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A Influência da Nutrição nas Lesões Desportivas
The Influence of Nutrition on Sports Injuries
Pedro Francisco Alves Pereira
Orientado por: Dr. António Pedro Mendes
Coorientado por: Dr. Hernâni Gomes
Tipo de documento: Monografia
Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição
Instituição Académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e
Alimentação da Universidade do Porto
Porto, 2018
Resumo
São cada vez menos aqueles que conseguem ficar indiferentes à máxima de
que a prática de exercício físico é saudável e contribui para o bem-estar físico e
psicológico. No entanto, apesar dos seus benefícios para a saúde, a exigência e a
competitividade geradas à volta dos mais variados tipos de desportos levaram a
que o risco de desenvolver Lesões Desportivas (LD) se tornasse muito elevado.
Para contrariar essa tendência, são essenciais o conhecimento acerca dos fatores
que estão na génese das LD, o comprometimento com o plano de reabilitação bem
como a comunicação entre a equipa multidisciplinar e os atletas.
A nutrição possui um papel crucial na otimização dos programas de treino e
dos momentos competitivos no que respeita à adaptação às “agressões” causadas
pelo exercício, nomeadamente a desidratação, a inflamação, os danos musculares,
a depleção de glicogénio e a libertação de oxidantes. Por conseguinte, um atleta
mais capaz de lidar com essas mesmas agressões apresenta um menor risco de
sofrer LD.
Do ponto de vista da recuperação e reabilitação, o estado nutricional deve
ser avaliado e monitorizado regularmente no sentido de evitar deficiências de
energia, de macro e micronutrientes. Deve ainda ser avaliada a possibilidade da
inclusão de suplementos nutricionais no plano alimentar, com vista à reparação dos
tecidos lesados e atenuação das consequências metabólicas que possam advir da
lesão.
Apesar de uma nutrição adequada, por si só, não ser suficiente na prevenção
e/ou recuperação das LD, a prática de hábitos alimentares específicos constitui um
papel determinante enquanto estratégia de um plano abrangente que promova a
aptidão física no geral.
Palavras-chave: Lesões Desportivas, Nutrição, Rendimento, Prevenção,
Recuperação
Abstract
Nowadays, most people understand and value the maxim that physical
exercise is healthy and contributes to a physical and psychological well-being.
However, despite the health benefits, the demand and competitiveness generated
around the most varied types of sports have led to an increased risk of developing
sports injuries. To counteract this tendency, the knowledge about the factors that
are on the genesis of sports injuries (SI), the commitment to the rehabilitation plan
and the communication between the multidisciplinary teams and athletes, are
essential to a fast and safe recovery.
Nutrition plays a crucial role in optimizing training programs and the
competitive periods when it comes to adapting to exercise "agressions," such as
dehydration, inflammation, muscle damage, glycogen depletion and the release of
oxidants. Therefore, a “fitter” athlete presents a lower risk of suffering SI.
From the recovery and rehabilitation point of view, nutritional status should
be assessed and monitored regularly to avoid energy, macro and micronutrient
deficiencies. The possibility of adding nutritional supplements to the usual dietary
intake should be further evaluated in order to repair damaged tissues and attenuate
the metabolic consequences that result from the injury.
Although proper nutrition alone is not sufficient to prevent and / or recover
from SI, the practice of specific dietary habits plays a key role as a strategy for a
comprehensive plan that promotes physical fitness in general.
Key-Words: Sports Injuries, Nutrition, Performance, Prevention, Recovery
Lista de Abreviaturas
LD - Lesões Desportivas
SI - Sports Injuries
RI - Resposta Inflamatória
PI - Período de Imobilização
DM - Desuso Muscular
MM - Massa Muscular
BPM - Balanço Proteico Muscular
SPM - Síntese Proteica Muscular
BPMN - Balanço Proteico Muscular Negativo
DPM - Degradação Proteica Muscular
GE – Gasto Energético
IE – Ingestão Energética
TMB – Taxa de Metabolismo Basal
IP – Ingestão Proteica
VET – Valor Energético Total
HM – Hipertrofia Muscular
AG – Ácidos Gordos
AOX - Antioxidantes
ERO – Espécies Reativas de Oxigénio
Sumário
1. Introdução .................................................................................................. 1
2. Lesões Desportivas .................................................................................... 2
3. Fases da Lesão .......................................................................................... 3
3.1 - Fase 1: Imobilização e Atrofia ........................................................ 3
3.2 - Fase 2: Reabilitação e Hipertrofia .................................................. 5
4. Energia ....................................................................................................... 5
5. Proteína – Um macronutriente crucial na recuperação da lesão ................ 6
6. Creatina ...................................................................................................... 8
7. Ácidos Gordos Ómega 3 ............................................................................ 9
8. Glutamina ................................................................................................. 10
9. Antioxidantes ............................................................................................ 10
10. Gelatina .................................................................................................. 11
11. Vitamina D .............................................................................................. 12
12. Vitamina C .............................................................................................. 13
13. Micronutrientes ....................................................................................... 13
14. Análise Crítica ........................................................................................ 14
15. Conclusões ............................................................................................. 15
16. Bibliografia .............................................................................................. 16
1
1. Introdução
Um estilo de vida ativo é importante em todas as idades e são várias as
razões para participar em atividades desportivas, entre elas o prazer e relaxamento,
a competitividade, a socialização, a otimização da composição corporal e,
principalmente, a melhoria do estado de saúde. Relativamente a esta última, a
atividade física regular reduz o risco de morte prematura, de doença cardíaca
coronária, hipertensão, cancro do cólon, obesidade e diabetes mellitus (1).
