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A GESTÃO PARA RESULTADOS COMO FERRAMENTA ADMINISTRATIVA

NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Banca Examinadora

Prof. Orientador Luiz Carlos Merege

Prof, Marilson Alves Gonçalves

Prof. Peter Kevin Spink

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A Juliana e Ana Thereza, pelo amor, estfmulo e paciência

Aos meus pais, pelos valores e educação

A Sra. Nena e ao Sr. Galves, pelo exemplo de solidariedade

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

LUIZ RODOVIL ROSSI JR.

A GESTÃO PARA RESULTADOS COMO FERRAMENTA ADMINISTRATIVA

NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Dissertação apresentada ao Curso MBA

da FGV/EAESP

Área de Concentração: Organização,

Recursos Humanos e Planejamento,

como requisito para obtenção de título

de Mestre em Administração.

FundaçãO GetuUo Varga" .'.Escola de Administração .~ 'ilde Empresas de Silo Paulo .~. - -

Blblio1t!C3 ~.••.... ,-Orientador: Prot. Dr. Luiz Carlos Merege

SÃO PAULO

1998

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IV

Palavras-Chaves: Terceiro setor; planejamento estratégico; gestão para

resultados; eficiência e eficácia; missão, objetivos estratégicos, planejamento de

metas e monitoramento de indicadores de desempenho.

ROSSI Jr., Luiz Rodovil. A Gestão para Resultados como Ferramenta

Administrativa nas Organizacões do Terceiro Setor: São Paulo: EAESP/FGV,

1998. 73p. ( Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Master in

Business Administration da Escola de Administração de Empresas de São Paulo,

Fundação Getúlio Vargas, Área de Concentração: Organização, Recursos

Humanos e Planejamento)

Resumo: Trata de apresentar a gestão para resultados como ferramenta

administrativa na aplicação do planejamento estratégico na organização do

terceiro setor. Parte da premissa que o desempenho de uma organização que

não visa o lucro s6 poderá ser otimizado e apresentado corretamente através de

objetivos claros vinculados à missão e com a elaboração e o monitoramento de

metas e indicadores de desempenho quantificáveis que levantem informações

que sirvam de referência para planos de ação.

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íNDICE

Introdução............................................................................................... 01

Primeira Parte: Terceiro Setor............................................................. 05

1. Significado............................................................................................ 06

2. Motivos de crescimento........................................................................ 08

2.1 Parceiro do Estado................................................................... 10

2.2 Parceiro de empresas.. 12

2.3 Promotor de empregos............................................................ 14

2.4 Promotor da cidadania, valores e satisfação pessoal.............. 18

Segunda Parte: Resultados como Veiculo para a Credibilidade...... 22

Terceira Parte: Gestão para Resultados 36

1. Planejamento, ação e controle............................................................. 37

2. A ferramenta administrativa de gestão para resultados....................... 39

2.1. Missão.................................................................................... 41

2.2. Diagnóstico do ambiente............ 45

2.3. Objetivos estratégicos. 46

2.4. Indicadores de desempenho.................................................. 48

2.5. Metas de desempenho........................................................... 51

2.6. Monitoramento do desempenho.. 53

2.7. Planos de ação....................................................................... 54

3. Exemplo de aplicação.......................................................................... 56

Considerações Finais... 62

Bibliografia.............................................................................................. 66

Anexos 73

v

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VI

AGRADECIMENTOS

Almir Pereira Júnior, Antonio Jacinto Caleiro Palma, Clovis Bueno de Azevedo,

Ines Pereira, Liane Marcondes, Maria Célia Cruz, Maria Rita Loureiro Durand,

Mário Aquino Alves, Marilson Alves Gonçalves, Peter Spink e Rebeca Raposo

pelos ensinamentos.

Faezeh Shaikhzadeh Santos, João Roncatti, Marcos Kisil, Oded Grajew eRoberto Galassi Amaral pela atenção e auxílio.

Luiz Carlos Merege, pelos ensinamentos e orientação.

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Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, comece.

A ousadia contém genialidade, poder e mágica.

Goethe

VII

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INTRODUÇÃO

1

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Cresce a confiança depositada nas organizações de um setor em constante e

forte expansão no Brasil e no mundo: o chamado terceiro setor. Neste setor

as organizações são privadas e sem fins lucrativos e complementam as

iniciativas do setor governamental e do setor privado no atendimento de

diversas necessidades da sociedade e na formação de um sistema

econômico mais justo e democrático.

Nestas organizações se encontram, em sua grande maioria, os indivíduos que

valorizam o ser humano de uma maneira intensa e que estão inconformados

com as desigualdades sociais e econômicas que a lógica da economia de

mercado acaba ignorando, e que o Estado do bem-estar social se mostrou

incapaz de resolver.

o crescimento da consciência comunitária encontra nestas organizações, um

ambiente favorável a sua aplicabilidade. Os valores predominantes, bastante

adequados para o desenvolvimento dos que trabalham nestas organizações

são: democracia, transparência, coletividade, flexibilidade e criatividade.

As organizações do terceiro setor conseguem pela qualidade intrínseca de

sua missão, motivar e comprometer seus colaboradores, facilitando a criação

de um ambiente participativo e recompensador. Quem nelas trabalha sabem

que estão construindo sua felicidade pessoal e social e que lá existe uma via

de mão dupla aonde quem ajuda está se ajudando.

A busca da eficiência e eficácia no atendimento da missão das organizações

do terceiro setor é o principal escopo deste trabalho. Estas organizações, que

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não tem o lucro como objetivo tendem a não dar prioridade ao desempenho e

aos resultados, além destes serem difíceis de medir e controlar.

A crescente consciência por parte das organizações do terceiro setor da

necessidade em demonstrar resultados para todas partes interessadas, os

stakeholders, aliada a uma maior competição por recursos nem sempre

facilmente disponíveis, propiciou uma abertura cada vez maior nestas

organizações para a utilização de métodos administrativos profissionais,

habitualmente utilizados no setores privado ou mesmo público.

A gestão para resultados é a ferramenta administrativa apropriada para um

gerenciamento focado em resultados, que une a missão aos planos de ação

que fazem parte do dia a dia da organização, e que também serve como

importante instrumento de comunicação do desempenho tanto interna como

externamente.

A gestão para resultados já é utilizada no setor privado e é especialmente útil

para as organizações do setor público e do terceiro setor, que normalmente

carecem de indicadores quantitativos para justificar com resultados

mensuráveis a sua atuação.

A primeira parte deste trabalho define o terceiro setor e apresenta através de

informações coletadas em seminários, livros, e artigos de jornais e revistas,

os principais motivos de seu crescimento: a parceria com os setores público e

privado, a constatação do potencial das organizações da sociedade civil em

gerar empregos e de promover a cidadania, valores e a satisfação pessoal.

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A segunda parte é a apresentação de entrevistas com importantes dirigentes

de organizações do terceiro setor que confirmam a importância fundamental

em apresentar resultados como veículo para a credibilidade das organizações

do terceiro setor, ao mesmo tempo que validam a gestão para resultados

como uma ferramenta administrativa adequada para este fim.

A terceira parte apresenta a ferramenta de gestão para resultados.

Inicialmente é destacada a importância do ciclo planejamento, ação e controle

estar implantado na organização que pretende ser eficiente e eficaz. A seguir

é explicada a ferramenta administrativa gestão para resultados e todas as

etapas necessária para sua implantação: declaração da missão, diagnóstico

do ambiente, definição dos objetivos estratégicos, desenvolvimento dos

indicadores, determinação das metas de desempenho com o uso de

referenciais, monitoramento dos indicadores de desempenho e a prática e o

acompanhamento dos planos de ação.

A terceira parte é concluída com um exemplo de aplicação da ferramenta

gestão para resultados e por fim é apresentada as considerações finais

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PRIMEIRA PARTE

TERCEIRO SETOR

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1. Significado

o terceiro setor compreende as organizações sociais que não são nem

estatais nem privadas, ou seja, mesmo sendo privadas não visam o lucro e,

por outro lado, mesmo sendo motivadas por objetivos sociais, não são

estatais.

Estas organizações da sociedade civil abrangem as fundações, institutos,

organizações não governamentais, organizações ambientalistas, associações

de bairro, cooperativas, entidades assistenciais e instituições religiosas de

assistência.

Gilberto Dimenstein no livro "Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã",

define assim o terceiro setor: "O conjunto de atividades das organizações da

sociedade civil, portanto das organizações criadas por iniciativas privadas de

cidadãos, com o objetivo de prestação de serviços ao público ( saúde,

educação, cultura, habitação, direitos civis, desenvolvimento do ser humano,

proteção do meio ambiente). Alardeado como um novo setor da economia na

mais franca expansão, pode ser o equilíbrio buscado entre as atividades

capitalistas - por gerar empregos - e as de assistência social - por não ter o

lucro como meta principal, mas o bem-estar da sociedade, neste

problemático final de milênio para as economias tradicionais".

o que principalmente agrupa estas organizações em um setor é serem

iniciadas e administradas por indivíduos que acreditam que mudanças são

necessárias e que eles mesmos podem fazer alguma coisa para que estas

mudanças aconteçam.

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No livro "Privado porém público: o terceiro setor na América Latina", Rubem

César Fernandes coloca como razão de ser das organizações do terceiro

setor o exercício e a promoção aos valores que ultrapassam a utilidade,

enquanto um fim em si mesmos: "Palavras como gratidão, lealdade, caridade,

amor, compaixão, responsabilidade, solidariedade, verdade, beleza, etc. são

moedas de troca correntes que alimentam o patrimônio do setor. Quanto mais

sonoras e convincentes forem, maiores recursos advirão para as atividades

que o compõem. Sua existência. oferece um índice de vitalidade social de

valores morais, estéticos e religiosos".

No mesmo livro, Or. Marcos Kisil, diretor regional para a América Latina e

Caribe da W. K. Kellogg Foundation, menciona as seguintes características

para analisar as organizações do terceiro setor, quando comparadas com

outros tipos de organizações: "Elas não têm fins lucrativos, são formadas,

total ou parcialmente, por cidadãos que se organizam de maneira voluntária,

o corpo técnico normalmente resulta de profissionais que geralmente se

ligam à organização por razões filosóficas e tem um forte compromisso com o

desenvolvimento social, são organizações voltadas para a ação, são

flexíveis, inovadoras, rápidas e próximas às comunidades locais, e

geralmente fazem um papel intermediário: ligam o cidadão comum com

entidades e organizações que podem participar da solução de problemas

identificados".

