a parábola da vinha diálogo - md m
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A Parábola da Vinha no Grau de Mestre de Marca,
sob a visão de dois mestres de marca
Elaborado pelos IIr.∙. Jorge Eduardo de Lima Siqueira e Marcus Vinícius Neves Gomes Verão/Outono de 2013
MVM – Meus IIr., o Grau de Mestre de Marca apresenta diversas lições que servem de
base para o aperfeiçoamento de nossas relações sociais, familiares e com nós
mesmos. Neste Grau, dentre outros ensinamentos, aprendemos: (1) que a educação é
a recompensa do trabalho, (2) que um homem é lembrado pela marca que ele faz em
sua vida; (3) que todo trabalho é, em si, nobre e honrado; (4) que servir por mais tempo
no ofício não traz nenhuma superioridade sobre o próximo; (5) que o trabalho a
princípio rejeitado pode vir a ser o trabalho mais importante1.
Tomando por base essa exemplificação, gostaria de aprofundar uma dessas lições,
mais especificamente na lição de “que servir por mais tempo no ofício não traz
nenhuma superioridade sobre o próximo”, a fim de nos aperfeiçoarmos. Para tanto
peço vossa atenção e auxílio.
MVM – Ir. 1ºV, onde em nosso cerimonial podemos tirar a lição de que “servir por
mais tempo no ofício não traz nenhuma superioridade sobre o próximo”?
1ºV - Serve como base para tal interpretação a chamada “Parábola da Vinha”,
recordada ao final do cerimonial de adiantamento.
MVM – O Ir. pode nos esclarecer onde podemos encontrá-la e quem a contou?
1ºV – MVM, a Parábola da Vinha foi retirada do L SS EE em Mateus, 20:1-16, sendo
ela uma das muitas parábolas contadas pelo Mestre Jesus.
MVM – A utilização de parábolas era comum nos ensinamentos do Mestre Jesus?
1ºV – Sim MVM, a linguagem utilizada por Jesus ao transmitir seus ensinamentos era
colorida e pitoresca e sobejavam as figuras de linguagem, sendo certo que, muitas
1 Capitular Degrees of Freemasonry. Disponível em: <http://www.ram-il.org/CapitularDegrees.htm>. Acesso em:
20 mar. 2013.
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vezes ele criava epigramas2, fáceis de lembrar, para transmitir verdades
transcendentais3.4
Simplificando, as parábolas de Jesus eram narrativas breves, dotadas de um conteúdo
alegórico, utilizadas nas pregações e sermões com a finalidade de transmitir seus
ensinamentos.
Ela pode ser uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca outra
realidade de ordem superior ou uma espécie de alegoria apresentada sob a forma de
uma narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre com o
objetivo de declarar ou ilustrar uma ou várias verdades.
Isso ocorre porque toda parábola consta de dois elementos: o símbolo material e o
simbolizado espiritual. O símbolo material, tirado da natureza ou da sociedade humana,
é compreensível a todos, mas a compreensão do simbolizado espiritual depende do
estado de evolução de cada um.
MVM – Ir. Cap., artesãos das pedreiras trouxeram-me notícias de que o Ir. tem
contado parábolas enquanto os obreiros esquadrinham pedras. Querido Ir., qual
benefício pode trazer o ensino por parábolas?
Cap. – Contar tais histórias faz brotar no coração de cada homem o ensinamento que
sua capacidade permite conceber ou, mais que isso, a lição que ELE, individualmente,
precisa absorver. A compreensão será ditada pela evolução de cada irmão, mas ao
final, todos, ou quase todos, serão impactados por ela, em níveis e aspectos diferentes.
... (pausa por alguns instantes como quem busca se recordar de algo)
2 Epigrama: é uma composição poética breve que expressa um único pensamento principal, festivo ou satírico, de
forma engenhosa. 3 Transcendental: Além do mundo material.
4 GUNDRY, Robert Horton. Panorama do Novo Testamento. 3. ed. atual. ampl. São Paulo. Vida Nova, 2008. p. 163.
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Ah!!! Também é importante lembrar que o ensino por parábolas não nos dá
possibilidade de encontrar uma explicação definitiva e universalmente válida, já que
uma parábola admite inúmeras visões conforme o estado de espírito do ouvinte5.
