a importância da educação infantil na formação do cidadão crítico-reflexivo

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Educação Infantil - Creche

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A importncia da Educao Infantil na formao do cidado crtico-reflexivo

A importncia da Educao Infantil na formao do cidado crtico-reflexivo

As primeiras experincias so as que marcam mais profundamente a pessoa e, quando positivas, tendem a reforar, ao longo da vida, as atitudes de autoconfiana, de cooperao, de solidariedade e de responsabilidade.

Para Antunes (2006), se a cincia mostra que o perodo que vai da gestao at o sexto ano de vida o mais importante na organizao das bases para as competncias e habilidades desenvolvidas ao longo da existncia humana, prova-se que a etapa educacional referente a essa faixa etria imprescindvel para o desenvolvimento humano.

A Educao Infantil algo mgico, nico e essencial na vida do homem, que canta e encanta a quem a ela tem acesso, sendo rico e engrandecedor acompanhar o desenvolvimento desses pequenos seres durante essa etapa de sua vida. So incrveis a percepo da capacidade de aprendizado das crianas, sua receptividade, seu carinho e sua pureza. E o que uma educao de qualidade vivenciada por elas e devidamente adequada ao desenvolvimento cognitivo, motor, social e emocional pode fazer em suas histrias.

Em pesquisa realizada por meio de questionrio e entrevistas diretas com professoras do 1 ano do Ensino Fundamental, comprovou-se que a Educao Infantil de extraordinrio valor no desenvolvimento humano. Os entrevistados que encontraram dificuldades de adaptao cognitivas sociais ou emocionais ou que ainda apresentaram receio ao ingressar no Ensino Fundamental so aqueles que no cursaram a Educao Infantil e no obtiveram contato algum com esse nvel de ensino durante a primeira infncia.Os questionrios foram aplicados a quarenta adultos com idade entre 20 e 30 anos, cidados comuns, atuantes da sociedade atravs do trabalho e de relaes sociais que estabelecem, com o grau mnimo de instruo de Ensino Mdio, moradores de Braslia/DF.

Por sua vez, os entrevistados que cursaram a Educao Infantil afirmaram descobrir aprendizados e relaes significativas, como: descoberta da leitura e da escrita, cores, nmeros, brincadeiras, histrias, msicas, boas maneiras, hbitos de higiene e relaes sociais com professores e colegas. Portanto, a Educao Infantil contribui, sim, na formao do indivduo e, consequentemente, do cidado ativo e participante da sociedade, pois transmite valores, regras e atitudes essenciais que sero lembrados e utilizados por toda a vida, proporcionando experincias e interaes com o mundo social e fsico de forma ajustada s sucessivas idades que abrange, seguindo princpios pedaggicos de acordo com o desenvolvimento precoce.

preciso destacar algumas dessas experincias proporcionadas pela Educao Infantil, que concretizam seu trabalho e que interferem positiva e significativamente no desenvolvimento humano e na formao do cidado crtico-reflexivo, devido s consequentes transformaes que partem destas pequenas aes:

Brincadeira: O brincar exige participao e engajamento, com ou sem o brinquedo, sendo uma forma de desenvolver a capacidade de manter-se ativo e participante. Tem a vantagem de proporcionar alegria e divertimento, sendo um impulso no desenvolvimento da criatividade, na competncia intelectual, na fora e na estabilidade emocional, lidando diretamente com sentimentos de alegria e prazer.

Assim, a criana cria e/ou reproduz situaes cotidianas, o que colabora na construo da sua identidade, da imagem de si mesmo e do mundo que a cerca. Todos que brincam tendem a ter uma infncia mais feliz e a se tornar um adulto mais equilibrado fsica e emocionalmente, superando com maior facilidade os problemas cotidianos.

Autonomia: A obteno da autonomia um dos objetivos primordiais da Educao Infantil. Em um processo contnuo, incentiva-se a criana aos cuidados com o corpo, organizao de seus materiais, colaborao na organizao da sala, boa alimentao, adeso de hbitos saudveis, responsabilidade, construo autnoma das atividades, exposio de ideias e pensamentos e ao desenvolvimento do senso crtico-reflexivo e da autoconfiana, entre outros aspectos.A autonomia essencial vida, pois o homem, enquanto cidado e sujeito ativo da comunidade e precisa ser capaz de governar a si mesmo, visando o seu bem-estar e o do outro, podendo agir com segurana e eficcia na busca por seus sonhos e sua realizao pessoal.