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2. Motivos do crescimento

Nos últimos anos percebemos um despertar no Brasil para os benefícios de

um terceiro setor fortalecido. Os seminários, cursos, livros e artigos na mídia

impressa tem se multiplicado e partem de entusiastas de todos os setores da

economia, que independente de suas ideologias, promovem o crescimento do

terceiro setor.

Em pesquisa para mensurar o tamanho do terceiro setor no Brasil,

coordenada por Leilah Landim do ISER - Instituto de Estudos da Religião em

conjunto com a Universidade John Hopkins dos Estados Unidos, é

constatado um crescimento da mão-de-obra ocupada pelas organizações não

governamentais no Brasil entre 1991 e 1995 de 45,16%. Este número se

torna ainda mais relevante se compararmos com o crescimento no mesmo

período de 9,76% no setor público e 27,09% no setor privado.

O potencial de crescimento é percebido com a verificação que no Brasil o

terceiro setor ainda representa 8,8% de toda atividade social enquanto que

nos Estados Unidos é 33%, na Inglaterra 34% e na França 30%.

Nos Estados Unidos existem 32 mil fundações com patrimônio aproximado de

US$ 32 bilhões, distribuindo anualmente cerca de US$ 8,3 bilhões em

verbas. Lá as contribuições individuais superam os US$ 100 bilhões anuais e

respondem por 90 % dos fundos doados às entidades. A estes valores

adiciona-se ainda o valor das horas de contribuições voluntárias que esta

calculado em US$ 176 bilhões. I,i'1,/

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Uma pesquisa realizada com a coordenação da John Hopkins University

apresentou dados do terceiro setor para sete países: Estados Unidos, Japão,

reino Unido, Alemanha, França, Itália e Hungria. Esta pesquisa aponta que o

terceiro setor movimenta anualmente US$ 340 bilhões nos Estados Unidos,

US$94 bilhões no Japão, US$ 21 bilhões na Itália, US$ 4 bilhões na Hungria

e cerca de US$ 40 bilhões na Alemanha, no Reino Unido e na França. O

terceiro setor gera nestas economias emprego remunerado para cerca de 12

milhões de pessoas sendo que 7 milhões só nos Estados Unidos.

São várias as razões para o crescimento:

• reconhecimento pelo Estado da necessidade de fazer parcerias com

organizações da sociedade civil para o atendimento das diversas

carências da sociedade;

• reconhecimento por parte das empresas privadas da necessidade e

vantagens em mostrar sensibilidade aos problemas sociais;

• reconhecimento do potencial de absorção por parte das organizações da

sociedade civil de mão de obra dispensada pelo Estado e pela iniciativa

privada;

• percepção da maior satisfação e realização pessoal dos que trabalham

nas organizações da sociedade civil e da capacidade elevada destas

organizações em promover a cidadania e os valores éticos.

Estes motivos de crescimento do terceiro setor foram identificados em

diversos congressos, seminários, livros e artigos de jornais e revistas.

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2.1 Parceiro do Estado

O crescimento do terceiro setor acontece principalmente pela evidente

incapacidade atual do Estado em suprir as necessidades da sociedade. A

tendência é que a reforma do Estado e a conseqüente diminuição de seu

tamanho, como solução para seu enorme déficit, abra caminho a uma

parceria cada vez maior com o terceiro setor no atendimento da sociedade.

Luiz Carlos Bresser Pereira, ministro da Administração Federal e Reforma do

Estado e professor da Fundação Getúlio Vargas, em artigo no jornal Folha de

São Paulo, prevê: "O século 21 será o século da propriedade pública não-

estatal, uma forma de defesa dos direitos sociais mais eficiente, porque mais

competitiva e flexível ( a burocracia estatal é, por definição, monopolista), e

mais democrática, porque diretamente submetida ao controle social. O

Estado que está surgindo da crise garantirá os direitos sociais ao financiar as

organizações públicas não-estatais. Dessa forma, continuará a ser um

Estado social, mas deixará de ser um estado burocrático".

Como parte do projeto de reforma do Estado encaminhado pelo ministro

Bresser Pereira foram criadas as Organizações Sociais. Elas são uma forma

de organização pública não-estatal constituídas pelas associações civis sem

fins lucrativos destinada a absorver atividades publicizáveis mediante

qualificação específica.

Publicização é um movimento em direção ao terceiro setor no sentido de

responsabilizá-lo, através de um contrato de gestão, pela execução de

serviços que não envolvem o exercício do poder de Estado, mas devem ser

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subsidiados pelo Estado, como é o caso dos serviços de educação, saúde,

cultura e pesquisa científica. É portanto uma parceria entre Estado e

sociedade para seu financiamento e controle.

o modelo institucional das organizações sociais apresenta vantagens claras

sobre as organizações estatais atualmente responsáveis pela execução de

atividades não-exclusivas. Do ponto de vista da gestão de recursos, as

organizações sociais não estão sujeitas às normas que regulam a gestão de

recursos humanos, orçamento e finanças, compras e contratos na

administração pública. Há portanto ganhos significativos de agilidade e

qualidade na seleção, contratação, manutenção e desligamento de

funcionários, e nas aquisições de bens e serviços.

A avaliação da gestão de uma organização social se dá mediante o

cumprimento de metas estabelecidas no contrato de gestão, ao passo que

nas entidades estatais o que predomina é o controle dos meios.

o ministro do trabalho Edward Amadeo, em artigo "Cresce a importância das

ONG" no jornal Gazeta Mercantil sobre o seminário "A contribuição do

terceiro setor para o desenvolvimento sustentado do País", destaca o

crescimento e a importância das organizações sociais e sem fins lucrativos à

medida que se reconhece a impossibilidade do setor público e privado de

suprirem as necessidades sociais. Para ele as metas sociais do governo

incluem a busca da ação integrada, a descentralização do governo federal e \

•a interação entre a sociedade e o Estado. ,~~~~.

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A primeira dama Ruth Cardoso, no livro "3° Setor: desenvolvimento social

sustentado", organizado por Evelyn loschpe, mostra sua convicção que o

conceito de terceiro setor descreve um espaço de participação e

experimentação de novos modos de pensar e agir sobre a realidade social.

Ela reconhece que a ação do terceiro setor no enfrentamento de questões

diagnosticadas pela própria sociedade, oferece modelos de trabalho que

representam modos mais eficazes de resolver problemas sociais: liA grande

contribuição do terceiro setor, é a busca e experimentação, ainda que em

pequena escala, de soluções inovadoras para os problemas que ele se

propõe a enfrentar. As organizações da sociedade civil ganharam uma

competência no modo de se relacionar e intervir junto a grupos sociais

específicos. Para serem bem sucedidas, iniciativas voltadas para estes

grupos mais frágeis e vulneráveis requerem regras e modos de atuação que

só se constróem através da ação e experimentação".

Foi a crença na existência, relevância e potencialidade de um terceiro setor,

não-lucrativo e não-governamental, que inspirou o desenho do programa que

Ruth Cardoso coordena através do Conselho da Comunidade Solidária.

2.2 Parceiro de empresas

o professor Luiz Carlos Merege, economista, professor titular da Escola de

Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas de

São Paulo e coordenador do CETS, Centro de Estudos do Terceiro Setor da

FGV, em artigo "O terceiro setor e a nova ética empresarial" na Revista da

Indústria da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,

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destaca também a importância crescente que será dada no julgamento das

empresas ao balanço social, e não só aos seus resultados econômicos-

financeiros.

o balanço social já faz parte da campanha publicitária de algumas empresas

que tem se engajado em causas sociais ou ambientais. A tendência é que

esta conduta tenha um efeito multiplicador a partir do reconhecimento da

sociedade, do serviço público que estas empresas estão cumprindo.

Oded Grajew, empresário e coordenador geral da Cives, Associação

Brasileira de Empresários pela Cidadania, em artigo da revista Caros Amigos,

cita uma publicação americana, "Melhores Empresas para Você Trabalhar",

que será feita também no Brasil, que indica as empresas que tem

responsabilidade social. Esta indicação acaba influenciando a escolha dos

formandos talentosos na busca de emprego e ainda: "Muitos fundos de

investimento hoje só tem ações de empresas consideradas responsáveis.

São as que tem critério, pensam no meio ambiente, tem auditoria social etc.

E as pessoas só colocam seus recursos nelas por causas desses valores

sociais. As empresas se interessam em ser socialmente responsáveis.

Porque dá mais lucro".

Stephen Kanitz, professor e consultor, criador do prêmio "Bem Eficiente", em

artigo "Capitalismo beneficente", na revista Veja, fala da necessidade de »<.l '..

aprimorar o capitalismo para que ele produza bens e serviços de que as. -(

pessoas precisam. A este respeito acredita que alguns empresário estão indo

para esta direção: "Estão gastando tempo, recursos organizacionais e

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dinheiro em atividades beneficentes e filantrópicas simplesmente porque

acreditam que as empresas precisam produzir também bens que a sociedade

quer".

2.3 Promotor de empregos

O professor Luiz Carlos Merege em artigo na revista Isto É, além de ressalvar

a importância do apoio mútuo entre os setores público, privado e terceiro

setor, aponta o crescimento deste último: "Um fenõmeno está mudando a

cara do capitalismo. Trata-se da formalização de um setor que até

recentemente permaneceu sem identidade. Além de ganhar visibilidade, este

setor quando mensurado em termos econômicos, tem causado surpresas aos

estudiosos. A sua participação no PIB e o seu peso no mercado de trabalho

são bastantes significativos. O que mais chama a atenção é que enquanto no

Estado e no setor privado o emprego vem minguando em todos países, o

crescimento do emprego nesse setor é um fato que gera esperança na nossa

era de exclusão societ".