Apesar dos benefícios do exercício para a saúde, as lesões desportivas (LD)
podem ser vistas como um acontecimento inevitavelmente associado à prática
desportiva (2).
A vigilância dos exercícios em contexto de treino, a atenção aos sintomas de
lesão e a garantia de que os atletas atingem os padrões mínimos de capacidade
física, aliados à monitorização das cargas de treino para evitar o overtraining1,
constituem um “Manual de Boas Práticas” para todos os profissionais envolvidos
na preparação física dos atletas com vista a minimizar o risco de lesões (3).
De um modo geral, os atletas lesionados recorrem a diferentes métodos que
lhes permitam uma recuperação mais rápida, nomeadamente a estimulação
elétrica, a aplicação de gelo e calor, a acupuntura, entre outros. No entanto, uma
vertente da recuperação muitas vezes negligenciada é a nutrição (2).
Cada vez mais, a nutrição é reconhecida como um componente-chave para
um melhor desempenho desportivo (4). O nutricionista desempenha aqui um papel
fundamental, na medida em que o planeamento diário do consumo de todos os
grupos alimentares de acordo com as recomendações vigentes, o incentivo à
variedade dentro de cada grupo alimentar, o momento da ingestão e a quantidade
ingerida são alguns dos fatores com impacto na performance física e mental dos
atletas, influenciando positivamente a adaptação ao treino e minimizando assim o
risco de LD (4,5).
1 Desadaptação ao exercício físico excessivo sem repouso adequado, resultando em
perturbações de múltiplos sistemas corporais (neurológicos, endocronológicos, imunológicos) associados a alterações do humor - Kreher, J., & Schwartz, J. (2012). Overtraining Syndrome - A Practical Guide. Sports Health, 4(2), 128-138.
2
Mais ainda, a ingestão de suplementos alimentares auxilia a colmatar as
necessidades que advêm das exigências físicas e mentais a que os atletas estão
sujeitos, bem como a acelerar o processo de recuperação de lesões (6).
A revisão que se segue foca-se na descrição das diferentes fases da lesão
e na sua articulação com distintas abordagens nutricionais, que têm por objetivo a
diminuição do tempo de recuperação e a atenuação das alterações morfológicas e
metabólicas que decorrem da imobilização.
2. Lesões desportivas
A popularidade crescente do desporto tem vindo a tornar a indústria
associada extremamente competitiva e financeiramente lucrativa, intensificando-se
a carga física e emocional dos diversos desportos, expondo os atletas a um maior
risco de LD (7).
Os períodos de elevada intensidade, como aqueles que se verificam no
desporto de alta competição, podem impedir a recuperação, comprometendo a
homeostasia do atleta e levando a um risco acrescido de lesão (8). O tipo, o tempo
de paragem, a frequência e a gravidade dependem de vários fatores, sendo que as
lesões musculares representam a causa mais frequente de incapacidade física,
compreendendo, aproximadamente, 70% de todas as lesões, seguidas das lesões
tendinosas e ligamentares (8, 9).
Estudos acerca da taxa de incidência de LD em atletas de elite indicam que
metade das lesões sofridas são consideradas graves e resultam na interrupção das
atividades desportivas durante um período de 3 semanas a 74 dias (10). Em
situações mais graves, essa interrupção poderá significar a imobilização do
membro afetado (8). As consequências mais frequentes da imobilização total ou
parcial do membro lesionado são a perda de massa muscular, acompanhada pela
diminuição de força e da capacidade funcional (8, 10).
