a grammatica philosophica da lingua portugueza
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A Grammatica Philosophica da Lingua PortuguezaTRANSCRIPT
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SNIA CATARINA GOMES COELHO
A Grammatica Philosophica da Lingua Portuguezade Jernimo Soares Barbosa
Edio Crtica, Estudo e Notas
DOUTORAMENTO EM CINCIAS DA LINGUAGEM
Especializao em Historiografia Lingustica
Orientador: Professor Doutor Carlos da Costa Assuno
UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOURO
VILA REAL, 2013
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I
Aos meus avs,
Joaquim e Isilda
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II
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III
Agradecimentos
Os nossos primeiros agradecimentos vo para o nosso orientador, o Senhor Professor
Carlos da Costa Assuno, que, com sabedoria, firmeza e muita experincia, nos foi puxando
para fora deste labirinto que a edio de textos. Agradecemos-lhe todo o apoio incondicional
e a disponibilidade constante para analisar e esclarecer as nossas infinitas questes. A
confiana que tem depositado em ns e a amizade que nos tem dedicado em muito nos
honram.
Ao Senhor Professor Gonalo Fernandes, diretor do Departamento de Letras, Artes e
Comunicao, agradecemos o interesse demonstrado pelo nosso trabalho e as manifestaes
permanentes de amizade e de encorajamento.
Senhora Professora Maria Helena Pessoa Santos, agradecemos a ateno dispensada e
as boas sugestes com que nos honrou.
Ao Rolf, agradecemos o interesse demonstrado, desde o primeiro momento, pela nossa
dissertao, assim como a disponibilidade no auxlio, na partilha de materiais e no acesso
informao.
Teresa, Marlene e Mnica, agradecemos os estmulos e o apoio prestado.
nossa grande amiga Susana, agradecemos, em primeiro lugar, a sua amizade, sem a
qual este trabalho dificilmente teria visto a luz. O seu apoio, a sua presena e o seu carinho
foram muitas vezes a fora que nos sustentou e que nos ajudou a caminhar.
nossa famlia, na pessoa da nossa muito querida e doce Av Isilda, matriarca
incansvel, que mobilizou todos os que nos rodeiam e soube garantir sempre e acima de tudo
o nosso bem-estar. A todos prometemos recompensar por esta longa e pouco habitual
ausncia.
Ao Tiago, dedicamos um agradecimento especial pela ajuda e pacincia e pelo
encorajamento constante ao longo deste percurso.
A todas as outras pessoas que, no estando aqui nomeadas, contriburam para que
pudssemos desenvolver este trabalho, fica o nosso agradecimento sincero.
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IV
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V
Resumo
Jernimo Soares Barbosa , sem dvida, um dos maiores gramticos da lngua
portuguesa e a Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza (1822) o expoente mximo
da sua erudio.
Com a dissertao que agora apresentamos, nosso intuito contribuir para o
desenvolvimento e divulgao dos estudos acerca deste importante autor e da sua gramtica,
ainda hoje considerada como uma das melhores da lngua portuguesa. Perante a inexistncia
de um estudo crtico que permitisse conhecer na ntegra as sete edies desta obra, procurou-
se neste trabalho fazer uma edio crtica da Grammatica Philosophica, explorando
simultaneamente as ideias ortogrficas do gramtico e confirmando a sua aplicao nas
edies.
Abstract
Jernimo Soares Barbosa is undoubtedly one of the greatest grammarians of the
Portuguese language and Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza (1822) the greatest
exponent of his erudition.
With the thesis that we are presenting, our aim is to contribute to the development and
dissemination of studies on this important author and his grammar, still regarded as one of the
best of the Portuguese language.
In the absence of a critical study that would allow us to fully know the seven editions of
this work, we intend to make a critical edition of Grammatica Philosophica, while exploring
the orthographic ideas of the grammarian and confirming its application in the editions.
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VI
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VII
ndice
Introduo ..... 1
Captulo I: O autor e a sua obra ..... 5
1. Dados biogrficos ....... 7
2. Dados bibliogrficos ....... 8
3. Estudos sobre o autor e a sua obra ...... 13
Captulo II: A Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza de Jernimo Soares
Barbosa .. 21
1. A edio .. 23
1.1 As edies da Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza .... 24
1.2 A escolha do texto ..... 26
1.3 Siglas ..... 27
1.4 Descrio das edies ....... 28
1.5 Normas de transcrio .. 43
1.6 O aparato crtico .... 47
2. Estudo das ideias ortogrficas de Jernimo Soares Barbosa e da grafia nas
edies .... 48
2.1 Oralidade vs escrita ....... 49
2.2 Definio de ortografia . 53
2.3 O alfabeto ...... 57
2.4 Vocalismo encontros voclicos .. 59
2.4.1 Ditongos orais ... 61
2.4.1.1 Ditongos ........ 61
2.4.1.2 Ditongos ........ 68
2.4.1.3 Ditongos .. 71
2.4.1.4 Ditongo versus ditongo .. 73
2.4.1.5 Ditongos ..... 77
2.4.1.6 Ditongos ........ 78
2.4.1.7 Ditongos ... 81
2.4.1.8 Ditongo ........ 86
2.4.1.9 Sinreses ... 87
2.4.2 Ditongos nasais .... 89
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VIII
2.4.2.1 Ditongos ....... 92
2.4.2.2 Ditongos .... 95
2.4.2.3 Ditongos . 101
2.4.2.4 Ditongos . 103
2.4.2.5 Ditongos ..... 105
2.4.2.6 Ditongos ... 106
2.5 O uso do ..... 107
2.6 Consonantismo ...... 109
2.6.1 Grafemas , , e com valor de [s], e com valor de
[z], e com valor de [], e com valor de [] .... 109
2.6.1.1 Grafemas , , e com valor de [s] .... 110
2.6.1.2 Grafemas e com valor de [z] .......... 114
2.6.1.3 Grafemas e com valor de [] ...... 120
2.6.1.4 Grafemas e com valor de [] .... 123
2.6.1.5 Outros valores do grafema .... 127
2.6.2 O uso do .... 129
2.6.2.1 O uso do nos dgrafos gregos .... 136
2.6.3 O , letra sobeja ... 141
2.6.4 Grupos consonnticos .... 142
2.6.5 Letras dobradas .... 151
2.6.6 Uso do .......... 156
2.7 Uso de maiscula .. 158
2.8 Uso do hfen .. 162
2.9 Uso do apstrofo ... 166
2.10 Ortografia, pronunciao, variao e mudana ......... 169
2.11 Consideraes finais ......... 177
Captulo III: Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza: Edio Crtica ..... 183
1. A edio ......... 185
2. Notas edio . 661
Concluso .. 675
Referncias Bibliogrficas ... 684
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IX
ndice de Tabelas
Tabela 1: Listagem dos 10 ditongos orais . 61
Tabela 2: Ditongos nas edies ..... 67
Tabela 3: Ditongos nas edies . 71
Tabela 4: Ditongos nas edies .... 72
Tabela 5: Ditongo versus ditongo nas edies .... 76
Tabela 6: Ditongos nas edies .. 78
Tabela 7: Ditongos nas edies ...... 80
Tabela 8: Ditongos nas edies .... 85
Tabela 9: Ditongo nas edies .. 87
Tabela 10: Listagm dos 6 ditongos nasais ...... 91
Tabela 11: Ditongos nas edies ... 94
Tabela 12: Ditongos nas edies ... 100
Tabela 13: Ditongos ....... 102
Tabela 14: Ditongos nas edies ..... 104
Tabela 15: Ditongos nas edies .... 105
Tabela 16: Ditongos nas edies ....... 106
Tabela 17: O nas edies ....... 109
Tabela 18: Grafemas , , e com valor de [s] nas edies .... 113
Tabela 19: Grafemas e com valor de [z] nas edies .. 119
Tabela 20: Grafemas e com valor de [] nas edies ...... 122
Tabela 21: Grafemas e com valor de [].nas edies ....... 126
Tabela 22: Outros valores de nas edies ...... 129
Tabela 23: O uso do nas edies (1) ...... 134
Tabela 24: O uso do nas edies (2) ...... 134
Tabela 25: O uso do nos dgrafos gregos nas edies ... 140
Tabela 26: Grupos consonnticos e nas edies .. 149
Tabela 27: Grupos consonnticos e nas edies ...... 149
Tabela 28: Grupos consonnticos e nas edies ... 150
Tabela 29: Grupo consonntico nas edies ... 150
Tabela 30: Grupo consonntico nas edies ............ 150
Tabela 31: Grupos consonnticos , e nas edies ........ 151
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X
Tabela 32: Letras dobradas nas edies .... 155
Tabela 33: Uso do nas edies ...... 157
Tabela 34: Uso de maiscula nas edies ..... 161
Tabela 35: Uso do hfen nas edies ..... 165
Tabela 36: Uso do apstrofo nas edies ...... 169
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XI
Lista das abreviaturas usadas na edio
Visto que as abreviaturas que ocorrem na Grammatica Philosophica esto
maioritariamente associadas a referncias bibliogrficas, no sero desdobradas. Alm das
abreviaturas de uso to corrente, que se torna desnecessrio explicar o seu valor, como m., f.,
s., p., ex., etc., foram usadas na edio algumas palavras abreviadas, sendo as seguintes as
mais frequentes:
A. = autor
AA. = autores
abbr. = abbreviado
antig. = antigo
antiq. = antiquado
art. = artigo
Barr. = Barros
Bernand. = Bernardes
Bernard. Ribeir. = Bernardim Ribeiro
Cam. = Cames
Cant. = Canto
cap. = capitulo
Cart. = Carta
Cic. = Ccero
Comm. = Commentarios
Cort. = Corte
Cr. = Cronica
D. = Dom / Dona
Dial. = Dialogo
Dial. da Verd. Filos. = Dialogo da Verdadeira Filosofia
Dial. da vicios. verg. = Dialogo da viciosa vergonha
Dial. da Vid. Solit. = Dialogo da Vida Solitaria
Dial. em louv. da nossa Ling. = Dialogo em louvor da nossa Linguagem
Disc. Polit. = Discursos Politicos
ed. = edio
Est. = Estncia
Eneid. = Eneida
Ferr. = Ferreira
Fr. = Frei
Fr. H. = Frei Heitor
Gramm. = Grammatica
Hist. S. Dom. = Historia de So Domingos
Ibid. = Ibidem
Id. = Idem
i. e. = isto
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XII
Inst. Orat. = Institutio Oratoria
Jac. Fr. = Jacinto Freire
L. = Lingua
ling. palat. = lingual palatal
Lisb. = Lisboa
Liv. = Livro
Lus = Lusiadas
Lus. Transf. = Lusitania Transformada
Menin. = Menina
Naufr. = Naufragio
not. = nota
observ. = observao
Od. = Ode
Orat. = Orator
P. = Padre
Portug. = Portugueza
pag. = pagina
part. = parte
Poem. = Poemas
regr. = regra
Serm. = Sermes
suppl. = supplemento
tit. = titulo
Tom. = Tomo
vej. = veja-se
v. g. = verbi gratia
Vid. de D. J. = Vida de D. Joo (de Castro)
Vid. do Arc. = Vida do Arcebispo
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1
Introduo
Em 1980, Joo Malaca Casteleiro publicou o artigo A Doutrina Gramatical de
Jernimo Soares Barbosa. Nele alertava para dois aspetos de suma importncia: a
necessidade de se estudarem os gramticos portugueses, bastante negligenciados entre ns, e a
necessidade de se estudar aquela que , na opinio de vrios estudiosos, [] uma das
melhores gramticas portuguesas [] (Casteleiro 1980: 213), a Grammatica Philosophica
da Lingua Portugueza de Jernimo Soares Barbosa.