O economista americano Jeremy Rifkin, autor de mais de uma dúzia de livros

sobre tendências econômicas e questões relacionadas à ciência, tecnologia e

cultura, apresenta em seu livro "O fim dos empregos" a sua visão sobre a

importância do terceiro setor na geração de empregos no futuro próximo: "Até

agora, o mundo tem estado tão preocupado com o funcionamento da

economia de mercado que a idéia de dar mais atenção à economia social tem

sido pouco considerada, tanto pelo público quanto pela política

governamental. Isto deve mudar nos próximos anos, quando ficar cada vez

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mais claro que um terceiro setor transformado oferece a única arena viável

para canalizar de modo construtivo a mão-de-obra excedente, descartada

pelo mercado global. A globalização do setor de mercado e a diminuição do

papel do setor governamental significarão que as pessoas serão forçadas a

se organizarem em comunidades de interesses próprios para garantirem seu

próprio futuro. O sucesso da transição para uma era pós-mercado dependerá

em grande parte da capacidade de um eleitorado motivado, trabalhando em

coalizões e movimentos, para transferir efetivamente, tanto quanto possível,

os ganhos de produtividade do setor de mercado para o terceiro setor, para

fortalecer os vínculos comunitários e as infra-estruturas locais. Apenas com a

construção de comunidades locais fortes e auto-sustentadas as pessoas em

todos os países serão capazes de resistir às forças do deslocamento

tecnológico e da globalização do mercado que ameaçam o sustento e a

sobrevivência de grande parte da família humana".

No seminário internacional Sociedade e Reforma do Estado, promovido pelo

Ministério da Administração e Reforma do Estado, houve um consenso entre

os especialistas e expositores que a participação da sociedade civil na

reforma do Estado deve ser valorizada e reforçada. Um dos palestrantes,

Claus Offe, sociólogo alemão, professor da Universidade Humboldt, em

Berlim, aponta que as ideologias acabaram e, que as entidades comunitárias

como as organizações não governamentais e as igrejas, vão formar ao lado

do estado e do mercado, uma nova ordem social. Em entrevista para a

revista Veja ele diz: "Os problemas de um país não vão ser resolvidos

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apenas pela ação do Estado ou do mercado. É preciso um novo pacto, que

ressalve o dever do Estado de dar condições básicas de cidadania, garanta a

liberdade do mercado e da competição econômica e, para evitar o conflito

entre estes dois interesses, permita a influência de entidades comunitárias.

As organizações não governamentais atuam como uma válvula de escape

nas deficiências do Estado e do mercado. É a entidade de direitos civis que

vai defender os interesses dos cidadãos junto à Justiça e ao Congresso. É a

solidariedade de uma organização religiosa que vai ajudar muitos

desempregados excluldos pelo mercado".

Peter Drucker em "Sociedade pós-oapitalista", relata que as organizações

sem fins lucrativos tornaram-se as maiores empregadoras dos Estados

Unidos. Um em cada dois adultos americanos, cerca de 90 milhões de

pessoas ao todo, trabalha pelo menos três horas por semana como pessoal

não remunerado, isto é como voluntário, para uma organização sem fins

lucrativos, para igrejas e hospitais, para agências de serviços de saúde, para

serviços comunitários, para serviços de reabilitação, para abrigos de pessoas

maltratadas e para serviços de tutela em escolas nas áreas centrais das

cidades. Ele prevê que no ano 2000 o número dessas pessoas que trabalham

sem remuneração deverá chegar a 120 milhões, e suas horas médias de

trabalho a cinco por semana. Para ele a principal razão para esse

crescimento na participação de voluntários nos Estados Unidos não é o

aumento da necessidade, mas a busca por parte dos voluntários de

compromisso e contribuição.

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Destaca ainda que a sociedade pós-capitalista e a forma de governo pós-

capitalista exigem um novo setor social, tanto para satisfazer as

necessidades sociais como para restaurar um senso significativo de

cidadania e comunidade. Lembra que o governo tem conseguido muito pouco

como executor nesta esfera e que as ações não-governamentais de

organizações comunitárias autônomas produziram ótimos resultados: "A

primeira conclusão a ser tirada é que o governo deve deixar de ser um

executor e gerente na esfera social e limitar-se a definir a política. Isto

significa que na esfera social, assim como na econômica, existe a

necessidade de terceirizar. O governo é o maior empregador de

trabalhadores em serviços, mas seus funcionários são os menos produtivos.

E enquanto eles forem funcionários públicos, sua produtividade não poderá

subir. Uma repartição pública age necessariamente como uma burocracia.

Ela precisa subordinar a produtividade a regras e regulamentos. Precisa

focalizar os formulários adequados ao invés dos resultados, caso contrário

em pouco tempo ela se transforma numa quadrilha de ladrões. Portanto, o

incentivo às organizações comunitárias autônomas no setor social é um

passo importante na reformulação do governo para que este recupere seu

desempenho. Mas a maior contribuição que essas organizações podem dar é

como novos centros de cidadania. O megaestado praticamente destruiu a

cidadania. Para restaurá-Ia, o governo pós-capitalista precisa de um terceiro

setor em adição aos dois já conhecidos".

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2.4 Promotor da cidadania, valores e satisfação pessoal

José Mindlin, empresário e membro do conselho da Fundação Vitae, em

artigo na Folha de São Paulo, "Filantropia, exercício de cidadania", considera

o apoio financeiro privado à cultura, à educação e a programas sociais uma

obrigação social e acrescenta: "Aliás a contribuição da sociedade não se

deve limitar ao suprimento de recursos financeiros. É da maior importância

que haja também uma participação pessoal nas iniciativas financiadas. Nos

EUA, essa participação, que se traduz por tempo dedicado às atividades

filantrópicas - tempo que representa um valor - , é equivalente e, por vezes,

até mesmo maior do que a contribuição financeira. Criou-se lá, e felizmente

começou a surgir aqui, mas em escala ainda insuficiente, o que vem sendo

chamado de terceiro setor. Temos pela frente como vê, um grande desafio,

mas inegavelmente um desafio estimulante. Como membro do conselho da

Vitae, uma das muitas instituições filantrópicas que existe entre nós, posso

confirmar a satisfação que essa atividade proporciona".

Oded Grajew, empresário e coordenador geral da Cives, Associação

Brasileira de Empresários pela Cidadania em artigo na Folha de São Paulo,

"Educação para a cidadania" preocupado com o grau de alienação dos

jovens: "No Brasil, o país campeão mundial de desigualdade social, os filhos

de famílias mais privilegiadas acabam se afastando dos problemas da

comunidade, isolados no gueto da escola, do transporte e da segurança

privados, cercados pelos muros dos condomínios fechados. O serviço

comunitário oferece ao jovem a oportunidade de romper o isolamento, de

18

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conhecer e se identificar com o lugar onde vive e com as pessoas que moram

na localidade.

Os jovens que prestam serviços comunitários aumentam seu senso de

responsabilidade e solidariedade e descobrem novo sentido às suas vidas.

Adquirem conhecimentos para trabalhar no terceiro setor e ampliar

programas e número de organizações sociais".

Oded Grajew em outro artigo da Folha de São Paulo, "ONGs, um passo

adiante", fala também da satisfação do trabalho nas organizações do terceiro

setor:"A cada dia surgem novas organizações e empresas engajadas em

empreendimentos sociais. Estar envolvido com o trabalho das organizações

sociais dá um sentido à vida e traz muita gratificação. Sabemos estar

contribuindo para aliviar as carências de muitas pessoas, famílias e

comunidades".

No livro "Reiventando o Governo" de David Osborne e Ted Gaebler, é feita

uma análise das forças e fraquezas na prestação de serviços à sociedade de

cada um dos setores privado, público e terceiro setor.

o autor aponta que o terceiro setor é o melhor quando se trata de

implementar normas morais e reforçar a responsabilidade individual pela

conduta já que suas organizações existem tipicamente para cumprir uma

missão e quase sempre têm um forte sentido dos valores e o desejo de

respeitá-los na prática.

Os quadros a seguir foram extraídos do livro citado acima e permite uma

visão ampla do perfil dos setores público, privado e do terceiro setor:

19

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QUALIDADES DESEJADAS NOS

PRESTADORES DE SERViÇOS AO PÚBLICO

( A = existente em alto grau)

( B = existente em baixo grau)

( M = existente em grau moderado)

Setor Setor Terceiro

Público Privado Setor

Qualidades do setor público:

Estabilidade A B M

Capacidade de tratar

assuntos circunstanciais A B M

Imunidade ao favoritismo A M B

Qualidades do setor privado:

Capacidade de reagir a

mudanças rápidas B A M

Capacidade de inovar M A M

Tendência a repetir o sucesso B A M

Tendência a abandonar o

obsoleto ou mal sucedido B A M

Capacidade de assumir riscos B A M

Capacidade de gerar capital M A B

Habilitação profissional M A M

Utilização das economias de escala M A B

Qualidades do terceiro setor:

Capacidade de atender

populações diferenciadas B M A

Compaixão e comprometimento M B A

Abordagem holística dos problemas B B A

Capacidade de gerar confiança M B A

20

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TAREFAS MAIS ADEQUADAS A CADA SETOR

( E = efetiva )

( I = inefetiva )

( O = dependente do contexto )

Setor Setor Terceiro

Público Privado Setor

SETOR PÚBLICO

Administração de políticas E O

Regulamentação E O

Eqüidade E I E

Prevenção da discriminação E O O

Prevenção da exploração E E

Promoção da coesão social E E

SETOR PRIVADO

Atividades econômicas E O

Investimento E O

Geração de lucros E I

Auto-suficiência E O

TERCEIRO SETOR

Atividades sociais O E

Atividades que exigem

voluntários O E

Atividades que geram

pouco lucro O EPromoção da responsabilidade

individual I O EPromoção da comunidade O E ' ~

Promoção do comprometimento ...',

com o bem-estar social O E "

'lI(

21

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SEGUNDA PARTE

RESULTADOS COM VEíCULO PARA A CREDIBILIDADE

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A credibilidade é fundamental para a sustentabilidade das organizações do

terceiro setor, que operam na sua grande maioria com recursos provenientes

de seus parceiros.

Em entrevistas com diversos dirigentes de organizações do terceiro setor

ficou clara a necessidade da apresentação de resultados como um meio de

aumentar sua credibilidade. Todos os entrevistados são profissionais de

destaque nas organizações do terceiro setor e com formação e tempo de

atuação no setor distintos:

• Roberto Galassi Amaral, administrador com experiência administrativa

na área de recursos humanos do setor privado e a dois anos

superintendente do GIFE, Grupo de Institutos Fundações de Empresas;

• Dr. Marcos Kisil, médico, a treze anos é diretor de programa e

coordenador para a América Latina e Caribe da W.K. Kellogg

Foundation;

• Oded Grajew, empresário, atual conselheiro e a nove anos um dos

fundadores da Fundação ABRINQ pelos direitos da criança e diretor

presidente do Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social;

• João Roncatti, economista com título de MBA executivo e monografia

em planejamento estratégico, atua no terceiro setor a quatro anos e é

diretor executivo da Fundação Orsa e diretor de ptanejemento

estratégico do Grupo Orsa de celulose, papel e papelão ondulado.

