a história de despereaux - 2010

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“Histórias são luz. A luz é preciosa num mundo tão escuro” Kate DiCamillo

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Page 1: A História de Despereaux - 2010

“Histórias são luz. A luz é preciosa num mundo tão escuro”Kate DiCamillo

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- A História de Despereaux -Kate DiCamillo

Escritora do sul dos Estados Unidos, nasceu na Filadélfia, em 1964, mudando-se aos cinco anos para a Florida, onde cresceu, estudou e descobriu o seu tino para a literatura, escrevendo ainda hoje obras como “A História de Despereaux, A Libertação do Tigre e Por Causa de Winn-Dixie”, acumulando outros importantes prêmios literários.O livro “A História de Despereaux” – Editora Martins Fontes, São Paulo, 2005, 255 páginas - que tem título original “The Thale of Despereaux”, publicado nos Estados Unidos em 2003, vendeu um milhão de exemplares e recebeu o prestigiado prêmio Newberry para o melhor livro infanto-juvenil de 2004.

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1. Enredo

Este livro conta a história de Despereaux, um camundongo que nasceu num castelo, com orelhas muito grandes e os olhos já abertos e que, ao contrário dos outros camundongos, não gostava de correr, não tinha medo de humanos, e lia livros ao invés de comê-los. Um dia, seguindo o som da música tocada pelo rei Filipe, depara-se com o monarca e com sua filha, a princesa Ervilha, apaixona-se e dialoga com ela. Furlough, irmão do pequeno Despereaux, observa-o quando dialoga com a princesa e relata para o pai, Lester Tilling, que convoca o Conselho dos camundongos, para julgar, condenar e enviar o pequenino camundongo para o calabouço, local onde, possivelmente, ele seria devorado por ratos.Já no calabouço ele conhece Gregório, o carcereiro, e conta-lhe uma história, que acaba salvando-o dos ratos e levando-o à cozinha do castelo. Chiaroscuro, um rato nascido bem antes de Despereuax, encantado com a luz, declara que a bondade e a luz é o sentido da vida. Botticelli Remorso diz a ele que seu único propósito como um rato é a tortura de prisioneiros, fingindo ser seu amigo só para tirar a coisa mais importante deles.

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1. Enredo

Roscuro sobe num candelabro durante um jantar no castelo e é visto pela princesa Ervilha, que alarma a todos, ele, acidentalmente, escorrega e cai no prato de sopa da rainha, fazendo com que ela tenha um ataque cardíaco e morra. O rato, após o acidente, escapa de volta para o calabouço e leva junto uma colher de sopa, jurando se vingar da Princessa Ervilha. O rei Filipe, inconsolado, proíbe a sopa em todo o reino e ordena que todos os ratos sejam banidos e considerados foras-da-lei.Muitos anos antes de Desperaux e Roscuro nascerem uma garota chamada Migalha Sementeira perde a mãe, é vendida pelo seu pai, em troca de alguns cigarros, uma galinha e uma toalha vermelha, para um homem que ela passa a chamar de "tio". Por ser atrapalhada e fazer tudo errado, recebia tapas nas orelhas, o que a leva aos poucos a perder a audição e a deformar suas orelhas, deixando-as com a aparência de uma couve-flor. O maior desejo dela era o de ser uma princesa. No dia em que o rei proíbe a sopa, os guardas, chegam à casa do tio de Mig para recolher os caldeirões e as colheres, porém também a levam por estar em estado de escravidão, o que era proibido no reino. Levada ao castelo a pobre menina começa a trabalhar e, por ser atrapalhada, é logo designada para entregar no calabouço a comida de Gregório, o carcereiro. No calabouço encontra-se com Roscuro, contando-o seu maior desejo. O roedor planeja a vingança contra a princesa Ervilha e conta a Mig, que o ajuda a seqüestrar a princesa em troca de se tomar seu lugar como havia garantido o rato.