Passaram alguns anos desde a publicao deste artigo e hoje, felizmente, podemos dizer
que os gramticos portugueses tm sido alvo de interesse por parte dos investigadores e de
trabalhos de relevo, como o comprovam os estudos realizados por Amadeu Torres (1996),
Carlos Assuno (1997), Maria do Cu Fonseca (2000), Barbara Schfer-Prie (2000),
Gonalo Fernandes (2002), Maria Helena Pessoa Santos (2005), Teresa Moura (2008), entre
outros.
Por outro lado, como veremos quando apresentarmos a lista de estudos dedicados obra
de Jernimo Soares Barbosa, tambm o interesse pelo conhecimento daquele que um dos
maiores gramticos da lngua portuguesa renasceu, como o comprova tambm a realizao do
presente trabalho.
Jernimo Soares Barbosa foi um homem afinado com o seu tempo. Profundo
conhecedor das letras, representa o expoente mximo da influncia das luzes na gramtica em
Portugal. Na Introduo Grammatica Philosophica, traando um percurso da gramtica,
desde as suas origens at ao momento em que escreve, Soares Barbosa censura as gramticas
que aplicam servilmente o modelo latino, sem atenderem s caractersticas das lnguas
vulgares e aplaude aqueles que rompem com as amarras da tradio. Diz ele: Mas felizmente
aconteceo em nossos tempos, que Sanches principiasse entre os Hespanhoes a sacodir o jugo
da auctoridade e preoccupao nestas materias; e introduzindo na Grammatica Latina as luzes
da Philosophia, descobrisse as verdadeiras causas e razes desta Lingua [] (Barbosa 1822:
XI). Acrescentamos e conclumos ns: felizmente aconteceu que, em incios do sculo XIX,
Jernimo Soares Barbosa sacudiu o jugo da autoridade e reformou a gramtica, [] pondo
primeiro e estabelecendo principios geraes e razoados da Linguagem, e applicando-os depois
cada hum sua Lingua [] (Barbosa 1822: XI).
Publicada postumamente em 1822, a redao da Grammatica Philosophica da Lingua
Portugueza ter sido, no entanto, bastante anterior, como leva a crer a informao includa no
final do texto introdutrio gramtica a partir da quarta edio: Coimbra, 24 de junho de
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2
1803 (Barbosa 1862: XVI). Ademais, no catlogo apenso obra As duas Linguas (1807),
referida uma obra manuscrita (Grammatica Philosophica da Lingua Portuguesa 4. Vol. 8.
(Barbosa 1807: [II])) que Kemmler, Assuno e Fernandes (2009: 208), tendo por base
elementos de documentao arquivstica encontrados, dizem corresponder [] obra
publicada em 1822.
As causas que motivaram a demora na publicao permanecem ainda por desvendar
totalmente. Amadeu Torres avana como [] explicaes para as rmoras proteladoras de
uma edio cuja expectativa se arrastou at 1822 (Torres 2005: 14) o contexto scio-poltico
nacional e internacional, que, como sabido, era de grandes convulses. Contudo sabe-se que
foi o prprio gramtico a oferecer a obra Academia das Cincias e que foi cerca de seis
meses aps a sua morte, em junho de 1816, que os acadmicos aprovaram a impresso da
gramtica (cf. Kemmler 2012c: 169-170). Estavam, assim, lanados os dados, para que, em
1822, fosse dada estampa a Grammatica Philosophica da Lingua Portuguesa, que,
diferentemente das gramticas que a precederam e seguiram, [] se assemelha mais a um
tratado de lingustica aplicado Lngua Portuguesa do que a uma gramtica normativa, como
conhecemos comumente (Cagliari 1985a: 93).
Visando contribuir para o conhecimento e divulgao desta obra singular, propomo-nos
realizar o presente estudo, para o qual traamos os seguintes objetivos principais:
Recolher dados biobibliogrficos sobre o autor e a sua obra;
Fazer uma edio crtica do texto;
Caracterizar as sete edies da Grammatica Philosophica;
Proceder a um estudo comparativo entre as ideias ortogrficas do autor e da sua
poca e a prtica constante nas edies.
De modo a darmos cumprimento aos nossos objetivos, dividimos a nossa dissertao em
trs captulos.
Destinamos o primeiro captulo aos aspetos relativos ao autor e sua obra. Assim,
primeiramente, fornecemos um conjunto de dados essenciais sobre a sua biografia, a que se
seguem informaes bibliogrficas. Seguidamente, destacamos os principais estudos
existentes em torno de Jernimo Soares Barbosa e da sua obra.
No mbito do segundo captulo, dedicamo-nos, num primeiro momento, anlise de
questes prvias e imprescindveis consecuo da edio, nomeadamente identificao dos
testemunhos diretos da obra e que serviro para colao, escolha do texto de base,
atribuio de siglas, descrio das edies, assim como ao estabelecimento das normas a
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3
seguir na transcrio do texto. Num segundo momento, e porque o conhecimento da lngua
em que o texto foi escrito se reveste de extrema importncia para a concretizao da edio,
procedemos a um estudo comparativo entre as ideias ortogrficas do autor e a grafia adotada
nas sete edies da Grammatica Philosophica, tendo como objetivo, por um lado, dar a
conhecer o iderio proposto por Soares Barbosa no Livro II1 e, por outro, verificar qual a
prtica grfica constante em todas as edies. Em ltima anlise, pretendemos, com este
estudo, verificar at que ponto as propostas do gramtico esto a ser praticadas e se h
diferenas grficas entre os sete textos. Caso existam, pretendemos aferir qual das edies
pode ser apontada como a percursora da mudana.
O terceiro captulo constitui o centro de toda a nossa investigao, do qual derivam
todas as outras partes, e consagramo-lo edio crtica. um facto evidente que, nos ltimos
anos, se tem desenvolvido um crescente interesse pelos textos como fonte primria de
investigao. Como consequncia, cresceu tambm o interesse em editar textos antigos,
aspeto que se comprova pelos grupos de trabalho que se tm reunido em pases como
Espanha, Brasil e Alemanha e, entre ns, pelos trabalhos que tm sido desenvolvidos pelo
Centro de Estudos em Letras, sediado na Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro, em
torno da edio de textos. Assim, almejando facilitar o contacto com uma obra to extensa
mas to fascinante e nica no gnero, dedicamo-nos, neste terceiro captulo, edio crtica,
tarefa de um fazer constante e constantemente inacabada:
Actividade que exige grande dispndio de energias, aturado esforo de investigao e
atilada prudncia judicativa, cabe-lhe a misso, elucida Lzaro Carreter, de reconstituir,
quanto possvel, um texto viciado em sua transmisso, de harmonia com aquele que o autor
considera definitivo e no qual, por essa razo, se pode confiar em absoluto. (Torres e
Assuno 2007: 67-68).
Finalmente, encerramos a nossa dissertao com a concluso, a que se seguem as
referncias bibliogrficas.
1 Tm sido dedicados alguns estudos aos Livros III e IV (Etymologia e Syntaxe e Construco) da Grammatica Philosophica, nomeadamente os trabalhos de Cardoso (1986), Sterse (1989), Schfer-Prie (2000) e Santos
(2005). No entanto, o segundo livro da obra, que trata da Orthographia, no tem sido objeto de estudo por parte
dos investigadores, exceo feita a Gonalves (2003), porm, como no poderia deixar de ser perante um corpus
to vasto, a investigadora destaca apenas os aspetos principais da doutrina ortogrfica de Soares Barbosa, e
Kemmler (2012a), que compara alguns aspetos ortogrficos presentes na Eschola Popular e na Grammatica
Philosophica.
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CAPTULO I
O AUTOR E A SUA OBRA
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1. Dados biogrficos
Filho de Manuel Freire de S. Lzaro e de Violante Rosa Soares,2 Jernimo Soares
Barbosa nasceu em Ansio, em finais de janeiro de 1737,3 e faleceu a 5 de janeiro de 1816,
em So Joo de Almedina, Coimbra.4 Tendo sido educado no seminrio episcopal de
Coimbra, a foi ordenado presbtero em 1762.
No ano de 1766, aps a sada do professor rgio Manuel Francisco da Silva Veiga,
provido numa beca da Relao do Rio de Janeiro, e tendo-se tornado obrigatria a frequncia
da Retrica para os candidatos Universidade [] (Azevedo 2012: 30), passou a professar
Retrica e Potica no Colgio das Artes de Coimbra e, dois anos depois, em 1768, formou-se
em Cnones.
A 8 de julho de 1792 foi nomeado visitador das escholas de primeiras letras, e da
lingua latina na provedoria de Coimbra [] (Gusmo 1857: 260) e, no ano seguinte, em
1793, foi encarregue de promover e dirigir as edies dos autores clssicos para uso das
escolas. Posteriormente, em 1800, foi nomeado deputado da Junta da Diretoria Geral dos
Estudos, sendo j, por esta altura, professor jubilado da cadeira de Retrica e Potica.
Em 1789 tornou-se scio correspondente da Academia das Cincias de Lisboa,
agradecendo a eleio por carta datada de 17 de abril do mesmo ano. Em 1803, promovido a
scio livre.
Trata-se de [] um homem de verdadeiro merito, que dava e saba o por que das
cousas (Leal 1859: 3) e de um ilustre humanista, que prestou um importante servio s
2 Para o estabelecimento da rvore genealgica dos Soares Barbosa, veja-se Azevedo (2012: 10). Nesta obra, o
autor dedica-se aos dados biobibliogrficos dos sete irmos, apresentando [] os seus percusos profissionais, obras publicadas e manuscritos conhecidos [] (Azevedo 2012: 7), completados por [] comentrios de diversos autores sobre a actividade dos Soares Barbosa [] (Azevedo 2012: 7).
Para o estabelecimento de uma biobibliografia de Jernimo Soares Barbosa, consulte-se tambm, entre outras
fontes, os artigos publicados por Rodrigues de Gusmo na Revista Universal Lisbonense, vol. III., pp. 236-237,
em comemorao da data da morte do gramtico, e em O Instituto. Jornal Scientifico e Litterario. vol. V., pp. 259-262, artigo intitulado Jeronymo Soares Barbosa. Tambm os volumes III (pp. 276-278), X (pp. 135-136) e XI (p. 275) do Diccionario Bibliographico Portuguez de Francisco Inocncio da Silva apresentam dados sobre a
vida e obra do ilustre humanista. Est ainda a ser preparado, por Rolf Kemmler, investigador do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro, outro trabalho de natureza biobibliogrfica
acerca dos irmos Soares Barbosa.