A todos estes dirigentes foram feitas duas perguntas:

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• A comprovação de resultados é um veículo para a credibilidade da

organização do terceiro setor?

• A ferramenta administrativa de gestão para resultados apresentada é

aplicável na organização do terceiro setor e cumpre o papel de apresentar

resultados?

Para Roberto Amaral, do ponto de vista das organizações financiadoras, há o

entendimento que é relevante saber quem está no comando das

organizações do terceiro setor mas para a credibilidade é preciso mais que

isso: "É importante ressaltar que credibilidade se dá a partir de um complexo

conjunto de elementos. Ter uma conduta de transparência e demonstração

de resultados ou ter bons nomes apoiando por si s6 não representam um

bom nível de credibilidade. É fundamental não separar credibilidade política

da credibilidade administrativa. As duas devem andar de mãos dadas".

Roberto Amaral constata que com a diminuição dos recursos e um aumento

no número das organizações que buscam uma maior profissionalização para

melhor competir na busca destes recursos, a demonstração de resultados

vem a ser fundamental. Para ele a profissionalização parte da idéia de

mostrar resultados: "Nos últimos cinco anos o setor lucrativo tem se

aproximado do terceiro setor, contaminando-o com técnicas administrativas

conhecidas. A profissionalização aconteceu também por parte dos doadores

que passaram a buscar meios de medir se estavam dando dinheiro para a

organização certa".

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Respondendo a pergunta sobre a importância da ferramenta de gestão para

os resultados ele primeiro observa que não podemos confundir demonstração

com· acompanhamento de resultados: "Não basta demonstrá-los, é importante

ter uma prática gerencial que permite à instituição definir estratégicamente

suas metas, acompanhá-Ias e mensurá-Ias. Neste sentido, por ser

pragmático, este instrumento ajuda. Contudo deve ser acompanhado de uma

avaliação do impacto das ações empreendidas. Esta última só será possível

se tiver a primeira e é esta sua grande qualidade".

Alerta porém que, da mesma maneira como ocorre no setor lucrativo quando

busca implantar sistemas que acabam mudando a cultura administrativa

vigente, encontra resistência para sua implantação: "Esta resistência é

proveniente da não compreensão dos fundamentos de uma gestão

estratégica. O baixo nível de estruturação das organizações e de qualificação

dos gestores pode ser um impeditivo".

Conclui afirmando: "A ferramenta gestão para resultados é viável desde que

a sistemática para implantação tenha uma boa didática que facilite o

caminho de transição da lógica administrativa".

Dr. Marcos Kisil ressalva inicialmente que prefere não usar o termo terceiro

setor pois não é um setor com limites, que esteja caracterizado por leis

próprias. Explica que o Estado tem o limite constitucional, o mercado tem as

leis do lucro, da oferta e da procura e do ganho sobre o capital sendo que o

terceiro setor é uma evidência do mal funcionamento dos outros dois setores.

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Ele é o interstício entre o Estado e o mercado. Este interstício deve ser

entendido como um lugar de construção da cidadania, que é importante tanto

para o setor público como o privado pois é aonde se aprende a ser o melhor

estadista e o melhor empresário. Alerta que este espaço existente deveria

ser ocupado por toda sociedade e que devemos nos referenciar a estas

organizações que aí estão como organizações da sociedade civil e não

organizações do terceiro setor ou organizações não governamentais ou

organizações não lucrativas.

Explica que a gênese destas organizações veio de necessidades humanas

que não foram compreendidas nem pelo Estado e nem pelo mercado. Estas

necessidades são percebidas mais pelo lado emocional que pelo racional e

cita o exemplo da Associação Comunitária Monte Azul que iniciou suas

atividades estimuladas pela compaixão e não pela razão: "A história da

Monte Azul surgiu com a iniciativa de uma senhora que morava perto de uma

favela e se preocupava que as crianças desta favela tivesse as mesmas

chances que os filhos dela tinha. Começou colocando as crianças em casa

para brincar com os filhos dela".

Ele ressalva que a Monte Azul atualmente usa métodos da administração e o

fato da origem ser na maioria das vezes por razões emocionais, não quer

dizer que enquanto organização não tenha que entrar com critérios racionais

do método administrativo. Para ele todas as teorias administrativas se

justificam e vão introduzir o racional: "Quanto mais bem forem administradas

mais vão ter relevância social. Se forem um modelo de organização social

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sua relevância aumenta. A relevância social está na lógica em se entrar com

qualquer modelo de eficiência".

Especificamente sobre a pergunta da apresentação de resultados como

veículo para a credibilidade da organização do terceiro setor ele julga difícil

de responder porque considera que existem duas maneiras de interpretar o

que é resultado. Uma é como o produto do processo de produção e a outra é

como impacto: "Por exemplo numa creche o produto pode ser entendido

como crianças atendidas pela creche. Agora criança atendida pela creche

não é a razão de existir da organização. A creche é uma organização que

atua numa certa faixa etária para apoiar o desenvolvimento desta criança. A

medida deve ser o impacto que o atendimento está causando na criança. Em

determinadas organizações não tem que medir a produção mas o impacto.

Se está querendo saber se a criança está sendo nutrida, se está sofrendo

estímulo psicomotor próprio desta idade, se está aprendendo a adquirir

confiança no mundo por causa do tipo de atendimento que o adulto esta

dando para ela, se a criança está conseguindo ter um desenvolvimento

integrado que responde ao futuro escolar que a criança vai ter na fase

seguinte. Então se for medir todas estas coisas ela não passa

obrigatoriamente pela qualidade do processo de produção mas pelo produto

da qualidade do processo de produção".

Para o Or. Marcos Kisil, outro ponto importante é o contexto. As

possibilidades estão de acordo com o contexto em que a organização social

está inserida: "A medida é um desafio para o administrador porque ele tem de

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medir impacto e não o produto e isto dentro de um contexto. É uma

dificuldade que trás para a racionalidade do setor muito grande. Não quer

dizer que não tenha que ser feito, muito pelo contrário. Mas as teorias não

podem ser aplicadas homogeneamente como num negócio que é tangível".

Ainda sobre a pergunta ela acaba afirmando que não há a menor dúvida que

a apresentação de resultados ajuda na credibilidade da organização:

"Qualquer dúvida anterior que nós tivemos foi plenamente suplantada por

exemplo com o prêmio Bem Eficiente. Os dados que nós temos mostra que

as organizações que foram premiadas tiveram um aumento de

aproximadamente três vezes na arrecadação em relação ao período anterior.

Os estudos mostram que esta arrecadação não foi em prejuízo de outras

organizações. Quem não dava foi estimulado a dar. Estas três vezes mostrou

que alguém passou a acreditar. Isto é muito importante porque começamos a

ver empresas neste fim de século com responsabilidade social.

Responsabilidade social passou a ser um valor agregado da empresa. Com

isso temos dois fatores importantes; primeiro as regras de qualidade que o

empresário tem na empresa dele, ele gostaria de ter nas organizações com

as quais ele vai por dinheiro. O primeiro reflexo é jogar meu conjunto de

valores para o conjunto de valores dessa organização. A segunda coisa que

é importante está no mercado. Começa-se a distinguir no mercado quais são

as empresas que são socialmente responsáveis e isto é importante na

competição. Existem vários estudos, principalmente nos Estados Unidos que

mostra que um consumidor opta pelo produto de uma empresa que tem

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responsabilidade social, inclusive às custas de um custo maior do produto.

Para um empregado também é importante estar numa empresa socialmente

reconhecida. Se ele tiver que fazer uma opção vai ficar numa empresa

socialmente responsável e salário não passa a ser um motivo para sair da

empresa".

Quando analisada pelo Or. Marcos Kissil a importância para o funcionário e o

voluntário da organização da sociedade civil da validade da ferramenta de

gestão, ele conclui que a cobrança do voluntário é importante para a

eficiência da organização e comprova com números: "Um dado que a Leilah

Landim do ISER usa é que o Brasil teria 219.000 organizações do terceiro

setor. O dado seguinte é que praticamente metade desta organizações estão

inativas. Tão importante quanto estudar a qualidade das organizações é

começar a entender que grande parte da inatividade é incapacidade

gerencial. Estas organizações ficaram na mão de alguns que não

conseguiram fazer com que o trabalho voluntário funcionasse e então vai se

desperdiçando recursos".

Sobre a aplicabilidade da ferramenta de gestão de resultados na organização

da sociedade civil a resposta é positiva mas é preciso verificar se a

organização tem condições básicas de primeiro entender o instrumento e

segundo assimilar o instrumento como prática administrativa. Considera que

a organização vai valorar o instrumento mas precisa ter um certo nível de

complexidade para que possa ser valorado: liA minha primeira observação é

que não há dúvida que a ferramenta vai ajudar a trabalhar sobre resultados.

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A questão é saber que organizações teria condições de entender e absorver

o instrumento, porque vai exigir que a organização tenha um certo nível de

complexidade, senão ela pode até entender mas não vai valorizar a

assimilação do instrumento". Para ele a complexidade está certamente nas

grandes organizações e também em alguns tipos de trabalho complexos que

independem do tamanho da organização. Existem trabalhos que exigem que

a organização saiba e acompanhe o que está fazendo para obter resultado

mesmo que ela seja pequena. Foi citado como exemplo a Crecheplan, que

trabalha com organizações pequenas que tem um alto nível de complexidade

operacional, como uma organização adequada para se aplicar a ferramenta.

Por outro lado menciona o lar de idosos, aonde o nível pequeno de

complexidade operacional seria incompatível com a ferramenta: "Para

algumas organizações o instrumento não é só válido como vai ser absorvido

e para outras organizações ele não tem condições de ser absorvido".

Respondendo à primeira pergunta, Oded Grajew afirma que hoje em dia a

questão da credibilidade é fundamental para qualquer coisa que se fizer

quando se tem relações com outros parceiros: "No terceiro setor aonde você

tem que buscar recursos e parceiros que confiam em você e que te apoiam

para realizar sua missão, apresentar resultados é fundamental. A

apresentação de resultados é a comprovação de que aquilo que você

prometeu fazer está cumprindo, e serve para buscar parcerias de médio e

longo prazo, permanentes. É fundamental ter estes apoiadores de forma

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permanente porque isto viabiliza que você possa planejar e fazer melhor suas

atividades".