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1. Enredo

O rato e a menina das orelhas de couve-flor seqüestram a princesa e a levam para o calabouço. Na manhã seguinte sente-se a falta da princesa e guardas são enviados para procurar a princesa no calabouço, porém sem sucesso.Despereaux, após tentar avisar o rei onde estava Ervilha, procura Hovis, o mestre-da-linha, que o dá todo o carretel de linha vermelha e uma agulha de costura para auxiliá-lo na sua busca pelo calabouço. Quando lá chega, Despereaux encontra Botticelli, que se dispõe a levá-lo à princesa, porém, na verdade este é apenas mais um ato para cultivar o sofrimento alheio. Paralelamente Migalha Sementeira descobre que Roscuro a enganou e que nunca será uma princesa,Despereaux chega ao local onde estavam Mig, a princesa e Roscuro e grita o nome da princesa. Migalha Sementeira, após a desilusão, corta o rabo do rato com a faca. Despereaux ameaça matar Roscuro com a agulha de costura encostada ao seu peito e é impedido pelas palavras da princesa, então Roscuro arrepende-se. A princesa diz a Roscuro que se ele os conduzisse de volta para o castelo, seria bem tratado, dando-lhe acesso ao castelo, o que foi aceito pelo roedor. Botticelli e os outros ratos estão revoltados com a felicidade de tudo o que está acontecendo e junto com os outros ratos que o acompanhavam retornam para a escuridão.O corajoso camundongo e a princessa tornam-se amigos. Roscuro tem acesso irrestrito ao castelo e junto com, Migalha Sementeira, o Rei, Ervilha, e Despereaux comemoram tomando sopa

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2. Personagens

Kate DiCamillo dá vida a personagens com características interessantes, ora aparecem como vilões, ora como mocinhos, ora como vítimas da sociedade em que vivem, ora tornando esta mesma sociedade pior ou melhor. Mesmo um rei bondoso e uma princesa sofrem e tem seus conflitos internos, a autora mostra a personificação dos personagens não humanos, porém distiguindo-os entre ratos e camundongos, luz e trevas. Vejamos, caro leitor, os principais personagens e suas características físicas e psicológicas.- Despereaux Tilling - protagonista, camundongo, nascido diferente de todos da sua espécie, pelas orelhas enormes, pelo pequeno tamanho, pelas atitudes, pelo gosto apurado pela leitura, pela música e pela luz. Comete uma transgressão às leis do seu povo.- Chiaroscuro – Roscuro como é assim chamado por estar sempre entre o claro e o escuro, personagem que comete um grave erro e acaba planejando uma vingança contra a princesa Ervilha.- Princesa Ervilha – única filha do rei Filipe e da rainha, personagens fixos, é uma doce princesa atormentada, como seu pai, pela trágica morte de sua mãe.

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2. Personagens

- Botticelli Remorso - antagonista, rato mais velho do calabouço, com uma índole perversa, que acredita que o sentido da vida é o sofrimento, principalmente o alheio, procura trazer Roscuro sempre para as trevas, incentivando-o ao mal.- Migalha Sementeira - chamada de Mig, menina atrapalhada e desajeitada, com orelhas em forma de couve-flor, tem um coração bom e um sonho de ser princesa, que a levam a tornar-se presa fácil, servindo de aliada do rato Roscuro. Teve um histórico de abandono e sofrimento na infância.- Antoinette – mãe de Despereaux, personagem fixo na história, era francesa e havia chegado ao castelo na bagagem de um diplomata francês.- Lester e Furlough Tilling – pai e um dos muitos irmãos de Despereaux, responsáveis pelo julgamento, condenação e exílio do pequeno camundongo.- Gregório – velho carcereiro do calabouço do castelo, andava sempre com uma corda amarrada ao pé para não se perder no labirinto, acaba ajudando o corajoso camundongo quando este conta uma história para ele.Há ainda outros personagens com participação menor à exemplo de Luísa, rei Filipe, e a cozinheira que deixaremos de lado.

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3. Espaço

É visível o contraste entre a luz, representada pelo castelo cintilante, onde vivem os personagens afetos a ela, e as trevas, representadas pelo calabouço, espaço onde os ratos atormentam os condenados que ali são levados. A autora utiliza este espaço para criar um certo ar de ida e vinda, à luz e às trevas, criando sensações e cenários que remetem o leitor às significações sociais e psicológicas diversas, como por exemplo a associação da imundície, da exclusão social, da marginalidade à escuridão, o que pode denotar um certo ar de discriminação, e complementando o exemplo, a luz é associada à luxúria do castelo, à vida burguesa, aos prazeres da leitura, da música e da boa alimentação, fora dela vivem os excluídos que sonham alcançá-la e desfrutar dos seus benefícios.

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4. Tempo

A história passa-se em um intervalo de tempo longo, de modo não linear, uma vez que o livro inicia-se com o nascimento de Despereaux Tilling, fato ocorrido anos antes do nascimento de Roscuro e Migalha Sementeira.“Está história começa (...) com o nascimento de um camundongo (...)” (p.11).“(...) vamos recuar no tempo até o nascimento de um rato, de nome Chiaroscuro (...) muitos anos antes de o camundongo Despereaux nascer (...)” (p. 79).Como se pode notar trata-se de um tempo não cronológico em que os fatos não se dão numa ordem natural nem linear, anacrônico. Primeiro, acontece o nascimento de Despereaux; depois o nascimento de Roscuro e Migalha Sementeira, evidenciando o trato que a autora dá ao elemento tempo. Nesta obra, portanto o tempo é um elemento responsável pela organização dos fatos no enredo deste brilhante livro de Kate DiCamillo, que utiliza-se do recurso de ir – prolepse - e vir – analepse - no tempo, tornando a leitura bastante prazerosa e estimuladora.