3 Rodrigues de Gusmo (cf. 1857: 260) e Inocncio (cf. Silva 1859, III: 276) estabelecem como data de
nascimento 24 de janeiro de 1737. Kemmler (cf. 2012b: 102) constata que o assento de batismo do gramtico
no indica nenhuma data de nascimento, mas apenas que foi batizado no dia 2 de fevereiro de 1737. No entanto,
o investigador conclui que, dado que o padrinho e tio materno era tambm o proco da vila e freguesia de Ansio, no estranha que este ter procedido logo ao batismo do afilhado, pelo que julgamos ser possvel que
tenha mesmo nascido no dia 24 de janeiro de 1737, apesar de esta data no se encontrar referida em qualquer
documentao contempornea (Kemmler 2012b: 102).
4 Para a transcrio dos assentos de batismo e bito de Jernimo Soares Barbosa, consulte-se Kemmler (2012b:
102).
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letras, e ao progresso e aperfeioamento dos estudos em Portugal (Silva 1859, III: 276).
Como conclui Trindade (1989: 99), configura-se
[] Soares Barbosa como um homem lcido, brilhante, de aguado esprito crtico.
Independente, em seu pensamento convergem as diversas linhas que atravessaram a Idade
Moderna, preparando, com alguma harmonia, embora com ineludvel tenso interna, o
caminho para o sculo XIX.
2. Dados bibliogrficos
Tendo dedicado grande parte da sua vida ao ensino, Jernimo Soares Barbosa
empenhou-se na renovao dos mtodos pedaggicos de ento, consubstanciando as suas
propostas em obras de elevado mrito. Do seu labor gramatical destacam-se trs importantes
obras.5 Em primeiro lugar, saiu dos prelos a Eschola Popular das Primeiras Letras, []
uma coleo de quatro opsculos dedicados ortopia, catecismo, ortografia e escrita, bem
como aritmtica [] (Kemmler 2011: 203), que foi publicada em Coimbra, em 1796 e 1797.
Nos livros dedicados ortopia e ortografia da Grammatica Philosophica da Lingua
Portugueza, o autor retoma substancialmente, e muitas vezes sem qualquer alterao, os
textos da Eschola Popular, remetendo inclusive para a leitura deste compndio.6 Reala
Rodrigues de Gusmo (1857: 262) que o ilustre autor na Eschola Popular lanou os
fundamentos solidos do ensino methodico das primeiras letras, que se generalisou em todo o
reino pela diligencia desvelada da directoria geral dos estudos e das escholas do reino.
Seguidamente, foi publicada em Coimbra, pela imprensa da Universidade, a obra As
duas Linguas ou Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, comparada com a Latina,
Para Ambas se aprenderem ao mesmo tempo, que data de 1807. Segundo Rodrigues de
Gusmo (1857: 262):
5 Na opinio de Telmo Verdelho (1995: 541), as obras gramaticais de Soares Barbosa [] constituem um precioso patrimnio no mbito da historiografia lingustica.
6 o que acontece no seguinte passo: Quem quizer ver este methodo desenvolvido, e explicado em todas as suas partes, pde consultar a Eschola Popular das primeiras Letras, impressa em Coimbra em 1796: Parte
Primeira (Barbosa 1822: 14). Ou ainda:
Vejo-se os nossos Syllabarios completos, dados luz na Eschola Popular das Primeiras Letras em Coimbra em 1796 (Barbosa 1822: 19).
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As Duas Linguas foi a primeira obra, que Portugal viu neste genero, na qual seu auctor
mostrou executados os desejos de Roboredo,7 e que deve servir de norma a todos os
compendios, que, para o futuro, se publicarem para uso das escholas pblicas de latim; e
que contm, em resumo, quanto os antigos e modernos tm pensado sobre grammatica de
mais solido, e apurado.8
Em 1822, foi publicada, pela Academia das Cincias, a Grammatica Philosophica da
Lingua Portugueza, ou principios da grammatica geral applicados nossa linguagem, obra
pstuma, por largo tempo esquecida e incompreendida como testemunham vrios estudiosos,
na qual o douto acadmico foi com a investigao ndole da lingua, simplificando as
regras, tornando o methodo mais racional e applicavel, e nisto adiantou consideravelmente a
philologia nacional (Leal 1859: 6).
Na opinio de Rodrigues de Gusmo, ficou ainda por publicar um estudo intitulado
Observaes Grammaticaes sobre os principaes classicos portuguezes. Acerca desta obra, diz
o bigrafo o seguinte:
Sendo certo que alguns dos nossos classicos nem sempre foram felizes na coordenao
de suas oraes, commettendo faltas, de que mui justamente os argem alguns philologos
modernos, no o menos, que existe, entre ns, uma seita de supersticiosos, que, por conta
de escriptores puritanos, que se inculcam, imitam desatinadamente essas construces
viciosas, crendo-se, por isso, livres de imputao, como se o non ego paucis offendar
maculis quelles, como a Barros, Couto, Cames, e outros escriptores deste tomo, fosse
egualmente applicavel.
Cremos ns, que, para desabusar estes illusos, muito valeria a leitura desta obra, que
de juzo to fino como o do auctor esperamos ns, que apontaria todos os desacertos e
manchas destes bonissimos escriptores, embora disfaradas pelos matizes de um estylo e
linguagem, pela mr parte, seductora (Gusmo 1857: 262).
Soares Barbosa foi um latinista exmio e helenista [] (Torres 2005: XV), o que se
comprova pelos vrios discursos solenes que proferiu em latim, em festas da Universidade, e
7 Amaro de Roboredo deixa os seus intentos no Prlogo do Methodo Grammatical para Todas as Linguas, onde
se pode ler o seguinte: Pretdia q fosse este Methodo universal: porque, Omnes natura duce vehimur [Cicer.,
De Natura Deorum] (Roboredo 1619: b 4 r).
8 Logo na Introduo s Duas Linguas, Soares Barbosa (1807: XII) estabelece e esclarece a sua metodologia: Eu no tomei outro modelo seno o da Grammatica Geral, e Philosophica. Ponho os principios comuns a todas as linguas; delles formo as regras geraes da linguagem, que applico primeiro lingua Portugueza em exemplos curtos e familiares, os quaes traduzidos logo verbalmente em Latim, mostro a conformidade das duas linguas: e quando a Latina discrepa da nossa; (o que poucas vezes succede), ponho primeiro o exemplo Latino, seguido immediatamente de sua traduco em linguagem.
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10
pelas espstolas nuncupatrias, bem como pelas obras que analisou e traduziu dos clssicos da
antiguidade. Deste labor, destacamos a Oratio auspicalis, proferida em 1766 e publicada um
ano depois em Lisboa, acerca da qual, segundo Gusmo (1857: 260), ajuza Frei Manuel do
Cenculo o seguinte:
Ella testemunha da capacidade do auctor, e de que tem vocao para este emprego,
exercitando nas escholas, em que lhe precederam, em bom seculo, pessoas egrgias, que
elle sabe muito bem imitar. Os homens intelligentes ho de estimar este discurso: elle pde
servir de exemplo quelles, que ainda caream de ser formados para gostarem deste estylo,
isto , do seculo de Augusto, e de Mecenas.
Em 1786, deu estampa M. Fabii Quintiliani Institutiones Oratoriae, quas ex ejusdem
XII libris selegit, digessit, emendauit, etc, edio muitas vezes repetida [] (Gusmo 1857:
261). Como testemunha Jos Vicente Gomes de Moura (1823: 124), este compndio foi usado
por [] grande parte dos estudantes, e com razo, porque o de Rollin, ainda que compendio,
he assaz diffuso.
Dois anos depois, o mesmo eruditissimo Professor verteu em Portuguez este seu
compendio, juntando-lhe uma bem trabalhada prefao, em que enumera, e julga as verses
Portuguezas de Quintil., e em notas, copiosas e cheias de doutrina vasta e solida, explana os
preceitos da Rhetorica (Moura 1823: 124). Surge assim a sua verso das Instituies
Oratorias de Quintiliano.
Outra obra que Soares Barbosa traduziu e explicou dos clssicos foi a Poetica de
Horacio, traduzida e explicada methodicamente para uso dos que aprendem.9
Neste Opusculo, reputado sempre com razo pelo melhor codigo do bom gosto, que a
antiguidade sabia nos deixou, soube aquelle eruditissimo Humanista achar, como num
breve elencho, um systema de Arte Poetica, que desenvolveu, analysando suas partes,
confirmando-as com razes intrinsecas, e exemplos, e applicando o que at ento se havia
pensado mais apuradamente sobre esta disciplina (Moura 1823: 91).
Em 1805, com reimpresso em 1827, foi publicada a obra Epitome Universiae
Historiae, em que compendia a histria universal e a histria de Portugal, alcanando o ano de
1800. De acordo com o que relata Gusmo (1857: 261), foi compendio approvado para uso
das escholas por aviso de 5 de maro de 1805, e reputado obra de to apurada critica, que o
9 Segundo informao de Rodrigues de Gusmo (1857: 261), esta obra conjunctamente com as Instituies Oratorias de Quintiliano completam o curso de bellas letras, que fazia o objecto da cadeira de Jeronymo Soares.
-
11
doutor Manuel Antonio Coelho da Rocha, no duvidou seguil-o no seu Ensaio sobre a
Historia do Governo e da Legislao de Portugal, etc.
Das obras publicadas postumamente,10
destacam-se ainda trs. Em primeiro lugar, a
Analyse dos Lusiadas de Luiz de Cames, publicada em 1859, obra que foi alvo de muitas
crticas devido ao que apelidavam de ousadia por parte de Soares Barbosa por anotar os
defeitos cometidos pelo principe dos poetas. No entanto, vrias foram as personalidades que
saram em sua defesa. Muitos destes textos podem ser lidos num Appenso, que foi adicionado
a esta obra, depois de alguns exemplares j se encontrarem venda, pelo seu editor Olmpio
Nicolau Rui Fernandes.11
Um dos testemunhos a recomendao da obra, sada no jornal
Conimbricense, onde se pode ler o seguinte:
esta publicao de notavel merecimento, em que o seu sabio auctor, com uma crtica
imparcial, analysa detidamente os defeitos e as belezas da obra do principe dos poetas
portuguezes.
O sr. Olympio tinha j promovido a publicao de outras produces litterarias de muita
valia; mas sem dvida esta ultima uma das mais estimaveis, que lhe devemos.
Recommendando-a ao pblico, no fazemos mais do que o nosso dever (Jornal 1859:
15).
Tambm do ano de 1859 a publicao das Excellencias da Eloquencia Popular,
compostas na lingua italiana por Luiz Antonio Muratori, traduzidas na portugueza por
Jeronymo Soares Barbosa.
Compe-se esta obrinha de quatorze capitulos, dedicados cada um a seu particular
assumpto, mas referindo-se todos ao que constitue o titulo.