Talvez nossa sociedade atual não esteja acostumada com essa forma de ensinar, mas
nós como maçons já estamos, ou pelo menos deveríamos, já que os ensinamentos
transmitidos pelos símbolos maçônicos são exatamente da mesma forma.
1ºV. –MVM, permita-me complementar as palavras do querido Ir. Cap.?
MVM – Tenha a bondade, Ir. 1º V.
1ºV. – Senti a necessidade de chamar a atenção para um fato muito importante. Uma
parábola não visa, num primeiro plano, ensinar como devemos agir, mas, acima de
tudo, visa IMPACTAR o Ser, ou seja, ela quer TOCAR no Eu Espiritual de tal forma a
fazer refletir e perceber a necessidade de mudança de comportamento daquele que a
recebe. Como bem lembra Ir. João Guilherme, alguns atos do grau de MdM servem
para “imprimir profundamente” no iniciado cada um de seus ensinamentos, o que
também é feito na encenação da parábola.
(enquanto o Ir. fala o 2°V. finge cochichar com o Ir. ao lado)
As parábolas, assim, nos convidam a um profundo conhecimento metafísico (além da
matéria) e ao mesmo tempo místico, cujo transbordamento espontâneo se revela numa
infalível auto-realização, em muitos aspectos, inclusive na ética6.
MVM – (em tom severo) Ir. 2°V, podeis dividir com TODOS os IIr. desse vinho que
partilhas apenas com o Ir. que se encontra ao seu lado???
2ºV. – MVM, vinha chamando a atenção para o fato de quase todas as parábolas giram
em torno da ideia do “Reino de Deus” ou “Reino dos Céus”. Reino é um conceito
orgânico, que lembra hierarquia. Num reino há o superior e os súditos, ou seja, alguém
que orienta e os que seguem sua orientação. Ora, nas palavras do próprio Jesus, o
5 ROHDEM, Huberto. Sabedoria das Parábolas. São Paulo. Martin Claret, 2009. p. 19.
6 ROHDEM, Huberto. Sabedoria das Parábolas. São Paulo. Martin Claret, 2009. p. 19.
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Reino de Deus está dentro do homem. Esse “Reino de Deus” no homem, parece, na
maioria das vezes estar adormecido pelas paixões, vícios, especialmente pelos
sentimentos egoísticos, cabendo a nós sacerdotes e aos que se dizem minimamente
espiritualizados, despertar no irmão o desenvolvimento desse “Reino”, que o Cristo
chama em outras parábolas de “luz sob o alqueire”, “tesouro oculto”, “pérola
preciosa”... 7.
MVM – Como poderias deixar de partilhar de tão saboroso pão com todos os
irmãos, Ir. 2°V? YAHWEH8 conserve em ti a sabedoria e nos dê sempre a alegria
das suas profecias entre nós! Ir. Tes., o que poderia nos dizer sobre o “denário”,
pago aos trabalhadores daquela vinha?
Tes. – MVM, o denário romano era equivalente ao salário de um dia de trabalho e era
correspondente à “dracma” grega e do tempo de Herodes em diante, o dinheiro era
contado pelos parâmetros romanos, por isso que na parábola foi feita a referência ao
denário romano9.
O denário representava um bom salário diário de um trabalhador na Palestina, era
equivalente a metade do tributo que todo homem judeu recolhia anualmente ao
Templo. Além disso, com um denário era possível comprar em torno de 8 quilos de
pão10.
Para que tenhamos a real noção da importância dessa moeda alerto que, mesmo após
a sua extinção, o denário continuou a servir de unidade de conta no Império Romano.
Inclusive diversos países adotaram o termo "denário", ou uma variação, para designar
as suas moedas nacionais, como o denier francês. A própria palavra dinheiro, em
português (dinero, em espanhol e denaro em italiano), vem do latim denarius11.
7 ROHDEM, Huberto. Sabedoria das Parábolas. São Paulo. Martin Claret, 2009. p. 15.
8 Esdras 6:21.
9 Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. p. 1128.