As repercussões da lesão não se manifestam apenas a nível físico. Para
além de provocar dor e causar limitação física, as LD têm também um impacto
económico e psicológico, sendo o medo da recidiva uma das respostas psicológicas
mais comuns, levando a um período de recuperação mais demorado (11). Assim,
qualquer intervenção com o objetivo de diminuir o tempo de paragem e acelerar a
3
recuperação deve ser vista como uma mais-valia para o atleta, assim como para a
instituição que o próprio representa (7, 8).
3. Fases da Lesão
No período que se segue imediatamente à lesão inicia-se uma resposta
inflamatória (RI). A RI é um dos mecanismos mais importantes de defesa do
hospedeiro, na medida em que comanda o ataque ao agente lesivo e leva à
reparação do tecido afetado (12).
Enquanto a inflamação excessiva e prolongada pode ter consequências
negativas, na maioria das lesões a RI é necessária para uma recuperação ótima.
Assim, as intervenções nutricionais direcionadas para a sua diminuição ou
neutralização estão contraindicadas (13).
Até aos últimos estágios da remodelação muscular as vias de inflamação
permanecem ativas, o que confirma a importância dos processos inflamatórios na
remodelação e recuperação eficientes do sistema músculo esquelético (14).
3.1 - Fase 1: Imobilização e Atrofia
Durante o período de imobilização (PI), o principal efeito do desuso muscular
(DM) é a perda progressiva de músculo esquelético (15). Uma vez que o músculo
esquelético constitui a principal reserva de proteínas e aminoácidos que o
organismo é capaz de mobilizar para responder a stresses traumáticos, infeciosos
ou nutricionais, a perda descontrolada de massa muscular (MM) é deletéria para a
manutenção de um estado de saúde ótimo (15). Mesmo as lesões que resultam em
DM durante um curto intervalo de tempo podem causar a perda substancial de MM
esquelética, acompanhada por uma resposta precoce de sinalização catabólica
molecular (16).
Wall et al. (2014) observaram que em apenas 5 dias de desuso ocorre uma
perda substancial de músculo esquelético - cerca de 150 a 400g de tecido muscular
numa perna imobilizada (17). Outros trabalhos concluíram que apenas 36 horas de
inatividade é o suficiente para se observar a perda de tecido muscular (13).
4
O mecanismo metabólico responsável pelas alterações na MM é o balanço
proteico muscular (BPM), que pode ser definido como o equilíbrio entre a taxa de
síntese proteica muscular (SPM) e a sua degradação (18). O balanço proteico
muscular negativo (BPMN) ocorre quando a taxa de degradação proteica muscular
(DPM) excede a sua síntese. Qualquer momento em que se verifique um BPMN
ocorre perda muscular (18). Estudos recentes demonstram que a DPM aumenta
durante os primeiros dias de imobilização contribuindo, deste modo, para a perda
de MM durante a fase inicial da lesão (13). No entanto, os marcadores de DPM não
persistem durante longos períodos (14 dias). Assim, parece claro que a diminuição
da SPM é o principal mecanismo metabólico explicativo do BPMN e da atrofia por
desuso muscular (13).
Um outro contribuinte metabólico para a perda de MM é a resistência da
SPM à estimulação anabólica, também conhecido como “resistência anabólica”
(13). O seu papel pode ser explicado por modificações no músculo, ao nível da
captação e perfusão microvascular de aminoácidos e pela alteração da absorção e
digestão das proteínas (8). Nesse sentido, Glover et al. (2008) demonstraram que o
PI parece causar uma diminuição da capacidade das proteínas miofibrilares em
responder ao aumento da disponibilidade de aminoácidos no estado pós-absortivo
em cerca de 27% (19). Esta diminuição é minimizada, mas não abolida, pelo
aumento do aporte de aminoácidos (2, 20).
A função oxidativa mitocondrial muscular é igualmente comprometida com o
desuso muscular (2). A regulação negativa da transcrição proteica mitocondrial, a
redução nas vias de sinalização translacional e o declínio nas atividades
enzimáticas mitocondriais são consequências resultantes da imobilização. Algumas
destas alterações surgem logo após 48 horas de imobilização (2).
Alguns autores reportam que após as duas primeiras semanas de redução
da atividade muscular verifica-se ainda a resistência anabólica à insulina, com
prejuízo no metabolismo da glicose (15, 10). Assim como o músculo esquelético, os
ossos, tendões e ligamentos são igualmente afetados pela inatividade causada
pelas LD (10).
Durante esta fase, as intervenções nutricionais destinam-se a atenuar, tanto
quanto possível, a diminuição da síntese de proteínas musculares, de modo a que
os períodos de BPMN sejam minimizados (2).