10 Inocncio informa que alguns manuscritos que ficaram aps a morte do eminente gramtico, foram adquiridos
por Olmpio Nicolau Rui Fernandes. O excerto em que se l esta informao reza o seguinte: O sr. Olympio Nicolau Ruy Fernandes, actual administrador da imprensa da Universidade, adquiriu ha pouco tempo por titulo de compra alguns manuscriptos que ficaram por morte de Jeronymo Soares, no intento de os publicar a expensas suas, persuadido de que nisso fazia um bom servio s letras. Effectivamente, alguns desses manuscriptos se acham j impressos e venda, segundo vejo dos catalogos que recentemente chegaram a esta cidade (Silva 1859, III: 278).
11 No obstante estarem j venda alguns exemplares deste livro, julgmos dever augmentar o seu
merecimento, addicionando-lhe, com a devida venia, os artigos publicados no Jornal do Commercio, Instituto, e Conimbricense. Prestmos assim a devida homenagem ao merecimento litterario daquelles artigos, que continuaro a ser lidos, occupando deste modo o logar que lhes compete; o que no succede geralmente com as publicaes feitas em jornaes, por certo menos duradouros que os livros.
Os commentadores so competentes, e esto altura do auctor da Analyse; e a proficiencia com que se dedicaram a um exame to detido, se no fra o nome de Jeronymo Soares Barbosa, sera de per si sufficiente recommendao para o livro, que publicmos (Fernandes 1859: 1).
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12
Nobre foi o empenho de Muratori, pertendendo desterrar da oratoria sagrada o estilo
florido, e expresses argutas; nobre e gloriosa foi, tambem, a resoluo de Barbosa de
vulgarisar no seu paiz to s doutrina (Gusmo 1859: 151).
A terceira obra intitula-se Mundo allegorico ou plano da Religio Crist, representado
no plano do universo, dedicado ao clero da nao portugueza e foi publicada sob a
proteco do Em.mo
Sr. Cardeal Patriarcha, e dos Ex.mos
Srs. Arcebispos e Bispos (Fernandes
1859: 19). o objecto desta Obra (diz o Escriptor quasi no fim do seu preambulo) mostrar o
Plano da Religio Christ, representado e formalisado no Plano do Universo (Fernandes
1859: 19).
Para alm destas obras, Inocncio ainda nos d conta de mais de uma dezena de ttulos
que ficaram inditos e, segundo informao que bebe em Rodrigues de Gusmo, refere que
[] as obras acima poder-se-am reunir em 2 volumes de mais de 300 pag. cada um,
podendo intitular-se: Colleco de obras de Jeronymo Soares Barbosa (Silva 1883, X: 136).
Como podemos concluir pela lista de obras acima apresentada, qual podiam ainda ser
acrescentados mais ttulos, Soares Barbosa foi um autor polgrafo e a sua vasta erudio foi
reconhecida por grandes vultos da poca e contribuiu para o desenvolvimento dos estudos e
das letras. Repare-se na apreciao de Rodrigues de Gusmo (1844: 237):
So muitos os escriptos, que nos deixou este clebre Humanista, e de grandssima valia,
o que affiana no o nosso juizo, mas o do eruditissimo Cenaculo, o do esclarecido
professor de Rhetorica e de logica no real collegio dos nobres, e prior de S. Loureno, Jos
Caetano de Mesquita (foi editor de alguns de nossos bons classicos, e traductor excellente
das obrigaes civs de Santo Ambrosio, dos Sermes de Massillon, e outros escriptos,) e o
de outros vares de mui depurada litteratura, que com extremos de louvor os censuraram.
Do quanto estes escriptos concorreram para o progresso e aperfeioamento de nossas
lettras, facilmente se convencem os que houverem lido e meditado.
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13
3. Estudos sobre o autor e a sua obra
Durante um largo perodo de tempo, que se circunscreve entre a data da ltima edio,
1881, e a segunda metade do sculo XX, a Grammatica Philosophica ficou esquecida, facto
que est associado ao eclodir de novas correntes lingusticas, nomeadamente da corrente
histrico-comparativa,12
dada a conhecer em Portugal por Francisco Adolfo Coelho.13
Segundo Amadeu Torres, o ponto de viragem d-se com o surgimento da gramtica gerativa e
transformacional, pelo seu fundador Noam Chomsky:
[] desde meados de Novecentos com Chomsky e o seu gerativismo transformacional
aproximando de novo, alis com antecedentes helnico-medievais que no s cartesianos,
gramtica e reflexo filosfica, o gramaticalismo de cariz racionalista-iluminista e
consequentemente o seu ldimo representante entre ns Soares Barbosa vem-se
reabilitados, voltando a figurar nos currculos das Universidades (Torres 2005: 4).
Nos anos 80 do sculo passado, Luiz Carlos Cagliari queixava-se ainda de a
Grammatica Philosophica passar despercebida nos meios acadmicos e aponta como razo,
[] sem dvida, o fato de a GPLP ser uma gramtica diferente das que a precederam e lhe
seguiram (Cagliari 1985a: 93). justamente nesta dcada que comeam a surgir os primeiros
artigos sobre o autor e a sua obra14
, cabendo o pioneirismo, em Portugal, a Joo Malaca
Casteleiro, que, em 1979, com publicao em 1980, profere uma comunicao em sesso da
Classe das Letras da Academia das Cincias de Lisboa, intitulada A Doutrina Gramatical de
Jernimo Soares Barbosa. Nesta palestra, Malaca Casteleiro dedica-se anlise das fontes da
Grammatica Philosophica, bem como dos seus fundamentos lingusticos e filosficos, da sua
organizao interna, detendo-se particularmente no que os livros III e IV da obra tm de mais
original.
Um ano depois, o mesmo estudioso publica no Boletim de Filologia um outro artigo:
Jernimo Soares Barbosa: um gramtico racionalista do sculo XVIII. Aqui, Malaca
12 O fim do sculo XVIII marca uma mudana que tanto se manifesta na ideologia como na filosofia e nas
cincias que iro desenvolver-se no sculo XIX. descrio dos mecanismos (incluindo o da lngua) e sistematizao dos tipos (incluindo o das diversas lnguas), sucede-se a concepo evolucionista, histrica. J no basta formular regras de funcionamento ou correspondncias entre os conjuntos estudados: preciso
abrang-los com um s olhar que os coloca em linha ascendente. O historicismo vai ser a marca fundamental do pensamento do sculo XIX, e a cincia da linguagem no lhe conseguir escapar (Kristeva 2007: 197).
13 Efectivamente, no obstante haver sido um autodidacta, foi F. Adolpho Coelho quem tornou conhecidas em Portugal algumas importantes obras dos linguistas alemes, de que traduzia, no raro, passagens significativas,
com uma fidedignidade acentuada [] (Santos 2010, I: 182).
14 A propsito desta temtica, veja-se tambm Torres (2005: 4-6).
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14
Casteleiro debrua-se sobre trs aspetos essenciais: os dados biogrficos do gramtico, a sua
atividade enquanto pedagogo e a Grammatica Philosophica, nomeadamente os princpios
gerais que subjazem obra e a sua organizao e contedo. Em ambos os artigos, o estudioso
serve-se da segunda edio (1830) da Grammatica.
Em 1982, Amadeu Torres, no I Congresso Luso-Brasileiro de Filosofia, apresentou a
comunicao Gramaticalismo e especulao A propsito da Grammatica Philosophica de
Jernimo Soares Barbosa, publicada na Revista Portuguesa de Filosofia e, posteriormente,
na obra Gramtica e Lingustica: Ensaios e outros estudos. Neste artigo, destaca-se os
confrontos que Torres efetua entre a Grammatica Philosophica, por um lado, e a Grammaire
Gnrale et Raisonne e La Logique ou lArt de Penser, por outro. Nas referncias que faz
obra, serve-se o autor da segunda edio (1830).
Maria Gabriela Bernardo publica, em 1985, em Arquiplago Lnguas e Literaturas
N. 1, o artigo A ordem das palavras na Gramtica Filosfica de Jernimo Soares Barbosa,
debruando-se sobre o livro IV da Grammatica Philosophica, sobretudo sobre a teorizao do
gramtico acerca da ordem das palavras, estabelecendo um cotejo com os gramticos
franceses. Para a sua anlise, baseia-se a autora na quinta edio (1871) da Grammatica.
Em 1986, dedica Simo Cerveira Cardoso a sua dissertao de Mestrado, intitulada A
Gramtica Filosfica de Jernimo Soares Barbosa: reflexos da Gramtica Geral, ao []
levantamento dos princpios da gramtica Geral que servem de fundamento G. F. []
(Cardoso 1986: 7). Nesta investigao, serve-se o estudioso da quinta edio (1871) da
Grammatica.
Filomena Gonalves, em 1998, contribui para a divulgao do gramtico com um
resumo das ideias principais da Grammatica Philosophica em Grammaires portugaises
(Corpus reprsentatif de la tradition grammaticale portugaise), Histoire, Epistmologie
(Revue dite para la Socit dHistoire et dEpistmologie des Sciences du langage), e, um
ano depois, com a sua tese doutoral, publicada em 2003 pela Fundao Calouste Gulbenkian,
com o ttulo de As Ideias Ortogrficas em Portugal de Madureira a Gonalves Viana. Neste
estudo, a investigadora serve-se da primeira edio (1822) da Grammatica.
Em 2000, Miguel Gonalves, na sua tese doutoral, A Interjeio em Portugus,
publicada dois anos depois pela Fundao Calouste Gulbenkian, dedica-se tambm anlise
da interjeio em Soares Barbosa. A edio da Grammatica consultada neste estudo a
segunda (1830).
Em 2002, Fernanda Miranda Menndez publica, em Histria da Lngua e Histria da
Gramtica, o artigo Das Gramticas Filosficas manuscritas, no qual identifica seis
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15
testemunhos em resposta ao desafio lanado pela Academia das Cincias em relao ao tema
gramtica filosfica e aponta alguns elementos presentes nas referidas gramticas,
contribuindo para esclarecer que nenhum destes manuscritos o da Grammatica Philosophica
de Jernimo Soares Barbosa.
Em 2004, Amadeu Torres publica o artigo O contributo conceptual das gramticas
filosficas para a histria da lngua portuguesa, no qual, entre outros aspetos, d a conhecer o
legado conceptual das gramticas filosficas. Ainda neste mesmo ano, o Professor publica,
pela Academia das Cincias de Lisboa, a edio princeps da Grammatica Philosophica, com
reedio, um ano aps, pela Faculdade de Filosofia da Universidade Catlica Portuguesa.
No ano de 2005, Maria Helena Pessoa Santos doutora-se com a tese As ideias
lingusticas portuguesas na centria de Oitocentos, publicada em 2010 pela Fundao
Calouste Gulbenkian sob o mesmo ttulo. Abrangendo um corpus de gramticas
compreendido entre 1804 e 1891, estabelece, a autora, trs objetivos essenciais: [] captar a
homogeneidade ou heterogeneidade das caractersticas da exposio, descritiva, prescritivo-
normativista e/ou explicativa, da sintaxe do portugus []; [] indagar sobre o grau de
influncia nelas exercido por fontes culturais europeias e/ou, em particular, portuguesas
explicitamente reclamadas ou tacitamente assumidas pelos autores dessas obras [] e []
detectar a existncia de esboos nocionais pr-teoreticamente antecipantes de instrumentos
operatrios [] (Santos 2010, I: 25). A edio da Grammatica usada pela investigadora nos
presentes trabalhos a terceira (1862).