10 Denário. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Den%C3%A1rio >. Acesso em: 20 mar. 2013.
11 Denário. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Den%C3%A1rio >. Acesso em: 20 mar. 2013.
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2º Sup. – (em tom de angústia) MVM, permita-me compartilhar uma angústia? Não
entendo o porquê, mas desde o meu adiantamento sinto como se a “Parábola da
Vinha” servisse como um incentivo à acomodação, à preguiça e até ao
desinteresse. E fico a me perguntar: como pode uma lição ser transmitida
beneficiando alguém que estava ocioso? Essa deve ser a conduta esperada de
um Maçom?
MVM – De modo algum, meu Ir. Talvez não tenhas te atentado para o detalhe de que
os trabalhadores não estavam ociosos por opção. Eles estavam no lugar onde
usualmente ficavam os trabalhadores para serem contratados para o trabalho, porém
até aquele momento não tinham sido. Fica claro também que não eram preguiçosos,
pois quando convocados pelo pai de família prontamente se apresentaram para o
trabalho.
É preciso considerar que era costume na Palestina, até pouco tempo, que os
desempregados ("diaristas" ou "jornaleiros"12) se reunissem na praça da aldeia a
espera de alguém que os viesse contratar, tal como ocorre em nossas cidades, com
táxis e caminhões de frete, que ficam nos pontos aguardando interessados em seus
serviços.
Assim, em verdade, os que eles nos ensinam é que nós Maçons devemos estar de
prontidão, interessados e qualificados, prontos para o desenvolvimento da grande obra,
da Arte Real.
MVM – Ir. 1ºD., essa parábola nos trás alguma reflexão de cunho espiritual?
1ºD. – Mas é claro, MVM! Ela apresenta uma das mais extraordinárias lições
concernentes ao caráter do Grande Criador dos Mundos. Nela Deus é comparado a um
pai de família que sai de madrugada a fim de recrutar trabalhadores para sua vinha.
Estas figuras, "pai de família" e "proprietário de uma vinha", apresentam-no como
Soberano. Todavia, este conceito é complementado pela demonstração de sua Justiça
e Misericórdia. Tais atributos manifestam-se não somente no ato de convidar a todos
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Operário que trabalha a jornal, isto é, que ganha por dia.
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os que estavam ociosos nas praças em diversos horários, mas também no final do
expediente, especialmente quando Deus concede o mesmo salário tanto aos primeiros
quanto aos últimos. Jesus ensina que a Justiça Divina não se mede pela capacidade
dos homens, mas opera segundo a Misericórdia e a Graça de nosso Pai Celestial.
MVM – Existe algum outro ensinamento Ir. Cap.?
Cap. – Muitos... Incontáveis... Podemos perceber que diversos grupos de
trabalhadores recebem o mesmo pagamento por períodos de trabalho diferentes. Uns
trabalharam o dia todo, outros apenas uma hora, mas todos recebem a mesma quantia.
Como entender o fato do Mestre comparar isso ao Reino dos Céus, onde tudo é
justiça? Remuneração igual para jornadas desiguais?
Certamente Jesus não pretendeu caracterizar YAHWEH como injusto. Vamos à
parábola...
Primeiro temos que lembrar que os trabalhadores da primeira hora receberam
exatamente o valor combinado. “O combinado não sai caro”. Quanto aos demais, a
parábola nada diz sobre o acerto de salário, ou seja, aqueles trabalhadores aceitaram a
oferta de trabalho sem medir a recompensa. O Senhor da vinha também é claro
quando esclarece aos trabalhadores da primeira hora que o fato de pagar o mesmo
salário a todos é ato de bondade sua. Assim, a quantia paga aos que chegaram mais
tarde seria em parte remuneração e noutra um auxílio espontâneo, um socorro, ao
necessitado.
Qual a injustiça nisso? Que mal há em ajudar um irmão? O dono da vinha tem a
liberdade de distribuir seus bens como bem entende e cumpre um mandamento santo
quando o faz em favor dos pobres.
Lembremos também que aqueles trabalhadores poderiam ter raciocinado que já era
tarde, trabalhariam por pouco tempo, e, portanto, receberiam pouco. Mas não agiram
assim, pois estavam prontos a SERVIR. Quantas vezes vemos irmãos deixarem de dar
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a sua colaboração numa determinada obra de amor, por não trazer “vantagens” (passar
a imagem de bom moço, ficar mais conhecido, ser aplaudido, etc.)?
