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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V.6 , Edição número 24, de Outubro de 2016 a Abril de 2017 - p
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A PARTICIPAÇÃO DE ALUNOS/AS EM PROJETOS DE PESQUISA E
EXTENSÃO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: CONSTRUÇÃO DE
MEMÓRIA E SUBJETIVIDADE
Maria Aparecida Augusto Satto Vilela*
Kênia de Souza Oliveira**
Jéssica Aparecida Dias***
Deyse Lucy Dantas Ribeiro****
RESUMO: Este estudo tem como objetivo refletir sobre como ocorre o processo de construção das
subjetividades e identidades de alunos/alunas negros/negras de instituições de ensino superior da cidade
de Ituiutaba-MG, a partir da participação em projetos de pesquisa e extensão. Tendo em vista sua
finalidade, algumas questões nortearam a pesquisa: Como é construída as subjetividades de alunos e
alunas negros/as a partir de sua inserção em projetos de ensino e extensão nas universidades? Como o
aluno se constitui como pesquisador/a? De que modo as suas memórias são impactadas pela condição de
serem alunos/as negros/as? Os sujeitos participantes da pesquisa foram alunos/as regularmente
matriculados/as em universidades da cidade de Ituiutaba-MG. Realizaram-se entrevistas
semiestruturadas, com base em um roteiro previamente elaborado. Os dados coletados foram analisados
à luz de referenciais teóricos como Goffman (1975), Munanga (1999, 2011 e 2014) e Souza (1983),
dentre outros. Considera-se que a contribuição dos projetos de pesquisa e extensão são relevantes para a
construção da subjetividade negra dos/as alunos/as, mas poucos são os/as alunos dessa etnia que têm
acesso a essa possibilidade de inserção nas universidades da cidade de Ituiutaba-MG.
ABSTRACT: This study aims to reflect on how is the process of construction of subjectivities and
identities of pupils / students black / black higher education institutions of the city of Ituiutaba-MG, from
participation in research projects and extension. Given its purpose, some questions guided the research:
How is built subjectivities of students and black students from their inclusion in education and extension
projects in the universities? As the student is a researcher? How their memories are affected by the
condition that students / the black ? The participants of the research subjects were students enrolled /
universities in the city of Ituiutaba-MG. There were semi-structured interviews, based on a predefined
script. The collected data were analyzed in the light of theoretical references as Goffman (1975),
Munanga (1999, 2011 and 2014) and Souza (1983), among others. It is considered that the contribution
of research and extension projects are relevant to the construction of black subjectivity of / the students /
as, but few are the / the students of this ethnic group who have access to this opportunity to enter the
universities of the city of Ituiutaba -MG.
PALAVRAS-CHAVE: Subjetividade. Instituição de ensino superior. Negro/a.
KEYWORDS: Subjectivity; Institution of higher education; Black.
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INTRODUÇÃO
Este texto, cuja temática é a construção da subjetividade e da identidade da/o estudante
negra/o a partir de sua inserção em projetos de pesquisa e de extensão em instituições
públicas de ensino superior de Ituiutaba-MG, foi elaborado a partir das experiências de
uma das autoras deste artigo na disciplina Relações Étnico-raciais e educação nos anos
de 2012 e 2013 na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), assim como pelas
reflexões realizadas pela sua participação, em 2015, como coordenadora de um
programa de extensão sobre intolerância religiosa e direitos humanos, do campus da
Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP), da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU).
Esta pesquisa também foi possível pelas experiências das outras três autoras, uma delas
professora mestranda de uma das universidades pesquisadas que iniciou percurso nessa
temática quando coordenou um evento sobre diversidade em que um dos focos foi a
reflexão e debate sobre raça, etnia e religião.
As outras duas autoras, estudantes do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências
Integradas do Pontal - FACIP, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, participam
efetivamente de atividades e eventos sobre inclusão. Nesse sentido, as discussões sobre
exclusão ocorrem e o interesse em estudar e investigar sobre a identidade negra, sua
história, cultura, dentre outros temas.