Ele observa que os parceiros são também os voluntários, os profissionais e

os atingidos pela suas ações. Por isso é importante definir a missão e ter

objetivos e instrumentos de medição para dar retorno a todos.

Quanto à utilidade da ferramenta ele diz: "Para mostrar resultados é básico

que você se organize para isso. Este trabalho que você me apresentou é uma

maneira de poder se organizar. Tem um efeito de participação, de trazer

resultados, de avaliação. Primeiro tem que perder um bom tempo no

estabelecimento da missão e depois no estabelecimento dos objetivos e

também tem que ter um feedback permanente para ver se aquilo que está

sendo feito atende a missão".

Para Oded Grajew tão importante quanto se atingir os objetivos é a maneira

de atingir os objetivos, os valores. Não é recomendável buscar apoio de

quem não tem compatibilidade com seus valores: "Os meios e os fins

devem ser colocados no mesmo nível de valor. Como eu atinjo os resultados,

não quantos resultados eu atingi. Qual é o meio que estou usando para

atingir estes resultados. Deve ser checado em cada momento se as ações

estão de acordo com os valores. Isto também deve ser mensurado. Por

exemplo existem organizações que defendem os direitos humanos e usa

trabalho escravo dentro da organização".

Quanto à questão do profissionalismo no terceiro setor Oded Grajew i

~I .

observa primeiro que o profissionalismo tem de ser comprometido com a ::"), ~"'-> ~

31

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causa e segundo que nem todas organizações querem ser avaliadas: "Passa

a ser mais ou menos um jogo aberto. Primeiro é o medo da avaliação, medo

do desconhecido, de estar trabalhando desta forma porque em muitas

instituições o que vale mesmo é o improviso, a falta de planejamento, falta de

uso deste tipo de ferramenta. Medo do desconhecido, por não conhecerem

as vantagens que estas ferramentas podem trazer". Observa ainda que a

maioria não usa ferramentas de gestão mas quer aprender.

Para as instituições muito pequenas ele sugere uma ferramenta mais leve

para que em um processo evolutivo, esta ferramenta de gestão apresentada

venha a ser um ponto de chegada.

João Roncatti respondendo a pergunta se a apresentação de resultados é um

veículo para a credibilidade: "É absolutamente fundamental. O terceiro setor

viveu não só no Brasil uma fase em que a intenção da ação era a

benemerência, ajudar carentes, de uma forma simplória de dizer, era

suficiente para que as pessoa dedicassem algum recurso. Como houve um

aumento dos chamados carentes, multiplicação das ações e a redução dos

recursos nos bolsos das pessoas físicas e jurídicas, todo mundo passou a

comparar um ou outro projeto que concorrem pelo mesmo recurso. Por

exemplo, eu que sou potencial doador sou procurado por duas ou três

organizações. Partindo do pressuposto que todas elas do ponto de vista de

benemerência tem causas tão bonitas umas como as outras, em qual eu

invisto? Notadamente os empresários tem se preocupado com qual o efeito

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ltBLlOIE(A KARl A. BOEDECKER

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em termos de escala social daquilo que é investido. Nós da Fundação Orsa

estamos mudando um paradigma que é de doação de recursos para boas

causas para investimento na alteração da estrutura social do país. A grande

dificuldade é medir investimento". Ele aponta que o grande esforço do

terceiro setor hoje é encontrar mecanismos de medição que efetivamente

demonstrem o impacto social quando isto é possível e que não faça dupla

contagem. Dupla contagem é aquela feita por duas organizações que

atendem o mesmo beneficiário em necessidades diferentes ou mesmo iguais.

João Roncatti lembra também que além de demonstrar resultados é também

importante mostrar as metodologias: "Tem ONG que desrespeita o ECA,

Estatuto da Criança e do Adolescente, tem ONG que sob pretexto de gerar

renda acaba entrando na seara do trabalho infantil. Hoje, com o ganho de

importância do ECA, as pessoas tomaram um pouco mais de cuidado".

o balanço social também está trazendo a necessidade de medir e

conseqüentemente facilitará a criação de indicadores. É importante porém

observar que esses indicadores não são universais, pois as organizações são

diferentes.

Ele porém alerta que os recursos ainda são destinados por diversas razões

pela empatia, critérios pessoais ou contatos políticos : " Seria uma falácia

dizer que a maior parte dos recursos está sendo investido em quem é mais

eficiente ou em quem demonstra seus resultados, porque poucos conseguem

demonstrar seus resultados. A UNICEF está muito preocupada com isso

porque ela investiu e errou. Ela está muito preocupada em investir hoje em

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quem tenha capacidade de gerar resultados, de perpetuar resultados,

principalmente em fazer com que esse conhecimento não seja represado,

que é um grande problema. Tem gente que não quer discutir resultados

porque quer represar o conhecimento, quando não quer represar o contato

financiador também, só para ele".

João Roncatti afirma que a ferramenta de gestão para resultados

seguramente cumpre a função de demonstrar resultados. Considera

ferramentas de gestão como algo universal: "Ferramentas de gestão podem e

devem ser usadas pelo primeiro, segundo e terceiro setor. A utilização em

diferentes setores cria situações que venha a permitir que você teste em

outros setores novas experiências não testadas antes. Por exemplo, no

terceiro setor, que tem estruturas que são muito mais flexíveis e isto

possibilita testar ferramentas de gestão com muito mais rapidez. Se você

observar experiências do terceiro setor você seguramente pode alterar coisas

no segundo setor, no setor privado". Para ele a grande contribuição, além dos

recursos financeiros, do setor privado para o terceiro setor são as

ferramentas administrativas.

A ferramenta de gestão para resultados apresentada é para ele sem dúvida

compatível com as necessidades atuais do terceiro setor: "Você só vai ter

que se preocupar bastante com uma característica: as estruturas do terceiro

setor possuem um número bastante pequeno de pessoas habituadas com asr;

ferramentas de gestão. Pouquíssimas pessoas tem hoje formação em

administração de empresas. Elas tem a formação na área social, assistência

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social e nas áreas de saúde. Eles não são afetos, não porque não gostam

mas porque não conhecem as ferramentas de gestão. Então tem que passar

por um período de aculturamento do grupo para que eles possam adotar a

ferramenta. Não é tranqüilo este aculturamento mas absolutamente

necessário".

Por último ele lembra que ferramentas de gestão cumprem também a função

de configurar uma linguagem comum entre as organizações do segundo e do

terceiro setor.

Destas entrevistas extrai mos as seguintes conclusões:

• a apresentação de resultados vem de encontro ao atendimento de uma

necessidade dos grupos de interesse, em especial dos financiadores;

• a ferramenta apresentada é possível e desejável que venha a ser

implantada nas organizações do terceiro setor;

• a ferramenta é mais apropriada para organizações com um nível maior de

complexidade;

• a maioria das organizações tem uma deficiência de formação profissional

no campo administrativo que dificulta a implantação;

• a didática de implantação deve ter um cuidado especial;

• a ferramenta configura um bom meio de comunicação dentro da

organização e entre o terceiro setor e o setor privado;

• a ferramenta implica em uma mudança na cultura de gestão da

organização;

• a ferramenta mede produto mas não impacto.

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TERCEIRA PARTE

GESTÃO PARA RESULTADOS

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1. Planejamento, ação e controle

A teoria básica que fundamenta muitos sistemas de gestão organizacional é

relacionada com a idéia que os dirigentes das organizações formulam planos,

põem em prática estes planos, então avaliam as conseqüências das ações e

finalmente usam este controle para ajustar seus planos fazendo com que o

ciclo se repita continuamente:

PLANEJAMENTO

1AÇÃO

1CONTROLE------'

No entanto o que usualmente acontece na prática administrativa das

organizações é os dirigentes fazer o que eles sempre fariam como força de

uma inércia ou hábito e acabar seguindo suas prioridades individuais.

O plano fica sendo meramente um registro de ações já executadas:

AÇÃO

1PLANEJAMENTO

1CONTROLE

A degradação final do ciclo de gestão idealizado ocorre quando as ações dos

dirigentes estão quase que totalmente desconexas do planejamento. Os

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controles são relacionados ao planejamento e discutidos mas ficam distantes

das ações que acontecem na prática da organização:

- /AÇAO

PLANEJ1MENT]CONTROLE

Esta prática de agir sem se preocupar com o planejamento 'e o controle faz

parte da rotina de muitas organizações.

Os dirigentes destas organizações tem no melhor dos casos a percepção

que o planejamento e o controle são um mal necessário e assim não se

motivam a agir segundo os princípios básicos para uma gestão eficiente e

eficaz.

A impossibilidade de alcançar os melhores resultados sem o vinculo contínuo

do planejamento, da ação e do controle é evidenciada na própria definição

de eficiência e eficácia :

• a eficiência significa executar as atividades corretamente;

• a eficácia significa fazer as atividades corretas.

A eficiência é a comparação dos resultados alcançados com os recursos

utilizados. Quanto mais resultados obtidos para uma determinada quantidade

de recursos disponíveis maior a eficiência organizacional.

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A eficácia organizacional é o alcance das metas e objetivos determinados e a

correta determinação destes objetivos.

Portanto sem um planejamento que defina as metas e objetivos, gere planos

de ação e avalie os resultados, a organização não pode alcançar ou

demonstrar eficiência ou eficácia.

2. A ferramenta administrativa de gestão para resultados

A gestão para resultados é uma ferramenta administrativa que através de sua

metodologia alinha o planejamento a ação e o controle, promovendo a

eficiência e a eficácia da organização.

Podemos considerar como funções da gestão para resultados:

• determinar a direção estratégica da organização;

• implementar e administrar o processo de mudança alinhado com a direção

estratégica;

• melhorar continuamente o desempenho das atividades em andamento.

Determinar a direção estratégica significa criar a missão e definir os objetivos

estratégicos, levando em consideração a visão e os valores da organização.

Está relacionada em escolher o destino e o caminho corretos para a

organização. Esta escolha requer um alto grau de compreensão do ambiente

externo bem como um avaliação correta das capacidades e competências da

organização.

Uma vez escolhida a estratégia é necessário escolher os indicadores e as

metas de desempenho que mostrarão se a organização está no caminho

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planejado e através de uma avaliação, o quanto de progresso foi feito na

direção dos objetivos.

Os indicadores de desempenho são as manifestações mais claras do que a

organização está tentando alcançar.

Definida a direção estratégica e os indicadores de desempenho relacionados,

a segunda tarefa da gestão estratégica é implementar e administrar a

mudança necessária para alcançar os objetivos estratégicos definidos, ou

seja, o compromisso da organização com a ação.