INFELIZES! São incapazes de reconhecer que as boas recompensas são DIVINAS e
não mundanas. Seu “salário” é a felicidade, a tranquilidade moral, a evolução espiritual,
finalidade existencial que almejamos.
Aliás, o momento em que atendemos ao chamado não se dá no mesmo tempo, nem
nas mesmas condições. Cada irmão na sua hora. Assim, embora haja trabalho para
todos, “só quando estamos prontos é que o Mestre aparece”. “Estar na praça”,
aguardando o chamamento para o trabalho Divino, como os personagens da história, é
um sublime ato de preparação intelectual e moral para atender ao chamado.
Se nosso limite não nos permite produzir mais, mas se fazemos o que podemos, com
sinceridade, na direção correta, a bondade Divina sabe valorizar nosso esforço. Daí a
igualdade de pagamento aos trabalhadores da história13.
MVM – Algum outro ensinamento espiritual pode ser tirado dessa Parábola, Ir.
Sec.?
Sec. – O alerta quanto à inveja, meus irmãos. Eis o ensinamento: “Tens mau olho,
porque sou bom?”. Os trabalhadores julgaram que mereciam mais porque receberam o
mesmo valor que os que trabalharam menos. É frequente vermos irmãos se
entristecerem ao ver vizinhos, amigos ou colegas de trabalho obtendo mais sucesso.
Atitude mesquinha e sorrateira que Jesus combate. Devemos nos alegrar com o bem, o
sucesso do outro, e não “ter mau olho, porque o Pai é bom” 14.
13
SILVEIRA, José Argemino. Os trabalhadores da última hora. Disponível em: < http://www.espirito.org.br/portal/artigos/verdade-e-luz/os-trabalhadores-da-ultima.html>. Acesso em: 20 mar. 2013. 14
SILVEIRA, José Argemino. Os trabalhadores da última hora. Disponível em: <http://www.espirito.org.br/portal/artigos/verdade-e-luz/os-trabalhadores-da-ultima.html>. Acesso em: 20 mar. 2013.
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Interessante mesmo, meus irmãos, é o que aprendi com o querido Ir. Cob. quando
perguntei se ele, tendo tantos anos que está entre nós, não se incomodava de ficar do
lado de fora enquanto todos aproveitam nossas reuniões.
MVM – Ir. Cob., o que dissestes ao Ir. Sec.?
Cob. – Ah, MVM, uma vez disse nosso grande Rei Salomão: “vaidades de vaidades,
tudo é vaidade”15. Só disse ao irmão que a Parábola da Vinha ataca de frente nossas
vaidades, porque elas nos destroem e nos fazem insuportáveis. Temos a tendência de
acreditar que "antiguidade é posto". Assim, muitas vezes não julgamos pelo valor
intrínseco de cada um, mas pelo "tempo de serviço". Se um obreiro trabalha doze
horas por dia, acha-se no direito de ganhar mais que outro que só trabalha oito, sem
levar em consideração o valor do serviço realizado por um e outro. Essa é a
mentalidade comum, sobretudo daqueles que "suportam o peso do dia e o calor do
sol".
Como iniciados, porém, não podemos ter a mentalidade comum, atribuindo os
primeiros postos aos mais antigos, simplesmente por serem "os mais antigos". O mérito
deve ser a premissa, por maiores que sejam as pressões que venhamos a sofrer.
E os mais antigos que se ofendem por isso, devem se lapidar porque essa dor é fruto
único da vaidade que, desde a iniciação, devemos combater!
O interesse da Arte está acima das preferências de amizade, do tempo de serviço e
dos favores recebidos. Não é "injustiça" nem "ingratidão" preferir-se Fulano a Beltrano,
se Fulano neste momento pode fazer mais que Beltrano, embora se reconheça que
este fez grandes coisas para o bem da Construção e nela esteja inserido há mais
tempo.
15
Eclesiastes 12:8.
9
É com alegria que me ponho na cobertura do Templo. “O Senhor ama quem dá com
alegria”16. O fato de eu ter chegado ao início da construção não me torna melhor obreiro
que os que bons artesãos que chegaram ontem e tem se dedicado com afinco e
entrega à nossa Grandiosa Obra.