Com base no aporte teórico lido, compreende-se que estudar a identidade negra é
entrelaça-las às considerações sobre memória, história e cultura, propiciando
visibilidade às/aos negras/os que, muitas vezes, não são reconhecidas/os por sua
participação social.
A partir dessa constatação deparamo-nos com questões relacionadas à participação
das/os estudantes negras/os no espaço universitário que, apesar de crescente, ainda não
expressava o quantitativo das/os discentes negras/os que concluíam o ensino médio.
Segundo dados do sítio Todos pela educação (2014), “Em 2013, 40,7% dos negros
entre 18 e 24 anos estavam no Ensino Superior. Já o número de universitários brancos
foi de 47,2%, em 2004, para 69,4%, em 2013.”
O número de matrículas no ensino superior cresceu 32,9% no período de 2004 a 2014,
porém, ao analisar a categoria racial, identifica-se que o crescimento das matrículas de
estudantes brancas/os e negras/os não teve a mesma proporção. A diferença entre os
grupos é de quase 30% (TODOS pela Educação, 2014).
Os dados apresentados evidenciam que muitas/os discentes negras/os que concluem o
ensino médio não conseguem entrar em uma faculdade ou universidade, sendo
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impossibilitadas/os de prosseguir seus estudos e mudar o ciclo de desigualdade social e
exclusão que muitas/os vivenciam.
Nesta direção, além das experiências relatadas anteriormente e o incômodo pelo número
reduzido de alunas/os negras/os em sala, nos cursos de licenciatura e bacharelado,
algumas questões emergiram a partir de orientações de trabalhos de conclusão de curso
nessa área e da participação em eventos científicos: Como é construída as subjetividades
de alunos e alunas negros/as a partir de sua inserção em projetos de ensino e extensão
nas universidades? Como o aluno se constitui como pesquisador/a? De que modo as
suas memórias são impactadas pela condição de serem alunos/as negros/as?
Pelos motivos expostos, a presente pesquisa tem como público alvo alunos/as
regularmente matriculados/as em duas universidades públicas da cidade de Ituiutaba-
MG. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas, com base em um roteiro previamente
elaborado. Os dados coletados foram analisados à luz de referenciais teóricos como
Goffman (1975), Munanga (1999, 2011 e 2014) e Souza (1983), dentre outros.
O intuito da pesquisa é compreender de que modo a participação nos projetos de
extensão ou iniciação científica possibilitaram, ou não, a construção de sua identidade e
subjetividade negra, assim como dar visibilidade aos obstáculos enfrentados na
trajetória acadêmica dos/as alunos/as pesquisados/as.
Tendo em vista essas considerações iniciais, ao longo deste texto será discutida sobre a
identidade e subjetividade negra, a população negra no Brasil, e sua inserção no espaço
acadêmico universitário.
1. CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE E IDENTIDADE NEGRA NA
UNIVERSIDADE
Tendo em vista o objeto de estudo desta pesquisa, faz-se necessário, inicialmente,
analisar os conceitos de subjetividade e identidade, entrelaçando-os com a etnia negra, o
que possibilita vislumbrar uma especificidade em relação às outras identidades e
subjetividades, com base na história de vida de negros/as, sua ancestralidade, dentre
outros fatores.
Dialogando com o campo da Psicologia, compreende-se, com base em Bock, Furtado e
Teixeira (2001, p.28), que subjetividade
(...) é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo
conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida
social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e
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nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem
são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese - a
subjetividade - é o mundo de ideias, significados e emoções construído
internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e
de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações
afetivas e comportamentais.
Pelo exposto, depreende-se que subjetividade se refere a quem somos, nossa
singularidade e particularidade, composta por vivências, valores, sentimentos, dentre
outros. Contudo, segundo as autoras, ao mesmo tempo em que nos individualiza a
subjetividade nos torna parte de um contexto e grupo maior, pois não passamos por
experiências sozinhos, dividimos com outras pessoas, uma vez que fazemos parte de um
grupo social.