Psicomotricidade: O movimento a forma que as crianas utilizam para conhecer a si e ao mundo e ento encontrar competncias para atuar no meio em que vivem. Desenvolver o toque, a segurana, o traado, a ao motriz, o controle sobre os braos, as pernas e os movimentos em geral, a direo, etc. Atividades como correr, pular, danar, desenhar, utilizar a massinha de modelar, entre outras, geralmente ocorrem diariamente na Educao Infantil.

Arte: As experincias com msica e artes plsticas tm papel primordial na formao do pensamento simblico, pois ambas exercem forte influncia no desenvolvimento da criatividade e da imaginao.

Psicomotricidade: O movimento a forma que as crianas utilizam para conhecer a si e ao mundo e ento encontrar competncias para atuar no meio em que vivem. Desenvolver o toque, a segurana, o traado, a ao motriz, o controle sobre os braos, as pernas e os movimentos em geral, a direo, etc. Atividades como correr, pular, danar, desenhar, utilizar a massinha de modelar, entre outras, geralmente ocorrem diariamente na Educao Infantil.

Arte: As experincias com msica e artes plsticas tm papel primordial na formao do pensamento simblico, pois ambas exercem forte influncia no desenvolvimento da criatividade e da imaginao.

O desenho representa, em parte, a mente consciente e faz referncia ao inconsciente, podendo ser essencial no entendimento de sentimentos, desejos e/ou frustraes demonstrados pelas crianas. Dessa forma, seu simbolismo e sua mensagem podem ter muito a dizer sobre quem o fez.

Quando a criana recebe estmulo, carinho e ateno, seu desenvolvimento extraordinrio e de destaque em meio sociedade.

As entrevistas foram realizadas com dez professoras de 1 ano do Ensino Fundamental em Braslia, e percebeu-se que crianas que no cursam a Educao Infantil apresentam dificuldades superiores s que cursaram. Segundo as professoras, as dificuldades cognitivas podem ser praticamente inexistentes se a criana obtiver estmulo em casa. Mas isso ocorre raramente, devido s modernas estruturas familiares e acelerao diria do mundo adulto, provocadas pelo excesso de atividades dos pais ou responsveis. Contudo, as maiores e mais claras dificuldades se do nos aspectos social e afetivo.

Os obstculos mais evidentes enfrentados por essas crianas se referem a: socializao e afetividade, adaptao rotina, coordenao motora fina, manuseio de materiais didticos, aprendizado e egocentrismo aguado, pois a maioria das crianas no possui convvio frequente com outras da mesma faixa etria. Caso esse convvio ocorra, ele acontece em situaes informais, causando nas crianas uma enorme dificuldade em se relacionar com o outro, em partilhar e se integrar ao grupo, esperar por sua vez, seguir a rotina, as normas e regras estabelecidas no cotidiano da escola. Muitas vezes, essas dificuldades acompanham o indivduo por toda a vida, j que no houve as instrues e aprendizagens necessrias no momento oportuno (de 0 a 6 anos), quando se trata da formao da personalidade.

Robert Fulghum (2004) resume a importncia da educao formalizada j na primeira infncia, de 0 a 6 anos, da seguinte forma:

"Tudo que eu precisava realmente saber sobre como viver, o que fazer e como ser, aprendi no jardim de infncia. A sabedoria no estava no topo da montanha mais alta, no ltimo ano de um curso superior, mas, sim, no tanque de areia do ptio da escolinha maternal. (p. 16)"

O cotidiano na Educao Infantil baseia-se em uma rotina preestabelecida visando o desenvolvimento da criana. Criana essa que, num futuro prximo, saber a importncia dos valores morais, da partilha, da ajuda, da responsabilidade, dos direitos e deveres; isso devido ao fato de que, nas pequenas atitudes, formam-se grandes cidados.