Em 2009, Rolf Kemmler, Carlos Assuno e Gonalo Fernandes publicam em
Domnios de Lingu@gem 3/2 o artigo Subsdios para o estudo das Gramticas Filosficas de
Jernimo Soares Barbosa (1737-1816), com o qual os autores pretendem [] iluminar as
principais questes relacionadas com a edio das duas obras gramaticais de Soares Barbosa
(Kemmler, Assuno e Fernandes 2009: 204). Neste estudo, as citaes da Grammatica
Philosophica fazem-se a partir da primeira edio (1822).
O Professor Amadeu Torres volta a dedicar a sua ateno a Soares Barbosa num artigo
publicado em 2010, em Ideias Lingusticas na Pennsula Ibrica (sc. XV a sc. XIX):
Projeo da lingustica ibrica na Amrica Latina, frica, sia e Ocenia, Volume II, com o
ttulo O gramaticalismo filosfico de Jernimo Soares Barbosa (1822) e os seus primeiros
discpulos no Brasil. No presente artigo, para alm dos dados acerca da vida e obra do
gramtico, as fontes da Grammatica Philosophica, entre outros aspetos, destaca-se a
abordagem que o autor faz aos discpulos barboseanos no Brasil, nomeadamente a Antnio da
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16
Costa Duarte e a Filippe Benicio de Oliveira Conduru. Para esta anlise, serve-se o eminente
fillogo da sua prpria edio anasttica de 2005.
No mesmo ano de 2010, publicado, em XXVI Encontro Nacional da Associao
Portuguesa de Lingustica: Textos Selecionados, o artigo As ideias lingusticas nos Prlogos
das gramticas de Pedro Jos da Fonseca (1799) e de Jernimo Soares Barbosa (1822) por
Snia Coelho, no qual a investigadora se dedica anlise das concees lingusticas dos
autores a partir dos prlogos das suas obras. A edio da Grammatica Philosophica
consultada neste estudo a primeira (1822).
Da produo de Rolf Kemmler acerca de Soares Barbosa, destacamos trs artigos: um
primeiro publicado em Diacrtica 25/1, em 2011, com o ttulo Um manual de ensino
primrio esquecido em finais do Antigo Regime: a Eschola Popular das Primeiras Letras, de
Jernimo Soares Barbosa (1796). Neste estudo, o investigador, debruando-se sobre a
Eschola Popular das Primeiras Letras, [] pretende apresentar as suas partes, enquadrando,
quando possvel, a doutrina exposta dentro da obra lingustica do prprio autor (Kemmler
2011: 204).
O segundo artigo em destaque foi publicado em 2012, na revista Lusorama, sob o ttulo
Neues zu den philosophischen Grammatiken von Jernimo Soares Barbosa (1737-1816) e,
entre outros aspetos, trata de questes relativas ao surgimento e propagao da Grammatica
Philosophica, tendo em conta algumas informaes localizadas no arquivo da Academia das
Cincias.
O terceiro artigo data tambm de 2012 e foi publicado em XXVII Encontro Nacional da
Associao Portuguesa de Lingustica: Textos Selecionados com o ttulo de A evoluo das
ideias ortogrficas de Jernimo Soares Barbosa: da Escola Popular (1796) Grammatica
Philosophica da Lingua Portugueza (1822). Almeja o investigador neste estudo observar a
evoluo das ideias ortogrficas do gramtico, [] com base nos trechos que servem de
introduo na matria ortogrfica em Barbosa (1796c) e Barbosa (1822), bem como algumas
observaes sobre a grafia dos sons vogais (orais e nasais), a diviso silbica e a grafia das
letras maisculas [] (Kemmler 2012a: 301).
Tambm de 2012 o artigo de Snia Duarte, intitulado A defesa perante Jernimo
Soares Barbosa nas Annotaes Arte da Grammatica Portugueza de Pedro Jos de
Figueiredo. Neste trabalho, dedica-se a investigadora a [] um estudo global dos aspetos
que esto na base do conflito terico entre os dois gramticos (Duarte 2012: 237). As
citaes da Grammatica Philosophica so feitas a partir da edio anasttica da autoria do
Professor Amadeu Torres.
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Finalmente, sai dos prelos em outubro de 2012, pela mo de Ricardo Charters
dAzevedo, 5. sobrinho neto de Jernimo Soares Barbosa, a obra Os Soares Barbosa
Ansianenses Ilustres. Dedica-se aqui o autor aos aspetos biobibliogrficos dos sete irmos
Soares Barbosa.
Do Brasil, surgem estudos acerca de Soares Barbosa ainda antes de surgirem em
Portugal. Em 1977, Hilma Ranauro realiza um trabalho monogrfico Breve estudo crtico da
Gramtica Filosfica de Jernimo Soares Barbosa ao qual se segue a sua dissertao de
mestrado em 1980 Os elementos conjuntivos na Gramtica Filosfica de Soares Barbosa.
Em 1985, Luiz Carlos Cagliari contribui para o estudo da obra do gramtico portugus
com dois artigos: um foi publicado nos Anais de Congressos do Gel, sob o ttulo de A escrita
na gramtica de Jernimo Soares Barbosa, e debrua-se sobre a importncia da escrita na
Grammatica Philosophica; o outro, intitulado O ritmo do portugus na interpretao de
Jernimo Soares Barbosa, foi publicado nos Anais do I Encontro Nacional de Fontica e
Fonologia. Depois de analisar aspetos como a acento, a quantidade das slabas e a aspirao,
o estudioso conclui que nenhuma gramtica at agora merece sequer ser comparada com a G.
Ph. L. P. no que se refere aos estudos do ritmo da fala (Cagliari 1985b: 38). No que respeita
edio da Grammatica Philosophica a que o estudioso recorre, embora no exista nenhuma
referncia ao ano em ambos os artigos, pelas caractersticas do texto, s pode tratar-se da
primeira (1822) ou da segunda (1830) edies.
Em Alfa, Revista de Lingstica (1986-1987), publica Edward Lopes Um prottipo de
gramtica gerativa portuguesa: a gramtica de Soares Barbosa, artigo em que o autor conclui
[] que a Grammatica Philosophica no s compendiou de modo exemplar a melhor
cincia lingstica de seus dias, como elaborou, assim fazendo, o prottipo iluminista da
primeira gramtica gerativa da lngua portuguesa (Lopes 1986-1987: 50).
Ainda do mesmo autor o artigo Pressupostos tericos e metodolgicos da Gramtica
Filosfica de Jernimo Soares Barbosa, que saiu dos prelos em 1989 (Estudos Gramaticais),
em que o estudioso debate alguns aspetos tericos da Grammatica Philosophica, []
especialmente os que dizem respeito taxinomia morfolgica que ela introduz e
fundamentao epistemolgica que a respalda (Lopes 1989: 66). Em ambos os artigos, a
edio consultada por Edward Lopes a quinta (1871).
Em 1989, Clia Maria Limongi Sterse dedica aos estudos barboseanos a sua dissertao
de Mestrado, A Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza uma gramtica antiga e
atual, atravs da qual procura mostrar a importncia da Grammatica Philosophica da Lingua
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Portugueza, apresentando as [] suas caractersticas relevantes, fazendo a anlise dos fatos
gramaticais no campo da Etimologia (Morfologia) e Sintaxe [] (Sterse 1989: 284) e
explorando a atualidade da obra. Neste estudo, as citaes da Grammatica so feitas a partir
da sexta edio (1875).
Do mesmo ano outra dissertao de Mestrado, da autoria de Patrcia de Castro
Trindade, com o ttulo de As Estruturas Mentais de um Portugus do Sculo XVIII: Jernimo
Soares Barbosa. Neste trabalho, Trindade (1989: VI) tem como objetivo [] estabelecer
aproximaes entre o contexto histrico e filosfico de sua poca e as estruturas mentais do
autor. Quanto edio da Grammatica Philosophica que a estudiosa consulta, trata-se da
quinta (1871).
Tambm de 1989 o artigo Soares Barbosa e os gramticos do sculo XIX de Joo
Alves Pereira Penha, no qual o autor evidencia o aproveitamento da Grammatica
Philosophica feito por alguns gramticos brasileiros, nomeadamente por Antnio da Costa
Duarte, Sotero dos Reis, Ernesto Carneiro Ribeiro, entre outros. Para a elaborao deste
artigo, o autor consulta a segunda edio (1830) da Grammatica.
Em 1996, Leonor Lopes Fvero publica As concepes lingsticas do sculo XVIII: a
Gramtica Portuguesa, obra em que examina as produes gramaticais do sculo XVIII,
debruando-se sobre a Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza da pgina 203 255.
A anlise empreendida assenta em cinco pontos essenciais: viso geral, o objeto da
gramtica, a organizao da gramtica, a etimologia e a sintaxe e construo. Nesta
obra, a edio da Grammatica citada a sexta (1875).
Hilma Ranauro, autora que mais se tem dedicado aos estudos sobre Soares Barbosa, em
2003, presta novamente o seu contributo, publicando o artigo O legado de Jernimo Soares
Barbosa na Revista Portuguesa de Humanidades. Neste trabalho, distinguem-se quatro
temas: A Gramtica de Port-Royal, Dados Bio-bibliogrficos, Gramtica e Ensino da
Lngua e O legado de Jernimo Soares Barbosa.
Um ano depois, a mesma investigadora publica o livro Significado e Relao a carga
semntica dos elementos conectivos, dando enfoque ao estudo do verbo como elemento de
relao e ao estudo da preposio e da conjuno. Os estudos barboseanos de Hilma Ranauro
no param por aqui. Tem, no momento, concludo um extenso trabalho intitulado Normas e
usos em Jernimo Soares Barbosa, encontrando-se, porm, indito. Nos seus trabalhos, segue
a estudiosa a stima edio (1881) da Grammatica Philosophica.
Muito recentemente, Luiz Carlos Cagliari volta a conceder ateno s questes do ritmo
na Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, publicando, na Revista de Letras (2012),
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19
o artigo Comentrios descrio do ritmo do portugus na Gramtica de Jernimo Soares
Barbosa. Da sua anlise, destacam-se os seguintes aspetos: a relevncia da prosdia,
durao silbica, as regras de durao das vogais, as regras derivadas do uso e
tonicidade. Neste trabalho, o autor serve-se da primeira edio (1822) da Grammatica.
Na Alemanha sobressaem os trabalhos de Barbara Schfer-Prie, da qual destacamos,
em 2000, Die portugiesische Grammatikschreibung von 1540 bis 1822.