Nesse sentido, em relação à subjetividade negra, ao mesmo tempo em que cada negro/a
tem suas especificidades, muitas de suas histórias, cultura, compreensão sobre o mundo
etc., são compartilhados por outros/as. A análise desse conceito nos possibilita refletir
sobre o que é ser negro/a no Brasil, uma vez que nosso país se constitui por ser um país
de mestiços, em que cada um dos/as brasileiros/as constitui-se por um hibridismo de
raças. Sendo assim, O que significaria ser "branco", ser "negro", ser "amarelo" e ser "mestiço" ou
"homem de cor”? Para o senso comum, estas denominações parecem resultar
da evidência e recobrir realidades biológicas que se impõem por si mesmas.
No entanto, trata-se, de fato, de categorias cognitivas largamente herdadas da
história da colonização, apesar da nossa percepção da diferença situar-se no
campo do visível. É através dessas categorias cognitivas, cujo conteúdo é
mais ideológico do que biológico, que adquirimos o hábito de pensar nossas
identidades sem nos darmos conta da manipulação do biológico pelo
ideológico. (MUNANGA, 1999, p.18).
Segundo o autor, o mito da democracia racial no Brasil, da harmonia entre as raças,
tendo em vista o hibridismo biológico, mascarou e mascara a utilização do ideário da
mestiçagem, uma vez que a miscigenação das raças dificulta a construção da identidade
negra no Brasil e do entendimento do que é ser negro/a.
Sabe-se que há estigmatização do negro na sociedade brasileira, assim Goffman (1975,
p.5) postula que: A sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos
considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas
categorias: Os ambientes sociais estabelecem as categorias de pessoas que têm
probabilidade de serem neles encontradas. As rotinas de relação social em
ambientes estabelecidos nos permitem um relacionamento com "outras
pessoas" previstas sem atenção ou reflexão particular.
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Para o autor, o estigma relaciona-se à construção dos significados por meio da
interação, estabelecendo uma relação entre atributo e estereótipo. Assim, a sociedade
determina o modo de ser das pessoas e torna-o natural e normal. Aqueles que não se
enquadram nesse modo pré-estabelecido são alvos de atributos que os distinguem dos
demais.
Diante desses pressupostos, de que forma se constrói a identidade negra?
Em conformidade com os estudos de Souza (1983), a identidade negra será construída a
partir da conscientização das ideologias presentes nos discursos que aprisionam o negro
a uma imagem deturpada, na qual se reconhece. Desse modo, para a autora, tornar-se
negro é ressignificar sua imagem, seu papel diante de qualquer tipo de exploração.
O negro que se empenha na conquista da ascensão social paga o preço do
massacre mais ou menos dramático de sua identidade. Afastado de seus valores
originais, representados fundamentalmente por sua herança religiosa, o negro
tomou o branco como modelo de identificação, como única possibilidade de
"tornar-se gente”. (SOUZA,1983, p.21).
Assim, dados revelam que a população que se declara negra no Brasil aumentou
consideravelmente nos últimos anos. Segundo dados do censo demográfico de 2011,
realizado pelo IBGE, 97 milhões de brasileiros se declararam negros. Segundo
Munanga (2012, p.6-7):
Além da identidade nacional brasileira, que reúne a todas e todos, estamos
atravessados/as por outras identidades de classe, sexo, religião, etnias,
gênero, idade, raça, etc., cuja expressão depende do contexto relacional. A
identidade afro-brasileira ou identidade negra passa, necessária e
absolutamente, pela negritude enquanto categoria sócio-histórica, e não
biológica, e pela situação social do negro num universo racista.
O Estudo sobre essa população ainda requer muitas análises, tendo em vista a história
de racismo, preconceito e desigualdade racial, além de questões conceituais. Conforme
Gomes (2012), a discussão sobre a relação racial é rodeada por muitos conceitos e
termos e o uso destes podem causar discordância entre autores, intelectuais e militantes
que possuem diferentes perspectivas teóricas e ideológicas distintas.
A construção da identidade negra ainda passa por um processo de rompimento da obra
que a escravidão deixou, e para entendê-la é preciso considerar não apenas fatos de
consciência, mas também, fatos políticos.