A terceira tarefa da gestão para resultados é melhorar continuamente a

eficiência operacional.

Um dos maiores perigos para uma organização é a complacência operacional

e organizacional. É acreditar que pouca melhoria pode ser feita nas

operações, ou mesmo uma acomodação com resultados alcançados no

passado.

A gestão para resultados além de definir a direção estratégica e estimular

programas de mudança, deve garantir que a melhoria contínua seja praticada

em cada programa ou atividade da organização através de planos de ação

freqüentemente monitorados.

A seguir estão a seqüência de eventos necessários para uma gestão

vinculada a resultados:

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Missão

1Diagnóstico do Ambiente

1Objetivos Estratégicos

1Indicadores de Desempenho

1Metas de Desempenho

1

1Monitoramento do Desempenho I+-

Planos de Ação

l2.1. Missão

O início da gestão para resultados é esclarecer o propósito da organização e

a definição clara do que a organização quer ser. Esta definição gera a

declaração da missão, que deve ser sintética, clara, de fácil compreensão e

identificar as características únicas da organização.

Da elaboração da missão deve participar o maior número possível de

colaboradores e interessados na organização e sua declaração deve ser feita

41

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com a participação direta do conselho administrativo, do principal executivo e

das pessoas chaves da organização.

Todos os envolvidos na declaração da missão deverão logicamente estar

compromissados com o futuro da organização e serão formalizados como

parte integrante do comitê de gestão para resultados. Todos os membros do

comitê deverão estar relacionados no documento " Comitê de Gestão para

Resultados". (Anexos)

A função da declaração da missão é fazer com que todos os diferentes

grupos de interesse na organização foquem numa direção estratégica.

A organização precisa ter uma só finalidade, caso contrário seus membros

ficarão desorientados. Eles atuarão segundo sua vocação e não

necessariamente atendendo as reais necessidades da organização.

Sem uma missão cada um irá definir resultados em termos de sua visão,

impondo seus próprios valores à organização.

Somente uma missão clara, concentrada e comum pode manter unida a

organização e capacitá-Ia a produzir resultados.

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Organização sem uma Missão Organização com foco em uma Missão

42

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A declaração da missão orienta a organização quando for do conhecimento

de todos os envolvidos. Para isso deve ser divulgada correta e formalmente e

estar afixada em todos os departamentos para que possa ser sempre

lembrada.

Estar presente em documentos impressos é um modo de torná-Ia conhecida

também da comunidade sendo um meio de comunicar o propósito e os

valores da organização.

A declaração de missão serve também para que a organização rejeite

assumir responsabilidades que não lhe diga respeito. É comum ocorrerem

pressões sobre uma organização do terceiro setor bem sucedida para que

execute tarefas fora de seu escopo. Se ceder, suas operações se tornam fora

de foco, provavelmente não serão eficazes e possivelmente fará com que a

organização perca o prestigio anteriormente conquistado.

Quando julgar necessário, a organização deve programar uma revisão de sua

missão para reafirmá-Ia ou revisá-Ia. Este procedimento deverá ser feito pelo

comitê de gestão para resultados de modo participativo e com a mesma

formalidade anteriormente descrita.

A declaração de missão deve responder a três perguntas:

• Qual o propósito da organização?

• Qual o campo de atuação da organização?

• Qual a abrangência da organização?

A seguir três exemplos que ilustram uma declaração de missão clara e

objetiva:

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EAESP/FGV

"Desenvolver e disseminar conhecimentos, no terreno dos negócios públicos

e privados, que melhorem a qualidade de vida das pessoas e colaborem no

desenvolvimento sócio-econômico do país.

Manter excelência na qualidade de ensino, produção acadêmica e pesquisa

de maneira a estabelecer no país um referencial comparável às melhores

instituições semelhantes no mundo.

Publicar o resultado de suas pesquisas assim como trabalhos de interesse

para outras instituições, garantindo para a sociedade brasileira novos

conhecimentos na área de administração e economia".

Associação Comunitária Monte Azul

"Promover o amor ao ser humano independente de nacionalidade, raça,

religião, posição política e condições sociais e física.

Proporcionar oportunidades através da educação, cultura e saúde,

principalmente para as pessoas não privilegiadas se desenvolverem

materialmente, social e espiritualmente, capacitando-as para agirem

conscientemente e com amor".

5 Elementos: Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental

"Desenvolver metodologias e ações, por meio da educação ambiental, para

ampliar a percepção e a atuação do cidadão sobre os aspectos da questão

sócio-ambiental, incentivando e promovendo o intercâmbio e a comunicação

entre setores da sociedade".

44

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2.2. Diagnóstico do ambiente

Além de determinar a missão é preciso analisar o cenário externo e interno

em que a organização está atuando para que se possa avaliar as dificuldades

e as oportunidades à realização da missão.

Esta análise deve ter uma visão de médio prazo, com um horizonte de um a

três anos. Ela é refeita periodicamente, em intervalos não superiores a um

ano, com a participação do comitê de gestão para resultados.

O diagnóstico do ambiente é uma oportunidade de mostrar o

comprometimento da alta administração com o trabalho em equipe, de se

conhecer atitudes e opiniões sobre a organização e analisar a satisfação dos

financiadores, parceiros, colaboradores e beneficiários dos serviços da

organização.

A reunião de diagnóstico de ambiente é basicamente um levantamento de

informações através de um brainstorm, ou chuva de idéias, que ajude a

organização a encontrar oportunidades e identificar ameaças no ambiente

externo e a descrever as forças e as fraquezas da organização.

• Forças: atividades que funcionam bem, as quais a organização se orgulha

em demonstrar e que proporcionam resultados.

• Fraquezas: atividades que poderiam ter sido feitas melhor, que

caracterizam oportunidades de melhorias.

• Oportunidades: fatores externos que favorecem as atividades da

organização, contribuindo para o cumprimento de sua missão.

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• Ameaças: fatores de risco ao bom desempenho das atividades da

organização, comprometendo o cumprimento de sua missão.

A análise do ambiente externo deve abranger o contexto tecnológico, político,

econômico, legal, sócio-cultural, demográfico e ecológico.

A análise do ambiente interno abrange as atividades das áreas de

planejamento e gestão, financeira, marketing, captação de recursos e

operacional.

Uma vez analisada a situação e a tendência externa e interna, já é possível

definir corretamente os objetivos estratégicos possíveis de serem alcançados

pela organização.

2.3. Objetivos estratégicos

Definir os objetivos estratégicos é uma tarefa que deve ser feita anualmente

pelo comitê de gestão para resultados, e revisada pelo comitê sempre que

julgar necessário. Esta definição não é tarefa fácil pois existem diferentes

grupos com diferentes expectativas da organização.

Estes grupos, conhecidos também como stakeholders, compreendem os

beneficiários dos serviços, os empregados, os voluntários, a direção, o

conselho administrativo, os financiadores, os parceiros, as agencias

governamentais e outras organizações afins.

Cada um destes grupos de interesse tem critérios diferentes a respeito do

que esperam da organização. Deverão portanto existir diversas expectativas

para atender a todos estes grupos de interesse, sendo que a organização no

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curto prazo deve priorizar o atendimento de acordo com a necessidade maior

do momento.

A priorização é feita na reunião anual quando cada membro do comitê de

gestão para resultados traz para a reunião todos as expectativas dos grupos

de interesse que julgar que o atendimento é importante para o atendimento

da missão. A priorização é conseqüência de uma qualificação de importância

para cada expectativa. Esta qualificação de importância é feita por consenso

pelos membros do comitê de gestão para resultados.

As expectativas aportadas e qualificadas pelos membros são então

separadas por assuntos ou categoria de expectativas. A categoria de

expectativas serve para que as mesmas sejam agrupadas facilitando a

definição de objetivos estratégicos.

O número de categorias priorizadas não deve ser superior a cinco e deve

necessariamente consistir de questões essenciais para o atendimento da

missão. Destas categorias é que são definidos os objetivos estratégicos

sendo que no longo prazo nenhum dos grupos de interesse deverá ser

menosprezado e a organização deverá dispensar mais cedo ou mais tarde a

devida atenção a todos eles.

A organização deve se certificar que os objetivos estratégicos:

• estejam relacionados com a missão e entendidos e compartilhados pelos

grupos de interesse;

• sejam realistas e não muito ambiciosos. As organizações do terceiro setor

tem normalmente limitações de recursos materiais e humanos, portanto é

47

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, -:..•

melhor estabelecer objetivos alcançáveis e que sejam um fator de

motivação que falhar no alcance de objetivos fora da realidade;

• sejam os mais específicos possível. Os objetivos estratégicos devem ser

descritos de modo que possam ser compreendidos e utilizados pelos

colaboradores.

Geralmente os objetivos estratégicos nas organizações sem fins lucrativos

são qualitativos e portanto difíceis de serem quantificados. Por isso são

criados os indicadores de desempenho e seus respectivos quantificadores.

2.4 Indicadores de desempenho

A chave para uma boa definição de indicadores de desempenho é identificar

os projetos ou processos chaves que garantem o sucesso da organização.

Em seguida são identificadas as funções ou atividades que influenciam cada

projeto ou processo chave em particular, para depois identificar como cada

uma destas funções ou atividades contribuem para os objetivos estratégicos

da organização.

O resultado deste estudo é a criação de não mais que vinte indicadores que

poderão ser aprimorados de acordo com sua utilização.

Indicadores de desempenho tem seus quantificadores que devem medir o

grau de atendimento de um objetivo estratégico ou de uma meta de

desempenho. Para isso devem ser expresso em unidades de medida que

sejam significativas para aqueles que vão utilizá-los no monitoramento ou

para a confecção de planos de ação com base na informação coletada.

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Um quantificador de desempenho é composto de um número ou percentual,

que indica a magnitude, e de uma unidade de medida que dá ao número ou

percentual um significado.

Os indicadores e os quantificadores devem servir de apoio para detectar as

causas e os efeitos de uma ação, e não apenas seus resultados, e devem

ser agrupados segundo os objetivos estratégicos.

Um indicador e seus respectivos quantificador deve:

• ser compreensível;

• ter aplicação fácil;

• ser interpretado uniformemente;

• ser compatível com o processo de coleta de dados existente;

• ser preciso quanto à interpretação dos resultados;

• oferecer subsídios para o processo decisório;

• ter uma responsabilidade definida.