5
3.2 - Fase 2: Reabilitação e Hipertrofia
Após o PI, o objetivo nutricional principal consiste em suportar o crescimento
muscular e o aumento da força induzido pelo regresso à atividade.
Geralmente, as recomendações nutricionais direcionadas para a reabilitação
são, de certa forma, similares às dos atletas não lesionados que tenham por
objetivo o aumento da MM (2). Assim, o foco nutricional principal deve incidir nas
recomendações de ingestão energética e proteica (2).
Com o retorno à atividade, a SPM aumenta e os níveis basais são repostos.
Surpreendentemente, o catabolismo proteico também aumenta, o que
provavelmente representa uma adaptação para promover, posteriormente, a
remodelação muscular (2).
O tipo de exercício realizado determina a resposta à ingestão de proteína. O
exercício de resistência conduz ao aumento da síntese de proteínas miofibrilares
e, por sua vez, à hipertrofia das fibras musculares previamente atrofiadas (21). Da
mesma forma, a síntese de colagénio é aumentada durante a reabilitação da
imobilização (2).
Com o aumento da atividade, o gasto energético (GE) aumenta. Uma vez
que a síntese de proteínas e colagénio assume um papel preponderante na
reabilitação e está, simultaneamente, associada a um dispêndio energético
significativo, a ingestão energética não deve ser restringida em grande escala (2, 10).
4. Energia
O aporte energético deve ser tido em consideração aquando da realização
de um plano alimentar que vise a recuperação de LD. As recomendações nestes
casos são, por vezes, contraditórias uma vez que, dada a diminuição da atividade
e, por sua vez, do GE, a redução da ingestão energética (IE) parece ser a
recomendação mais óbvia (13).
Ainda que a IE durante curtos períodos de inatividade tenda a ser superior
ao gasto energético, durante períodos prolongados de atividade reduzida, como é
o caso das LD, a IE tende a aproximar-se do GE (13, 22). Dependendo da gravidade
6
da lesão, tal pode ser explicado pelo aumento de 15 a 50% da taxa de metabolismo
basal (TMB) durante a recuperação (13).
Um dos motivos para o aumento da TMB após a lesão está relacionado com
o seu impacto ao nível da SPM. Estima-se que indivíduos do sexo masculino com
um maior nível de desenvolvimento muscular apresentem um gasto energético de
cerca de 500 calorias por dia na SPM, sem considerar a prática de atividade física
(23). Assim, se a restrição energética aplicada for demasiado severa, a recuperação
será mais lenta devido à diminuição da síntese de proteínas miofibrilares, o que,
por sua vez, implica a perda exacerbada de MM (13, 23). Em determinadas situações,
é preferível um ligeiro ganho de peso, ou até mesmo de massa gorda, evitando-se
um défice energético que possa comprometer a recuperação (13).
Pasiakos et al. (2010) demonstraram que um défice energético moderado
(cerca de 80% das necessidades energéticas) aplicado durante 10 dias reduziu a
SPM em 19%, e que as proteínas sinalizadoras intracelulares diminuíram a sua
atividade em 20 a 30% (24). Por outro lado, um balanço energético positivo excessivo
é indesejável para uma cura e recuperação ideais, por aumentar a resistência à
insulina e, por sua vez, afetar a resposta inflamatória face à lesão em vários locais
do corpo (25).
Em suma, durante a recuperação de LD, é fundamental atingir um equilíbrio
energético, sendo que a otimização da IE relativamente às necessidades
representa uma estratégia útil na mitigação da perda de MM durante períodos de
inatividade crónica (26). De qualquer modo, todas as decisões tomadas a este nível
devem ser cuidadosamente analisadas e discutidas entre o nutricionista, o atleta e
o corpo técnico do clube ou associação desportiva (13).
5. Proteína – Um macronutriente crucial na recuperação da lesão
O macronutriente mais frequentemente associado às intervenções
nutricionais dirigidas para as LD é a proteína. As proteínas funcionam como
“blocos” para a construção de músculo, tendões e outros tecidos moles, sendo
essenciais na produção de enzimas, hormonas e neurotransmissores necessários
às diversas funções corporais (27).
7
Uma vez que a perda de músculo resulta da diminuição da síntese de
proteínas miofibrilares e os processos de regeneração são altamente dependentes
da síntese de colagénio e outras proteínas, a importância deste macronutriente
torna-se evidente (2).
Neste contexto, a redução da ingestão de proteína por si só pode ter um
impacto negativo no metabolismo muscular mesmo quando a ingestão total diária
é igual ou semelhante à ingestão diária recomendada de 0,8 g/kg para indivíduos
sedentários (28,29). Este efeito parece ser mais evidente quando o consumo habitual
de proteína é superior (>1,5g/kg/dia) (13).