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Construir uma identidade negra positiva em uma sociedade que,
historicamente, ensina aos negros, desde muito cedo, que para ser aceito é
preciso negar-se a si mesmo é um desafio enfrentado pelos negros e pelas
negras brasileiros (as). Será que, na escola, estamos atentos a essa questão?
Será que incorporamos essa realidade de maneira séria e responsável, quando
discutimos, nos processos de formação de professores (as), sobre a
importância da diversidade cultural? (GOMES, 2003, p. 43).
Nesse sentido, faz-se necessário questionar a formação de professoras/es no Brasil em
todas as suas áreas, humanas, biológicas e exatas, mas também a formação profissional
nos bacharelados, uma vez que as discussões sobre raça, etnia, diversidade etc não são
contempladas, em muitos de seus currículos, apesar da legislação assinalar sua
obrigatoriedade.
Em 17 de junho de 2004, foi aprovada a Resolução n.º 1, que “institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana” (BRASIL, 2004). Ela aponta norteadores
para as instituições de ensino, em todos os níveis e modalidades, principalmente as que
formam professoras/es.
Verifica-se, desse modo, a relevância de se incluir, na formação e desenvolvimento
profissional das/os graduandas/os brasileiras/os, disciplinas, debates, ações, dentre
outras, que favoreçam e estimulem a construção da identidade negra nas/nos alunas/os
que se consideram dessa etnia. Destaca assim, a relevância da coexistência e da relação
com a diversão cultural entre todas/os as/os discentes, uma vez que o número de
negras/negros é menor que o de brancas/os nos cursos de graduação, conforme Quadro
1.
Quadro 1 – Sinopse das estatísticas de matrículas de Educação superior por cor em
2014
Unidade da
Federação /
Categoria
Administrativa
Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais e a Distância por Cor / Raça
Total Branca Preta Parda Amarela Indígena Não dispõe
da
informação
Não
declarado
Brasil 7.828.013 2.431.006 338.537 1.395.529 101.664 22.009 958.619 2.580.649
Pública 1.961.002 618.653 102.066 411.251 24.896 8.226 211.757 584.153
Federal 1.180.068 360.356 69.162 290.035 12.787 5.347 114.386 327.995
Estadual 615.849 198.318 30.696 108.350 11.344 2.639 82.294 182.208
Municipal 165.085 59.979 2.208 12.866 765 240 15.077 73.950
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Privada 5.867.011 1.812.353 236.471 984.278 76.768 13.783 746.862 1.996.496
Fonte: INEP (2014).
Os dados acima relevam a discrepância quantitativa que ainda existe entre os grupos de
alunas/os negras/os, e indígenas também, e as/os brancas/os, uma vez que a lei de cotas
para o ensino superior, n.º 12.711, de 29 de agosto de 2012, é recente. De acordo com
ela: Art. 1
o As instituições federais de educação superior vinculadas ao
Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso
nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por
cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o
ensino médio em escolas públicas. (...)
Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o
art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados
pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos
e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a
instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). (BRASIL, 2012).
Se o número de matrículas destinadas às/aos discentes negras/os, apesar da lei, ainda
não se igualou, às de alunas/os brancas/os e, pelo contrário, regrediu em relação à/ao de
brancas/os, conforme informações apresentadas na Introdução deste projeto, os dados
sobre docentes negras/os ainda é mais desigual. Segundo o sítio Universia (2005), “1%
dos professores que atuam hoje nas universidades públicas brasileiras são negros, na
USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, que reúne 4,7 mil professores, o
número de negros não chega a dez (0,2%) (...).” Apesar da pesquisa ter sido feita há 11
anos, o índice de docentes negros/as não aumentou consideravelmente a ponto de, nesse
período, o número de professores dessa população étnica aumentar 50%.
Apesar da universidade pública brasileira ser um dos poucos redutos de
exercício do pensamento crítico em nosso país, se a observamos a partir da
perspectiva da justiça racial, impressionam a indiferença e o
desconhecimento do mundo acadêmico a respeito da exclusão racial com
que, desde sua origem, convive. Desde a formação das instituições de ensino
superior no século dezenove, não houve jamais um projeto, nenhuma
discussão sobre a composição da elite que se diplomaria nas faculdades de
Direito, Medicina, Farmácia e Engenharia existentes naquela época. A atual
composição racial da nossa comunidade universitária é um reflexo apto da
história do Brasil após a abolição. (CARVALHO, 2004, p.11-12).