Um quantificador pode ser representado por uma unidade simples, como

meses, reais, doadores etc, ou por unidades multidimensionais, que

expressam uma relação, como número de beneficiários por voluntário,

número de atendimentos por semana, percentuais etc.

É determinado também o nível de agregação que serão coletados os dados.

Nível de agregação é o grau de detalhamento desejado. Por exemplo,

podemos querer medir numa escola o desempenho de todas as classes do

primeiro grau ou de cada ano escolar individualmente.

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Para cada indicador e respectivo quantificador é definida também a

freqüência de coleta de dados. O momento oportuno para a captação e

utilização dos dados dos indicadores é um fator chave para ser levado em

consideração, ele varia de um indicador para outro e deve ter a freqüência

que possibilite uma ação rápida.

A estruturação correta da avaliação de desempenho se torna inútil se não

forem determinados as áreas responsáveis para cada um dos indicadores. O

fundamental e mesmo óbvio é que a área responsável pelo desempenho

esteja diretamente relacionada com a atividade monitorada, o que garante

que o processo de monitoramento do desempenho seja efetivo é que seja

feito de forma descentralizada, simplificada e pouco burocrática, para que

obtenha respostas rápidas.

A ênfase está sempre na autonomia e no autocontrole ao nível operacional.

A alta administração não é excluída do processo, mas participa mensalmente

nas reuniões do comitê de gestão para resultados monitorando e avaliando a

eficiência e eficácia dos indicadores em vez de se envolver com as decisões

do dia a dia.

Todas estas informações são relacionadas na " Planilha de Indicadores de

Desempenho ". (Anexos)

Para melhor compreensão é recomendável visualizar a "Planilha De

Indicadores de Desempenho" do exemplo de aplicação no final desta parte

( pág. 58).

O próximo passo é a determinação das metas de desempenho.

50

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2.5 Metas de desempenho

Os objetivos estratégicos são resultados de uma dimensão mais geral

pretendida pela organização, e as metas de desempenho são mais concretas

e objetivas, necessárias ao atendimento dos objetivos e que servirão de

referência para a avaliação do desempenho organizacional.

No processo de definição de metas de desempenho deve-se priorizar os

esforços naquelas que tenham impacto direto e maior com os objetivos

estratég icos.

As metas de desempenho devem estabelecer os níveis de desempenho

minimamente aceitáveis, tanto a curto como a médio prazo, e devem

necessariamente conter as mesmas medidas de seus respectivos

quantificadores.

As metas de desempenho devem ser realistas porém desafiadoras,

encorajando o progresso em relação aos níveis históricos de desempenho.

Metas não realistas geram desmotivação e perdem credibilidade.

Uma prática eficiente de se determinar metas de desempenho é buscando

referenciais externos.

O referencial, ou benchmark, garante que a organização mantenha um foco

externo na melhor prática, em vez da prática freqüente de basear os

objetivos nas melhorias do ano anterior.

Os principais passos para identificar um referencial são:

1. Selecionar o indicador e quantificador a ser referenciado.

2. Identificar a melhor organização para este indicador.

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3. Selecionar o responsável pelo referencial.

4. Visitar a organização referencial. Se isto não for possível é recomendável

encomendar uma pesquisa ou consultoria sobra a melhor prática.

5. Identificar as diferenças e as melhores práticas.

6. Determinar as metas de desempenho.

As metas deverão ser determinadas para o curto e o médio prazo. Curto

prazo é considerado até um ano e médio prazo de um a três anos.

Esta determinação de metas para curto e médio prazo leva a organização a

pensar sobre a velocidade de atendimento possível no momento e a

esperada para o futuro de médio prazo. Ela é um importante sinalizador para

área envolvida do ritmo de trabalho desejável.

Os referenciais e as metas de desempenho serão aprovados pelo comitê de

gestão para resultados e relacionados na "Planilha de Metas de

Desempenho". (Anexos)

Estas metas devem ser revisadas pelo comitê de gestão para resultados

anualmente ou quando o mesmo julgar necessário.

Para melhor compreensão é recomendável visualizar a "Planilha de Metas de

Desempenho" do exemplo de aplicação no final desta parte ( pág. 59).

A próxima etapa, o monitoramento do desempenho, é quando toda

organização toma conhecimento dos indicadores, quantificadores e metas

planejados e inicia o procedimento de coleta de dados e avaliação.

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2.6. Monitoramento do desempenho

O monitoramento do desempenho é o processo administrativo que garante

que aquilo que uma organização está fazendo está consistente com o que ela

decidiu fazer.

Fazendo uma analogia com uma viagem, a declaração da missão é o

processo que decide os destinos, o planejamento é o guia e o monitoramento

do desempenho é o acompanhamento das referências na estrada.

A sistemática de monitoramento do desempenho pode e deve ser

implementada rapidamente. Quanto mais cedo forem levantados os dados

dos indicadores, mais cedo teremos os planos de ações e a conseqüente

melhoria no desempenho. Os resultados aparecendo facilitarão a adesão

rápida de toda organização. Um obstáculo à implantação é a percepção

errônea que será difícil coletar os dados necessários ao monitoramento dos

indicadores. Normalmente ocorre uma agradável descoberta que muitos

dados já existem mas que no entanto não são usados do modo correto.

Para que este processo seja efetivo deve responder a três perguntas:

• Estamos fazendo o que é certo?

• Estamos fazendo corretamente?

• Podemos fazer melhor?

Os indicadores de desempenho que constituem o monitoramento de

desempenho devem garantir que estas perguntas sejam feitas e respondidas

freqüentemente e, o mais importante, que os planos de ação são feitos e

implementados rapidamente para que ocorra uma melhoria contínua.

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Outro fator decisivo para uma boa aceitação do monitoramento do indicador

de desempenho é que os responsáveis rapidamente identifiquem o problema

que necessita de atenção. A planilha que contém os dados para a avaliação

pode ser comparado em analogia a um painel de instrumentos de um carro.

Os responsáveis, como os motoristas, tomam decisões rápidas e identificam

os problemas usando a planilha na organização ou o painel de instrumentos

do carro.

A tendência dos dados apontados também é um dado importante e deve ser

constantemente observada. O responsável deve sempre olhar o futuro em

vez de ficar concentrado no passado. Os dados históricos servem apenas

como base para o foco no desempenho futuro. O gráfico resultante não pode

ser usado apenas como uma análise matemática da tendência caso nada

seja feito mas sim um instrumento gerador de ações que devem ser

cumpridas num período de tempo determinado, promovendo então a cultura

de melhoria contínua em toda a organização.

2.7. Planos de ação

Os planos de ação são o que efetivamente promovem a melhoria continua da

organização e são apresentados em reuniões mensais por todos os

responsáveis através da planilha "Monitoramento do Indicador de

Desempenho".( Anexos)

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Estes são os pontos chaves da planilha "Monitoramento do Indicador de

Desempenho":

• preocupada com o futuro, agindo com o foco na direção das metas de

desempenho de curto e médio prazo;

• feita para o responsável operacional da área, baseada nos indicadores de

desempenho específicos de cada área;

• encoraja a mudança através do autocontrole e liberta a alta administração

para que foque suas ações em questões estratégicas;

• monitora a eficiência e a eficácia dos planos de ação;

• facilita a identificação de problemas e a busca de soluções;

• ajuda a visualizar rapidamente a tendência evolutiva da área operacional;

• age como veículo de comunicação entre as áreas operacionais e a alta

administração;

• promove a melhoria contínua em toda a organização.

A planilha "Monitoramento do Indicador de Desempenho" tem uma

apresentação que permite aos responsáveis uma rápida e fácil assimilação

dos dados principais para que possam tomar decisões efetivas. O formato é

essencialmente visual, combina gráficos e pequenos textos e é utilizada

essencialmente para a avaliação e monitoramento dos planos de ação

elaborados.

Esta planilha, como observaremos a seguir no exemplo (pág. 60), cumpre a

função de visualizar rapidamente o desempenho e verificar se houve

melhoria no gráfico de tendências. Os histogramas subsidiam dados que

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devem ser os mais relevantes para se diagnosticar o possível problema a ser

resolvido. O problema diagnosticado é anotado no campo reservado para

isso, bem como sua causa, a ação para a solução, o responsável, a data

prevista para conclusão e a situação que aponta o quanto a ação avançou

em relação ao prazo determinado para sua conclusão.

Os responsáveis pelas diversas áreas apresentam mensalmente suas

planilhas de "Monitoramento do Indicador de Desempenho" em reunião com o

comitê de gestão para resultados.

Nesta reunião os participantes avaliam a ação planejada e decidem pela

liberação de recursos eventualmente necessários para a solução de

problemas diagnosticados.

As diversas ações aprovadas são anotadas na planilha "Planos de Ação",

elaborada uma para cada área, facilitando o acompanhamento por parte da

alta administração. Estas planilhas cumprem também a importante função de

registro histórico para consulta futura de problemas e soluções. ( Anexos)

3. Exemplo de aplicação

Para ilustrar a aplicação da ferramenta gestão para resultados, escolhemos o

ICRIM - Instituto de Apoio à Criança e ao Adolescente com Doença Renal,

organização do terceiro setor que tem uma missão clara e objetiva:

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ICRIM - Instituto de Apoio à Criança e ao Adolescente com Doença Renal

"Aumentar o número de atendimento, melhorar a qualidade do tratamento e

dar à criança e ao adolescente com doenças renais uma vida mais próxima

possível do normal".

É uma organização fundada em outubro de 1995, com um conselho de seis

diretores e um presidente, preponderantemente médicos. Tem doze

voluntárias que atuam na área de recreação, e 50 funcionários contratados

que atuam quase todos na captação de recursos por telemarketing. A seis

meses contratou uma gerente de projetos com formação em engenharia

química.

Ela atualmente executa os projetos elaborados pela diretoria e controla os

recursos arrecadados, a aplicação destes recursos e o número de crianças e

adolescentes apoiados pela instituição.

Foram desenvolvidos os seguintes objetivos estratégicos:

• melhorar a captação de recursos;

• promover o crescimento da capacidade de atendimento;

• melhorar a qualidade do tratamento.

Os indicadores e quantificadores de desempenho que aparecem nas

planilhas a seguir foram desenvolvidos em conjunto com a gerente de

projetos do ICRIM e tem relação com as atividades desenvolvidas pelo

instituto.

Os dados constantes nas planilhas a seguir foram criados para ajudar na

compreensão da ferramenta de gestão para resultados.