Entstehungsbedingungen und Kategorisierungsverfahren vor dem Hintergrund der
lateinischen, spanischen und franzsischen Tradition,15
representando Jernimo Soares
Barbosa o terminus ad quem do corpus gramatical estudado. Da mesma autora tambm o
artigo, datado de 2001, A introduo da Grammaire Gnrale francesa em Portugal, que
apresenta uma diviso em dois pontos principais: A Gramtica Geral em Frana e A
gramtica dos sculos XVII e XVIII em Portugal. Finalmente, da mesma investigadora,
destacamos ainda Gramaticografia em contacto: as gramticas portuguesas de Pedro Jos da
Fonseca e Jernimo Soares Barbosa e a Gramtica de la lengua castellana da Real Academia
Espaola de 1771, artigo publicado em 2005, na revista Estudios Portugueses, no qual a
estudiosa, pretendendo antes analisar como Fonseca, adaptando uma gramtica castelhana,
trata as diferenas, ao nvel do objecto, entre o portugus e o castelhano (Schfer-Prie 2005:
130), circunscreve o seu estudo a trs fenmenos gramaticais: o acusativo preposicional, as
formas verbais em ra e o pretrito perfeito composto. Nos seus trabalhos, Schfer-Prie usa a
terceira edio (1862) da Grammatica Philosophica.
Em Espanha tambm estudado o nosso gramtico, como o comprova o artigo de
Manuel Amor Couto, Gramtica e teorizao lingustica em Portugal: a Gramtica Filosfica
de Jernimo Soares Barbosa, publicado na Revista Galega de Filoloxa, em 2004. Diz o
autor na introduo do texto que seu propsito neste artigo [] fazer uma exposio das
ideias lingusticas presentes num dos gramticos portugueses mais interessantes do
iluminismo portugus, Jernimo Soares Barbosa [] (Amor Couto 2004: 11). Nas
referncias que faz obra, serve-se o estudioso da quarta edio (1866).
15 Encontra-se no prelo uma verso deste trabalho traduzida em portugus.
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A listagem de estudos que apresentmos, qual adicionamos tambm o presente estudo
e edio,16
provam que o nosso gramtico e as suas ideias lingusticas esto bem vivos e,
seguramente, continuaro a ser alvo de interesse por parte dos investigadores. Como conclui
Amadeu Torres, aps um interregno, [] Jernimo Soares Barbosa retornou ribalta e ao
interesse dos estudiosos, nomeadamente em Portugal, no Brasil e na Alemanha (Torres 2010:
863).
16 As referncias a Soares Barbosa e sua obra no se esgotam, evidentemente, nesta listagem de estudos
apresentada, pois o gramtico citado em muitos outros artigos e estudos, ainda que no seja o escopo da
anlise. A ttulo de exemplo, j na sua dissertao doutoral, publicada em 1973, Anbal Pinto de Castro
destacava a importncia de Soares Barbosa enquanto pedagogo, difusor dos clssicos, particularmente de
Quintiliano, e autor da [] mais completa gramtica da lngua portuguesa publicada at ento [] (Castro 1973: 601).
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CAPTULO II
A GRAMMATICA PHILOSOPHICA DA LINGUA PORTUGUEZA
DE JERNIMO SOARES BARBOSA
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23
1. A edio
Segundo West (2002: 79), a primeira questo que o editor deve colocar se a edio
que pretende levar a cabo verdadeiramente necessria. Quando o nosso orientador nos
sugeriu a realizao desta tarefa, pareceu-nos de imediato bvio que a Grammatica
Philosophica da Lingua Portugueza de Jernimo Soares Barbosa, por si s, justificava a
presente edio, dado tratar-se de uma obra de elevado valor, que [] ainda hoje ocupa um
lugar de incontestvel destaque no conjunto do gramaticalismo porugus (Torres 2005: 3).
No entanto, mal comemos as nossas indagaes para a descoberta das vrias impresses do
texto e dos estudos que dele existem, a necessidade da realizao de uma edio crtica
tornou-se ainda mais evidente. Como mostrmos acima, quando apresentmos a listagem dos
estudos dedicados a Soares Barbosa e sua obra, os investigadores no se servem todos da
primeira edio da Grammatica Philosophica para a realizao dos seus trabalhos (cf. Torres
2005: 8), antes encontramos um leque de escolhas variado, que vai da primeira ltima
edies: servem-se, por exemplo, da primeira edio (1822) Luiz Carlos Cagliari e Rolf
Kemmler; da segunda (1830) Amadeu Torres, Malaca Casteleiro e Joo Penha; da terceira
(1862) Maria Helena Pessoa Santos e Barbara Schfer-Prie; da quarta (1866) Manuel Amor
Couto; da quinta (1871) Simo Cerveira Cardoso e Edward Lopes; da sexta (1875) Leonor
Lopes Fvero e Clia Sterse; e da stima (1881) Hilma Ranauro.
Com efeito, poder-se- dever esta escolha to diversificada raridade dos exemplares
da primeira edio, como sugere Amadeu Torres, facto que motivou o Professor a abalanar-
se oitava edio da Grammatica Philosophica.17
Colmatada a necessidade de reedio do
texto princeps, restava contudo por cumprir a realizao de um estudo crtico, que
desvendasse as vicissitudes do texto, dando a conhecer as sete edies na ntegra e as suas
caractersticas. Entregmo-nos, assim, a esta tarefa, conscientes da grande responsabilidade
que constitua e imbudos da maior dedicao.
Tendo em conta os objetivos a que nos propusemos e dada a existncia de uma
reproduo facsimilada da obra, a escolha do tipo de edio a realizar imps-se naturalmente:
a edio crtica. Com efeito, LA EDICIN CRTICA, en la que el texto se establece tras el
examen de toda la tradicin textual, es la que mejor satisface las expectativas del
investigador (Snchez-Prieto Borja 2011: 15).
17 Atualmente, outra forma de aceder rpida e facilmente ao texto da primeira edio da Grammatica
Philosophica da Lingua Portugueza atravs da Biblioteca Nacional Digital, onde o texto se encontra disponvel
(cf. purl.pt/128).
-
24
1.1 As edies da Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza
Aps a tomada de deciso de editar a Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza,
prodecemos localizao de todos os testemunhos diretos, nomeadamente das edies
oitocentistas. Graas evoluo e ao incremento dos trabalhos que tm sido desenvolvidos na
rea da historiografia lingustica, no encontrmos as dificuldades que em outros tempos teve
de ultrapassar Carlos Assuno (cf. 2000: 16), pois ponto concorde que a Grammatica
Philosophica teve sete edies no sculo XIX e a localizao de alguns dos seus exemplares18
foi j identificada por Simo Cerveira Cardoso em Historiografia Gramatical (1500-1920):
Lngua Portuguesa - Autores Portugueses (1994). Ademais, o acesso aos textos foi facilitado,
por um lado, porque o nosso colega Rolf Kemmler dispe de um exemplar de todas as edies
e teve a amabilidade de n-las emprestar e, por outro, porque se encontram tambm
disponveis exemplares das sete edies na Biblioteca Nacional de Portugal e na Academia
das Cincias.19
So as seguintes as edies identificadas no processo da recensio:
B[arbosa], J[ernimo] S[oares] (11822): GRAMMATICA / PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA, / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM. / POR J. S. B. / Deputado da Junta da Directoria Geral dos
Estudos, e Es- / colas do Reino em a Universidade de Coimbra // Lisboa: / NA
TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA DAS SCIENCIAS. / 1822 ([IV], XIV, 466 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (21830): GRAMMATICA / PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA, / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM. / POR / JERONYMO SOARES BARBOZA / Deputado da Junta da
Directoria Geral dos Estudos, e Es- / colas do Reino em a Universidade de Coimbra, e
Socio / da Academia Real das Sciencias. / SEGUNDA EDIO. // Lisboa: / NA
18 Para alm dos exemplares identificados por Simo Cardoso, podemos ainda encontrar exemplares da Grammatica Philosophica, por exemplo, na biblioteca da Universidade de Aveiro (segunda edio, 1830), na
biblioteca da Universidade de Lisboa (primeira edio, 1822; segunda edio, 1830; quinta edio, 1871; stima
edio, 1881), ou ainda na biblioteca Joo Paulo II, da Universidade Catlica Portuguesa (segunda edio, 1830;
quarta edio, 1862; quinta edio, 1871). Uma nota de destaque vai para o exemplar da primeira edio que se
encontra catalogado na biblioteca da Universidade de Coimbra, uma vez que, quando solicitmos a sua consulta,
formos informados de que este preciosssimo livro se encontra em parte incerta, ou seja, lamentavelmente
desaparecido.
19 No podemos deixar de manisfestar aqui uma palavra de apreo pelo Professor Amadeu Torres, que, apenas
soube da empresa a que nos amos dedicar, nos incentivou e presenteou com um exemplar da sua edio. Fica-
nos uma enorme pena, por no lhe podermos retribuir agora a sua amabilidade com um exemplar do nosso
trabalho.
-
25
TYPOGRAPHIA DA MESMA ACADEMIA. / 1830. / Com Licena de SUA MAGESTADE
([IV], XIV, 458 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (31862): GRAMMATICA / PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM / POR / JERONYMO SOARES BARBOZA / DEPUTADO DA JUNTA
DA DIRECTORIA GERAL DOS ESTUDOS E ESCLAS DO REINO / EM A UNIVERSIDADE DE
COIMBRA / E SOCIO DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS / TERCEIRA EDIO // Lisboa /
TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA / M DCC LXII / (XVI, 347 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (41866): GRAMMATICA PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM / POR / JERONYMO SOARES BARBOSA / QUARTA EDIO //
LISBOA / TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS / M DCCC LXVI (XVI, 304
pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (51871): GRAMMATICA PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM / POR / JERONYMO SOARES BARBOSA / QUINTA EDIO //
LISBOA / TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS / MDCCCLXXI (XVI, 320
pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (61875): GRAMMATICA PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM / POR / JERONYMO SOARES BARBOSA / SEXTA EDIO //
LISBOA / TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS / 1785 (XVI, 320 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (71881): GRAMMATICA PHILOSOPHICA / DA / LINGUA
PORTUGUEZA / OU / PRINCIPIOS DA GRAMMATICA GERAL / APPLICADOS
NOSSA LINGUAGEM / POR / JERONYMO SOARES BARBOSA / SETIMA EDIO //
LISBOA / TYPOGRAPHIA DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS / 1781 (XVI, 320 pgs.).
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26
Barbosa, Jernimo Soares (82004): Gramtica Filosfica da Lngua Portuguesa (1822).
Edio fac-similada, comentrio e notas de Amadeu Torres. Lisboa: Academia das
Cincias de Lisboa (VIII, 515 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (92005): Gramtica Filosfica da Lngua Portuguesa (1822).
Edio anasttica, comentrio e notas crticas de Amadeu Torres. Braga: Publicaes da
Faculdade de Filosofica, Universidade Catlica Portuguesa (XVI, 515 pgs.).
Barbosa, Jernimo Soares (10
s/d): Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza. Edio
fac-similada da quinta edio de 1871. Charleston, Bibliolife (XVI, 320 pgs.).
1.2 A escolha do texto
Tradicionalmente, na senda das correntes lachmanniana e bedieriana, [] a edio
crtica tida como operao absolutamente necessria ao perfeito entendimento de um texto,
ou sua completa interpretao filolgica, segundo critrios que melhor possam aproxim-lo
da ltima vontade consciente do seu autor (Azevedo Filho 1987: 16).