Nesse sentido, esta pesquisa é relevante para as discussões antropológicas e
sociológicas sobre negritude, gênero, identidade, trajetória escolar e de vida, dentre
outros, desvelando a história de discentes negras/os, por meio dos espaços em que
atuam/atuaram e convivem/conviveram, de forma geral, e de modo mais específico
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pretende contribuir para dar visibilidade a essas/es personagens que fazem parte da
história educacional do ensino superior. 2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
Esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa, tendo em vista a problematização e os
objetivos propostos, uma vez que sua finalidade é a realização de investigações sobre a
construção da identidade e subjetividade negra de estudantes universitários/as a partir da
inserção em projetos de pesquisa e de extensão, entendendo esse fenômeno de forma
mais aprofundada. Segundo André (2012, p.24), a pesquisa qualitativa não se define
pelo uso ou não de dados numéricos, mas sim pelas “perguntas que eu faço no meu
instrumento [que] estão marcadas por minha postura teórica, meus valores, minha
visão de mundo.”
Em relação a esse tipo de pesquisa, Bogdan e Biklen (1991) apontam que ela é
caracterizada pela coleta de dados descritiva, relação direta do pesquisador com o
ambiente de pesquisa, prioridade na análise do percurso de pesquisa em relação ao
produto, bem como seu contexto, como o ambiente acadêmico, por exemplo, as
diferentes variáveis que o impactam e as percepções dos/as sujeitos/as em relação a ele,
dentre outros aspectos.
Nesse sentido, esta proposta tem como intenção precípua analisar o tornar-se negro/a
nos espaços educacionais a partir do papel das Universidades nesse processo, e de modo
específico pretende dar visibilidade aos/às alunos/as negros/as nas instituições de ensino
pesquisadas.
Este estudo também se caracteriza por ser exploratório, tendo em vista os objetivos a
serem alcançados, em consonância com as questões que o norteiam e seu método
indutivo, pois será analisada a percepção sobre sua identidade e subjetividade negra, a
partir de seus relatos.
De acordo com Gil (2007), este tipo de pesquisa possibilita ter maior contato com o
problema de pesquisa, com o intuito de torna-lo mais compreensível ou auxiliar na
construção de hipóteses. A maior parte das pesquisas dessa natureza se utiliza de
levantamento bibliográfico, entrevistas e análise de situações/exemplos que favoreçam a
compreensão do objeto de estudo.
Em relação às instituições pesquisadas, selecionou-se 2 (duas) das 6 (seis) instituições
de ensino superior da cidade de Ituiutaba-MG. Os critérios utilizados foram: a) ser
pública; b) ter maior número de alunos/as matriculados/as e c) serem de sistemas de
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ensino diferentes. A partir dessas características, escolheu-se uma instituição federal
denominada neste de trabalho de Instituição 1 e uma estadual tratada como Instituição 2.
A Instituição 1 é estadual e possui 1617 alunos e dentre eles, de acordo com dados do
campo de matrícula, 12 marcaram a cor/raça/etnia como negra. Deve-se destacar que no
formulário não era obrigatório marcar esse campo. Isso pode ser um dos fatores para o
baixo índice de estudantes negros/as (aproximadamente 1,40%). A Instituição 2 é
federal e possui 1925 alunos/as, segundo dados de 2015. Contudo, não foi possível
obter informações sobre o número de estudantes que se autodeclaram negros/as.
A partir dessa caracterização geral, destaca-se que o público alvo desta pesquisa são 4
(quatro) docentes, 1 (um) da Instituição 1 e 3 (três) da Instituição 2, denominados de
Estudante 1, 2, 3 e 4. Para obtenção de dados, elaborou-se um roteiro de entrevista com
14 perguntas, organizado em três eixos: Identificação, Projetos de extensão e pesquisa, e
Construção da identidade e subjetividade negra. Essa organização possibilitou que os
dados fossem analisados à luz do referencial teórico, com base em 3 categorias
temáticas: Perfil dos/as alunos/as negros/as, Formação acadêmica e Identidade e
subjetividade negra.