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ICRIM Folha: 01 de 01Planilha de Indicadores de Desempenho

Novembro 1998

FreqOencia Objetivo Estratégico Indicador Quantificador Nfvel de Agregação AreaMensal Captação de Recursos Eficiência da Arrecadação % de R$ Arrecadados I pela Orgamzação Captação

R$ NecessáriosMensal Captação de Recursos Eficiência na Diversificação de % de Arrecadação não pelo pela Organização Captação

Doadores Telemarketing I Arrecadação TotalMensal Captação de Recursos Eficiência na Busca de Doadores ~ de Doadores não pelo pela Organização Captação

TelemarkentingMensal Captação de Recursos Eficiência do Telemarketing % de Telefonemas Eficazes I pela Organização Telemarketing

Telefonemas FeitosMensal Captação de Recursos Eficiência do Telemarketing R$ Arrecadados por Operadora pela Organização Tefemarketing

Mensal Captação de Recursos Recrutamento de Voluntários N° de Horas Trabalhadas pela Organização Voluntariado

Mensal Captação de Recursos Estabitidade dos Voluntários N° de Meses por Voluntário pela Organização Voluntariado

Mensal Captação de Recursos Dedicação dos Voluntários % de Horas Dedicadas I pela Organização VoluntariadoHoras Com--ºfometidas

Mensal Capacidade de Atendimento Atendimento pelo Hospital N° de Pacientes Atendidos pelo Hospital DireçãodoH~ital

Mensal Qualidade do Tratamento Aquisição de Equipamentos % de Equipamentos Adquiridos I pelo Hospital Direçãopelo H~ital EJl~amentos Requisitados

Semanal Capacidade OperaCional Apoio de Pacientes N° de Crianças e Adolescentes por Grupos Criança Direção~oiados e Adolescente

Mensal Capacidade Operacional Quantidade de Serviços N° de Serviços Oferecidos por por Grupos Criança DireçãoCria~ ou Adolescente e Adolescente

Mensal Capacidade Operacional Atendimento Odontológico N° de Crianças e Adolescentes por Grupos Criança OdontológicoAtendidos e Adolescente

Trimestral Capacidade Operacional Atendimento Educacional N° de Crianças e Adolescentes por Grupos Criança Educacionalna Escola e Adolescente

Mensal Capacidade Operacional Projeto de Suplementação NOde Crianças e Adolescentes por Grupos Criança NutricionalNutricional Atendidos e Adolescente

Mensal Qualidade Operacional Atendimento da Assistência Social N° de Famflias que Buscam a pela Organização AssistênciaOrganização Social

Mensal Qualidade Operacional Eficácia da Assistência Social % de Fam. que Dispensaram a pela Organização AssistênciaCesta Básica/ Fam~ue Consomem Social

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ICRIM Folha 01 de 01Planilha de Metas de Desempenho

Novembro 1998Objetivos Estratégicos .. SituaçãO Atual Situação Objetiva

Area Indicador de Desempenho Quantificador de Desempenho Nós O Melhor .Metas de DesempenhoCaptação Eficiência da Arrecadação % de R$ Arrecadados I 90% 100% 100% em 3 meses

R$ N~éS$ãriOs -Captação Eficiência na Diversificação de % de ArrecadàçãO não pelo 5% - 30% em 12 mesesDoadores Telemarketlng lA.rr~cadaçâo Total 50%.em 24tneses

Captação EficiênCia na Busca de Doadores N° de Doadores não pelo 10 - 100 em 12 mesesTelemarketiQQ._ 200 em 24 meses

Telemarketing Eficiência do Telemarketing % de Telefonemas Eficazes I 5% 40% 20% em 6 mesesTelefonemas Feitos 40% em 18 meses

Telemarketing Eficiência do Telemarketing R$ Arrecadados por Operadora R$5.000 R$6.000 R$ 5500 em 6 mesesR$ 5000 em 18 meses

Voluntariado Recrutamento de Voluntários N° de Horas Trabalhadas 600 horas 1800 horas 1200 horas em 10 meses1800 horas emts meses

Voluntariado Estabilidade dos Voluntários N° de Meses por VOluntários 8 meses 28 meses 16 meses em 12 meses28 meses em 24 m~s

Voluntariado Dedicação dos Voluntários % de Horas Dedicadas I 50% 95% 70% em 12 mesesHoras Comprometidas 95% em 18 meses

Direção Atendimento pelo Hospital N° de Pacientes Atendidos 100 - 150 em 12 meses200 em 24 meses

Direção- . Aquisição de Equipamentos % de Equipamentos· Adquiridos·' 95% - 100% em 6 meses-Equipamentos RequisltaqO$ ~

Direção Apoio de Pacientes N° de Crianças e Adolescentes 100 - 150 em 12 meses. Apeiados 200 em 24 meses

Direção QUantidade de Serviços N° de Serviços Oferecidos por 3 - 5 em s mesesCrlálioa. ou Adolescente s em ts meees

Odontológico Atendimento Odontológico N° de críançase Adolescentes 30 - 80 em 12 mesesAtendi.dos 120 em 24 meses

Educacional Atendimento Educacional NQde Crianças e AdOlescentes 50 - 100 em 12 mesesna Escola 150 em 24 meses

Nutricional Projeto de Suplementação NOde Crianças e Adolescentes O - 30 em 3 mesesNutricional Àtendidos 60 em9 meses

Assistência Atendimento da Assistência Social N° de Famllias que Buscam a 60 - 100 em 12 mesesSocial Organização 200 em 24 meses

Assistência Eficácia da Assistência SOcial % de Fam. que Dispensaram a 10% 50% 30 em 12 mesesCesta Básical Fam.que Consomem 50 em 18 meses

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ICRIM Monitoramento do Indicador de Desempenho Novembro 1998

MC - Meta de Curto Prazo MP - Meta de Médio Prazo--------------------------------~ Expertêncla das Operadoras experiência das Operadoras6000,00

5500,00 CP 6000,00 7000,00

5000,00 5000,00 6000,00EI~ que 36S> que 36

5000,00 meses4000,00 meses

4500,00Bde24a36 Blde24a 36

4000,003000,00 meses meses

4000,00 .de12a24 3000,00 .de 12 a 24

2000,00 meses meses3500,00 IJde6 a 12 2000,00 Ode6 a 12

1000,00 meses meses3000,00 Fa<que6

1000,000< que 6

6 7 8 9 10 0,00 meses 0,00 meses

O)O

Rotatividade das operadoras Selecionar melhor as operadorasOutras oportunidades de trabalho

Motivar as operadoras

0%Treinar as operadorasProjeto

Gerente de Fev/98Projeto

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ICRIM Planos de Ação AreaTelemarketing

Data Problema Ação Responsáve Conclusão Situação

Nov/98 Rotatividade das operadoras Selecionar melhor as operadoras Gerente de Dez/98 0%

Projeto

Nov/98 Rotatividade das operadoras Motivar as operadoras Gerente de Fev/98 0%

Projeto

Nov/98 Rotatividade das operadoras Treinar as operadoras Gerente de Fev/98 0%

Projeto

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

62

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A crescente confiança depositada nas organizações do terceiro setor para a

solução dos diversos problemas e necessidades da sociedade é sustentada

principalmente pela qualidade de sua missão e pelos valores por elas

praticados.

A materialização da forte expectativa de crescimento deste setor tem como

requisito básico a manutenção da credibilidade conquistada.

A apresentação de resultados é um veículo para a credibilidade e é cada vez

mais considerada como fundamental pelos diversos parceiros e grupos de

interesse nas organizações da sociedade civil.

A ferramenta administrativa de gestão para resultados vem a preencher esta

necessidade de produzir e apresentar resultados.

Vimos que a implantação desta ferramenta de gestão não é tarefa simples e

demanda um grande empenho dos envolvidos. O empenho bem como a

motivação e o comprometimento são as qualidades que as organizações do

terceiro setor tem como sua principal força, conseqüência do elevado valor

implícito em sua missão.

A velocidade da assimilação e implantação desta ferramenta vai depender do

valor e da importância percebida pela alta administração da organização, na

produção e na apresentação de resultados aos parceiros envolvidos e nos

interessados em sua missão.

A compreensão por parte dos dirigentes dos benefícios da apresentação de

resultados, seu envolvimento direto no aprendizado desta ferramenta e seu

63

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comprometimento na prática e divulgação da metodologia apresentada é um

fator chave para sua aceitação.

Este comprometimento é fruto da compreensão dos conceitos que estão

fundamentando a prática desta ferramenta de gestão:

• a alta administração deve estar ciente que a organização será construída

ao redor da informação e da comunicação e não da hierarquia;

• o compromisso e responsabilidade de cada um dentro da organização

deve estar claro;

• as pessoas da organização devem se responsabilizar por resultados;

• as pessoas terão atribuições, não funções, e foco no desempenho;

• os planos, as metas e as decisões deverão ser feitas em equipe sempre

que possível;

• a organização deve buscar o aperfeiçoamento contínuo do produto de sua

ação e do processo operacional de prestação de serviços;

• a capacidade de atrair pessoas capazes e comprometidas será um

indicador de desempenho para medir o sucesso da organização.

Esta ferramenta implica portanto num redesenho da organização, alterando a

cultura de gestão administrativa.

A correta utilização desta ferramenta leva a organização a atingir os objetivos

e metas planejados. A medição do impacto na sociedade, causado pelo

atendimento destes objetivos, é tarefa da mais alta relevância e fica portanto

como sugestão para outros estudos.

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Considero o objetivo deste trabalho realizado se servir de motivação aos que

atuam no terceiro setor, e ainda não tenham se preocupado em alcançar e

apresentar resultados, a começar a preparar sua organização para a

utilização de uma ferramenta administrativa de gestão que posiciona a

organização no rumo da eficiência e da eficácia.

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DataLOGOTIPO Comitê de Gestão para Resultados

Membro Cargo Area Telefone

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FolhaLOGOTIPO Planilha de Indicadores de Desempenho

Data

FreqOencia Objetivo Estratégico Indicador Quantificador Nrvel de Agregação Area

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FolhaLOGOTIPO Planilha de Metas de Desempenho

DataObjetivos Estratégicos Situação Atual Situação Objetiva

Area Indicador de Desempenho Quantificador de Desempenho Nós O Melhor Metas de Desempenho

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IDataLOGOTIPO Monitoramento do Indicador de Desempenho

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AreaLOGOTIPO Planos de Ação

Data Problema Ação Responsável Conclusão Situação