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5. Foco Narrativo

Quem nos conta, essencialmente em terceira pessoa, a história do pequeno camundongo Despereaux Tilling, é um narrador heterodiegético, uma vez que não integra e não integrou, como personagem, o universo em questão, porém com uma focalização omnisciente. Esta visão dá ao narrador o poder de suprimir lapsos cronológicos longos ou curtos, operando retrospectivas ou adiantando fatos, aliás uma marca forte e bastante evidenciada na obra de Kate DiCamillo. Para exemplificar podemos destacar a questão do nascimento de Despereaux, Roscuro e Migalha Sementeira que apesar de ter acontecido cronologicamente em respectiva ordem inversa, é narrada em ordem cronologicamente direta, o que mostra o quanto o narrador é poderoso no universo desta obra, levando-nos a adiantar e retroceder nos lapsos temporais. Ele é o senhor da narrativa, cabendo-nos apenas ficar na expectativa do próximo passo dele, que nos dará os elementos necessários para a compreensão da totalidade da criação literária.

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6. Clímax

Uma vez eivado de ódio e tomado por uma trama perversa, Roscuro, o rato atormentado entre a luz e as trevas, com a ajuda de Migalha Sementeira, a menina atrapalhada, de orelhas em forma de couve-flor, a quem o roedor conseguiu convencer de aliar-se, prendem no calabouço a princesa Ervilha, que entre a luz e as trevas fica à espera da ajuda de seu príncipe, em forma de camundongo, o pequeno Despereaux Tilling. A autora nos leva ao ponto culminante da história, deixando-nos apreensivos quanto ao desfecho da situação vivida pela indefesa princesa Ervilha e criada pelos personagens Chiaroscuro e Migalha Sementeira que serão levados a um desfecho que o leitor talvez não possa imaginar. Sigam-me!!! Estamos chegando.

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7. Desfecho

Retomemos a história:

Executada a trama criada pelo rato Roscuro, Ervilha presa no calabouço, entre a luz e as trevas à espera da ajuda de seu príncipe, em forma de camundongo, o pequeno Despereaux Tilling, que adentra ao calabouço gritando pela princesa e vê o terrível roedor à sua frente. Após travar uma batalha com Roscuro, o corajoso camundongo ceifa o rabo do oponente e finalmente tem a sua “espada”, digo agulha, encostada ao coração daquele ser tão vil, a vida dele está nas mãos de Despereaux, que mesmo sobre os gritos de mate-o, perdoa-o, fazendo com que Roscuro deixe aflorar seu lado da luz, desistindo do plano maléfico, retornando-os à luz e comemorando com muita sopa os seus destinos.E viveram felizes para sem...Esperem, esperem...

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8. Conclusão

Caro leitor, esta obra traz certamente lições que serão assimiladas por quem a desvendar, em cada livro, em cada capítulo, em cada parágrafo ou em cada frase, Kate DiCamillo com certeza estava preocupada em passar-nos valores morais, éticos, mostrando que tanto na ficção quanto na vida real há sempre caminhos a seguir, há a luz e há as trevas, cabe a cada um de nós, independente do contexto social, econômico , religioso em que estejamos inseridos, buscar um farol para iluminar as nossas vidas, para afastar as trevas em que vivemos. Assim aconteceu com Roscuro, assim aconteceu com Mig, assim aconteceu com Ervilha, com o rei Filipe e com os demais personagens criados por DiCamillo, mas principalmente assim aconteceu com o Pequeno Despereaux Tilling.

Era uma vez um acadêmico diferente, que um dia aprendeu que contar histórias não é apenas contar histórias, contar histórias é levar luz ao mundo de alguém.

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Créditos

Almiro Rodrigues – Evelyn Constantina – Ingryd Martins Juarez Dantas – Janete Modesto Marlene dos Santos – Nathália de Jesus

Acadêmicos do 3º Período do Curso de Letras - Português

Ilustrações: http://www.allmoviephoto.com/photo/2008_the_tale_of_despereaux_002.htmhttp://www.candlewickportals.com/katedicamillo/Home/tabid/88/Default.aspxhttp://www.imotion.com.br/imagens/data/media/75/321luz.jpg