3. TORNANDO-SE NEGRA/O NA UNIVERSIDADE
3.1 Perfil dos/as alunos/as
Os/as 4 (quatro) estudantes investigados/as que se autodeclararam negros/as têm entre
24 e 29 anos; duas estudantes (1 e 3) são alunas do curso de Pedagogia, uma de
Educação Física (4) e o Estudante 2 do curso de Química.
Ao declararem-se negros/as, os/as discentes entrevistados/as evidenciaram sua
compreensão sobre si mesmos/as, uma vez que suas subjetividades e identidades estão
marcadas pela cor da pele, sendo selecionados/as por terem a cor preta. Segundo
Munanga (2014, p.2), “sabemos todos que o conteúdo da raça é social e político.”
Desse modo, ao identificarem-se como negros/as demarcaram seus espaços e
posicionaram-se politicamente, indicando o que pensam sobre si e sobre o meio em que
vivem.
3.2 Formação acadêmica
Neste tópico pretende-se analisar a contribuição dos projetos de extensão e pesquisa
para a formação dos/as alunos/as entrevistados/as, com base no Quadro 2 a seguir:
Quadro 2 - Participação em projetos de extensão e pesquisa
Estudante Como esse (s) projetos (s) que participou, contribuiu/contribuíram,
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contribui/contribuem para a sua formação acadêmica e profissional? Como eles
contribuiu/contribuíram, contribui/contribuem para a sua construção como
pesquisador/a?
1 Participou do PIBID e atualmente é bolsista de Iniciação Científica
Em relação ao PIBID foi fundamental para a construção do meu aprendizado na
universidade, ajudou-me a conhecer e aprender um pouco mais sobre a prática no dia
a dia da sala de aula; aprendi a planejar, estudar e entender os alunos em suas
particularidades. Proporcionou relacionar a teoria com a prática, pois a cada
intervenção nós estudávamos para realizá-las. Este projeto que estou agora recente
ainda está caminhando, estou no começo das leituras.
2 Participa com voluntário de Iniciação Científica
Em relação à minha formação acadêmica, além de ser um facilitador no meu processo
de aprendizagem me permitindo sair do campo teórico e indo ao prático, o projeto de
pesquisa já é um adianto na hora de escrever o temido TCC. Em relação ao
profissional acredito que a iniciação se caracteriza com um preparo para a carreira.
O projeto contribui para a minha formação como pesquisador por me preparar desde
já para as coisas (boas e ruins) que vou enfrentar no exercício da profissão, me auxilia
na organização de tempo, na preocupação com resultados e me da de antemão uma
prévia do que eu posso esperar. (sic)
3 Participou com bolsista de um projeto de extensão
O projeto que participei com certeza contribuiu para minha formação no geral, como
estudante, profissional e como pessoa também, pois todo espaço que exploramos
dentro da universidade e fora dela desperta em nós algo novo, e o novo nos traz novas
experiências, novas concepções, descobertas e também uma nova construção que traz
muita contribuição para a vida.
4 Participa como voluntária de um projeto de extensão
É a oportunidade de a gente colocar em prática o que a gente vê na teoria... estudou
dança, ginástica e agora é a oportunidade de colocar em prática.
Fonte: Dados coletados pelas entrevistas.
Em relação às respostas obtidas, verifica-se que para o Estudante 2, que faz curso de
Química, e a Estudante 3, aluna da Pedagogia, os projetos de pesquisa e extensão em
que participaram, respectivamente, contribuem/contribuíram não apenas para a
formação acadêmica, mas também profissional, uma vez que, no caso do Estudante 2,
proporcionou que tivesse contato com alguns desafios que enfrentará no exercício da
profissão. A Estudante 3 tem pouco tempo como bolsista de Iniciação Científica, mas
destaca o período em que atuou no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID, essencial para a constituição de uma práxis pedagógica, uma vez
que as intervenções realizadas em sala de aula demandaram estudo teórico e
planejamento, necessários para um trabalho contextualizado e significativo.