Tendo em considerao estes pressupostos, e perante a impossibilidade de dispor do
manuscrito autgrafo,20
a escolha do texto de base21
incidiu sobre a editio princeps, datada de
20 Como se sabe pela informao que consta no ARTIGO EXTRAHIDO DAS ACTAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS (Barbosa 1822: [II]), impresso juntamente com a gramtica, a obra foi apresentada Academia por Jernimo Soares Barbosa, sendo esta informao corroborada na ata da sesso de 2 de julho de
1816, onde se usa explicitamente o termo offerecido (cf. Kemmler 2012c: 170). Segundo informao apurada por Kemmler (2012c: 170-171), em 1875 o manuscrito ainda se encontrava na posse da tipografia da Academia
(servindo provavelmente de base para a preparao da sexta edio, que data deste mesmo ano), dado constar no
inventrio das obras que a estavam arquivadas, estabelecido pelo ento diretor desta tipografia, Carlos Cirilo da
Silva Vieira. A partir deste momento, nada mais se sabe do manuscrito autgrafo, no sendo possvel, at ao
momento, localizar o seu paradeiro.
21 A teoria do copy-text, cujo termo foi introduzido por R. B. MacKerrow, foi desenvolvida por MacKerrow e W.
W. Greg (cf. Greg 1950-1951).
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27
1822, dado tratar-se da edio mais prxima do autor,22
no s em termos temporais, mas
tambm em termos das caractersticas formais do texto.23
1.3 Siglas
Das dez edies existentes da Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza,
excluram-se da presente edio crtica as trs ltimas, dado tratar-se de facsmiles da
primeira e da quinta edies. As outras sete, edies oitocentistas, sero as colacionadas e
identificam-se pelas seguintes siglas:
A a primeira edio de 1822;
B a segunda edio de 1830;
C a terceira edio de 1862;
D a quarta edio de 1866;
E a quinta edio de 1871;
F a sexta edio de 1875;
G a stima edio de 1881.
22 A aprovao da impresso da Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza, pela Academia das Cincias,
foi feita cerca de seis meses aps a morte de Jernimo Soares Barbosa, em sesso de 6 de junho de 1816. Nesta
mesma sesso, os acadmicos presentes decidiram remeter o manuscrito ao irmo do gramtico, Nicolau Soares
Barbosa, para este rever o texto, emendando-o segundo a ortografia e os princpios do autor. No entanto, mais
uma vez, no se sabe sequer se essas correes chegaram a ser feitas e, se o foram, em que medida alteraram o
texto autgrafo. (Para a transcrio do excerto da ata da sesso de 6 de junho de 1816, consulte-se Kemmler
(2012c: 169)).
23 Do ponto de vista meramente formal, a primeira edio , normalmente, a mais prxima do original, tendo sofrido o mnimo de interferncias por parte do copista ou do editor (Spaggiari e Perugi: 2004: 129).
-
28
1.4 Descrio das edies
Edio A
A primeira edio, A, foi impressa em 1822 e apresenta um formato in quarto.24
Na
pgina de rosto apresentado o ttulo da obra em maisculas, o autor (apenas com as iniciais
J. S. B e com a referncia ao cargo de Deputado da Junta da Directoria Geral dos Estudos, e
das Escolas do Reino em a Universidade de Coimbra (Barbosa 1822: [I])), o logotipo da
Academia das Cincias, o local de edio, a tipografia e o ano de edio.
Seguem-se duas folhas, uma que apresenta uma citao de Ccero e outra dedicada ao
artigo das atas da Academia, relativo sesso de 29 de julho de 1817, que determina a
publicao da obra. Este despacho acadmico data de 17 de junho de 1820 e est assinado
pelo ento Secretrio da Academia, o abade Jos Correia da Serra.
A introduo obra ocupa catorze pginas e a gramtica, dividida em quatro livros,
ocupa as 451 pginas que se seguem. O livro termina com um ndice dos captulos, artigos e
pargrafos da gramtica, que perfaz um total de seis pginas. A separar o ARTIGO
EXTRAHIDO DAS ACTAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS (Barbosa 1822:
[II]) e a introduo, bem como a gramtica e o ndice, encontramos uma pgina em branco.
A paginao da obra feita em numerao rabe, com exceo da introduo, que
apresenta numerao romana.
A partir da introduo, as pginas contm um cabealho, no qual surge a numerao da
pgina, apresentada esquerda nas pginas pares e direita nas mpares. Nos quatro livros
que compem a gramtica, o cabealho, para alm da indicao da pgina, contm ainda, ao
centro, nas pginas pares, o ttulo GRAMMATICA e, nas pginas mpares, o ttulo
PHILOSOPHICA. No ndice, o cabealho apresenta igualmente a paginao e, ao centro, o
ttulo INDICE. de realar que, nas pginas que iniciam a gramtica e o ndice, o cabealho
ostenta somente a indicao da pgina.
No final do livro, encontramos ainda o CATALOGO Das Obras j impressas; e
mandadas publicar pela Academia Real das Sciencias de Lisboa; com os preos, por que
cada huma dellas se vende brochada (Barbosa 1822: 459), que, no fazendo parte da obra,
foi certamente impresso juntamente com ela e para a integrar, pois h uma continuidade na
numerao das pginas, ou seja, as pginas do catlogo so numeradas e vo da 459 466. A
24 Sobre os tipos de formato dos livros e outros assuntos relativos composio tipogrfica, veja-se Houaiss
(1967, I).
-
29
Grammatica Philosophica de Soares Barbosa o ltimo livro anunciado como impresso,
surgindo no nmero LIX, e encontra-se marcada com o preo de venda de 960 ris.25
Relativamente mancha grfica, a designao dos livros e dos captulos surge
totalmente em maisculas e num tipo de letra maior. Os ttulos surgem com o mesmo
tamanho do texto e destacados a itlico. Com este destaque a itlico so tambm apresentadas
algumas regras e definies de conceitos, bem como os exemplos e as palavras-tema (estes
dois ltimos tambm em maiscula).
Ao longo do texto, apresentam-se notas de rodap numeradas, num tipo de letra menor
que o do corpo do texto e separadas deste atravs de uma linha horizontal, cuja numerao
reinicia com a mudana de pgina.
Sempre que se inicia um novo livro ou captulo, regista-se a capitalizao da letra
inicial, podendo apresentar umas das duas seguintes modalidades: capitalizao da letra
inicial, seguida de todas as restantes em maiscula; ou capitalizao da letra inicial, seguida
de outra igualmente em maiscula. A apresentao do pargrafo marca-se atravs do sinal .
A ltima linha do corpo do texto destinada ao reclamo, colocado no canto direito da
mesma. Na primeira e segunda pginas de cada caderno, juntamente com o reclamo, surge a
assinatura, composta por uma letra (C), uma letra e um nmero (C 2), vrias letras (Cc) ou
vrias letras e um nmero (Ccc 2).
Importa, ainda, destacar o uso das aspas, que tm o formato de duas vrgulas [,,] e
surgem a abrir [] e a encerrar [,,] citaes, repetindo-se tambm, esquerda, em todas as
linhas das mesmas [,,]; e os parnteses curvos, que so usados para inserir comentrios ou
explicaes adicionais acerca do tpico em discusso, para indicar definies, etimologias ou
referncias bibliogrficas e incluir a numerao das notas de rodap.
Finalmente, ao longo do texto, encontram-se pontualmente taboas, ou tabelas,
geralmente sem qualquer limite exterior ou interior, nas quais o tamanho da letra inferior ao
do corpo do texto.
25 Segundo a informao que consta no final do Catalogo, estas obras encontravam-se venda [] em Lisboa nas lojas dos Mercadores de Livros na rua das Portas de Santa Catharina; e em Coimbra, e no Porto tambem
pelos mesmos preos (Barbosa 1822: 466).
-
30
Edio B
A segunda edio, B, data de 1830, portanto foi publicada oito anos aps a primeira, e
apresenta um formato in quarto. Na pgina de rosto apresentado o ttulo da obra em
maisculas e o nome do autor, que nesta edio j surge por extenso. Para alm da referncia
ao cargo de Jernimo Soares Barbosa como Deputado da Junta da Directoria Geral dos
Estudos, e das Escolas do Reino em a Universidade de Coimbra (Barbosa 1830: [I]),
acrescenta-se a informao e Socio da Academia Real das Sciencias (Barbosa 1830: [I]).
Segue-se o nmero da edio, que tambm no constava na primeira, o logotipo da Academia,
o local de edio, a tipografia, o ano de edio e ainda a frase Com Licena de SUA
MAGESTADE (Barbosa 1830: [I]).
Tal como acontece na primeira edio, ao frontispcio sucede uma pgina que apresenta
uma citao de Ccero e outra dedicada ao ARTIGO EXTRAHIDO DAS ACTAS DA
ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DA SESSO DE 5 DE NOVEMBRO DE 1829 (Barbosa
1830: [II]), que determina a reimpresso da obra [] custa da Academia, e debaixo do seu
Privilegio (Barbosa 1830: [II]). Este despacho acadmico data de 2 de setembro de 1830 e
est assinado pelo ento Vice-Secretrio da Academia, Manuel Jos Maria da Costa e S.
No que diz respeito ao nmero de pginas, encontramos exatamente o mesmo nmero
da primeira edio: a introduo ocupa catorze pginas; a gramtica, dividida em quatro
livros, ocupa 451 pginas; e o ndice dos captulos, artigos e pargrafos perfaz um total de seis
pginas. A separar o ARTIGO EXTRAHIDO DAS ACTAS DA ACADEMIA REAL DAS
SCIENCIAS (Barbosa 1830: [II]) e a introduo, bem como a gramtica e o ndice,
encontramos uma pgina em branco.
A paginao da obra feita em numerao rabe, com exceo da introduo, que
apresenta numerao romana.
Assim como na primeira edio, a partir da introduo, as pginas contm um
cabealho, no qual surge a numerao da pgina, apresentada esquerda nas pginas pares e
direita nas mpares. Nos quatro livros que compem a gramtica, o cabealho, para alm da
indicao da pgina, contm ainda, ao centro, nas pginas pares, o ttulo GRAMMATICA e,
nas pginas mpares, o ttulo PHILOSOPHICA. No ndice, o cabealho apresenta igualmente a
paginao e, ao centro, o ttulo INDICE. de realar que, nas pginas que iniciam a
gramtica e o ndice, o cabealho ostenta somente a indicao da pgina.
Relativamente mancha grfica, deve notar-se que h uma quase total coincidncia com
a edio A, sendo frequente ocorrer o mesmo nmero de palavras por linha e sendo muito raro
-
31
haver divergncia quanto ao nmero de palavras por pgina, que, quando ocorre, no
ultrapassa as dez unidades e , logo na pgina seguinte, retomado.
A designao dos livros e dos captulos surge totalmente grafada em maisculas e num
tipo de letra maior. Os ttulos tm o mesmo tamanho de letra que o corpo do texto e so
destacados a itlico. Em itlico so tambm apresentadas algumas regras e definies de
conceitos, bem como os exemplos e as palavras-tema (estes dois ltimos tambm em
maiscula).