Relaes Sociais/Afetivas: A Educao Infantil assume como suas responsabilidades estimular e proporcionar relaes sociais e desenvolvimento afetivo em parceria com a famlia.O apego a mais profunda emoo, a primeira e a mais duradoura, pois se trata do vnculo estabelecido com outras pessoas, tornando-se mais significativas as advindas daquelas que proporcionem segurana, satisfao e alegria.

Portanto, a biografia humana definida pelas sucesses de vnculos emocionais estabelecidos ou perdidos.

Muitas emoes, como cime, medo, tristeza, tdio, ansiedade e surpresa, apresentam-se desde a primeira infncia, podendo levar a criana a reagir de maneira agressiva, aptica ou exibicionista. Cabe, ento, aos educadores da Educao Infantil interferir nesses conflitos atravs de trabalhos em grupo, do estabelecimento de regras, do respeito ao prximo e da imposio de limites. Desse modo, so proporcionados momentos em que as crianas aprendem a esperar sua vez, a dividir e a lidar com as diferenas, percebendo-se membro de uma sociedade onde nem sempre elas sero consideradas o centro das atenes.

So tambm trabalhados o autoconceito (quem sou, como me chamo, onde vivo, o que fao, do que gosto, etc.) e a autoestima (o que penso de mim, como me valorizo, o quanto acho que as pessoas me valorizam, etc.). Devido importncia desses aspectos na determinao do adulto em que a criana se tornar, evidente a necessidade de fazer com que ela desenvolva um autoconceito, uma autoestima positiva.

Fulghum (2004) traz o significado que construiu sobre a Educao Infantil, criando o Credo do Jardim de Infncia:

"O que aprendi: dividir tudo com os companheiros; jogar conforme as regras do jogo; no bater em ningum; guardar as coisas onde as tivesse encontrado; arrumar a baguna feita por mim; no tocar no que no meu; pedir desculpas quando machucasse algum; lavar as mos antes de comer; apertar a descarga da privada; biscoito quente e leite frio fazem bem sade; fazer de tudo um pouco estudar, pensar, desenhar e pintar, cantar e danar, brincar e trabalhar , todos os dias; tirar uma soneca todas as tardes; ao sair pelo mundo, ter cuidado com o trnsito; saber dar a mo e ter amigos; peixinhos dourados, porquinhos da ndia, esquilos, hamsters e at a sementinha no copinho de plstico, tudo isso morre, ns tambm; lembrar dos livros de histrias infantis e de uma das primeiras palavras aprendidas, a mais importante de todas: Olhe! (p. 16)."

Se esses itens citados forem aplicados na vida adulta, no convvio cotidiano, a sociedade se modificar. Em outras palavras, aprender a compartilhar as coisas que se sabe e que se tem fundamental para as atividades e o convvio em grupo, seja nessa ou em outras fases escolares, seja na carreira profissional; jogar com as regras tambm imprescindvel para viver como cidado engajado e consciente; arrumar a baguna e no mexer nos pertences dos outros, assim como ter cuidados com a higiene de si e dos ambientes coletivos demonstram respeito e pretendem gerar respeito; quanto soneca da tarde, a prpria cincia moderna atesta e a indica como um meio de preveno de doenas e acidentes no trabalho; experimentar as mais diversas atividades intelectuais tambm aparece em pesquisas mdicas-cientficas como fator considervel para um desenvolvimento mais completo da mente, do corpo e como facilitador das escolhas profissionais; a apresentao de alguns processos complexos do ciclo da vida para as crianas pequenas, alm de alimentar sua curiosidade e satisfazer a fase dos porqus, ajuda a explicar-lhes situaes alheias sua vontade e, consequentemente, a lidar com as surpresas e frustraes que, com certeza, acontecero.

Uma vez entendido o verdadeiro sentido dessa etapa e a sua importncia em relao formao do homem, a educao dispor de novos rumos que engrandeam a sua ao para as crianas pequenas. Quanto mais rapidamente Planos Educacionais forem implementados na realidade educativa de instituies e profissionais, e assim das crianas, mais eficazmente se reconhecer a relevncia e premncia da educao como instrumento de mudana da supra e infraestrutura do Pas, uma vez que colabora para a formao crtica e reflexiva do cidado. E, quem sabe, o Brasil deixar de ser apenas o pas de um futuro que nunca chega.

Ilza Regina da Silva Ibelli Coordenadora Pedaggica http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1670