Nesse sentido, a maioria dos/as alunos/ o papel relevante dos projetos em que estiveram
envolvidos /as para a sua formação profissional e acadêmica. E em relação à
construção da identidade negra na Universidade? Ela (Universidade?) também cumpre
uma de suas funções?
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3.3 Identidade e subjetividade negra
Neste item será discutida a construção da identidade e subjetividade negra, revelando o
que pensam os/as discentes investigados/as sobre o/a faz sentir-se negro/a, a trajetória
acadêmica, as dificuldades e obstáculos enfrentados, assim de que modo os projetos que
participaram contribuíram para a construção da identidade e subjetividade negra.
Ao serem questionados/as sobre que critérios utilizam para se definirem quanto à
cor/raça/etnia negra, a Estudante 1 afirmou que é a cor da pele, assim como a Estudante
2 que assinalou a cor da pele, mas também o cabelo. O Estudante 2 informou que foram
a cor de pele e as influências culturais da própria família. Nessa direção, destaca-se a
resposta da Estudante 3 : A cor da minha pele, na minha visão esse é um fato de que me orgulho muito,
nunca foi problema pra mim eu nasci assim e vou morrer assim, essa cor não
define meu caráter mas com certeza define minha identidade, algo que eu não
posso desvincular e nem quero. (ESTUDANTE 3, 2015).
O relato da Estudante 3 revela a compreensão de sua identidade negra, construída a
partir da relação consigo mesma e com o outro.
O ego e o alter estão sempre juntos, numa relação dialógica. Não há uma
sociedade multicultural possível sem o recurso a um princípio universalista
que permite a comunicação entre indivíduos e grupos social e culturalmente
diferentes. Mas também não há uma sociedade universal possível se este
princípio universalista comanda uma concepção de organização social e de
vida pessoal que leve alguns a se julgar superior aos outros. (MUNANGA,
2014, p.43).
Uma vez que a cor da pele marca e evidencia o lugar ocupado socialmente, muitas vezes
ser negro/a no Brasil é lidar com uma trajetória, tanto acadêmica como pessoal, de
obstáculos enfrentados. Ao lidar com eles pode-se fortalecer a subjetividade do/a
estudante negro/a ou contribuir para a negação de sua ancestralidade. Em relação a isso,
o Estudante 3 respondeu:
Bom, estudei em uma escola privada, pequena (uma turma para cada série) e
bastante rígida na minha cidade. Era o único estudante de pele escura de lá,
isso me rendeu diversos apelidinhos e brincadeirinhas durante três longos
anos, além do mais eu era bolsista (o que contribui mais ainda para as
piadinhas) e dentro de casa mesmo eu era incentivado a estudar mais
justamente por isso. “Filho, preto não tem as mesmas chances que branco no
mundo lá fora, você tem que se destacar” dizia minha mãe algo mais ou
menos assim. Parece que funcionou, pois fui o melhor aluno da turma durante
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esses três anos. Na universidade a situação já foi bem diferente acredito que
vivemos em uma fase muito boa, ainda longe do esperado mas já avançamos
bastante e a cor da minha pele não é um diferencial nos meus estudos.
(ESTUDANTE 3, 2015).
É perceptível, no caso desse aluno, a discriminação racial que sofreu durante o tempo
em que estudou nessa escola privada. As piadas citadas em seu relato não são apenas
brincadeiras de mau gosto feitas por quem ele convivia diariamente. Elas simbolizam
como ele era visto, considerado distinto e inferior em relação aos outros alunos.
Contudo, isso não impediu que a construção de sua identidade negra ocorresse. Segundo
Munanga (2011, p.3):
Há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham
que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos
de comando. Como também tem os brancos que introjetaram isso e acham
mesmo que são superiores por natureza. Mas para você lutar contra essa ideia
não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir. Tem que educar
também. A educação é um instrumento muito importante de mudança de
mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos.