Pois, ouso defender, que, aquele dentre os obreiros que acha que merece mais honras
ou ser nomeado supervisor, simplesmente porque é mais antigo, não é digno de ser
chamado Obreiro da Arte Real. Aliás, nem vale muito a pena discutir com esses tais
que se dizem “obreiros da paz”, pois bem ensinou o Rei das Parábolas que não
devemos “deitar pérolas aos porcos, porque eles não podem compreender o valor delas”17.
Os anciãos tem seu valor, que pode ser reconhecido sem atos de privilégio.
MVM – Ir. 1ºV podemos finalizar esta discussão falando sobre algum
ensinamento que a parábola venha a ter no contexto específico do Grau de MdM?
1ºV – Sim, MVM, até então não vi nenhuma passagem do L SS EE recitada em
qualquer parte do nosso ritual que seja mais apropriada às nossas iniciações do que
essa parábola para desenvolvimento do MdM. Aprendemos a partir dela que Deus não
faz distinção de seus filhos na distribuição de suas benesses, mas a distribui conforme
a sinceridade da busca e a obediência da Lei.
Na Maçonaria não pode ser outro o caminho: o que conta não são as riquezas terrenas
ou honras profanas (qualidades externas), nela deve ter importância às qualidades
internas, de “novos” ou “velhos”. Não existe distinção entre os irmãos, isso porque os
irmãos mais pobres e mais ricos, mais novos e mais velhos, receberão sempre o
mesmo salário, se ambos tiverem trabalhado fielmente e de forma eficaz nas missões
que forem convocados. Isto decorre da própria natureza de nossa instituição. Tendo
iniciado hoje, ou há dez anos, um não é mais maçom que o outro.
A loja é a vinha do maçom, seu trabalho é o estudo, e a sua recompensa é a verdade.
16
2 Coríntios 9:7. 17
Mateus 7:6.
10
Nossa própria cerimônia nos ensina que um jovem artesão, que estava ocioso, por toda
a semana, sem trabalho, ou seja, era um profano, foi iniciado em nossos Augustos
Mistérios, mas não havia sido iniciado no Grau de Mestre de Marca. No entanto, no
último dia, na última hora, ele encontrou nas pedreiras e trouxe para o templo a pedra
que se tornaria a pedra angular. Este fez mais serviço para a casa do Senhor que
todos aqueles que haviam trabalhado do nascer ao pôr do sol, pois estes ofereceram
somente o resultado esperado de um simples dia de labor.
A missão do Maçom é buscar a Verdade, e “todo aquele que procura acha”. No
entanto, o maçom pode vir a sofrer o calor e cansaço do dia, se não estiver trabalhando
de forma inteligente, com foco no objetivo, se o zelo não estiver temperado com seu
julgamento, embora seja o primeiro a chegar à vinha, será o último a receber a
recompensa, pois a Verdade só pode ser encontrada por aquele que guarnece a
sinceridade de seu propósito, e cuja busca é dirigida por uma sabedoria apoiada na fiel
coragem e no zelo inabalável.
Não é o tempo, mas a maneira como esse tempo tem sido empregado, que irá
assegurar o prêmio Santo de encontrar a Luz e sentir a emoção ao ver que a Pedra
rejeitada pelos construtores tornou-se a Pedra Angular18.
MVM – Meus IIr., “todos que servem a Deus [ou ao seu irmão] com a principal intenção
de com isso ‘merecer’ bênçãos e favores, perderão a verdadeira felicidade”19.
Trabalhemos na vinha e nas pedreiras, na loja e no estudo, para que, sendo chamados
para iniciar a busca pela Verdade, também possamos ser escolhidos para encontrá-la.
Rogo que todos mantenham em mente os ensinamentos espirituais e filosóficos que
advém desta parábola para que sejamos trabalhadores prontos e experientes, a fim de
desenvolvermos um trabalho justo e fiel na grande Vinha da Vida. Meditemos...
18
MACKEY, Albert Gallatin. The Book of the Chapter: Or Monitorial Instructions, in the Degrees of Mark, Past and Most Excellent Master, and the Holy Royal Arch. Forgotten Books,2012. p.40-42. 19
Bíblia Sagrada (de King James). Edição de Estudo – 400 anos. Ed. Abba. p. 1798.