De facto, nos casos específicos de treino de resistência, de manutenção da
massa magra em défice calórico e de recuperação de LD, alguns autores
recomendam uma ingestão proteica superior a 0,8g/kg (27). Uma diminuição drástica
da ingestão proteica (IP) resulta num balanço azotado negativo, sendo que a perda
de azoto é essencialmente muscular (24). Neste âmbito, alguns estudos
demonstraram que atletas com uma IP elevada (2,3g/kg/dia), ou 35% do valor
energético total (VET) diário, durante períodos de balanço energético negativo
sofreram menores perdas musculares comparativamente a atletas com uma IP
inferior (1,0g/kg/dia ou 15% do VET) (30). Assim, uma ingestão igual ou superior a
2,0g/kg/dia parece ser necessária para evitar a perda de massa muscular (MM)
durante a recuperação de lesão (13).
Para além da quantidade absoluta de proteína, a frequência e o padrão da
ingestão diária têm influência na otimização da SPM, nomeadamente quando é
promovida a ingestão proteica de forma equitativa em várias refeições ao longo do
dia, ao contrário do que se verifica com a sua concentração apenas nas refeições
principais (31, 32). Num músculo ativo e saudável, uma dose de 0,25-0,30 g/kg é o
suficiente para maximizar a SPM no músculo em repouso e/ou em exercício (33, 34).
No entanto, dada a resistência anabólica que se verifica com a imobilização e/ou
redução da atividade, é provável que a quantidade necessária para ativar a SPM
num músculo imobilizado seja superior (35).
Tendo isto em consideração, faz sentido recomendar aos atletas lesionados
que planeiem as suas refeições de modo a estimular a SPM e atenuar a perda de
MM (13).
Cada alimento possui uma diferente composição de aminoácidos,
despoletando, por sua vez, uma resposta diferente da SPM (36, 37). Por exemplo, os
8
lacticínios e seus derivados, a carne, o peixe e os ovos são exemplos de alimentos
com um potencial anabólico elevado. Quando comparadas com as proteínas de
origem animal, as proteínas de origem vegetal apresentam uma menor
biodisponibilidade, um menor conteúdo em leucina e uma maior extração esplénica,
o que resulta numa SPM menos pronunciada (38).
Algumas das estratégias com o potencial de aumentar as propriedades
anabólicas das proteínas de origem vegetal incluem a fortificação com leucina, o
aumento da ingestão deste tipo de proteína e o consumo de diferentes fontes
proteicas de modo a equilibrar o perfil de aminoácidos da dieta (38).
6. Creatina
Uma das utilidades da creatina como suplemento desportivo está
relacionada com o aumento da hipertrofia muscular (HM) induzido pelo exercício
de resistência (10). Assim, o uso de creatina na potencial mitigação da perda de MM
durante o PI tem vindo a ser investigado no âmbito das LD (10, 39).
No que respeita à fase de imobilização muscular, a ingestão de creatina foi
eficaz na diminuição da atrofia muscular em braços imobilizados (40), mas não nos
membros inferiores (41), sendo que estes resultados podem ser atribuídos às
diferentes respostas dos membros superiores e inferiores face à imobilização.
Na fase de reabilitação, durante 10 semanas, a suplementação com creatina
teve um efeito positivo na estimulação da HM e no aumento da expressão de
“transportadores de glicose tipo 4” (GLUT4- Glucose transporter type 4) localizados
no músculo esquelético (39, 42). No entanto, falhou em atenuar a perda de força e
massa muscular durante um período de recuperação mais curto (1 semana) (41).
Ao que parece, as recomendações para o uso de creatina por atletas lesionados
poderão ser circunstanciais, já que a sua eficácia é mais clara durante períodos de
reabilitação e hipertrofia mais longos (43).
Coletivamente, as conclusões dos estudos acima referidas indicam que a
suplementação de creatina pode representar uma estratégia eficaz na manutenção
da MM e das suas reservas durante o período de recuperação após lesão. Porém,
mais estudos são necessários para determinar o impacto da creatina na perda de
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MM nos diferentes grupos musculares, antes que recomendações definitivas
possam ser feitas (44).
7. Ácidos Gordos Ómega-3
Os ácidos gordos (AG) ómega-3 são frequentemente associados ao
tratamento das LD pelas suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras
(2).