Ao longo do texto, apresentam-se notas de rodap numeradas, num tipo de letra menor
que o do corpo do texto e separadas deste atravs de uma linha horizontal, cuja numerao
reinicia com a mudana de pgina.
Sempre que se inicia um novo livro ou captulo, regista-se a capitalizao da letra
inicial, podendo manifestar duas modalidades: capitalizao da letra inicial, seguida de todas
as restantes em maiscula; ou capitalizao da letra inicial, seguida de outra igualmente em
maiscula. A apresentao do pargrafo marca-se atravs do sinal .
A ltima linha do corpo do texto destinada ao reclamo, colocado no canto direito da
mesma. Na primeira e segunda pginas de cada caderno, juntamente com o reclamo, surge a
assinatura, composta por uma letra (C), uma letra e um nmero (C 2), vrias letras (Cc) ou
vrias letras e um nmero (Ccc 2).
Tal como na primeira edio, as aspas tm o formato de duas vrgulas [,,] e surgem a
abrir [] e a encerrar [,,] citaes, repetindo-se tambm, esquerda, em todas as linhas das
mesmas [,,]; e os parnteses curvos so usados para inserir comentrios ou explicaes
adicionais acerca do tpico em discusso, para indicar definies, etimologias ou referncias
bibliogrficas e incluir a numerao das notas de rodap.
Ao longo do texto, encontram-se pontualmente taboas, ou tabelas, geralmente sem
qualquer limite exterior ou interior, nas quais o tamanho da letra inferior ao do corpo do
texto.
Digna de destaque , ainda, a referncia que Inocncio faz, no volume III, aos
exemplares impressos debaixo da designao de segunda edio. Segundo o estudioso, os
exemplares da edio de 1830 apresentam algumas diferenas no que respeita aos tipos e ao
papel, devido ao facto de terem sido impressos em dois momentos diferentes:
Para explicar a discrepancia que se observa nos diversos exemplares desta edio,
assim no typo, como no papel, de pag. 259 em diante, convem saber que a tiragem fra no
principio mais numerosa (creio que de 1:500 exemplares); quando porm ella chegava a
-
32
pag. 258, a Academia resolveu que dahi em diante ficasse reduzida a metade. Restou por
conseguinte meia incompleta, e assim se conservou at que de todo se exhauriram os
exemplares publicados. Em 1856 a Academia mandou proseguir na composio e tiragem
das folhas que faltavam para completar o volume, isto , de pag. 259 at 458, em que
findou a obra; e que se fizessem tambem novos frontispicios, conservando nestes as
mesmas indicaes de segunda edio, e a data de 1830. Assim se executou, e os
exemplares appareceram venda; mas pela differena dos typos e pela do papel, facilmente
se distinguem estes publicados em 1856 dos que foram realmente impressos em 1830 (Silva
1859, III: 277).
Em nenhum dos exemplares da segunda edio que consultmos, detetmos as
caractersticas descritas por Inocncio.
Edio C
A terceira edio, C, data de 1862, portanto foi publicada 32 anos aps a segunda, e
apresenta um formato in oitavo. Diferentemente das duas anteriores, a anteceder a pgina de
rosto, surge uma folha onde se pode encontrar o ttulo GRAMMATICA PHILOSOPHICA
DA LINGUA PORTUGUEZA (Barbosa 1862: I). Na pgina de rosto apresentado o ttulo
da obra em maisculas e o nome do autor por extenso, com a referncia aos cargos de
DEPUTADO DA JUNTA DA DIRECTORIA GERAL DOS ESTUDOS E ESCLAS DO REINO EM A
UNIVERSIDADE DE COIMBRA E SOCIO DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS (Barbosa 1862: III).
Segue-se o nmero da edio, TERCEIRA EDIO, o logotipo da Academia (que apresenta
algumas diferenas em relao ao ostentado pelas duas edies anteriores), o local de edio,
a tipografia e o ano de edio, que, diversamente das edies A e B, surge grafado em
numerao romana (M DCCC LXII).
Tal como acontece na primeira edio, ao frontispcio sucede uma pgina com uma
citao de Ccero. No entanto, a partir desta edio, j no se encontra mais o paratexto
informativo, EXTRAHIDO DAS ACTAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS
(Barbosa 1822: [II]), que nos dava conta da deliberao dos acadmicos relativamente
reimpresso da obra.
Assim, segue-se de imediato a introduo obra, que ocupa onze pginas, numeradas de
VI a XV. A gramtica, dividida em quatro livros, ocupa as 342 pginas que se seguem. O
livro termina com um ndice dos captulos, artigos e pargrafos da gramtica, que perfaz um
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33
total de cinco pginas. A separar a introduo e a gramtica encontramos uma pgina em
branco.
A paginao da obra feita em numerao rabe, com exceo da introduo, que
apresenta numerao romana.
Tal como nas edies anteriores, a introduo contm um cabealho, no qual surge a
numerao da pgina, apresentada esquerda nas pginas pares e direita nas mpares,
acrescentando-se, nesta edio, o ttulo INTRODUCO ao centro. Nos quatro livros que
compem a gramtica, o cabealho, para alm da indicao da pgina, contm, ao centro, nas
pginas pares, o ttulo GRAMMATICA e, nas pginas mpares, o ttulo
PHILOSOPHICA. No ndice, o cabealho apresenta igualmente a paginao e, ao centro, o
ttulo INDICE. de realar que, nestas trs partes indicadas, apenas no encontramos
cabealho nas pginas que iniciam a introduo e a gramtica. Na pgina que introduz o
ndice, h somente a indicao da pgina.
Comparativamente s duas primeiras edies, nota-se uma diferena no tipo de letra
usado no cabealho: para alm de, nesta edio, o tamanho da letra ser inferior, nas duas
primeiras a inicial do ttulo grafada em letra maiscula e as restantes em letras maisculas
pequenas, o que no acontece aqui, que surgem todas em maisculas.
No que respeita mancha grfica, verifica-se desde logo um aumento do nmero de
palavras por pgina, o que culmina numa reduo da obra em 111 pginas relativamente s
edies anteriores. Assim, nas primeiras edies, a mancha grfica ocupa 16 cm x 9,3 cm da
folha, ao passo que, nesta terceira, ocupa 18 cm x 10,2 cm.
A designao dos livros e dos captulos surge totalmente grafada em maisculas e num
tipo de letra maior. No entanto, contrariamente ao que acontecia nas duas anteriores edies, o
ttulo dado ao captulo surge todo grafado em letras maisculas. Em itlico, so apenas
registados os ttulos dos pargrafos ou outras subdivises inferiores. Recorre-se tambm ao
itlico na apresentao de algumas regras e definies de conceitos, bem como em exemplos e
em palavras-tema (estes dois ltimos tambm em maiscula).
Ao longo do texto, apresentam-se notas de rodap numeradas, num tipo de letra menor
que o do corpo do texto, cuja numerao reinicia com a mudana de pgina. A separar as
notas de p de pgina do restante texto, j no encontramos a linha traada na horizontal que
se v nas edies A e B, mas apenas um espaamento entre linhas, que no sempre o mesmo
e at pode nem existir (como acontece, por exemplo, na pgina 273).
Diferentemente do que era praticado nas duas edies anteriores, a capitalizao da letra
inicial j no se verifica no incio dos captulos, mas apenas no incio de cada livro, podendo
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34
apresentar uma das duas seguintes modalidades: capitalizao da letra inicial, seguida de
todas as restantes em maiscula; ou capitalizao da letra inicial, seguida das outras em
minscula. A apresentao do pargrafo marca-se atravs do sinal .
A partir desta edio j no encontramos reclamo e, na ltima linha, de dezasseis em
dezasseis pginas, surge a assinatura, composta por um nmero (1) ou um nmero e um
asterisco (1 ).
Nesta terceira edio, as aspas j no tm o formato de duas vrgulas [,,], mas o
seguinte []. Surgem a abrir [] e a encerrar [] citaes, repetindo-se tambm, esquerda,
em todas as linhas das mesmas [].
Relativamente aos parnteses curvos, so igualmente usados para inserir comentrios ou
explicaes adicionais acerca do tpico em discusso, para indicar definies, etimologias ou
referncias bibliogrficas, mas j no so usados para incluir a numerao das notas de
rodap. Estas so referenciadas apenas atravs do nmero, num tamanho de letra inferior ao
do corpo do texto, e colocadas por cima da linha de texto.
Finalmente, ao longo do texto, encontram-se pontualmente taboas, ou tabelas,
geralmente sem qualquer limite exterior ou interior, nas quais o tamanho da letra oscila entre
um tamanho inferior ou igual ao do corpo do texto. Diversamente das duas edies anteriores,
as tabelas podem apresentar uma orientao na horizontal.
Edio D
A quarta edio, D, data de 1866, portanto foi publicada apenas quatro anos aps a
terceira, e apresenta um formato in oitavo. Tal como a anterior, a anteceder a pgina de rosto,
ostenta uma folha onde se pode encontrar o ttulo GRAMMATICA PHILOSOPHICA DA
LINGUA PORTUGUEZA (Barbosa 1866: I). Na pgina de rosto apresentado o ttulo da
obra em maisculas e o nome do autor por extenso. De referir que o ltimo nome do
gramtico deixa agora de ser grafado com (Barboza), para passar a ser grafado com
(Barbosa). Segue-se o nmero da edio, QUARTA EDIO, o local de edio, a tipografia e
o ano de edio, que, como na anterior, surge grafado em numerao romana (M
DCCCLXVI).
Comparativamente s edies anteriores, nesta edio, o frontispcio perde a informao
relativa aos cargos do autor como DEPUTADO DA JUNTA DA DIRECTORIA GERAL DOS ESTUDOS
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E ESCLAS DO REINO EM A UNIVERSIDADE DE COIMBRA E SOCIO DA ACADEMIA REAL DAS
SCIENCIAS (Barbosa 1862: III), bem como o logotipo da Academia.
Ao frontispcio sucede uma pgina com uma citao de Ccero e, na pgina a seguir, a
introduo obra, que ocupa doze pginas, da V XVI. Merece especial meno o facto de, a
partir desta edio, serem acrescentados, no final da introduo, o local e a data da concluso
da redao da gramtica: Coimbra, 24 de junho de 1803 (Barbosa 1866: XVI). A indicao
desta data permite-nos concluir que a redao , portanto, bastante anterior primeira
publicao da obra.
A gramtica, dividida em quatro livros, ocupa as 300 pginas que se seguem. O livro
termina com um ndice dos captulos, artigos e pargrafos da gramtica, que perfaz um total
de quatro pginas.
A paginao da obra feita em numerao rabe, com exceo da introduo, que
apresenta numerao romana.
Tal como na edio anterior, a introduo contm um cabealho, no qual surge a
numerao da pgina, apresentada esquerda nas pginas pares e direita nas mpares, e o
ttulo INTRODUCO ao centro. Nos quatro livros que compem a gramtica, o
cabealho, para alm da indicao da pgina, contm, ao centro, nas pginas pares, o ttulo
GRAMMATICA e, nas pginas mpares, o