que que restaurar o domínio espanhol nas suas antigas colônias era irrealizável e negaram qualquer pretensão de obter territórios da região ou privilégios comerciais exclusivos.

Esses foram os pontos que mais me chamaram atenção no texto. Estudar o jogo político nesse contexto das independências latino-americanas, percebendo a influência econômica das ações empreendidas pelos agentes do governo é bem interessante. Esse texto serviu para demonstrar que essa questão não envolveu apenas os países que normalmente são citados nos livros, mas, além dos países sul-americanos, Espanha, França, Inglaterra e Portugal, esse contexto envolveu interesses de países como Rússia, Áustria e Prússia, por exemplo.

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Referências Bibliográficas

WADDELL, D.A.G., “A política internacional e a independência da América latina”. In: BETHEL, Leslie. História da América Latina: Da independência a 1870, volume III. Tradução Maria Clara Cescato – São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2001