A suplementação em ómega-3 é particularmente importante nos casos em
que a inflamação é excessiva e prolongada (13). No entanto, como mencionado
anteriormente, o uso de nutrientes com uma ação anti-inflamatória deve ser
cuidadosamente prescrito, especialmente durante a fase de imobilização e atrofia,
dada a importância da resposta inflamatória no processo de cura (13,37). De facto,
vários estudos demonstraram o comprometimento da recuperação após
suplementação com AG ómega-3 em modelos animais (13, 45).
Para além da sua ação na inflamação os AG ómega-3 parecem possuir
propriedades anti-catabólicas no músculo esquelético (46). Em indivíduos saudáveis
com idades compreendidas entre os 25 e os 45 anos, a suplementação com AG
ómega-3 resultou num aumento considerável da resposta anabólica muscular à
hiperinsulinemia e hiperaminoacidemia e, por sua vez, no aumento do tamanho
celular muscular e da concentração proteica (47). Outros autores concluíram que a
sua suplementação sob a forma de óleo de peixe aumentou a força muscular (48),
atenuou a perda de massa magra associada à idade (49) e aumentou a síntese
proteica pós-absortiva em resposta ao exercício (50).
Apesar de, atualmente, não existirem dados que comprovem, efetivamente,
a ação destes AG como limitadores da perda muscular em atletas lesionados, estes
resultados abonam a seu favor enquanto potenciais mitigadores da perda muscular
durante a imobilização (25, 37). Além disso, uma vez que a dose apropriada para
situações específicas como as LD não está estabelecida, as recomendações para
a suplementação de AG-ómega 3 durante a imobilização devem ser ponderadas
cautelosamente antes da prescrição de qualquer plano alimentar (25).
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8. Glutamina
A glutamina é o aminoácido mais abundante no organismo humano,
representando cerca de 20% do total de aminoácidos livres no plasma e mais de
60% do pool de aminoácidos livres totais no músculo (51). Embora a glutamina esteja
ausente dos esquemas convencionais destinados ao suporte nutricional no
contexto desportivo, a deficiência neste aminoácido pode ocorrer durante períodos
de stress metabólico, como é o caso das LD (52).
A resposta metabólica à lesão é caraterizada pela quebra das proteínas do
músculo esquelético e pela translocação dos aminoácidos para o local da lesão
com vista à sua reparação (53). Nesses locais, a glutamina desempenha um papel
importante na translocação de azoto (cerca de um terço do azoto é translocado pela
glutamina) e na síntese de glicosaminoglicanos em células do tecido conjuntivo (53,
54). Nas LD, os seus níveis nas células musculares diminuem significativamente
(mais de 50% em alguns casos). Estas descidas são de uma magnitude superior
do que qualquer outro aminoácido e persistem durante períodos mais longos,
mesmo depois de os níveis de todos os outros aminoácidos normalizarem. Assim,
a modulação das concentrações de glutamina extracelular por ingestão dietética
pode influenciar o metabolismo anabólico ao nível da reabilitação da lesão (53).
Por vezes, quando a ingestão de glutamina dietética não é suficiente,
poderá ponderar-se a sua suplementação de forma isolada ou mediante
suplementação proteica (55).
9. Antioxidantes
Os antioxidantes (AOX) são comumente prescritos com o objetivo de
prevenir ou minimizar os efeitos das espécies reativas de oxigénio (ERO),
reduzindo assim o stress oxidativo por elas causado (57). As ERO são moléculas de
sinalização celular e expressão génica geradas durante e após o exercício físico
intenso. Estas atuam na progressão de distúrbios inflamatórios e da homeostasia
celular, podendo resultar em dor, fadiga, lesões musculares e, consequentemente,
na diminuição do rendimento desportivo (58, 59).
11
Por outro lado, as ERO estão envolvidas nas respostas adaptativas ao
exercício equipando a célula com uma maior tolerância para situações de stress
futuras e na regeneração muscular (60). Logo, a suplementação crónica de AOX
pode ser contraproducente, na medida em que pode inibir essas mesmas
adaptações e prejudicar o processo de recuperação por dificultar a remoção das
proteínas teciduais degradadas e posterior regeneração das fibras musculares (58).
Mais concretamente, Teixeira et al. (2009) referem que após uma lesão muscular,
a suplementação com AOX aumentou substancialmente o dano tecidual nos dias
seguintes (58).
O quadro geral que emerge dos dados disponíveis acerca das necessidades
de AOX em atletas é o de que estas aumentam, particularmente durante períodos
de treino intenso ou competição (58, 61). De modo a suprir essas necessidades, deve
ser praticada uma dieta equilibrada e naturalmente rica em AOX, sendo que a
biodisponibilidade e a ação sinérgica de múltiplos compostos fitoquímicos e AOX
derivados de frutas, hortícolas e/ou grãos não deve ser substituída pela
suplementação (57, 62).