Como assinala o autor, para extirpar o preconceito, deve-se educar aqueles que o
disseminam. Nesse sentido, contrapondo a citação ao relato do Estudante 3 o espaço
escolar não deve ser aquele que contribui para práticas racistas e discriminatórias. Pelo
contrário, é nele e por meio dele que se deve lutar para que isso não ocorra.
Por fim, ao serem questionados/as como os projetos de extensão e pesquisa que
participam/participaram contribuem/contribuíram para a sua formação pessoal e para a
sua identidade e subjetividade como estudante negro/a, os/as estudantes responderam
(Quadro 3):
Quadro 3 – Projetos de extensão e pesquisas e suas contribuições
Estudante
1 (...) não acrescentaram nada, o pouco de discussões a respeito aconteceu na disciplina
de escolas abertas a diversidade ainda assim, foi superficial.
2 Representatividade é sempre a palavra correta, e acredito que o projeto pra mim traz
isso, negros (as) nos laboratórios que até então eram ocupados por brancos é
gratificante ver que nós temos espaço e vamos ser reconhecidos pelo nosso trabalho e
não pela nossa cor.
3 (...) a universidade me possibilita aprender e participar é algo que me traz
conhecimento, conhecimento esse que acrescenta em mim e jamais irei descartar, tudo
é valido, é necessário e mais, me faz sentir ainda melhor por saber que a minha cor
não me impede de maneira nenhuma de aprender e conhecer, me faz sentir mais forte,
mais potente e mais feliz, com vontade de buscar e aprender, ter argumentos para
debater e defender meu povo, minha raça, também somos peças do quebra cabeça que
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é a história do Brasil e do mundo pois sem nós ele jamais será construído. (sic)
4 (...) é a oportunidade de a gente colocar em prática o que a gente vê na teoria. E
também pra gente conhecer como que é a realidade da criança aí você passa a ter
contato diariamente com elas e percebe que são cada uma completamente diferente, de
cultura diferente, de raças diferente... é eu acredito que é isso.(sic)
Fonte: Dados coletados pelas entrevistas.
Ao analisar as respostas, identifica-se, em três excertos, o impacto positivo da
Universidade, de modo geral, e especificamente, dos projetos em que atuam/atuaram
para a construção do pertencimento à etnia negra, principalmente para que possam
ocupar lugares antes destinados apenas aos/às brancos/as. No relato da Estudante 1
identifica-se um problema a ser dirimido pela Universidade, a dos debates fora e dentro
da sala de aula serem intensificados, pois ainda, nesse caso, impossibilitam que haja por
parte de outros/as discentes a compreensão sobre o que é ser negro/a. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal desta pesquisa foi compreender como a participação nos projetos
de extensão ou iniciação científica possibilitaram, ou não, a construção de sua
identidade e subjetividade negra. Pelos dados coletados, apesar do número pequeno de
participantes, identifica-se que, para a maioria, a entrada nas Universidades em que
estudam e a atuação nos projetos, como bolsistas ou voluntários, foi bastante
significativa. Contudo, há muito a ser feito, pois o quantitativo de alunos/as negros/as
que participam das ações de pesquisa e extensão ainda precisa ser ampliado.
Espera-se que os dados contribuam para se refletir acerca de que lugares esses/as
alunos/as ocupam nas instituições públicas de educação superior, uma vez que é
importante problematizar se a porcentagem de alunos/as negros/as trabalhadores/as não
ultrapassa a dos que não são, o que, pelas condições de trabalho e das regras dos editais,
impossibilitam que participem de boa parte das atividades que ocorrem nas instituições.
O alcance dos objetivos da pesquisa permitiu compreender, mesmo que de forma ainda
restrita, sobre a construção das identidades negras e subjetividades negras dos/as
alunos/as pesquisados, no sentido de vislumbrar como se veem e como os ambientes em
que se relacionam favorecem ou não a sua identificação com o ser negra/o. Considera-se
que a contribuição dos projetos de pesquisa e extensão são relevantes, mas ainda são
poucos os/as alunos/as negros/as que têm acesso a essa possibilidade de inserção nas
universidades da cidade de Ituiutaba-MG.
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