10. Gelatina
Avanços recentes na compreensão do mecanismo de atuação da
gelatina2 e do colagénio proporcionam aos profissionais outras ferramentas a
utilizar na prevenção e reabilitação de lesões ao nível das estruturas ligamentares,
tendinosas e ósseas (63).
Num estudo realizado por Shaw et al. (2017), a ingestão de 5 gramas e 15
gramas de gelatina enriquecida em vitamina C (dose idêntica de 48 mg em ambos
os grupos de estudo), aumentou em 59% e 153%, respetivamente, a concentração
sanguínea do propeptídeo amino-terminal do colagénio tipo I (indicador da síntese
de colagénio tipo I) comprovando, assim, o aumento da síntese desta proteína em
indivíduos submetidos a um programa de exercício intermitente (64). Sendo a
vitamina C essencial na formação de colagénio, estes resultados sugerem o seu
2Fonte alimentar com um padrão de aminoácidos semelhante ao colagénio - Liu, D., Nikoo,
M., Boran, G., Zhou, P., & Regenstein, J. M. (2015). Collagen and gelatin. Annu Rev Food Sci Technol, 6, 527-557
12
potencial efeito sinérgico com a gelatina, podendo esta abordagem ter um papel
benéfico na prevenção de lesões que afetam ligamentos, tendões e ossos, e na
reparação destas estruturas (64). Em concordância com este último estudo, outros
demonstraram que o consumo de 10 gramas de gelatina resultou no aumento da
síntese de colagénio ao nível do joelho acompanhada pela redução de dor (65, 66).
No caso particular do colagénio tipo II, a sua suplementação em indivíduos
saudáveis com histórico de dor articular durante a atividade física foi eficaz no
aumento da amplitude do movimento do joelho e no aumento do período em
exercício até a dor ocorrer, observando-se o máximo de benefícios após 3 meses
de suplementação (67).
11. Vitamina D
A vitamina D é fundamental para diversos processos biológicos no sistema
músculo-esquelético, observando-se uma forte correlação entre a sua suficiência e
uma função muscular ótima (68).
A deficiência de vitamina D pode traduzir-se na atrofia das fibras musculares
e no aumento do risco de dor musculoesquelética (69). Segundo Barker et al. (2013),
a fraqueza muscular após o exercício intenso pode mesmo ser atenuada se,
previamente ao mesmo, se aumentar a concentração sérica de 25-hidroxi-vitamina
D ou calcifediol - pré-hormona formada pela hidroxilação da vitamina D3
(colecalciferol) (70).
Ainda, sendo as fibras musculares de contração rápida (tipo II)
particularmente sensíveis aos efeitos da deficiência desta vitamina, a ingestão de
acordo com as recomendações (600 UI/ dia) é necessária para uma recuperação
que se pretende mais rápida, eficaz e sustentada, nomeadamente pelos seus
efeitos ao nível no ganho de força e na melhoria da função neuromuscular (68, 71).
Os benefícios da vitamina D não se limitam apenas ao músculo esquelético,
refletindo-se igualmente na saúde óssea, ao nível da prevenção de lesões ósseas
em praticantes ativos de exercício físico (ex. fraturas de stress), por induzir o
aumento da expressão de genes que regulam a absorção intestinal, da reabsorção
tubular renal de cálcio e da atividade osteoclástica (68, 72).
13
A ingestão adequada de vitamina D é, por estas razões, importante ao evitar o
desenvolvimento de lesões que possam comprometer o desempenho desportivo,
bem como na reabilitação da lesão.
12. Vitamina C
Dos vários efeitos da vitamina C, o seu papel na cicatrização é o mais
relevante e reprodutível, pela sua ação como co-fator na hidroxilação dos
aminoácidos prolina e lisina, um passo necessário para a formação de colagénio
(73).
Devido à inflamação no local da lesão e à demanda aumentada na produção
de colagénio, a sua suplementação pode ser útil. A aplicação tópica e o aumento
da ingestão de alimentos ricos nesta vitamina poderão ser igualmente benéficos
(74).
13. Micronutrientes
Tal como acontece com os macronutrientes, a ingestão de acordo com as
necessidades de micronutrientes é extremamente importante.
O ferro é um nutriente essencial uma vez que garante o transporte de
oxigénio aos músculos em exercício por via da hemoglobina (75). Por norma, os
atletas apresentam maiores necessidades deste nutriente devido a uma maior
produção de glóbulos vermelhos (via eritropoiese) e do seu turnover, a perdas
associadas ao suor, ou à hemólise mecânica provocada pela atividade física (75).
A ingestão deficiente de ferro pode resultar em fadiga, náuseas, maior
suscetibilidade à infeção, diminuição da capacidade aeróbia, aumento da perceção
do esforço e inibição das adaptações ao treino (especialmente em altitude), estando
estes sintomas muitas vezes associados à deficiência de ferro induzida pelo
exercício, vulgarmente conhecida como “anemia desportiva” – (76). Para além disso,
sendo o ferro essencial para o desenvolvimento cerebral e desempenho cognitivo,
o seu défice pode comprometer a concentração e tomada de decisão, tendo
14
influência sobre o desempenho durante o exercício e contribuindo, possivelmente,
para uma maior probabilidade de ocorrência de LD (77).
O cálcio está envolvido na formação óssea, no crescimento e contração
muscular e na transmissão nervosa (10). Dado que a prática de exercício físico
predispõe para o aumento das perdas de cálcio, atletas que o fazem de forma
regular e intensa estão sujeitos a maiores perdas, nomeadamente através do suor
e da urina (78). A perda da homeostasia celular do ião cálcio, com as consequentes
alterações metabólicas celulares, tem sido referida por diversos autores, como um
dos mecanismos indutores de lesão muscular, comum a muitos estímulos lesivos
(79).
O zinco é frequentemente referenciado como tendo um papel ativo na
resposta metabólica à lesão (80). Este oligoelemento é um cofator do RNA e da DNA
polimerase, estando envolvido na síntese de DNA, de proteínas e na proliferação
celular. Por conseguinte, a deficiência neste micronutriente é prejudicial para estes
processos. Assim, a proliferação de fibroblastos e a síntese de colagénio poderá
ficar comprometida, levando à diminuição da velocidade da epitelização (81).
Para além destes micronutrientes, há outros que podem estar relacionados
com os mecanismos de recuperação da lesão, como o magnésio e o selénio, mas
por uma questão de gestão de espaço não serão abordados nesta revisão temática
(53, 82).
14. Análise Crítica
Embora as LD pareçam praticamente inevitáveis, a renúncia à prática
desportiva não deve ser considerada como opção. Na balança do risco-benefício,
as vantagens da prática de exercício físico ao nível da saúde física e psicológica,
bem como do ponto de vista social, acabam por compensar o risco de sofrer LD.
Na impossibilidade de eliminar definitivamente a ocorrência de LD, por
razões óbvias, cabe aos responsáveis pela preparação física e aos próprios atletas
o papel de adotar medidas cautelares destinadas a diminuir a probabilidade de
ocorrência de lesões. O nutricionista, enquanto profissional de saúde inserido numa
equipa multidisciplinar, deve ter um papel ativo na monitorização da ingestão
energética e na atenção aos sinais indicativos do défice de macro e micronutrientes
15
que poderão estar na génese da LD. Ao fazê-lo estará a contribuir indiretamente
para uma melhor performance e estado de saúde dos atletas.
No que respeita à recuperação das LD, as evidências diretas do uso de
vários nutrientes e suplementos alimentares são escassas, devendo ser conduzida
uma avaliação cuidadosa da eficácia e das repercussões da sua utilização. É, por
essa razão, da responsabilidade do nutricionista, a consciencialização da sua
importância, bem como a sua apresentação aos atletas como um complemento à
alimentação.
À medida que a literatura sobre a etiologia das LD continua a surgir, é de
todo o interesse que mais estudos dirigidos a atletas lesionados possam dar origem
a recomendações científicas que contribuam para uma recuperação mais rápida e
que, ao mesmo tempo, se traduzam numa menor probabilidade de recidiva.
15. Conclusões
Embora não seja correto, ou mesmo possível, estabelecer comparações
diretas entre o impacto das intervenções nutricionais com as restantes estratégias
direcionadas para o tratamento das LD, o seu contributo não deve ser desprezado,
mas antes aproveitado em prol daquele que deve ser o objetivo comum de atletas
e equipas de apoio: a minimização do risco de lesão e um retorno rápido e seguro
à prática desportiva. Este processo envolve uma reabilitação por etapas, sendo que
a metodologia atual claramente demarca fases agudas e crónicas de lesão. Deste
modo, deve ser promovida a estreita coordenação entre treinadores, atletas e
restante corpo técnico, nomeadamente os especialistas em medicina desportiva,
fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais, na avaliação da condição física
e psicológica dos atletas.
Mais ainda, dado o impacto económico que as LD acarretam, a
complexidade no tratamento e os recursos humanos necessários, deve ser do
interesse de todos a existência de um ambiente seguro e idealmente livre de lesões.
16
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